TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 11 de maio de 2022

A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO

  


Texto Bíblico: Neemias 4.19, “Disse eu aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos no muro mui separados, longe uns dos outros”. 

INTRODUÇÃO

Muitos estão servindo ao Senhor como o primeiro trabalhador: sem a visão da grandiosidade do que está fazendo. Para estes, o trabalho de Deus não passa de uma atividade qualquer entre tantas outras que fazem, como por exemplo o trabalho secular, o cuidado da família, o curso escolar, etc. 

Se temos apenas uma visão míope, curta, sobre a extensão e grandiosidade da obra de Deus, certamente nossa disposição para o trabalho no reino será deficiente, faltosa, indiferente. Precisamos crer que servimos a um Deus grande, que tem um grande projeto para a salvação do homem. Tal é a grandiosidade deste projeto, que o Deus Todo-Poderoso investiu nele o que tinha de mais precioso, seu único Filho, Jesus Cristo. 

Quero analisar alguns aspectos que certamente estão envolvidos na grandeza do serviço cristão. 

I. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO SE MOSTRA NA ATITUDE DE SERVO 

1. Somos apenas servos nesta grande obra do Senhor. A visão de servo não contradiz a grandeza, porque servir ao Senhor é o maior privilégio de que podemos desfrutar em nossas vidas. A palavra “servo”, vem do termo grego “doulov” – doulos, e tem como significado “escravo”, “homem de condição servil”, “criado”. 

2. Não somos senhores da obra e nem os seus donos. Somos instrumentos nas mãos do Senhor para que ela seja realizada entre nós e através de nós. Vejamos algumas referências bíblicas de nosso “servir em Cristo”: 

2.1. Jesus, nosso exemplo de servo. Mc 10.45 “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.

De acordo com este texto, podemos afirmar que o maior exemplo de que precisamos “servir”, está no próprio Senhor, cuja vinda ao mundo foi unicamente para dar a sua vida por nós. 

Muitos filhos de Deus, ao invés de se apresentarem como servos, se colocam na posição de “senhores absolutos”, frustrando o propósito de Deus em suas vidas. Deus não abençoará aqueles que usurpam uma posição que não é a deles. Como Filhos de Deus, nada somos além de servos, de escravos, etc... 

2.2. Como Jesus, devemos estar dispostos a servir. 1ª Pe 4.10 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.

A palavra “servir” neste texto é “diakonew” – diakoneo, que quer dizer “ministrar”, “auxiliar”, “servir como provedor de determinada necessidade”. Isto significa “ministrar (servir) ao Senhor em favor de outros”. 

A igreja é serva do Senhor. Cada um de nós, como membros desta Igreja, somos servos de Deus. A igreja é plantada numa localidade para servir. É no serviço que está a grandeza da obra de Deus. Ninguém está no mundo para “se servir”, “para usufruir”. É no serviço que encontramos nossa verdadeira grandeza como crentes e reconhecemos a grandeza da obra de Deus. 

2.3. Devemos servir não de maneira fingida, mas com sinceridade. Ef 6.6-7 “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7- servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens.”

De acordo com este texto, nosso servir deve obedecer a duas prerrogativas: 

A. Não devemos servir apenas na aparência. Existem muitos filhos de Deus que aparentemente se apresentam como servos, porém interiormente se mostram “senhores”, uma vez que suas atitudes denunciam que eles não são submissos a Deus. 

B. Devemos servir de coração, fazendo a vontade de Deus. Aqui está a excelência do verdadeiro servir, que é uma disposição que vem de dentro, do coração! E ainda, segundo a vontade de Deus! O verdadeiro servo procura agradar ao Senhor a quem presta serviço, e não tem como pretensão agradar a si mesmo! 

3. Precisamos aprender a servir e não almejarmos ser servidos! Jo 13.13-17 “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. 14- Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. 15- Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.16- Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. 17- Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” 

3.1. A base do serviço cristão são os exemplos de Cristo. Jesus quis que ficasse bem esclarecida a sua atitude. Tanto que perguntou aos discípulos: “Vocês entendem o que lhes fiz?”. A atitude de Cristo de retirar sua vestimenta, assumir a postura de servo e lavar os pés dos discípulos, é um símbolo do seu esvaziamento para assumir a forma humana e purificar os pecados da humanidade com a sua morte na cruz. Na passagem do versículo 14 , Ele não estava se referindo à limpeza externa dos pés, mas estava ensinando a eles a importância de se humilharem e servirem uns aos outros, de não se considerarem superiores. Se Ele, sendo o Cristo, estava disposto a lavar-lhes os pés, nenhum serviço seria humilhante demais para eles. Observe que Cristo declarou: “Eu lhes dei exemplo, para que vocês façam como eu fiz” (v. 15). 

3.2. Aplicando a Palavra. Assim como foi necessário que Jesus se humilhasse, nós devemos nos humilhar antes de nos propormos obedecer à vontade de Cristo. Leia Filipenses 2:5. Para obtermos a vitória devemos primeiro nos humilhar, tornando-nos servos de Jesus Cristo. Devemos: 

3.3. Submeter a nossa vontade totalmente a Ele. Não considerar qualquer tarefa simples demais no serviço cristão.

Olhar primeiramente para Cristo antes de olhar nossos próprios desejos e interesses. Considerar que de agora em diante nossa vida pertence exclusivamente a Cristo – vivendo ou morrendo. Precisamos seguir o exemplo de humildade que Cristo nos deixou e, em assim fazendo, teremos à nossa disposição todos os recursos espirituais para conquistarmos nossas vitórias sobre o inimigo. 

II. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO NOS REVELA QUE TUDO VEM DO SENHOR 

1. Nada provém de nossa capacidade, inteligência ou estratégia. Tudo vem de Deus. O que temos, o que somos e tudo o que viermos a ser ou a ter, provém de Deus. Quem não entende que não passamos de "instrumentos", nas mãos de Deus, não estará apto para a obra. Lembre-se, o instrumento não toca sozinho, mas depende de alguém que o execute, para daí produzir a bela música! Novamente, não devemos deixar de analisar alguns versículos na Palavra de Deus: 

1.1. Nossa dependência na pregação da Palavra de Deus. 1ª Pe 4.11 “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” Note a expressão: “fale como entregando oráculos de Deus”. A palavra "oráculos", vem do grego “logion” – logion, que tem como sentido: “as palavras ou expressões vocais de Deus”. Aquele que ministra deve entregar a Palavra de Deus e falar de acordo com o poder que Ele concede, mediante a ação do seu Espírito em nós. 

Lembre-se da pregação de Paulo: 1ª Co 2.1-5. “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2- Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3- E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 4- A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5- para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” 

1.2. Nossa dependência como vasos de Barro. Para ser completos com o poder de Deus, precisamos reconhecer que somos apenas vaso de barro. 2ª Co 4.7 “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. Note que aqui também, Paulo estava falando a respeito de sua pregação, 2 Co 4.5 “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus”. Tudo vem do Senhor! Eis a grandeza da obra que realizamos. 

1.3. Nossa dependência como “ramos da Videira”. Jo 15.5, “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” 

Observe: O ramo não pode existir independente da videira! É através dela que ele, o ramo, recebe a seiva e os nutriente necessários para sua sobrevivência. Se comparativamente, a Videira é Deus e nós os ramos, está estabelecida uma relação de dependência vital para nós como filhos de Deus. Deus sobrevive sem nós, porém, nós não podemos viver sem Deus! É por esta razão que Jesus afirma: “... sem mim nada podeis fazer”. 

4. Não nos resta alternativa! Se queremos ser úteis precisamos depender inteiramente do Senhor! No evangelho de Lucas (23.46); o próprio Jesus mostrou dependência do pai (o Deus que criou os céus e a terra), crucificado na cruz ele clamou em alta voz, Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.

Quantas vezes nos gabamos daquilo que fazemos? Isso não agrada ao Senhor. O que agrada o coração de Deus é um coração quebrantado e contrito. 

III. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO MANIFESTA A GRAÇA DE DEUS 

1. Servir o próximo. Pedro diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pe 4.10).

A palavra “graça”, vem do termo “cariv” – “charis” e quer dizer: “favor”, “benefício”, “generosidade”, “presente imerecido”. Pela nossa condição de pecadores diante do Criador, nada merecemos dele! Portanto, tudo que Ele nos outorga é pela sua graça! 

2. A graça que manifesta de diversas e muitas formas. A obra de Deus não se encontra engessada a uma única manifestação. Ela é grande o suficiente para se manifestar em todos os contextos e de formas que nós nem sequer imaginamos. 

3. Coração e mente abertas. Quem serve ao Senhor deve estar com o coração e a mente abertos para sentir e ver como Deus age para alcançar e transformar as pessoas. O nosso compromisso é sermos “instrumentos da manifestação da graça de Deus” entre os homens. 

3. Devemos ter a mesma atitude que Barnabé teve quando chegou em Antioquia. Depois que se soube que ali muitos pregadores espontâneos haviam proclamado que “a mão do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.21). Ali chegando Barnabé, nos diz a Palavra que ele “viu a graça de Deus, e se alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração.” (At 11.23). 

4. Quando a graça de Deus se manifesta, ninguém pode opor resistência. A obra do Senhor é grande porque ela manifesta sua graça. Podemos observar como a graça se manifesta em nós, como já vimos, sobre tudo quanto nos vem de Deus. Vejamos alguns pontos, entre tantos outros onde a graça se manifesta: 

4.1. Somos o que somos pela graça. Paulo se considerava “ministro”, “servo”, somente pela graça de Deus, "Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo" (1ª Co 15.10). 

4.2. Somente a “superabundante” graça de Deus nos leva à contribuição em amor, tanto com nossas ofertas e contribuição monetária para sustento da Obra, como também na ajuda aos pobres e necessitados. 2ª Co 9.13-14, “Visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, 14 enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós”. 

4.3. Não podemos viver sem a graça de Deus. Na carta aos Hebreus temos: “...atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb 12.15).

4. Por mais que queiramos ser independentes, há uma grande carência da manifestação da graça de Deus em nós! 

IV. A GRANDEZA DO SERVIÇO CRISTÃO GLORIFICA A DEUS 

1. Fazer dando graças ao Pai. Paulo disse que “tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3.17). 

2. A verdadeira obra é aquela que glorifica a Deus. Jesus ensinou: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15.8).

Daí resulta também sua grandeza. Ela não é para glória pessoal de ninguém. infelizmente, muitos se autopromovem dizendo que fazem para a glória de Deus. Não é a pessoa que vai dizer isso; os frutos irão provar se realmente é para a glória de Deus que ela trabalha. 

3. Estamos vivendo um tempo de puro farisaísmo na vida de muitos que dizem servir a Deus, mas servem a si mesmos. O trabalho destes que deveria glorificar a Deus acaba sendo motivo de autoglorificação. No dizer de Paulo: 

3.1. Acabam servindo ao seu próprio ventre. Romanos 16.18, “porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.” 

3.2. Porém, serão punidos severamente. Fp 3.19 “O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.” 

3.3. Devemos trabalhar no reino objetivando a exaltação e a glorificação do nome de Jesus, o Dono legítimo da Obra. 

CONCLUSÃO

Concluímos com as palavras de Neemias, diante das investidas dos seus inimigos que punham obstáculos ao que ele estava realizando: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6.3).

No contexto do presente versículo notamos Sambalate, Tobias, Gésem, o arábio e muitos outros inimigos do povo de Deus naquele tempo, em suas tentativas frustradas de parar a construção dos muros de Jerusalém. Agora intentam um plano sinistro para matar Neemias. Armam-lhe uma cilada, convidando-o para vir ao vale de Ono, onde seria assassinado. Porém ele diz: Como poderei cessar esta obra? Sua convicção e presteza o livrou!

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 27 de abril de 2022

AS VIRTUDES DO AMOR

 


Marcos 12.28-31 “Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29- E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30- Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. 31-E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”

O amor ao Deus único e o amor ao próximo são mais importantes do que todos os holocaustos e sacrifícios. Essa é a verdadeira adoração a Deus. Esses dois mandamentos, originalmente encontrados no Antigo Testamento de forma separada, são reunidos por Jesus nesse duplo mandamento do amor. Somente quando amamos nosso próximo, também estaremos amando a Deus. O amor a Deus é concretizado no amor ao próximo.

O Deus único deve ser objeto supremo da adoração e do amor, amor que é visto como desenvolvimento espiritual (v. 29). 

A Bíblia mostra que amor verdadeiro pelo Senhor é demonstrado em um coração que anseia obedecer aos mandamentos de Deus. Jo 14.15 “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” Jo 14.21 “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” 1ª Jo 5.3 “Porque nisto consiste o amor a Deus: obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados.” 

Quando vemos a definição de amor, logo percebemos como a sociedade carece deste. Os homens estão ficando cada vez mais egoístas, implacáveis, amantes de si mesmo e dos prazeres. Quase não se vê o verdadeiro amor por aí, por isso é necessário ensinar a Palavra de Deus para que as pessoas pratiquem e vivam o verdadeiro amor a fim de não serem destruídos.

Um coração que não pensa e não se preocupa em constantemente obedecer ao Senhor é um coração que não ama a Deus e provavelmente nunca foi regenerado.

Os dons espirituais são manifestações do Espírito em nós. Ele É o único doador dos carismas para a Igreja. Contudo, Paulo não censura um crente que deseja buscar um ou mais dons específicos. Ele apenas faz duas observações: (1) a busca dos dons deve ser zelosa e (2) devem ser buscado os melhores dons. 

2. Buscar com zelo. A palavra zelo no grego zêloute, mesma palavra em 14.1. Indica dedicação ardente e cuidadosa, não para conseguir, mas usar e receber os benefícios em prol da igreja. O amor é citado por Paulo como o primeiro gomo do fruto.

Os dons são usados em potencial e devem ser desenvolvidos. Porém, o caminho do amor, conforme descrito em 1ª Co 13, é o maior dom, ou seja, deve ser uado com excelência. O capítulo 13 foi escrito, porque Cristo viveu a realidade do amor ágape e deixou exemplo aa ser seguido, que é Amor sacrificial. 

3. A necessidade do amor (1ª Co 13). Paulo começa abordando a questão que estava causando o maior problema em Corinto – o dom de línguas. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, ele escreve em versículo 1, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.

3.1. Em primeiro lugar, o apóstolo Paulo começa dizendo que mesmo que se fale em línguas, se não houver em nós o amor verdadeiro, isso só vai ser ostentação de poder sem ter na verdade um objetivo proveitoso a atingir; seríamos apenas como um sino barulhento que mais irrita os que o ouvem do que produziríamos um som melodioso e agradável. Os que ouviriam a pregação sentiriam logo o vazio dela, pois seria palavra morta, sem a vida do Espírito de Amor do próprio Deus. Falar em línguas neste texto diz respeito ao dom do Espírito de falar em línguas estranhas, ou ‘língua de anjos’ (como algumas pessoas dizem), como ocorreu no dia de Pentecostes com os Apóstolos como um sinal do batismo no Espírito Santo. 

3.2. Em segundo lugar, ele fala que mesmo profetizando a palavra de Deus, conhecendo os mistérios e a ciência, tendo fé e realizando o impossível, sem o amor não seremos nada. Por isso, Jesus disse nos evangelhos àqueles que no final dos tempos reivindicarem o direito de estar no céu simplesmente por terem feito curas e profetizado em Seu nome: “Apartai-vos, vós os que praticais iniquidade, nunca vos conheci” (Mt 7.23), porque sem o traço de semelhança com Ele, não poderemos ser reconhecidos como sendo Seus. O diabo também faz cura e profetiza, mas não sabe amar. 

3.3. Em terceiro lugar, ainda que distribuamos nossos bens aos pobres e realizemos sacrifícios com nosso próprio corpo como prova de amor, se o AMOR verdadeiro não estiver em nós, nada vai aproveitar. Isso não nos garantirá lugar no céu nem a aprovação de Deus. 

4. As Virtudes do amor. 1ª Coríntios 13.4-7 “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. 5- Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6- Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; 7- Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

O amor é um conjunto de características descritas nos versículos que se seguem: 

4.1. O amor é paciente. A grande e primeira característica da presença do amor de Deus em nós é a paciência; paciência para que as coisas aconteçam, paciência conosco e com as pessoas, paciência com as circunstâncias e até com Deus, o que já nos coloca numa situação de humildade diante Dele e dependência da Sua ajuda. Num mundo tão informatizado, mecanizado e tão desesperado e preocupado com a urgência, com a rapidez e com a eficiência, torna-se extremamente difícil a prática do amor verdadeiro porque não temos paciência nem humildade de reconhecer que somos aprendizes em algumas áreas e que é o exercício, o tempo e a prática que nos fazem eficientes naquilo que estamos aprendendo. Um médico não se torna médico em duas semanas na faculdade de medicina, nem sentado apenas numa biblioteca estudando sobre patologia médica (estudo das doenças), mas dentro de um hospital de oito a trinta e seis horas seguidas, às vezes, lidando frente a frente com o lado prático das situações. Um pastor não se torna pastor em três anos de convertido, só porque sabe de cor a palavra de Deus ou porque sabe expulsar demônio. Tanto para lidar com aparelhos, quanto com pessoas, até com plantas e animais, precisamos ter amor, o que implica paciência para esperar a semente frutificar e o ‘filho’ nascer, ou o ‘pai (mãe)’ estar pronto para ser pai (mãe). Por isso, Deus fez o mundo em sete dias para nos mostrar que quando se ama o que gerou e quer fazer perfeito, deve-se ter paciência e meticulosidade, perseverança, persistência e cuidado. A carne humana é impaciente porque vê o tempo cronológico; o espírito é paciente porque enxerga a eternidade, o tempo de Deus. 

4.2. O amor é benigno. Significa ser bondoso. Benignidade, embora parecido com bondade no seu significado prático, simboliza, mais diretamente, a natureza de ter o bem implantado dentro de si como uma marca. É ter uma natureza voltada ao bem sempre, pensando no bem-estar do semelhante como Deus pensa nos Seus filhos; detestar tudo o que é maligno ou possa causar dano a outrem; rejeitar e se opor à natureza do diabo e do mundo. Ser bom é saber fazer o outro feliz. E fazer o outro feliz implica respeito pelas suas vontades e necessidades. Muitas vezes, queremos dar algo a alguém, entretanto, não nos preocupamos se o que vamos dar vai fazer essa pessoa feliz ou não, porque nem todos os presentes agradam, simplesmente pelo fato de estar implícita aí uma necessidade. Por exemplo, pode ser lindo o vestido ou a peça de decoração que queremos dar à nossa amiga e, com certeza, ela ficaria feliz, pois o preço é caro e o produto é importado. Entretanto, pode ser que um pacote de macarrão dado com amor num momento de extrema dificuldade financeira seja a grande felicidade. Fazer o outro feliz, ser bom com o outro, significa termos sensibilidade para observá-lo, assim como suas necessidades, seus gostos, seus costumes, como Jesus fez com todos aqueles que se aproximaram Dele pedindo algo. Ele poderia simplesmente curar o cego, mas perguntou-lhe primeiro: – “Que queres que eu te faça?” Isso foi, entre muitas outras coisas, um sinal de respeito pelo desejo do outro. É lógico que, como Deus, Ele sabia, mais do que o homem, o que ele necessitava. O cego poderia, simplesmente, ter pedido para Jesus para falar com aquele povo para consertar o teto de sua casa porque, se houvesse goteiras, ele poderia se machucar ao cair. Tenho certeza que se esse fosse o pedido, Jesus lhe concederia com prazer, porém, como Deus que era, mesmo que fosse só esse pedido, Ele o curaria também, porque sabia muito bem o que o faria verdadeiramente feliz. Portanto, exercer o amor é exercer a bondade de Jesus, fazer nosso próximo feliz seja com grandes como com pequenas coisas. Muitas vezes, ser bom não nos faz gastar dinheiro nem tempo; só um beijo ou um bom-dia basta; uma oração no momento do choro de angústia de um irmão é suficiente para trazê-lo novamente ao seu estado de bem-aventurança. A bondade está ligada à compaixão. Uma pessoa não consegue sentir compaixão por aqueles que sofrem algo que para ela é desconhecido. Por isso, Deus nos permite sofrer muitas coisas: para podermos entender o outro e sermos um canal verdadeiro de bênção como Jesus foi. O egoísmo e o não querer se comprometer com o próximo é inato no ser humano. O ensinamento de Jesus é: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei; chorai com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram” (Jo 13: 34; Jo 15: 12; Rm 12: 15). 

4.4. O amor não arde em ciúmes. Em grego, a palavra usada para ‘ciúmes’ é ‘zeloo’ (Strong #2206, ζηλόω), que significa: ter um sentimento ardoroso a favor ou contra; afetar, cobiçar (sinceramente), desejo, desejar, (mexer com) inveja, ser ciumento de, ser zeloso, zelosamente. Muitas vezes nos comportamos como crianças imaturas diante de Deus e sentimos ciúmes da aprovação Dele se um irmão fizer algo melhor que nós. Ele nos vê sob outro prisma, Ele olha o nosso coração de outra maneira. Quando Samuel foi enviado para ungir Davi, Deus lhe disse: “O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”. Não arder em ciúmes significa: ser generoso. Generosidade é dar liberalmente, sem pensar que o que estamos dando nos pertence e é precioso demais para darmos ao outro. Se tivermos ciúmes de algo que nos pertence, fica difícil dá-lo a alguém livremente, porque ficamos pensando naquilo o tempo todo. Assim é com o amor. Se dermos amor a alguém pensando que ele nos pertence, terminaremos com a sensação de que vai ficar faltando e, então, o reivindicaremos de volta para nos suprir. É aí que entra a diferença entre o amor humano e o amor divino. Nascemos como uma visão errada de que amor é algo limitado e que tem uma cota diária para ser usada, por isso amamos de maneira restrita, exigindo de volta o que damos. É o que Paulo fala nas suas epístolas aos Coríntios 2ª Co 6.12: “Não tendes limites em nós; mas estais limitados nos vossos próprios afetos”. Muitos pais incutem esse conceito errôneo nos filhos quando dizem: “Se você for bonzinho, papai lhe dá um brinquedo”, “Se você for uma menina boazinha, mamãe lhe dá um beijo”, ou então, “Olha só o que você fez! Eu odeio você!” Assim, a pessoa carrega esse amor condicional dentro de si por toda a vida e faz qualquer negócio para ganhá-lo; é o que se chama de: ‘a paz a qualquer preço’. Não precisamos sentir ciúmes se outros amam mais do que nós, ou se aquele a quem amamos é mais amado do que nós, ou se quem amamos só pode ser amado por nós e por mais ninguém. Jesus amou a todos na cruz e Seu amor deu e sobrou para todo mundo até hoje. Ele está disponível vinte e quatro horas por dia para quem quiser beber dele há mais de dois mil anos. Não precisamos ter ciúme do amor de Deus por outras pessoas, porque o Seu amor é suficiente para todos nós ao mesmo tempo. O interessante de tudo, a grande chave, é saber encontrar e receber Seu amor; em segundo lugar, aprender a amar como Ele ama: libertando. O amor humano prende, o amor divino liberta. Para encontrar o amor de Deus é fácil: apenas entrar em Sua presença pela oração e com o coração sincero, livre de pecados, sem medo de Sua punição e com a disposição interna de ser como Ele: um doador. Quando aprendermos a nos doar, descobriremos como Deus ama. Muitas pessoas se confundem e querem justificar seu egoísmo dizendo que cada um tem uma maneira própria de amar, o que de fato tem, mas o que está em jogo aqui não é a quantidade ou a forma de manifestação, e sim a qualidade do amor: “Ninguém tem amor maior do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15: 13). A qualidade de amor que o Senhor fala aqui é a que Ele deu na cruz: a totalidade do Seu ser em disponibilidade a todos; em outras palavras, o que temos não nos pertence, nos foi dado gratuitamente pela misericórdia e graça de Deus sem o nosso merecimento, portanto, deve estar disponível a quem necessitar disso. O que temos de mais precioso é Sua palavra de salvação. 

4.4. Não se ufana, não se ensoberbece. Isso quer dizer: humildade. O verdadeiro amor se dá sem pedir condecorações pelo seu ato de doação e bondade. Não se orgulha de ter feito o bem, não fica contando seus feitos para todo mundo, não procura ser visto, mas alegra-se pelo fato de ter exercido o mandamento do Senhor, sabendo que a recompensa vem de cima. Não precisamos de demonstrações exageradas de afeto ou de grandes presentes para dizer que amamos; pelo contrário, o amor é uma semente pequena que precisa ser semeada, adubada e regada todo o dia como um estilo de vida, não como um ato esporádico de benfeitoria. O amor implica em cuidado constante com aquilo que se ama, até com coisas inanimadas como uma casa ou com o templo do Senhor. O ato de amor exige constância e vigilância para que nada cause danos ao que está sendo cuidado. É assim que Deus faz conosco: dia a dia Ele cuida e vigia para que nada nos cause danos (Is 27: 3: “Eu, o Senhor a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela”). 

4.5. Não se conduz inconvenientemente. Significa: delicadeza, discrição. O verdadeiro amor é delicado, discreto, respeita à vontade, o direito, o descanso, as limitações do outro e procura sempre o melhor momento para se manifestar. Para isso, é necessário desenvolver a sensibilidade. Assim como o Espírito Santo é delicado e procura um momento oportuno para nos falar sem nos expor ao ridículo, devemos fazer o mesmo com aqueles a quem dizemos que amamos, não chamando sua atenção na frente dos outros por pouca coisa ou apenas por um costume, uma ‘brincadeirinha’ que causa mal-estar em todos os que estão à volta. Brincar com a maneira de ser das pessoas, com suas limitações, tiques nervosos ou problemas, principalmente na frente de outros, até na frente de um grande público, não agrada o coração de Deus. Esposos e esposas, pais e filhos, irmãos e irmãs, amigos e amigas, namorados, alunos e professores, patrões e empregados, pastores e ovelhas e assim por diante, todos precisam rever suas atitudes para que a rejeição, a divisão, a inimizade e o ódio desapareçam dos relacionamentos. O amor levanta o caído e o exalta diante dos que o humilharam. Foi o que Jesus fez o tempo todo. Lembre-se da mulher do fluxo de sangue; de Jairo; do centurião; dos leprosos; de Zaqueu; da mulher adúltera que ia ser apedrejada; da mulher que enxugou Seus pés com os cabelos na casa de Simão; da história do filho pródigo; da viúva pobre; das crianças que queriam estar com Ele; de Maria que era criticada por Marta; de Maria Madalena que foi liberta de sete demônios e passou a acompanhá-lo; da mulher samaritana que já tinha tido cinco homens, mas nenhum deles fora seu marido de verdade; dos cegos que foram curados; do ladrão preso na cruz ao Seu lado; do endemoninhado gadareno e outros. Jesus não ridicularizou nenhum deles; pelo contrário, teve sensibilidade para com eles, soube se portar convenientemente; soube amá-los. 

4.6. Não procura seus interesses. Isso quer dizer: entrega. Quem ama não se preocupa se amar o outro vai dar lucro, retorno ou não. É saber suprir a necessidade do semelhante sem ver nele um ‘investimento’ para o futuro. Pessoas não são contas poupança que vão dar rendimento posteriormente. Isso se refere a casais, famílias, amigos, relacionamentos com irmãos em Cristo etc. O cuidado mútuo vai ser o resultado de uma semente que se plantou; vai ser um exercício do amor, não uma obrigação sujeita a pena ou julgamento. Se assim fosse, Jesus teria levado uma total desvantagem conosco, pois nenhum de nós, por melhor que façamos, podemos retribuir à altura o que Ele nos deu; nem adianta tentar. O respeito pelo outro não é uma coisa que se compra, vende ou exige, porém, se ganha no dia a dia, dependendo da atitude daquele que o quer. Jesus não precisava exigir respeito; Sua atitude diária por si só já era digna de respeito. Ele amou incondicionalmente, sem procurar Seus próprios interesses, mesmo quando Lhe negavam acolhida. Você se lembra da passagem que Jesus disse: “As raposas têm seus covis e as aves dos céus seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”, porque recusaram estadia para ele naquela cidade? (Mt 8.20). Ele não os amaldiçoou, apenas continuou Seu caminho. 

4.7. Não se exaspera. Significa: tolerância. Que coisa difícil sermos tolerantes com a lentidão dos outros, com seus hábitos e costumes, até com sua ansiedade e stress, pois muitas vezes, nos afetam e tiram nossa paz de espírito! Às vezes, é difícil até sermos tolerantes conosco, com o nosso próprio crescimento e compreensão das coisas naturais e espirituais. O perfeccionismo que afeta a maioria das pessoas é um reflexo da intolerância em relação às próprias imperfeições, o que acaba gerando uma cobrança nos outros e impedindo o livre fluir do Espírito de Deus. Onde tudo tem que ser perfeito, o Espírito Santo não age, pois o nosso conceito deformado de perfeição é completamente diferente do Seu. Devemos buscar a perfeição, sim, o que nos leva a pensar que devemos buscar a semelhança com Jesus, fazer o melhor que podemos para Ele, para nós e para os outros, mas estando cientes das nossas limitações e sabendo elogiar alguém ou a nós mesmos quando descobrimos que o amor com que algo foi feito esteve acima da neurose humana de atingir a perfeição. Para o Senhor, a perfeição está relacionada a sermos completos, ou seja, é nossa união com Ele que nos torna perfeitos, pois Ele nos completa, preenche nossos espaços vazios e nos supre nas nossas deficiências. A perfeição não é a ausência de pecado; ela indica plenitude, maturidade, exercendo a lei do amor a Deus e aos homens. O Senhor disse a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1b). Existe outro versículo que diz: “Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem” (2ª Co 8.12). Fazer o melhor que podemos é ser perfeito. Por outro lado, o perfeccionismo é uma forma de rejeição contra nós mesmos e nos torna inflexíveis diante daquilo com que necessitamos ter flexibilidade como, por exemplo, lidar com gente como a gente. O perfeccionismo acarreta jugo e impede o riso, gera formalidade e impede a comunhão verdadeira no Ágape (em grego, o amor de Deus), pois nos sentimos inibidos de sermos nós mesmos. Entristece o coração de Deus, pois tira de nós a humildade e a espontaneidade e dá lugar ao orgulho. Jesus era tão tolerante que suportou a mente fechada e o tradicionalismo dos fariseus julgando Sua sã doutrina; suportou a incompreensão e a arrogância de Pilatos julgando se devia ser solto ou preso. Era tão tolerante que se dispunha a comer com ladrões, bêbados e prostitutas para lhes levar a verdadeira luz. Era tão tolerante que aguentava as mudanças de humor de Pedro. Era tão tolerante que suportava ver Judas como Seu tesoureiro. Era tão tolerante que ouvia as histórias mais compridas e absurdas, quando podia ir direto ao assunto, curar a pessoa de uma vez por todas e sair para fazer outra coisa. É tão tolerante conosco que trabalha por anos a fio na mesma ferida e no mesmo trauma até que estejam perfeitamente curados e estejamos totalmente seguros para enfrentar novos desafios, mesmo quando qualquer psicólogo já desistiu de nós. É tão tolerante que não desiste de nos transformar de ‘pedras brutas’ em ‘cristais lapidados’ ou ‘esculturas’ perfeitas semelhantes a Ele. Que temos a dizer diante disso? 

4.8. O amor não se ressente do mal. Significa: inocência, não guardar rancor diante das coisas que nos fazem. Quem ama esquece e perdoa, faz vista grossa diante de certas coisas para não ser ferido. É mais um item das difíceis características do amor, e só por ação divina em nós é que conseguiremos superar as provas da vida. É exercitar, pela fé, o que Davi teve que exercitar na família e diante de Saul. É preferir ser feliz a ter razão. É deixar a justiça na mão de Deus, assim como a escolha de certas circunstâncias para não sofremos mais do que o necessário. Não é fugir do desafio, é simplesmente ter sabedoria e prudência. É fazer o que Davi fez diante da revolta de Absalão e deixar Deus decidir. Amar com inocência é fazer as coisas na simplicidade de uma criança, apenas porque dá prazer em fazer, não porque os outros vão achar adequado ou não. Atualmente somos tão exigentes em tudo, que até na questão do amor queremos julgar as atitudes. Amar sem se ressentir do mal é ser como criança na malícia e viver debaixo das asas protetoras de Deus Pai, ao invés de sermos tão adultos como os homens desejam que sejamos; é fugir das atitudes carnais que trazem peso ao nosso ser. 

4.9. Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Significa ser sincero, fazer o mesmo que Jesus fez no passado e ainda faz conosco: amar o pecador, mas odiar o pecado. É saber que nós podemos errar, todavia, não precisamos ser coniventes com o erro ou com as coisas que entristecem o coração de Deus. Na verdade, é vivenciar o verdadeiro arrependimento e mostrar esse arrependimento aos que estão no caminho errado, até para que possam gozar a intimidade com o Senhor. Arrepender-se é reconhecer o erro e mudar de atitude. Quando amamos nossos irmãos e as coisas de Deus, também nos importamos se o diabo os está enganando e roubando deles ou através deles as bênçãos divinas ou violando Sua santidade. É, muitas vezes, tomar partido de certas causas por amor à Sua justiça, mesmo nos custando a falta do apoio dos acomodados ou dos covardes; é defender aqueles que não podem se defender e lutar para erradicar a tristeza, trocando-a por um sorriso de satisfação nos lábios de alguém. Em resumo, repetir o que Jesus veio fazer aqui na terra: destruir as obras do diabo. A sinceridade, entretanto, não deve ser uma desculpa da carne para colocar o outro ‘para baixo’ ou minar sua esperança e sua fé, e sim, a sinceridade de mostrar no próprio semblante a aprovação ou a desaprovação com as situações e atitudes que nos afrontam; é exercer a disciplina e a autoridade para preservar a vida de Deus em nós e nos que amamos. 

O texto continua dizendo que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E isso até que veja cumprida a justiça e a verdade de Deus em cada situação. 

4.10 “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. O amor tudo sofre. também em 1ª Coríntios 9.12 quando o apóstolo Paulo diz que, tudo suportava para que não viesse a ter obstáculo ao evangelho de Cristo. Estas duas palavras são sinônimas, vem da mesma raiz grega. O que sofre, suporta; e o que suporta, sofre. Aquele que ama tudo sofre e tudo suporta. Literalmente, esta palavra dá a ideia de um vaso para “conter”, “reter”, “guardar”, “não perder”. Outra ideia forte desta palavra é: “encobrir”, ou seja: “cobrir”, como um telhado, por exemplo. Aquele que ama, encobre, não deixa a pessoa amada “sem teto”. Não manda embora de casa, não deixa à mercê e ao relento. Em um episódio épico coreano, o guerreiro, rapidamente construiu uma pequena cabana de galhos e folhas para que sua amada, cansada e ferida, pudesse repousar. O amor não permitiu que a amada dormisse ao relento em uma noite fria. No dia seguinte, os inimigos que vinham perseguindo-os há dias, ao chegar ao local, logo concluíram que eles haviam estado ali. Até os maus sabem que o amor “cobre”. 

4.11. O amor jamais acaba. Mesmo quando chegarmos à eternidade, onde não mais haverá necessidade de profecias, ou ciência ou o falar em línguas, o amor persistirá, pois é o próprio Deus e Ele é eterno. O segredo é trazer esse amor hoje para dentro de nós e vivermos Sua essência neste momento. Hoje, conhecemos as coisas em parte, como diz Paulo, pois ainda não estamos totalmente imersos em Deus, mas no final dos tempos, quando nos unirmos a Ele e tivermos consciência de Sua verdadeira essência, aí não precisaremos mais das nossas suposições nem das experiências carnais e imperfeitas porque conheceremos, face a face, Aquele que é perfeito. 

Paulo termina o texto com um comentário interessante de, confirmando o seu crescimento com Deus, o que lhe trouxe a maturidade e, consequentemente, uma visão mais ampla do amor. Ele diz: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 29 de março de 2022

A CHAMA DOS DISCÍPULOS DE JESUS

  


Mateus 4.18 “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.”

 Jesus tinha uma missão preciosa no momento desse chamado, era justamente de escolher homens que fossem capazes de após a sua morte continuar pregando o evangelho da salvação. Com essa missão, ele chamou cada um de forma diferente, mas todos para o mesmo propósito.

O mesmo chamado existe hoje em dia nas nossas vidas, a todos os momentos, Cristo está dizendo: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. Este chamado é tão grandioso que se estende até nós nos dias de hoje.

Jesus busca as pessoas para acompanha-lo e trabalhar com Ele, ou seja, compartilha a sua missão com a humanidade, isso revela seu desejo de comunhão conosco.

 1. Jesus chama ensina e capacita Seus discípulos. Lucas 8.9,10 “E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta? 9- E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.”

 As parábolas de Jesus podiam ocultar e revelar verdades. Suas narrações alegóricas transmitiam ensinamentos recentes — mistérios — acerca do Reino de Deus. Ele ensinava separadamente. Só Seus discípulos tinham o privilégio de aprenderem as verdades das parábolas. Para outros ouvintes, as narrações serviam como julgamentos que ocultavam a verdade, como a referência de Isaías 6.9 indica. De vez em quando, uma parábola era compreendida por um estranho, mas não era aceita. Deste modo, ela ainda funcionava como uma mensagem de julgamento (Lc 20.9-19).

 2. Ministério é renúncia. Mateus 16.24,25 “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; 25- Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.”

 No texto acima, Jesus estabelece um importante princípio para todos aqueles que desejam segui-lo e se tornarem seus discípulos.

 Para ser discípulo de Jesus, é necessário:

 1. Negar a si mesmo. Lucas 14.33 “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.”

Primeiro é necessário entender o que é a cruz. A sua cruz não é seu cônjuge, seu pai, seu filho, nem uma doença ou problema qualquer. Mas consiste em estar no centro da vontade de Deus.

Todos nascemos com uma tendência natural para o pecado e a destruição. A Bíblia chama esse lado da nossa natureza de “a carne”. Quando seguimos Jesus, somos chamados a negar nossa carne e a viver para agradar a Deus. Isso significa negar a parte de nós que ainda quer pecar e escolher viver no Espírito, obedecendo a Deus (Gl 5.16-17).

Negar a si mesmo para seguir Jesus significa abandonar o pecado (1ª Jo 2.16), e submeter sua vontade à vontade de Deus, estando pronto a se sacrificar por amor a Jesus. Seguir Jesus implica largar mão de tudo que não está dentro da vontade de Deus para nós: “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1ª Jo 2.17).

Jesus tem como foco que aquele que deseja segui-lo precisa estar alinhado com Sua vontade.

Para seguir a Cristo, devemos não somente abandonar alguns pecados específicos, como também renunciar aos nossos desejos egoístas, que se encontram na raiz de todos os nossos pecados. Seguir a Cristo é entregar a Ele os direitos sobre a nossa própria vida. É também abdicar ao trono do nosso coração e reverenciá-lo como nosso Rei. Jesus descreve vividamente, em três frases, essa renúncia.

 2. Perder a sua vida. A terceira expressão usada por Jesus para descrever a renúncia ao eu é perder a vida: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Mt 16.25), A palavra “vida” aqui não denota a existência física, nem a alma, mas o nosso eu. A psique é o ego, a personalidade humana, que pensa, sente, planeja e escolhe. De acordo com um ditado semelhante preservado por Lucas, Jesus simplesmente usou o pronome reflexivo para falar sobre o homem perder “a si mesmo”. O homem que assume um compromisso com Cristo perde a si mesmo. Isso não significa que ele perde a sua individualidade. A sua vontade é, de fato, submetida à vontade de Cristo, mas a sua personalidade não é absorvida pela personalidade de Cristo. Ao contrário, quando o cristão se perde, ele encontra a si mesmo e descobre a sua verdadeira identidade.

 2.1. A condição de “negar-se a si mesmo” inclui muita coisa, como por exemplo:

·         Negar-se a si mesmo é amar ao Senhor acima de todas as coisas, e ser fiel à causa do Evangelho acima de qualquer aspiração pessoal.

·         Negar-se a si mesmo é dizer não a natureza humana decaída, ou seja, o velho “eu” que tenta nos desviar para as concupiscências das obras da carne.

·         Negar-se a si mesmo é renunciar toda confiança em sua própria natureza, religiosidade, capacidade e obras, e entender que a salvação depende exclusivamente de Deus, e que os méritos pertencem tão somente a Cristo.

 3. “...tome a sua cruz e siga-me....”, quer dizer: estar disposto a morrer para seguir o Salvador, que é Jesus. No entanto, é chamado isso de “morrer para si mesmo”.

Na versão de Lucas dessas palavras de Cristo, a expressão “dia a dia” é acrescentada. Isto significa que o cristão deve morrer diariamente. Todos os dias ele renuncia à soberania de sua própria vontade. Todos os dias ele renova a sua entrega incondicional a Jesus Cristo.

É o que nos ensina o apóstolo Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2.20).

Assim, para seguir a Cristo, temos que negar a nós mesmos, crucificar a nós mesmos e perder a nós mesmos. Isso é o que Jesus requer de cada um de seus seguidores. Ele não nos chama para segui-lo de forma displicente, mas através de um compromisso forte e absoluto. Ele nos chama para que façamos dele o Senhor de nossas vidas.

Em João 12.24 está escrito “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.”

Em Filipenses 2.5 diz “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.”

3.1. “Tende” (φρονεῖτε). Tanto um apelo como uma exortação a se imitar a Cristo, por ser esta a regra da vida cristã. “Em vós” (ἐνὑμῖν): o apóstolo tem em mente a comunidade cristã.

 3.2. “Mesmo sentimento”. “Em seu ser interior continuem a pôr sua mente nisto, que também (está) em Cristo Jesus” ou “isto esteja constantemente posto em sua mente e em seu interior, aquilo que também está em Cristo Jesus”: a unidade, a humildade e a solicitude (cf. Fp 2.1-4).

 3.3. “Em Cristo Jesus” (ἐν χριστῶ ἰησοῦ). Significa o drama da salvação, em que os crentes foram “inseridos” em sua conversão e batismo, quando os eventos salvadores da história de Cristo adquiriram significado pessoal, e os crentes passaram do domínio da velha natureza para a “nova vida” inaugurada pela vitória de Cristo sobre os poderes das trevas.

Um dos nossos maiores desafios enquanto cristãos é imitar o estilo de vida do Senhor Jesus, mas precisamos ser intencionais nesse sentido. Esse sentimento é a atitude de esvaziar-se. Mas você pode se perguntar, esvaziar-se do quê? E a resposta é: de tudo, absolutamente TUDO.

 O discípulo verdadeiro não deseja fugir, não deseja correr para longe, ele deseja apenas combater o bom combate (2ª Tm 4.7). Tomar a sua cruz significa aceitar irremediavelmente a aflição, a dor, a vergonha e a perseguição por amor a Cristo e ao seu Evangelho.

 3.4. O que é tomar a cruz a cada dia? Carregar a cruz significa:

·         Negar a si mesmo, dizendo não aos desejos da carne (v. 24);

·         Seguir o exemplo de Jesus;

·         Não ter medo de perder para o mundo (v. 25);

·         Responder a duas perguntas: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? “Que daria um homem em troca de sua alma?” (v. 26).

Em nosso dia a dia enfrentamos situações que nos levam a tomar uma decisão entre tomar a cruz ou deixá-la. O caminho da cruz sempre vai ser mais difícil enquanto deixar é algo aparente fácil.

Judas deixou sua cruz por querer ganhar algo de valor e por isso se tornou escravo do pecado, deixando-se enganar pelo mundo e buscando seus interesses. Não reconheceu que sua cruz seria seguir a Jesus até o fim sendo fiel ao seu Mestre.

 4. Seguir a Jesus. Seguir Jesus é fácil quando a vida corre sem problemas. O nosso verdadeiro compromisso com Ele é revelado durante as provações. Jesus assegurou-nos que as provações viriam a Seus seguidores (Jo 16.33). O discipulado exige sacrifício, e Jesus nunca escondeu esse custo.

Quem ama Jesus segue Jesus! Seguir a Jesus é dedicar sua vida a ele, deixando para trás a velha vida dominada pelo pecado. Seguir é andar nos passos de Jesus, tentando ser mais como Ele e obedecendo seus mandamentos.

Jesus afirma que o esvaziamento/renúncia é sacrificial e que aos homens é impossível, mas para Deus tudo é possível.

Ao que Pedro disse que eles tinham deixado tudo para seguir a Jesus ao que respondeu: “E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do Evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna.” (Mr 10.29-30).

Seguir a Jesus é orientar as nossas vidas pelos Seus ensinos, desde aquele ensino que nos convida a aceitar o perdão que Ele oferece a todos até aquele ensino que pede que busquemos seguir os Seus passos tanto em direção à cruz quanto em direção à glória.

Seguir a Jesus, portanto, é ser liberto da condenação do pecado para viver livre no caminho da graça. O resumo do Evangelho, numa palavra digna de toda a aceitação, é: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal (1ª Timóteo 1). Por isto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8.1).

Para seguir a Cristo, devemos não somente abandonar alguns pecados específicos, como também renunciar aos nossos desejos egoístas, que se encontram na raiz de todos os nossos pecados. Seguir a Cristo é entregar a ele os direitos sobre a nossa própria vida. É também abdicar ao trono do nosso coração e reverenciá-lo como nosso Rei. Jesus descreve vividamente, em três frases, essa renúncia.

Seguir a Cristo é renunciar ao eu e seguir Seu exemplo.

Pr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau - SC

quarta-feira, 16 de março de 2022

O MINISTÉRIO DE GLÓRIA

 


Êxodo 24.12-15 “Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei as tábuas de pedra e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinar. 13- E levantou-se Moisés com Josué seu servidor; e subiu Moisés ao monte de Deus. 14- E disse aos anciãos: Esperai-nos aqui, até que tornemos a vós; e eis que Arão e Hur ficam convosco; quem tiver algum negócio, se chegará a eles. 15- E, subindo Moisés ao monte, a nuvem cobriu o monte.”

Nos versos 12 ao18 formam a introdução para o momento extraordinário do encontro de Deus com Moisés, quando esse recebe as tábuas da lei. 

1. A chamada. “Então o Senhor disse a Moisés: Sobe a mim no monte e espera aí” (v. 12a). Conforme declarado acima, Aarão, Nadabe, Abiú e setenta anciãos acompanharam Moisés até este ponto (24.9-11). Agora Yahweh diz a Moisés para continuar escalando sozinho. 

1.2. Josué o servo de Moisés sobe junto. V. 13 “E levantou-se Moisés com Josué seu servidor; e subiu Moisés ao monte de Deus.” Neste trecho, o vocábulo servidor (hb. misharet) é geralmente traduzido como ministro. Josué foi a primeira pessoa mencionada durante a batalha de Israel com os amalequitas (Êx 17.9-14;32.17;33.11). Ele era o servo de Moisés.

Josué serviu como auxiliar direto de Moisés quando ele recebeu a Lei no Monte Sinai. Ele também acompanhou Moisés em todas as vezes que ele foi à tenda onde encontrava e ouvia o Senhor (Êx 24.13; 32.17; 33.11; Nm 21:28).

Certamente esse foi um período de muito aprendizado para Josué. Ele entendeu como esperar no Senhor e aprendeu a ser um adorador fiel. Além disso, ele pôde adquirir traços do comportamento de Moisés e adicionar ao seu próprio valor pessoal, como a paciência, mansidão e liderança. 

1.3. Ele pede ao povo que o aguarde, deixando Arão e Hur na liderança de tudo. “...e eis que Arão e Hur ficam convosco; quem tiver algum negócio, se chegará a eles.” (v. 14). Levando Josué consigo, ele subiu e a glória de Deus cobriu o monte e permaneceu lá por quarenta dias e quarenta noites. 

1.4. Deus chama Moisés para que ele suba ao monte. “Sobe a mim ao monte...”. O comando sobe a mim demonstra que apenas Moisés pôde chegar perto de Deus naquela hora. Hoje, todos nós somos chamados a ter uma viva comunhão com Ele por intermédio de Jesus (Hb 4-14-16). 

2. Quietude. Esperai-nos aqui, até que tornemos a vós... (v. 14).

Moisés precisou aguardar a chamada divina, após seis dias no monte, Moisés foi chamado pelo Todo-poderoso. É possível que o sétimo dia de espera fosse também o sétimo dia da semana, o sábado (Shabat). 

2.1 A quietude produz encorajamento. 1ª Timóteo 1.18 “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia.”

Ao que parece, no início do ministério de Timóteo, foram feitas profecias sobre seu futuro papel na Igreja. Paulo o encoraja a que combata o bom combate (2ª Tm 4.7). O ministério cristão é uma incessante guerra espiritual contra os inimigos de Deus.

1ª Timóteo 4.14,15 “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. 15- Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.” 

Paulo incentiva Timóteo a ser diligente. O dom é a dádiva espiritual que Timóteo recebeu de Cristo (Ef 4.7,8) por profecia. O dom de Timóteo foi dado por meio de uma mensagem profética (1ª Tm 1.18) e com a imposição das mãos, provavelmente em Listra (At 16.1). A imposição de mãos significava a comissão, com o reconhecimento por parte de Paulo da obra de Deus na vida de Timóteo (2ª Tm 1.6). 

3. A glória de Deus revela-se na nuvem. 24.15,16 “16 “E a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou a Moisés do meio da nuvem. Por fim, Deus chama Moisés para subir ao monte mais uma vez. O objetivo é lhe dar instruções mais precisas sobre Israel. 17- E o parecer da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel. 18- E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte; e Moisés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.”

Nesta passagem, o emprego da palavra glória (hb. kabôd) faz referência à relevância, importância e influência do Altíssimo (Êx 16.7,10;33.18,22;40.34,35). 

Essa nuvem é o sinal grandioso da presença do Todo-Poderoso. O Deus de Israel era o centro do culto e da adoração do seu povo.

Quando se refere a Deus, a palavra “glória” designa o esplendor e a majestade do Todo-Poderoso entre o seu povo. A grande lição a ser apreendia, aqui, é que a aprovação divina quanto ao nosso ministério é necessária e imprescindível. No estudo da nuvem de glória, percebemos claramente que Deus deseja operar no meio do seu povo. Ele ainda confirma e promove a sua Obra! 

3.1. A nuvem e o monte evidenciam a presença de Deus. Moisés testemunhou o aparecimento do Senhor no meio de uma nuvem (Êx 19.9), a qual é intimamente associada à glória de Deus, como em Êxodo 33.9.

A “glória de Deus”, isto é, sua grandeza, sua excelência, sua majestade, sua imponência, é exclusiva, propriedade apenas de Deus, embora ela preencha toda a criação (Is 6.3) e esteja presente nas revelações de Deus. 

4. As vestes dos sacerdotes. Títulos não produz identidade. Êxodo 35.19 “As vestes do ministério para ministrar no santuário, as vestes santas de Arão o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para administrarem o sacerdócio.” 

4.1. A consagração dos sacerdotes. Enquanto Moisés estava no Monte Sinai por 40 dias, o Senhor revelou como Aarão e os sacerdotes deviam ser consagrados, vestidos e ungidos para servir no tabernáculo. O Senhor prometeu que Ele permaneceria com os israelitas se eles cumprissem Suas leis e ordenanças. Também reiterou a importância de santificar o Dia do Senhor e deu a Moisés duas tábuas de pedra contendo a lei. 

4.2. As vestimentas sacerdotais foram especificadas. Um éfode (v. 5-14), um peitoral (v. 15- 30), um manto (v. 31-35), uma túnica (v. 39), uma mitra (v. 36-38) e um cinto (v. 39). Outras vestes foram feitas para os filhos de Arão (v. 40-43).

As vestes santas se tornavam santas por sua consagração no culto a Deus, da mesma forma que acontecia com a mobília e os utensílios do tabernáculo. É provável que as magníficas vestes dos sacerdotes representassem o conceito da justiça imputada perante o Senhor (Zc 3.1-5), para glória e ornamento (Êx 28.2). 

4.3. Os sacerdotes deviam se consagrar antes de entrar no tabernáculo. Os sacerdotes deviam se purificar, consagrar e ser designados em uma cerimônia especial antes de começar a servir no tabernáculo. Depois que o cordeiro era sacrificado, a fase seguinte da cerimônia de purificação simbolizava que os sacerdotes poderiam fazer uso ou ter acesso ao poder purificador da Expiação de Jesus Cristo.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC