Mc 8.22-26 “E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego e rogaram-lhe que lhe tocasse. 23- E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. 24- E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam. 25- Depois, tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando firmemente, ficou restabelecido e já via ao longe e distintamente a todos. 26- E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia.”
INTRODUÇÃO: A palavra Bethesda Betesda deriva de duas palavras da
língua hebraica: Beth ou Beit = “Casa” e Chéssed = “bondade, benignidade,
misericórdia”. Significa, portanto, “lugar da misericórdia divina” ou “casa
da misericórdia divina”.
Betsaida era uma pequena vila pesqueira na margem oeste do Lago de Genesaré não distante de onde o Jordão nele desemboca.
Em Bethesda havia um tanque próximo a “Porta das ovelhas” onde Jesus curou um homem que a 38 anos era paralítico. Betsaida era a cidade natal de Pedro, André e Filipe (Jo 1.44). Na época, era um centro próspero, no qual se concentravam as principais “empresas” pesqueiras e donos de barco.
Ver e perceber o externo do texto: O texto não tem paralelo nos sinóticos. Embora haja em Jo 9.1-7 também a cura dum cego, ela é narrada de maneira bem diferente e com outra intenção.
I. QUEM ERA O CEGO?
V. 22 “E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego e rogaram-lhe que lhe tocasse.”
1. Trouxeram-lhe um cego. Algumas pessoas trouxeram um cego a Jesus
para ser curada.
A. As pessoas de Betsaida não são egoístas.
B. Não reivindicarão nada para elas.
C. Qual é o Evangelho do texto? Como já vimos, a sociedade de então considerava o cego não apenas um deficiente físico, mas também um carente da bênção divina.
2. A Bíblia não diz o nome do cego, mas apenas um cego.
A. O cego não pede para se curado.
B. O cego não conhece Jesus.
4. Jesus atende os rogos das pessoas.
II. PORQUE JESUS NÃO CUROU O
CEGO EM BETSAIDA
V. 23a. “E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia.”
1. Jesus o leva para fora da cidade. Estranhamente, quando lhe trazem o cego, Jesus o toma pela mão e o guia até fora da cidade. Somente ali realiza a cura. Qual a razão de Jesus levar para fora da cidade para realizar a cura.
2. Porque em Betsaida Jesus operou grandes milagres. Mt 11.18-24 “Porquanto veio João, não comendo, nem bebendo, e dizem: Tem demônio. 19- Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos. 20- Então, começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: 21- Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependidocom pano de saco grosseiro e com cinza. 22- Por isso, eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia do Juízo, do que para vós. 23- E tu, Cafarnaum,que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. 24- Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti.”
3. Porque em Betsaida Jesus foi ridicularizado, escarnecido, rejeitado, zombado. Por essa razão Jesus levou o cego para fora da cidade para realizar o milagre.
4. Betsaida é o lugar da incredulidade de zombaria por isso Jesus não fez mais milagres. Onde não a fé Jesus não realiza milagres.
4. Eram homens carnais. 1ª Coríntios 2.14 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
III. TRÊS TIPOS DE VISÃO
1. A visão espiritual obscura.
V. 22b. “...cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.”
1.1. Jesus operou este milagre em duas etapas.
Jesus aplicou saliva nos olhos e perguntou: “vê alguma coisa”. E ele respondeu vejo os homens como árvores.”
A. É dito a respeito do indivíduo trazido a Jesus que ele era cego.
B. Ele não possuía nenhuma luz, claridade ou visão.
C. Quais as consequências de não possuir uma visão espiritual?
Em primeiro lugar, quem não possui visão espiritual plena
precisa ser guiado pelos outros (v. 22). Quais serão esses guias?
Em segundo lugar, quem não possui visão espiritual conduz-se
pela sensação e não pela razão (v. 23a).
- Todo cego precisa substituir a visão pelo tato.
D. Em terceiro lugar, quem não possui visão espiritual vive limitado a uma aldeia (v. 23).
- Seus limites são curtíssimos.
E. Em quarto lugar, quem não possui visão espiritual não consegue erguer os olhos, só enxerga as coisas de baixo (v. 24a).
2. A visão espiritual parcial (v. 24).
2.1. Após o primeiro toque de Jesus aquele homem deixou de ser cego.
- Mas não via, ainda, com perfeição.
2.2. Jesus restaurou os olhos, mas ele via tudo errado.
- Hoje existem crentes assim, só veem os defeitos dos outros.
2.3. Há pessoas que não possuem uma visão espiritual clara e completa. O que é pior do que ser completamente cego.
2.4. Ver tortuosamente é mais perigoso do que não ver nada. Pelas seguintes razões:
Primeiro, porque uma visão tortuosa é confusa: ele via homens ou árvores? (v. 24).
Segundo, porque uma visão tortuosa é absurda: árvores não andam.
O primeiro paralelo é a inicialização espiritual de Jesus em nossa vida. Jesus toma-nos pelas mãos quando ainda somos cegos espirituais. Conduz-nos em particular e nos cura a visão para enxergarmos os céus, o reino de Deus e a Jesus como nosso Salvador. Mas essa visão se clareia com nitidez, aos poucos, gradualmente. Até a consumação, onde veremos claramente a face de Jesus.
3. A visão espiritual plena (v. 25).
O segundo paralelo é o processo gradual da ação de Deus.
Temos causas nas mãos de Deus que parecem que se esqueceu. Mas tenhamos certeza que não a esqueceu.
- A primeira etapa Jesus restaurou os olhos, mas na segunda etapa ele restaurou sua mente.
- É na mente que se forma a visão.
- O corpo é dirigido
pela mente. Ver é uma coisa, ter visão é outra.
Quando Simião estava na escala de sacerdotes no dia que José e Maria trouxeram Jesus para ser apresentado. Ele disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel” (Lc 2.29-32).
3.1. A plena visão espiritual é gradativa. “Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2º Pd 3.18).
Como diz Paulo: “tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).
3.2. Deus sempre finaliza a obra que começa. Aguardemos o toque de Jesus em nossas vidas. Em seus toques a cegueira é curado, o que estava turvo e embaraçado é esclarecido, mas é um processo gradual da ação divina.
3.3. A visão espiritual plena tem três
características:
Primeira, ela é uma visão firme, “olhando
firmemente” (v. 25).
Segunda, ela é uma visão de longo alcance,
“via ao longe” (v. 25).
Terceira, ela é uma visão clara, “via... distintamente” (v. 25).
CONCLUSÃO. A restauração plena da visão espiritual se processa gradativamente
assim:
Primeiro é preciso se aproximar de Jesus (v. 22).
Segundo, é necessário sair da limitada aldeia em que vivemos e jamais voltar a ela (vs.23-26).
Terceiro, é mister se deixar ser tocado por Jesus quantas vezes for necessário (vs. 23-25).
Jesus deseja restaurar a nossa vida por completa, porém precisamos aceitar a Sua vontade (Sua vontade é buscar o Seu reino (Mt 6.33)), e a demais coisas serão acrescentadas.
Pr.
Elias Ribas - Dr. em Teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC
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