TEOLOGIA EM FOCO: PERSEVERANDO NA FÉ - 4º TRIMESTRE DE 2017

terça-feira, 23 de outubro de 2018

PERSEVERANDO NA FÉ - 4º TRIMESTRE DE 2017

2ª Tm 4.6-8Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. 7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”

INTRODUÇÃO. Introduziremos a presente lição trazendo uma definição da palavra perseverança; destacaremos porque esta virtude é necessária para o aquele que foi salvo por Cristo Jesus; veremos que tanto o A.T. como o N.T. nos mostra que é possível o crente perder a salvação de forma temporária ou definitiva; falaremos mais detalhadamente sobre a possibilidade da apostasia; e, concluiremos falando sobre em que o cristão deve perseverar.

I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PERSEVERANÇA

O verbo “perseverar” significa: “ser constante, permanecer, conservar-se” (HOUAISS, 2001, p. 2196). No grego, “hupomoné”, “perseverança”, “resistência”, “constância”. Esse vocábulo grego denota a resistência paciente, sob circunstâncias adversas, com base na ideia de alguém que leva aos ombros uma carga pesada, mas da qual não desiste (CHAMPLIN, 2004, p. 246). No que tange a salvação a perseverança é uma atitude que Deus requer do homem a fim de que não venha perder a salvação que lhe foi concedida por meio de Cristo Jesus (1ª Co 15.2; 1ª Pe 1.5; Ap 2.25; 3.11).

II. A NECESSIDADE DA PERSEVERANÇA PARA O SALVO

1. A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a perseverarem até o fim (Mt 10.22; 24.13). É necessário entender que embora tenhamos sido perdoados e libertos dos nossos pecados (1ª Jo 2.12; Rm 6.22), ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana (Rm 6.19; 7.18-a). Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos ser perseverantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1ª Co 15.34).

2. A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa perseverar porque o tentador procura nos derrubar (1ª Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1ª Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18).

3. A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da persevança se dá também pelo fato a volta de Jesus de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46).

Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2ª Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Devemos perseverar para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

III. O SALVO PODE PERDER A SALVAÇÃO

Embora entendamos que cair numa fragilidade seguida de contrição e arrependimento sincero não implica em perda de salvação (Pv 28.13); como observemos o caso de Davi (2ª Sm 11.4; 12.13; Sl 51.1-19); e, Pedro (Mc 14.66-72). A Bíblia também está repleta de exemplos de pessoas que caíram e permaneceram prostradas, recusando se arrependerem, tais como rei Jeroboão (1º Re 14.1-9), e, o rei Saul (1º Sm 28.7,8; 31.4). Estes e outros casos mostram que é possível o crente perder a salvação que lhe foi concedida (Êx 32.31-33; Jo 15.2; Rm 11.22,23; 1ª Co 15.2; Hb 3.6,7,15; Ap 3.5) se este der as costas temporariamente (desvio - Lc 15.11-24) ou definitivamente (apostasia – Hb 6.4-8) ao Senhor que o resgatou (2ª Pe 2.1-3,15,20-22). Nossa Declaração de fé (2017, p. 114) nos diz: “Mediante o mau uso do livre arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então a sua salvação”.

1. O Antigo Testamento. No AT há diversos casos que nos evidenciam a possibilidade de alguém salvo perder a sua salvação. Vejamos:
1.1. Os descendentes de Sete, o terceiro filho de Adão, misturaram-se com as filhas da terra desviando-se assim do Senhor (Gn 6.1,2), e, pereceram no dilúvio (Gn 6.7).

1.2. A mulher de Ló que estava entre aqueles que seriam poupados do julgamento que seria derramado sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, perdeu a salvação quando, saindo da cidade não perseverou em seguir a voz divina, olhando para trás (Gn 19.17,26).

1.3. Os hebreus que saíram do Egito rumo a terra prometida, por causa da sua incredulidade (Hb 3.19); rebeldia (Dt 1.26); falta de perseverança (Nm 32.11); e, idolatria (Êx 32.7,8), não herdaram a promessa (1º Co 10.5). A velha geração, que saiu do Egito, de vinte anos acima não entrou na terra (Nm 32.11), exceto Calebe e Josué que perseveraram em seguir ao Senhor (Nm 32.12). Mesmo entrando na terra de Canaã, o povo de Israel em sua grande maioria se desviou do caminho do Senhor, não dando ouvidos aos apelos dos profetas para que se arrependessem (Jz 2.17; 1º Re 19.10; Jr 1.16; 2.19; 2.32; 3.8; 11.10; Ez 44.10; Dn 9.11; Os 1.2; 11.7; Ml 2.8; 3.7). Portanto, o justo pode se desviar da justiça e ser condenado por isso (Ez 3.20; 18.26; 33.13).

2. O Novo Testamento. O Novo Testamento de igual forma mostra que é possível o cristão perder a salvação. Jesus disse que quem negá-lo diante dos homens: “será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8). Expressões como: “desviar-se” (Tg 5.19); “cair” (1ª Co 10.12; 1ª Tm 3.6); “naufragar na fé” (1ª Tm 1.19); “apostatar” (1ª Tm 4.1); e, “recair” (Hb 6.6), também evidenciam isso. Personagens bíblicos também atestam esta possibilidade, estre os quais estão:
2.1. Judas (At 1.25).
2.1. Ananias e Safira (At 5.1-11).
2.3. Himeneu (1ª Tm 1.20-a).
2.4. Fileto (1ª Tm 6.21; 2ª Tm 2.17).
2.5. Alexandre (2ª Tm 4.14).
1.6. Demas (2ª Tm 4.10)

Portanto, um cristão salvo pode sim, desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa ante a insistência do Espírito Santo (Dt 30.19; 1ª Cr 28.9; 2ª Cr 15.2; Ez 18.24,26; 33.18; Jo 15.6; Rm 11.21,22; 1ª Ts 5.15; 1ª Co 10.12; 1ª Tm 4.1; 5.15; 12.25; Hb 3.12-14; 5.9; 2ª Pe 3.17; 2.20-22). Essa verdade fica ainda mais evidente quando consideramos o “se” condicional quanto à salvação (Hb 2.3; 3.6,14; Cl 1.22,23), bem como a condição: “ao que vencer”, que aparece sete vezes em Apocalipse 2 e 3.

IV. A POSSIBILIDADE DA APOSTASIA

O termo apostasia vem do grego “apostásis” e significa “o abandono premeditado e consciente da fé cristã”. O termo grego “aphistemi” é definido por: “apartar, decair, desertar, retirar, rebelião, abandonar, afastar-se daquilo que antes se estava ligado” (STAMPS, 1995, p. 1903). Podemos elencar alguns passos que levam uma pessoa à apostasia:
(a) Quando o crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Bíblia (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).

(b) Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial, e o crente deixa paulatinamente de aproximar-se do Senhor (4.16; 7.19,25; 11.6).

(c) Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1ª Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13).

(d) Quando o crente já não ama a retidão nem odeia a iniquidade.

(e) Por causa da dureza do seu coração e da sua rejeição dos caminhos do Senhor, não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo, chegando ao ponto de blasfemar dele (Mt 12.24; Ef 4.30; 1ª Ts 5.19-22; Hb 3.7-11). Abaixo elencaremos três distorções sobre este assunto:

1. O crente não tem como se desviar, porque Deus o sustenta. De fato, Deus sustenta aqueles que confiam nele (Sl 91.14; Jo 10.29; 1ª Co 1.8; Cl 3.3; Jd 1.24). Mas, é necessário entender que o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (Jo 15.1-6). Há os dois lados da questão: o divino e humano. Na lista de coisas que Paulo disse que não podem nos separar do amor de Deus, ele não incluiu a vontade humana e o pecado da apostasia (Rm 8.35- 39), pois sabia que estas podem sim apartar o crente de Deus (Rm 8.8; 1ª Tm 4.1). Portanto, não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (Rm 8.13; Hb 3.6; 5.9). Somos mantidos em Cristo pelo seu poder, mediante a nossa fé n’Ele (1ª Pe 1.5; Jd v.20; 2ª Co 1.24-b). A salvação é eterna para os que obedecem ao Senhor (Hb 5.9; 1ª Co 15.1,2).

2. Se o crente se desviar é porque ele não era crente verdadeiro. Alguns afirmam que se uma pessoa se desviar é porque não teve um encontro real com Cristo. Não é isto que o escritor aos hebreus ensinou, quando exortou os cristãos hebreus quanto ao perigo da apostasia. Ele alertou crentes verdadeiros a terem cuidado sobre esta horrível possibilidade:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para o arrependimento” (Hb 6.4-6). Segue-se ainda as exortações dos apóstolos (1ª Co 10.1-11,12; 1ª Co 15.1,2; Gl 5.1-4; Tg 5.19,20; 2ª Pe 2.20-22; 1ª Jo 2.19,28; Jd 1.5,6,21-23).

3. Se for criado na doutrina ele não se desvia definitivamente. O fato de os pais criarem o filho na doutrina do Senhor, conforme ordena as Escrituras (Pv 22.6; Ef 6.4), não significa dizer que este filho não poderá se desviar e até se perder.

Acerca de Provérbios 22.6, Beacon (p. 399) diz: “Estas palavras são tremendamente reconfortantes para pais fiéis e dedicados. No entanto, não devem ser interpretadas como garantia absoluta. Igualmente necessário para a sua salvação é o exercício da livre escolha por parte deles para que recebam a sempre disponível graça de Deus”. Lembremos de Caim (Gn 4.4-8); e, dos filhos do piedoso Samuel (1º Sm 8.1-3).

V. EM QUE DEVEMOS PERSEVERAR
1. No amor de Deus (Jo 15.9).
2. Em fazer o bem (Rm 2.7).
3. Na benignidade divina (Rm 11.22).
4. Em oração (Rm 12.12; Cl 4.2).
5. Em vigilância (Ef 6.18).
6. Na fé (Cl 1.23).
7. Na doutrina (1ª Tm 4.16; 2ª Jo 1.9).

CONCLUSÃO. A Bíblia está repleta de exortações quanto a necessidade daqueles que foram salvos de perseverarem no caminho do Senhor, a fim de que não caiam da graça e percam a salvação que lhes foi concedida. Portanto, a ideia de “uma vez salvo, salvo para sempre” é falaciosa e consequentemente conduz a pessoa a frouxidão moral.

FONTE DE PESQUISA
1. ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
2. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
3 GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
4. GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
5. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. Objetiva.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
8. Lições Bíblicas: CPAD. Trimestre: 4° de 2017. CPAD

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