2ª Tessalonicenses 2.3-11 “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 4 - o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. 5 - Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? 6 - E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. 7 - Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado; 8 - e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; 9 - a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, 10 - e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. 11 - E, por isso. Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira.”
Antes do dia da Segunda Vinda de Jesus, haverá uma manifestação do grandioso e final Anticristo, o Anticristo que ainda “está para vir”. Na primeira epistola aos tessalonicenses, Paulo garantiu que os salvos em Jesus serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares e assim ficaram para sempre com Ele (1ª Ts 4.16-17). Este evento os livrará da ira futura de Deus sobre a Terra (1ª Ts 1.10; 5.9-10). Agora, porém, na segunda epístola aos tessalonicenses, os falsos mestres estavam ensinando que o Dia do Senhor (Dia de Cristo) já havia começado, e que a ira final de Deus estava sendo derramada sobre a Terra e por isto Paulo diz: “Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.” (2ª Ts 2.2).
1. Antes do dia do Senhor. Os tessalolinensses estavam perturbados por causa do ensino dos falsos mestres sobre o Dia do Senhor. Paulo lhes responde dizendo que o dia da ira de Deus ainda não havia chegado. Duas coisas assinalaram esta chegada:
“Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não
acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da
iniquidade, o filho da perdição” (2ª Ts 2.3).
Aqui, Paulo declara que dois eventos serão necessários para
o início do “Dia do Senhor”, que são:
1.1. Haverá uma apostasia geral. Apostasia (em grego antigo απόστασις [apóstasis], “estar longe de”) tem o sentido de um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé ou doutrinação. Ao contrário da crença popular, não se refere a um mero desvio ou um afastamento em relação à sua fé e à prática religiosa.
Mas, nas Escrituras, a palavra é usada para se referir à
rebelião contra Deus. Portanto, alguns interpretam esse versículo como uma
referência a um abandono geral da verdade. Essa apostasia rebelde prepararia o
caminho para o Anticristo.
A apostasia chega ao auge, na rebelião total contra Deus e
Sua Palavra; Deus envia uma influência enganadora sobre aqueles que não amam a
verdade (2ª Ts 2.9-11).
1.2. “... e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição” (v. 3). Homem do pecado” é uma designação bíblica para o Anticristo conforme a teologia paulina no v. 3. Essa designação faz referência direta ao seu caráter maligno, profano e rebelde.
Algumas traduções trazem a designação “homem da iniquidade”. Obviamente tanto “homem do pecado” quanto “homem da iniquidade” são expressões equivalentes. A Bíblia diz que “o pecado é iniquidade”, ou seja, o pecado é transgressão da lei (cf. 1ª Jo 3.4).
Nesse sentido, ao designar o Anticristo como “o homem do
pecado”, o apóstolo Paulo o descreve como um absoluto transgressor da Lei de
Deus. Na verdade, a expressão “homem da iniquidade” significa que esse homem
será a própria personificação da oposição às ordenanças de Deus.
Conforme o versículo em estudo, o personagem citado é
realmente um homem, com as seguintes características: Para que tivesse tal
destaque a ponto de ser citado em uma profecia bíblica, sua influência seria
mundial.
Seria o idealizador de um modelo de doutrina política a
nível mundial. Tal modelo político seria anti-Deus, anti-deuses e anti-religião
e iria reprimir todo o tipo de práticas religiosas.
O homem do pecado levará o mundo à rebelião contra Deus ...com
todo engano da injustiça para os que perecem (v. 10), realizará milagres por
meio do poder de Satanás.
A apostasia chega ao auge, na rebelião total contra Deus e
Sua Palavra; Deus envia uma influência enganadora sobre aqueles que não amam a
verdade (2ª Ts 2.9-11).
Filho da perdição, por ser um judeu, filho de Israel, que
traria ao mundo uma ideologia ateia de âmbito mundial, que perseguiria tanto o
próprio Israel, a Igreja de Jesus, e todo o tipo de religião.
2. Exigirá adoração. “O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.” (2ª Ts 2.4).
No verso 4, Paulo declara que “o homem do pecado irá
declarar-se divino e sentar-se no templo de Deus, agindo como se fosse um deus”.
Muitos líderes na história se consideraram deuses, e o Anticristo é a
declaração final dessa blasfêmia. Ele não tolerará que ninguém, a não ser ele mesmo,
seja adorado (Ap 13.6-8).
O rabino Nachman Kahane, um rabino líder em Jerusalém,
nascido em 1937, crê que um Templo será construído no monte do Templo enquanto
ele ainda estiver vivo; e ele diz que tudo está pronto para que o Templo seja
construído ainda hoje.
O cenário do final dos tempos na Palavra de Deus exige que
um Templo Judeu esteja erigido quando o Anticristo governar o mundo. Ele o
profanará e o povo judeu será forçado novamente a deixar o Templo porque se
manterá fiel a Deus e se recusará a adorar o Anticristo (Dn 9.27).
O homem do pecado fara uma aliança com Israel, mas após os
três anos e meio de falsa paz ira romper o tratado com o povo judeu, entrar no
novo templo em Jerusalém para se declarar deus, e exigir adoração; o
cumprimento final da abominação desoladora mencionada por Daniel (Dn 7.23;
9.26,27; 11.31,36,37; 12.11) e por Jesus (Mt 24.15; Mc 13.14). Em outras
palavras, o homem do pecado tentará desviar a verdadeira adoração da Igreja
para si mesmo.
4. “...não vos lembrais...” (v. 5). Paulo faz os tessalonicenses se lembrarem de seu ensino anterior sobre a segunda vinda de Jesus, confirmado em sua primeira carta para eles (1ª Ts 4.13-5.11). Ele lhes havia ensinado que não passariam pela noite do juízo que viria sobre o mundo no dia do Senhor nem seriam objetos da ira de Deus (1ª Ts 5.9).
Paulo declara, em seguida, que esses dois eventos não se
cumprirão enquanto “um que, agora, resiste... seja tirado” (v. 7).
5. O que detém o aparecimento do Anticristo? “E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.” (2ª Ts 2.6).
O Anticristo escatológico ainda não se manifestou porque sua
aparição está sendo impedida por algo (2ª Ts 2.6) e por alguém (2ª Ts 2.7).
Algo está detendo “o homem do pecado”. Quando aquele que o detém
for tirado do meio, começa o Dia do Senhor.
Este poder que detém não é identificado. Esta passagem é de
difícil interpretação, e não convém fazer especulações sobre o que não está
revelado claramente. Talvez seja a ordem civil estabelecida por Deus para
conter o poder do mal (Rm 13.1-7). Uma vez que o versículo 7 se refere ao poder
que detém como sendo uma pessoa. Os pais da igreja acreditavam que era Nero o
imperador romano, a personificação da lei romana. Porém, Paulo começa seu
discurso no verso 1 e 2, corrigindo a Igreja de tessalônica concernente a uma
distorção acerca da segunda vinda de Jesus. Todavia, o apóstolo está trazendo a
discussão de um assunto que ele já havia escrito na 1ª Tessalonicense 4.16-18, no
qual Paulo fala do encontro com o Senhor nos ares. Portanto, ele está falando
de um assunto escatológico que ainda não aconteceu, por isso não pode ser o
imperador romano. O arrebatamento da Igreja mencionado por Paulo (1ª Ts
4.16-17), não aconteceu ainda, mas que em breve vai se realizar.
Convém observar que, em 2ª Tessalonicenses 2.6, Paulo
refere-se ao repressor de modo neutro (“o que o detém”), enquanto em 2ª
Tessalonicenses 2.7, usa o gênero masculino (“aquele que agora o detém”).
Quem o detém? Acredito fielmente que Paulo tem em vista a
soma total do poder moral que existe na Igreja por meio da pessoa do Espírito
Santo. Seja qual for o caso. O homem do pecado não poderá enquanto a igreja não
for retirada da Terra.
A palavra grega kairós,
traduzida por “ocasião oportuna”, revela-nos que o Anticristo só aparecerá no
momento certo, ou seja, no momento determinado por Deus. Warren Wiersbe diz que
assim como houve uma “plenitude do tempo” para a vinda de Cristo (Gl 4.4),
também haverá uma “plenitude do tempo” para o surgimento do Anticristo e nada
acontecerá fora do cronograma divino.
O que é esse algo? Quem é esse alguém? Agostinho era da
opinião que é impossível definir esses elementos restringidores. Outros
escritores pensam que Paulo está se referindo aqui ao Espírito Santo, uma vez
que Ele pode ser descrito tanto no gênero masculino quanto no neutro (Jo
14.16,17; 16.13) e também Ele é apontado como Aquele que restringia as forças
do mal no A.T. O estudioso Howard Marshall, por sua vez, é da opinião que Deus
é quem está por trás da ação adiadora da manifestação do homem da iniquidade.
A maioria dos estudiosos, entende que o algo é a lei e que o
alguém é aquele que faz a lei se cumprir. É por isso que o Anticristo vai
surgir no período de grande apostasia, ou seja, da grande rebelião, quando os
homens não suportarão leis, normas nem absolutos. Então, eles facilmente se
entregarão ao homem da ilegalidade, o filho da perdição.
6. Já o mistério da injustiça opera. O detentor, o que resiste o “ministério da injustiça”, e então será tirado do meio: “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado.” (2ª Ts 2.7).
A sequência dos eventos será assim: no decurso de toda a
época da igreja, “um ministério da injustiça” está em ação, o que nos faz
lembrar que o fim está chegando; a maldade e a imoralidade tornar-se-á cada vez
mais desenfreada à medida que a história chega ao fim.
O ministério da injustiça é uma atividade secreta dos
poderes malignos no decurso da história da humanidade, preparando o caminho
para apostasia e o “homem da iniquidade”.
Havia uma boa razão para explicar por que o homem do pecado
não havia sido revelado. Aquele que o detinha naquele momento, provavelmente o
Espírito de Deus, tinha de ser tirado do mundo. Deus tem restringido o pecado
no mundo por meio do poder do Espírito Santo. O Espírito trabalha diretamente
por meio da Palavra, de pessoas piedosas e de Seus santos anjos para fazer
avançar o Reino de Deus e deter o mal.
A expressão seja tirado nesse versículo como uma referência
ao arrebatamento, pois a Igreja não poderá existir sem a presença do Espírito.
Portanto, a retirada da Igreja por meio do arrebatamento será, na verdade, a
retirada de tudo o que detém o poder do pecado neste mundo.
7. A destruição do Anticristo. “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira.” (2ª Ts 2.8-9).
Depois que Satanás e “o homem do pecado” realizarem sua obra
de engano e maldade (vs. 9 e 10), serão aniquilados quando da vinda de Cristo
em Glória, no fim da Grande Tribulação (ver Ap 19.20).
Embora seja revelado como alguém extremamente poderoso (Ap
13.7), o homem do pecado será destruído por Cristo e lançado no lago de fogo
quando o Senhor vier (Ap 19.19,20). O poder, e sinais, e prodígios de mentira
do iníquo serão ofuscados pela glória e esplendor de Cristo em Sua segunda
vinda. É significativo observar que Satanás, a fim de promover sua mentira no
final dos tempos e se passar como um deus, usará o mesmo tipo de poder, sinais
e prodígios que o Espírito de Cristo usou no início dos tempos para autenticar
a verdade sobre si mesmo como Deus (2ª Co 12.12; Hb 2.4). Porém, o seu fim já
está decretado antes da fundação do mundo.
Pr. Elias Ribas
Dr. em Teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC
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