TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 15 de setembro de 2020

ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O CASAMENTO MISTO

 


LEITURA BÍBLICA

Esdras 91-4 “Acabadas, pois, essas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus, 2 - porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente santa com os povos destas terras, e até a mão dos príncipes e magistrados foi a primeira nesta transgressão. 3 - E, ouvindo eu tal coisa, rasguei a minha veste e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito. 4 - Então, se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel, por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu me fiquei assentado atônito até ao sacrifício da tarde.”

Neemias 13.23-26 “Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. 24 - E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo. 25 - E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. 26 - Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar.

Neemias 9.38 “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto e o escrevemos; e selaram-no os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.”

Neemias 10.1-30 “E os que selaram foram Neemias, o tirsata, filho de Hacalias, e Zedequias, 29 - firmemente aderiram a seus irmãos, os mais nobres de entre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na Lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do SENHOR, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos; 30 - e que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos.”

INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos estudar o grave problema do casamento entre judeus e mulheres pagãs. Veremos a enérgica ação de Esdras e de Neemias para solucionar este problema, e também o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto.

Na lei de Deus, aparece a ordem: “Não faças concerto com os moradores da terra, nem tomes das suas filhas para os teus filhos…” (Êx 34.11-16; Dt 7.3,4). Foi por este motivo que o sacerdote Esdras, conforme a leitura da nossa lição, ficou perplexo, quando tomou conhecimento de que o povo, depois de haver voltado do exílio, tomava mulheres dos povos gentílicos em redor, misturando a semente santa. O povo começou a seguir as abominações dos povos. Ele, então, chorou, rasgou os seus vestidos, e buscou com profunda dor a ajuda de Deus, reconhecendo que eles, com isto, haviam deixado os mandamentos, violando-os, aparentando-se com os povos destas abominações (Ed 9.1-14). O resultado deste movimento foi uma purificação e tomada de atitude firme em obediência à Palavra de Deus (Ed 10.1-13).

O casamento constitui o elemento de unidade do povo de Deus. Por isso, o Antigo Testamento proibia a união mista. Esta trazia uma cultura alheia a do povo de Deus e o consequente pecado de idolatria. A Bíblia menciona a idolatria do rei Salomão como influência clara da religião de suas esposas estrangeiras. Contra esse perigo que Esdras e Neemias se levantam, pois, a prática de casamento mistos era comum no meio do povo. Israel não poderia ser reconstruído com o perigo de cair novamente na idolatria e violar sua identidade como povo de Deus. Por isso os líderes da reconstrução exortam ao povo a manter a pureza de seus princípios espirituais outorgados pela Lei de Deus.

I. ESDRAS E NEEMIAS COMBATEM O PERIGO DO CASAMENTO MISTO

1. A ira e a reação de Esdras. Quando Esdras foi informado que muitos judeus, morando em Judá, haviam se casado com mulheres pagãs, ele ficou muito angustiado. Manifestando sua profunda tristeza, rasgou seu vestido, sua capa, e arrancou os cabelos, tanto de sua barba como de sua cabeça, e assentou-se atônito na praça. A notícia da reação de Esdras espalhou-se pela cidade, e muitos reuniram-se a ele. Na hora do sacrifício da tarde, Esdras dobrou seus joelhos diante do povo, e orou a Deus (Ed 9.6-15). E todo povo chorou com grande choro (Ed 10.1).

2. O efeito da atitude de Esdras foi imediato. Secanias, um judeu bem conhecido, e que se havia casado com uma mulher estranha, disse a Esdras diante de todo o povo: “Agora, pois, façamos concerto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e tudo o que é nascido delas, conforme o conselho do Senhor e dos que tremem no mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a Lei” (Ed 10.3). Disseram a Esdras: “Levanta-te, pois, porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo; esforça-te” (Ed 10.4).

3. O arrependimento do povo. Esdras levantou-se e ajuramentou a todos que fariam conforme as palavras de Secanias. E o povo jurou! (Ed 10.5). Todos os que haviam retornado do cativeiro foram convocados, e Esdras falou-lhes: “Vós tendes transgredido e casastes com mulheres estranhas […] fazei confissão ao SENHOR […] apartai-vos […] das mulheres estranhas”. E responderam todos: “Assim seja; conforme as tuas palavras, nos convém fazer” (Ed 10.10-12). Sobre este negócio foram postos que Jônatas e Jazeías, auxiliados por dois levitas. Eles receberam a incumbência de supervisionar o encerramento definitivo destas uniões proibidas pela lei de Deus (Ed 10.15,16). Antes mesmo da chegada de Esdras a Jerusalém, Neemias já havia enfrentado o problema do casamento misto. Vários judeus, inclusive alguns sacerdotes, haviam se casado com mulheres estranhas. Neemias os fez jurar que não mais fariam isto (Ne 13.25). Neemias afastou de entre os sacerdotes e de entre os levitas aqueles que eram estranhos, e contratou novos sacerdotes e levitas para preencherem os cargos vagos. Um dos netos do sumo sacerdote Eliasibe era genro de Sambalate, e foi afastado por Neemias (Ne 13.25-30).

Esdras combateu o perigo da união mista com contundência.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A exclusividade implícita nesta resposta ecoou repetidamente nas advertências de Esdras e Neemias ao povo remanescente para separar-se das populações circunvizinhas, sobretudo na prática matrimonial. Esdras ouviu a reclamação que o povo, os sacerdotes e os levitas tinham se casado com indivíduos das nações vizinhas descrentes, uma abominação que resultou na mistura da raça santa com os que os cercavam (Ed 9.2). Como fizeram os antepassados dessas nações séculos antes, eles entraram na terra da promessa para levar as práticas más dos habitantes cananeus (vv.11,12).

Esdras ficou tão indignado com este desarranjo das linhas demarcatórias que ordenou o divórcio peremptório sempre que houvesse casamentos mistos (Ed 10). Anos mais tarde, Neemias retomou a causa. Ordenou que os israelitas que tinham se separado das nações vizinhas pagãs renovassem os votos do concerto ao Senhor (Ne 9.2) e se contivessem, daí em diante, de casarem-se entre nacionalidades diferentes (10.28). De interesse especial para Neemias, foi o problema do casamento entre judeus com as mulheres de Asdode, Amom e Moabe. Comparou essas alianças com as de Salomão, que resultaram no fim da monarquia (Ne 13.13-27)” [ZUCK, Roy (Ed.). Teologia do Antigo Testamento. RJ: CPAD, 2018, p. 215].

II. POR QUE UM JUDEU NÃO DEVIA CASAR COM UMA PAGÃ?

1. Deus havia proibido o casamento misto (Dt 7.2-4; Êx 34.16; Js 23.12,13). A desobediência a esta ordem de Deus era um ato de rebelião. A finalidade desta proibição era evitar que o judeu viesse a seguir a religião de sua mulher pagã.

2. A história de Israel registra vários exemplos das consequências nefastas do casamento misto. Vejamos:

2.1. Salomão, filho de Davi, rei de Israel, o que construiu o grande Templo em Jerusalém, contaminou-se por causa dos casamentos com mulheres pagãs. Elas perverteram seu coração, e ele passou a seguir os seus deuses estranhos (1º Rs 11.19). Como consequência do seu pecado no reino de seu filho Reoboão as dez tribos do Norte separaram-se, e constituíram-se em um reino independente sob a liderança de Jeroboão (1º Rs 12.16-19).

2.2. Acabe, rei de Israel, casou-se com Jezabel, princesa sidônia (1º Rs 16.31). Jezabel fortaleceu o culto a Baal em Israel, e perseguiu os profetas de Deus (1º Rs 18.4).

Deus proibiu a união mista entre os judeus porque a consequência dessa prática é nefasta conforme a história de Israel mostra.

III. A SOBREVIVÊNCIA DO POVO JUDEU

Existem judeus até os dias de hoje, porque, embora espalhados por quase todos os países do mundo (Lc 21.24), não se misturaram com os povos, no meio dos quais passaram a viver, conservando-se sempre separados. Este é o resultado da obediência à orientação dada na lei divina, que inspirou outras Leis que regem os judeus em todo o do mundo, as quais proíbem que uma pessoa judia se case com uma não judia.

A preservação do povo judeu é considerada um milagre, quando se aliam as tremendas perseguições que sofreram durante séculos em muitos países, como por exemplo Espanha, Polônia, Inglaterra, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o nazismo na Alemanha.

A preservação do povo judeu é considerada um milagre.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“‘[Prometemos] que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos’ (10.30), preceituava o ‘firme concerto’. Na ocasião em que ele fora firmado, a pureza racial fora tema de preocupação comum, e eles ‘apartaram de Israel toda mistura’ (13.3), indo além do que mandava a lei, que excluía apenas amonitas e moabitas. Não obstante, o zelo pela natureza do sangue israelita, e em fazer tudo para agradar a Deus, que presumivelmente instigara tal exclusivismo, evaporara-se. Quando Neemias retornou a Jerusalém, encontrou lá ‘judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas’ (13.23). O motivo pode ter sido a paixão, é claro, porém é mais provável que haja sido prudência (se é que se pode chamar assim), que tinha os olhos na oportunidade e nos casamentos por dinheiro, prestígio ou alguma outra forma de lucro mundano. E, em alguns casos, Neemias descobriu que a língua falada em casa, por decisão dos pais, era estrangeira. […] (13.24). Isso enfureceu Neemias, não apenas pela quebra do voto, mas porque as crianças seriam incapazes de partilhar da adoração em Israel, ou aprender eficazmente a Lei; consequentemente, não estariam aptas a transmitir a fé aos filhos que viriam a ter, e assim estaria em risco a futura unidade espiritual da nação israelita da nação de Israel” [PACKER, J. I. Paixão Pela Fidelidade: Sabedoria extraída do livro de Neemias. RJ: CPAD, 2010, p. 212].

IV. UMA PALAVRA FINAL SOBRE O CASAMENTO DOS CRENTES

A maior bênção que Deus deu à humanidade foi o envio de Jesus Cristo para ser o Salvador do mundo. Mas no sentido material, a maior bênção que Deus dá ao ser humano é o casamento.

A orientação que a Bíblia dá ao crente quanto ao casamento é: “E fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (1ª Co 7.39). A Bíblia explica em 2ª Co 6.14-17 as implicações da expressão NO SENHOR, e cada crente que estiver pensando em casar-se deve meditar profundamente sobre este texto. Que Deus guarde cada crente de algum dia aceitar um jugo desigual com um infiel. Porque assim como o casamento na direção do Senhor enseja a possibilidade de uma felicidade sem limites, o casamento de um crente com um descrente com muita probabilidade será uma infelicidade. Casamento é uma união total entre homem e mulher. Jesus disse: “Não são mais dois, mas uma só carne” (Mt 19.6).

Isto fala de uma perfeita união entre os cônjuges, envolvendo o corpo, a alma e o espírito de ambos. Casando-se o crente com um que não é crente, pode naturalmente obter união de corpo e em parte de alma, mas é impossível que haja união de espírito, pois enquanto um pertence ao reino de Deus o outro é do reino das trevas (2ª Co 6.14). Que diferença tremenda, que abre uma brecha muito triste na união. Ainda que o crente tenha pedido perdão a Jesus por esta falta cometida, vive agora preso a um outro com quem não tem nenhuma união no espírito. É impossível calcular o sofrimento que uma união desta natureza tem causado. Também a parte não crente, não respeita a parte crente, pois sabe que ele errou contra a Bíblia, amando mais o casamento do que a Deus. Em lugar de ter-se estabelecido um lar cristão, uma plataforma do evangelho, aumentando, assim, a influência espiritual da Igreja, houve um triste recuo. Um soldado de Cristo passou para o lado oposto. Em lugar de um lar cristão, com uma viva influência sobre os filhos (2ª Tm 1.4,5; At 7.20,21), forma-se um lar sem definição espiritual. Os filhos estão desprovidos de ajuda espiritual (Ne 13.23,24).

SÍNTESE DO TÓPICO (IV)

O casamento é a união total entre um homem e uma mulher.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Conclua a lição esclarecendo aos alunos o princípio de unidade que o nosso Senhor Jesus ensinou na oração sacerdotal de João 17.18-24. É importante ressaltar que os princípios eternos do Reino de Deus devem ser aplicados à vida inteira. Então, por que não aplicaríamos essa coerência no casamento, uma das decisões mais importantes do futuro de uma pessoa?

Tome exemplos bíblicos como o de Sansão, no livro de Juízes, e o de Salomão, no livro de 1º Reis, destacando as dificuldades espirituais que esses dois líderes passaram. As consequências de suas escolhas foram catastróficas, não só para eles mesmos, mas, sobretudo, para o povo que eles representavam. Finalize dizendo que em relação ao casamento, a decisão sempre afeta mais de uma pessoa. Ela traz consequência para toda a família.

V. ESPERA EM DEUS

Findamos este estudo sobre o casamento misto, onde a Palavra de Deus é muito clara neste apelo: “Espera em Deus” (Sl 27.14; 37.7). Jovem! O seu desejo de ter um lar, e experimentar a riqueza do amor de um companheiro ou de uma companheira é natural. Lembra-te de que Deus ouve a oração. Quando Eliezer orou, pedindo que Deus mostrasse quem seria a noiva de Isaque, recebeu uma gloriosa resposta (Gn 24.12-27). Glória a Deus! Uma escolha precipitada, olhando somente para o que está diante de seus olhos (1º Sm 16.7), pode impedir que recebas aquele ou aquela que Deus tem preparado para ti. Entrega, pois a tua vida e o teu futuro a “Deus, faz que o solitário viva em família” (Sl 68.6). Deus, que trouxe a companheira para Adão (Gn 2.22), poderá fazer isto por ti. Espera, pois no Senhor!

Ouça este bom conselho: “Espera em Deus”.

BERGSTÉN Eurico. Esdras vai a Jerusalém ensinar a Palavra. Lições bíblicas 3° trimestre 2020. CPAD – Rio de Janeiro RJ.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

ESDRAS VAI A JERUSALÉM ENSINAR A PALAVRA

 


LEITURA BÍBLICA

LEITURA BÍBLICA

Esdras 8.1-12. “Estes, pois, são os chefes de seus pais, com as suas genealogias, os que subiram comigo de Babilônia no reinado do rei Artaxerxes: 2 - dos filhos de Fineias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel; dos filhos de Davi, Hatus; 3 - dos filhos de Secanias e dos filhos de Parós, Zacarias, e com ele por genealogias se contaram até cento e cinquenta homens; 4 - dos filhos de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zeraías, e, com ele, duzentos homens; 5 - Dos filhos de Secanias, o filho de Jaaziel, e com ele trezentos homens; 6 - e dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas, e, com ele, cinquenta homens; 7 - e dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias, e, com ele, setenta homens; 8 - e dos filhos de Sefatias, Zebadias, filho de Micael, e, com ele, oitenta homens; 9 - dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel, e, com ele, duzentos e dezoito homens; 10 - e dos filhos de Selomite, o filho de Josifias, e, com ele, cento e sessenta homens; 11 - e dos filhos de Bebai, Zacarias, o filho de Bebai, e, com ele, vinte e oito homens; 12 - e dos filhos de Azgade, Joanã, o filho de Hacatã, e, com ele, cento e dez homens; Filho de Hacatã, e com ele cento e dez homens.”

Neemias 8.3-5 “E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei. 4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. 5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé”.

INTRODUÇÃO

O grande valor do ensino da Palavra de Deus é o assunto desta lição. Veremos como o governo da Pérsia enviou Esdras a Jerusalém, a fim de verificar se a vida eclesiástica dos judeus estava conforme a lei de Deus.

O Antigo Testamento mostra que a Lei do Senhor estava intrinsicamente ligada à vida de todo o povo e, por isso, ela também era o elemento aglutinador que formava a identidade dos judeus. Assim, Esdras estava ciente de que para iniciar a reconstrução religiosa do povo era necessário começar pelo ensino da Lei do Senhor, pois sem ela não há identidade espiritual nem moral. Atualmente, podemos afirmar que a Palavra de Deus é o elemento central para gerar avivamento, crescimento e desenvolvimento do caráter do cristão. Amemos a Palavra de Deus, busquemos conhecê-la!

I. ARTAXERXES ENVIA ESDRAS

1. Os judeus sob o domínio dos persas. Quando o reino da Pérsia derrotou Babilônia, os judeus que viviam naquele lugar passaram automaticamente ao domínio do governo persa. Os judeus puderam logo constatar que os persas eram mais brandos do que os babilônicos.

2. Esdras é enviado a Jerusalém, para ensinar a lei de Deus. No seu contato com Esdras, escriba e sacerdote, o rei ficou impressionado com o elevado grau de conhecimento que Esdras possuía da lei do Deus de Israel, e quis, junto com seus sete conselheiros, enviá-lo a Jerusalém a fim de inquirir acerca da situação espiritual dos residentes ali (Ed 7.14).

3. A importante carta que o rei enviou com Esdras. O rei enviou com Esdras uma carta escrita em aramaico, que está registrada em Esdras 7.12-26. Através desta carta o rei decretou:

3.1. Qualquer judeu, que assim desejasse, poderia acompanhar Esdras a Jerusalém (v. 12).

3.2. Os que fossem a Jerusalém poderiam levar consigo ouro e prata, voluntariamente dados pelo rei e seus conselheiros, ou dados como ofertas voluntárias do povo (v. 15).

3.3. Os vasos sagrados, que ainda estavam na Babilônia, seriam restituídos (v. 19).

3.4. Qualquer despesa seria paga pelo tesouro do rei.

3.5. Não seriam impostos aos servidores do templo: direitos, tributos, rendas (v. 24).

3.6. Esdras poderia nomear regentes e juízes, para que a vida eclesiástica viesse a funcionar conforme a lei de Deus (v. 25).

Esdras louvou a Deus, que tinha inspirado o rei a fazer tudo isto, estendendo-lhe a beneficência perante o rei (vv. 27,28).

II. O ANSEIO DO POVO PELA PALAVRA DE DEUS

Artaxerxes envia Esdras a Jerusalém, onde o líder escriba e sacerdotal tem o objetivo de ensinar a Lei de Deus ao povo. Por isso, os líderes que atuaram para propagar o ensino da Lei aos rincões de Israel devem aprender o exemplo de Esdras. Vejamos os exemplos:

A história de Moisés, o homem que Deus entregou o Decálogo. Também o juiz, sacerdote e profeta Samuel. Mas o exemplo mais vivo foi o Senhor Jesus como a Palavra encarnada de Deus na história. O Pai leva tão a sério a sua Palavra que enviou Seu Filho para encarná-la no mundo.

1. Esdras sai da Babilônia e vai a Jerusalém. Conforme a ordem do rei Artaxerxes, Esdras viajou para Jerusalém acompanhado de um grupo de judeus, alguns eminentes líderes do povo (Ed 8.2). Recusando a escolta militar oferecida pelo rei, para garantir-lhes a segurança durante a viagem, Esdras e seus companheiros preferiram confiar na segurança de Deus. Assim sendo, jejuaram e oraram para que tivessem uma boa viagem (Ed 8.21), e Deus os ouviu e os guardou durante todo o trajeto. Assim chegaram em paz a Jerusalém, onde ofereceram holocaustos a Deus (Ed 8.35).

2. O encontro de Esdras com Neemias. Quando Esdras chegou a Jerusalém encontrou Neemias, o qual vinha sendo o líder espiritual dos judeus em Judá. Posto a par da situação, Neemias uniu-se a Esdras na tarefa para a qual este havia sido enviado.

3. Desde o Sinai, Israel passou a dar importância à Lei do Senhor.E te será por sinal sobre tua mão e por memorial entre teus olhos, para que a lei do Senhor esteja em tua boca; porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Portanto guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em ano” (Êx 13.9-10).

3.1. A meditação diária na Lei de Deus é o segredo da vitória. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido” (Js 1.8).

3.2. Houve uma época que o livro fora perdido, mas ao ser encontrado e lido, trouxe mudanças espirituais. “Disse Hilquias a Safã, o escrivão: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E entregou o livro a Safã” (2ª Cr 34.15).

3.3. A Palavra de Deus deve estar, sempre, perto de nós. “Oh! Quanto amo a tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo.” (Sl 119.97).

4. O desejo pela Palavra.

4.1. Após o Senhor dar descanso ao povo, houve um grande ajuntamento na praça para receberem o livro da Lei. “Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel” (Ne 8.1).

4.2. Após 70 anos no cativeiro, o povo demonstrou desejo pela Palavra de Deus. (Sl 119.17-40).

5. A Lei é trazida ao povo.

5.1. Esdras foi o portador da Lei perante todos em Jerusalém. “E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês” (Ne 8.2).

5.2. Foi o momento esperado por todos após 70 anos longe de sua pátria e sem ouvir a vós de Deus.Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar, recordando-nos de Sião. Nos salgueiros que há no meio dela penduramos as nossas harpas, pois ali aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções; e os que nos atormentavam, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estrangeira”? (Sl 137.1-4).

5.3. O prazer do crente deve estar na Lei do Senhor. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite” (Sl 1.1-2).

6. O povo estava atento a Lei.

6.1. Neemias relata o desejo do povo pela Palavra. “E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei” (Ne 8.3).

6.2. A Palavra de Deus operou gloriosamente no coração do povo. “Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos” (Jr 15.16).

6.3. A Palavra de Deus é um alimento para nossas almas. “Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel. Então abri a minha boca, e ele me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel” (Ez 3.1-3).

III. ESDRAS ENSINA A PALAVRA AO POVO

1. Esdras ensina a Palavra ao povo. Na festa dos tabernáculos, no dia primeiro do mês sétimo houve santa convocação (Lv 23.34,35). O povo se ajuntou como um só homem diante da porta das águas (Ne 8.1), e Esdras trouxe o livro da lei. A lei de Deus foi lida ao povo desde a alva até ao meio-dia. Havia sido construído um púlpito de madeira para aquele fim, e em pé, ao lado de Esdras, havia um grupo de 13 auxiliares (Ne 8.4). Ainda cooperava um grupo de levitas, e o objetivo era fazer todo o povo entender o que estava sendo lido no livro da lei de Deus (Ne 8.8).

2. O ensino foi maravilhoso. O povo ao ouvir a leitura, começou a chorar e a lamentar-se. Neemias e Esdras tiveram que intervir, exortando-os a que se alegrassem no Senhor, porque a alegria do Senhor é nossa força (Ne 8.10). O povo então foi comer, beber e festejar, porque todos entenderam as palavras que lhes fizeram saber (Ne 8.12).

Esdras ensina a Palavra ao povo e há um grande despertamento espiritual.

3. A Lei Mosaica. Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através de seu Líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa ‘ensino’) Lei era composta por 613 mandamentos, e nelaca continha:

3.1. A lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17).

3.2. A lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1; 23.33).

3.3. A lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12; 31.18).

[…] A lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1 — 24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante d’Ele como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p. 146].

IV. A PALAVRA DE DEUS DEVE SER ENSINADA

1. Deus ordenou que a Sua Palavra fosse ensinada a todo o povo de sete em sete anos (Dt 31.9-12). Além da leitura da Lei de Moisés, que se fazia a cada sábado (At 15.21), os Escritos e os Profetas deveriam ser lidos e explicados ao povo, em convocação solene, a cada sete anos.

2. Jesus ordenou o ensino da Sua Palavra. Na GRANDE COMISSÃO Jesus ordenou que seus discípulos ensinassem todas as nações a guardarem tudo o que lhes tinha mandado (Mt 28.19,20).

3. O apóstolo Paulo conhecia a importância do ensino da Palavra. Vejamos: “Conjuro-te pois diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo… que pregues a palavra…” (2ª Tm 4.1,2). “O que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2ª Tm 2.2). “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7).

A Palavra de Deus deve ser ensinada porque é ordenança de Deus, ratificada por Jesus e confirmada pelos apóstolos.

V. RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS

1. O ensino da Palavra gera temor a Deus.

1.1. Deus falou. “Ajunta-me o povo e os farei ouvir a minha palavra, para que me temam todos os dias que na terra viverem” (Dt 4.10). “Guarda os mandamentos do Senhor para o temer” (Dt 8.6).

1.2. Pelo temor a Deus o crente se aparta do mal (Pv 3.7), se desvia do mal (Pv 16.6), e aborrece o mau caminho (Pv 8.13).

1.3. Como resultado do ensino da lei nos dias de Esdras, o povo confessou os seus pecados, apartou-se de deuses estranhos, adorou ao Senhor seu Deus, e com Ele fez firme concerto (Ne 9.13,38). A Palavra de Deus é o PODER de Deus (Rm 1.16).

2. O ensino da Palavra implanta normas espirituais nos crentes. Essas normas dão forma às manifestações da Nova Vida naquele que se converte, naquele que, pela operação do Espírito de Deus, passa a andar nos estatutos de Deus (Ez 36.27). Vejamos algumas destas manifestações da nova vida:

2.1. O crente é honesto a toda prova (Rm 12.17; 2ª Co 8.21; Fp 4.8; 1ª Pe 1.12; Hb 13.18).

2.2. O crente jamais mente (Is 63.8; Ef 4.25; 1ª Jo 2.28). O crente tem o testemunho de sua consciência, no Espírito Santo, de que não mentiu (Rm 9.1). Jesus disse: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37).

2.3. O crente jamais se apodera de alguma coisa que não seja dele. “Aquele que furtava não furte mais” (Ef 4.28). Zaqueu depois de salvo queria restituir aquilo que havia defraudado (Lc 19.8).

2.4. O crente vive uma vida moral que é exemplo de pureza. “A prostituição e toda a impureza nem ainda se nomeie entre vós” (Ef 5.3).

2.5. O crente jamais dá falso testemunho de alguém (Êx 20.16; Pv 10.18; Tg 4.11).

3. O ensino da Palavra dá conhecimento. A igreja de Corinto foi enriquecida porque, pelo ensino da Palavra de Deus, havia recebido conhecimento (1ª Co 1.5). Consideremos:

3.1. O conhecimento consolida a força (Pv 24.3), porque pelo conhecimento podemos saber o que nos é dado gratuitamente por Deus (1ª Co 2.12). Pelo conhecimento da verdade podemos alcançar plena libertação (Jo 8.32). Pelo conhecimento podemos saber que Deus quer que todos os homens venham ao conhecimento da verdade (1ª Tm 2.4).

3.2. Pelo conhecimento podemos saber como agradar a Deus (2ª Co 5.9). Agradar a Deus não é resultado da nossa própria força, mas o próprio Deus nos dá graça para agradá-lo.

O ensino da Palavra de Deus gera temor, estabelece normas espirituais nos crentes e dá conhecimento.

4. A Palavra traz o conhecimento do pecado. “Quando o povo ouviu e entendeu a Palavra de Deus, todos experimentaram uma profunda convicção de pecado e da culpa.

4.1. Os trechos da lei que continham uma clara revelação da condição espiritual do povo podem ter sidos Lv 26 e Dt 28; trechos estes que falam da bênção ou juízo divino, conforme a obediência ou desobediência do povo à Palavra de Deus.

4.2. Nos avivamentos, o choro, quando acompanhado de profundo arrependimento (cf. cap.9), é um sinal da operação do Espírito Santo (ver João 16.8 nota). Sentir tristeza pelo pecado e abandoná-lo resulta em perdão divino e alegria da salvação (ver v.10 nota; Mt 5.4)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p. 743].

5. O ensino produz mudança no ouvinte.

5.1. O ensino produz quebrantamento. “E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei” (Ne 8.9).

O Senhor sempre estará junto de um crente quebrantado. “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito” (Sl 34.18).

5.2. O ensino nos torna benignos.

A. A benignidade é a disposição para a prática do bem. “Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois, a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). 

B. O mandamento bíblico é que devemos socorrer os necessitados. “Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber” (At 20.35). “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso”? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2.15-17). “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? (1ª Jo 3.17). 

C. É a verdadeira religião. “A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo” (Tg 1.17).

VI. A PALAVRA DE DEUS

 1. É uma espada de dois gumes – Hb 4.12. Acontece que a Bíblia não fala apenas na Palavra de Deus como espada, vai além e diz que ela é também uma espada bigúmea, de dois gumes. Gume é como se chama a lâmina da faca, da espada e outros instrumentos cortantes e, por dedução, uma espada bigúmea é uma espada de dois gumes, ou seja, de duas lâminas, portanto, que corta dos dois lados, ou seja, ela corrige e ensina a verdade.

A Palavra de Deus corta o pecado, porque ensina claramente qual a vontade de Deus para nossas vidas e nos liberta da servidão dos vícios e de todos os males que se originam no pecado. A Palavra de Deus corta o coração de fora a fora e transforma um coração de pedra, que não se comovia com o sofrimento alheio, que não sentia remorsos ao prejudicar alguém, em um coração de carne, sensível, generoso e cheio do Amado Espírito Santo.

2. É a espada do Espírito. Não é segredo para ninguém que a Bíblia, ou Palavra de Deus é comparada a uma espada e isso fica bastante claro quando lemos o texto que fala da armadura de Deus, veja: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” (Ef 6.17).

3. É luz para o meu caminho – Sl 119. O salmista reconhecia o valor e a importância do ministério da Palavra. Ele entendia que o uso prático da Palavra de Deus durante sua caminhada na fé era essencial para uma vida de acordo com a vontade do Senhor. Por isso ele declara: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra”.

Nesse versículo o salmista aplica uma ilustração muito frequente em toda a Bíblia. Ele retrata a vida como um caminho a ser percorrido dia após dia, um passo de cada vez. Ao mesmo tempo, ele também fala da Palavra de Deus como sendo a luz que ilumina nossa vida e nos conduz pelo caminho correto.

Quando o salmista diz “lâmpada para os meus pés”, ele está falando da situação comum de seu tempo. Como não havia iluminação como temos na atualidade, as pessoas dependiam de pequenas lamparinas para poderem andar durante a noite. A escuridão era tão densa que a luz das lamparinas clareava apenas a porção do caminho em torno dos pés. Elas forneciam luz apenas para o próximo passo.

CONCLUSÃO. A Bíblia inteira, do Gênesis ao Apocalipse, registra os mandamentos, os estatutos e os juízos promulgados por Deus. Deste» modo a Bíblia se constitui na carta magna da família temente a Deus, que deseja atravessar incólume as borrascas morais e espirituais que se abatem sobre a ímpia sociedade.

BERGSTÉN Eurico. Esdras vai a Jerusalém ensinar a Palavra. Lições bíblicas 3° trimestre 2020. CPAD – Rio de Janeiro RJ.


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

OS FALSOS PROFETAS NOS DIAS DE NEEMIAS



LEITURA BÍBLICA

Neemias 6.10-14 “E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaias, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. 11 - Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. 12 - E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram. 13 - Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem. 14 - Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.

1ª Tessalonicenses 5.20-21 “Não desprezeis as profecias. 21 - Examinai tudo. Retende o bem.”

1ª Coríntios 14.29 “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos como se deu as estratégias dos inimigos do povo de Deus para bloquear a obra do Senhor; pontuaremos quais as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos; notaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa; e por fim, estudaremos a verdadeira função da profecia a luz da Bíblia.

Há espírito de erro atualmente. Ele se manifesta fragrantemente para desestabilizar a saúde espiritual da igreja local. Por isso carecemos do auxílio do Espírito Santo para reconhecer a verdadeira voz de Deus em diversas ocasiões em que participarmos. Devemos estar sempre em vigilância espiritual, não podemos ser levados pelas operações de erros, pois no mundo espiritual, isso pode ser um prejuízo fatal com implicações graves na vida material. Portanto, que estejamos em vigilância e oração. Que o Senhor Jesus, com o auxílio do seu Espírito Santo, nos ajude a estar atentos e despertados.

I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!

1. Os samaritanos observaram que os judeus davam muito valor à palavra dos profetas. Lembravam-se dos profetas Ageu e Zacarias, os quais profetizavam com tanta graça que a construção do templo, que havia estado parada por quinze anos, recomeçou imediatamente, e continuou até a inauguração da casa de Deus. Por ocasião da construção do muro, a comunicação entre judeus e samaritanos estava interrompida. Os judeus recusavam as propostas de cooperação dos samaritanos e não aceitavam as visitas deles. Em vista das constantes recusas das suas ofertas de amizade, os samaritanos procuraram então influenciá-los por meio de profecias. Tobias e Sambalate conseguiram subornar alguns profetas, entre eles a profetisa Noadias, a fim de atemorizar Neemias, dizendo que ele estava em perigo de morte, e deveria fugir para dentro do templo, para assim salvar sua vida (Ne 6.10-14). O exemplo deixado por Balaão prova que qualquer profeta que aceita suborno, ou recebe dinheiro para profetizar, é um falso profeta. Devemos ter cuidado, a fim de que os falsos profetas não encontrem guarida em nossas igrejas.

2. Neemias tinha o dever de examinar a profecia recebida. E ele o fazia! Em primeiro lugar, estranhou a ordem para fugir: “Um homem como eu fugiria?”. Além disso, ele observou que não tinha o direito de entrar no templo, uma vez que não era sacerdote. Compreendeu facilmente que tudo não passava de um ardil de Tobias e Sambalate, para atemorizá-lo e seduzi-lo a pecar. Assim, concluído o exame da profecia, Neemias pôde dizer: “Conheci que não era de Deus” (Ne 6.12).

A palavra dos profetas era valorizada em Judá. Nesse sentido. Neemias tinha o dever de examinar a profecia recebida.

II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS

1. No Antigo Testamento.

1.1. O trágico exemplo relatado em 1º Reis 13. Um fervoroso homem de Deus, procedente de Judá, profetizou com muita coragem advertindo o ímpio rei de Israel, que estava junto do altar queimando incenso. Ele disse: “Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (v. 2). E deu um sinal de que aquela palavra era do Senhor: “Eis que o altar se fenderá, e a cinza … se derramará” (1º Rs 13.3).

Ouvindo o rei aquela palavra, estendeu a sua mão sobre o altar ordenando que prendessem o homem de Deus. Todavia a mão que ele estendeu contra o profeta secou-se, e não a podia tornar a trazer a si. O altar se fendeu, e a cinza se derramou, como o profeta havia dito. A pedido do rei, o profeta orou a Deus e a mão lhe foi restituída sã. A ordem de Deus para o profeta era que não comesse pão e nem bebesse água naquele lugar, e que não voltasse pelo mesmo caminho (1º Rs 13.9). Havia, porém, naquele lugar um velho profeta, cujo filho lhe contou o que fizera o profeta vindo de Judá. O velho profeta foi ao encontro do homem de Deus, e convidou-o para comer pão. Ante a recusa do homem de Deus, o velho profeta argumentou que um anjo lhe havia falado; ordenando que convidasse o profeta de Judá a voltar, para comer pão em sua casa (1º Rs 13.11-15). O homem de Deus não discerniu a mentira e aceitou o convite do velho profeta. E sucedeu que quando ele estava comendo pão, Deus tomou o velho profeta em profecia e disse: “Visto que foste rebelde à boca do SENHOR, … antes, voltaste, e comeste pão, … o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais” (1º Rs 13.21,22). Depois de ter comido pão, voltou, e no caminho um leão o matou, deixando-o prostrado na estrada (1º Rs 13.23,24). O velho profeta o recolheu, e sepultou-o no seu sepulcro, chorando lágrimas, certamente de fingimento (1º Rs 13.26-28).

1.2. Nos dias de Jeremias havia falsos profetas, os quais com suas profecias combatiam a palavra que Deus havia enviado a Israel, por meio de Jeremias (Jr 29.21-23).

1.3. Quando o rei Josafá, de Judá, visitou o rei Acabe, de Israel, este tinha um grande número de profetas que profetizavam segundo a vontade de Acabe. Então o rei Josafá perguntou: “Não há aqui ainda algum PROFETA DO SENHOR? E o rei Acabe respondeu que havia o profeta Micaías. Os que foram buscá-lo disseram-lhe: “Vês aqui que as palavras dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala bem”. Então disse Micaías: “O que o Senhor me disser isto falarei”. Como Micaías profetizou, assim aconteceu: Acabe morreu na batalha (1º Rs 22.5-28,35-37).

1.4. Ainda nos dias de Jeremias, falsos profetas conseguiram influenciar alguns dos sacerdotes e enganar o povo, por meio deles (Jr 5.31). Dessa maneira, o povo desviava-se dos caminhos de Deus, e recusava-se a ouvir as verdadeiras anunciadas por Jeremias. Moisés, Jeremias e Ezequiel combateram tenazmente os falsos profetas e seus ensinos heréticos (Dt 13.1-18; 18.20-22; Jr 23.11-32; 28.6-17; Ez 13.1-18).

2. No Novo Testamento.

2.1. Jezabel. Jesus advertiu o anjo da Igreja em Tiatira, por este ter permitido que uma mulher, por nome Jezabel, falsa profetisa, ensinasse e enganasse os membros daquela igreja, prostituindo-os (Ap 2.20-23).

2.2. A Bíblia adverte que nos últimos tempos aparecerão falsos profetas (Mt 24.11,24). O espírito do Anticristo estará então operando grandemente (1ª Jo 2.18; 4.2,3), e fará esses falsos profetas operarem sinais e prodígios de mentira, com todo engano e injustiça (2ª Ts 2.9,10).

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a Bíblia revela a existência de falsos profetas. É preciso discernimento espiritual para não cair no engano.

III. DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS

1. Deus quer a sua Igreja revestida com todos os dons do Espírito Santo. A igreja em Corinto deve ser o nosso exemplo neste sentido: Paulo dirigiu-se a ela dizendo que nenhum dom lhe faltava (1ª Co 1.7). O conselho bíblico para nós é: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1ª Co 14.1).

2. O despertamento renova os dons. Quando Deus renova o dom de profecia e os dons de variedade de línguas e interpretação, por meio de um despertamento espiritual, então se torna necessário que a igreja esteja bem doutrinada para saber como usar os dons espirituais, e também como se deve julgar as profecias, conforme a Palavra de Deus nos orienta! (1ª Ts 5.19). Nenhuma mensagem tida como profética está isenta de exame por parte da igreja. Conforme o ensino do apóstolo Paulo, na referência supracitada, temos o direito e o dever de julgar as profecias, para ver se elas estão de acordo com as Escrituras. Se não estiverem, são consideradas anátema, pois têm o objetivo de conduzir o povo de Deus ao erro. Fujamos das falsas profecias e dos falsos profetas.

Devemos julgar a mensagem profética, pois nenhuma está isenta de exame por parte da igreja.

3. Os dons são dados continuamente, segundo nossa medida de fé (e não uma vez por todas).

3.1. Devemos exercer o nosso ministério proporcionalmente à nossa fé.

3.2. Devemos manter atitudes certas: contribuir com generosidade, orientar com diligência e ter alegria em demonstrar misericórdia.

3.3. Embora exerçamos um dom até à sua próxima capacidade, tudo será fútil sem o amor. Evidentemente, temos apenas o conhecimento parcial, e é só o que conseguimos compartilhar.

Os dons devem ser testados; devem estar sujeitos aos mandamentos do Senhor. O enfoque é o amadurecimento da igreja, e não a grandeza do dom. Estas verdades devem nos levar à humildade, à estima por Deus e pelo próximo e à zelosa disposição de obedecer a Ele” [NORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, pp.476,477].

IV. POR QUE DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?

1. Porque a Palavra de Deus nos manda julgá-las (1ª Ts 5.19-21; 1ª Co 14.29).

2. Porque os que profetizam são sujeitos a falhas. Mesmo que a mensagem venha de Deus, pode acontecer que o instrumento esteja sem o fruto do Espírito na sua vida, e a transmissão da mensagem seja prejudicada por esta causa (1ª Co 13.1-3).

3. Porque pode haver conhecimento prévio dos fatos. Quando o que profetiza conhece os problemas da pessoa para quem está profetizando, pode haver o perigo de que a sua opinião pessoal venha a influenciar o conteúdo da mensagem. A Bíblia diz: “Que tem a palha com o trigo?” (Jr 23.28). A mensagem pode ser um produto da opinião daquele que profetiza. Temos na Bíblia um exemplo, quando o profeta Natã, entregou, por conta própria, uma “mensagem profética” ao rei Davi (2º Sm 7.2), porém Deus mandou que ele corrigisse a palavra dada (2º Sm 7.4-6).

4. Pode o profeta ser influenciado por um espírito maligno? Existe a possibilidade de que o “profeta”, ao enunciar a “mensagem profética”, esteja sendo influenciado por um espírito maligno, disseminador de mentiras. Lemos sobre isto em 1º Rs 22.7,11,19,21-23.

Devemos julgar as profecias porque a Palavra de Deus mostra que os que profetizam são sujeitos a falha, podem ter conhecimento prévios dos fatos ou estarem sob influência maligna.

V. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?

1. Examinando as Escrituras. Uma profecia jamais pode estar em conflito com a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é o PRUMO (Am 7.7,8). A Palavra de Deus é perfeita (Sl 19.7). Uma mensagem que estiver em desacordo com a Palavra de Deus, seja ela transmitida por quem for, até por um anjo do céu, está reprovada e deve ser rejeitada, pois é anátema (Gl 1.8).

2. Através do dom de discernimento de espíritos. A Bíblia diz que “O que é espiritual discerne bem tudo”. Devemos buscar, incansavelmente, receber de Deus este dom (1ª Co 2.15; Jo 7.17; Fp 1.10; Lc 12.57).

Quando uma profecia é inspirada por Deus, aquele que tem discernimento logo a reconhece (1ª Jo 1.5). Todo aquele que “anda na luz, como Ele na luz está” conhece e pratica a sua Palavra, e tem comunhão uns com os outros (1ª Jo 1.7). Desse modo, o espírito de mentira não o engana com suas falsas profecias. O crente, que é uma ovelha do Senhor, conhece sempre a voz do seu pastor (Jo 10.4). A noiva conhece a voz do seu amado (Ct 2.8; 5.2).

3. A profecia se conhece pelo seu “sabor” (Jó 6.6,7; 12.11). Também o “sotaque” de quem fala, faz com que “o filho da terra” conheça quando um “estrangeiro” fala. Compare “sibolet” e “chibolet” (Jz 12.6). Finalmente, os que são perfeitos têm, em razão de costume, os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal (Hb 5.14).

Podemos julgar a profecia por meio das Escrituras Sagradas e do dom de discernimento de espíritos

4. Como era possível distinguir o verdadeiro do falso profeta no Antigo Testamento? O capítulo 8 de Deuteronômio foi um recurso revelado por Deus ao povo, por intermédio de Moisés, a fim de se estabelecer algumas diretrizes para identificar o falso profeta. Podemos aprender com elas também:

4.1. O verdadeiro profeta falava em nome do Senhor dos Exércitos. Aliás, era costume dos profetas em Israel iniciar suas mensagens desta forma: “Assim diz o Senhor dos Exércitos”. Embora nem sempre os verdadeiros profetas usassem esta fórmula, esta caracterizava o verdadeiro profeta. Daniel, por exemplo, não a usou; isto, porém, não lhe descaracteriza a profecia.

4.2. As palavras enunciadas pelos profetas deveriam estar em conformidade com a Palavra de Deus. Caso contrário, o mensageiro seria execrado da comunidade de Israel. Em Isaías 8.20, lemos que todos deveriam se ater à Lei e ao Testemunho. E, se não falassem de acordo com estas palavras jamais veriam a alva.

4.3. As profecias teriam que ter. necessariamente, um cabal cumprimento. Caso contrário: seriam descaracterizadas como palavras de Deus. Note bem: o cumprimento profético não poderia ter um cumprimento casuístico nem circunstancial, como acontece hoje em muitas igrejas. O cumprimento deveria ser atestado por todo o povo de Deus.

4.4. Se o profeta tentasse levar os israelitas ao erro, seria considerado imediatamente um impostor. E jamais haveria de achar lugar entre os eleitos. Alguns, de fato, mostravam-se seguidores de Jeová. No entanto, não passavam de filhos de Belial: não somente induziram os israelitas ao erro, como também nos levavam à derrocada nacional.

Embora vivamos noutra dispensação, as mesmas regras continuam válidas para aferirmos a autenticidade dos mensageiros do Senhor. Afinal, como afirma o apóstolo Paulo, tudo quanto foi escrito, para nossa instrução foi escrito. Se nos dedicarmos mais ao estudo das Sagradas Escrituras, não seremos tão facilmente enganados. Infelizmente, muitas igrejas, hoje, são ludibriadas porque não têm mais as Sagradas Escrituras como a sua única regra de fé e conduta [Texto adaptado da revista Lições Bíblicas: Maturidade Cristã, Jovem e Adultos (Professor). RJ, CPAD, 1993, pp. 3 2,33].

CONCLUSÃO

1. Quando as profecias são provadas, o conceito e a consideração dos dons espirituais são conservados. Deste modo, a sã doutrina é preservada de qualquer influência e erros humanos, e o Espírito Santo tem liberdade de usar os seus servos, conforme a sua soberana vontade.

2. Quando provamos as profecias, estamos em condições de corrigir e doutrinar a pessoa que usou erradamente o dom de profecias. Assim, doutra vez, ele dará lugar ao Espírito Santo e irá usar o dom profético de modo correto.

3. Quando provamos as profecias recebemos as bênçãos que Deus, por meio delas, quer nos dar. Ficamos com o bom e rejeitamos o que não veio de Deus (1ª Ts 5.21).

FONTE DE PESQUISA

1. APOLÔNIO José. Lições Bíblicas: Maturidade Cristã. CPAD, 1993. Rio de Janeiro RJ.

2. BERGSTÉN Eurico. Lições bíblicas 3° trimestre 2020. Como vencer as oposições à obra de Deus. CPAD – Rio de Janeiro RJ.

3. NORTON, Stanley (Ed.) Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD - 2006, Rio de Janeiro RJ.

PROVAI SE OS ESPÍRITOS SÃO DE DEUS

 


LEITURA BÍBLICA

Neemias 6.10-14 “E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaias, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. 11 - Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. 12 - E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram. 13 - Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem. 14 - Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos como se deu as estratégias dos inimigos do povo de Deus para bloquear a obra do Senhor; pontuaremos quais as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos; notaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa; e por fim, estudaremos a verdadeira função da profecia a luz da Bíblia.

I. ESTRATÉGIAS DOS INIMIGOS DO POVO DE DEUS

Sob a liderança competente de Neemias, o povo completou a reconstrução dos muros (Ne 6.15). Restava apenas restaurar as portas e fortalecer a comunidade cercada pelos muros. Uma vez que Sambalate e seus amigos haviam fracassado completamente em suas tentativas de impedir que o povo trabalhasse (Ne 6.16), decidiram concentrar seus ataques em Neemias. Vejamos agora as novas estratégias dos inimigos do povo de Deus:

1. Falsidade (Ne 6.1-3). O convite de Sambalate para “congregar-se” com Neemias feria os princípios já estabelecido por Ele (Ne 2.20). Uma reforma espiritual estava a caminho, renunciar a este princípio destruiria o aspecto moral da reforma (Ne 9.2; 10.28; 13.3). Seu objetivo real era fazer mal a Neemias (v. 2b) e fazê-lo cair em contradição.

2. Insistência (Ne 6.4). A insistência em chamá-lo quatro vezes demonstra que eles estavam tentando minar a resistência de Neemias para tentá-lo a mudar de ideia.

3. Mentiras (Ne 6.5-9). É interessante observar como, em várias ocasiões, os inimigos usaram cartas em seus ataques às obras (Ne 6.5,17,19). Uma “carta aberta” para um governador real era, ao mesmo tempo, uma forma de intimidação e um insulto [WIERSBE, 2012, p. 646]. A carta cheia de acusações contra Neemias nos mostra o qual baixo o inimigo pode chegar para tentar minar a obra (Ne 6.8).

4. Ameaças de morte (Ne 6.10). Como usar de artimanhas não havia funcionado o projeto mudou para as ameaças. Um falso profeta por nome de Semaías tentou convencer Neemias a se esconder no templo, porque o plano do inimigo era matá-lo.

5. Profecias falsas que incentivavam ao erro (Ne 6.12-14). O convite do falso profeta era para que Neemias fosse se esconder no templo, algo que era proibido pela Lei: “O estranho que se aproximar morrerá” (Nm 18.7). Alguns séculos antes o rei Uzias havia feito isso e sofrerá grandes consequências (2º Cr 26.16-23).

II. AS RESPOSTAS DE NEEMIAS AS NOVAS INVESTIDAS DOS INIMIGOS

Podemos confiar em Deus para fazer a sua obra (Sl 21.7; Sl 125.1; Pv 29.25; Ne 1.7). Ele nos equipou com armas espirituais para vencer qualquer tipo de batalha: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue ...” (Ef 6.12). O povo de Deus é equipado com as armas de defesa e combate, e Neemias as usou com sabedoria. Vejamos agora as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos da obra de Deus:

1. Percepção espiritual (Ne 6.2). Neemias compreendeu que o convite tinha apenas um proposito; fazer-lhe mal. Que possamos pedir a Deus para enxergarmos além das palavras.

2. Responsabilidade com a obra (Ne 6.3). Neemias não se via fora de Jerusalém, o convite era para ir ao Vale de Ono, cerca de 32 quilômetros ao norte de Jerusalém, perto de Lida, ou Lode [KIDNER, 2011, p. 107]. Por que ir tão longe se o chamado era para restaurar Jerusalém? Neemias não desceu ao nível dos adversários, preferiu continuar fazendo a obra.

3. Consistência e coerência (Ne 6.4). Neemias possuía tanto discernimento quanto determinação; ele recusou-se a ser influenciado por suas ofertas repetidas (Ne 4.12). Se aquela oferta não era certa da primeira vez, continuaria sendo errada na quarta ou na quinta vez, e não havia motivo algum para reconsiderá-la. As decisões que se baseiam somente em opiniões podem ser reconsideradas, mas decisões que se baseiam em convicções devem ser mantidas [WIERSBE, 2012, p. 645].

4. Oração (Ne 6.9). Batalhas espiritais só podem ser vencidas através da oração (Mt 17.21). Neemias sabia disso, seu ministério baseava-se em oração desde o início (Ne 1.4; 2.4; 6.9). Que possamos ter em mente esse princípio, nossas guerras serão vencidas em oração. “O que a Igreja necessita não é de novos métodos [...] é de homens de oração, homens poderosos na oração” (BOUNDS, 2010, p. 8).

5. Conhecimento da Palavra (Ne 6.13). O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15). Neemias conhecia os riscos de se entrar na casa do Senhor sem ser comissionado para isso. Seu conhecimento da Palavra o livrou de pecar e de perder sua autoridade sobre seu povo. Precisamos cada vez mais conhecer a Deus e sua Palavra (Dt 6.6-9; Js 1.8; Sl 1.2; Sl 119.78; Os 6.3; 1ª Tm 4.15).

6. Temor a Deus e discernimento (Ne 6.13). Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “… E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne 6.14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. Deus frustrara todas as investidas dos adversários de Neemias e da obra do Senhor. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) e contra os seus servos em particular, pois estamos munidos das armas espirituais (2ª Co 10.4; Ef 6.10-17).

III. COMO SABER SE UMA PROFECIA É VERDADEIRA OU FALSA

A Bíblia revela que há três procedências das profecias, a saber: o espírito imundo e mentiroso (Is 8.19; Mt 8.29; At 16.16-18); o espírito humano (1ª Cr 17.1-4; Jr 23.21,25,28; Ez 13.1-8); ou o Espírito Santo (1ª Co 12.7-11). Ou seja, as profecias podem vir de três fontes: de Deus, da mente humana, ou do diabo; obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora” (1ª Jo 4.1). A forma mais segura na avaliação de uma profecia consiste na coerência com os mandamentos bíblicos. As Escrituras nos mostram como se dá esta coerência.

1. A profecia tem que estar de acordo com os preceitos bíblicos. Os frutos são conforme a espécie da árvore: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Jesus está dizendo que a videira só pode dar uva, que a figueira só pode dar figo, e assim por diante. A igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1ª Jo 4.1). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1ª Jo 4.1), e contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (1ª Co 12.3).

2. O cumprimento de uma profecia não é, por si só, suficiente para autenticá-la como de origem divina. Além da coerência e do cumprimento da profecia existem outros critérios para avaliação da profecia que merecem relevância. A profecia não pode: utilizar meios de adivinhação (Mq 5.12); envolver médiuns ou feiticeiros (Ml 3.5), negar a divindade de Cristo, e nem promover a imoralidade (Lv 19.2). “Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te der um sinal ou prodígio, e suceder ...” (Dt 13.2). Se o evento acontecer como foi profetizado e o profeta induzir o povo a adorar outros deuses, a recomendação do Senhor é: “…não ouvirás as palavras daquele profeta...” (Dt 13.3). Quando isto acontece, é Deus quem permite para provar se o povo d’Ele ama-O de todo coração.

IV. A VERDADEIRA FUNÇÃO DA PROFECIA A LUZ DA BÍBLIA

O engano produzido pelos falsos profetas do grego “pseudo prophetes” não é um assunto novo. A Bíblia tratou do assunto ao falar com os filhos de Israel (Dt 18 20-22; 1Sm 3.19; Jr 9.28-32; Dt 13.5). Os falsos profetas eram aqueles que rediziam paz, prosperidade, e segurança para o povo, quando este achava-se em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10). No Novo Testamento os profetas e a profecia podem ser julgados ou avaliados pela igreja (1ª Co 14.29,32; 1ª Ts 5.20,21). O propósito da profecia é “edificar, exortar e confortar” (1ª Co 14.3). Edificar é melhorar ou fortalecer, exortar é encorajar, e confortar é consolar, sendo assim a verdadeira profecia:

1. Produz liberdade, e não escravidão. Em Romanos 8.15 o apóstolo Paulo nos diz: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” A verdadeira profecia trará liberdade, não escravidão. Qualquer forma de controle sobre outra pessoa por intimidação, manipulação, ou domínio não vem de Deus.

2. Produz um verdadeiro avivamento. Quando inspirada pelo Espírito Santo, a profecia traz vida espiritual à reunião dos crentes. Se uma profecia vem para transtornar a adoração, não é de Deus (2ª Ts 2.2). A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (1ª Co 14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (1ª Co 14.3, 25,26, 31).

3. Tem o testemunho veraz do Espírito Santo. No AT existia o “ministério profético”, já no NT profetizar trata-se de um “dom” que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (At 11.27,28; 1ª Co 12.10, 28,29; 14.24,25, 29-31). Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus, exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1ª Co 14.3). O apóstolo João nos mostra: “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1ª Jo 5.6-b).

4. A profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (1ª Co 12.11). Pode-se dizer que nenhuma “profecia” excederá aos limites da Palavra, mas pode contribuir bastante para interpretar tais verdades, além de abordar necessidades específicas da Igreja local, envolvendo questões de ensino e questões morais, que pessoas sem esse dom não saberiam resolver com sucesso.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição que todo aquele que foi chamado por Deus enfrentará grandes batalhas para levar a cabo a vontade de Deus e que para tal, precisará viver uma vida de discernimento espiritual. Sem sombras de dúvidas o Espirito Santo irá capacitá-lo para enfrentar tais adversidades, mas compete a cada um de nós uma vida de oração, conhecimento de Deus e vigilância para assim concluir a boa obra que Ele o Senhor nos entregou.

FONTE DE PESQUISA

1. ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA.

2. KIDNER, Derek. Esdras e Neemias; introdução e comentário. VIDA NOVA

3. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

4. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 2. GEOGRAFICA

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 29 ago. 2020