TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 8 de julho de 2020

DESPERTAMENTO ESPIRITUAL - UM MILAGRE



LEITURA BÍBLICA

Esdras 1.7 “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias) despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: 2 - Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. 3 - Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém. 4 - E todo aquele que ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dádivas voluntárias para a casa de Deus, que habita em Jerusalém. 5 - Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a casa do SENHOR, que está em Jerusalém. 6 - E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com objetos de prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, e com coisas preciosas, afora tudo o que voluntariamente se deu. 7 - Também o rei Ciro tirou os utensílios da Casa do SENHOR, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém e que tinha posto na casa de seus deuses.”

Neemias 1.3 “As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de Quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza, 2 - Que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém. 3 - E disseram-me: Os restantes, que restaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém fendido, e as suas portas queimadas a fogo.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos ver a origem do despertamento espiritual e suas finalidades.
Ciro era o rei da Pérsia e, Dario era o rei medos. Ambos haviam se unido para tomar o reino Babilônico.

O decreto de Ciro já estava lacrado. Os judeus deveriam voltar à sua terra, reerguer os muros de Jerusalém e reconstruir o Santo Templo. No entanto, a tarefa parecia bastante difícil. A maioria dos judeus estava acomodada à vida na Babilônia e não estava disposta a voltar à terra de Israel para executar o plano de reconstrução. Somente o Espírito Santo poderia levantar homens necessários ao desempenho de semelhante tarefa.

Foi exatamente isso o que aconteceu. O Senhor suscitou homens que não se prendiam às coisas efêmeras desta vida, e cuja visão estava na redenção da linhagem de Israel.

É de um despertamento semelhante que tanto precisamos nesses tempos difíceis.
A submissão à vontade de Deus gera o despertamento espiritual.

I. CONTESTO HISTÓRICO

Quando os babilônios dominaram a cidade de Jerusalém em 605 a.C., por Nabucodonossor, e alguns jovens foram levados ao cativeiro. O rei da Babilônia mandou que os mais capazes dos jovens judeus fossem preparados para servir no seu palácio. Daniel, Hananias, Misael e Azarias, Neemias foram entre os jovens escolhidos. Daniel foi profeta que se destacou entre os 3 jovens no cativeiro na Babilônia, onde ocupou alta posição no governo. Mas no final do cativeiro Neemias foi usado e ousado para trazer o povo de volta e reconstruir os muros de Jerusalém.

O livro de Neemias conta a história de Neemias, um líder dos judeus que regressara a Jerusalém. Sob sua direção, foram reconstruídos os muros de Jerusalém. Contudo, “Neemias não se contentou simplesmente em erguer estruturas físicas, mas desejava também que seu povo fosse edificado espiritualmente” e ajudou os judeus a “assumir o controle de sua vida, suas terras e seu destino como o povo de Deus” (Modesto M. Amistad Jr., “Wanted: Modern Nehemiahs” [Procura-se: Neemias Modernos], Ensign, dezembro de 2002, pp. 45–46). Ele também foi um exemplo de muitas qualidades nobres. “Ele era humilde, motivado, confiante na vontade de Deus, cheio de iniciativa, dotado de grande fé, destemido, organizado, obediente e justo” (Modesto M. Amistad Jr., “Wanted: Modern Nehemiahs” [Procura-se: Neemias Modernos], p. 46). Ao estudar o livro de Neemias, os alunos terão não somente um exemplo de liderança correta como vão aprender o valor de fortalecer-se espiritualmente.

I. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL EMANA DO PRÓPRIO DEUS

1. “No primeiro ano de Ciro, […], despertou o Senhor o espírito de Ciro” (Ed 1.1). Deus despertou Daniel para orar pelo futuro de seu povo. Todavia, não foram as orações de Daniel e nem sua vida santificada que produziram o despertamento, mas foi o próprio Deus que fez o milagre do despertamento de Ciro (Is 26.12; 1ª Co 12.6). Deus usa instrumentos para cooperarem com Ele, mas o autor do despertamento é Ele mesmo.

2. Por isso, o despertamento é um mistério. As coisas humanas podem ser explicadas, previstas e calculadas. Mas a operação do Espírito Santo é diferente. Jesus disse: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.18).

Nós, na verdade, podemos ver o resultado do despertamento, e até mesmo sentir a operação “das virtudes do século futuro” (Hb 6.5). Mas na verdade nada sabemos e nada entendemos do poder de Deus.

3. A Vontade de Deus. O conceito de ‘vontade’, quando aplicado a Deus na teologia e na Bíblia, nem sempre tem a mesma conotação. Ele pode denotar toda a sua natureza moral incluindo seus atributos, a faculdade de autodeterminação (Sl 115.3; Dn 4.35), um plano pré-determinado como no caso de um decreto (Ef 1.9,10; Ap 4.11 etc.), o poder para cumprir seus planos e propósitos (Pv 21.1; Rm 9.19; 2º Cr 20.6), ou a regra da vida imposta sobre as criaturas racionais, isto é, a vontade objetiva de Deus, que se pode guardar (Mt 7.21; Jo 4.34; 7.17; Rm 12.2).

3.1. A vontade divina é a causa final de todas as coisas. Ela é absoluta e imutável (Sl 33.11), não condicionada por nada além de si mesma. Todas as coisas são sua consumação: a criação e a preservação (Sl 135.6; Jr 18.6; Ap 4.11); o governo (Pv 21.1; Dn 4.35); a eleição e a reprovação (Rm 9.15,16; Ef 1.5); a morte de Cristo (Lc 22.42; At 2.23); a salvação (Tg 1.18); a santificação (Fp 2.13); os sofrimentos dos santos (1Pe 3.17); a existência, o curso da vida e o fim do homem (At 18.21; Rm 15.32; Tg 4.15); e até mesmo os menores detalhes da vida (Mt 10.29).

Uma vez que todas as coisas encontram sua causa última na vontade de Deus, é usual distinguir entre os aspectos eficazes e permissivos da vontade de Deus. O aspecto eficaz da sua vontade é cumprido de forma causal ou ativa. Não é apenas aquilo que Deus consente, mas também aquilo que Ele deseja. Por outro lado, o aspecto permissivo da vontade divina é aquele que tem uma autorização para ocorrer através da intervenção não controlada de criaturas racionais. A vontade de Deus é revelada ao homem de várias maneiras: pela palavra falada (Êx 3.14-18; At 1.8); por meio de sonhos e visões (Gn 41.1-32; At 16.6-10); pelo mundo natural e pelos eventos históricos (Sl 89.9,10; Is 46.10,11; 53.10); no futuro reino de Deus (Ef 1.9, 10); e pelas Sagradas Escrituras [cf. At 20.27; 1ª Pe 4.17, 19)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006. pp.2025,2026]

II. AS FINALIDADES DO DESPERTAMENTO

1. A restauração nacional de Israel. Deus, quando quer realizar seus propósitos, pode incutir a sua vontade no espírito do homem. Foi assim que Ele fez com Ciro. Embora fosse rei de uma nação idólatra, Ciro foi despertado por Deus, o qual incutiu a Sua vontade no espírito dele, dominado pelas tradições e pela idolatria, a fim de que ele cumprisse os desígnios divinos relativos ao povo de Israel, conforme havia falado pela boca do profeta Isaías, cerca de 200 anos antes:

“Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado.” (Is 44.28).

“ Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. 2 - Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. 3 - Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. 4 - Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses. 5 - Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; 6 - Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.” (45.1-6).

Quando o propósito de Deus chegou ao conhecimento de Ciro, era um fato já aceito e aprovado por ele, e logo foi consumado. Assim, logo no início do seu reinado, Ciro proclamou um édito autorizando os judeus a retornarem a Jerusalém e edificarem a casa do Senhor “em Jerusalém, que é em Judá” (Ed 1.2). Começava, assim, uma restauração nacional do povo israelita.

2. A restauração espiritual de Israel. Deus quer usar o homem como seu instrumento. Todavia, só são usados aqueles que cooperam com Deus, aqueles que seguem a orientação divina por livre-arbítrio. O homem é livre para obedecer, ou não, à orientação divina. Por isso, nem todos os que experimentam um despertamento adquirem o mesmo progresso espiritual, porque não abrem igualmente seu coração para Deus, a fim de obedecer, à risca, à orientação divina (Pv 23.26; Dt 6.5).

Durante o cativeiro, o povo israelita havia assimilado muitos dos costumes dos babilônicos, porém havia aprendido a lição concernente à vontade de Deus: não servir aos deuses das nações, não adorar os ídolos. Antes do exílio, Israel estava espiritualmente enfermo dos pés à cabeça (Is 1.2-6), mas agora havia sido curado da idolatria para sempre. Para Israel, o sofrimento resultou no despertamento, e este, na sua restauração espiritual. A finalidade principal de despertamento é sempre a restauração espiritual do povo de Deus.

Cada despertamento tem por objetivo principal a salvação e a restauração do homem. Encontramos sempre estes dois polos: A GRAÇA E O PECADO. O Espírito Santo está sempre pronto para convencer o mundo sobre “o pecado, a justiça e o juízo” (Jo 16.8,9).

2.1. O Espírito Santo é sempre intolerante com o pecado. O Espírito Santo convenceu Saulo de que havia pecado contra a pessoa de Jesus (At 9.4,5). Foi o Espírito Santo que convenceu de pecado a mulher samaritana (Jo 4.16-19) e fez Zaqueu confessar sua falta (Lc 19.8). O Espírito Santo torna manifesta as coisas más (Ef 5.13,14). O profeta de lábios impuros sentiu que perecia na presença da santidade de Deus (Is 6.5). O Espírito Santo faz com que os crentes andem na luz (1ª Jo 1.7).

2.2. Mas o Espírito Santo também aponta para Jesus como aqu’Ele que perdoa e salva (1ª Jo 1.9; 2.1,2; Rm 3.25; 2Co 5.18-21). Este era o ensino nos dias dos apóstolos e deve continuar sendo nos dias de hoje, pois a Palavra de Deus não muda, e as nossas necessidades espirituais também não (At 13.38-41; 14.15-17; 17.26-31).

3. Ciro autoriza o povo judeus voltar a sua pátria. A política de Ciro beneficiou sensivelmente os judeus exilados em Babilônia, pois Ciro conferiu a Yahweh o mesmo respeito dado a Marduque e a outras divindades. A consequência lógica de sua política foi o decreto que permitia aos judeus o retorno à sua terra. Somente em um templo restaurado em Jerusalém Yahweh poderia agir efetivamente como o Deus de Judá. Assim, em fiel obediência a Yahweh, Ciro decidiu repatriar o povo judeu. Providenciou autorizações para que eles voltassem e reconstruíssem a cidade e o templo para seu Deus” [MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p. 509].

III. DEUS CUMPRE AS SUAS PROMESSAS

1. A fidelidade de Deus em suas promessas. Pelo despertamento que Ciro recebeu, Deus cumpriu literalmente a sua Palavra em relação ao retorno de Judá a sua terra (Jr 27.22), bem como a derrota da Babilônia diante do exército medo-persa, sob o comando de Ciro da Pérsia (Jr 25.12; Is 44.28; 45.2-6).

2. Deus renova suas promessas de bênçãos. Em cada despertamento, Deus vivifica e renova suas promessas de bênçãos ao seu povo. O Espírito Santo revela as riquezas escondidas em Cristo, isto é, as riquezas de glória que Cristo ganhou na cruz do Calvário, para dar àqueles que O servem (Rm 9.23; Ef 1.18; 2.7; Fp 4.19; Cl 1.27).

O batismo no Espírito Santo é uma bênção que faz parte de uma nova vida com Cristo (At 2.38; cf. Hb 6.1-3). No despertamento que operava no tempo dos apóstolos, eles faziam questão de que todos os convertidos recebessem esta maravilhosa unção do alto (At 8.14-17; 19.1-6). Os dons espirituais também fazem parte das bênçãos que Jesus deseja dar por meio do despertamento (1ª Co 12.7-11). Deus ainda deseja despertar os corações para ter fé renovada na cura do corpo, também resultado da morte expiatória de Jesus (Is 53.3-5; Mt 8.14-17; Tg 5.14-17; Mc 16.17,18).

3. Deus renova a fé dos abatidos. Pelo despertamento, Deus cria ambiente de fé, de expectativa e de oração. O despertamento nasceu da oração, e só poderá prosseguir se a chama da oração continuar acesa. No Antigo Testamento, o fogo do altar de incenso não se podia deixar apagar (Êx 30.7,8). Do mesmo modo, Deus quer que o fogo do Espírito Santo não se apague em nossos corações, mas, sim, que continue aceso, hoje, como no Dia de Pentecoste. Todavia, isso só se pode conseguir através da oração incessante, por parte de cada um de nós.

4. Promessa. Embora se refira ocasionalmente à palavra do homem, o uso característico da palavra ‘promessa’ nas Escrituras relaciona-se com o que Deus declara que fará acontecer. Embora possamos inferir as promessas feitas entre o Pai e o Filho antes da criação, a primeira grande promessa de Deus aos homens está em Gênesis 3.15 e inaugura uma sucessão que, em uma crescente clareza de detalhes desde seu anúncio, fala sobre a vinda do Messias-Salvador.

A fidelidade é um dos atributos de Deus. Ele é fiel para cumprir Suas promessas. O apóstolo Paulo vai dizer; “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2ª Tm 2.13).
Uma grande variedade de promessas está mais ou menos ligada, de uma forma direta, a essa grande promessa central, inclusive a nova aliança (Jr 31.31-34), o derramamento do Espírito (Jl 2.28ss.), a restauração de Israel (Dt 30.1-5) e, finalmente, o novo céu e a nova terra (Is 65.17; 66.22).

Paulo demonstra que a ‘promessa de Deus’ tem a qualidade de uma aliança, porque cada palavra de Deus é segura e certa, livre do legalismo e da dependência do esforço do homem (por exemplo, Rm 4.13-16; Gl 3.16-18; cf. Hb 11.40)” [Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, p.1611].

IV. O DESPERTAMENTO TORNA OS HOMENS OBEDIENTES À PALAVRA

1. O que é um despertamento espiritual? Antes de mais nada, é um retorno à vontade de Deus. Todas as vezes que os crentes voltam aos princípios das Sagradas Escrituras, dá-se um despertamento espiritual. Foi assim nos tempos de Josias e na época de Esdras.

João 6.63 Jesus diz: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”

E, o mesmo se verifica quando o povo de Deus, hoje, predispõe-se a executar as tarefas que o Senhor lhes entrega. Mas o que é necessário para se viver um grande despertamento espiritual?

Em primeiro lugar, é necessário se voltar às Sagradas Escrituras e esposar todos os seus princípios. João 5.39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”

2ª Timóteo 2.15 “ “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

Oseias 6.3 “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.”

Oseias 6.6 “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.”

Neste ponto, devem cair por terra as nossas conveniências e comodidades. Somente a vontade de Deus é que interessa. Notemos que o grande avivamento de Josias começou exatamente quando líderes do povo começaram a examinar detidamente as Sagradas Escrituras. Doutra forma, continuariam no mesmo marasmo.

Em segundo lugar, é necessário buscar com redobrado favor a presença de Cristo. Afirmou certa vez um teólogo que a história se cala acerca dos avivamentos que começaram sem oração. Quer nos tempos bíblicos, quer nos dias de hoje, não pode haver avivamento sem oração. É um pressuposto básico do qual não podemos fugir.

Em terceiro lugar, não podemos perder o nosso primeiro amor. A Igreja de Éfeso, por exemplo, sofria deste mal crônico. Exteriormente, não poderia haver igreja tão ortodoxa doutrinariamente como aquela. No entanto, estava longe do seu primeiro amor. E, se a força do nosso amor não corresponde aos primórdios da nossa fé, carecemos rogar as misericórdias do Senhor para que um novo despertamento espiritual venha renovar o nosso amor.

1. O culto que foi restabelecido em Jerusalém foi exatamente aquele que a lei de Deus determinava (Ne 12.44-47). Não foram introduzidas novas formas de culto, nem qualquer mistura de doutrinas babilônicas!

2. O despertamento dado pelo Espírito Santo faz com que os crentes desejem intensamente ser fiéis à Palavra de Deus.

Paulo escreveu: “Para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito” (1ª Co 4.6).

O crente despertado inclina-se a guardar os estatutos de Deus até o fim (Sl 119.112). E esta forma de proceder, esta atitude do crente, é uma das bases para a comunhão uns com os outros. “Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos” (Sl 119.63).

 Título: OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE - A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias. 3º Trimestre de 2020. 
Comentarista: Eurico Bergstén


AS FILHAS DA SANGUESSUGA



Provérbios 30.15-16 “A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta! A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!”

INTRODUÇÃO
Apenas o capítulo 30 do livro de Provérbios é atribuído a Agur, um sábio de quem nada sabemos. Mas pela inspiração divina, o escritor bíblico apresenta uma coleção de pequenos provérbios. No geral, esses provérbios tratam acerca da verdadeira sabedoria. O escritor enfatiza que o homem não possui sabedoria em si mesmo; mas a verdadeira sabedoria vem do Senhor através de Sua auto revelação nas Escrituras.

Em sua reflexão, o sábio pontua vários comportamentos humanos insensatos, entre eles a ganância. Então é ao condenar o comportamento ganancioso que ele escreve neste sentido figurado.

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA

A palavra sanguessuga no hebraico é aluqah que significa “chupadora. Uma sanguessuga é um animal hematófago, de nome cientifico: Hirudínea ou Annelida, distinguidos por terem exatamente trinta e quatro segmentos nos corpos, dos quais os primeiros cinco ou seis formam a cabeça, que chupa, enquanto que os últimos sete formam a cauda, que chupa. A sanguessuga é um verme (anelídeo, pois o corpo é formado por anéis) comum em todos os lugares do mundo, em todos os ecossistemas. Existem no planeta mais de 15 mil espécies de sanguessugas e vivem águas e lama! Elas têm este nome, obviamente, porque se alimentam do sangue de suas vítimas, depois de aderir ao corpo do ser vivo de que se alimenta, podendo ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes superior ao seu próprio volume.

II. QUEM SÃO AS DUAS FILHAS DA SANGUESSUGA?

1. Dá e Dá”. O sábio chama as duas ventosas da sanguessuga personificada como suas filhas de “Dá e Dá”. Esses nomes referem-se ao clamor insaciável delas. Por isso algumas versões traduzem: “Duas filhas tem a sanguessuga. Dê! Dê! Gritam elas” (NVI).

Talvez a ideia seja que assim como a sanguessuga parece não ter outra finalidade, se não sugar sangue, o homem ganancioso parece servir apenas à sua concupiscência ambiciosa. O sábio expande seu raciocínio citando ditos numéricos que fornecem quatro ilustrações sobre a ganância: “a sepultura, a madre estéril, à terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta”.

Russel Norman Champlin afirma que: “metaforicamente, a sanguessuga refere-se a algum individuo ou alguma circunstância debilitadora, gananciosa e extremamente egoísta em suas exigências.” E ele diz mais: “A sanguessuga é o modelo do egoísmo e da ganância, e é vista como animal que vive do sangue de outro animal, uma apta metáfora para as pessoas gananciosas”.

Quando Agur escreveu este texto, sua preocupação não era com a sanguessuga em si, mas, apresentar um princípio moral e espiritual que tem como parâmetro a vida da sanguessuga.

2. A sanguessuga continua tendo duas filhas. Infelizmente vivemos num tempo em que a ganância não é apenas incentivada, mas quase que cultuada. Ser ganancioso parece que se tornou sinal de força, determinação e um pré-requisito essencial para o sucesso.

O princípio moral e espiritual é o da ganância, do egoísmo, da autossatisfação que leva pessoas, grupos, entidades a se beneficiarem de coisas de forma desonesta, de maneira ilimitada e insaciável, querendo sempre mais e mais, sugando, chupando, extraindo, explorando para proveito próprio.

Inclusive, esse tipo de mentalidade mundana tem invadido até as igrejas. Quantas e quantas comunidades cristãs têm sido exploradas por homens gananciosos que não se fartam de negociar Jesus para satisfazerem sua ambição e seu compromisso com Mamom (cf. Mt 6.24).

Quando se observa a vida da sanguessuga percebe-se claramente que Agur está descrevendo o agir egoísta e interesseiro do ser humano.

O sábio Agur do ápice de sua sabedoria afirma que a sanguessuga tem duas filhas: Dá, Dá. Isto é, quanto mais sangue bebe, mais sangue quer. Quanto mais se tira, quanto mais se desvia, quanto mais se locupleta, mais se quer, mais se deseja, mais se inventa uma maneira de se tirar mais e mais e mais.

Um escritor afirmou: “Há pessoas tão excessivamente gananciosas e cobiçosas que elas deixarão sem nada qualquer ser vivo, elas se agarram a qualquer coisa que possa dar lucro e nunca largarão até que tenham extraído até a última porção que haja de bom.”

Infelizmente, estamos vivendo em nossa sociedade este princípio moral e espiritual da sanguessuga.

III. A SANGUE SUGA DA CORRUPÇÃO

           Miqueias 7.2-3 “Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto. Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles são perturbadores”.

A sociedade capitalista muitas vezes valoriza mais o dinheiro do que as pessoas. Este pensamento utilitarista abre brechas para ações corruptas como:

1. Suborno. Êxodo 23.8 “Também suborno não aceitarás, pois o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos”.

O suborno é uma troca de favores remunerada, quando “o ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça” (Pv 17.23). Mas a Palavra de Deus condena o suborno, pois “ai dos que...justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça” (Is 5.22-23).

2. Propina. Lucas 3.12-13 “Chegaram também uns cobradores de impostos, para serem batizados, e lhe perguntaram: Mestre, que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não peçais mais do que o que vos está ordenado”. A propina é um valor à parte recebido pela pessoa, mas que Jesus condenou dizendo que não deveria ser feito.

A corrupção está presente na sociedade, pois muitas pessoas praticam suborno comprando o ‘silêncio’ de outra pessoa, achando que podem pagar para ficar certos. Outros já vivem da chamada propina, vendendo seus serviços e recebendo dinheiro ilícito. (faz gato para roubar energia elétrica, tentar subornar o guarda para não levar multa, furar fila, comprar produtos piratas etc).

IV. A SANGUE SUGA NA ÁREA DA POLÍTICA

Deuteronômio 16.19-20 “Não torcerás a justiça, nem farás acepção de pessoas. Não tomarás subornos, pois o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. Segue a justiça, e só a justiça, para que vivas e possuas a terra que o Senhor teu Deus te dá”.

Finalmente, a corrupção também chega à política. A palavra política vem do grego polyticos, que significa cidadão da polys, que é a cidade. Então todos nós somos políticos, quando exercemos nossa cidadania.

Duas formas de corrupção na política são:

1. Leis injustas. Salmos 82.2-5ª “Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”. Infelizmente, muitas pessoas quando chegam a um cargo ou função pública, acaba se corrompendo e usando os recursos para benefício pessoal e legislando em causa própria.

2. Políticos injustos. Isaías 10.1,2 “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos!” Precisamos saber o que as pessoas fazem quando chegam ao poder e lutar contra a injustiça. “Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (Is 1.23). Se um político não defende os direitos do povo, não está cumprindo o seu papel.

Os políticos estão muito envolvidos com corrupção devido ao sistema corrupto que foi instaurado no meio em que atuam. Além disso, as pessoas já veem de uma sociedade corrompida e de um comércio onde a corrupção toma conta para a busca do lucro a qualquer preço.

Alguns exemplos de corrupção na política são: quando o legislador cria uma lei para beneficiar um setor em troca de apoio político, superfaturamento de obras, cobrança de serviços que deveriam ser gratuitos, etc.

“Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.” (Pv 29.2). “Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.” (Pv 28.12).

Vamos lutar contra a corrupção na política!

V. A SANGUE SUGA NO MEIO RELIGIOSO

1. Falsos mestre. Na Bíblia encontramos uma relação de falsos líderes que podemos enquadrar como falsos profetas. O Senhor Jesus nos adverte no evangelho de segundo Mateus 24.11, 24 “E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.”

Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade, veracidade, pureza e genuína fé em Cristo. Mais tarde, por causa do seu orgulho, avareza e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor a Cristo desaparecem lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de Deus (1ª Co 6.9-10; Gl 5.19-21; Ef 5.5-6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em ministros da justiça (2ª Co 11.15).

2. Outros falsos mestres e pregadores nunca foram crentes verdadeiros. A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades (Mt 13.24-28,36-43).

Estes falsos líderes transformam o Evangelho de Jesus em objeto de liquidação. Vendem às pessoas um lugar no céu; negociam os cargos ministeriais, não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma oração de libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem incentivando a fé. Usam versículos isolados da Sagradas Escrituras para explorar a fé dos incautos. Por exemplo: “Não vá a casa do profeta de mãos vazias;” “É melhor dar do que receber” Note que eles gostam de usar o verbo dar, pois são a as filhas da sangue suga “Dá, Dá.

3. O que a Bíblia diz sobre os falsos mestres. Vejamos o que o apóstolo Pedro nos diz com respeito as duas filhas Dá, Dá: “Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” (2ª Pe 2.3).
3.1. Pedro descreve o caráter destes falsos mestres: Eles são arrogantes e não têm respeito pela autoridade (2.10,18). Eles são indivíduos gananciosos, tirando lucro financeiro dos seus “seguidores” (2.3 “movidos por avareza, farão comércio de vós”; 2.14 “tendo coração exercitado na avareza”; 2.15 seguiram no erro de Balaão que queria lucrar amaldiçoando Israel). Além disso, eles são culpados de imoralidade (2.10 “imundas paixões”; 2.13 “sua luxúria carnal”; 2.14 “tendo os olhos cheios de adultério”).

De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se tornam inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua glória é a vergonha (Fp 3.18-19); lobos cruéis (At 20.29-30); e ministros de Satanás (2ª Co 11.12-15).

3.2. O mestre Jesus vai dizer no evangelho de Lucas: “...que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação” (Lc 20.45-47).

À luz das Escrituras, os falsos mestres têm sempre no seu perfil algumas características especificas. Mas a Bíblia aponta como defeito principal do falso profeta.

A. Apesar de sua falsa religiosidade, os fariseus eram avarentos. Jesus declara que os fariseus da Sua época faziam longas orações para lograr e devorar as casas das pobres viúvas. Eles tinham como mandamento cuidar das viúvas, órfãos e necessitados, porém eles agiam com um espírito cobiçoso. Mas Jesus os advertia: “vocês vão sofrer maior juízo seus fariseus”.

Avareza, de acordo com o original, é ganância, e se aplica a alguém que nunca está contente com que tem; sempre querendo o que é dos outros. Avareza na Bíblia é comparada com o pecado de idolatria (Cl 3.4), porque a pessoa coloca toda sua concentração naquela coisa que está roubando a posição de prioridade de Deus em sua vida.

B. Através de seu fervor religioso os fariseus exploravam os mais pobres e idosos. Não sabemos exatamente como eles “devoravam” as casas das viúvas; talvez as persuadindo a fazer grandes doações além de suas condições. Certamente, pessoas de má fé no meio religioso hoje em dia têm este mesmo procedimento. Alguns até ridicularizam as doações pequenas e garantem bênçãos financeiras do Senhor em troca de enormes ofertas.

Muitos homens que vivem para adorar o dinheiro, para fazer do dinheiro o próprio deus. Tantas pessoas que vivem somente para isto e a vida não tem sentido. E isso não é uma fábula, mas ensinos do mestre Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mt 6.19-21).

Quando precisamos pecar para conseguir mais dinheiro, é melhor ser pobre. Muito dinheiro não acalma a consciência e não podemos pagar nossa entrada no céu. “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação. Melhor é a comida de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.” (Pv 15.16,17).

4. Eram hipócritas fingidos, falsos. “Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.33).

O hipócrita é o homem que, no próprio nome da religião, quebra as leis de Deus. É o homem que diz que não pode ajudar seus pais porque tinha dedicado seus bens ao serviço de Deus (Mt 15.7; Mc 7.5); é o homem que se recusa a ajudar um enfermo no sábado, porque isto seria uma violação da lei do sábado, embora não deixe descuidar do bem-estar dos seus animais no sábado (Lc 13.15).

É o que pratica todos os gestos externos da religião enquanto no seu coração está cheio de orgulho e arrogância. É o tipo de homem que nunca deixa de ir para a igreja e que nunca deixa de condenar um pecador. O seu orgulho é do tipo que imita a humildade.

Os fariseus eram referência moral, ética e religiosa para o povo de Israel à época de Jesus. Aos olhos do povo os fariseus eram tidos por justos “Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.28).

Em nossos dias a palavra fariseu é utilizada de modo pejorativo, sinônimo de hipocrisia, mas à época de Cristo nomeava um grupo específico de seguidores do judaísmo.

O farisaísmo era uma das mais severas seitas do judaísmo e seus seguidores lideravam um movimento para trazer o povo a submeter-se à lei de Deus. Eles eram extremamente legalistas, formalistas e tradicionalistas (Mt 15.1-3).

4. O dinheiro é a raiz de todo mal. A Bíblia diz que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males (1ª Tm 6.10). Isso se dá pelo fato de que o coração ganancioso coloca o objeto de sua ambição no lugar que só pertence a Deus.
De duas maneiras esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja:

4.1. Pregam por ganância. Hoje existem certos “líderes espirituais” que pregam sobre prosperidade ensinam que Deus quer que todos os seus filhos sejam ricos e que uma pessoa somente adoece por falta de fé. São mundanos e extremamente interessados nos prazeres terreais.

“Em nome da fé evangélica algumas denominações estão extrapolando no zelo por arrecadar numerário para a manutenção da Casa do Senhor. Ora, o compromisso de ajuda pecuniária do crente se restringe única as contribuições voluntárias e a amor pelo Reino de Deus. Porém, tem havido interpretações perversas acerca das contribuições. Os dízimos passaram a ser um meio de salvação, e não há limites na fixação das ofertas. O dinheiro tem sido a legalidade de salvação e esqueceram que a base da nossa salvação é o precioso sangue de Jesus. É preciso que os desavisados entendam que não podemos comprar as bênçãos de Deus; que não asseguramos a salvação com as obras de nossas mãos; que devemos buscar “primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Em segundo lugar devemos garantir a nossa salvação mediante sincero arrependimento, confissão dos pecados, mudança de vida, aceitação de Jesus como Senhor e Salvador. Na qualidade de salvos, de crentes em Jesus, então cumpriremos seus mandamentos, inclusive o de contribuir e, nessas condições, faremos jus a todas as bênçãos e promessas catalogadas na Bíblia.

A grande maioria dos que buscam essas denominações que anunciam um evangelho deturpado e viciado são almas frágeis, enfraquecidas pelos embates da vida, e ali vão dispostas a fazer o sacrifício que for sugerido ou determinado. Não têm o conhecimento bíblico para refutar as heresias. Assim, acreditam que se venderem todos os seus bens e entregarem todo o dinheiro “aos pés de Jesus” terão resposta imediata de Deus. A teoria do TUDO OU NADA é anti-bíblica e, portanto, herética.

Os exemplos a seguir, pelo inusitado e extravagância teológica, sem paralelo na história recente da Igreja, denotam uma situação de ambição desenfreada, de loucura inteligente, de ânsia incontida, só comparável aos tempos da diabólica Inquisição e da venda de indulgências.

Eles sabem, os promotores do mercantilismo religioso, que o povo brasileiro traz consigo a herança maldita da idolatria, exemplo das imagens dos santos falecidos, como algo tangível, visível, capaz de “auxiliar” na comunhão com Deus. Sabedores disto procuram preencher a lacuna substituindo os ícones por outras coisas, seja uma rosa, uma fitinha, um cajado, um manto, um lenço, uma vassoura, um sabonete ungido etc. É realmente uma jogada inteligente. É imperioso que o povo de Deus saiba que coisas não transformam vidas, não trazem bênçãos, não afastam as maldições, não purificam os lares. A finalidade da igreja não é arrecadar dinheiro, e o principal compromisso dos crentes não é contribuir com somas cada vez maiores. [Loucos Por Dinheiro Airton Evangelista da Costa http://opoderdafe.com/artigos/63].

4.2. O modismo religioso. Há casos em essas inovações desvirtuam o ensino da Palavra de Deus, voltando às fábulas, exatamente como previsto por Paulo, em sua célebre advertência a Timóteo. (2ª Tm 4.3-4).

O crente em Jesus deve estar atento quanto às distorções da Palavra de Deus e enganos sutis do diabo no meio cristão. Confesso que estou muito preocupado com o rumo que as igrejas evangélicas, principalmente as renovadas, têm tomando. Muitas doutrinas estranhas ao cristianismo estão sendo sutilmente injetadas, doutrinas de anjos e técnicas para curar os enfermos. Muitos pastores e líderes, na ânsia de verem suas igrejas crescerem e serem avivadas, estão adotando métodos e técnicas estranhas sem uma criteriosa investigação de seus aspectos, muitas vezes ocultos.

O modismo é crescente e desenfreado e tem tomando lugar das reuniões de oração e estudo da Palavra. Quase não se convida mais para reuniões de estudos bíblicos e quando alguém se atreve, aparece apenas um pequeno grupo. Nos ensinos de Jesus Ele atraía multidões para ouvi-lo, mas os seguidores do “evangelho” mercantilista preferem frequentar um culto com nome extravagante, por exemplo: reunião para desencapetamento, corredor de fogo, novena das nove fitas, sete quintas feiras etc. Essas inovações exibicionistas têm arrastado multidões atrás de um evangelho fácil para alcançar a “prosperidade”. Ao contrário do que ensinou Jesus: “E estes sinais acompanharão aos que crerem...” (Mc 16.17). Mas o que vemos e ouvimos é o contrário. Os líderes com suas mensagens atraentes têm levado as pessoas a correrem atrás dos sinais, usando a sutileza do engano.

Hoje as pessoas numa grande maioria superlotam igrejas, mas não para ouvirem sobre andar com Deus, não para ouvirem sobre santidade, não para ouvirem a respeito de viver como sal e luz num mundo perdido, mas as pessoas enchem os templos para participarem de cultos de bênçãos, de vitórias, de negociar com Deus, de obter as bênçãos de Deus, desde que dinheiro esteja envolvido.

“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3.17.20).

4.3. Ele transforma o Evangelho de Jesus em objeto de liquidação. Vende às pessoas um lugar no céu; não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma oração de libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem incentivando a fé. De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se tornam inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua glória é a vergonha (Fp 3.18-19). [PAULO CÉZAR LIMA. Separando o Verdadeiro do Falso. Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro – RJ].

E o que dizer de Jesus Cristo ao chamar os fariseus de raça de víboras, sepulcros caiados ou filhos do Diabo? Palavras torpes? Definitivamente não; nem chamar os profetas da prosperidade de estelionatários da fé, enganadores, ladrões, mercenários, salafrários, lobos, falsos curandeiros, etc, significa usar palavras torpes. São palavras qualificadoras precisas para designar pessoas e práticas condenáveis.

Embora a palavra de Paulo aos líderes das igrejas que estavam reunidos em Mileto, especialmente os de Éfeso, tenha sido dura, o seu propósito era revelar sua grande preocupação com relação ao futuro da igreja de Deus.

Atos 20.28-30:Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

Paulo reconhece o alto valor que Deus pagou pela igreja ao entregar Seu próprio Filho na cruz e entende que o surgimento de falsos líderes era consequência natural do crescimento do evangelho, o que ele pretende é alertar à igreja que tenham cuidado com os falsos líderes, pois eles irão agir impiedosamente, sem temor à Deus, com um único propósito – atrair as pessoas para si, ao invés de Deus.

Em grandes igrejas é comum ver pastores orgulhosos pelo número de membros que mantem cadastrados em sua secretaria, mas a verdade e que poucos são assistidos regularmente.

O apóstolo Paulo fala de “lobos cruéis” que entrariam no meio do povo de Deus e, que Esses lobos representam falsos obreiros que só cuidam de si próprio, e não do rebanho do Senhor. Também diz Paulo que chegará o tempo em que alguns de vocês contarão mentiras, procurando levar os irmãos para o seu lado.

4.4. O perigo da idolatria ao dinheiro. O apóstolo Paulo enxerga a ganância como um tipo de idolatria (cf. Ef 5.5; Cl 3.5). Mas o Deus que em Sua Palavra chama a ganância de idolatria, haverá de julgar os idólatras que são devotos das riquezas (1ª Co 6.10; Ap 22.15).

O ensino bíblico a respeito de dinheiro somente faz sentido quando enxergamos o dinheiro no contexto dos “principados e potestades”. O Novo Testamento usa termos como “visíveis”, “invisíveis”, “potestades”, “tronos”, “soberanias”, “autoridades”, para descrever certos aspectos do âmbito do invisível (Cl 1.16).

Devido ao pecado, essas potestades perderam o relacionamento adequado projetado na criação pelo Senhor. Elas caíram e estão em estado de revolta contra o Criador. E é por isso que trazem consigo grande confusão.

Foster afirma que “o dinheiro é uma dessas potestades”. Quando Jesus usa o termo aramaico mamon para referir-se às “riquezas”, está conferindo a elas natureza pessoal e espiritual, personificando Mamom como um deus rival (Mt 6.24). Ao dizer isso, Jesus deixa claro que o dinheiro não é um meio impessoal de troca. Ele não é algo moralmente neutro, um recurso a ser usado de maneiras boas ou más, dependendo unicamente de nossa atitude para com ele. Mamom é um poder que busca dominar o ser humano. Mamom pede nossa devoção de uma forma que extrai de nosso ser toda reserva de bondade. É por isso que grande parte dos ensinamentos de Jesus referentes à riqueza tem natureza evangelística:

“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” (Mt 19.21). Se salvação não é pelas obras, por que Jesus faz essa exigência ao jovem rico? A resposta é: Jesus sabia que a riqueza daquele jovem era um deus rival, que buscava a dedicação completa do rapaz. Para Cristo, o dinheiro é um ídolo a quem precisamos dar as costas a fim de que não nos convertamos a ele.

Porém a visão de Jesus a respeito do dinheiro é bastante realista, principalmente, ao referir-se a este como um deus-pagão (Mt 6.24; Lc 16.13), revelando a insensatez daqueles que se fiam nos seus pertences (Lc.16.1-13), indicando aonde devemos entesourar (Mt 6.19-21). Paulo também admoesta os cristãos para que não se deixem levar pelo amor ao dinheiro (1ª Tm 6.10) e Tiago chama a atenção para aqueles que são controlados pela cobiça (Tg 4.2,3). O cristão pode buscar alcançar uma condição favorável de vida em gratidão (1ª Tm 4.4; 6.17). Mas, diferentemente da visão mundana, não vivemos ansiosos por coisa alguma, fazemos a nossa parte, sem ansiedade (Mt 6.25-34), tendo o contentamento como meta (1ª Tm 1.8), cientes, também, de que precisamos auxiliar aos necessitados, viúvas e missionários (1ª Ts 1.11; Ef 4.28; 1ª Co 16.2-3). Afinal, fomos chamados não para acumular riquezas, mas para o amor em sacrifício (1ª Co 13; 1ª Jo 3.16).

Os fariseus nos dias de Jesus, além de trazer um ensino expressamente errado ao povo, mas também em seus corações. A desonestidade com a mensagem do evangelho vai criar a desonestidade na vida. As forças interiores que produzem a mensagem desviada, a princípio (orgulho da vida, temor dos homens, amor ao dinheiro, concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1ª Jo 2.16), inevitavelmente se manifestarão no comportamento, ainda que sutilmente. Esta é a razão pela qual a advertência de Jesus sobre os falsos profetas leva tão naturalmente a uma discussão para testá-los pelo seu caráter, bem como pela sua mensagem.

5. Assim como foi nos dias de Noé. Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, no sermão escatológico adverte: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24.37-39).

A impunidade e a frouxidão dos princípios reguladores da sociedade humana degradam o homem criado à imagem, à semelhança de Deus para glorificar a Deus, ou seja, para refletir o caráter de Deus. Mas o que se vê? A Bíblia responde: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).

A maldade do coração do homem caído é insaciável, pois, como declara Gênesis 6.5 e 11: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração. A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência”.

CONCLUSÃO.
A sepultura sempre aguarda mais corpos; o ventre da mulher estéril sempre está tentando conceber; a terra ressequida sempre necessita de mais água; e o fogo nunca se cansa de queimar tudo o que toca.

É interessante notar que antes ele escreve: “Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que não dizem: Basta” (Pr 30.16). Essa é uma linguagem que aparece no livro de Provérbios com o objetivo de apresentar uma lista específica, mas não exaustiva (cf. Provérbios 6.16; 30.18; etc.).

Em outra parte, o mesmo livro de Provérbios traz a mesma lógica acerca do perigo da ganância: “O inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv 27.20).

Há quase três milênios o sábio Agur escreveu: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá”. Mas esse provérbio continua tão atual quanto nos dias em que foi escrito. Então que possamos a cada dia, pela atuação do Espírito Santo em nossas vidas, fazer com que nossa devoção a Deus esmague qualquer desejo caído pela devoção aos bens terrenos. Como diz W. W. Wiersbe, não é pecado ser rico; mas é pecado desejar mais riquezas do que precisamos, e reter aquilo que deveríamos dar.

FONTE DE PESQUISA

1. CÉZAR PAULO LIMA. Separando o Verdadeiro do Falso. Revista Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro – RJ.
2. EVANGELISTA Airton da Costa Loucos Por Dinheiro https://jesusamavoce.wordpress.com/2010/06/09/loucos-por-dinheiro-pr-airton-evangelista-da-costa/ - Acesso dia 08/07/2020.

3. PERREIRA SÉRGIO. As filhas da sangue suga. Mensageiro d Paz. Ano 85, Nº 1563, Agosto de 2015.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus
Blumenau - SC