1º Samuel 13.1-23
INTRODUÇÃO.
Uma
das razões pelas quais os israelitas queriam um rei dizia respeito à provisão
de uma liderança militar (1º Sm 8.20). A maior ameaça à segurança dos
israelitas nos dias de Saul era os filisteus, um forte e poderoso povo militar
que governava a planície costeira e tinha estabelecido vários postos militares
na região das montanhas. O capítulo 13 narra a preparação para o primeiro
encontro de Saul com os filisteus.
I.
GUERRA ENTRE OS ISRAELITA E OS FILISTEUS
O
segundo ano do reinado de Saul. V. 1 “Saul reinou um ano; e no segundo ano do
seu reinado sobre Israel.”
- Esse versículo é uma nota cronológica,
registrando a data do encontro com os filisteus, relativa ao período de Saul
como rei. Uma vez que o relato de Atos 13.21 revela que Saul reinou sobre
Israel por 40 anos, esses dois anos devem referir-se a um período do governo
até determinado evento — provavelmente, o encontro de Saul com os filisteus
descrito nesse capítulo.
V. 2 “Saul escolheu
para si três mil homens de Israel; e estavam com Saul dois mil em Micmás e na
montanha de Betel, e mil estavam com Jônatas em Gibeá de Benjamim; e o resto do
povo despediu, cada um para sua casa.”
- Saul escolheu para si três mil homens de
Israel. Embora Saul tivesse levantado uma milícia formada por cidadãos para
resgatar Jabes-Gileade (1º Sm 11.7-9), aqui ele selecionou e treinou um
exército regular para dar suporte. Micmás ficava a cerca de 10,3 Km ao norte de
Jerusalém. Gibeá de Benjamim ficava cerca de 6 Km ao sul de Micmás.
Jônatas feriu a guarnição. V. 3 “E Jônatas feriu a guarnição dos filisteus, que
estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por
toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus.”
- Enquanto Saul estava em Micmás, seu filho
Jônatas atacou a guarnição dos filisteus em Gibeá, cerca de 1,5 Km a sudoeste
de Micmás. Os dois lugares são separados por um profundo vale. A trombeta era
um chifre de um carneiro usado para dar sinal e convocar os militares. A
palavra hebreus se refere aos israelitas. O nome pode estar ligado ao nome
Êber, ancestral de Abraão (Gn 10.24), ou pode estar relacionado ao verbo em
hebraico que significa atravessar, uma vez que Abraão atravessou para a terra
de Canaã.
Saul
feriu a guarnição. V. 4 “Então todo o Israel ouviu dizer: Saul feriu a
guarnição dos filisteus, e também Israel se fez abominável aos filisteus. Então
o povo foi convocado para junto de Saul em Gilgal.”
- Ou Jônatas estava agindo sob as ordens
de Saul, ou Saul levou os créditos pela vitória de seu filho. Saul retirou seu
exército para Gilgal mantendo as instruções que Samuel dera a ele por ocasião
da sua unção (1º Sm 10.8).
V. 5 “E os filisteus
se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil carros, e seis mil
cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à beira do mar; e subiram,
e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Áven.”
- Bete-Áven ficava cerca de 800 metros a
oeste de Micmás.
-
Aversão Siríaca dá três mil carros. Cada carro levava dois homens (os
carros egípcios, por rodarem nas planícies, levaram três mil homens.
O
povo se escondeu pelas cavernas. V.
6 “Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo
estava angustiado), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e
pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas.”
- Os de Israel estavam em apuros, por
falta de armas (19-22). O exército filisteu estava bem equipados, embora
numericamente inferior.
- Os filisteus reuniram uma multidão de
soldados para combater os israelitas. Estes, vendo que estavam encurralados, “esconderam-se
em grutas, cavernas, penhascos, covas e cisternas” (1º Sm 13.6); e alguns
conseguiram fugir.
- O calcário presente nas montanhas da
região forma muitas cavernas naturais que poderiam ser usadas como esconderijos
em tempos de ataque.
O
medo dos israelitas. V. 7 “E alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra
de Gade e Gileade; e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo ia atrás dele
tremendo.”
- A localização a terra de Gade e Gileade
se refere à região sul e norte do rio Jaboque, que desemboca no Jordão ao
leste. Gilgal, localizado a nordeste de Jericó, no vale do Jordão, foi o local
apontado como sendo o do encontro entre Samuel e Saul (1º Sm 8).
II. SAUL
OFERECE SACRIFÍCIOS E É REPROVADO POR SAMUEL
O
exército de Saul se reuniu em Gilgal.
V. 8-9. “E esperou Saul
sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a
Gilgal, o povo se dispersava dele. Então disse Saul: Trazei-me aqui um
holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto.”
- Saul se encontrava com seus soldados em
Gilgal, esperando Samuel para oferecer um sacrifício, o mesmo lugar onde ele
havia sido coroado rei há dois anos, exatamente na mesma data e mais uma vez,
Samuel disse a Saul que esperasse sete dias. Entretanto, passaram-se sete dias
e o profeta não chegava e apavorados, os soldados começaram a abandonar Saul.
- Preocupado que o povo pudesse perder sua
coragem e começasse a se espalhar, Saul assumiu as prerrogativas sacerdotais e
ofereceu o holocausto ele mesmo (veja Lv 1). Agindo assim, Saul desobedeceu
tragicamente tanto a Lei de Moisés como as instruções do profeta de Deus.
Acabando
ele de oferecer o holocausto. Vs. 10-12 “E sucedeu que, acabando ele de oferecer
o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o
saudar. 11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o
povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já
se tinham ajuntado em Micmás. 12 Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre
mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me, e ofereci
holocausto.”
- O atraso de Samuel pode ter sido um
teste para a obediência de Saul. Saul citou quatro justificativas para a sua
desobediência:
(1) Os soldados estavam se dispersando.
(2) Samuel não veio como havia prometido.
(3) Os filisteus estavam juntando forças
em Micmás.
(4) Havia o perigo iminente de um ataque.
Saul
agiu como um insensato e não guardaste o mandamento.
Vs. 13-14 “Então disse
Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o
Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino
sobre Israel para sempre. 14 Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem
buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado
o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o
Senhor te ordenou.”
- Saul foi severamente repreendido por
Samuel. Então, o próprio Saul ofereceu o holocausto, e logo depois chegou
Samuel, que lhe disse: “Agiste como um insensato! Não guardaste o mandamento
que o Senhor, teu Deus, te havia prescrito! O Senhor teria confirmado tua
realeza sobre Israel [...], mas agora o teu reino não subsistirá. O Senhor
procurou para Si um homem conforme seu coração e o constituiu como chefe sobre
o seu povo, porque tu não observaste o que o Senhor prescrevera”. As índoles
opostas dos dois principais personagens do livro são vividamente demonstradas.
Saul agiu feito um tolo enquanto Davi demonstrou sabedoria além de sua idade e
experiência. O pecado principal de Saul foi falhar em cumprir o mandamento que
Deus lhe tinha dado por meio de Samuel.
Vs.
15-16
“Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim; e Saul contou
o povo que se achava com ele, uns seiscentos homens. 16 E Saul e Jônatas, seu
filho, e o povo que se achou com eles, ficaram em Gibeá de Benjamim; porém os
filisteus se acamparam em Micmás.”
- O exército de Saul havia sido reduzido
de três mil homens para apenas uns seiscentos varões.
Saul partiu de Gilgal e foi para Gabaá,
onde passou em revista as tropas que permaneceram com ele: eram apenas 600
homens. E todos sem espadas nem lanças, com exceção de Saul e seu filho
Jônatas.
V. 17 “E os saqueadores
saíram do campo dos filisteus em três companhias; uma das companhias foi pelo
caminho de Ofra à terra de Sual.”
- Os filisteus enviaram os seus
destruidores para molestar os israelitas na esperança de enfraquecer a resposta
destes ou de forçá-los a um confronto decisivo. Ofra estava localizada cerca de
10,4 Km ao norte de Micmás.
V.
18
“Outra companhia seguiu pelo caminho de Bete-Horom, e a outra companhia foi
pelo caminho do termo que dá para o vale Zeboim na direção do deserto.”
- As torres gêmeas de Bete-Horom estavam
localizadas a oeste de Gibeá, cerca de 3 Km de distância, em uma cordilheira,
guardando a entrada para o país das montanhas da planície costeira.
V.
19
“E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus
tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança.”
- Nem um ferreiro se acham. Os cananeus e
filisteus aprenderam a arte de forjar o ferro com os hititas. Por conta disso,
embora não fossem numerosos, os filisteus eram capazes de dominar Israel. Ao
final do reinado de Davi, os israelitas também já haviam dominado a técnica de
lidar com o ferro (Cr 22.3).
V.
20
“Por isso todo o Israel tinha que descer aos filisteus para amolar cada um a
sua relha, e a sua enxada, e o seu machado, e o seu sacho.”
- O verbo traduzido aqui por amolar também
pode ser traduzido por forjar. A relha é a parte de metal do arado que penetra
e abre os sulcos do solo. A enxada é como um machado, mas com lâminas, em vez
de pontas. É utilizada para cavar e quebrar o solo que não pode ser alcançado
com um arado.
V.
21
“Tinham porém limas para os seus sachos, e para as suas enxadas, e para as
forquilhas de três dentes, e para os machados, e para consertar as aguilhadas.”
- O termo aguilhadas se refere às pontas
afiadas das varas usadas para direcionar o gado. Os israelitas não tinham os
recursos nem para forjar os instrumentos de ferro usados na agricultura, muito
menos ainda para forjar materiais para a guerra.
V. 22 “E sucedeu que,
no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão de todo o povo que
estava com Saul e com Jônatas; porém acharam-se com Saul e com Jônatas seu
filho.”
- Dentre as armas disponíveis aos soldados
israelitas incluíam-se fundas, arcos, flechas e muitos instrumentos feitos de
bronze.
V. 23 “E saiu a
guarnição dos filisteus ao desfiladeiro de Micmás.”
- O caminho para Micmás era um profundo
desfiladeiro que separava Micmás de Gibeá.
Pr. Elias Ribas
Nenhum comentário:
Postar um comentário