No sermão profético de Jesus começando com 24.15 Ele diz: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda.”
1. O significado do termo. O termo “abominável” (hebraico toevah e siqqus) aparece mais de 100 vezes no Antigo Testamento e apenas algumas vezes no Novo Testamento. Uma abominação é normalmente um grande pecado, geralmente digno de morte.
Mas mais frequentemente em toda a Bíblia, “abominação”
refere-se a graves violações da aliança, particularmente a idolatria (cf. Dt 7.25,
13.6-16, 17.2-5, 18.9-12, 27.15, 32 .16). Nos livros históricos, “abominação”
sempre descreve a idolatria, frequentemente com sacrifício de crianças (1º Rs
11.7, 2º Rs 23.13). Nos livros dos profetas, a abominação também se refere à
idolatria, incluindo Daniel 9 e 11. Daniel usa siqqus, um termo que sempre aparece em conexão com a idolatria.
2. Abominação da desolação de Daniel 11. Para entendermos as profecias de Jesus no Seu sermão profético é preciso analisar as profecias do profeta Daniel, pois quando Jesus usa o termo “abominável da desolação” Ele usa a frase semelhante no livro do profeta Daniel (9.27–11.31–12.11).
A interpretação de Daniel 11.31, é difícil e controversa,
mas tem alguns pontos fixos, e a natureza da abominação que causa assolação é
uma delas. Daniel 9.26-27 refere-se a um príncipe que destruirá a cidade
(Jerusalém) junto com seu templo e sacrifícios, “e nas asas das abominações
virá o assolador”. Dois capítulos depois, há outra referência a uma
“abominação” em conexão com o templo:
“E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o
santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo
abominação desoladora.” (Dn 11.31).
O profeta Daniel registrou com antecedência o que iria
acontecer com os impérios e nações que disputam o controle da Terra Santa nos
séculos vindouros. Ela descreve, em detalhes surpreendentes, os governantes e
outros povos que viveram muito tempo depois da profecia de Daniel e vários séculos
antes de Cristo.
Na maior parte da profecia estes reinos foram a Síria ao
norte, governada pelos descendentes de Seleuco, um dos generais de Alexandre, o
Grande, e o Egito no Sul, governado pelos descendentes de outro general de
Alexandre, Ptolomeu.
O príncipe do exército (Dn 8.11), isto é, o próprio Deus, o
Senhor dos Sabaoth, as hostes no céu
e na terra, estrelas, anjos e ministros terrestres. Então, Daniel 8.25, “ele se
levantará contra o Príncipe dos príncipes”; “Contra o Deus dos deuses” (Dn
11.36; compare Dn 7.8). Ele não apenas se opõe ao povo antigo de Deus, mas
também ao próprio Deus.
3. O cumprimento da profecia. Precisamos entender na história da humanidade, que vários Anticristos já apareceram, porém, o pior está por vir, o Anticristo de apocalipse 13; a Bíblia registra que ele surgira das nações, e será um homem encarnado por Satanás.
Vejamos o que o Comentário Bíblico diz: Sobre Daniel 11.31
referindo a rei grego Antíoco.
No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e
cinco, que corresponde a 168-167 a.C., “Antíoco profanou o santuário em
Jerusalém levantando sobre o altar dos holocaustos a abominação da desolação”.
Este parece ter sido um altar pagão, provavelmente com uma imagem representando
o principal deus grego, Zeus, como 2º Macabeus 6.2 nos diz que Antíoco profanou
o templo judeu e dedicou-o “a Júpiter Olímpico”. Afinal, para o pensamento
grego o Deus dos hebreus simplesmente equiparava-se ao deus-chefe do panteão
grego.
Nesta profecia Daniel 11.31, duas coisas deveriam acontecer:
“O Sacrifício diário”. Oferecido de manhã e à noite (Êx 29.38-39), foi tirado por Antíoco (1º Macabeus 1.20-50).
“O santuário…derrubado”. Embora roubado de seus tesouros, não foi estritamente “derrubado” por Antíoco. Para que uma realização mais completa seja futura. Antíoco tirou o sacrifício diário por alguns anos. Porém, os romanos, tiraram o sacrifico por muitas eras, e “derrubaram” o templo; mas, o Anticristo, na grande tribulação, fará isso novamente depois que os judeus em sua própria terra, ainda incrédulos, tiverem reconstruído o templo e restaurado o ritual Mosaico: Deus os entregou a ele “por motivo de transgressão”. (Dn 8.12), isto é, não possuir o culto tão prestado; e então a oposição do chifre à “verdade” é especialmente mencionada.
Deve-se observar também que a referência explícita de Jesus
à obra do “abominável da desolação”, como ainda no futuro naquela época, torna
claro que Antíoco Epifânio não cumpre essa profecia. É óbvio que não se
encontra em Antíoco um cumprimento adequado de muitas especificações da
profecia.
4. A destruição de Jerusalém. Tendo examinado o significado original de “abominação desoladora ” em Daniel, devemos agora nos voltar para Mateus 24.15-16. Estes versículos vêm no contexto do Discurso do Monte das Oliveiras, que começa com Jesus dizendo aos Seus discípulos que o templo será destruído (24.1-2). Os discípulos então pediram a Jesus que explicasse: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século?” (24.3).
Os discípulos provavelmente pensavam que estavam fazendo uma
só pergunta. A queda de Jerusalém, o retorno de Jesus e o fim dos tempos eram
um só evento complexo em suas mentes. Porém Jesus está referindo-se a 2 eventos
vindouros.
Em Mateus 24.3-35, refere-se principalmente a eventos que
levaram à queda de Jerusalém em 70 d.C. O segmento termina com Jesus prometendo
“não passará esta geração sem que tudo isto aconteça” (24.34). Nas Escrituras,
uma geração normalmente dura 40 anos, e Jerusalém e seu templo caíram dentro de
40 anos, conforme Jesus disse. Portanto, Sua previsão central foi cumprida em
70 d.C.
Esta profecia só faz sentido com referência à queda de
Jerusalém. Não é possível que se aplique à volta de Jesus. De fato, o relato
paralelo em Lucas 21 esclarece este ponto: “Quando, porém, virdes Jerusalém
sitiada de exércitos... fujam para os montes” (Lc 21.10-24).
Na sua profecia sobre a destruição de Jerusalém (Mc 13.14),
deu Jesus aos Seus discípulos um sinal pelo qual eles saberiam quando estaria
iminente o acontecimento, devendo então fugir, enquanto havia tempo.
Ao falar da iminente destruição de Jerusalém, que ocorreu em
70 d.C., Jesus identificou os exércitos romanos que cercariam a cidade como o
“abominável da desolação de que falou o profeta Daniel” (Mt 24.15; Lc 21.20).
Tendo em vista o fato de Daniel 9.27 fazer parte da
explicação do anjo sobre o conteúdo de 8.11 a 13, a conclusão natural é que
Daniel 8.11-13 é uma profecia dupla (similar à de Mateus 24) que se aplica
tanto ao sacrifício diário tirado por Antíoco, como à destruição do templo e de
Jerusalém pelo General Tito.
5. O posterior cumprimento profético. Em Mateus 24.36, Jesus começa a falar exclusivamente “daquele dia” — ou seja, o último dia.
Jesus trata de sinais especiais que ocorrerão durante a
Grande Tribulação (as expressões “Grande Aflição”, de 24.21, e “Grande Tribulação”,
de Ap 7.14, são idênticas no grego). Tais sinais indicam que o fim dos tempos
está muito próximo (24.15-29). São sinais conducentes à, e indicadores da volta
de Cristo à terra, depois da tribulação (Mt 24.30,31; cf. Ap 19.11–20.4).
A profecia mais longa e mais precisa da Bíblia, Daniel 11,
registrou com antecedência o que iria acontecer com os impérios e nações que
disputam o controle da Terra Santa nos séculos vindouros. Ela descreve, em
detalhes surpreendentes, os governantes e outros povos que viveram muito tempo
depois da profecia de Daniel e vários séculos antes de Cristo.
Agora, com todo esse relato histórico, considere a
advertência de Cristo sobre a abominação desoladora. Quando Ele a entregou,
essa parte da profecia de Daniel não tinha sido cumprida há quase duzentos
anos, como vimos? Certamente. Portanto, a profecia de Daniel, de acordo com
Jesus, deve ter um cumprimento dual.
Jesus revelou-nos o tempo do cumprimento final desta
profecia em Mateus 24 quando explicou o que aconteceria imediatamente em
seguida: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio
do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles
dias sido abreviados, ninguém seria salvo [vivo]; mas, por causa dos escolhidos,
tais dias serão abreviados” (Mt 24.21-22).
Isto lembra uma outra parte da profecia de Daniel, que diz
que no tempo do fim “haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que
houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo... E
muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão...” (Dn 12.1-2). Portanto,
este período terrível de tribulação ocorre no final dessa presente era, pouco
antes do retorno de Cristo, quando Ele ressuscitará Seus fiéis seguidores (1ª
Ts 4.15-16). Na verdade, Daniel disse que “desde o tempo em que o contínuo
sacrifício for tirado e posta a abominação desoladora”, mil duzentos e noventa
dias, pouco mais de três anos e meio, iriam transcorrer até que, de fato, a
ressurreição de Daniel e o resto dos santos aconteceria (Dn 12.11, 13).
6. O Anticristo surgirá na Grande Tribulação. A “abominação da desolação” marcará o início da etapa final da tribulação, que culmina com a volta de Cristo à terra e o julgamento dos ímpios em Armagedom (24.21,29,30; ver Dn 9.27; Ap 19.11-21).
Se os santos da tribulação atentarem para o fator tempo
desse evento (“Quando, pois, virdes”, 24.15), poderão saber com bastante
aproximação quando terminará a tribulação, época em que Cristo voltará à terra
(ver 24.33). O decurso de tempo entre esse evento e o fim dos tempos é
mencionado quatro vezes nas Escrituras como sendo três anos e meio ou 1260 dias
(cf. Dn 9.25-27; Ap 11.1,2; 12.6; 13.5-7). Por causa da grande expectativa da
volta de Cristo (24.33), os santos daqueles dias devem acautelar-se quanto a
informes afirmando que Cristo já voltou. Tais informes serão falsos (24.23-26).
A “vinda do Filho do homem” depois da tribulação será visível e conhecida de
todos os que viverem no mundo (24.27-30; Ap 1.7). Outro sinal que ocorrerá,
então, será o dos falsos profetas que, a serviço de Satanás, farão “grandes
sinais e prodígios” (24.24).
Jesus admoesta a todos os crentes a estarem especialmente
alerta para discernir esses profetas, mestres e pregadores, que se declaram
cristãos sendo falsos, porém apesar disso, operam milagres, curas, sinais e
maravilhas e que demonstram ter grande sucesso nos seus ministérios. Ao mesmo
tempo, torcerão e rejeitarão a verdade da Palavra de Deus (cf. Mt 7.15-22; Gl
1.8-9).
Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia
Assembleia de Deus
Blumenau - SC
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