TEOLOGIA EM FOCO: A TRADIÇÃO DO APÓSTOLO PEDRO

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A TRADIÇÃO DO APÓSTOLO PEDRO

“Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus. Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro.  Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus domésticos e um soldado piedoso dos que estavam a seu serviço e, havendo-lhes contado tudo, enviou-os a Jope. No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu” (At 10.1-16).

[...] O Dr. Scroggie apresenta neste capítulo duas revelações (1-16). Uma a Cornélio, outra a Pedro. Este capítulo é notável porque relata a abertura da porta do Evangelho aos gentios (15-16). Em Cornélio, um oficial do exército romano, descobrimos piedade, reverência, influencia, liberalidade, oração, receptividade e obediência.

Pedro estava em oração ao meio-dia quando recebeu a revelação:

“Então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (At 10.11-14).

É coisa difícil transformar idéias e costumes religiosos, e, apesar da visão milagrosa, Pedro mostra disposto a desobedecer à voz divina” [McNair. P. 395].

É interessante notar a força que tem uma tradição, mesmo na vida de um apóstolo como Pedro, quando foi enviado a casa de Cornélio. Pedro estava presente quando Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Ele também ouviu Jesus ordenar-lhes claramente: “Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Mas quando se lhe apresentou o momento para testemunhar para Cornélio, um centurião gentio da cidade de Cesaréia, a tradição de Pedro o impediu. Note o que Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa comum e imunda”.

O Senhor precisou repetir a visão de animais imundos suspensos por um lençol e dizer: “ao que Deus purificou não consideres comum”. E Pedro insistia em responder: “De modo nenhum, Senhor...” (At 10.14-15).

As tradições têm um poder misterioso. Às vezes, ela passa por cima até das Palavras do próprio Deus. É a tradição que nos faz dizer: “Não, Senhor!” Nós lemos a Bíblia acerca da unidade do corpo de Cristo, e afirmamos que a Bíblia é a nossa regra de fé e prática, a menos que entre em conflito com nossa tradição e idéias.

Foi difícil para Pedro um judeu tradicional entrar na casa de Cornélio. E mesmo chegando lá replicou dizendo: “Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo” (At 10.28).

Podemos bem imaginar como Cornélio se sentiu. Ele convidara todos os seu parentes e amigos para irem à sua casa. “Vocês irão conhecer um verdadeiro homem de Deus” disse-lhes: Um anjo me disse para chamá-lo. Ele é um, santo homem, um varão perfeito, e ele nos ensinará muitas coisas a respeito de Deus”.

Tanto Cornélio como Pedro tiveram de aprender com o Senhor. Pedro não devia pensar ser Cornélio imundo pelo fato de ser gentio; Cornélio não devia adorar a Pedro por este ser um servo de Deus.

A seguir, o apóstolo menciona por que se deu ao trabalho de ir até ali, e depois diz: “Perguntou, pois, por que razão me mandaste chamar?” (v. 29).

Pedro sabe que está fazendo uma pergunta tola, mas não parece disposto a entregar-lhe a mensagem. Por quê? Simplesmente. A tradição do judaísmo.

A tríplice visão tinha a intenção de mostrar a Pedro que Deus não de faz acepção de pessoas (v. 34).

[...] O poder da tradição é terrível. Deus fica impedido de realizar muitas das coisas que deseja por causa das amarras que colocamos. E nós ficamos escandalizados todas as vezes que ele quer modificar um pouco.
Nossa mente é como uma pequena mesinha de cabeceira que comporta somente uma lâmpada e alguns livros. Se colocarmos um refrigerador ela quebra. É isto que acontece quando nossas mentes tradicionais recebem algum ensino daquilo a que estamos acostumados. Ficamos quebrados em pedacinhos.

O que precisamos fazer para reconhecer e realizar toda à vontade de Deus? Duas coisas, diz Romanos 12.1-2. Primeiro precisamos apresentar nosso corpo como sacrifício vivo e santo. Um sacrifício vivo e santo é melhor que um sacrifício morto, pois um sacrifício vivo tem um futuro. Deus pode fazer com ele o que desejar.

Em segundo lugar, temos que ser transformados pela renovação de nossa mente. Temos que estar preparados para crescer espiritualmente, ou seja, mudanças espirituais. Estar no centro da vontade de Deus significa estar continuamente pronto para sofrer mudanças. Às vezes dizemos: “Senhor mostra a Tua vontade!” Mas se Ele mostrar, nós não faremos nada. Somos como um trem de ferro que diga: “Por favor, dirija-me por estes trilhos”. Para quê? Os trilhos já estão ali.

Nós oramos assim: “Senhor ajuda-nos a fazer a tua vontade”, mas os trilhos já estão pregados no chão. Os trilhos são nossas tradições que precisão ser mudado. E, quando Deus quer nos colocar no caminho da verdade, dissemos como Pedro: “De modo nenhum Senhor já mais vou fazer isso ou aquilo”. Somos como as crianças num parque de diversões, guiando carrinhos. Elas giram o volante para um lado e para outro, mas a despeito disso, o carro segue sempre na mesma direção. É assim que somos nas igrejas e nos concílios denominacionais. Fazemos vários tipos de proposições (muita movimentação), mas tudo continua do mesmo jeito” [ORTIZ. P. 136-137].

Deus quer que cresçamos espiritualmente, mas precisamos aceitar e deixa Sua Palavra nos dirigir e não nossos conceitos e tradições que não nos levam a nada.

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificado sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não pratica será comparado a um homem insensato que edificou sua casa sobre arreia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína” (Mt 7.24-26).

O homem que construiu sua casa sobre a Rocha que é Jesus (gr. logos a Palavra) está edificado sobre a Palavra e suas doutrinas (ensinos de Jesus), e vindo à tempestade ele permanece firme e não cai. Mas aquele que edificou a sua casa sobre a arreia, refere-se ao homem que está edificado sobre as tradições e doutrinas dos homens, (Mt 15.9; Cl 2.8, 22). É um homem inconstante sem edificação, sem base bíblica, não tem a liberdade em Cristo Jesus, precisa de cabresto. Muitos até dizem: eu amo a Jesus, mas entristecem o Senhor pelas suas tradições.

A tradição leva o crente ao fanatismo religioso e falsa santidade. O mundo jamais se portará para agradar Deus e à sua Palavra, pois ele está no maligno (1ª Jo 5.19). A doutrina bíblica não somente nos leva a Deus, mas também nos leva a viver para Ele e como andar diante da igreja e do mundo.

Hoje também encontramos tradições nas confissões e decisões dos concílios das igrejas, às quais devemos dispensar minuciosa atenção, tendo o cuidado de investigar com maior atenção e cuidado seu conteúdo bíblico-teológico, pois a nenhuma igreja lhe foi dado o direito de formular novas doutrinas ou tomar decisões contrárias aos ensinamentos das Sagradas Escrituras, pois a História da Igreja registra que líderes e concílios podem cometer erros grossos, alguns deles comprometendo a verdadeira fé cristã.

FONTE DE PESQUISA

1.       S.E. McNAIR. A Bíblia Explicada. 4ª Edição. Editora CPAD. Rio de Janeiro RJ.
2.       JUAN CARLOS ORTIZ, o discípulo, 6ª edição, 1980, Ed. Betânia. Venda Nova MG.



Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com


5 comentários:

  1. Fantástico!! Precisamos nos livrar das amarras das tradições, para assim podermos viver a plenitude do evangelho! Jesus veio para que tenhamos vida em abundância!!

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  2. Muito Bom recomendo a todos

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  3. Graça e Paz!

    Quero dar os parabéns pelo blog. Estou seguindo.

    PR. DOMINGOS MASSA
    http://domingosmassa.blogspot.com

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  4. A PAZ de JESUS
    Parabéns ótima leitura.

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