TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO, HÁ PECADO OCULTO?

 


Jó 8.1-4 “Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse: 2 - Até quando falarás tais coisas, e as razões da tua boca serão qual vento impetuoso? 3 - Porventura, perverteria Deus o direito, e perverteria o Todo-Poderoso a justiça? 4 - Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão.

Jó 18.1 “Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse: 2 - Até quando usareis artifícios em vez de palavras? Considerai bem, e, então, falaremos. 3 - Por que somos tratados como animais, e como imundos aos vossos olhos? 4 - Ó tu, que despedaças a tua alma na tua ira, será a terra deixada por tua causa? Remover-se-ão as rochas do seu lugar?

Jó 25.1-5 “Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse: 2 - Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas. 3 - Porventura, têm número os seus exércitos? E para quem não se levanta a sua luz? 4 - Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher? 5 - Olha, até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos. 6 - E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho!

INTRODUÇÃO

Veremos neste estudo, estudaremos a teologia do segundo amigo de Jó, Bildade. Veremos que ela apresenta o caráter justo e reto de Deus em contraposição ao suposto pecado oculto de Jó. Estudaremos também a defesa de Bildade por uma moralidade rígida, fundamentada em meros preceitos religiosos, sem, contudo, guiar-se por princípios espirituais. E, finalmente, analisaremos a ideia de que, segundo Bildade, Deus é um ser muito distante e que, devido a sua onipotência e grandeza, está muito longe do mortal. Ele, portanto, é inacessível. Ao longo de cada argumento de Bildade, veremos a contraposição de Jó.

I. O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS

1. Deus é justo e reto. A teologia de Bildade (Jó 8.1-22) possui semelhanças com a de seu amigo, Elifaz. Para esse segundo amigo, as ações de Jó não poderiam ser justificadas, pois elas condenavam a Deus, revelando que Ele punia pessoas justas. Por outro lado, como Deus não era injusto, então, Jó deveria reconhecer o seu pecado, pois ele estava sendo terrivelmente afligido. Assim, a teologia de Bildade pode ser classificada em duas esferas: a dos maus e a dos bons. Por exemplo, Bildade assevera que os filhos de Jó foram mortos porque eram maus (8.4); por outro lado, como um homem que alegava ser justo e bom, Jó poderia desfrutar novamente do favor de Deus se reconhecesse o seu pecado (Jó 8.5).

2. Uma compreensão limitada da natureza de Deus. Bildade traz consigo uma compreensão incompleta e limitada da natureza de Deus, o que faz com que ele pense que o sofrimento de Jó seja a consequência de um pecado oculto. Assim, outra compreensão é evidente: Jó deve demonstrar que é realmente bom e que merece o favor de Deus. É uma teologia que destaca uma meritocracia humana no processo de justificação diante de Deus: “Mas, se tu de madrugada buscares a Deus e ao Todo-Poderoso pedires misericórdia, se fores puro e reto, certamente, logo despertará por ti e restaurará a morada da tua justiça” (8.5,6). Logo, o enfoque de Bildade não é a graça que flui de Deus, mas o esforço humano que, por mérito próprio, pretende justificar o homem diante de Deus.

3. A imperfeição humana. Diante da defesa teológica feita por Bildade, Jó pergunta: “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.2). Ora, Deus é infinitamente sábio e justo. Jó está consciente de que nenhuma perfeição humana o habilitará a aproximar-se de Deus. Dessa forma a autopurificação não passava de presunção: “Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão, mesmo assim me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão” (Jó 9.30,31).

A linguagem é poética, mas ela afirma objetivamente a doutrina da santidade de Deus e a pecaminosidade humana. Deus é santo e Jó, um pecador. Entretanto, essa não era a questão para Jó. O grande questionamento dele poderia ser feito da seguinte forma: “É verdade que onde há sofrimento há pecado?” Seus amigos responderiam: sim; Jó, um retumbante não.

Deus já havia testemunhado acerca da integridade e da justiça de Jó. Isso deixa claro que nem sempre o sofrimento é fruto de uma imperfeição moral ou resultado de um pecado pessoal. Esse era o caso de Jó.

I. O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL

1. Moralismo por tradição. Bildade (Jó 18.1-21) também está comprometido na defesa da moralidade que ele acredita ser a correta. Para ele não havia nada errado quando fez a defesa da justiça divina, da mesma forma que acreditou estar correto quando defendera a moralidade dos seus dias. Todavia, não podemos falar de uma ética ou teologia moral de Bildade, mas simplesmente de um moralismo fundamentado na tradição (18.1-21).

2. A subversão da ordem moral. Na verdade, Bildade simplesmente repete o que já vem sendo defendido por gerações passadas, todavia, acrescentando alguns contornos aos seus pressupostos teológicos. Para ele as desgraças sofridas por Jó ocorreram por causa da quebra da moralidade estabelecida. Como o entendimento de Bildade era o de que o universo é controlado por leis morais inflexíveis, ao quebrá-las Jó sofreu as consequências da mesma forma que sofre quem quebra a lei da gravidade. Nesse aspecto, praticar a justiça é se ajustar à dinâmica dessas leis morais.

Bildade acreditava que de nada adiantava Jó achar que os maus prosperavam, pois isso era apenas ilusão. No seu entendimento, a prosperidade dos maus assemelhava-se as raízes de uma árvore que foram cortadas, cujos ramos, embora mantenham a aparência de verdor por algum tempo, todavia, necessariamente murcharão (18.12-16). Ao não reconhecer isso, Jó estaria tentando subverter a ordem moral aceita.

3. Contemplando a cruz. O capítulo 19 é dedicado à defesa de Jó. É inegável que Jó sabia que Deus atua em um universo moral e que tudo o que acontece está sob seu controle. O homem de Uz estava convicto de que não havia quebrado nenhuma lei moral, sendo, portanto, inocente e que o seu sofrimento não teria razão aparente. Mas diante das acusações dos amigos, ele está disposto a abandonar toda tentativa de se autojustificar (Jó 19. 21-24). Ele quer abandonar toda instância humana e apelar para um mediador (redentor) que defenderá sua causa. Ele não quer mais se defender; ao invés disso, apela para alguém totalmente justo, que vai ficar entre ele e Deus. É ai que ele contempla a cruz: “Eu sei que meu redentor vive” (v. 25). A palavra “redentor” traduz o hebraico goel e significa alguém que defendia um familiar quando este não podia fazer sua própria defesa.

Os primeiros líderes da Igreja entendiam que Jó predisse a ressurreição que será efetuada por Cristo no final dos tempos e da qual ele participará. O patriarca queria a intercessão desse justo, imparcial e eficiente mediador.

4. “Bildade disfere um segundo ataque contra Jó. No seu primeiro discurso (Jó 8), ele lhe tinha dado encorajamento para ter esperança de que tudo lhe sairia bem. Mas aqui não há uma palavra sequer sobre isto; ele ficou mais irritante, e está tão longe de ser convencido pelos argumentos de Jó que está ainda mais exasperado.

I. Ele reprova Jó de maneira contundente, como sendo arrogante e inflamado, e obstinado na sua opinião (vv. 1-4).

II. Ele detalha a doutrina que tinha apresentado antes, a respeito da miséria dos ímpios e a ruína que os acompanha (vv. 5-21). Aqui, ele parece, o tempo todo, se fixar nas queixas de Jó sobre a infeliz condição em que se encontrava, de que ele estava nas trevas, confuso, preso, aterrorizado, e apressando-se para deixar o mundo. ‘Esta’, diz Bildade, ‘é a condição de um homem ímpio; e, portanto, és um deles’. […] Aqui Bildade dispara suas flechas, e também suas palavras amargas, contra o pobre Jó, sem pensar que, embora ele (Bildade) fosse um homem sábio e bom, neste caso estava servindo os desígnios de Satanás, contribuindo para a aflição de Jó” [HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.92].

III. O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS

1. A grandeza de Deus. O terceiro discurso de Bildade é feito para exaltar Deus e rebaixar Jó (Jó 25.1-6). Não há como negar que o longo debate entre Jó e seu amigo, esgotou o poder argumentativo de Bildade, o que fez com que ele repetisse várias vezes o que já havia dito. Na verdade, o seu último discurso não traz nada de novo.

No capítulo 25 ele destaca a onipotência divina. Deus é grande e poderoso (v.2). Por isso nada há de errado quando Bildade defende a majestade do Altíssimo. Todavia, como alguns autores destacam, Bildade acaba por criar um abismo que não existe entre a criatura e o Criador. O Deus defendido por ele não é o revelado na Bíblia. As ideias de Bildade se antecipam àquela defendida milênios depois pelo deísmo do final do século XVIII. Segundo os deístas, Deus criou o mundo, mas ausentou-se dele.

2. Onipotente, mas não ausente. Jó responde a Bildade com ironia: “Como ajudaste aquele que não tinha força e sustentaste o braço que não tinha vigor!” (Jó 26.2). Aqui, Jó não questiona a onipotência divina, mas a aplicação que Bildade faz desse conceito. O conceito de um Deus grandioso, que é soberano em suas ações, não deveria vir acompanhado também do conceito de um ser compassivo e amoroso? Deus não deve ser visto apenas em sua força, mas, sobretudo, por seu amor. Ele nunca exaltou seu poder e grandeza acima do seu amor. Ele não disciplina simplesmente porque é grande, forte e soberano, mas porque ama.

Diferentemente do conceito apresentado por Bildade, o Deus que a Bíblia apresenta é poderoso e glorioso, mas, principalmente, misericordioso e gracioso. Temos de cuidar para que no momento do sofrimento não manchemos a imagem de um Deus que não é só força, mas igualmente amor.

3. Deus é Exaltado e o Homem é Abatido (vv.1-6). “Bildade deve ser elogiado aqui, por dois motivos: 1. Por não mais falar sobre o assunto sobre o qual ele e Jó divergiam. Talvez ele começasse a pensar que Jó estava certo, e então era justo não dizer mais nada sobre isto, como alguém que disputava pela verdade, ficaria satisfeito em ceder a vitória; ou, se ainda se julgasse certo, ainda assim sabia quando já tinha dito o suficiente, e não discutiria incessantemente pela última palavra. Talvez, na verdade, uma razão pela qual ele e os demais deixaram diminuir este debate foi o fato de que percebiam que Jó e eles mesmos não divergiam tanto em opinião como pensavam: eles reconheceram que os ímpios podiam prosperar por algum tempo, e Jó reconheceu que eles seriam destruídos, no final; quão pequena, então, era a diferença! Se os contendores entendessem melhor, uns aos outros, talvez se encontrassem mais próximos uns dos outros, do que imaginavam.

Por falar tão bem sobre o assunto em que ele e Jó estavam de acordo. Se tivéssemos os nossos corações cheios de pensamentos respeitosos e reverentes sobre Deus e pensamentos humildades sobre nós mesmos, não seríamos tão propensos como somos a contender por questões de duvidosa controvérsia, que são assuntos intricados ou insignificantes” [HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.125].

CONCLUSÃO

Nesta lição vimos que o debate entre Bildade e Jó assume alguns contornos teológicos muito relevantes. Bildade faz três discursos teológicos e em cada um deles põe em destaque a sua crença. Ele não crê na inocência de Jó e, por isso, atribui o seu sofrimento à existência do pecado. Assim, ele orienta Jó a viver segundo os ditames da tradição e, como consequência, o empurra para um moralismo de natureza apenas religiosa. Por último, quando quer exaltar a grandeza de Deus a qualquer custo, acaba por criar um abismo intransponível entre o Criador e a criatura.

Comentarista: José Gonçalves. Lições bíblicas 4º Trimestre de 2020 – CPAD Rio de Janeiro RJ.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A TEOLOGIA DE ELIFAZ: SÓ OS PECADORES SOFREM?

 


Jó 4.1-8 “Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse: 2 - Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderia conter as palavras? 3 - Eis que ensinaste a muitos, e tens fortalecido as mãos fracas. 4 - As tuas palavras firmaram os que tropeçavam e os joelhos desfalecentes tens fortalecido. 5 - Mas agora, que se trata de ti, te enfadas; e tocando-te a ti, te perturbas. 6 - Porventura não é o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a integridade dos teus caminhos? 7 - Lembra-te agora qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? 8 - Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeiam mal, segam o mesmo.”

Jó 15.1-4 “Então respondeu Elifaz o temanita, e disse: 2 - Porventura proferirá o sábio à sabedoria? E encherá do vento oriental o seu ventre, 3 - Arguindo com palavras que de nada servem, e com razões, de que nada aproveita? 4 - E tu tens feito vão o temor, e diminuis os rogos diante de Deus. 

Jó 22.1-5 “Então respondeu Elifaz, o temanita, dizendo: 2 - Porventura será o homem de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo o prudente será proveitoso. 3 - Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou algum lucro em que tu faças perfeitos os teus caminhos? 4 - Ou te repreende, pelo temor que tem de ti, ou entra contigo em juízo?”

INTRODUÇÃO

Na lição, iremos estudar a teologia de Elifaz, o temanita; veremos também os debates teológicos travados entre Jó e seus amigos. Analisaremos os principais argumentos de Elifaz, que sustenta uma teologia errônea, afirmando que o justo não pode sofrer. Por fim, veremos segundo a Palavra de Deus os propósitos do sofrimento a qual o Justo pode ser submetido.

I. INFORMAÇÕES SOBRE ELIFAZ

1. Elifaz. É um nome que, em hebraico, traz um forte emblema: “Meu Deus é forte”. Infere-se daí tenham sido seus pais gente de reconhecida piedade. [...] Além de sua amizade com Jó, a única coisa que de Elifaz sabemos é a sua procedência. Era originário de Temã que, segundo se pode apurar, ficava no território que viria a ser ocupado pelos filhos de Edom. Alguns comentaristas são de opinião de que esse diminuto reino não passava de um território localizado no Norte da Arábia. O fato de haver Elifaz discursado em primeiro lugar revela sua avançada idade e posição social. Talvez fosse até o regente de Temã. Mostra-nos isto também que Jó era um homem bem relacionado. Entre os seus amigos, reis e príncipes [ANDRADE, 2006 p. 135].

II. OS DEBATES TEOLÓGICOS NO LIVRO DE JÓ

Os discursos dos três amigos de Jó contêm elementos de verdades, mas devem ser cuidadosamente interpretados no contexto. O problema dos amigos não se achava tanto no que sabiam, mas, sim, no que não sabiam: o sublime propósito de Deus ao permitir que Satanás esbofeteasse Jó (NVI, 2003, p. 815). Além disso, O Senhor repreende a Elifaz e aos seus dois amigos porque não falaram de Deus aquilo que era reto (Jó 42.7). Esta é razão pela qual devemos analisar os discursos dos amigos segundo o contexto geral das Escrituras Sagradas.

1. O livro de Jó é marcado pelos diálogos: dois deles entre Deus e Satanás (Jó 1.6; 2.13) e mais dois entre Deus e Jó (Jó 38.1; 42.6). E entre Jó e seus amigos (Jó 3.1; 31.40), além de quatro discursos de Eliú (Jó 32.1; 37.24). Esses diálogos, principalmente entre Jó e seus amigos, revelam a teologia que cada um deles sustentavam. 

2. A Teologia de Elifaz (Jó 4-5; 15; 22). Elifaz acreditava que o sofrimento indicava pecado. Elifaz declara que o Senhor não permite que aconteçam problemas ao inocente, querendo dizer que Jó deveria estar em pecado. “[...] Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.8). Com essas palavras Elifaz acusa Jó de pecado.

3. A Teologia de Bildade. Bildade entendia que se há sofrimento, há pecado oculto: “Acaso Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso torce o que é direito? Quando os seus filhos pecaram contra ele, ele os castigou pelo mal que fizeram” (Jó 8.3-4). A argumentação de Bildade se resume da seguinte maneira: Deus não pode ser injusto, logo Jó e sua família estão sofrendo por causa do pecado. Então se houver um pedido por misericórdia o Senhor perdoaria a Jó (Jó 8.5,6). 2.4 A Teologia de Zofar. Zofar compreendia que o justo não passa por Tribulação: “[...] e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” (Jó 11.6). O que está nas entrelinhas dessa afirmação de Zofar é a sua convicção de que o sofrimento de Jó viera, de fato, em razão de um pecado cometido [GONÇALVES, 2020, p. 139].

III. A TEOLOGIA DE ELIFAZ

A teologia de Elifaz como pode ser verificada nas suas palavras proferidas a Jó, é uma teologia baseada na causa e efeito, ou seja, recompensa para os justos e punição para os ímpios. É uma argumentação tão rígida que para Elifaz, o inocente não pode sofrer nenhum dano, somente os pecadores passam por dores e aflições. Notemos: 3.1 Os homens colhem aquilo que semeiam (Jó 4.7-11). Elifaz sustentou uma teologia de caráter retributiva; se Jó está sofrendo é devido algum mal que fez: “Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.7,8). Em linhas gerais, defendia Elifaz: se formos fiéis a Deus, e se lhe prestarmos a adoração que Ele nos requer, seremos abençoados de tal forma, que nenhuma desventura nos atingirá. [...] Em linguagem popular: um toma-lá-dá-cá. Ressaltava Elifaz contentar-se Deus com um relacionamento meramente comercial com o ser humano [ANDRADE, 2006 p. 137].

1. Arrependimento em troca de bênçãos (Jó 22.23,24). No terceiro discurso de Elifaz, ele deixa transparecer uma visão puramente simplista e mercantil do arrependimento: “[...] se te converteres ao Todo poderoso, serás edificado; afasta a iniquidade da tua tenda. Então, amontoarás ouro como pó e ouro de Ofir, como pedras dos ribeiros” (Jó 22.23,24). Elifaz está equivocado nesse aspecto; nem sempre o arrependimento sincero resulta em prosperidade material. Homens piedosos podem ser abandonados, perseguidos e maltratados por causa de sua fé, o melhor exemplo disso está na galeria dos heróis da fé (Hb 11.32-38).

2. Os pecadores sofrem nesta terra (Jó 15.17-35). Os amigos de Jó afirmavam, com razão, que o orgulho humano (Jó 15.27; 20.6), a ambição pelas riquezas (Jó 15.28-29; 20.21-21) e a exploração dos pobres (Jó 20.19; 24.21) são pecados que Deus castiga. Mas o seu erro consistia em pensar que esse castigo viria sempre aqui na terra e que seria na mesma medida das ofensas praticadas (Jó 29-35) (NTHL, 2012. p. 572). A Palavra de Deus assegura que o castigo dos ímpios não está limitado a essa existência terrena; se não houver arrependimento sincero diante Deus e abandono das práticas pecaminosas, resta para o homem o sofrimento terrível (Mt 13.42,50; Mc 9.47,48; 25.30) e também eterno (Dn 12.2; Mt 7.13; 25.46).

IV. VERDADES QUE PODEMOS EXTRAIR DO SOFRIMENTO

1. Há propósitos positivos do sofrimento. Se confiarmos em Deus, a dor e o sofrimento pode servir alguns propósitos positivos, incluindo:

(a) Conseguir a nossa atenção.

(b) Permitir que Deus demonstre seu poder (Jo 9.1-3).

(c) Pôr à prova nossa integridade (Jó 2.1-3).

(d) Produzir perseverança e caráter (Rm 5.3-5).

(e) Proporcionar disciplina (Hb 12.10,11).

(f) Eliminar o orgulho egoísta (2ª Co 12.7).

(g) Desenvolver maturidade (Tg 1.2-4).

(h) Edificar a fé (1ª Pd 1.3-7).

(i) Ajudar-nos a nos relacionar com Cristo e a sermos mais parecidos com Ele (Rm 8.28-29).

(j) Proporcionar oportunidade para servir e consolar outras pessoas (2ª Co 1.3-6).

(l) Modificar nossa perspectiva das coisas terrenas para as coisas eternas (2Co 4.17,18).

(m) Fazer com que os rebeldes se convertam a Deus (1ª Co 5.1-5) [STAMPS, 2018, p. 629].

2. No sofrimento adquirimos maturidade. As provações nos tornam maduros e completos (Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu caráter moldado pelas situações adversas que enfrentaram, a saber:

(a) Abrão amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido (Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18).

(b) As aflições que José enfrentou o prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu (Gn 45.5-8).

(c) O deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel (Dt 8.1-3). Paulo tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

3. O sofrimento é passageiro. Todos os sofrimentos e dificuldades deste tempo presente - doenças, sofrimentos, dor, desapontamentos, injustiça, maus tratos, angústias, perseguição e dificuldades de todo tipo – devem ser consideradas insignificantes, quando em comparação com as bênçãos, os privilégios e a glória que será dada aos seguidores de Cristo na eternidade: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Diante dos privilégios que teremos no céu com o Senhor, o sofrimento do cristão é passageiros (Mt 5.12; 2ª Co 4.10; 2ª Co 4.17; Fp 3.20; 1ª Pd 4.13; 1ª Jo 3.1-2). Chegará um dia que Deus: “limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

CONCLUSÃO

Concluímos que, a Teologia de Elifaz se resume em um falso raciocínio, que o justo não pode sofrer; somente quem sofre são os pecadores. No entanto, a palavra de Deus declara: “...no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. O sofrimento faz parte da vida cristã (2 Tm 3.12), mas um dia Deus enxugará todas as lágrimas (Ap 21.4).

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE, Claudionor Correia. O problema do Sofrimento do Justo e o seu propósito. CPAD, 2011.

2. Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida Fiel. Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 2007.

3. Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.

4. GONÇALVES, Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração de Jó. CPAD, 2020.

5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O LAMENTO DE JÓ

 


Jó 3.1-26 “Depois disto, abriu Jó a boca e amaldiçoou o seu dia. 2 - E Jó, falando, disse: 3 - Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem! 4 - Converta-se aquele dia em trevas; 5 - Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; e, ali, repousam os cansados. negros vapores do dia o espantem! 6 - A escuridão tome aquela noite, e não se goze entre os dias do ano, e não entre no número dos meses! 7 - Ah! Que solitária seja aquela noite e suave música não entre nela! 8 - Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para fazer correr o seu pranto. 9 - Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha: e não veja as pestanas dos olhos da alva! 10 - Porquanto não fechou as portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira. 11 - Por que não morri eu desde a madre e, em saindo do ventre, não expirei? 12 - Por que me receberam os joelhos E por que os peitos, para que mamasse? 13 - Porque já agora jazeria e repousaria; dormiria, e, então, haveria repouso para mim14 - com os reis e conselheiros da terra que para si edificaram casas nos lugares assolados, 15 - ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata. 16 - Ou, como aborto oculto, não existiria; como as crianças que nunca viram a luz! 17 - Ali, os maus cessam de perturbar e, ali, repousam os cansados. 18 - Ali, os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do exator. 19 - Ali, está o pequeno e o grande, e O servo fica livre de seu senhor. 20 - Por que se dá luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo, 21 - que esperam a morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos; 22 - que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura? 23 - Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu? 24 - Porque antes do meu pão vem O meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água. 25 - Porque o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu.  26 - Nunca estive descansado, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.”

INTRODUÇÃO

Jó passou por uma série de drama; uma série de calamidades se abateu sobre ele de forma catastrófica a ponto de pedir a morte, mas, apesar de ele desejar morre não buscou o suicídio. Ao desejá-la, o patriarca tem como objetivo dar fim ao ciclo de sofrimento que Satanás lhe impôs. Nesse aspecto, a vida de Jó nos passa uma mensagem muito importante, mostrando-nos que, mesmo diante do mais terrível sofrimento, o patriarca não ousou entrar numa “jurisdição” que pertence somente a Deus.

Do estado de riqueza e prosperidade, Jó passou a viver na adversidade; seus amigos foram para consolá-lo, mas ficaram sem palavras ao contemplarem seu debilitado estado de saúde. Entretanto, depois de sete dias, ele rompeu o silêncio com um lamento que veio do fundo da alma.

Ele, indiretamente, nos transmite a importante mensagem de que o único que pode decidir acerca do início e do fim da vida é o Deus Altíssimo.

I. PRIMEIRO LAMENTO DE JÓ (3.1-10)

Jó abre sua boca depois de sete dias. O primeiro lamento de Jó revela seu desejo de esquecer o dia em que nasceu.

1. “Por que nasci?” A dor de Jó era profunda e somente a poesia podia expressar toda a carga emocional vivida por ele. Nesse poema, os dez primeiros versículos do capítulo três são a respeito do primeiro questionamento de Jó: Por que nasci? Esse questionamento sai do íntimo de Jó, assim como ocorre com a alma do salmista (130.1). Da mesma forma, o profeta Jeremias expôs os sentimentos diante de seus conflitos (Jr 20.14-18). Nesse sentido, o patriarca não está sozinho em lamentar diante da dor.

A queixa de Jó:

1.2. Jó amaldiçoa o dia de seu nascimento (vs. 1-10). De maneiras variadas, ele deseja que nunca tivesse nascido.

Bíblia nos fala que quando estamos fracos Ele se mostra forte. Em nossa fraqueza repousa o poder de tudo (2º Co.12.9 e 10).

1.3. A segunda parte de seu discurso. Jó continua dizendo que se ele tinha que nascer, teria sido melhor se tivesse nascido morto (vs. 11-19). A morte é pintada como uma libertação das dificuldades desta vida.

Esse questionamento sai do íntimo de Jó, assim como ocorre com a alma do salmista (130.1). Da mesma forma, o profeta Jeremias expôs os sentimentos diante de seus conflitos (Jr 20.14-18). Nesse sentido, o patriarca não está sozinho em lamentar diante da dor.

O homem de Uz recorre a essa imagem para ilustrar o momento tenebroso que estava vivendo. A lógica é simples: Se Deus não tivesse feito aquele dia, ele não teria sido concebido e, portanto, não passaria por tudo isso. Nesse sentido, o Novo Testamento revela como nosso Senhor é misericordioso e nos trata com amor e ternura nos momentos de tribulação e angústia, pois aos pés da cruz é o melhor lugar para derramar a nossa alma (cf. Jo 11.32,33).

2. Que em lugar da memória viesse o esquecimento. Neste momento de dor, Jó não amaldiçoou a Deus, como Satanás previra; em vez disso, amaldiçoou o dia de seu nascimento. No lugar de ser ocasião de grande celebração pelo dia do nascimento de criança, Jó amaldiçoou esse dia por ocasião do grande sofrimento e decepção. Para o homem de Uz, esse dia teria de ser apagado da memória. Não é assim que muitas vezes nos sentimos? Um dia em que tudo foi mal e temos desejo de nunca mais lembrá-lo.

3. Que em vez da ordem viesse o caos. Mencionamos o desejo de Jó para que o dia de seu nascimento não tivesse entrado no calendário e, que dessa forma, tanto esse dia como essa noite jamais tivessem existido. No lugar da luz que raiou por ocasião do nascimento dele, e que revelou todo seu sofrimento, o patriarca desejou que as trevas dominassem (vv. 4-7). E por que? Porque em vez da paz veio a dor; em vez da ordem, o caos. Desse dor; em vez da ordem, o caos. Desse raciocínio, Jó menciona a imagem do Leviatã. Este famoso e assombroso animal marinho simboliza o caos.

O homem de Uz recorre a essa imagem para ilustrar o momento tenebroso que estava vivendo. A lógica é simples: Se Deus não tivesse feito aquele dia, ele não teria sido concebido e, portanto, não passaria por tudo isso. Nesse sentido, o Novo Testamento revela como nosso Senhor é misericordioso e nos trata com amor e ternura nos momentos de tribulação e angústia, pois aos pés da cruz é o melhor lugar para derramar a nossa alma (cf. Jo 11.32,33).

II. SEGUNDO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NÃO NASCI MORTO? (3.11-19).

O segundo lamento de Jó revela o desejo de ter sido abortado.

1. Descansando em paz. Os intérpretes observam que o discurso de Jó a partir do versículo onze muda de amaldiçoar para reclamar. A partir desse versículo, Jó passa reclamar por não ter nascido morto. Para ele nascer morto teria sido melhor do que existir naquelas condições (v. 11-13). Era a melhor maneira de não passar por toda aquela tribulação. Essas palavras de Jó revelam uma coisa: Ele queria descanso de todo o seu sofrimento. O que Jó pedia era uma possibilidade real, pois muitos fetos nascem mortos (vv. 16). Para ele a morte era uma forma de descansar em paz (vs. 13-15).

2. Livre de tribulações. O dilema de Jó aumenta à medida que o seu sofrimento ganha intensidade. Ele continua com seu argumento da “não-existência” (vs. 16-19). Ele está convencido de que se não tivesse se tornado um “ser”, nada disso estaria acontecendo. Ele desejava ter sido como um “natimorto”, um feto que nunca viu a luz (v.16).

A palavra hebraica nephel, usada no versículo 16 como “natimorto”, possui o sentido de “um aborto espontâneo” e é traduzido dessa forma em Eclesiastes 6.3 e Salmo 58.8. Aqui em nenhum momento Jó faz uma apologia ao aborto, mas usa-o no sentido metafórico de “descanso do sofrimento”. No lugar de ter sido abortado, ele nasceu e foi lançado no mundo da tribulação. O raciocínio é claro: Para os que morreram cessaram as angústias e tribulações da vida presente.

3. Uma realidade para o cristão. O Novo Testamento nos ensina que enquanto estivermos neste mundo estaremos sujeitos à dor, ao luto, ao sofrimento (Fp 4.11,12). Mas, ao mesmo tempo, temos uma promessa consoladora de Jesus (Jo 16.33, cf. Fp 4.13).

4. Jó lamenta seu nascimento. Se a morte tivesse sido o seu destino logo no início, então suas maiores esperanças teriam sido alcançadas havia muito tempo- então, haveria repouso para mim (13). Entre os versículos 14 e 19 há observações acerca do fato de que todos os homens são iguais diante da morte.

Os reis (14), os ricos (15), os maus 17) cessam de perturbar, e, ali, repousam os cansados. Moffat interpreta o pensamento dos lugares assolados (14) como ‘reis L.J que constroem pirâmides para si mesmos’. Os presos não são mais incomodados por aqueles que os oprimiam (18) e mesmo os escravos estão livres de seu senhor (19). Em seu desespero, Jo pode apenas esperar pelo alívio que a morte poderia lhe trazer” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF Earl C. (et al. Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.34).

III. TERCEIRO LAMENTO DE JP: POR QUE CONTINUO VIVO? (3.20-26)

O terceiro lamento de Jó revela a desistência da vida por causa do sofrimento.

1. Vale a pena viver? Nessa terceira seção do capítulo três Jó faz uma quarta pergunta (3.20): “Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo?”. As outras perguntas estão em 3.1; 3.12; 3.16. A palavra hebraica amel, traduzida aqui como “miserável”, é usada no sentido de alguém cuja vida é atribulada pela miséria e que, por isso, torna-se incapaz de exercer suas funções. Em outras palavras, para Jó a vida havia se tornado intolerável.

2. Sem o favor de Deus? Jó novamente volta a indagar: “Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?” (Jó 3.23). A pergunta busca o significado do sentido de todo aquele processo. Ela busca compreender o porquê de Deus permitir o sofrimento. Aqui há um paralelo com Provérbios 4.18, onde é dito que “o caminho do justo é como a luz da aurora que brilha mais e mais até ser dia perfeito”.

Na literatura sapiencial, a palavra hebraica traduzida como “caminho” é derek e se refere ao caminho da sabedoria de Deus, que conduz a vida. Para o patriarca esse fato havia se tornado um paradoxo, pois ele não sabia por que Deus escolheu para ele o caminho do sofrimento.

3. Um caminho de sabedoria e maturidade. Muitas vezes sentimo-nos iguais a Jó, desorientados, passando por uma via dolorosa do sofrimento. E como ele, não imaginamos nem compreendemos que Deus está agindo. É preciso, porém, olhar para o alto onde Cristo vive (Cl 3.1-4). Nele, podemos manter o equilíbrio e confiança durante a tormenta e, assim, trilhar um  caminho de sabedoria e maturidade no sofrimento

4. “Jô veio à luz; ele foi trazido à Vida (20); Jó estava perdido e Deus o encobriu (23). Tudo isso ocorre contra sua vontade ou, pelo menos, sem que ele tenha alguma oportunidade de escolha. Em sua miséria ele espera a morte. A morte seria como tesouros Ocultos a serem procurados ou algo de que ele poderia se alegrar sobremaneira (21-22). Mas mesmo isso é negado a Jo. Moftat interpreta a primeira parte do versículo 23: ‘Por que Deus dá à luz à um homem que está no fim de suas forças?

A miséria de Jó se tornou tão desmedida que seus gemidos (expressão de agonia) se derramam como água (24) em uma corrente vasta e ininterrupta. A Sua vida tornou-se tão difícil que tudo que ele precisa fazer é temer por mais agonia, e isso, de fato, acontece (25). O sofrimento de Jó não tinha fim. Ele não teve qualquer oportunidade para experimentar descanso, sossego e repouso. Velo sobre mim a perturbação (26) pode ser traduzido apropriadamente como: ‘A perturbação vem continuamente’ ” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.34).

CONCLUSÃO

Nesta lição vimos o dilema de Jó. Desconhecendo a razão das adversidades que se abateram sobre ele, o patriarca não negou a Deus nem o amaldiçoou. Todavia, ele expôs toda a sua humanidade, de forma que o leitor que apenas o contempla sem, contudo, participar de seu drama, tem dificuldade de entender seu lamento, principalmente, quando ele se dirige a Deus. E o lamento de um corpo ferido e de uma alma, que mesmo amando a Deus, se derrama angustiada.

GONÇALVES José. O lamento de Jó. 4º trimestre de 2020 . CPAD – Rio de Janeiro RJ.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

O DRAMA DE JÓ

  


LEITURA BÍBLICA

Jó l.13-22 “E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão primogênito, 14 - que veio um mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a eles; 15 - e eis que deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e eu somente escapei, para te trazer a nova. 16 - Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu; e só eu escapei, para te trazer a nova. 17 - Estando ainda este falando, veio outro e disse: Ordenando os caldeus três bandos, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e só eu escapei, para te trazer a nova. 18 - Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, 19 - eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei, para te trazer a nova. 20 - Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, 21 - e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR. 22 - Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

Jó 2.6-8 “E disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida.7 - Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto do cabeça. 8 - E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza.

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a calamidade que se abateu sobre a vida de Jó. A partir desse drama temos a oportunidade de refletir a respeito do sofrimento e o modelo de comportamento que o cristão deve ter para a própria vida diante das adversidades. A realidade de Jó, muitas vezes, pode tornar-se um espelho na vida de muitos cristãos. O que nos deve levar a reagir conforme o que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos. Em nenhum momento nosso Senhor negou que teríamos sofrimento na vida. Nesse aspecto, a grande diferença entre quem tem confiança em Cristo está na forma que se passa pelo caminho do sofrimento. Assim, Jó é um grande exemplo de fé e paciência para os cristãos.

A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante. Da condição de homem mais rico e admirado do Oriente, ele tornou-se, não apenas um pobre moribundo, mas, na visão de seus amigos, “um pecador revoltado e arrogante”.

De uma vida abastada, piedosa e fraternalmente estruturada, Jó mergulhou em um mar de calamidades. De repente tudo se desmoronou. Os rebanhos foram roubados e dizimados; os empregados foram assassinados e, outros, mortos em desastres aparentemente naturais; os filhos, seu bem mais precioso, morreram. Cenas difíceis de esquecer! Refletir sobre como Jó reagiu a tudo isso é o objetivo dessa lição.

O sofrimento se abate sobre o justo.

I. TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA

No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.

1. O sucesso na esfera comercial. O autor sagrado já havia sublinhado que Jó era “maior de todos os do Oriente” (Jó 1.3). O respeito, a admiração, a riqueza e a prosperidade do homem de Uz contribuíram para a construção dessa imagem. O autor já havia destacado a riqueza e a prosperidade de Jó, medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço dele. O comércio e a atividade do campo eram suas principais atividades. Devido à sua grande riqueza, não são poucos os autores que igualam Jó a grandes industriais e empresários contemporâneos. Enquanto as ovelhas proporcionavam lã para a produção têxtil, por outro lado os camelos e jumentas estavam a serviço do transporte de cargas. Dessa forma, Jó se destacava no Oriente como um homem de negócios.

2. O sucesso na esfera do campo. A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de Jó. O fato de que ele tinha tantas juntas de bois a seu serviço demonstra que ele era um agricultor que possuía uma grande extensão de terras, e não um nômade como alguns autores supõem. Estudiosos destacam o fato de que a palavra hebraica ’abuddah, encontrada somente em Jó e em Gênesis 26.14, é uma referência direta à lavoura e ao cultivo da terra. Os bois, e da mesma forma as ovelhas, ofereciam a proteína animal. As ovelhas, juntamente com as jumentas, alimentavam a produção de laticínios. Isso fazia de Jó um verdadeiro empreendedor no sentido moderno do termo.

3. O ataque do Diabo na esfera comercial.

Jó foi experimentado em todas as áreas de sua vida. Calamidades sociais, sobrenaturais, meteorológicas e psicológica.

Rapidamente, os filhos e filhas de Jó são mortos e todos os seus rebanhos são levados por seus inimigos. 2. Perda dos bens materiais. 3. Perda dos membros da família. 4. Perda da saúde.

3.2. Satanás atingiu o centro das atividades comerciais do patriarca. O Adversário procurou retirar aquilo que, graças ao trabalho duro, Jó havia conquistado. Assim, destruiu os animais e o pessoal a serviço dele, desestabilizando-o financeiramente. Seu negócio foi à bancarrota. Sem animais de carga, o transporte estava prejudicado.

4. O ataque do Diabo na esfera do campo. Da mesma forma que atingiu os negócios de Jó na esfera comercial, Satanás o atingiu também na esfera do campo. Destruindo a sua fonte de produção de proteínas e laticínios, o Diabo atingiu em cheio toda a fonte de sua riqueza. Era preciso muito equilíbrio para não se desesperar diante de um quadro tão sombrio.

Aqui é necessário fazer uma ponderação. Evidentemente que nem sempre o empreendimento de alguém quebra por investidura de uma ação maligna direta; muitas vezes é apenas um mau gerenciamento ou até mesmo consequência de uma crise de mercado. Todavia, no caso de Jó, foi uma ação maligna e em muitos casos hoje também o é.

5. A tragédia de natureza econômica atingiu Jó tanto na esfera comercial quanto na esfera do campo.

“O sofrimento de Jó era multifacetado. Era físico, social, emocional e espiritual. Estava em dor e tormento (13.25; 16.6; 30.17) e tinha grandes dificuldades (‘tristeza’, ‘desgraça’, 3.10; palavra também usada em 4.8; 5.6,7; 11.16; 15.35). No âmbito físico, teve insônia (7.4), perdera peso (16.8), ficou com os olhos vermelhos e olheiras profundas (v.16), emagreceu (17.7; 19.20), tinha calafrios (21.6), dores nos ossos (30.17), a pele enegrecera e descascara (vv.28,30), tinha febre (v.30) e furúnculos que coçavam (2.7). Socialmente, as pessoas o rejeitaram. Zombavam e escarneciam (12.4; 16.10; 17.2,6), e até as crianças debochavam dele (30.1,9-11). Por isso, não tinha alegria (9.25; 30.31). Na sua angústia e amargura (7.11; 10.1), sentia que estava na escuridão (19.8; 30.26) e em desespero (6.14,20). Todos os amigos e parentes o abandonaram (19.17-29). Diante de Deus, Jó estava espiritualmente sem esperança (14.13; 19.10). Deus estava parado e aparentemente desinteressado em Jó (19.7; 30.20), embora o sofredor clamasse por ajuda (30.24,28)” (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 300).

II. TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR

1. Filhos. A tragédia que se abateu sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele perdeu em um só dia seus dez filhos de forma calamitosa - sete filhos e três filhas. O texto sagrado diz: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (vv.18,19). Não haveria nada mais trágico do que esse acontecimento. Perder um filho é calamitoso, mas perder todos de forma inexplicável é nefasto.

2. Esposa. A frase “Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9), atribuída à esposa de Jó, é uma das mais chocantes do livro. Talvez por isso seja objeto de várias explicações. Muitos autores tentam suavizá-la quando a interpretam como sendo uma ironia feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, de fato, estaria dizendo: “Você continua aí com essa sua fé enquanto tudo desmorona à sua volta. Por que tudo isso? Deixe de lutar por isso e aceite a morte”.

Outros procuram atribuir um sentido ao texto o qual ele não tem. Para estes, a esposa de Jó não estava mandando amaldiçoar a Deus, mas orientando Jó a louvá-lo e morrer em paz. No entanto, as evidências do texto depõem contra esse entendimento. A reação de Jó, ao dizer que sua esposa falava como qualquer louca, confirma esse fato.

3. O fato. Um vento forte soprou sobre a família de Jó, devastando-a. Ainda hoje, “fortes ventos” continuam a “soprar” em famílias inteiras. O resultado desses “ventos” é a degradação familiar, divórcios, drogas etc. A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. É preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção.

4. Jó perdeu dez filhos em um só dia e sua esposa instou-lhe a abandonar a fé em Deus.

“Seus bens mais queridos e mais valiosos era os seus dez filhos; e, para concluir a tragédia, uma notícia lhe foi trazida ao mesmo tempo de que eles estavam mortos e enterrados em meio às ruínas da casa na qual festejavam, junto com os criados que os serviam, exceto um que veio rapidamente com essa notícia (vs.18,19). Esta foi a maior das perdas de Jó, e que o atingiu mais de perto: e por isso o Diabo a reservou para o final, para que se outras contrariedades falhassem, esta pudesse fazê-lo amaldiçoar a Deus. Nossos filhos são partes de nós mesmos; é muito difícil separar-nos deles, e isso fere um bom homem de maneira mais profunda possível. Mas separar-se de todos eles de uma vez, e o fato de estarem todos mortos, sim, aqueles que haviam sido por tantos anos a sua preocupação e a sua esperança, era algo que o atingia realmente no âmago do seu ser” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 10).

III. TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA

1. O Diabo toca na saúde de Jó. Depois que o Diabo viu o seu plano fracassar, pois o patriarca não sucumbiu à tentação, mesmo diante da dizimação de seus bens e familiares, o Adversário agora tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó. Essa nova prova é um drama muito distinto na literatura do Antigo Testamento. Ela dará a tônica ao restante do livro.

2. Saúde física. O texto sagrado diz que o Diabo “feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.” (Jó 2.6,7). Tratava-se de uma doença extremamente maligna, capaz de provocar um grande sofrimento em Jó, a ponto de este sentar-se nas cinzas e pegar um caco de barro para com ele raspar as feridas. Essa era uma prática que o homem antigo adotava quando se via acometido de uma grande desgraça. Ele ia para o monte de cinzas (hb. mazbala ), um local considerado imundo, onde os inválidos e dementes costumavam ficar. Ali ele esperava a morte entre cães, insetos e aves de rapina. Trágico!

3. Saúde mental. Não há dúvida que, além do sofrimento físico, Jó também experimentou o sofrimento psicológico. Embora não haja nada no texto que nos permita dizer que ele entrou em depressão, não há como negar que Jó passou por uma grande tensão psicológica. Há vários textos no corpo do livro que permite fazer essa dedução, mas já no início da sua fala é possível perceber esse fato (Jó 3.1-14). Ainda que mantivesse sua fidelidade a Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de seu nascimento, não vendo mais razão para que fosse celebrado. Só debaixo de forte pressão psicológica é que pessoas chegam a tal ponto.

4. Além de perder bens e familiares, a tragédia atingiu a saúde física e mental de Jó.

“Foi o patriarca constrangido a suportar as dores mais terríveis e os piores desconfortos a que um ser humano jamais fora submetido. Entretanto, reteve a sua integridade. Muitos são os servos de Deus que estão a sofrer as mais terríveis enfermidades. Uns, à semelhança de Ezequias, enfrentam um tumor maligno que, pouco a pouco, vão lhes consumindo as forças e o que lhes resta das humanas feições. Outros, como Lázaro da história narrada pelo Senhor Jesus, jazem cobertos de uma chaga que os tornam repulsivos, embora espiritualmente sejam os mais puros dos homens. Outros, ainda, tal como o jovem Timóteo, veem-se às voltas com uma doença no estômago que os fustiga com forte ânsias” (ANDRADE, Claudionor de. Jó: O problema do sofrimento do justo e o seu propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 85).

5. A doença de Jó.

A. Alguém poderia sugerir que a doença de Jó possa ter sido uma forma muito severa de lepra, também conhecida como elefantíase-dos-gregos. Esta é conhecida algumas vezes como lepra negra, porque a pele fica enegrecida.

B. Qualquer que fosse a doença, parece claro que Jó sofreu com ela durante algum tempo e que foi muito séria e penosa. Alguns dos seus sintomas e efeitos podem ser deduzidos das passagens seguintes: (2.7-8, 12; 3.24-25; 7.4-5, 13-15; 19.17, 20; 30.17-18, 30).

V. JÓ ADORA A DEUS NA PROVAÇÃO

1.20-22: “Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. 21 E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. 22 Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

1. A adoração de Jó. Quão grande é o exemplo de Jó. No auge da provação, confessa que, mesmo que Deus o matasse, n’Ele confiaria (Jó 13.15).

1.1. A adoração de Jó foi completa tanto em atitudes como em palavras.

A. Ele levantou-se.

B. Rasgou seu manto.

C. Rapou a cabeça.

D. E se lançou em terra para adorar o Senhor. “...bendito seja o nome do SENHOR”.

1.2. Jó confessa sua fé. “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou”.

2. O que levou Jó a adorar a Deus.

2.1. Adoração a Deus implica o reconhecimento de Sua soberania.

2.2. Adoração a Deus implica o reconhecimento de que Ele está no comando de tudo.

2.3. Adoração a Deus implica o alegrar continuamente n’Ele. O profeta Habacuque

Confessou dizendo: mesmo que lhe viessem a faltar os alimentos básicos, alegrar-se-ia ele no Deus de sua salvação (Hb 3.18).


José Gonçalves. O drama de Jó. Lições bíblicas - 4º Trimestre de 2020. CPAD – Rio de Janeiro RJ.

 

A NOVA ORDEM MUNDIAL O COMUNISMO PARTE III



“Nova Ordem Mundial”, é uma organização de setores da elite com o objetivo de comandar um governo global, ideia geralmente associada à maçonaria e aos Illuminati com o objetivo  de criar uma União das Repúblicas Socialistas da América Latina, a Ursal.

1. Características da nova ordem mundial.

·                     As alianças entre nações são feitas agora pelo grau de afinidade econômico comercial existente entre um e outro país. Deixando de lado a questão ideológica o que impera agora é a questão mercadológica.

·                     O nível de poder de um país agora é medido pelo seu desenvolvimento científico e tecnológico, com destaque para o conhecimento cientifico na áreas de informática e biotecnologia.

2. Características da nova ordem mundial.

Surgimento de novos organismos internacionais como o G7, que engloba os setes países mais industrializados do mundo e a Rússia por isso e conhecido também como G8.

Proliferação de blocos de poder, na América, Ásia, África, Europa, enfim todos os continentes.

Aparecimento de uma ordem monopolar, no que diz respeito a questão militar, pois só existe uma superpotência militar nos dias atuais que é os EUA.

3. Meios que o comunismo usa para implantar a nova ordem mundial.

Cerceamento das liberdades individuais, controle das redes sociais, censura à imprensa, prisões injustificadas de jornalistas, rastreamento de mensagens e redes sociais, tentativas de desconstrução da família e dos conceitos judaico-cristãos, além de supostas medidas macabras de despopulação mundial, como a banalização do aborto e genocídios biológicos ideologia de gênero.

Isso é o que diz a literatura globalista (nova denominação para o socialismo) em relação à NOVA ORDEM MUNDIAL.

Não estariam sendo, nesse momento, todas essas táticas aplicadas simultaneamente em todo o mundo?

H.G. Wells, já falava em uma “comunidade mundial sem fronteiras” e a necessidade de acabar com o sentimento patriótico dos povos. Ele já pregava o globalismo e o fim das soberanias nacionais. Um mundo sem fronteiras, porém com toda a população sob rígido controle de um estado único.

Até o ditador Xi Jinping já deve ter imaginado trocar o nome de “Planeta Terra” para “Planeta China”, “Planeta Xi Jinping” ou “Planeta Xing Ling”.

Xi Jinping, George Soros, ONU, OMS, Foro de São Paulo, e na esfera nacional, STF, OAB, políticos socialistas e alguns ex-presidiários não estariam todos engajados nesse plano diabólico?

Planos de “despopulação mundial” estariam em curso através de ataques biológicos? Vacinas com efeitos colaterais esterilizantes, as confusões da OMS e as inexplicáveis campanhas contra os medicamentos supostamente eficazes contra o vírus chinês, não fariam parte desse plano?

Como disse George Bernard Shaw, um dos defensores da N.O.M., “todos devem conhecer ao menos meia dúzia de pessoas que não têm utilidade nesse mundo, que são mais um problema do que aquilo que valem”, numa clara alusão à um genocídio velado.

Você deve estar pensando: Esse tal de Nelson Fonseca é louco. Mas eu garanto que nada disso saiu da minha imaginação. Tudo está na literatura comunista, ou se preferir, globalista.

Agora compare com o que está acontecendo hoje no mundo e no Brasil. Não acha tudo muito estranho?

Obras no Museu de Artes do Rio de Janeiro incentivando incendiar igrejas em nome de um Estado laico, estátua de Jesus Cristo vandalizada no Canadá, imagem de Nossa Senhora incendiada no Brasil, são alguns exemplos do cenário atual.

Atacam a Bíblia recorrentemente. Só não atacam o Alcorão porque, como diz o ditado, “Quem tem olho tem medo” ou qualquer coisa mais ou menos assim.

Juro que eu espero estar enganado, mas receio que estamos na iminência de nos transformamos em semi-escravos de meia dúzia de líderes mundiais comunistas.

Caso não haja uma reação imediata, em breve teremos o salário do cubano, a liberdade do norte coreano, a fartura do venezuelano e a justiça dos chineses.

4. O socialismo e a nova ordem mundial.


 No Manifesto Comunista, Karl Marx afirma: para estabelecer o Comunismo, devermos estabelecer primeiro o Socialismo por meio de uma ditadura do proletariado. E para que esta ditadura seja possível, 3 coisas devem ser realizadas: (1) abolição de todos os direitos à propriedade privada; (2) dissolução da unidade familiar; e (3) destruição da religião (que Marx chamada de “o ópio do povo”).

Segundo o esquizofrênico Marx, quando estes 3 objetivos fossem alcançados em todas as nações do mundo, o Estado Socialista Absoluto simplesmente desaparecia no nada para dar lugar ao tão sonhado Comunismo, onde não precisaríamos de governo algum e todos viveríamos em paz e felizes para sempre. Mas, atenção: para chegar a este paraíso Comunista, temos que passar pelo pântano do Socialismo – como advertiu Karl.

Todavia, o Socialismo não é o caminho para o Comunismo. NUNCA FOI.

O “comunismo prometido” é apenas uma isca para tornar legítimo o estabelecimento uma ditadura socialista – que, inicialmente e para facilitar ser engolida pela opinião pública, é vendida sob a camuflagem de “temporária”, coisa que as ditaduras JAMAIS tiveram a intenção de ser.

Entenda de uma vez por todas: o plano dos “comunistas” não consiste em estabelecer o Comunismo, mas a DITADURA SOCIALISTA.

Ouça palestras de comunistas, leia livros comunistas, e tudo que você verá diz respeito ao tema Socialismo. Nenhum autor comunista fala sobre Comunismo. Eles falam sobre Socialismo, sobre a Ditadura Socialista.

O Socialismo tem início quando o governo começa a controlar e tomar posse dos meios básicos de produção e distribuição de bens e serviços. Quando o governo adquire o domínio pleno desses setores, ele está pronto para eliminar a propriedade privada, a família e a religião. O Brasil vem sendo socializado há décadas. Na verdade, o mundo todo vem sendo – até mesmo os EUA.

E a isso damos o nome de Nova Ordem Mundial.

Vaticano “batiza” Nova Ordem Mundial, laica e socialista: Global Reset.

Quem poderia imaginar, no início dessa pandemia do vírus de Wuhan, que as Nações Unidas, o Fórum Econômico Mundial e o Vaticano se unissem para gerar um monstro socialista chamado “Nova Ordem Mundial”?

Um “remédio” que só agravará o mal: socialização global.

“17 de julho de 2020 (LifeSiteNews) – O Vaticano está dando voz a instituições globalistas, como as Nações Unidas e o Fórum Econômico Mundial, em vista da “ação coletiva” para a reconstrução da sociedade – ou melhor, a construção de um novo sociedade com muitos tons utópicos.

“A ONU e o WEF de Davos, juntamente com o príncipe Charles da Inglaterra, anunciaram recentemente reflexões globais que levarão a uma conferência “Global Reset” no início do próximo ano.

“A Comissão COVID-19 do Vaticano está promovendo o mesmo tipo de ação: desarmamento global, uma resposta “verde” que envolverá uma profunda mudança na economia na sequência do Laudato si ‘, assistência médica universal e outras “soluções” globais em harmonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (os ODS para 2030).”

5. O nascimento de um novo comunismo.


O filósofo Slavoj Zizek em entrevista ao La Repubblica,acredita que é possível, mais que nunca, conter os totalitarismos e fortalecer os laços de comunidade ante a flagrante incompetência dos líderes frente a crise. Retorno ao “normal” é o que eles querem. Mas as mudanças são pra já.

O filósofo esloveno não acredita que a emergência traga novos totalitarismos. Aliás, os laços da comunidade serão fortalecidos. Porém, apenas se formos capazes de reconstruir a confiança nas instituições: “o que acontece mostra que cabe a nós, aos cidadãos, sujeitar a maior controle aqueles que governam, certamente não o contrário”.

“Um novo senso de comunidade: é isso que está emergindo dessa crise. Uma espécie de novo pensamento comunista, distante do comunismo histórico. A banal descoberta de que coordenação e cooperação globais são necessárias para combater o vírus tem um viés revolucionário. Estamos redescobrindo o quanto precisamos uns dos outros. No entanto, a Organização Mundial da Saúde sempre o repetiu: e, em vez disso, não existia nada similar nem mesmo dentro da União Europeia”. [https://outraspalavras.net/outrasmidias/zizek-o-nascimento-de-um-novo-comunismo/ - acesso dia 23/10/2020].

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Elaborado pelo Pastor Elias Ribas

Igreja Assembleia de Deus

Blumenau - SC