TEOLOGIA EM FOCO: A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL



TEXTO ÁUREO

“Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” (1º Sm 8.4,5)

VERDADE PRÁTICA
Antes de tomar uma decisão, o crente precisa buscar a orientação de Deus, para que não venha a sofrer dolorosas consequências.

LEITURA BÍBLICA
1º Samuel 8.4-7 “Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, 5 e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. 6 Porém essa palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. 7 E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele.”

1º Samuel 10.1-7 “Então, tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura, te não tem ungido o SENHOR por capitão sobre a sua herdade? 2 Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai deixou o negócio das jumentas e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho? 3 E, quando dali passares mais adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos, o outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho. 4 E te perguntarão como estás e te darão dois pães, que tomarás da sua mão. 5 Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e profetizará 6 E o Espírito do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás com eles e te mudarás em outro homem. 7 E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição veremos a definição da palavra monarquia; notaremos que o estabelecimento de um rei sobre Israel já era algo predito por Deus em sua Lei; pontuaremos quais os critérios para a escolha do rei; estudaremos sobre a monarquia e o reino unido, e por fim; falaremos sobre a monarquia e o reino dividido.

- Ao tratar da instituição da monarquia em Israel, não podemos ignorar a soberania de Deus ao estabelecer essa forma de governo. Embora a monarquia fosse um desejo nacional, Deus interveio e, segundo a sua vontade, estabeleceu essa forma de governo. Outrora, Ele levantava juízes em diversas regiões, mas agora Ele levantaria uma monarquia em Israel. Nesse sentido, estudaremos a razão da monarquia, a escolha do rei Saul, o primeiro rei de Israel e o mérito dessa escolha.

I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA MONARQUIA

1. Definição do termo. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 1949) o termo monarquia significa: “forma de governo em que o chefe de Estado tem o título de rei ou rainha (ou seus equivalentes)”. Monarquia é uma das mais antigas formas de governo, com ecos na liderança de chefes tribais. Existem duas principais formas de monarquia: a absoluta (considerada um regime autoritário), em que o poder do monarca vai além do chefe de Estado, e a constitucional ou parlamentar (considerada um regime democrático), em que o poder do monarca é limitado por uma constituição. Formas de governo sem um monarca são denominadas de repúblicas.

II. A MONARQUIA EM ISRAEL

1. O estabelecimento da monarquia em Israel. Deus já havia dito que de Abraão descenderia reis (Gn 17.6; 49,10); por meio de Jacó, anunciou que o cetro ficaria com Judá (Gn 49.10); e, por meio de Moisés exortou como deveria ser a postura de um rei (Dt 17.14-20). O registro de Samuel nos mostra que ainda não era o tempo, e, o povo precipitou-se pedindo para si um monarca (1º Sm 10.19; 12.19); no entanto, Deus atendeu a voz do povo. Ficou explícito em sua instituição que Deus reprovou tal escolha para aquele momento de Israel (1º Sm 12.18-19). Não era errado Israel desejar um rei, o problema residia no fato de que o povo estava rejeitando o Senhor como seu líder, porque queria ser como as “outras nações” (1º Sm 8.5). Deus, em sua misericórdia, ordenou que Samuel cuidadosamente explicasse ao povo os “prós” e “contras” de se ter um rei (1º Sm 8.11-18). É bem verdade que se encontrava disposto na Lei mosaica acerca dos ditames peculiares a um rei (Dt 17.14,15), no entanto, Israel e os seus anciãos erraram ao não reconhecerem o Senhor como seu legítimo e verdadeiro Rei (1º Sm 8.7; 12.12). De fato, é inegável que era da vontade de Deus que Israel tivesse um monarca (Gn 49.10; Nm 24.17; Dt 2.10; 17.14-20). Entretanto, não era de seu anelo que Israel obtivesse da maneira como estava fazendo na ocasião errada e com motivos impróprios, mas mesmo assim Deus permitiu o estabelecimento de um rei.

III. POR QUE A MONARQUIA?

1. Um sentimento de orgulho nacional (8.4,5).
- O desvio de Israel teve origem em sua desobediência a Deus. Os israelitas só o buscavam em tempos de crise; então, davam ouvidos à mensagem divina. Segundo a Bíblia, Deus chamou Israel para ser líder espiritual do mundo (1º Cr 17.21; Jo 4.22), mas a nação enveredou pelo mesmo caminho das outras nações. Assim, por meio do orgulho nacional, os israelitas foram levados a pedir um rei antes da hora. Nesse caso, adotar o regime monárquico, segundo o modelo pagão, significava rejeitar a liderança divina representada por Samuel. Dessa forma, os israelitas escolheram uma política meramente humana, fugindo de sua real vocação sacerdotal e profética.

- Há perigo quando o povo de Deus deixa a sua verdadeira vocação para imitar as instituições terrenas. Embora seja bíblico cumprir nossas obrigações políticas e sociais, a vocação da Igreja é espiritual, como afirmou Jesus:

Jo 8.36 “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui”.

2. O fracasso dos filhos de Samuel.
- Este era o contexto dos israelitas: a Arca da Aliança não estava mais com o povo; havia ameaças constantes dos filisteus e os filhos de Samuel não andavam em caminhos retos. Nesse sentido, o pedido dos anciãos tocou o coração do profeta; pois ele sabia que os seus filhos não tinham condições morais nem espirituais para substituí-lo. Samuel era um líder fiel, sincero, verdadeiro e, embora fosse duro ouvir, ele sabia que os anciãos falavam a verdade.

- Biblicamente, não há problema em um filho de pastor vir a substituir o pai no ministério. Entretanto, isso não pode se dar por causa do amor paterno, mas pela vocação dada por Deus e confirmada pela Igreja de Cristo (1º Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). O dono da obra é o Senhor!

3. Rejeitando os planos de Deus (10.6,7).
Escolher a monarquia, naquele contexto, era rejeitar o propósito divino. Foi algo deliberado do povo contra o plano estabelecido por Deus desde quando Israel ocupou a Terra de Canaã. Deus é onisciente. Ele sabia que esse momento chegaria (Dt 17.14). Assim, no tempo certo, o próprio Deus daria um rei com as qualidades necessárias. É preciso seguir essa diretriz no processo de sucessão de líderes. Não podemos perder a perspectiva de que é Deus que dá seus líderes à Igreja (Mt 9.38; Lc 10.2).

IV. CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DO REI EM ISRAEL

- Na história dos hebreus a monarquia foi uma concessão de Deus correspondendo a um desejo da parte do povo (1º Sm 8.7;12.12). Esse desejo, que já havia sido manifestado numa proposta a Gideão (Jz 8.22,23), e na escolha de Abimeleque para rei de Siquém (Jz 9.6), equivale à rejeição da teocracia (1Sm 8.7), visto como o Senhor era o verdadeiro rei da nação (1º Sm 8.7; Is 33.22). A própria terra era conservada, como sendo propriedade divina (Lv 25.23). Notemos alguns critérios estabelecidos por Deus para a escolha do rei em Israel:

1. O rei não poderia ser estrangeiro. Enquanto os israelitas eram residentes forasteiros em Canaã e no Egito, muitos não israelitas faziam parte das casas dos filhos de Jacó e de seus descendentes (Gn 17.9-14). Alguns dos envolvidos em casamentos mistos, junto com seus filhos, estavam incluídos na grande mistura de gente que acompanhou os israelitas no Êxodo (Êx 12.38; Lv 24.10; Nm 11.4). No entanto, em assuntos governamentais, o estrangeiro não tinha nenhuma posição política e nunca podia tornar-se rei do povo de Israel:
“...dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos” (Dt 17.15).

2. O rei deveria ser escolhido pelo Senhor. Qual era o grande requisito para ser designado rei em Israel? Era um único e estava absolutamente a cargo de Deus: ser escolhido por Ele: “Porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu Deus” (Dt 17.15).

- O rei não se escolhia a si mesmo, mas era o Senhor quem o escolhia. A Bíblia diz que somos embaixadores (2ª Co 5.20; 8.23; Ef 6.20) e um embaixador não se nomeia a si mesmo. Moisés, ao findar o seu ministério pediu ao Senhor que pusesse um homem escolhido por Ele para ser líder do povo de Israel; e o Senhor escolheu Josué, servo de Moisés (Js 1.1). Lembramos também o profeta Amós que não era filho de profeta, mas boieiro. Mas foi chamado pelo Senhor (Am 7.14,15). Os apóstolos, do mesmo modo, não se escolheram a si mesmos (1ª Co 12.28; Ef 4.11; Lc 6.12,13).

3. O rei deveria ser piedoso.
3.1. O rei não poderia multiplicar para si cavalos (Dt 17.16). No Salmo 20, que é uma oração pelo rei, lemos no verso 7 que:
“Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor”.
- Podemos considerar “cavalos” como a força natural do próprio braço, ou seja, sua força. Mas não é pela força nem pela violência que o rei tinha vitória (Zc 4.6).

3.2. O rei ainda não poderia multiplicar para si mulheres (Dt 17.17-a).

3.3. Não poderia multiplicar para si ouro ou prata (Dt 17.17-b).

3.4. Deveria ler a Palavra de Deus todos os dias da sua vida (Dt 17.19).

4. O rei deveria ser ungido. Desde as origens da monarquia, a unção já é mencionada (1º Sm 9.16; 10.1; 2º Sm 2.4; 5.3). Esta unção era acompanhada da vinda do Espírito Santo; pois ela conferia uma graça especial ao monarca. Assim, o Espírito de Deus se apossou de Saul depois que este foi ungido (1º Sm 10.10), e no caso de Davi aparece ainda mais (1º Sm 16.13). O rei é o ungido do Senhor e merecia ser respeitado e honrado (1º Sm 24.7,11; 26.9,11,16,23; 2ºSm 1.14,16; 2º Sm 19.22).

V. A ESCOLHA DE SAUL COMO REI

1. Por que Saul?
- Quando lemos o livro de 1 Samuel, logo percebemos que o foco do autor sagrado é Davi, e não Saul. Se Saul foi o primeiro rei de Israel, por que o foco da narrativa não recaiu sobre ele? Podemos considerar que, num primeiro momento, o rei Saul foi ungido pela soberana vontade de Deus. Entretanto, ele reinou indiferente aos mandamentos divinos; era um rei falho, egoísta e ciumento. O propósito do autor sagrado é contrastá-lo com Davi, um homem segundo o coração de Deus.

2. A unção de Saul por Samuel (10.1).
- Na unção de Saul, alguns detalhes devem ser destacados. Samuel o beijou em sinal de afeição e admiração pessoal. A unção era feita com azeite de oliva. A cerimônia simbolizava a investidura divina para o exercício do cargo.

- Os que são separados, por Deus, para a sua Obra, têm a unção do Espírito Santo – a capacidade que vem do alto para o exercício do Santo Ministério (Ef 4.11-14). Hoje, não necessitamos do azeite para a separação de obreiros para o ministério da Palavra; basta a imposição de mãos do presbitério (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6).

3. Os sinais de confirmação da unção (10.2-7).
Três são os sinais que confirmaram a unção de Saul como o rei de Israel:

3.1. Saul encontra as jumentas perdidas de seu pai.

3.2. Ele encontra três homens no Monte Tabor, um levando três cabritos, outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho.

3.3. A capacidade de profetizar pelo Espírito de Deus.

- O primeiro sinal representava o trabalho que o rei teria; o segundo apontava para o sustento divino para a tarefa de Saul; e o terceiro, o rei reinaria sob o Espírito de Deus e, assim, salvaria Israel de seus inimigos.

- Quem é chamado para o ministério precisa aplicar-se ao trabalho (Jo 5.17); sustentar-se pelo alimento sagrado, a Palavra de Deus (Dt 8.3; Mt 4.4); e estar cheio do Espírito Santo (Ef 5.18).  A jornada ministerial é pesada; por isso, é preciso estar centrado em Deus em todo o exercício ministerial.

VI. AS VIRTUDE DO REI SAUL

- Saul foi um rei escolhido pelo povo, mas sem a vontade do Senhor. Ele começou no espírito, mas terminou na carne. Contudo foi um rei que teve suas virtudes no início de sua careira.

1. Significado do nome. Saul significa “pedido de Deus”.

2. Da descendência de Benjamim.
1º Sm 9.1 “Havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, benjamita, homem de bens”.

3. Era alto e vistoso – tinha aparência.
1º Sm 9.2 “Tinha ele um filho cujo nome era Saul, moço e tão belo, que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele; desde os ombros para cima, sobressaía a todo o povo”.

4. Um moço trabalhador e obediente.
1º Sm 9.3-5 “Extraviaram-se as jumentas de Quis, pai de Saul. Disse Quis a Saul, seu filho: Toma agora contigo um dos moços, dispõe-te e vai procurar as jumentas. Então, atravessando a região montanhosa de Efraim e a terra de Salisa, não as acharam; depois, passaram à terra de Saalim; porém elas não estavam ali; passaram ainda à terra de Benjamim; todavia, não as acharam. Vindo eles, então, à terra de Zufe, Saul disse para o seu moço, com quem ele ia: Vem, e voltemos; não suceda que meu pai deixe de preocupar-se com as jumentas e se aflija por causa de nós”.

5. Saul tinha um moço sábio e preparado.
1º Sm 9.6-8 “Porém ele lhe disse: Nesta cidade há um homem de Deus, e é muito estimado; tudo quanto ele diz sucede; vamo-nos, agora, lá; mostrar-nos-á, porventura, o caminho que devemos seguir. Então, Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos, então, àquele homem? Porque o pão de nossos alforjes se acabou, e presente não temos que levar ao homem de Deus. Que temos? O moço tornou a responder a Saul e disse: Eis que tenho ainda em mãos um quarto de siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho”.

6. Saul um homem de promessa.
1º Sm 9.15-20 “Ora, o SENHOR, um dia antes de Saul chegar, o revelara a Samuel, dizendo: Amanhã a estas horas, te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por príncipe sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo das mãos dos filisteus; porque atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim. Quando Samuel viu a Saul, o SENHOR lhe disse: Eis o homem de quem eu já te falara. Este dominará sobre o meu povo. Saul se chegou a Samuel no meio da porta e disse: Mostra-me, peço-te, onde é aqui a casa do vidente. Samuel respondeu a Saul e disse: Eu sou o vidente; sobe adiante de mim ao alto; hoje, comereis comigo. Pela manhã, te despedirei e tudo quanto está no teu coração to declararei. Quanto às jumentas que há três dias se te perderam, não se preocupe o teu coração com elas, porque já se encontraram. E para quem está reservado tudo o que é precioso em Israel? Não é para ti e para toda a casa de teu pai?”.

7. Saul era humilde.
1º Sm 9.21 “Então, respondeu Saul e disse: Porventura, não sou benjamita, da menor das tribos de Israel? E a minha família, a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas com tais palavras?

8. Foi abençoado pelo profeta.
1º Sm 9.24 “Samuel, tomando a Saul e ao seu moço, levou-os à sala de jantar e lhes deu o lugar de honra entre os convidados, que eram cerca de trinta pessoas. Então, disse Samuel ao cozinheiro: Traze a porção que te dei, de que te disse: Põe-na à parte contigo. Tomou, pois, o cozinheiro a coxa com o que havia nela e a pôs diante de Saul. Disse Samuel: Eis que isto é o que foi reservado; toma-o e come, pois se guardou para ti para esta ocasião, ao dizer eu: Convidei o povo. Assim, comeu Saul com Samuel naquele dia”.

9. Saul é ungido rei.
1º Sm 10.1 “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?”.
- Ungir é uma ação de derramar o azeite sagrado (Êx 30.22-33) sobre a cabeça da pessoa eleita, ato que reveste o eleito de autoridade para uma tarefa especifica.

10. A palavra profética confirma a sua chamada.
1º Sm 10.2-4 “Quando te apartares, hoje, de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no território de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste procurar, e eis que teu pai já não pensa no caso delas e se aflige por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho? Quando dali passares adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos; outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho. Eles te saudarão e te darão dois pães, que receberás da sua mão”.

Sepulcro de Raquel (v.2). Raquel era a genitora de Benjamim (Gn 35.16-20). Ao lado do seu sepulcro, agora um seu descendente recebe o primeiro aviso de que será rei de Israel.

Saudarão e lhe darão dois pães (v.4). É a primeira saudação e a primeira contribuição ao novo rei.

11. Saul foi cheio do espírito e deus o transformou em um outro homem.
1º Sm 10.2-4 Então, seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão profetizando. O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais te sucederem, faze o que a ocasião te pedir, porque Deus é contigo”.

12. Saul não era falador, ou seja, falava só o necessário.
1º Sm 10.14-16 “Perguntou o tio de Saul, a ele e ao seu moço: Aonde fostes? Respondeu ele: A buscar as jumentas e, vendo que não apareciam, fomos a Samuel. Então, disse o tio de Saul: Conta-me, peço-te, que é o que vos disse Samuel? Respondeu Saul a seu tio: Informou-nos de que as jumentas foram encontradas. Porém, com respeito ao reino, de que Samuel falara, não lho declarou”.

13. Saul aguardou a hora certa de Deus para ser proclamado rei.
1º Sm 10.21-24 “Tendo feito chegar a tribo de Benjamim pelas suas famílias, foi indicada a família de Matri; e dela foi indicado Saul, filho de Quis. Mas, quando o procuraram, não podia ser encontrado. Então, tornaram a perguntar ao SENHOR se aquele homem viera ali. Respondeu o SENHOR: Está aí escondido entre a bagagem. Correram e o tomaram dali. Estando ele no meio do povo, era o mais alto e sobressaía de todo o povo do ombro para cima. Então, disse Samuel a todo o povo: Vedes a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então, todo o povo rompeu em gritos, exclamando: Viva o rei!”

14. Quando criticaram Saul se fez de surdo.
1º Sm 10.27 “Mas os filhos de Belial disseram: Como poderá este homem salvar-nos? E o desprezaram e não lhe trouxeram presentes. Porém Saul se fez de surdo”.
- Homens que não cooperam existem em toda a parte e em todos os tempos. Criticam tudo e acusam a todos. Como trata-los? Saul se fez de surdo.
- Saul tinha temperança que fruto do Espírito.

VII. O REI QUE O POVO ESCOLHEU

1. Uma escolha pautada na aparência.
- Saul rejeitou a Palavra do Senhor, assim, brevemente, Deus daria ao povo um rei segundo o Seu coração (1º Sm 13.13; 15.23). Entretanto, para o povo, Saul era um candidato que enchia os olhos. Fisicamente, era um homem notável (1º Sm 9.2). O povo não via nada além que a aparência humana; mas Deus, que sonda todas as coisas, conhecia o coração de Saul. Mesmo não sendo o rei ideal do ponto de vista divino, Deus o designou e o nomeou.

2. Os direitos do novo rei.
- O profeta Samuel esclareceu que o rei teria os seguintes privilégios: todos estariam sob o poder do novo rei e prontos para servi-lo na guerra, no trabalho do campo e da cozinha real, na implantação de impostos, no confisco de escravos para o trabalho, na produção de perfumes, e na cobrança dos dízimos da produção – no Antigo Testamento essa é a única vez que se trata de dízimo cobrado pelo rei (1º Sm 8.10-17).

- Assim, as exigências descritas por Samuel faziam parte do novo sistema político que o povo tanto desejava, um padrão desenvolvido pelas nações gentílicas. No Novo Testamento, há recomendação evangélica de como o cristão deve se portar na forma de governo político-temporal vigente (Rm 13.1-7; 1ª Pe 2.13-17).

3. O novo sistema político e o aspecto teológico.
- Deus sempre cuidou de Israel; deu-lhe mandamentos, escolheu lideranças para representá-lo em momentos ímpares, fez com que o povo se arrependesse e se voltasse para Ele muitas vezes. Agora, não seria diferente. O Senhor não se afastaria da nação. Se originalmente esta não era a vontade de Deus, o Criador usaria esse modelo para guiar o seu povo. Ele já preparara um rei segundo o coração d’Ele (1º Sm 13.14).

- Neste novo modelo, a liderança seria centralizada na pessoa do rei; sacerdotes e profetas representariam o conselho de Deus para o governo monárquico. Assim, o Altíssimo conduziria o seu povo pela história.

CONCLUSÃO.
Deus é o Senhor da história. Muitas vezes não conhecemos seus caminhos nem propósitos, mas sabemos que sua vontade é sempre a mais perfeita e agradável. Não podemos perder de vista que o Pai é quem governa a nossa vida. Como cristãos, devemos buscar a bênção de que a nossa vontade e escolhas estejam sempre bem alinhadas com as de Deus.

FONTE DE PESQUISA

1. GOMES, OSIEL, A Instituição da Monarquia em Israel, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
2. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
3. JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
4. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
5. WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.

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