2º
Samuel 5.1-12
1 - Então, todas as tribos de Israel
vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua
carne somos. 2 - E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que
saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu
povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel. 3 - Assim, pois, todos os anciãos
de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom,
perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel. 4 - Da idade de trinta anos
era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. 5 - Em Hebrom reinou
sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos
sobre todo o Israel e Judá. 6- E partiu o rei com os seus homens para
Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra e que falaram a Davi,
dizendo: Não entrarás aqui, a menos que lances fora os cegos e os coxos;
querendo dizer: Não entrará Davi aqui. 7 - Porém Davi tomou a fortaleza de
Sião; esta é a Cidade de Davi. 8 - Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que
ferir os jebuseus e chegar ao canal, e aos coxos, e aos cegos, que a alma de
Davi aborrece, será cabeça e capitão. Por isso, se diz: Nem cego nem coxo
entrará nesta casa. 9 - Assim, habitou Davi na fortaleza e lhe chamou a Cidade
de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo até dentro. 10 - E Davi se
ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos,
era com ele. 11 - E Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de
cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que edificaram a Davi uma casa. 12- E
entendeu Davi que o SENHOR o confirmava rei sobre Israel e que exaltara o seu
reino por amor do seu povo.
INTRODUÇÃO.
- Nesta lição aprenderemos sobre o
estabelecimento do reinado de Davi e os principais fatos que marcaram este
reino; destacaremos algumas lições práticas que podemos aprender sobre o
exercício da monarquia davídica; e, por fim, veremos as similaridades entre o
reinado de Davi e o reino messiânico de Cristo.
- Davi após passar pela escola
preparatória, no exílio, e concluído todas as etapas de formação, com louvor,
Davi é considerado apto para assumir a posição de líder máximo de todo o povo
de Deus, Israel. Conquanto fora ungido para ser rei sobre Israel, quando ainda
era bem jovem, Davi esperou muitos anos para vir, de fato, a sê-lo. Ele
esperou, e perseverou em esperar.
- Davi tinha convicção de que era o ungido
de Deus e que ocuparia o trono de Israel (cf. 1º Sm.16.1, 12,13). Sua unção não
era uma promessa apenas; ele tinha sido ungido, realmente, porém, não tomou
qualquer iniciativa para destituir Saul, embora pudesse. Perseguido sem trégua,
refugiando-se em vários lugares, Davi esperou com paciência pelo tempo de Deus.
Essa espera pode ter durado mais ou menos quatorze anos. Quando assumiu o trono
de Israel, sobre as doze tribos, ele tinha 30 anos de idade - “Da idade de
trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou” (2º Sm 5.4).
- Quem tem promessas, deve esperar com
paciência. Disse Davi: “Esperei com paciência no Senhor...” (Sl 40.1). Muitas
vezes queremos que as coisas aconteçam no nosso tempo, mas Deus sabe o momento
certo para agir na nossa vida. Essa é uma grande lição: saber esperar o tempo
certo, pois é assim que o livro de Eclesiastes 3.1-10 nos ensina.
I.
DAVI É CONSTITUÍDO REI
- Davi teve uma unção e duas coroações.
Primeiramente ele foi coroado para reinar sobre a tribo de Judá; por sete anos
e seis meses Davi reinou somente sobre esta tribo, tendo Hebrom como sua
capital.
“Então, vieram os homens de Judá e ungiram
ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2º Sm 2.4).
“E foi o número dos dias que Davi reinou
em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses” (2º Sm 2.11).
- Davi aceitou ser rei de uma única tribo,
até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Ele não se
precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão
difícil, buscava o Senhor (2º Sm 2.1).
- Sete anos e meio após a primeira
coroação, Davi tornou-se rei da nação inteira (2º Sm 5.1-5); reinou sobre as
doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2º Sm 5.4,5).
Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território
prometido a Abraão (ver Gn 15.18).
“Da idade de trinta anos era Davi quando
começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e
seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e
Judá” (2º Sm 5.4,5).
- Em momento algum Davi reivindicou seu
direito ao trono, e não o fez após a morte de Saul. Antes, escolheu deixar a
questão nas mãos do Senhor. Se o Senhor o ungira rei, também conquistaria seus
inimigos e lhe daria o reino pleno.
- O Senhor Jesus, o Davi celestial, da
mesma forma, aguarda o tempo do Pai para reinar sobre todo o mundo. Hoje,
apenas uma minoria da humanidade reconhece seu domínio, mas, no Dia
estabelecido pelo Pai, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que
Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11). Aleluia!
1.
Motivos para a escolha de Davi.
“...já tem buscado o SENHOR para si um
homem segundo o seu coração e já lhe tem ordenado o SENHOR que seja chefe sobre
o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou” (1º Sm 13.14).
- Biblicamente, o que motivou Davi ser
escolhido para ser o segundo rei de Israel não estava à vista de nenhuma
pessoa, nem mesmo do profeta Samuel (cf. 1ºSm 16.7). Sob a ótica humana,
inicialmente, Davi não seria escolhido; seu curriculum o reprovava logo de
imediato: não tinha experiência militar; era o menor dos filhos de Jessé; e sua
principal experiência era pastorear umas “poucas ovelhas no deserto” (1º Sm 17.28).
No dia em que foi ungido por Samuel, o próprio pai de Davi apresentou a Samuel
o seu curriculum: “...o menor, e eis que apascenta as ovelhas...” (1º Sm 16.11).
Portanto, humanamente falando, Davi não tinha nenhum motivo aparente que o
levasse a ser escolhido a tão nobre posição.
- O motivo que levou Davi ser escolhido
por Deus não veio de fatores exógenos, mas do seu interior, do seu caráter, que
somente Deus podia ver. Nem mesmo Samuel, que era vidente (1º Sm 9.19),
enxergou qualidades atrativas em Davi; aliás, se dependesse de Samuel, tinha
escolhido Eliabe, o primogênito de Jessé, o qual tinha uma aparência e uma
estatura espetacular, a ponto de Samuel, por conta própria, dizer: “Certamente,
está perante o SENHOR o seu Ungido” (1º Sm 16.6). Porém, foi advertido pelo
Senhor: “.... - Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua
estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem.
Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o
coração” (1º Sm.16.7).
- Está escrito que Jessé fez passar diante
de Samuel os seus sete filhos; porém, Samuel disse a Jessé: “O SENHOR não tem
escolhido estes” (1º Sm 16.10). Mas, quando Davi foi apresentado ao profeta,
advindo do curral das ovelhas, o Senhor disse a Samuel: “Levanta-te e unge-o,
porque este mesmo é [o escolhido]” (1º Sm 16.12).
- Hoje, se os líderes do povo de Deus
fossem escolhidos sob a ótica dEle, a Igreja não estaria passando por tantas
oscilações espirituais. Não precisa ter um padrão de espiritualidade elevado
para perceber o que está ocorrendo em muitas igrejas locais: divisões;
secularidade; valores morais judaico-cristãos inobservados de forma consciente
e deliberada; falsas doutrinas que estão levando milhões ao abismo espiritual,
etc. Tudo isso por causa de líderes, pastores e mestres, que foram escolhidos
segundo a ótica humana. Estamos vivendo a síndrome de Samuel: escolher pela
aparência, pelo Ter e não pelo Ser.
- O apóstolo Paulo, inspirado pelo
Espírito Santo, deu as diretrizes corretas para escolher aqueles que liderarão
o povo de Deus (cf.1º Tm.3.1-13); só precisa cumprir, rigorosamente, o que está
escrito aqui, nada mais!
2.
Davi como pastor e chefe.
- No Antigo Testamento, o termo .pastor”,
literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando
e protegendo seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito
acerca de Deus como “Pastor de Israel” (Gn 48.15; Sl 80.1):
1. Alimentando (Is 40.11).
2. Protegendo (Am 3.12).
3. Disciplinando (Sl 23.2).
4. E resgatando as ovelhas desgarradas (Jr
31.10; Ez 34.12) de seu rebanho.
- Essa ideia de “pastoreio” foi estendida
aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a supervisão de Deus; como,
por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes, os quais também foram
denominados “pastores” (cf. Nm 27.17; 1ºRs 22.17; Jr 2.8; Ez 34.2). - Era
frequente a reclamação de Deus contra os líderes de Israel, como esta, por
exemplo:
“Filho do homem, profetiza contra os pastores
de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor IAVÉ: Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores
as ovelhas?” (Ez 34.2).
- Deus escolheu Davi e o ungiu para ser o
pastor e chefe do Seu povo, Israel. O “homem segundo o coração de Deus” foi
convocado do campo onde estava cuidando do rebanho para ser ungido rei de
Israel. Deus o chamou para pastorear um rebanho diferente - Seu povo, Israel (1ºSm
16.1-13; 2ºSm 5.2, Sl 78.70,71).
“Achei a Davi, meu servo; com o meu santo
óleo o ungi” (Sl 89.20).
- Davi, muito do que ele aprendeu
conduzindo ovelhas, aplicou como líder do povo de Deus, Israel. Em 2º Samuel 5.2,
o oráculo descreve Davi como pastor que cuidaria do povo do Senhor.
“E também dantes, sendo Saul ainda rei
sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te
disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2º Sm
5.2).
- Esta profecia parece referir-se à
declaração de Samuel a Saul a respeito daquele que o sucederia (cf. 1º Sm 13.14),
e é semelhante às palavras encorajadoras de Abigail a Davi (cf. 1º Sm 25.30).
- Um dos diversos cuidados que o bom
pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar as
feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É
desse amor sacrificial que os pastores precisam, hoje, pois muitas vezes os
seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho que deve
seguir.
- Jesus considerou os apóstolos como seus
sucessores na missão de pastoreio da Igreja. Ele disse a Pedro:
“Simão, filho de Jonas, amas-me?
Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas
ovelhas” (Jo 21.17).
- A mesma simbologia foi perpetuada nos
escritos dos apóstolos com referência aos líderes que exerciam suas funções de
governo das igrejas locais.
“Apascentai o rebanho de Deus que está
entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por
torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de
Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1º Pd 5.2,3).
- Portanto, o verdadeiro pastor cuida das
ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas
e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus.
II.
O ESTABELECIMENTO DO REINADO DE DAVI EM ISRAEL
1. A
morte de Isbosete.
Com a derrota e morte de Saul, o reino de Israel entra em crise e passa a estar
sob o domínio dos filisteus. A única exceção é a tribo de Judá, que tem Davi
como seu rei (2º Sm 2.4), que, naquele tempo, já estava à frente de um exército
próprio de cerca de seiscentos homens.
- Abner capitão do exército de Israel,
havia constituído o quarto filho de Saul chamado Isbosete, como o substituto de
seu pai no trono (2º Sm 2.8-10).
- O filho de Saul, Isbaal (denominado
pejorativamente na Bíblia como Isbosete – homem tolo) tenta assumir o comando
das demais tribos, contando com o apoio do general de Saul, Abner, o que ele
consegue por apenas dois anos - cinco anos após a morte de Saul. Como divisão
não vem de Deus, logo haveria um definhamento moral e espiritual do povo e, por
conseguinte, os conflitos entre as tribos de Israel.
- Davi era o rei legítimo por desígnio
divino, mas como governar uma casa dividida? Em uma situação como esta, o líder
precisa unificar os grupos que estão separados para que haja harmonia entre os
irmãos. Davi não tentou conquistar essas tribos à força, mas colocou o assunto
nas mãos de Deus.
- Davi, naquela ocasião, era o único rei
ungido por Deus para governar sobre Israel (1º Sm 16.1); nenhuma promessa divina
havia sobre Isbosete. A Escritura deixa claro que a profecia que prenunciava a
Davi um reinado sobre toda a nação hebraica, era de conhecimento não só do
filho de Jessé, mas também dos nobres e até mesmo do povo mais comum (2º Sm 5.2).
Esse fato é visto na declaração de Abner em 2º Samuel 3.9,10. Sendo assim,
Isbosete (que significa tolo) era realmente um tolo se deixar indicar pelo
general de seu pai, Abner. O texto sagrado diz que foi Abner, capitão do
exército de Saul, quem constituiu Isbosete rei sobre as tribos do Norte
“Porém Abner, filho de Ner, capitão do
exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim. E
o constituiu rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e sobre Jezreel, e sobre
Efraim, e sobre Benjamim, e sobre todo o Israel” (2º Sm 2.8-10).
- Tendo em vista que o seu general, Abner,
sabia que Davi era o legitimo rei indicado por Deus em substituição a Saul (cf.
2º Sm 3.18), então, certamente, Isbosete também sabia. Desta feita, ao assumir
o trono do reino do Norte, Isbosete estava se rebelando contra o Senhor Deus de
Israel. A Bíblia diz que rebelião é como pecado de feitiçaria (1ºSm 15.23).
Sendo assim, o fracasso seria inevitável, pois o seu reinado não tinha
aprovação divina, seu governo era ilegítimo.
- O próprio Isbosete se desentendeu com
Abner, por causa de uma mulher, cujo nome era Rispa, amante de Saul (2º Sm 3.7,8);
por causa disso, Abner buscou a Davi e propôs uma aliança entre as tribos do
Sul e do Norte (cf. 2º Sm 3.7-21).
“Então, disse Abner a Davi: Eu me
levantarei, e irei, e ajuntarei ao rei, meu senhor, todo o Israel, para fazerem
aliança contigo; e tu reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma. - - Assim,
despediu Davi a Abner, e foi-se ele em paz” (2º Sm 3.21).
Após a morte de Abner (2º Sm 3.26,27),
houve consternação e confusão ao povo de Israel e a Isbosete (2º Sm 4.1). Neste
ponto, dois dos capitães das tropas de Saul, chamados Baaná e Recabe, filhos de
Rimom da tribo de Benjamim (2º Sm 4.2), decidiram conspirar contra Isbosete. Os
dois conspiradores foram ao meio-dia, para a casa do rei (2º Sm 4.5,6). Ao encontrarem
Isbosete reclinado em sua cama, mataram-no covardemente (2º Sm 4.7).
- É o fim trágico de quem se rebela e
causa divisão entre o povo de Deus. Com a morte de Isbosete, o único herdeiro
ao trono de Saul que restou foi um menino aleijado, chamado Mefibosete, filho
de Jônatas (2º Sm 4.4).
- No entanto, essa coroação foi ilegítima,
uma vez que o escolhido por Deus para ser rei era Davi (1º Sm 16.1,13; 2º Sm
3.9,10), e esta consagração não era da sua competência, visto que Abner era um
capitão e não um profeta ou sacerdote (1º Sm 10.1; 1º Rs 1.39,45; 19.16; 2º Rs
9.6; 11.12).
3.
Entrando em aliança com o povo.
3.1.
Os anciãos de Israel procuram a Davi. Após a morte de Isbosete, todas as tribos
de Israel vieram a Davi (2º Sm 5.1,3). Eles lembraram que:
2.1. Davi já havia se revelado um líder
militar sob as ordens de Saul: “[…] sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o
que saías e entravas com Israel […]” (2º Sm 5.2-a; ver 1º Sm 18.30).
2.2. Estavam cientes da promessa que Deus
havia feito a Davi: “[…] Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe
sobre Israel” (2º Sm 5.2-b).
- As qualificações para o rei de Israel
encontravam-se escritas na lei de Moisés (Dt 17.14-20). O primeiro e mais
importante requisito, era ser alguém escolhido pelo Senhor dentre o povo de
Israel (Dt 17.15). Israel sabia que Samuel havia ungido Davi para ser rei cerca
de vinte anos antes e que era da vontade de Deus que Davi subisse ao trono (1Sm
16.1,13; 2Sm 3.9,10). A nação precisava de um pastor, e Davi era exatamente a
pessoa certa para este ofício (1ºSm 16.11,19; 17.15,34,35; Sl 78.70-72).
- Estando, pois, Isbosete fora de ação,
Davi recebeu, finalmente, o apoio das 11(onze) tribos, sendo aclamado rei de
todo o Israel (2ºSm 5.1-5). Com uma declaração de lealdade e sujeição, as onze
tribos de Israel se juntaram a Judá e reconheceram Davi como rei legítimo.
“Então, todas as tribos de Israel vieram a
Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos.
2 - E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e
entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de
Israel e tu serás chefe sobre Israel. 3 - Assim, pois, todos os anciãos de
Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom,
perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel. 4 - Da idade de trinta anos
era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. 5 - Em Hebrom reinou
sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos
sobre todo o Israel e Judá.”
- A coroação de Davi foi uma grande festa,
de união e de unidade entre o povo de Israel, pois Deus, naquele momento,
estava consolidando a Sua promessa na vida do Seu servo Davi. Em 1º Crônicas
12.38-40 é narrado a alegria daquele momento: “Todos estes homens de guerra,
postos em ordem de batalha, com coração inteiro, vieram a Hebrom para levantar
a Davi rei sobre todo o Israel; e também todo o resto de Israel tinha o mesmo
coração para levantar a Davi rei. 39.E estiveram ali com Davi três dias,
comendo e bebendo; porque seus irmãos lhes tinham preparado as provisões. 40.E
também seus vizinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulom, e Naftali,
trouxeram pão sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre mulos, e sobre bois,
provisões de farinha, pastas de figos, e cachos de passas, e vinho, e azeite, e
bois, e gado miúdo em abundância; porque havia alegria em Israel.”
- Assim começou o reinado de Davi sobre a
nação unida que duraria trinta e três anos. No total, Davi reinou quarenta anos
(2º Sm 5.4).
3.
Davi é ungido o rei de Israel. Abner estava morto, mas havia preparado o
caminho para Davi ser proclamado rei das doze tribos (2º Sm 3.17-21). Na
sequência, os líderes de todas as tribos reuniram-se em Hebrom e coroaram Davi
com o seu rei. À luz do contexto, destacamos que:
3.1. Quando Davi era adolescente, havia
recebido a unção de Samuel em particular (1º Sm 16.13).
3.2. Os anciãos da tribo de Judá o haviam
ungido quando se tornou seu rei (2º Sm 2.4).
3.3. Nessa última reunião, porém, os
anciãos de todo Israel ungiram Davi e proclamaram-no seu rei (2º Sm 5.3). Com a
coroação de Davi sobre todo o Israel, o reino estava finalmente reunificado. A
Bíblia diz que Davi reinou por quarenta anos, sendo que, sete anos e meio em Hebrom
e trinta e três anos em Jerusalém (2º Sm 5.4,5).
3. Davi
teve uma unção e duas coroações. Primeiramente ele foi coroado para reinar
sobre a tribo de Judá; por sete anos e seis meses Davi reinou somente sobre
esta tribo, tendo Hebrom como sua capital.
“Então, vieram os homens de Judá e ungiram
ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2º Sm 2.4).
“E foi o número dos dias que Davi reinou
em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses” (2º Sm 2.11).
- Davi aceitou ser rei de uma única tribo,
até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Ele não se
precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão
difícil, buscava o Senhor (2º Sm 2.1).
- Sete anos e meio após a primeira
coroação, Davi tornou-se rei da nação inteira (2º Sm 5.1-5); reinou sobre as
doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2º Sm 5.4,5).
Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território
prometido a Abraão (ver Gn 15.18).
“Da idade de trinta anos era Davi quando
começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e
seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e
Judá” (2º Sm 5.4,5).
- Em momento algum Davi reivindicou seu
direito ao trono, e não o fez após a morte de Saul. Antes, escolheu deixar a
questão nas mãos do Senhor. Se o Senhor o ungira rei, também conquistaria seus
inimigos e lhe daria o reino pleno.
- O Senhor Jesus, o Davi celestial, da
mesma forma, aguarda o tempo do Pai para reinar sobre todo o mundo. Hoje,
apenas uma minoria da humanidade reconhece seu domínio, mas, no Dia
estabelecido pelo Pai, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que
Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11). Aleluia!
II. FATOS
QUE MARCARAM O REINADO DE DAVI EM ISRAEL
1.
Jerusalém como capital do reino. Um dos marcos da liderança de Davi sobre
Israel, foi a mudança da capital do reino, visto que, Abner e Isbosete haviam
estabelecido em Maanaim (2º Sm 2.8). A mudança para Jerusalém, foi um ato
engenhoso de Davi:
1.1. Por estratégia política, já que a
cidade de Jerusalém, chamada de Jebus, era habitada pelos jebuseus (Jz 19.10;
2Sm 5.6; 1Cr 11.4,5) e localizada na fronteira entre Benjamim (a tribo de Saul)
e Judá (a tribo de Davi), Jerusalém não havia pertencido a nenhuma das tribos,
de modo que ninguém poderia acusar Davi de favoritismo na instituição de sua
nova capital.
1.2. Pela localização geográfica,
construída sobre um monte rochoso, a cidade era uma fortaleza natural cercada
de três lados por vales e montes, sendo assim, Jerusalém era símbolo de
segurança (2º Sm 5.7-9; Sl 48.2; 50.2) (WIERSBE, 2010, p. 309). Após a conquista
de Jerusalém, esta se tornou conhecida como a cidade de Davi (2º Sm 5.7,9), e
ali o monarca estabeleceu sua moradia (2º Sm 5.9,11).
2. A
vitória contra os inimigos. A despeito da presença de Deus manifesta na vida de
Davi e a confirmação divina de seu reinado (2º Sm 5.10,12), isso não o isentou
de enfrentar ataques por parte dos filisteus (2º Sm 5.17-25). Aqueles que
estiveram satisfeitos em ver a nação dívida em dois reinos pequenos e hostis
sob os governos de Isbosete e Davi, viram na união das doze tribos de Israel,
uma séria ameaça. Ao ouvirem dizer que Davi havia sido ungido rei, os filisteus
empreenderam uma batalha contra o monarca (2º Sm 5.17,18). Apesar da
resistência destes inimigos (2º Sm 5.22), Davi foi vitorioso como cumprimento da
promessa divina (2º Sm 5.19,24,25). Vencendo aos inimigos de Israel que estavam
à sua volta: os filisteus (2º Sm 8.1; 21.15-22); os moabitas (2º Sm 8.2); os
arameus e sírios (2º Sm 8.3-12); e, os edomitas (2º Sm 8.13,14), sempre com a
ajuda de Deus (2º Sm 8.14).
3. A
arca da aliança trazida a Jerusalém. Depois da reunificação do reino, Davi
trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, trazendo a restauração do culto ao
Senhor algo que havia sido negligenciado no reinado de Saul e Isbosete. Uma vez
que sua perda ocorrera durante uma das primeiras batalhas contra os filisteus
(1ºSm 4.5), a determinação de Davi em recuperá-la, seguida de sua
impressionante vitória contra os filisteus foi muito significativa. Essa
transferência aconteceu em dois estágios: um malsucedido (2º Sm 6.1-11) e outro
que obteve êxito (2º Sm 6.12-19). A Arca da Aliança para os israelitas
simbolizava:
3.1. A presença visível de Deus (Êx
25.22).
3.2. Um sinal da proteção de divina (Js
3.3; 4.10).
3.3. Sua presença trazia júbilo e alegria
para os israelitas (1º Sm 4.4-6; 2ºSm 6.15,21).
III.
LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM O REINADO DE DAVI
1. A
certeza que Deus cumpre com as suas promessas. Davi havia sido
ungido para ser rei ainda muito jovem (1º Sm 16.13), mas a sua coroação não
aconteceu imediatamente, entre a promessa e o cumprimento há um tempo, uma
trajetória a ser percorrida. Muitos desafios Davi enfrentou até tornar-se, de
fato, rei sobre todo o Israel, porém, nada pôde impedir que ele reinasse sobre
as doze tribos de Israel. Como disse o Senhor a Jeremias: “…eu velo sobre a
minha palavra para cumpri-la” (Jr 1.12). Davi teve que aprender a esperar
pacientemente o tempo de Deus em sua vida (1º Sm 22.3; Sl 40.1), cofiando que
Deus cumpriria a promessa que lhe havia feito, uma vez que o Senhor é fiel para
cumprir com sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; Sl 33.4; 146.5,6; Is 54.10; 2º Tm
2.11-13). Sobre as promessas de Deus, a Bíblia afirma:
Senhor é fiel
para as cumprir (Hb 10.23).
1.2. Ele nunca as esquece (Sl 105.42; Lc
1.54,55).
1.3. Não hão de falhar (Js 23.14; Is
40.8).
1.4. Se cumprem no devido tempo (Jr 33.14;
At 7.7; Gl 4.4).
- Diante disso, aprendemos que o homem
chamado por Deus deve ser paciente e aguardar o cumprimento das promessas (Hb
6.15).
2. A
necessidade de depender da direção divina. Era muito comum antes de dar um
passo importante, Davi buscar a vontade do Senhor (1º Sm 23.2,4; 30.8; 2º Sm
2.1), e contra os filisteus após assumir o reinado de Israel não foi diferente.
Em se tratando de guerra, Davi não era presunçoso, por isso, consultou ao
Senhor para saber se deveria e como atacar os inimigos (2º Sm 5.19,23) e os
derrotou utilizando exatamente as táticas fornecidas por Deus (2º Sm
5.20-21,22-25). O rei Davi foi bem-sucedido onde Saul havia fracassado, porque
agiu em perfeita obediência aos planos do Senhor (2º Sm 5.25). Desse modo,
aprendemos que, aos que desejam ser bem-sucedidos em todas as áreas de sua
vida, precisam nos submeter a direção de Deus (Sl 16.7; 25.12; 37.23; 43.3;
48.14; Pv 2.6-8; 3.6; 16.1,9; 20.24; Is 58.11).
3. A
humildade de atribuir a Deus as conquistas alcançadas. Desde muito cedo
na vida de Davi, havia um reconhecimento público que ele era um instrumento
para trazer vitórias nas guerras travadas pelo exército de Israel (1º Sm
18.5,6,13-15; 2º Sm 5.2). O seu reinado cresceu e se fortaleceu de maneira
inimaginável (2º Sm 5.10), ganhando popularidade até mesmo entre os
estrangeiros (2º Sm 5.11), de modo que seu nome se tornou notável entre os
homens (1º Sm 18.30; 2º Sm 7.9; 8.13). No entanto, o rei Davi reconhecia que a
razão de todas estas conquistas, se dava pela ação Deus em sua vida (1º Sm
17.37,45-47; 18.14; 23.14; 2º Sm 5.12,24; 8.14), o mérito era divino e não
humano. Todos devem render ao Senhor a glória que lhe é devida (1º Cr 16.28; Sl
115.1; Is 42.8; 1ª Co 10.31; Rm 11.36; 15.18; 2ª Co 3.5; Fp 4.20).
IV.
O REINADO DE DAVI UMA FIGURA DO REINO MESSIÂNICO
- Uma vez que Davi na tipologia é uma
figura do Messias, o seu reinado prefigura o reino messiânico de Cristo, que
será estabelecido no milênio ao final da Grande Tribulação (Ap 20.1-4). Vejamos,
portanto, em ambos os reinos, algumas similaridades:
REINO
DAVÍDICO
1. Jerusalém, capital do reino de Israel
(2º Sm 5.7; 1º Rs 2.10; 1º Cr 13.13; 15.1).
2. Justiça como marca de sua administração
(2º Sm 8.15);
3. Foi marcado pela paz em decorrência da
ação divina (2º Sm 7.1);
4. Desfrutou de alegria como resultado da
presença simbólica de Deus entre o povo (2º Sm 6.15,21).
REINO
MESSIÂNICO
1. Jerusalém será a sede do governo
mundial de Cristo (Is 2.3; 60.3; 66.2; Jr 3.17).
2. A justiça caracterizará o governo do
Messias (Is 62.1,2; 33.5; Is 32.1).
3. Haverá paz como fruto do reino do
Messias, o Príncipe da paz (Is 9.6; 2.4; 9.4-7; 11.6-9; 32.17,18; 33.5,6;
54.13; 55.12; 60.18; 65.25; 66.12; Ez 28.26; 34.25,28; Os 2.18; Mq 4.2,3; Zc
9.10).
4. A alegria será marca característica da
era milenar (Is 9.3,4; 12.3-6; 14.7,8; 25.8,9; 30.29; 42.1,10-12; 60.15; Jr
30.18,19; 31.13,14; Sf 3.14-17; Zc 8.18,19; 10.6,7).
CONCLUSÃO.
- A biografia de Davi e sua liderança a
frente da nação de Israel, é uma comprovação da fidelidade e soberania de Deus
na história humana, onde encontram-se atitudes que agradam ao Senhor, para que
assim como Davi, sejamos crentes segundo o coração de Deus.
FONTE
DE PESQUISA
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BÍBLIA
DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.
BÍBLIA
DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.
BÍBLIA
PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.
BÍBLIA SHEDD,
Trad. João F. de Almeida RA.
5.
CLAUDIONOR
CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl. 02. SP: HAGNOS, 2004
7.
GOMES,
OSIEL, A Degeneração da Liderança Sacerdotal, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição
4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
8.
HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
9.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
10.
WIERSBE
Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA,
2010.
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