Lucas
18.1-8
“E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca
desfalecer, 2- dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia,
nem respeitava homem algum. 3- Havia também naquela mesma cidade uma certa
viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. 4- E,
por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a
Deus, nem respeito os homens, 5- todavia, como esta viúva me molesta, hei de
fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito. 6- E disse o
Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. 7- E Deus não fará justiça aos seus
escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
8- Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do
Homem, porventura, achará fé na terra?”
INTRODUÇÃO.
Dando
continuidade ao estudo sobre as Parábolas de Jesus, estudaremos nesta Aula a
respeito da “Perseverança na Fé”, tendo como base a Parábola do juiz iniquo,
também conhecida como a Parábola da Viúva Perseverante ou a Parábola da Mulher
Persistente. Pelo relato feito por Jesus, a viúva da Parábola sempre pedia a
mesma coisa: “faze-me justiça contra meu adversário”. Jesus não quis falar,
aqui, propriamente da oração, mas sim sobre um dos mais importantes aspectos da
oração: a perseverança. O Senhor Jesus deixou claro que, por causa da
perseverança daquela viúva, ela foi atendida. Com isto, o Senhor Jesus enfatiza
a necessidade de pedir e continuar pedindo. Portanto, não é verdade que devemos
orar apenas uma vez por um problema, ficando, depois, à espera da resposta.
Paulo sabia disto, por isso, disse assim aos Colossenses: “Perseverai em oração...”
(Cl 4.2).
disse aos Romanos: “Alegrem-se na
esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração” (Rm 12.12).
disse aos Efésios: “...perseverem na oração
por todos os santos” (Ef 6.18).
A perseverança na fé e na oração é
decisiva para o fortalecimento da intimidade com Deus, e da maturidade e
desenvolvimento espiritual do cristão.
I.
INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
Duas pessoas fazem parte desta Parábola:
um juiz que não temia a Deus e nem respeitava os homens, e uma viúva que
implorava por justiça. Essa mulher tinha uma causa justa contra uma pessoa e ia
até aquele juiz para clamar que ele julgasse o seu processo, porém, o homem da
lei a ignorava totalmente. No entanto, por causa da insistência dela e pelo
incômodo que ela estava lhe causando, o juiz decidiu que atenderia o seu
pleito.
1.
O Juiz.
O juiz desta Parábola representa o lado mais forte da sociedade. O cargo que
ocupava demonstrava que ele era alguém muito importante e que não temia nada
nem ninguém. Era poderoso e iníquo, ou seja, não era um juiz justo.
A Parábola pressupõe um ele era o único
juiz do tribunal. Na verdade, para entendermos melhor a parábola, não é tão
importante o conhecimento do sistema jurídico daquele tempo, mas sim nos
conscientizar da condição desesperadora de muitas viúvas da época que sofriam
com juízes corruptos ou desumanos. As viúvas eram marginalizadas na sociedade
dos tempos de Jesus, porém, essa viúva através da sua busca justa, convenceu um
juiz injusto a julgar corretamente sua causa.
É bom deixar claro que, aqui, Jesus não
está ensinando que Deus é como um juiz injusto. A Parábola é dita num estilo
“quanto mais”. A Parábola quer nos ensinar que, se um juiz iníquo finalmente
responde aos clamores de uma viúva, quanto mais Deus, que é infinitamente justo
e bom, ouvirá as súplicas dos seus filhos.
Por isso, os seguidores de Jesus devem perseverar em oração. Não
desanimar nunca, mesmo que, ou ainda que, as circunstâncias ao nosso redor
gritem o contrário. Deus não nos deixará esperando para sempre. Ele atenderá
nossa oração no Seu devido tempo. É no momento da espera que precisamos confiar
em Deus.
3.
A Viúva.
A viúva desta Parábola representa o lado mais frágil e sem recursos. Na
sociedade dos tempos de Jesus, as viúvas eram marginalizadas. Naquela época,
ser viúva era estar em uma posição muito precária. A maioria delas era deixada
sem nenhuma forma de subsistência. Se permanecessem na família do falecido,
acabavam numa condição inferior, quase servil. Se retornassem para a sua
família de origem, o dinheiro do dote repassado nas negociações do seu
casamento teria que ser devolvido. Dessa forma, as viúvas em geral ficavam em
uma situação bastante miserável. Geralmente elas eram vendidas como escravas
para a quitação das dívidas. Portanto, uma mulher pobre, por causa da morte de
seu marido, ficava privada do amparo social e, em caso de controvérsias de
ordem pública, se não tivesse dinheiro, precisava confiar na honestidade dos
magistrados. Elas tinham poucos direitos e muitas vezes não eram levadas a
sério, especialmente em tribunais. Já de idade e sem marido para a defender,
uma viúva corria o perigo de sofrer muitas injustiças e cair na miséria. A
despeito de todas estas desvantagens, essa viúva através da sua busca justa,
foi perseverante em convencer um juiz injusto a julgar corretamente sua causa.
A Lei de Deus tinha instruções muito
claras aos juízes, para fazerem justiça para os mais necessitados, incluindo as
viúvas (Dt 27.19).
“Maldito aquele que perverter o direito
do estrangeiro, do órfão e da viúva! E todo o povo dirá: Amém!”.
“Aprendei a fazer o bem; praticai o que
é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas
(Is 1.17).
Esse era o contexto em que estava a
viúva desta Parábola. Como outras viúvas naquela sociedade, ela era impotente e
estava entre as mais vulneráveis das pessoas. Ela era dependente dos outros
para cuidar dela.
A viúva tinha uma causa justa contra um
adversário que não é revelado no texto. O que se vê é que ela desejava
ardentemente que o juiz julgasse sua causa, fazendo justiça. O juiz a desprezou
várias vezes ignorando o seu pedido. No entanto, pela insistência da viúva, e
pela importunação que ela causava a ele, o juiz decide que iria julgar a sua
causa.
Observe que, por mais que aquela mulher
pudesse sentir raiva ou mágoa daquela pessoa que ela havia processado, em
nenhum momento da Parábola a viúva pede vingança contra seu adversário, muito
menos que aquele juiz o prejudique de alguma forma. Ela somente quer que a
justiça seja feita. Isso mostra que nós podemos usar a nossa fé e perseverança
para buscar em Deus a solução das nossas causas, mas não podemos pedir que Deus
castigue severamente tal pessoa e a faça pagar por tudo que ela fez de ruim. A
Bíblia diz: “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois
está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).
3.
A perseverança da viúva como um exemplo. A Parábola descreve um juiz injusto que
normalmente não temia a Deus nem respeitava o próximo. Ele não estava
interessado em obedecer a Deus e ignorou as súplicas da viúva por algum tempo.
Como eu disse anteriormente, a Lei de Deus tinha instruções muito claras aos
juízes, para fazerem justiça aos mais necessitados, incluindo as viúvas. Porém,
o juiz iniquo não queria saber deste mandamento divino. A viúva, porém, não
desistiu e continuou a pedir justiça várias vezes, para que pudesse se livrar
desse tratamento desumano. Mas, o fato de que ela estava sendo tratada
injustamente não incitou o juiz a agir a favor dela. Porém, a persistência e
regularidade com que ela se apresentou perante ele o forçou a agir; chegou uma
hora em que o juiz ficou farto da senhora viúva e fez-lhe justiça, só para se
livrar dela. Ele não temia a Deus nem era dedicado à justiça, mas não aguentava
mais ouvir os pedidos da viúva, dia após dia (Lc18.4-5).
Então o Senhor explicou aos discípulos
que se um injusto juiz agiria a favor de uma pobre viúva por causa de sua
importunidade, quanto mais o Deus justo intervirá no interesse dos seus
escolhidos (Lc 18.7)
“E Deus não fará justiça aos seus
escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com
eles?”.
Os escolhidos, aqui, podem se referir em
sentido especial ao remanescente judaico durante o período da Grande
Tribulação, mas também se aplica aos crentes oprimidos de todas as épocas.
Cristo ainda não retornou. Ele deixou claro que haveria um intervalo de tempo.
Jesus não deu nenhuma indicação de quanto tempo duraria esse intervalo, nem
quando Ele retornaria. Na verdade, Ele disse que ninguém sabe (Mt 24.36). O
certo é que Ele virá e depressa fará justiça ao seu povo.
Na vida cristã temos muitos inimigos: o
pecado, o Diabo, as tentações, as tragédias e perseguições. As lutas são
inumeráveis. O servo de Deus, enquanto viver neste mundo, travará uma batalha
espiritual na própria carne mortal. Por isso, a personagem da viúva é um
exemplo de perseverança para nós. Ela estava diante de um juiz mau, ainda
assim, não deixou de confiar na resposta à sua petição por justiça. Nós estamos
diante de um Deus bom, justo e galardoador daqueles que o buscam. Não por acaso
a Parábola inicia assim: “E contou-lhes também uma Parábola sobre o dever de
orar sempre e nunca desfalecer”.
II.
A BONDADE DE UM DEUS JUSTO
1.
Deus é bom.
Como o juiz da Parábola era cheio de si mesmo, não temia ao Senhor e não
respeitava ninguém, ele atendeu a viúva apenas para que ela não o incomodasse
mais. Deus, porém, nos atende por amor, por bondade. A bondade faz parte da
natureza de Deus. Satanás, ao contrário, possui uma natureza má, ele não pode
fazer o bem, tudo que ele faz resulta em maldade para o homem, ele é mau em si
mesmo. Assim, sendo Deus bom por natureza, todos os homens são beneficiados
pela sua Bondade. É o que afirma a Palavra de Deus:
“O Senhor é bom para todos, e as suas
misericórdias são sobre todas as suas obras... Abres a mão e satisfazes os
desejos de todos os viventes” (Sl 145.9,16).
O Senhor Jesus confirmou o que Davi
havia declarado, quando disse que Deus “é benigno até para com os ingratos e
maus” (Lc 6.35); “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a
chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).
É, pois, por sua Bondade, que Deus
dispensa, dia a dia, o seu favor para toda a humanidade (Gn 8.22).
- A misericórdia é um dos aspectos de
sua Bondade, por isto o profeta Jeremias diz: “As misericórdias do Senhor são
as causas de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”
(Lm 3.22).
- Paulo fala da bondade de Deus aos
crentes de Tessalônica: “Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso
Deus vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo da sua bondade e a
obra da fé com poder” (2ª Ts 1.11).
- Davi falou da bondade de Deus da
seguinte forma: “Não te lembres dos pecados da minha mocidade nem das minhas
transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua
bondade, Senhor. Bom e reto é o Senhor; pelo que ensinará o caminho aos
pecadores” (Sl 25.7-8).
- Os homens são convidados a louvar a
Deus, pela sua bondade: “Louvai ao Senhor, porque ele é bom...Louvem ao Senhor
pela sua bondade e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens!” (Sl
107.1,8); “Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra...Porque
o Senhor é bom, e eterna, a sua misericórdia...” (Sl 100.1,5).
Portanto, Jesus quer que nós entendamos
que, se aquele juiz injusto atendeu o pedido de uma pessoa humilde e sofredora,
o Deus Todo-Poderoso, o nosso justo juiz, fará muito mais por nós todos, com o
maior prazer do mundo, pois Ele nos ama.
“E qual dentre vós é o homem que,
pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará
uma serpente? Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos
filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem?” (Mt 7.9-11).
“E Deus não fará justiça aos seus
escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?”
(Lc 18.7).
2.
Deus é justo.
Além de sua infinita bondade, Deus é justo e não devemos ter dúvida alguma a
respeito disso. Tenhamos sempre a certeza de que Deus é justo e a justiça se
fará sempre.
O juiz da Parábola se negou a atender a
viúva durante algum tempo. Mas num dado momento ele refletiu sobre a situação
daquela mulher, e preocupado com seus próprios interesses, considerou
atendê-la. Ele admitiu que não temia a Deus e nem tinha consideração pelas
pessoas; mas também ele não queria mais ser importunado. Ele, então, resolveu julgar
a causa da viúva para que ela deixasse de aborrecê-lo com seu pedido.
O Senhor Jesus concluiu a Parábola do
juiz iníquo com a seguinte declaração:
“Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus
não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda
que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando,
porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc 18.6-8).
Se um juiz injusto responde à pressão
constante, quanto mais um Deus grandioso, amoroso e bondoso irá responder a
aqueles que, com perseverança, e com um coração contrito e piedoso, o buscarem!
Eles podem crer que Ele ouvirá seus pedidos de ajuda. Eles podem confiar que um
Dia Deus finalmente irá fazer justiça.
À media que o povo de Deus procura ser
obediente neste mundo de pecado, todos devem saber que Deus não será tardio
para com eles. Durante algum tempo, poderá parecer que os seus pedidos não são
ouvidos; mas, um Dia, Deus depressa lhes fará justiça. O juiz da Parábola é
iníquo, injusto; Porém, Deus, a quem servimos, é fiel e justo.
3.
Deus assume a nossa causa. Além da perseverança na oração e na fé, a Parábola
destaca a bondade, a justiça e o fato de que Deus assume as causas dos menos
favorecidos. Moisés deixou escrito este fato, para que o seu povo lembrasse
sempre disso:
“Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos
deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz
acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva
e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste” (Dt 10.17,18).
No Antigo Testamento, a viúva era
personagem marginalizada, especialmente se não tinha filhos crescidos para
cuidar dela ou algum familiar que se tornasse o remidor, casando-se com ela.
Ela era facilmente vitimada e tinha limitados recursos materiais e financeiros
(Sl 94.6). Mas, Deus sempre teve uma atenção especial à viuvez, quer no Antigo
quer no Novo Testamento. As recomendações foram claras e imperativas ao povo de
Israel e à Igreja. Cito algumas:
“Quando no teu campo colheres a tua
colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para […] a
viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos”
(Dt.24.19).
“Quando sacudires a tua oliveira, não
voltarás para colher o fruto dos ramos; …para a viúva será” (Dt 24.20).
“Quando vindimares a tua vinha, não
voltarás para a rebuscá-la; …para a viúva será o restante” (Dt 24.21).
“Quando acabares de separar todos os
dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os
darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das
tuas portas, e se fartem” (Dt 26.12).
“A nenhuma viúva … afligireis” (Ex.22.22).
“Se algum crente ou alguma crente tem
viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam
sustentar as que deveras são viúvas” (1ª Tm 5.16).
A bondade demonstrada às viúvas era
louvada como um dos sinais da verdadeira religião. Diz o profeta Isaías:
“Aprendei a fazer o bem; praticai o que
é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”
(Is 1.17).
Diz também Tiago:
“A religião pura e imaculada para com
Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas Tribulações…” (Tg
1.27).
Deus é o socorro do Seu povo na hora da
angústia. O salmista assim se expressou:
“Deus é o nosso refúgio e a nossa
fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Sl 46.1).
O socorro divino nem sempre se manifesta
em forma de milagre, de algo sobrenatural; pode ser de forma muito simples e
nem ser notada. Geralmente o socorro de Deus vem pela ação de algum dos Seus
servos que Ele usa para a glória do nome d’Ele; muitas vezes vem como resposta
à oração. É o Pai respondendo o clamor de seus filhos, assumindo a sua causa.
III.
A PERSEVERANÇA DA VIÚVA É UMA IMAGEM PARA NÓS
1.
Oração.
Há momentos de nossa vida que são tão cruentos que pensamos que Deus nos tem
desprezado. As angústias e adversidades nos deixam debilitados espiritualmente
e nos fazem ofuscar as esperanças de uma recuperação a uma posição original.
Mas, o crente tem uma arma poderosa nestes momentos difíceis de nossa caminhada
rumo ao Céu: a oração. Ela é poderosa e traz substância à alma, pois mesmo não
tendo força suficiente devido o momento difícil e tenebroso, o Espírito Santo
nos ajuda a buscarmos a Deus em oração. O apóstolo Paulo, real exemplo de um
crente que passou por momentos de angústia, nos dá a receita certa para esses
momentos:
“Alegrai-vos na esperança, sede
pacientes na tribulação, perseverai na oração”(Rm 12.12).
A oração é o canal pelo qual o homem
exercita a sua submissão a Deus; é a forma pela qual o crente se põe como um
verdadeiro servo do Senhor; é a própria exteriorização de nossa qualidade de
servo de Deus.
2.
Perseverança.
Além de orar, é necessário compreender que a oração deve vir acompanhada de
perseverança. O tema central da Parábola em comento é a Oração Perseverante. O
texto já revela isso logo no início: “Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o
dever de orar sempre e nunca esmorecer” (Lc 18.1).
A ansiedade da viúva certamente era
muito grande para ver a sua situação resolvida. Porém, precisou de vários
encontros com o juiz para que ele a atendesse. Precisou ser resistente e
persistente. Deus faz todas as coisas no tempo certo. A nossa ansiedade e
imediatismo muitas vezes destroem a nossa persistência e a nossa fé. Deus quer
ser buscado de forma incessante e persistente pelos seus, pois a perseverança
levará em conta o tempo de espera como um meio para aclarar e purificar a nossa
vida no aprendizado das coisas de Deus.
3.
Fé.
Existe fé verdadeira nas orações das pessoas? A viúva da Parábola teve fé, mas
muitos não têm. Jesus derruba a questão do imediatismo e mostra que na
realidade o que falta muitas vezes nas pessoas é a fé. Com uma pergunta de
efeito Jesus questiona se aqueles que vêm até Deus com suas orações serão como
a viúva cheia de fé perseverante ou não: “Quando, porém, vier o Filho do Homem,
porventura, achará fé na terra?” (Lc 18.8).
Ao fazer essa pergunta, Jesus afirma que
muitos de nós deixamos de lado a nossa fé por causa do imediatismo. Queremos
tudo “para ontem”, e nos esquecemos que temos um Deus que é dono do tempo e de
todas as coisas; nada foge do controle e da soberania d’Ele. Quase sempre não
entendemos o porquê da “demora” de Deus, mas se formos perseverantes, veremos
que Ele agirá no tempo perfeito, no Seu tempo (Kairós), que na maioria das
vezes não coincide com o nosso tempo (Chronos).
Estamos persistindo na fé? Estamos
preparados e, em oração, esperando a volta de Jesus? Será que temos a mesma
perseverança que aquela viúva teve? Ou será que, ao ouvir o primeiro “não"
durante uma provação, abandonaremos a nossa fé e decidiremos resolver as situações
com as nossas próprias forças? Aqueles que cristãos dizem ser podem ser
tentados a abandonar a fé, porque suas orações não foram ainda respondidas. Mas
Deus não os esqueceu, e eles não devem ficar desanimados. Como a viúva da
Parábola, temos de perseverar e continuar pedindo. Ao contrário do juiz iniquo,
Deus não responde de má vontade as nossas orações. Ele se deleita em conceder
nossos desejos e nos vindicar.
IV.
LIÇÕES IMPORTANTES DA PARÁBOLA DO JUÍZO INÍQUO
Nesta Parábola, Jesus dá primeiro a
lição, depois conta a Parábola. A lição é sobre o dever de orar sempre e nunca
esmorecer. Se um juiz injusto concede o pedido por causa da persistência da
requerente, quanto mais o Pai celestial, o Deus de amor, de infinita bondade e
misericórdia, irá responder à persistência de quem o pede. Vemos nesta Parábola
algumas lições importantes (Adaptado do Livro “Lucas – Jesus, o Homem
perfeito”, do Rev. Hernandes Dias Lopes).
1.
A oração é o antídoto contra o desânimo (Lc 18.1). “E contou-lhes
também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer”. Mesmo que
a oração seja um exercício espiritual que demanda toda a nossa energia, o que
nos leva a esmorecimento não é a oração, mas a falta dela; é quando deixamos de
orar que somos suplantados pelo desânimo; é quando falta oração em nossa vida
que somos esmagados pelo esmorecimento. Sem oração, perdemos o vigor
espiritual. Sem oração, não há poder para enfrentar as lutas e perseguições que
sobrevém. Sem oração, perdemos a conexão com as alturas, com o Céu.
2.
A oração perseverante é um dever (Lc 18.1). “...o dever de orar sempre e
nunca desfalecer”. Jesus poderia ter falado que oração é um privilégio, e
realmente é, pois orar é falar com Deus; a oração é unir a fraqueza humana à
Onipotência divina; é conectar o altar com o trono. Porém, Jesus afirmou que a
oração perseverante é um dever. Deixar de orar é um pecado de omissão; é não
apenas deixar de desfrutar de um privilégio, mas é, também, deixar de cumprir
um dever cristão.
3.
A oração não é um pedido de um desconhecido a um magistrado injusto (Lc 18.2-6). A Parábola
deixa claro o contraste entre a viúva e os escolhidos de Deus. A viúva é uma
mulher desprotegida e indefesa, que não possui mais um protetor natural. Ela
não conhece o juiz, não é respeitada por ele nem tem acesso ao tribunal.
Jesus não diz que o povo de Deus é como
essa viúva. Há um grande contraste entre esta viúva e o povo de Deus. Que
contrastes encontramos aqui?
- A viúva era anônima, desconhecida e
desprotegida; mas nós somos filhos de Deus, nosso nome está inscrito no Livro
da Vida.
- A viúva não tinha acesso ao juiz; nós
temos livre acesso ao Trono da Graça, por meio de Cristo.
- A viúva não tinha amigo algum no
tribunal; nós temos, junto ao Pai, Jesus Cristo, o Advogado, o Justo; Ele é o
nosso grande Sumo Sacerdote que nos assiste em nossa fraqueza.
- A viúva não tinha nenhuma garantia ou
promessa do juiz em atender à sua causa; nós temos as Escrituras Sagradas com
centenas de promessas do cuidado generoso de Deus.
A viúva dirigiu-se a um tribunal; mas
nós entramos confiadamente no Trono da Graça (Hb 4.14-16).
4.
A oração é um pedido dos escolhidos ao Deus justo (Lc 18.7). Jesus faz aqui
um claro contraste entre o juiz e Deus. O juiz é arrogante e egoísta. Não teme
a Deus nem respeita aos homens. Ele nem sequer tinha amor pela justiça.
Sentimentos de ternura, de igual modo, eram completamente estranhos para ele.
Só atendeu a viúva por causa da importunação dela e para ficar livre dela. Até
mesmo ao fazer justiça à viúva, ele o fez por amor a si mesmo, e não por senso
de justiça ou amor a ela. Deus, porém, não é assim; Ele é o Pai de
misericórdias e o Deus de toda consolação (2ª Co 1.3). Ele responde à nossa
oração porque nos ama. Deleita-se em ouvir nossa voz e em socorrer-nos em
nossas necessidades. Se entendermos Deus como um Pai amoroso e não como um juiz
severo, nós nos aproximaremos dele confiadamente em oração.
5.
A oração não é atendida conforme agenda dos homens, mas segundo a vontade
soberana de Deus (Lc 18.7-8). Mesmo quando os escolhidos de Deus
clamam a Ele dia e noite, e mesmo sabendo que Deus os defende, nem sempre a
oração é atendida imediatamente. A demora de Deus, entretanto, não é prova da
insensibilidade, mas evidência de sua sábia e generosa providência. Quando Deus
demora, segundo a nossa percepção terrena, é porque está nos preparando para a
realização de sua vontade. A demora de Deus não é um indeferimento ao nosso
clamor. Quando ele demora é porque está preparando algo maior e melhor para a
nossa vida.
6.
Deus ouve as orações e faz o que é correto. O juiz iníquo faz um contraste
com o Juiz Justo, que é o Deus Todo-Poderoso. Se o juiz iníquo ouviu uma pessoa
das mais simples e humildes da sociedade, e julgou a sua causa, Deus, o
Todo-Poderoso Juiz Justo, não iria fazer muito melhor do que isso? Claro que
sim! Por isso, o texto mostra claramente essa verdade:
“Não fará Deus justiça aos seus
escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em
defendê-los?” (Lc 18.7).
7.
O fim dos tempos será marcado pelo declínio da fé, pelo esfriamento da prática
da oração (Lc 18.8b).
Antes desta parábola, Jesus falou sobre sua Segunda Vinda e terminou apontando
novamente para sua Volta. Entre sua Primeira e sua Segunda Vinda, precisamos
orar sempre e nunca esmorecer. Porém, à medida que a história caminha para sua
consumação, as pessoas se tornarão mais desatentas às coisas espirituais, como
ocorreu com a geração de Noé e Ló (Lc 17.26-30). Daí a pergunta perturbadora de
Jesus: “...quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lc
18.8). Provavelmente, isso quer dizer o tipo de fé que a pobre viúva tinha;
mas, pode indicar também que, quando o Senhor voltar, haverá somente um
remanescente fiel a Ele. As oito pessoas que foram salvas no dilúvio no tempo
de Noé e as três que escaparam de Sodoma, nos alertam que não haverá uma grande
fé no fim dos tempos. Entretanto, cada um de nós deveria ser estimulado ao tipo
de fé que clama a Deus noite e dia, uma fé perseverante.
CONCLUSÃO.
A
Parábola do juiz iníquo, ou da viúva persistente, é um poderoso exemplo de fé
perseverante, de que nós não podemos deixar de orar, independentemente das
circunstâncias. O Senhor deseja ouvir a nossa voz em um relacionamento sincero
e profundo com Ele. Não estamos abandonados à própria sorte, podemos clamar e
seremos ouvidos, pois, o Senhor é bom e a sua benignidade dura para sempre
(Sl.107:1). Entenda que a oração nos fortalece no dia mau e nos dá
sensibilidade para ser gratos nos dias bons. Deus sempre estará junto daqueles
que perseveram na fé e na oração. Pense nisso!
FONTE
DE PESQUISA
1. Luciano de Paula Lourenço. Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
2. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
3. Comentário Bíblico popular (Novo
Testamento) - William Macdonald.
4. Revista Ensinador Cristão – nº 76.
CPAD.
5. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
6. Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
7. Rev. Hernandes Dias Lopes. Lucas,
Jesus o Homem perfeito.
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