TEOLOGIA EM FOCO: A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO RELIGIOSO

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO RELIGIOSO


Neemias 12.27-31,43: “E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas. 28 E se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa, 29 como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém. 30 E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro. 31 Então, fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro e ordenei dois grandes coros e procissões, sendo um à mão direita sobre o muro da banda da Porta do Monturo. 43 E sacrificaram, no mesmo dia, grandes sacrifícios e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe”.

INTRODUÇÃO. A dedicação dos muros é o tema central de Neemias 12. Neemias não somente restaurou os muros e as portas de Jerusalém, como restabeleceu o ministério levítico.

Depois de terem se mudado para a cidade, os cidadãos decidiram dedicar esse projeto a Deus. No entanto, encontramos muito mais do que isso. Encontramos pessoas cujos corações estavam realmente felizes. Mesmo cheio de incertezas quanto ao futuro, mesmo que tivessem que pedir ajuda financeira para construir suas casas, eles realmente estavam alegres, porque os seus olhos estavam no Senhor. A celebração foi marcada pela alegria, louvor e cânticos em ações de graças ao Senhor (Ne 12.24,27). Em sua infinita misericórdia, Deus transformou em regozijo o lamento de seu povo. Assim, puderam os sacerdotes reiniciar suas atividades na festa de dedicação dos muros.

I. OS SACERDOTES QUE VIERAM PARA JERUSALÉM COM ZOROBABEL

1. Os que vieram com Zorobabel.Ora, estes são os sacerdotes e os levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesuá: Seraías, Jeremias, Esdras” (Ne 12.1).

No início do capítulo 12 de Neemias tem uma relação dos sacerdotes que vieram a Jerusalém juntamente com Zorobabel. Como se sabe, foi esse abnegado servo de Deus quem liderou o primeiro grupo de exilados judeus que, autorizados por Ciro, o Grande, deixou a Babilônia rumo à Cidade Santa. Zorobabel incentivou a reconstrução do Templo e restabeleceu a adoração a Deus. Sem tais ações, a restauração de Jerusalém seria impossível. Observe: só foram admitidos como ministros do altar os que puderam comprovar a sua ascendência levítica. Isso nos ensina que o ministério cristão deve ser exercido por aqueles que realmente foram chamados por Deus.

2. O ministério sacerdotal.

2.1. Os levitas são os sacerdotes de Israel. Esse papel começou com Aarão e seus quatro filhos, enquanto o povo andava pelo deserto. Em seguida a função sacerdotal, visto que eles eram dessa tribo, passou aos levitas (Nm 3.5-10).

2.2. Sua missão. Os sacerdotes tinham como missão representar o povo diante de Deus. Portanto, deveriam eles, ser santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens (Lv 21.16-21).

2.3. Todo sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote. Várias eram as suas funções: tornar possível a mediação entre o povo e Deus, fazer a expiação pelos pecados da nação, ensinar a Lei de Deus, queimar incenso e cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição (Lv 10.11; Ez 44.23).

3. O ministério dos levitas.
3.1. O Ministério dos levitas em detalhes encontramos descrito no livro de primeiro Crônicas capítulo 6. (Os cantores, Hemã, Asafe e Etã, e filhos, encarregados por Davi da música do templo (1º Cr 6,16ss).

3.2. Eram os descendentes de Levi os responsáveis pelos cultos de adoração a Deus. Somente os levitas estavam autorizados pelo Senhor a servir no Tabernáculo. Eles tinham como função primordial ensinar a Palavra de Deus e como se deve adorá-lo (Dt 33.10). 3.3. Exímios músicos que eram, eles requeriam que o seu ministério fosse plenamente restaurado, a fim de participarem do culto de dedicação dos muros de Jerusalém. Consciente dessa urgência, Neemias restabeleceu-os de imediato em suas várias funções. Senhor, ajuda-nos a ser mais zelosos para com as coisas que nos confiaste.

II. A DEDICAÇÃO DOS MUROS

1. Uma grande festa espiritual aconteceu na dedicação dos muros de Jerusalém. Aquela inauguração foi celebrada com música, louvores ao Criador.

1.1. A participação dos levitas.
“E, na dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas” (Ne 12.27).

1.2. Era imprescindível a presença dos levitas na realização dos sacrifícios e na condução do culto ao Senhor. Afinal, eles eram os responsáveis pela adoração divina. O que aprendemos nesse ponto? Os obreiros têm hoje uma grande responsabilidade diante de Deus: levar o povo a adorá-lo na beleza de sua santidade.

2. A participação dos cantores.
2.1. A dedicação dos muros foi um tempo precioso para louvar a Deus. Neemias organizou dois corais para caminhar em sentidos opostos por cima dos muros até que os dois se encontrassem no templo. “E se ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa, como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém” (Ne 12.28-29).

2.2. Na dedicação dos muros de Jerusalém, fazia-se obrigatória a apresentação de cânticos de adoração e louvor a Deus. Por isso, Neemias reuniu os 148 cantores que descendiam de Asafe (Ne 7.44) e mais 245 que procediam de outras famílias levíticas (Ne 7.67), para que bendissessem ao Senhor. Que importância damos à verdadeira música sacra no culto divino? Que as nossas orquestras e corais sejam assíduos na adoração a Deus.

2.3. Devemos celebrar louvores a Deus pelas nossas vitórias. “Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder! Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza! Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com saltério e com harpa! Louvai-o com adufe e com danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flauta! Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes! Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor”! (Sl 150.1-6).

2.4. Devemos celebrar louvores a Deus com união entre os irmãos. “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe” (12.43).

2.5. Devemos celebrar louvores a Deus com grande alegria. “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10).
“Louvai a Deus com brados de júbilo, todas as terras. Cantai a glória do seu nome, dai glória em seu louvor” (Sl 66.1-2).

2.6. Devemos celebrar louvores a Deus com vida pura. “E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro” (12.30).

2.7. Devemos celebrar louvores a Deus com muita ordem e arte (Ne 12.8,9,24,27,36,42).
Os levitas eram encarregados de celebrar. Dentre eles havia os cantores, os músicos, netofatitas (compositores – 12.8) bem como regente.
A palavra netofatita no hebraico, significa gotejante ou destilar como gotas. Isso significa falar por inspiração, ou seja, eles eram poetas e compositores.

2.8. Devemos celebrar louvores a Deus com a fidelidade de nossas ofertas. “No mesmo dia foram nomeados homens sobre as câmaras do tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os sacerdotes e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e os levitas no seu posto, observando os preceitos do seu Deus, e os da purificação, como também o fizeram os cantores e porteiros, conforme a ordem de Davi e de seu filho Salomão. Pois desde a antiguidade, já nos dias de Davi e de Asafe, havia um chefe dos cantores, e havia cânticos de louvor e de ação de graça a Deus. Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos cantores e aos porteiros as suas porções destinadas aos levitas, e os levitas separavam as porções destinadas aos filhos de Arão” (12.44-47).

3. A purificação dos sacerdotes e do povo.
3.1. Deus exigiu consagração do povo para entrar na terra prometida. “Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5).

3.2. Neemias sabia que sem preparação espiritual o Senhor não abençoaria. “E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro” (Ne 12.30).

3.3. O Senhor exige consagração para Sua obra. “Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor” (Is 52.11).

3.4. A fim de continuar a celebração dos muros, o coração tinha que ser preparado. Da mesma forma, precisamos nos lembrar de que, antes de ministrar aos outros, nossos corações devem estar limpos diante de Deus. Santidade precede felicidade. “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de CRISTO, e despenseiros dos mistérios de DEUS” (1ª Co 4.1).

3.5. Como os filhos de Levi estavam à frente das solenidades da dedicação dos muros de Jerusalém, requeria-se fossem eles um exemplo de pureza e santidade. Caso contrário, como poderiam eles purificar o povo? Mas, como agiam fielmente, os levitas purificaram os demais judeus para que ninguém ficasse de fora daquela ocasião tão especial (Ne 12.30b).

3.6. Que ninguém se esqueça da ordenação divina. “Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre” (Sl 93.5).

De que valem as circunstâncias e pompas do culto se os adoradores acham-se distantes de Deus e comprometidos com o mundo? Não agia assim o Israel do Antigo Testamento? Ouçamos o que diz o Senhor por intermédio de Isaías: “Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Is 29.13).

É urgente, pois, que adoremos a Deus não apenas com os lábios, mas principalmente com o coração. É também chegado o momento de se ensinar aos crentes o valor e a atualidade da doutrina da santificação; sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). É da vontade de Deus, pois, que todos os seus adoradores sejam santos (1ª Ts 4.3).

III. CELEBRANDO A DEUS PELA VITÓRIA

1. A dedicação dos muros de Jerusalém trouxe grande alegria ao povo.

1.1. A festa de dedicação. “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe” (12.43).

1.2. O povo participou da festa. “A outra companhia dos que davam graças foi para a esquerda, seguindo-os eu com a metade do povo, sobre o muro, passando pela torre dos fornos até a muralha larga” (12.38).
Neemias, então, determinou que fossem organizados dois grandes cortejos, dos quais participariam os levitas, os cantores e os príncipes de Judá (Ne 12.27-43). Um cortejo foi liderado por Esdras; o outro, por Neemias. Os grupos, embora caminhassem em direções opostas, encontrar-se-iam no Santo Templo. Ali, finalmente, foi realizado o grande culto em ação de graças a Deus. Como estamos adorando a Deus? Damos-lhe a devida honra?

2. Uma liturgia santa.
2.1. Neemias teve o cuidado de elaborar uma liturgia ordeira e santa, pois a Palavra de Deus ensina-nos que o culto deve ser conduzido reverentemente. O salmista adverte-nos. “Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra” (Sl 96.9).

2.2. Não podemos nos achegar à presença do Senhor de qualquer maneira. Ele é santo e exige santidade do seu povo. Não podemos transformar o culto divino num espetáculo deprimente.

3. Os sacrifícios (v.43).
3.1. O sacrifícios sempre fez parte do ritual de dedicação. “E todos os animais para sacrifício das ofertas pacíficas foram vinte e quatro novilhos, sessenta carneiros, sessenta bodes, e sessenta cordeiros de um ano. Esta foi a oferta dedicatória do altar depois que foi ungido” (Nm 7.88).

3.2. Nos dias de Salomão um grande holocausto se fez ao Senhor. “Então o rei e todo o Israel com ele ofereceram sacrifícios perante o Senhor. 63 Ora, Salomão deu, para o sacrifício pacífico que ofereceu ao Senhor, vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim o rei e todos os filhos de Israel consagraram a casa do Senhor” (1ª Rs 8.62-63).

3.3. Na consagração do templo foram oferecidos muitos sacrifícios a Deus. “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe” (Ne 12.43).

3.4. Os judeus reconheceram os benefícios do Senhor e demonstraram o desejo de adorá-lo em santidade e pureza. “Adorai o SENHOR na beleza da sua santidade; tremei diante dele, todas as terras” (Sl 29.2).

3.5. Na Nova Aliança, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor. Todavia, devemos apresentar-nos a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável que é o nosso culto racional (Rm 12.1). Dediquemos-lhe, pois, incondicionalmente nossa vida por tudo que Ele é e tem feito por nós.
O povo de Israel adorou e bendisse o nome do Senhor na festa de dedicação dos muros.


CONCLUSÃO. Ensina-nos a vida de Neemias que devemos ser gratos a Deus por todas as bênçãos que d’Ele temos recebido. Assim como fez Neemias, cultuemos ao Senhor reverentemente. O culto e a adoração a Deus não podem ser feitos de qualquer maneira. Que o nosso culto, por conseguinte, seja dirigido com decência e ordem (1ª Co 14.40).

Pr. Elias Ribas

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