TEOLOGIA EM FOCO: O HOMEM E OS CUIDADOS COM A OBRA DE DEUS

quinta-feira, 20 de junho de 2019

O HOMEM E OS CUIDADOS COM A OBRA DE DEUS



I. A CHAMADA DE DEUS

1. No Antigo Testamento.
1.1. Sacerdotes: A palavra sacerdote no original hebraico Cohem; do lat. Sacerdos. Era o ministro divinamente designado, cuja principal função era representar o homem diante de Deus. Era Deus quem escolhia o sacerdote.
Suas obrigações básicas: santificar o povo, oferecer dons e sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5.1-3).
No Antigo Testamento todo o sacerdote tinha que ser da tribo dos levitas: “Também os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de consagrar, para que o Senhor não os fira” (Êx 19.22).

1.2. Levitas: Nem todos os levitas eram sacerdotes. Os levitas também eram homens que lidavam com as finanças, ensino, culto e altar.

1.3. Profetas: Eram homens escolhidos por Deus para proclamar a Sua Palavra a nação de Israel.

1.4. Porteiros: Tinha a responsabilidade de cuidar a entrada do Templo.

1.5. Cantores: Eram homens escolhidos por Deus para conduzirem o louvor na Congregação (Ed 2.41, 65).

1.6. Netinis: Servidores do Templo, auxiliares dos levitas, oriundos dos gibionitas, (Js 9.23-27; Ed 2.43-58).

2. No Novo TestamentoEf 4.11-12.
Ministério Geral – Apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre.
 Ministério Local – Diácono e auxiliar de trabalho.

II. O OBREIRO É UM MORDOMO

1. O obreiro é um despenseiro - 1ª Pe 4.10: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.

1.1. Na parábola dos talentos Jesus diz: Mt 25.14; Lc 16.1-2: “Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens”.

1.2. Para a igreja de Corinto Paulo escreve dizendo: 1ª Co 4.1-2: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos ministérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”.

III. O PERFIL DE UM OBREIRO

1. Vida pessoal.

1.1. Dedicação - Rm 12.7-8: “Se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou quem ensina esmere-se no faze-lo. Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; que exerce misericórdia, com alegria”.
A Palavra dedicação [no grego paraklesis] significa esforçar-se por satisfazer de forma humilde e sem orgulho; exortando, confortando e encorajando; instruir, ensinar da melhor forma possível.

1.2. Coragem. Coragem no grego tharrheo, significa ter muita coragem, ser de bom ânimo, ser ousado. Ef 6.20: “Eu sou embaixador a serviço desse evangelho, embora esteja agora na cadeia. Portanto, orem para que eu seja corajoso e anuncie o evangelho como devo anunciar”.
Quando Josué sucessor de Moisés assumiu a liderança do povo hebreu o Senhor lhe disse: Js 1.6, 7, 9: “Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão-somente, sê forte e mui corajoso. Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espante, porque o Senhor teu Deus, é contigo por onde quer que andares”.

1.3. Diligência. Do Latim diligentia, zelo, cuidado, ativo, atenção, dedicação, empregar todos os meios para o trabalho; execução de serviço; É ter urgência em fazer alguma coisa, ser cuidadoso e atento, pronto, esforçar-se na aplicação dos meios para fazer acontecer o que urge ser feito.
Hb 6.11-12: “Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança. Para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daquele que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas”.

1.4. Dignidade. Do Latim dignitas, “o que tem valor”, de dignus, “digno, valioso, adequado, compatível com os propósitos”.
Dignidade é a qualidade de quem é digno, ou seja, de quem é honrado, exemplar, que procede com decência, com honestidade. É um substantivo feminino, que vem do latim dignitate, que significa honradez, virtude, consideração.
1. Qualidade de digno.
2. Modo digno de proceder.
3. Procedimento que atrai o respeito dos outros.
4. Autoridade moral; honesto; responsabilidade.
1ª Tm 3.7: “Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (Tg 1.9). “O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade”.

1.5. Tato. Prudência; habilidade; vocação. Cl 4.7-9: “Quanto à minha situação, Tíquico, irmão amado, e fiel ministro, e conservo no Senhor, de tudo vos informará. Eu vo-lo envio com expresso propósito de vos dar conhecimento da vossa situação e de alertar o vosso coração”.

1.6. Agradável. Do grego charis, significa: graça, aquilo que dá alegria, deleite, prazer, doçura, charme, amabilidade: graça de discurso.
Cl 4.6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”.

1.7. Bom comportamento. Do grego anastrophe, significa: modo de vida, conduta, comportamento, postura. Cl 4.5: “Portai-vos com sabedoria para com os que estão de fora; aproveitai as oportunidades”.

1.8. Discrição. Vem do Latim discretio, discernimento, capacidade de fazer distinções”, de dis-, com a mesma função que de-, mais cernere, “distinguir, separar, peneirar”.
Discernimento; qualidade de quem sabe guardar segredo; modéstia. Seriedade e prudência adequada na relação com pessoas que não são discípulos de Cristo, habilidade e discrição em transmitir a verdade cristã.
Tg 1.19 “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo o homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”.

1.9. Porte e asseio - Êx 19.10-11: “Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles suas vestes”. Lavar no verbo (Piel) do hebraico kabac lavar (roupas, pessoa) e no verbo pual significa: ser lavado.
Asseado no dicionário português significa: limpar-se, ornar, vestir com esmero (Franscisco da Silveira Bueno – Dicionário da língua portuguesa).
O obreiro é um embaixador de Cristo na terra e por isso ele deve ter uma boa apresentação em seu porte higiene em geral.
O encontro de Rute com Boas - Rute 3.3: “Banha-te, e unge-te, e põe os teus melhores vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenhas acabado de comer e beber”.
Rute representa a Igreja; Boas tipifica Jesus.

1.10. Cortesia. 1. Qualidade do que é cortês. 2. Educação ou especial cuidado no trato ou no contato com alguém.
Pode significar uma maneira delicada e civilizada de agir, cumprimentar ou mesmo um gesto de doação ou favor para outra pessoa.
1ª Tm 5.1-2: “Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como pai; aos moços, como a irmãos. Às mulheres idosas, como a mães; as moças, como a irmãs, com toda a pureza”.

1.11. Assiduidade. Do latim assiduus ou assiduitate, esta palavra remete para algo ou alguém que é ocupado, constante ou contínuo. Pontualidade; responsabilidade. (Jo 2.4b.).

1.12. Liderança. Liderança é a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos.
Marcos 10.35-45, encontramos alguns ensinos de Jesus a respeito do exercício da liderança.
“Jesus e os doze caminhavam até a cidade de Jerusalém, quando dois deles, Tiago e João, aproximaram-se do Mestre com este pedido: “Concede-nos que na Tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda” (v.37).
No entender do povo do Oriente, quem se assentava nesses dois lugares exercia grande autoridade e influência no reino. O pedido dos dois era realmente audacioso.
Uma verdade que a Bíblia afirma é que o líder exerce, de fato, autoridade sobre o grupo. Sem o exercício da autoridade, não há uma liderança hábil, eficiente e operosa.
Mt 7.28-29: “Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da Sua doutrina, porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas”.
A autoridade de Jesus incluía até os demônios e a natureza (Mc 9.25,26; Mc 5.1-13; Lc 8.25).

1.13. Modelo. É o exemplo, padrão a ser seguido.
1ª Tm 1.15-16: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.”

1.4. Autocrítica e auto avaliação. É avaliação realizada pelo indivíduo que está sendo avaliado (sobre si mesmo).
A auto avaliação é um método que consiste em valorizar a si mesmo a própria capacidade que se dispõe para tal ou qual tarefa ou atividade, assim como também a qualidade do trabalho que se leva a cabo, especialmente no âmbito pedagógico.
2ª Co 13.5: “Examinando-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”.
Quando temos a visão de Deus, temos também a de nós mesmos e das nossas limitações, Is 6.1-5.

1.15. O obreiro deve cuidar da sua saúde.
1ª Tm 5.23 “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estomago e das tuas frequentes enfermidades”.
O vinho nesta época era uso medicinal. No 3.3 Paulo diz que obreiro não devia ser dado ao vinho, ou seja, o obreiro não devia se embriagar com vinho. Mas no uso da medicina não tinha nada a ver.

2. Vida espiritual.

2.1. Amor divino em seu coração - Jo 21-15: “Depois de ter comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeirinhos”.

2.2. Santidade: É uma ordem imperativa de Deus. 1ª Pe 1.16: “Sede santo, por que eu sou santo”. Ser santo significa uma separação do mal: Is 52.11 “Retirar-vos, retirar-vos, saí de lá, não toqueis coisas imundas; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor”. Lv 20.24 “Ser-me-eis santo, porque Eu, o Senhor, sou santo, e separai-vos dos povos para serdes meus”.
Santo é o ato de santificar; tornar sagrado, santo; separado do mundo e do pecado; dedicado exclusivamente para Deus; ter uma vida de santificação, ou seja, possuir qualidades especificas que nos mantenham ou nos levem a separarmos dos pagãos, das pessoas pecadoras que vivem a vida alienada da presença de Deus; distanciar do pecado e se aproximar de Deus.

2.3. Paciência: É um fruto do Espírito (Gl 5.22).

2.4. Fé: Sem fé é impossível agradar a Deus.

2.5. Fidelidade - 2ª Tm 2.1-2: “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos pra instruir a outros”.
1ª Co 4.2 “Ora, além disso, o que se quer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”. 3 Jo 5 “Amados, precedes fielmente naquilo que praticas pra com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros”.

2.6. Humildade - Mt 11.27: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma”.
Mt 5.3: “Bem aventurado os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”.
Tg 4.10: “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará”.

2.7. Espírito perdoador Mt 6.12: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.

2.8. Sabedoria espiritual - Pv 3.13: “Feliz é homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”.

2.9. Inteligência espiritual - Cl 1.9: “Por esta razão, também nós, desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual”.
1ª Co 1.5: “Porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento”.
Is 11.2: “Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.

2.10. Maturidade espiritual - Ec 10.16 e 1ª Tm 3.6: “Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”.

2ª Tm 2.15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneje bem a palavra da verdade”.

2.11. Visão espiritual na Obra de Deus - Ez 1.1: “Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, que, estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus”.

2.12. Visão de almas - Mt 9.36-38: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, Então, se dirigiu a seus discípulos e disse: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da Seara que mande trabalhadores para a sua seara”. (Out. ref. Mc 8.24-25 e At 21.20).

2.13. Apto para ensinar - 2ª Tm 2.24: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente”.

3. Vida social.

3.1. Sociabilidade: Viver em sociedade em comunidade; viver bem entre os irmãos; Bom relacionamento. Atos 2. 46:Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração”.

3.2. Conhecimento - Is 50.4: “O Senhor Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boas palavras ao cansado”.
2ª Pe 3.18: “Antes crescei na graça e no conhecimento...”
Jo 5.39: “Examinais, as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.
Examinando as escrituras vamos conhecer Jesus e Ele tem a Palavra de vida eterna, Ele é a vida eterna: esta é a razão.
Pv 23.12: Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”.

3.3. Autodisciplina - 1ª Co 9.27: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.

4. Perigos do ministério.

4.1. Popularidade - 1ª Ts 2.6: “Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros”.
Três coisas derrubam o obreiro: 1. Poder. 2. Dinheiro. 3. Sexo oposto.

4.2. Bajulação - 1ª Ts 2.5: “A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos, Deus disto é testemunha”.

4.3. Ganância - 1ª Pe 5.2: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade”.
1ª Tm 6.5-7: “Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. 6 Mas é grande ganho a piedade com contentamento. 7 Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele.”
A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos, Deus disto é testemunha.
2ª Co 17: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”. (At 20.2830).

4.4. Ganância pelo Poder.
1ª Ts 2.6: “E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, servos pesados”.

4.5. Sexo oposto - Ne 13.26: “Não pecou nisto Salomão, rei de Israel? Todavia, entre muitas nações não havia rei semelhante a ele, e ele era amado do seu Deus, e Deus o constituiu rei sobre todo Israel. Não obstante isso, as mulheres estrangeiras o fizeram cair no pecado”.
Pv 31.3 “Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos às que destroem os reis”.

5. O obreiro e a mensagem.
5.1. O alvo deve ser sempre o pecador.
5.2. Não confundir poder de Deus com braveza.
5.3. A Mensagem deve ser de acordo com o tipo de culto.
A. Culto evangelístico.
B. Culto de ensino.
C. Culto de Santa Ceia.
D. Culto de Batismo.
E. A mensagem tem três tempos: 1. Introdução.
5.4. Explanação.
5.5. Desfecho – não se deve esquecer o tema.

Pr. Elias Ribas

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