TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

AS QUALIFICAÇÕES QUE OBREIRO NECESSITA SER E TER

 


Lucas 10.2 “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.” 

Chamado e enviado por Deus.

Ungido por Deus.

Aprovado por Deus. 

O significado da palavra obreiro. Obreiro do grego ergates, trabalhador, obreiro; operário; aquele que trabalha por salário.  A palavraobreiro” quer dizeroperário” significa trabalhador. Aquele que trabalha em uma arte ou ofício!

Tem até insetos que trabalham! Formigas, cupins, e a conhecida abelha operária. É por isso que obreiros são trabalhadores da Obra de Deus.

INTRODUÇÃO

Mateus 22.14 “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Ou seja, Obreiros tem muitos, mas os aprovados por Deus são poucos. Infelizmente estamos vivendo uma época em que as exigências e qualificações que a Palavra de Deus recomenda para escolha e consagração de obreiros para exercer o ofício ministerial, seja diácono, presbítero, evangelista, pastor e bispo, tem sido vulgarizada e desvalorizada. Uns são chamados por simpatia, outros por amizade, outros por ter um bom status social, outros por ter uma contribuição alta, outros por paternidade, e na maioria das vezes eles não tem o mínimo de preparo ou vocação ministerial. Na escolha de Paulo e Barnabé, a igreja estava reunida em jejum e oração: “Eles estavam servindo ao Senhor e o Espírito Santo diz a eles para apartarem a Barnabé e Saulo para uma obra que ele os tinha chamado. Eles jejuam, oram, os outros impõem as suas mãos sobre eles e os despedem a fim de que cumpram o respectivo chamado de cada um.” (At 13.2,3).

A igreja hodierna não ora mais neste sentido, parece que a urgência da obra é muito grande, e eles não tem tempo para orar.

Muitos almejam o episcopado com interesse financeiro, para engordar a sua conta bancária, muitos já se tornaram verdadeiros profissionais do púlpito nas igrejas e estão pregando o que o povo gosta de ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Mas ainda existem obreiros qualificados e aprovados por Deus que estão fazendo a diferença nesta geração.

I. CHAMADO E ENVIADO POR DEUS 

Como já vimos a palavra chamado no gregas καλεω - kaleo que significa “chamar ou convocar”.

A palavra chamar no dicionário da Bíblia de Almeida, define-se assim: “Convocar certas pessoas para que se dediquem a trabalhos especiais no Reino de Deus (Rm 1.1). Também essa convocação é uma decisão divina, tomada desde a eternidade (Is 49.1,5; Jr 1.5; Gl 1.15)”. [WERNER, K. Dicionário da Bíblia de Almeida, p. 41].

A chamada divina é algo partícula entre o home e Deus. O verdadeiro ministério deve vir de Deus e não da parte dos homens – Cada pastor ou missionário deve poder dizer como Paulo: Gl 1.1 “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.” 

Os chamados são muitas pessoas que são convidadas a participar e contribuir e servir com o trabalho do reino. 

II. UNGIDO 

1. No Antigo Testamento. 1º Samuel 16.13 “Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.” 

Ungir significa o ato de derramar óleo em alguém ou algo, destacando o objeto ou pessoa para uma finalidade específica.

O ato de ungir com óleo simbolizava consagração, separação do ungido ao exterior. No Antigo Testamento os objetos sagrados (Êx 40.9-11), os sacerdotes (Êx 40.13-15), os profetas (1º Rs 19.16) e reis (1º Sm 16.13) eram ungidos com óleo sagrada para serviços religiosos.

O Salmo de Etã ele diz: “Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi.” (Sl 89.20).

A expressão “Achei a Davi, meu servo...”, isto é, Deus encontrou entre os currais; na vida humilde, alguém qualificado para o alto cargo de governante da nação e designei ou o designei para esse cargo.

“...meu servo...”. O nome servo, portanto, não denota nenhum mérito, mas se refere ao chamado divino para servir, ou sejá, o havia convocado para o Seu serviço.

“...com santo óleo o ungi.” No Velho Testamento os escolhidos por Deus (pela Sua soberania), “eram ungidos com óleo”, isso era feito em cerimonial, com a presença de várias testemunhas, era uma unção literal menos no caso de Davi, pois ele teve de ser ungido em segredo. Essa unção dada diretamente por Deus não era visível para o povo, não havia um cerimonial, portanto, era uma unção espiritual, dessa forma o profeta só era reconhecido como profeta pelas obras de profeta observadas nele com o passar do tempo.

A unção era literal e espiritual, ou seja, na vida de Davi ocorreram os dois tipos de unção: a literal quando ele foi aclamado rei em todo Israel (1º Crônicas 12.38 e a espiritual quando o Espírito de Deus se apoderou dele (1º Sm 16.13). 

2. Unção de Deus no Novo Testamento. Cristo e Messias significam “ungido”. Jesus foi ungido por Deus, com o Espírito Santo, para realizar seu ministério e salvar o mundo (Lc 4.18-19). 

2.1. Unção da eleição. 2ª Coríntios 1.21,2 “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus. O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.”

Todo que aceita Jesus como seu salvador é ungido por Deus, escolhido como Seu filho. Quando uma pessoa se converte, ela recebe a unção do Espírito Santo (2ª Co 1.21-22). Essa pessoa se torna sacerdote de Deus, consagrado e equipado para O servir e proclamar o evangelho (1ª Pe 2.9-10). Essa é a unção de Deus: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas.” (1ª João 2.20)

A unção de Deus não é um dom reservado apenas a alguns crentes especiais, é para todos. Pessoas diferentes têm ministérios e dons diferentes, mas a unção de Deus é a mesma para todo crente. Unção e dom são duas coisas diferentes. A unção indica nossa eleição como povo de Deus; o dom é uma bênção individual, dando uma capacidade específica. 

2.2. A unção para o ministério de Deus. Quando uma pessoa é chamada para o ministério há uma unção que lhe sobrevém para ocupar o ofício; caso contrário a pessoa somente teria que ficar de pé e falar. É bom falar e compartilhar o que se tem, mas isto é muito diferente de ser chamado para o ministério e ser estabelecido na Igreja.

Jesus, sendo o Filho de Deus, não iniciou seu ministério sem antes receber primeiro a unção do Espírito Santo (Jo 1.32; Lc 4.18; Sl 45.7).

Os apóstolos e a Igreja receberam também a unção divina (At 2.4; 6.10; 1ª Jo. 2.20-27).

Jesus foi sacerdote, profeta e rei e nós também o somos; por isso, temos que ser ungidos. 

III. PROVADOS 

Tiago 1.2-4 “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; 3 Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. 4 Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”. 

Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas, tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã. Deus nos recompensará! Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos mais que vencedores.” [Eliezer de Lira e Silva. O propósito da tentação. Lições bíblicas, 3º Trimestre de 2014]. 

1. Depois de convocado, o Senhor nos “provará”. Ap 2.2-3 “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. 3- E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.” 

A frase eu sei as tuas obras aparece nas mensagens a cada igreja (Ap 2.9,13,19; 3.1,8,15), como uma declaração de reconhecimento da parte do Juiz onisciente e onipresente.

Sofreste e tens paciência [...] e não te cansaste. Essas são qualidades que moldam o caráter do cristão (Rm 6.3,4) geram maturidade (Tg 1.3,4) quando ele enfrenta provas e sofrimento.

No que tange o obreiro, a provação vem para purificar das escórias. A palavra de Deus diz que não vem sobre nós tentação senão humana. 1ª Co 10.13 “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. 

2. A provação não vem pela derrota, e sim, para testar a nossa “fé”. 1ª Pe 1.6-7 “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, 7 Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo.” 

É interessante o que o apóstolo Pedro diz a respeito da nossa fé. Ele a considera mais preciosa do que o ouro que é provado pelo fogo. O ouro tem que ser ornado através do fogo para ser ainda mais valorizado (Zc 13.9). A nossa fé é ainda mais preciosa do que as riquezas, quando provada por várias tentações.

Mas essa fé somente se tornar preciosa quando, em meio as tentações, é achada em louvor, honra e glória. 

Todos aqueles a quem Deus deseja levar mais adiante em sua obra, sem exceção, passarão pelo crisol da provação. A Bíblia está repleta de situações desse tipo. Jó é um dos mais excelentes personagens a nos ensinar o quanto um homem pode suportar para manter-se em integridade diante de Deus [Tg 5.10-11]. Jó suportou os ataques de Satanás, as palavras acusadoras de seus amigos, e as fortes declarações de sua esposa. Jó perdeu a saúde, porém, mesmo não compreendendo, continuou crendo em Deus e na esperança de que um dia Ele se revelaria para ajudá-lo [Jó 19.25-26]. 

IV. APROVADO 

2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. 

1. “Procura apresentar-te a Deus ...”. Há duas palavras que vamos analisar (Procura e apresentar). A palavra procura no grego spoudazo significa: “apressar-se; esforçar-se, empenhar-se, ser diligente; ou empenhar-se por algo; desejar ansiosamente”.  A palavra apresentar no grego paristemi ou prolongada paristano; colocar ao lado ou próximo a; apresentar ou mostrar; apresentar uma pessoa para outra ver e questionar; aproximar; permanecer, permanecer perto ou junto, estar a mão, estar presente; deixar \a mão; estar ao lado para ajudar, socorrer; estar presente.

O obreiro deve-se esforçar e empenhar para se apresentar-se diante de Deus. Se você deseja ser um ministro ou exercer qualquer tarefa na obra de Deus apresente ao Senhor o desejo que tem de servir e coloque sua vida na presença do Senhor. 

2. Aprovado. Aprovado significa admitido, habilitado, alguém que passou pela prova (Tg 1.12). Se aplica aos alunos que são aprovados nos estudos. Nesse caso, o aluno, para ser aprovado, tem que esforçar-se nos estudos, pesquisando muitas vezes, até altas horas da noite.

O obreiro também, ainda que chamado e ungido, tem que esforçar-se, dedicar-se de corpo e alma às coisas espirituais; não pode parar. Para manejar bem a Palavra, é preciso fazer exercícios. Se o obreiro é inteligente, Deus não aprova seu trabalho, e se Deus não aprovar, não adianta enfurecer-se, dar pulos ou saltar no púlpito.

O aluno, no final do ano, é aprovado ou reprovado. O obreiro também, ao final de sua carreira, será aprovado ou reprovado (1ª Co 3.9-15; 9.27; Mt 25.19-23; 2ª Tm 4.7). 

A prova é um teste, aqui é o resultado, se formos aprovados, bem-aventurados somos. Quando passamos no teste, somos aprovados: 

2.1. Por Deus. At 2.22 “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis”.

Jesus um homem que demonstrou ter a aprovação de Deus e ter sido enviado por Ele. Jesus operou muitos milagres, maravilhas e sinais diante do povo e isso demonstrava a aprovação e poder que Ele havia recebido do Pai. 

2.2. Pelos homens. Rm 14.18 “Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens”. 

Quando alguém é aceitável a Deus e aprovado pelos homens, o reino de Deus prevalece e floresce nele completamente: ele, quem com consciência tranquila e pacífica serve a Cristo em justiça, torna-se aprovado pelos homens e por Deus. Onde quer que haja justiça, paz e alegria espiritual, ali o reino de Deus é completo em todas as suas partes. Mas ele diz que esse homem é aceitável a Deus, porque ele obedece à Sua vontade; ele testifica que é aprovado pelos homens, porque eles não podem fazer outra coisa senão dar testemunho da excelência que veem com os olhos. 

2.3. Aprovado, como obreiro. Marcos 10.45 “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”

Ser obreiro é servir. Para ser grande no céu, começa com a humilhação. Foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou isto: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.43-44).

O Senhor Jesus Cristo mostra o caminho da vida cristã. Não é um caminho cheio de glória. Não é um caminho de auto exaltação, mas, pelo contrário, é um caminho de humilhação. Humilhação é uma palavra carregada de significado que menospreza as pessoas no mundo. Mas, o próprio Senhor diz que o caminho de glorificação começa com a humilhação. E foi exatamente o que aconteceu com Ele. Ele foi humilhado primeiro e só depois foi glorificado.

Quando alguém se apresenta como obreiro, está se colocando à disposição para servir. Todo obreiro passa por testes. Primeiro Deus lhe dá algo pequeno para depois fazer crescer seu ministério. 

3. Que maneja bem a Palavra da Verdade. A expressão “manejar bem” no original grego, vem do verbo grego orthotoméo que significa: “Cortar reto” ou “fazer o corte correto”. Assim como o agricultor ARA a terra em linha reta. O carpinteiro CORTA a madeira em Linha reta. Bem como um pedreiro CONSTRÓI a parede em linha reta. Assim também o obreiro do Senhor deve “fazer o corte correto, sem tortuosidade na palavra”.

Manejar no grego é o mesmo que ter habilidade, saber cortar, cortar em linha reta sem distorção, ter destreza (Paulo compara o obreiro com um soldado romano em uma luta). Paulo aqui fala do conhecimento que o obreiro precisa ter da Palavra de Deus.

Um obreiro da seara do Mestre Jesus, que se propõe a usar a Bíblia como sua ferramenta de trabalho, precisa saber fazê-lo corretamente. Nada de corte errado, nada de interpretações fora do contexto, nada de achismo (interpretação própria), criando heresias absurdas. Nesse tempo de grande apostasia, modismo e engano, é mais que necessário que saibamos usar corretamente a palavra de Deus, com sabedoria, sem adulterá-la. Amém!

O mínimo que se requer de qualquer obreiro é que conheça a Bíblia. Tudo o que fazemos precisa estar baseado na Palavra para ser bem-sucedido (Lc 5.5). 

Para isso o obreiro precisa:

3.1. Ser estudioso das Escrituras. Salmos 1.2 “Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite”.

O Obreiro deve estudar muito a Bíblia. A Bíblia é a autoridade suprema e o material de trabalho do líder. Além disso, o líder deve crer naquilo que prega, pois “a fé vem pelo ouvir a pregação da Palavra de Cristo.” (Rm 10.17).

Pv 22.17 “Inclina o teu ouvido, e ouve as palavras do sábio, e aplica o teu coração à minha ciência (conhecimento). Pv 23.12 “Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento”. 

Invista no teu ministério com tudo que você tem. Pv 4.4 “O princípio da sabedoria é: Adquira sabedoria: sim, com tudo o que possuis, adquira o entendimento”.

Pv 23.23 “Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

Comprar é o mesmo que investir no conhecimento da Palavra de Deus. 

3.2. Buscar Capacitação. Marcos 3.13-15 “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios”. 

Jesus chamou Seus discípulos e os capacitou para realizar Sua obra. A capacitação deve ser espiritual, física e emocional (1ª Ts 5.23). O obreiro deve estar aberto com humildade para aprender sempre (Pv 27.6). O discípulo é alguém ensinável, um aprendiz. Quando buscamos capacitação alcançamos Visão Missionária (Jo 4.35). Nunca perca a visão de seu chamado e das vidas que Deus lhe deu. Não copie o que os outros estão fazendo. Busque a visão de Deus para sua vida.

O Obreiro Aprovado é um estudioso das Escrituras e busca capacitação!

3.3. Deve ser apto para o ensino. 1ª Tm 3.1-2 “Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar”.

2ª Timóteo 2.24 “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente”.

Aqui Paulo fala aos que aspiram a excelente obra, ou seja, o episcopado. Ele enumera uma série de virtudes que devem ser característicos do homem de Deus que vai ficar à frente da obra de Deus. Ele enumera uma série de virtudes que devem ser característicos do homem de Deus que vai ficar à frente da obra de Deus.

As exortações de Paulo a Timóteo para suportar as aflições, ser diligente, manejar bem a Palavra e ser um vaso adequado e útil ao Senhor são dadas no contexto de tempos difíceis e até trabalhosos.

Neste estudo vamos destacar a doutrina do ensino prescrito nas Escrituras Sagradas em todos os tempos. 

Investir no seu ministério. Pv 4.4 “O princípio da sabedoria é: Adquira sabedoria: sim, com tudo o que possuis, adquira o entendimento”.

Pv 23.23 “Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

Comprar é o mesmo que investir no conhecimento da Palavra de Deus. 

V. SANTIFICADO 

1. Vaso de honra e vaso de desonra. 2ª Timóteo 2.20-26 “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. 21- De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. 

1.1. Paulo faz uma comparação da igreja com uma grande casa. A ideia é que a igreja seja um grande edifício e que, em um edifício assim, não esperemos uniformidade completa em todos os artigos que ela contém, ou seja, nesta igreja “...não existem apenas vasos de ouro e prata...” mas não vamos encontrar todos os itens de mobiliário iguais ou todos feitos do mesmo material. Variedade na forma, uso e material é necessária para mobiliar essa casa. 

1.2. “...alguns para honrar e outros para desonrar.” Aqueles que caminham para o alvo com santidade, temor e responsabilidade, são comparados a vasos de honra, mas alguns que por algum tempo, demonstraram piedade e zelo distintos, mas retrocederam vergonhosamente, vivendo uma vida desordenados pelo pecado, são considerado vasos de desonra.

Na parábola do trigo e joio (Mt 13.28-29), Jesus, não fez questão de tirar esta planta maléfica do meio do trigo. Mas mostrou-nos que a igreja teria crentes verdadeiros e crentes falsos. Peixes bons e peixes ruins (Mt 13.47-50). Estão misturados e é difícil separá-los (Mt 13.28-30). Portanto, não devemos olhar para a aparência dos outros, mas para a nossa própria fidelidade (Gl 6.4; Fp 2.12).

O vaso de desonra ou o joio, são aqueles que estão dentro de um contexto cristão e até conhecem a Deus, porém pregam o “outro evangelho” (Gl 1.8).

O vaso de honra está dentro da igreja para satisfazer, honrar e servir o Seu Senhor, pois, são santificados para o Senhor, é útil para o Senhor, são preparados para a boa obra e combater as heresias. Cabe agora fazer uma pergunta: Que tipo de vaso tenho sido na casa de Deus? Trigo ou joio? Vaso de honra ou de desonra? Uns, serão porta de benção e outros uma muralha de tropeço. 

2. Vocação santa. 2ª Tm 1.9 “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo”. 

Deus nos salvou e chamou para a santidade, não pelas às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus.

O apóstolo Paulo vai dizer a igreja de Éfeso que: “Nos elegeu N’ele (em Cristo Jesus), para que fossemos santos” (Éf 1.4).

Um chamado que, por sua própria natureza, é santo, e que leva à santidade, “...como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Ef 4.1). A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: “Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1ª Pe 1.15).

VI. FIEL 

1ª Coríntios 4.1,2 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” 

A fidelidade é indispensável na vida de um obreiro, todo obreiro que finge ser fiel, em algum momento vai cair em contradição. A fidelidade envolve todas as áreas da vida do obreiro. Fidelidade com Deus, fidelidade com a esposa e filhos, fidelidade com a igreja, fidelidade ministerial, fidelidade nos negócios, enfim, em todas as coisas. O apóstolo Paulo instruindo o jovem pastor Timóteo, disse: 1ª Timóteo 4.12-16 “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. 13- Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. 14- Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.15- Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.16- Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”

Mas seja um exemplo dos crentes. Um dos deveres constantes de um ministro do evangelho, independentemente da idade dele. Um ministro deveria viver de tal maneira que, se todo o seu povo seguisse de perto o exemplo dele, a salvação deles seria segura e eles alcançariam as maiores realizações possíveis em piedade

Para que as pessoas não desviem-se da verdade, é necessário que homens fiéis como Timóteo ensinem cada vez mais “as palavras da fé e da boa doutrina” e que rejeite as “fábulas profanas” que são as tradições de homens tolos (4.7; veja 1.4). O ensinamento da verdade dará aos homens o que é necessário para a prática espiritual. Assim como é necessário o exercício físico para manter o corpo em boa forma, também é necessário exercitar a alma “na piedade” (4.7). Este exercício espiritual é mais proveitoso do que o físico, pois prepara pessoas para terem a força de lutar e se esforçar na esperança da salvação (4:9-10). Jesus morreu para salvar a todos, conforme a vontade de Deus (veja 2:3-6). Porém, a esperança desta salvação é somente para os fiéis (4.10). Muitos se desviam e perdem a salvação porque não se exercitam na prática da verdade, e assim estão fracos e facilmente enganados quando a falsa doutrina surge (cf. Gl 1.6-7; Ef 4.11-14; Hb 5.12-14).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS

  


Efésios 3.10 “Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus”. 

Texto bíblico

Efésios 3.8-10 “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo 9 - e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou; 10 - para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” 

1ª Pedro 4.7-10 “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração. 8- Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados, 9- sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. 10- Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 

INTRODUÇÃO

O Altíssimo revelou para a Igreja um mistério oculto desde a fundação do mundo. Pelo Espírito Santo, o Senhor trouxe luz para o seu povo usando os “seus santos apóstolos e profetas” para mostrar que esse mistério é Cristo em nós, a esperança da glória. Era a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para pessoas simples como eu e você. 

I. OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS 

1. São diversos. Na passagem bíblica de 1ª Coríntios 12.8-10 são mencionados nove dons do Espírito Santo. Há outros dons espirituais noutras passagens da Bíblia já mencionados em lições anteriores deste trimestre, como Romanos 12.6-8; 1ª Coríntios 12.28-30; 1ª Pedro 4.10,11 e Hebreus 2.4. São dons na esfera congregacional. Em Efésios 4.7-11 e 2ª Timóteo 1.6 vemos dons espirituais na esfera ministerial da Igreja. 

2. São amplos. A sabedoria de Deus é multiforme e plural. É manifesta em seus dons espirituais e ministeriais nas mais variadas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.

Dádivas do Pai. Outras excelentes dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja para comunicar o Evangelho a todos, são: 

2.1. A dádiva do amor. A grande manifestação de amor do Altíssimo para com a humanidade foi enviar o seu Filho Amado para salvar o mundo (Jo 3.16). Este amor dispensado por Deus desafia-nos a que amemos aos nossos inimigos e ao próximo, isto é, qualquer ser humano carente da graça do Pai (Jo 1.14). 

2.2. A dádiva da filiação divina. Deus torna um filho das trevas em filho de Deus (Jo 1.12; 1ª Pe 2.9). É a graça do Pai indo ao encontro da pessoa, tornando-a membro da família de Deus (Ef 2.19). 

2.3. O ministério da reconciliação. O apóstolo Paulo explica o milagre da salvação como resultado do “ministério da reconciliação” (2ª Co 5.19). Todo ser humano pode ter a esperança de salvação eterna, mas de salvação agora também. Quem está em Cristo é uma nova criatura e o resultado disto é que Deus faz tudo novo em sua vida (2ª Co 5.17).

II. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS 

Com sobriedade e vigilância.

O despenseiro deve administrar a igreja local, retirando da “despensa divina” o melhor alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério (1ª Tm 3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado ao vinho, pois a bebida traz confusão, contenda e dissolução (1ª Tm 3.2 cf. Ef 5.18). O fiel despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a vigilância em relação ao exercício do ministério dado por Deus. 

1. Amor e hospitalidade. Os despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1ª Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos (1ª Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.34,35). Aqui, também entra o caráter hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1ª Pe 4.9). Isso se torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas, cultas ou não etc. Este é o apelo que o escritor aos Hebreus faz a todos os crentes (Hb 13.2,3). 

2. O despenseiro deve administrar com fidelidade. A graça derramada sobre os despenseiros de Cristo tem de ser administrada por eles com zelo e fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pe 4.10). Pregando, ensinando ou administrando o corpo de Cristo, tudo deve ser feito para a glória do Senhor, a quem realmente pertence a majestade e o poder (1ªPe 4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos ser vistos pelos homens como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1ª Co 4.1; Cl 1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; “para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10). 

III. OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO 

1. A necessidade dos dons espirituais. Os dons espirituais são indispensáveis à Igreja. Uma onda de frieza e mornidão tem atingido muitas igrejas na atualidade, as quais não estão vivendo a real presença e o poder de Deus para salvar, batizar com Espírito Santo e curar enfermidades (Ap 3.15-20). Em tal estado, os dons do Espírito são ainda mais necessários. É no tempo de sequidão que precisamos buscar mais e mais a face do Senhor, rogando-lhe a manifestação dos dons espirituais para o despertamento espiritual dos crentes em Jesus (Hb 3.2). 

2. Os dons espirituais e o amor cristão. Paulo termina o capítulo sobre os dons espirituais, dizendo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1ª Co 12.31). Em seguida abre o capítulo mais belo da Bíblia Sagrada sobre o amor (1ª Coríntios 13). Como já dissemos, não é por acaso que o tema do amor (capítulo 13) está entre os assuntos espirituais (capítulos 12 e 14). Ali, o apóstolo dos gentios refere-se a vários dons, ensinando que sem o amor nada adianta tê-los. 

3. A necessidade do fruto do Espírito. Uma vida cristã pautada pela perspectiva do fruto do Espírito (Gl 5.22) — o amor — é o que o nosso Pai Celestial quer à sua Igreja. Uma igreja cheia de poder, que também ama o pecador. Cheia de dons espirituais, mas que também acolhe o doente. Zelosa da boa doutrina, mas em chamas pelo amor fraterno que, como diz Paulo, “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1ª Co 13.4,5). O caminho do amor é mais excelente que o dos dons espirituais (1ª Co 12.31). 

CONCLUSÃO

A multiforme sabedoria de Deus manifesta-se na igreja através da intervenção sobrenatural do Espírito Santo e a partir dos dons de Deus necessários ao crescimento espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, aqueles que os possuem devem usá-los com humildade e fidelidade, não buscando os interesses próprios, mas sobretudo o amor, pois sem amor de nada adianta possuir dons. Estes são para a edificação dos salvos em Cristo Jesus.

 Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima. A multiforme Sabedoria de Deus. Lições Bíblicas CPAD   2º Trimestre de 2014, Rio de Janeiro - RJ.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O CHAMADO DIVINO PARA O MINISTÉRIO

 


Romanos 1.1 “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus.” 

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA CHAMADO 

A palavra chamado tem origens gregas no verbo καλεω - kaleo e suas variações (o substantivo klêsis e o adjetivo kletós). Ambas provêm do verbo grego kaleo que significa “chamar ou convocar”. e aparece 11 vezes no NT. A mesma palavra “chamada” do lat. Clamare, significa chamar em alta voz; ou gritar. Conclamação feita por Deus para os homens (sem quaisquer exceções), aceitável.

A palavra hebraica para chamado é להיקרא aeer:iq; (qârâ). A raiz desta palavra denota a enunciação dirigida a um receptor específico com o objetivo de receber uma resposta direta; pode-se traduzir por “apregoar”, “convidar”, e poucas vezes expressa um simples clamor. Essa palavra também tem a conotação de chamar alguém para uma tarefa específica. Vocábulo utilizado para designar aqueles que no meio do povo Israel eram “convocados para fazerem parte da assembleia da congregação”. [HARRIS, R. L. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, p. 1365].

“No dicionário da Bíblia de Almeida, encontra-se a seguinte definição para a palavra “chamar”: “Convocar certas pessoas para que se dediquem a trabalhos especiais no Reino de Deus (Rm 1.1). Também essa convocação é uma decisão divina, tomada desde a eternidade (Is 49.1,5; Jr 1.5; Gl 1.15)”. [WERNER, K. Dicionário da Bíblia de Almeida, p. 41].

A palavra Kaleo significa: convidar, chamar (para fora), (quem, qual) nome (foi [chamado]). A Bíblia apresenta algumas variações: O verbo kaleo significa eu chamo, nomeio, convoco: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (eklêthete)” (Ef 4.1).

O substantivo klêsis significa vocação, chamado, convite: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação (klêsin)” (1ª Co 1.26). O adjetivo kletós significa chamado, convocado: “de cujo número sois também vós, chamados (kletòi) para serdes de Jesus Cristo” (Rm 1.6).

“O chamado torna-se plenamente religioso quando a pessoa o vê em seu contexto e sente-se chamada por Deus para executar o seu trabalho. O significado religioso do chamado é viver sempre diante de Deus, fazer sua vontade e ser fiel em seu trabalho” [ROSA, M. Psicologia da religião, p. 209]. 

II. O CHAMADO NO ANTIGO TESTAMENTO 

Vocação, no contexto do Antigo Testamento, é o chamado de Deus, no qual o ser humano é convocado a participar dos Seus planos e ações, e desafiado a estar a serviço desse chamado [ELWELL, W. A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã, v. 3. p. 630].

Vocação, no Antigo Testamento, entende-se por situações que relatam um encontro único e pessoal com Javé, ou um representante seu, e o próprio vocacionado, estabelecendo um

diálogo onde há lugar para hesitação, objeção por parte deste e argumento da parte do divino, levando-o à aceitação da missão, ou, então, ao voluntariado para o cumprimento da mesma. [SOUZA, A. B. Op. Cit., p. 22].

O chamado de Moisés é um dos mais complexos devido ao próprio relato que apresenta

algumas dificuldades por tratar de vários temas como: teofania, promessa de libertação,

revelação do nome de Javé. Por isso neste ponto a atenção estará para a vocação de Moisés e os aspectos da sua missão e sua relutância.

III. O CHAMADO NO NOVO TESTAMENTO 

“A palavra utilizada no Novo Testamento para chamado e vocação é kaleõ, que significa

literalmente “chamar”. Porém, o seu significado acrescenta mais profundidade a esta palavra. Kaleô significa também “solicitar com instância”, mandar, falar com outra pessoa, diretamente ou por um intermediário, a fim de trazer a pessoa para mais perto para desenvolver um relacionamento pessoal com ela.” [JEREMIAS, J. Chamar. In: COENEN, L. Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento, p. 349].

“O dicionário Vine usa três palavras para definir kaleõ: “chamar, convidar e convocar”. Na maioria das vezes o termo é usado para o convite à salvação, mas também há casos onde se refere a vocação. Nestes casos, o significado é: “chamar por nome”, “nomear”; passivamente “ser chamado”, assim a ideia de vocação.” [VINE, W. E. Dicionário Vine, p. 463].

“O verbo klêsis significa: eu chamo, nomeio, convoco. O adjetivo kletós significa chamado, convocado. Esses termos quase sempre expressam a vocação como iniciativa divina, o chamado de Deus ao homem, porém o sentido não é de um convite com possibilidade de escolha, mas uma convocação, uma intimação irrecusável.” [CÉSAR, K. M. L. Vocação, p. 18].

Naturalmente esta seria a palavra mais adequada para o chamado dos discípulos, porém ela só é utilizada duas vezes em Mt 4.21 e Mc 1.20; nos outros relatos aparece a história, o diálogo, porém nenhum termo especial.

Outra palavra grega utilizada nos relatos de chamado é proskaleomai, utilizada em uma

chamada autoritária e irresistível; pode ser direcionada a um indivíduo ou a algum grupo. Esta palavra foi utilizada para Paulo e Barnabé em At 13.2, referindo-se ao chamado celestial que resultou em um envio missionário de ambos. Este termo também aparece na visão que Paulo tem At 16.10, tratando-se de uma orientação divina com relação à pregação do Evangelho.

Paulo usa kletos, para se referir a uma comissão particular. É a palavra que ele usa em Rm 1.1 e 1ª Co1.1, para afirmar que é chamado para ser apóstolo, no caso do apóstolo uma vocação especial da parte de Deus. 

IV. TIPOS DE CHAMADA 

Existem vários tipos de chamada: 1) Chamada Universal; 2) Chamada Ministerial; 3) Chamada Especifica. Vejamos: 

1. Chamada universal.

1.1. Primeiro lugar Ele nos chama para o evangelho. O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho. (Is 55.1-3).

1.2. A chamada universal é extensiva a todas as pessoas indistintamente. Todas as pessoas são convidadas para a salvação e chamadas para o arrependimento (1ª Tm 2.3-5; Jo 3.16-18; 1ª Jo 2.2; 2ª Pe 3.9; At 17.30; Ap 22.17). 

2. Chamada ministerial. Mateus 4.18-19 “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. 19- Jesus chamando seus discípulos disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. 

A expressão “pescadores de homens” é uma declaração metafórica cujo significado indica aqueles que se ocupam em ganhar almas para o reino de Deus.

A dizer “eu vos farei pescadores de homens” Jesus estava prometendo treinar aqueles homens para uma tarefa tão honrada que é somente pela graça de Deus que um homem pode tomar parte dela. Ao invés de pescarem peixes, aqueles discípulos pescariam homens para o reino de Deus. O texto bíblico diz que imediatamente após o chamado de Jesus eles deixaram suas redes e animadamente o seguiram.

Jesus tinha uma missão preciosa no momento desse chamado, era justamente de escolher homens que fossem capazes de após a sua morte continuar pregando o evangelho da salvação. Com essa missão, ele chamou cada um de forma diferente, mas todos para o mesmo propósito.

O mesmo chamado existe hoje em dia nas nossas vidas, a todos os momentos, Cristo está dizendo: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. Este chamado é tão grandioso que se estende até nós nos dias de hoje.

Jesus busca as pessoas para acompanha-lo e trabalhar com Ele, ou seja, compartilha a sua missão com a humanidade, isso revela seu desejo de comunhão conosco. 

3. Chamada especifica. Os 12 Apóstolos foram chamados nominalmente e escolhidos para uma missão especial e especifica de serem as colunas principais da Igreja (Gl 2.9; Ef 2.20 e Ap 21.14).

Paulo foi chamado de forma especifica para levar o Nome do Senhor perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (At 9.1-15). Paulo foi designado por excelência como o “Apóstolo dos Gentios” (1ª Tm.2.7). 

Hebreus 5.4 “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.”

O escritor aos hebreus cita o exemplo de Arão, dizendo que ninguém tem o direito de entrar neste ofício, a menos que tenha as qualificações que Deus prescreveu. Havia leis fixas e definidas em relação à sucessão no cargo de sumo sacerdote e às qualificações daquele que deveria ocupar o cargo.

Ninguém pense que a chamada dos ministros atuais são pura ilusão ou imaginação deles para a peculiar obra de ensino e direção da igreja.

A chamada especifica é uma escolha nominal do Senhor, com o objetivo de enviar e escolher pessoas para uma missão ou obra especial.

Em Marcos 3.13, está escrito que Jesus “Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”.

Jesus chama os que Ele quer, e não os que nós queremos. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, ela veio do alto. Jesus subiu ao monte para chamar os Seus discípulos, para revelar a eles que, a sua chamada partiu do alto, partiu do Monte. Em Êxodos 19.20, está escrito que “Descendo o Senhor para o cimo do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu”. 

A chamada divina na vida de um homem de Deus, para um ministério especifico é algo sublime uma vez que este estar sendo indicado por Deus, e será capacitado pelo Espírito Santo para ministrar os mistérios de Deus aos homens, a partir desta chamada o homem será investido da unção de Deus para realizar a vontade divina, não importando aquilo que lhe possa fazer os homens (Ef 4.11, 12). Portanto o compromisso do escolhido de Deus é com Deus e com a sua obra. 

4. A missão dos setenta. A chamada ministerial é uma espécie de “segunda chamada”.

Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir. 2- E lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lc 10.1-2). 

Só Lucas registra a missão dos Setenta. Eles são enviados “na frente” do Senhor, como precursores, como preparadores da chegada do reino de Deus. Segundo o Evangelho de Lucas, “Ele chamou para si os Seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem ele chamou de apóstolos” (Lc 6.13). A passagem paralela no evangelho de Marcos diz que “Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele. Então designou doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.13,14). Ele os designou para estarem com Ele. É uma frase tão simples, mas diz tudo. 

Um ministério que vai além do discipulado. Dentre aqueles que estavam na escola de discipulado, Ele, por vontade divina, escolheu alguns para estarem com Ele. Isto sugere claramente uma intimidade de relacionamento que transcende o discipulado. Foi dito dos apóstolos do Novo Testamento que os homens notaram que eles haviam estado com Jesus (At 4.13). 

A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, todos os homens chamados por Deus precisavam ser qualificados. Existe um ditado que diz: “Deus não chama os capacitados, porém, capacita os que Ele chama”. 

5. Chamados para proclamar as virtudes do evangelho. 1ª Pe 2.9-10 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus...”. 

Somos um povo eleito pelo próprio Deus com uma missão especifica de anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. A palavra grega aretas traduzida como “grandeza” ou “virtude”, era um termo muito utilizado na época e refere-se aos atributos ou qualidades. Isso significa que temos que proclamar os feitos, o poder, a glória, a sabedoria, a graça, a misericórdia, o amor e a santidade de Deus. Através de nossa conduta e palavras, devemos testemunhar que somos filhos de Deus, somos da luz e não mais das trevas, pois Ele nos chamou para essa posição privilegiada. [https://estiloadoracao.com/quem-somos-e-qual-e-nossa-missao/ - acesso dia 25/01/2022]. 

V. A CONVICÇÃO DA CHAMADA 

1. O obreiro deve ter a convicção da sua chamada. 1ª Timóteo 1.1 “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa.”

Umas das coisas fundamentais para que o Obreiro de Deus tenha sucesso em seu ministério, é este ter convicção de seu Ministério e sua Missão. Quando lemos este versículo na versão da Bíblia de Jerusalém “por ordem de Deus”, ou seja, Paulo está dizendo a Timóteo que ele tinha total convicção de sua chamada, vocação e propósito ministerial. Paulo está dizendo que não por ordenação humana, ou por imposição pessoal, mas por mandamento divino que ele era apostolo. 

2. O obreiro tem responsabilidade pelo ministério que lhe foi confiado. O obreiro verdadeiramente chamado pelo Senhor sente o peso da responsabilidade e, se pudesse, escaparia dela. 1ª Co 9.16 “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (outras ref. Jn 1.12; Jr 1.1-9). 

Minha pregação é inevitável e, portanto, não pode ser vista como aquela em que me glorio especialmente. Fui chamado para o ministério de maneira milagrosa; Fui abordado pessoalmente pelo Senhor Jesus; Fui preso quando era perseguidor; Fui ordenado a ir pregar; Eu tive uma comissão direta do céu. Não havia espaço para hesitação ou debate sobre o assunto Gálatas 1.16, e eu me entreguei imediatamente e inteiramente à obra (At 9.6). Fui chamado a isso por um chamado direto do céu; e ceder obediência a esse chamado não pode ser considerado como demonstrando uma tendência a me dedicar a esse trabalho como se o chamado estivesse no modo usual e com manifestações menos decididas. Não devemos supor que Paulo foi obrigado a pregar, ou que ele não era voluntário em seu trabalho, ou que não o preferia a nenhum outro emprego, mas ele fala em um sentido popular, dizendo que “não poderia ajudar isto;” ou que a evidência de sua ligação era irresistível e não deixava espaço para hesitação 

3. O obreiro verdadeiramente chamado por Deus, tem o seu ministério confirmado a cada dia. “O Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1ª Pedro 5.10; Sl 37.23). 

3.1. E o importante, nesse caso, é o que o Senhor diz acerca desse obreiro, e não o que as pessoas pensam ou falam dele (At 14.6-20; Jó 1.8; Mt 11.19; 17.5). 

3.2. Deus faz questão de demonstrar que está com quem verdadeiramente chamou (Nm 17), dando testemunho dele (Is 41.8; Nm 12.3; Jr 6.12; At 13.22; Dn 10.11; Lc 7.28; At 9.15). 

VI. CHAMADOS SÃO DONS DADOS POR DEUS 

1. Vocação é o chamado divino dirigido ao homem. Todo ser humano é, de alguma forma, vocacionado. Os eleitos são especialmente chamados para receber a salvação que lhes é oferecida em Cristo Jesus, para agregar-se à igreja de Deus e para colocar-se inteiramente à sua disposição, servindo-o em algum tipo de missão que Ele mesmo determinará. 

2. “Qual é o seu chamado?” Certamente todo cristão já ouviu a pergunta “qual é o seu chamado?” ou se autoquestionou sobre o tema. Não importa quem somos, sempre nos indagamos sobre qual o motivo pelo qual estamos nesta terra. Ficamos a todo momento querendo entender qual parte do corpo de Cristo somos a fim de não perdermos tempo com coisas que estão fora do propósito. Isso é correto e perfeitamente normal. Creio que se hoje você tem essa dúvida é porquê está no caminho correto e certamente em seu coração queima o desejo de cumprir a vontade do Pai.

Existem três listas de dons dados por Deus no Novo Testamento. São elas: 1. dons da graça Rm 12.6-8; 2. Dons do Espírito 1ª Co 12.7-10; e dons de Cristo Ef 4.11. A lista de Efésios, no entanto é a que trata sobre os dons disponíveis para a edificação da igreja. Há muitos debates entre teólogos e pastores sobre quais os chamados que ainda “valem” para os dias de hoje. Minha intenção com esse texto é explorar o tema da forma mais imparcial possível. 

3. Para que e para quem? Efésios 4.12 “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.”

O propósito de Deus ao criar todas as coisas era ter um povo para si, que fosse santo e inculpável (Ef 1.4; 5.25-27).

O propósito final dessa cooperação mútua entre todos os irmãos serve para o crescimento espiritual de todos de maneira conjunta e para a glória de Deus estabelecida num corpo perfeito, como Ele é perfeito. Em outras palavras, os ministros são responsáveis pelo desenvolvimento dos santos, pela correção e pela orientação dos mesmos, colocando cada um na função correta em que ele deve cooperar, a fim de que o corpo todo funcione de modo equilibrado e mantenha a unidade com harmonia.

Todo cristão é parte do corpo de Cristo e por isso tem uma função específica ao qual foi chamado. De quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.

O objetivo dos dons ministeriais é para edificação do corpo de Cristo. A edificação do corpo corresponde à estruturação correta da igreja, de modo que ela possa aumentar em número e crescer espiritualmente. Neste aspecto destaca-se o trabalho dos ministérios a favor dos santos, preparando-os e colocando-os nas funções corretas para que cada membro preste serviço espiritual conforme o dom que recebeu. Por isso, na igreja existem pastores, professores, missionários, membros que se dedicam ao evangelismo pessoal, evangelismo pelo rádio, televisão, internet, e aqueles que se dedicam a oração, visitação, assistência a necessitados, aconselhamento etc..

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC