TEOLOGIA EM FOCO: ABOMINÁVEL DA DESOLAÇÃO

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

ABOMINÁVEL DA DESOLAÇÃO


No sermão profético de Jesus começando com 24.15 Ele diz: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda.”

1. O significado do termo. O termo “abominável” (hebraico toevah e siqqus) aparece mais de 100 vezes no Antigo Testamento e apenas algumas vezes no Novo Testamento. Uma abominação é normalmente um grande pecado, geralmente digno de morte.

Mas mais frequentemente em toda a Bíblia, “abominação” refere-se a graves violações da aliança, particularmente a idolatria (cf. Dt 7.25, 13.6-16, 17.2-5, 18.9-12, 27.15, 32 .16). Nos livros históricos, “abominação” sempre descreve a idolatria, frequentemente com sacrifício de crianças (1º Rs 11.7, 2º Rs 23.13). Nos livros dos profetas, a abominação também se refere à idolatria, incluindo Daniel 9 e 11. Daniel usa siqqus, um termo que sempre aparece em conexão com a idolatria.

2. Abominação da desolação de Daniel 11. Para entendermos as profecias de Jesus no Seu sermão profético é preciso analisar as profecias do profeta Daniel, pois quando Jesus usa o termo “abominável da desolação” Ele usa a frase semelhante no livro do profeta Daniel (9.27–11.31–12.11).

A interpretação de Daniel 11.31, é difícil e controversa, mas tem alguns pontos fixos, e a natureza da abominação que causa assolação é uma delas. Daniel 9.26-27 refere-se a um príncipe que destruirá a cidade (Jerusalém) junto com seu templo e sacrifícios, “e nas asas das abominações virá o assolador”. Dois capítulos depois, há outra referência a uma “abominação” em conexão com o templo:

“E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora.” (Dn 11.31).

O profeta Daniel registrou com antecedência o que iria acontecer com os impérios e nações que disputam o controle da Terra Santa nos séculos vindouros. Ela descreve, em detalhes surpreendentes, os governantes e outros povos que viveram muito tempo depois da profecia de Daniel e vários séculos antes de Cristo.

Na maior parte da profecia estes reinos foram a Síria ao norte, governada pelos descendentes de Seleuco, um dos generais de Alexandre, o Grande, e o Egito no Sul, governado pelos descendentes de outro general de Alexandre, Ptolomeu.

O príncipe do exército (Dn 8.11), isto é, o próprio Deus, o Senhor dos Sabaoth, as hostes no céu e na terra, estrelas, anjos e ministros terrestres. Então, Daniel 8.25, “ele se levantará contra o Príncipe dos príncipes”; “Contra o Deus dos deuses” (Dn 11.36; compare Dn 7.8). Ele não apenas se opõe ao povo antigo de Deus, mas também ao próprio Deus.

3. O cumprimento da profecia. Precisamos entender na história da humanidade, que vários Anticristos já apareceram, porém, o pior está por vir, o Anticristo de apocalipse 13; a Bíblia registra que ele surgira das nações, e será um homem encarnado por Satanás.

Vejamos o que o Comentário Bíblico diz: Sobre Daniel 11.31 referindo a rei grego Antíoco.

No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco, que corresponde a 168-167 a.C., “Antíoco profanou o santuário em Jerusalém levantando sobre o altar dos holocaustos a abominação da desolação”. Este parece ter sido um altar pagão, provavelmente com uma imagem representando o principal deus grego, Zeus, como 2º Macabeus 6.2 nos diz que Antíoco profanou o templo judeu e dedicou-o “a Júpiter Olímpico”. Afinal, para o pensamento grego o Deus dos hebreus simplesmente equiparava-se ao deus-chefe do panteão grego.

Nesta profecia Daniel 11.31, duas coisas deveriam acontecer:

“O Sacrifício diário”. Oferecido de manhã e à noite (Êx 29.38-39), foi tirado por Antíoco (1º Macabeus 1.20-50).

“O santuário…derrubado”. Embora roubado de seus tesouros, não foi estritamente “derrubado” por Antíoco. Para que uma realização mais completa seja futura. Antíoco tirou o sacrifício diário por alguns anos. Porém, os romanos, tiraram o sacrifico por muitas eras, e “derrubaram” o templo; mas, o Anticristo, na grande tribulação, fará isso novamente depois que os judeus em sua própria terra, ainda incrédulos, tiverem reconstruído o templo e restaurado o ritual Mosaico: Deus os entregou a ele “por motivo de transgressão”. (Dn 8.12), isto é, não possuir o culto tão prestado; e então a oposição do chifre à “verdade” é especialmente mencionada.

Deve-se observar também que a referência explícita de Jesus à obra do “abominável da desolação”, como ainda no futuro naquela época, torna claro que Antíoco Epifânio não cumpre essa profecia. É óbvio que não se encontra em Antíoco um cumprimento adequado de muitas especificações da profecia.

4. A destruição de Jerusalém. Tendo examinado o significado original de “abominação desoladora ” em Daniel, devemos agora nos voltar para Mateus 24.15-16. Estes versículos vêm no contexto do Discurso do Monte das Oliveiras, que começa com Jesus dizendo aos Seus discípulos que o templo será destruído (24.1-2). Os discípulos então pediram a Jesus que explicasse: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século?” (24.3).

Os discípulos provavelmente pensavam que estavam fazendo uma só pergunta. A queda de Jerusalém, o retorno de Jesus e o fim dos tempos eram um só evento complexo em suas mentes. Porém Jesus está referindo-se a 2 eventos vindouros.

Em Mateus 24.3-35, refere-se principalmente a eventos que levaram à queda de Jerusalém em 70 d.C. O segmento termina com Jesus prometendo “não passará esta geração sem que tudo isto aconteça” (24.34). Nas Escrituras, uma geração normalmente dura 40 anos, e Jerusalém e seu templo caíram dentro de 40 anos, conforme Jesus disse. Portanto, Sua previsão central foi cumprida em 70 d.C.

Esta profecia só faz sentido com referência à queda de Jerusalém. Não é possível que se aplique à volta de Jesus. De fato, o relato paralelo em Lucas 21 esclarece este ponto: “Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos... fujam para os montes” (Lc 21.10-24).

Na sua profecia sobre a destruição de Jerusalém (Mc 13.14), deu Jesus aos Seus discípulos um sinal pelo qual eles saberiam quando estaria iminente o acontecimento, devendo então fugir, enquanto havia tempo.

Ao falar da iminente destruição de Jerusalém, que ocorreu em 70 d.C., Jesus identificou os exércitos romanos que cercariam a cidade como o “abominável da desolação de que falou o profeta Daniel” (Mt 24.15; Lc 21.20).

Tendo em vista o fato de Daniel 9.27 fazer parte da explicação do anjo sobre o conteúdo de 8.11 a 13, a conclusão natural é que Daniel 8.11-13 é uma profecia dupla (similar à de Mateus 24) que se aplica tanto ao sacrifício diário tirado por Antíoco, como à destruição do templo e de Jerusalém pelo General Tito.

5. O posterior cumprimento profético. Em Mateus 24.36, Jesus começa a falar exclusivamente “daquele dia” — ou seja, o último dia.

Jesus trata de sinais especiais que ocorrerão durante a Grande Tribulação (as expressões “Grande Aflição”, de 24.21, e “Grande Tribulação”, de Ap 7.14, são idênticas no grego). Tais sinais indicam que o fim dos tempos está muito próximo (24.15-29). São sinais conducentes à, e indicadores da volta de Cristo à terra, depois da tribulação (Mt 24.30,31; cf. Ap 19.11–20.4).

A profecia mais longa e mais precisa da Bíblia, Daniel 11, registrou com antecedência o que iria acontecer com os impérios e nações que disputam o controle da Terra Santa nos séculos vindouros. Ela descreve, em detalhes surpreendentes, os governantes e outros povos que viveram muito tempo depois da profecia de Daniel e vários séculos antes de Cristo.

Agora, com todo esse relato histórico, considere a advertência de Cristo sobre a abominação desoladora. Quando Ele a entregou, essa parte da profecia de Daniel não tinha sido cumprida há quase duzentos anos, como vimos? Certamente. Portanto, a profecia de Daniel, de acordo com Jesus, deve ter um cumprimento dual.

Jesus revelou-nos o tempo do cumprimento final desta profecia em Mateus 24 quando explicou o que aconteceria imediatamente em seguida: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo [vivo]; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.21-22).

Isto lembra uma outra parte da profecia de Daniel, que diz que no tempo do fim “haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo... E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão...” (Dn 12.1-2). Portanto, este período terrível de tribulação ocorre no final dessa presente era, pouco antes do retorno de Cristo, quando Ele ressuscitará Seus fiéis seguidores (1ª Ts 4.15-16). Na verdade, Daniel disse que “desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tirado e posta a abominação desoladora”, mil duzentos e noventa dias, pouco mais de três anos e meio, iriam transcorrer até que, de fato, a ressurreição de Daniel e o resto dos santos aconteceria (Dn 12.11, 13).

6. O Anticristo surgirá na Grande Tribulação. A “abominação da desolação” marcará o início da etapa final da tribulação, que culmina com a volta de Cristo à terra e o julgamento dos ímpios em Armagedom (24.21,29,30; ver Dn 9.27; Ap 19.11-21).

Se os santos da tribulação atentarem para o fator tempo desse evento (“Quando, pois, virdes”, 24.15), poderão saber com bastante aproximação quando terminará a tribulação, época em que Cristo voltará à terra (ver 24.33). O decurso de tempo entre esse evento e o fim dos tempos é mencionado quatro vezes nas Escrituras como sendo três anos e meio ou 1260 dias (cf. Dn 9.25-27; Ap 11.1,2; 12.6; 13.5-7). Por causa da grande expectativa da volta de Cristo (24.33), os santos daqueles dias devem acautelar-se quanto a informes afirmando que Cristo já voltou. Tais informes serão falsos (24.23-26). A “vinda do Filho do homem” depois da tribulação será visível e conhecida de todos os que viverem no mundo (24.27-30; Ap 1.7). Outro sinal que ocorrerá, então, será o dos falsos profetas que, a serviço de Satanás, farão “grandes sinais e prodígios” (24.24).

Jesus admoesta a todos os crentes a estarem especialmente alerta para discernir esses profetas, mestres e pregadores, que se declaram cristãos sendo falsos, porém apesar disso, operam milagres, curas, sinais e maravilhas e que demonstram ter grande sucesso nos seus ministérios. Ao mesmo tempo, torcerão e rejeitarão a verdade da Palavra de Deus (cf. Mt 7.15-22; Gl 1.8-9).

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

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