TEOLOGIA EM FOCO: O DIA DA EXPIAÇÃO

domingo, 31 de outubro de 2021

O DIA DA EXPIAÇÃO

 


Levítico 16.16-18 “Assim, fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e, assim, fará para a tenda da congregação, que mora com eles no meio das suas imundícias. 17- E nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele entrar a fazer propiciação no santuário, até que ele saia; assim, fará expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel. 18- Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele; e tomará do sangue do novilho e do sangue do bode e o porá sobre as pontas do altar ao redor.” 

O dia da expiação era considerado o maior de todos os dias no calendário judaico. Neste dia o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo, levando sangue para fazer sacrifício por si mesmo e pelo povo. 

I. O QUE SIGNIFICA EXPIAÇÃO 

A palavra “expiação” (heb. kippurim, derivado de kaphar, que significa “cobrir”) comunica a ideia de cobrir o pecado mediante um “resgate”, de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido (note o princípio do “resgate” em Êx 30.12; Nm 35.31; Sl 49.7; Is 43.3). 

O Dia da Expiação (Lv 23.27-28), também conhecido como Yom Kippur ou Dia do Perdão, era o mais solene dia sagrado de todas as festas e festivais israelitas, ocorrendo uma vez por ano no décimo dia de Tishrei, o sétimo mês do calendário hebraico. Naquele dia, o sumo sacerdote devia realizar rituais elaborados para expiar os pecados do povo. Descrito em Levítico 16.1-34, o ritual da expiação começava com Aarão, ou sumos sacerdotes subsequentes de Israel, entrando no Santo dos Santos. A solenidade do dia foi sublinhada por Deus dizendo a Moisés para advertir a Arão que não entrasse no Santo dos Santos sempre que quisesse, somente neste dia especial uma vez por ano para que não morresse (v. 2). Esta não era uma cerimônia a ser tomada de ânimo leve, e as pessoas deviam entender que a expiação pelo pecado deveria ser feita da forma que Deus instruíra. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode expiatório (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo, para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada pelos israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22). 

(1) O Dia da Expiação era uma assembleia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava diante do Senhor (16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do pecado e o fato de que a obra divina da expiação era eficaz somente para aqueles de coração arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30; 29.7). 

(2) O Dia da Expiação levava a efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não expiados durante o ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da mesma maneira. 

II. ENTRANDO NO LUGAR SANTÍSSIMO 

Deus em Sua perfeita sabedoria, e sabendo que nenhum dos Seus propósitos pode ser impedido, nos revela, através das figuras dos sacrifícios do Antigo Testamento, que se cumpriram na pessoa amada de Seu Filho Jesus Cristo, como tudo será alcançado na eternidade. No dia da expiação de seus sacrifícios, temos o passo a passo de como Deus alcança a Igreja, Israel e, por fim, as nações na eternidade (Ap 21.24). 

1. A ordem de Deus para Arão. Deus orienta Arão, através de Moisés, que ele não poderia entrar no santuário em todo o tempo, para que não morresse (Lv 16.2). Era necessário que Arão fizesse um sacrifício para entrar no santuário, pois Deus aparecia numa nuvem sobre o propiciatório. Se não observado o que Deus determinara, Arão morreria. A observância da liturgia deste dia deveria ser seguida fielmente e nenhuma novidade podia ser acrescentada, não era um dia para inovações. Neste capítulo, santuário é o Lugar Santíssimo, onde ficava a arca e o propiciatório, e o Lugar Santo é chamado de tenda da congregação (Lv 16.16). 

A presença de Deus é algo maravilhoso para o ser humano, mas as regras para que isto aconteça devem ser observados, para que a bênção não se transforme em maldição. Se alguma novidade fosse acrescentada ou alguma coisa fosse omitida, o dia da expiação seria um dia para se lamentar a morte do sacerdote e não agradecer pelo pecado ter sido expiado. Hoje a Igreja deve procurar observar o que Deus diz em Sua Palavra e rejeitar todas as inovações que são contrárias as Escrituras, que tem surgido com aparência de piedade, mas são uma verdadeira afronta aos mandamentos divinos e apenas atraem uma grande multidão; o seu objetivo não é glorificar a Deus, mas exaltar o homem. Temos o dever e a obrigação de honrar a Palavra de Deus. 

2. O sacerdote banhava a sua carne. Era necessário o sacerdote tomar um banho antes de vestir as roupas que oficiaria o ritual do dia da expiação. A higiene, que era feita pelo sacerdote em tomar o banho, a fala da pureza necessária para quem quer se aproximar do Senhor, e este banho é uma figura do que a Palavra de Deus faz na vida do salvo. Paulo fala dessa doutrina quando escreve a Tito, o que torna este ato no dia da expiação uma ilustração do que acontece na vida espiritual: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt 3.5-6). O Espírito Santo usa a Palavra para a pureza do crente. 

A Bíblia diz que as cerimônias e os sacrifícios estabelecidos na lei são “sombra dos bens futuros” (Hb 10.1). Jesus, no que concerne ao Seu ministério, Sua morte e Sua ressurreição, quando empreende a perfeita obra da expiação, é pessoalmente puro e imaculado, como nos afirma o apóstolo Pedro (1ª Pe 1.19). O próprio Senhor Jesus afirmou que se santificou pelos Seus (Jo 17.19). O salvo pode contemplar o seu Senhor em toda a Sua santidade, por Ele ser santificado pela verdade da palavra de Deus e se aproximar da Sua presença. 

3. As vestes para entrar no santuário. Arão tinha que vestir roupas de linho para entrar no santuário, a túnica, ceroulas, um cinto e uma mitra (Lv 16.4), que eram vestes santas. O sumo sacerdote tirava as suas vestes suntuosas e se vestia como os demais sacerdotes. As roupas dos demais sacerdotes lemos em Levítico 8.13. O linho representa a justiça de Cristo e retrata a pureza e o estado de limpeza cerimonial exigida por Deus para que o sumo sacerdote pudesse se aproximar da Sua presença, simbolizando na arca do concerto, no propiciatório sobre a arca e na sua glória ali presente. Tudo isso para hoje podermos entender, pela revelação do Espírito Santo, quão grande foi a obra que Jesus fez para nos conceder o privilégio de termos a glória de Deus em nossa vida. 

Quando o sumo sacerdote Arão despede-se de suas maravilhosas vestes e se adorna com as roupas de linho, como os demais sacerdotes, é como sombra do que Jesus fez, como escreve Paulo aos filipenses: “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” (Fp 2.7). Jesus veio como homem para realizar a obra da expiação. Foi um ato de humilhação (Fp 2.8), pois se esvaziou de toda a Sua glória e como um de nós andou neste mundo para morrer na cruz. Como depois Arão voltava a vestir as suas pomposas vestes, também Jesus hoje está revestido de glória e de honra. Este ato de despir-se só era necessário durante a cerimônia do dia da expiação, e foi o que Jesus também realizou, quando se fez carne. 

III. A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

1. Deus fez o homem à sua ima­gem e semelhança. Como Criador, tem o maior direito de estipular o procedimento correto para a sua criação, e isso ele fez na forma de leis destinadas para o nosso bem (Dt 10.13). O pior que podemos fazer é violar a lei de Deus. A isso chamamos pecado ou transgressão da lei (1ª Jo 3.4). 

2. A necessidade da expiação surgiu do fato que os pecados de Israel (16.30), caso não fossem expiados, sujeitariam os israelitas à ira de Deus (cf. Rm 1.18; Cl 3.6; 1ª Ts 2.16). Por conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um sacrifício de amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não tivessem sido expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que findava. Dessa maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano precedente, afastaria a ira de Deus contra ele e manteria a sua comunhão com Deus (16.30-34; Hb 9.7). 

2. Os pais da humanidade transgrediram a Palavra de Deus; e a culpa deles evidenciou-se pela ten­tativa de se esconderem de Deus. A justiça exigia uma pena pelo pecado. A pena era a morte, a separação de Deus, manifestada pelo afastamento deles do jardim do Éden (Gn 3.8, 24). O pecado é a transgressão da lei, e a justiça decreta que deve ser punido. 

3. O pecado contaminou toda raça humana, desde aquele primeiro momento até a última geração. Paulo resumiu a história e consequências do pecado em Romanos 5.12: “Assim como por um só homem entrou o pecado no mun­do, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Se morremos em nossos pecados, não podemos ir para onde Cristo está (João 8:21, 24). Vemos, então, que a necessidade suprema de todo homem é ter os pecados expiados, para que receba o perdão dos peca­dos! 

4. Porque Deus desejava salvar os israelitas, perdoar os seus pecados e reconciliá-los consigo mesmo, Ele proveu um meio de salvação ao aceitar a morte de um animal inocente em lugar deles (o animal que era sacrificado); esse animal levava sobre si a culpa e a penalidade deles (17.11; cf. Is 53.4,6,11) e cobria seus pecados com seu sangue derramado.

IV. A EXPIAÇÃO DO SANTUÁRIO 

Arão entrava no santuário com um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3). Ele não tinha permissão de entrar no Lugar Santíssimo com frequência, por isso, havia a necessidade de ser purificado antes de oferecer sacrifício pelo povo (Lv 16.2). 

1. A expiação pela sua casa. Arão realizava o sacrifício por si e pela sua casa (Lv 16.11). Deus em Seu cuidado com o sumo sacerdote ordena que um novilho seja oferecido como sacrifício para expiação, e, como Arão tinha que entrar no Lugar Santíssimo, era também necessário encher o local com fumaça. Arão tomava o incensário, cheio de brasa do fogo do altar, com os punhos cheios de incenso aromático. Todo esse ritual era essencial que fosse realizado, pois, qualquer desvio, a morte viria sobre o oficiante. Deus provê toda a segurança para os que se achegam a Ele, porém, deve ser feito da maneira como Ele determina, e este princípio permanece em nossos dias. Não podemos ver a obra de Deus de modo diferente. O ensino bíblico exige que obedeçamos ao que diz a Palavra de Deus, para nossa segurança e bênção para a nossa família. 

O sangue do sacrifício era espargido sobre a face do propiciatório para a banda do oriente sete vezes (Lv 16.11). Todo esse belo ritual era perante o Senhor (Lv 16.13). O fogo que era trazido para dentro do santuário e aceito pelo Senhor era fogo do altar onde o sangue era derramado, pois, Deus não aceita outro fogo em Sua presença. Vivemos dias nos quais muitos estão trazendo fogo estranho à presença de Deus. O sangue sobre o propiciatório tornava o ofertante propício a Deus, isto é, permitia que o homem se aproximasse de Deus. Era necessário ser espargido sete vezes, que é o número da perfeição espiritual. Assim como Arão fazia expiação por si e pela sua casa, hoje, da mesma forma, Deus quer abençoar as famílias (Lv 16.11). 

2. A expiação pelo povo. Para expiação pelo povo um bode deveria ser degolado (Lv 16.15). Em todos esses detalhados rituais o sacerdote entrava sozinho na presença de Deus no Lugar Santíssimo, simbolizando o sacrifício da Nova Aliança que Jesus fez por nós, estando sozinho quando fez a expiação pelos pecados do mundo. A segurança do oficiante não estava em seus sentimentos, mas em cumprir o que Deus estabelecera e assim sempre será no nosso relacionamento com Deus. A nossa segurança não está no que achamos ou pensamos, mas em obedecer ao que o Senhor estabelece para ser feito através da Sua bendita Palavra. 

A expiação pelo povo era efetuada pelo sacrifício do bode da expiação (Lv 16.15), e também pelo bode vivo que era enviado ao deserto (Lv 16.21). Esses dois bodes representam dois aspectos das obras que Jesus fez pelo homem, em perdoar os seus pecados e levar sobre si os nossos pecados, como nos ensina a Palavra de Deus (1ª Pe 2.24). 

3. A expiação pelo santuário. Era também necessário fazer expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel (Lv 16.16). Os pecados ou atos involuntários do povo contaminavam o santuário que estava no meio deles, o que impedia a habitação do Senhor no acampamento de Israel. Em toda a liturgia realizada pelo sumo sacerdote há um grande ensino para a Igreja acerca de como o Senhor trabalha para a purificação de todas as coisas. 

Esse ato era repetido anualmente, pois o sangue de bodes e bezerros não pode purificar a consciência do homem das obras mortas (Hb 9.11-14). Em todo o ritual do dia da expiação, o incenso era oferecido ao Senhor dentro do Lugar Santíssimo, simbolizando o bom odor do sacrifício que é oferecido a Deus, tipificando o sacrifício de Jesus Cristo aceito por Deus. Agora não há mais a necessidade de repetir o sacrifício anualmente porque Jesus realizou uma obra perfeita e eterna (Hb 9.11). 

V. O HOLOCAUSTO APÓS A EXPIAÇÃO 

O holocausto é um sacrifício de adoração e Deus deve ser adorado em todas as circunstâncias e em todos os momentos de nossa vida. Após a liturgia, era preparado o holocausto pelo sumo sacerdote e pelo povo (Lv 16.24), para fazer expiação por si e pelo povo. 

1. As vestes depois do sacrifício. Para realizar todo o ritual do dia da expiação Arão despia das suas vestes e vestia as vestes santas de linho, mas, após a realização de toda a liturgia necessária do dia da expiação, ele se banhava e tornava a vestir os seus vestidos magnificentes (Lv 16.23-24). Com os seus vestidos chegava perante o Senhor com o holocausto por si e pelo povo. Uma perfeita figura do que Jesus fez e faz diante do Senhor Deus. Ele se apresenta ao Pai após a obra da redenção por Ele efetuada (Jo 20.16-17).

Segundo o comentarista M. Ryerson Turnbull, o sacerdote se vestia, não nas roupagens brilhantes e multicores do seu ofício, mas numa simples vestimenta do mais puro linho branco. O branco simboliza pureza absoluta. A ausência de adornos na vestimenta de linho significava humilhação pelo pecado (Êx 33.5-6). Em Sua oração, Jesus disse que se santificaria para que Seus discípulos fossem santificados (Jo 17.19). Após consumada a obra, Ele recebe a glória que tinha antes (Jo 17.5). 

2. O homem que levou o bode emissário. Aquele que levava o bode emissário (bode expiatório), para poder voltar a entrar no arraial, precisava lavar os seus vestidos e banhar a sua carne, pois estivera em contato com o animal que simbolicamente levava o pecado do povo. Ele se tornava cerimonialmente impuro por levar o animal para o deserto (Lv 16.26). 

Segundo Russell Norman Champlin: “Nos dias do segundo templo, tal homem precisava ficar na última cabana, a pouco mais de um quilômetro e meio de Jerusalém, até o pôr-do-sol, quando então podia voltar ao convívio social”. O pecado é um mal que o mais simples contato contamina o homem e o torna impossibilitado de permanecer no acampamento do Senhor: Este homem que leva o bode para o deserto é um exemplo da malignidade do pecado e o quanto o mesmo aborrece a Deus. Na sua purificação, necessária para a sua entrada no arraial, podemos agradecer a Deus por ter realizado tudo para que pudéssemos retornar para o acampamento, e desfrutar da Sua grandiosa presença em nossa vida pelo Seu Espírito que Ele nos concedeu. 

3. Um estatuto perpétuo. No dia da expiação, em que eram feitos sacrifícios pela classe sacerdotal e também pelos leigos, vemos a universalidade do pecado. Os sacrifícios do dia da expiação tornavam abundantemente claros como Deus detesta o pecado, que traz consigo o desespero e a morte para o homem. Deus estabelece esta cerimônia como um estatuto perpétuo: o sacrifício da expiação para que o israelita tivesse sempre a consciência do pecado e como este afeta o relacionamento entre Deus e o homem. A obra de Cristo tem para o cristão este caráter de ser uma obra perpétua. 

Agora, com o sacrifício do dia da expiação e estabelecendo-o como um estatuto perpétuo, Deus está providenciando para o Seu povo uma condição para que o pecado seja expiado e, consequentemente, ele fala sobre um sábado de descanso (Lv 16.31). Deus descansou no sétimo dia, pois o pecado não havia ainda entrado no mundo e este “sábado de descanso” é uma profecia que Deus um dia estabelecerá um sistema onde o pecado não mais existirá.

VI. CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO 

1. Jesus o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No NT, o autor de Hebreus realça o cumprimento, no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação (ver Hb 9.6; 10.18)

1.1. O fato de que os sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28; 10.10-18). 

1.2. Os dois bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação consumados por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e sacrificial de Cristo pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11, 12, 24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26). 

1.3. Os sacrifícios no Dia da Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não a remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que remove o pecado de modo permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como sacrifício perfeito (Hb 9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm 3.25,26; 6.23; Gl 3.13; 2ª Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que afasta a ira de Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura nossa comunhão com Ele (Rm 5.6-11; 2ª Co 5.18,19; 1ª Pe 1.18,19; 1ª Jo 2.2). 

1.4. O Lugar Santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação, representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após sua morte e, com seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28). 

1.5. Visto que os sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de sacrifícios de animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18). 

Permaneçamos nos mandamentos do Senhor para o nosso próprio bem e para que o nome do nosso Deus seja glorificado. Temos essa responsabilidade sobre os nossos ombros, pois somente a Igreja do Senhor é o povo cujo pecado foi expiado e encontrou salvação na pessoa de Jesus Cristo.


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