TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 21 de julho de 2020

A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO ENFRENTOU OPOSIÇÃO



TEXTO BÁSICO
Esdras 4.7,9,11-13,15,16,21-24. 7 - E, nos dias de Artaxerxes, escreveu Bislão, Mitredate, Tabeel e os outros da sua companhia a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta estava escrita em caracteres aramaicos e na língua siríaca. 9 - Então, escreveu Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os outros da sua companhia: dinaítas e afarsaquitas, tarpelitas, afarsitas, arquevitas, babilônios, susanquitas, deavitas, elamitas. 11 - Este, pois, é o teor da carta que ao rei Artaxerxes lhe mandaram: Teus servos, os homens daquém do rio e em tal tempo. 12 - Saiba o rei que os judeus que subiram de ti vieram a nós a Jerusalém, e edificam aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos. 13 - Agora, saiba o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, eles não pagarão os direitos, os tributos e as rendas; e assim se danificará a fazenda dos reis. 15 - Para que se busque no livro das crônicas de teus pais, e, então, acharás no livro das crônicas e saberás que aquela foi uma cidade rebelde e danosa aos reis e províncias e que nela houve rebelião em tempos antigos; pelo que foi aquela cidade destruída. 16 - Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela cidade se reedificar e os seus muros se restaurarem, desta maneira não terás porção alguma desta banda do rio. 21 - Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não se edifique aquela cidade, até que se dê uma ordem por mim. 22 - E guardai-vos de cometerdes erro nisso; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis? 23 - Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência. 24 - Então, cessou a obra da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia.

INTRODUÇÃO
O altar havia sido restaurado, a Festa dos Tabernáculos celebrada, e o holocausto contínuo estava sendo oferecido cada dia, conforme o rito (Ed 3.2-4). A vida espiritual dos judeus que haviam retornado do cativeiro seguia o que estava prescrito na Lei de Moisés. Somente esperavam o momento de iniciar a reedificação do Templo.

I. O CONTEXTO HISTÓRICO DOS REPATRIADOS E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O contexto histórico. No ano 538 a.C., Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus repatriados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o Templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (2º Cr 36.22,23; Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel a Deus (Dn 9). O primeiro grupo de judeus a voltar a Jerusalém (aproximadamente 50 mil judeus), havia lançado os alicerces do novo Templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10; 6.13-18). No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra acabou por ser interrompida em 534 a.C..

2. O contexto espiritual. A indiferença espiritual do povo generalizou-se, induzindo os repatriados a voltar à reconstrução de suas próprias casas e abandonar a reconstrução do Templo e se voltando para outros interesses, de modo que o Senhor enviou seus profetas Ageu e Zacarias em 520 a.C. para incitá-los a renovar seus esforços, no segundo ano de Dario, e, depois disso, expediu-se um decreto que apoiava a ordem original de Ciro (Ed 5.1,2; 6.1-12). O governador Zorobabel, da tribo de Judá, e Josué (Jesua), o sumo sacerdote, chefiaram os repatriados que retornaram e entre as primeiras coisas feitas por Josué e seus irmãos, os sacerdotes, foi a construção dum altar para a oferta dos sacrifícios diários (Ed 3.1-3) (ELISSEN, 2004, p. 330).

3. O contexto político. No ano 536 a.C., começou uma grande era para os judeus com a volta do cativeiro e o reinício das ofertas da aliança em Jerusalém. Mas a pausa na reconstrução por causas políticas e de uma denúncia acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24) esfriou o entusiasmo de todos, e eles se voltaram para interesses pessoais (Ag 1.4). A reconstrução estava sendo feita por força do decreto de Ciro, rei da Pérsia que era o representante político do povo (Ed 1.1; 6.3). Os judeus retornaram e o Templo foi restaurado (2º Cr 36.22,23; Ed 1.1-4; 5.13,17; 6.3,14; Ed 5.1-6.15).

4. O contexto cronológico. O livro de Esdras resume cronologicamente várias tentativas de interromper os trabalhos de reconstrução do Templo durante os reinados de: Ciro (Ed 4.1-5); Xerxes (A tradição judaica identifica-o com o mesmo Assuero do Livro de Ester. Alguns estudiosos consideram que “Assuero” era um título real que os monarcas persas recebiam) (Ed 4.6); Artaxerxes (Ed 4.7-23); e, Dario (Ed 4.24). Conhecer a ordem dos acontecimentos nos ajudará a entender Esdras. Vejamos:

DATA ACONTECIMENTOS
538 a.C. Decreto de Ciro para o retorno dos judeus a fim de reconstruírem o Templo (Ed 1.1).
537 a.C. Retorno dos primeiros cativos sob governo de Zorobabel (Ed 2.1,2); e o altar é reerguido em Jerusalém (Ed 3.6).
536 a.C. Começa a reconstrução das fundações do Templo (Ed 3.10).
534 a.C. A reconstrução do Templo é interrompida devido a ameaça dos samaritanos (Ed 4.4-5).
530 a.C. Interrupção oficial da reconstrução do Templo por ordem de Artaxerxes (Ed 4.6,21).
521 a.C. A ascensão de Dario ao trono persa (Ed 4.5).
520 a.C. Retomada da reconstrução do Templo (Ed 5.1,2; Ag 1.14,15) e decreto de Dario para conclusão obra (Ed 4.24; 6.8).
516 a.C. A conclusão da reconstrução do Templo possibilitando a observância da festa Páscoa (Ed 6.13-22).

II. SIGNIFICADO DO TERMO OPOSIÇÃO

1. Definição da palavra oposição. O dicionário Houaiss da língua portuguesa define oposição como: “ato ou efeito de oporse; impedimento; obstáculo; objeção; contrate; contestação; impugnação; negação; resistência; contraposição; protesto; queixa; contradita; desmentido; obstáculo” (2001, p. 2072). Podemos destacar alguns exemplos de personagens que sofreram oposições: Moisés (Êx 5.20,20; 14.11,12; Nm 16.1-3); Isaque (Gn 26.1-35); Davi (1º Sm 18.17-19; 2º Sm 15.1-13); Jesus (Mt 11.18,19; Mc 3.22; Lc 23.2); e, Paulo (At 13.45; 14.19,20; 16.22,23).

III. OS ALICERCES DO TEMPLO SÃO LANÇADOS

Depois que os materiais para a construção do Templo chegaram, segundo a concessão feita pelo rei Ciro da Pérsia, Zorobabel e os que haviam voltado do cativeiro lançaram os alicerces do templo (Ed 3.8). Todos apresentavam muita animação para o trabalho.

1. O lançamento dos alicerces foi celebrado com uma solenidade. “… Os sacerdotes, já paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao SENHOR, conforme a instituição de Davi, rei de Israel” (Ed 3.10).

Todos os que assistiram o lançamento dos alicerces expressaram seus sentimentos com tão grande júbilo, que as suas vozes se ouviam de mui longe (Ed 3.12,13).

2. A reedificação do Templo. A reedificação do templo foi resultado do despertamento que veio através de Ciro, rei da Pérsia (Ed 1.1,2). Convém lembrar que o despertamento pentecostal, que chegou ao Brasil em 1910, trouxe consigo uma verdadeira renovação da doutrina da Igreja de Deus, que pode ser simbolizada pelo templo de Deus (1ª Co 3.16). A Igreja de Deus é um MISTÉRIO (Ef 5.32), que não pode ser compreendido pelo homem natural (1ª Co 2.14).

2.1. O Espírito Santo quer salientar que JESUS em pessoa quer edificar a sua Igreja (Mt 16.18), e Ele o faz conforme a Palavra de Deus.

2.2. O Espírito Santo quer gerar um sentimento de reverência pela igreja do Senhor, que é a morada de Deus (Ef 2.22). Veja também: Êxodo 3.5; Salmos 89.7; Eclesiastes 5.1.

2.3. O Espírito Santo quer adestrar a Igreja porque ela é o instrumento da ação de Deus aqui na terra (Ef 3.10). Deus tem um trabalho para cada servo seu na grande obra de evangelização do mundo (Mc 13.34).

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Não foi antes da primavera, o segundo mês (abril/maio) do segundo ano da sua volta, que os judeus, sob o comando de Zorobabel, começaram a tarefa de reconstruir o Templo. Nesse ínterim, houve muita coisa a ser feita. Era necessário contratar pedreiros carpinteiros; as pedras deveriam ser cortadas e a madeira obtida nas colinas do Líbano. Esta era a mesma fonte da qual Salomão obteve a matéria-prima para o primeiro Templo (2º Cr 2.8,9). Parte do dinheiro necessário para isto conseguiu-se graças à concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia. Devido à santidade da tarefa, os levitas foram designados para supervisionar os trabalhadores. Jesua, ou Josué, era o sumo sacerdote (cf. 2.2; 3.2; Zc 3.1-10). Com a colocação das últimas pedras do alicerce, realizou-se uma elaborada cerimônia. Os sacerdotes e os levitas, vestidos adequadamente, tocaram suas trombetas e seus címbalos, e os corais entoaram em duas vozes o Salmo 136. E o povo jubilou com grande júbilo, louvando ao Senhor pelo que Ele tinha ajudado a realizar” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 2. RJ: CPAD, 2014, p.493).

IV. OS SAMARITANOS OPÕEM-SE À CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. Entre os moradores da terra estavam os samaritanos. Quando Nabucodonosor levou o reino de Judá cativo para Babilônia, os samaritanos passaram a morar na terra. Estes eram descendentes de uma mistura de gente que o rei da Assíria tinha deslocado para as cidades da Samaria, depois de ele ter levado as dez tribos do Reino do Norte em cativeiro para a Assíria (2ª Rs 17.23). Eram pagãos que haviam sido ensinados acerca do Deus de Israel. Assim, os samaritanos continuavam servindo a seus deuses, mas também temiam o Senhor (2º Rs 17.23-33).

3. A reconstrução do templo e a oposição dos inimigos do povo de Deus.
3.1. Os samaritanos tentam frustrar a construção do Templo (Ed 4.4,5). A maldade dos samaritanos levou-os a enviar uma carta ao rei da Pérsia contendo acusações mentirosas contra os judeus (Ed 4.12,13). O rei que recebeu aquela carta não conhecia bem o assunto, e mandou parar a obra (Ed 4.21).

3.2. Usaram de falsidade (Ed 4.2). Os opositores da obra de Deus mascararam suas más intenções e mentiram para enganar o povo: “... Deixa-nos edificar convosco, porque como vós, buscaremos a vosso Deus”. O texto bíblico os chama de “adversários” (Ed 4.1), e esta era a natureza daqueles homens maus. Seu discurso de compartilhar a mesma fé e oferecer ajuda, era falacioso (Tt 1.16). Essa conversa que “somos todos irmãos era uma armadilha maligna” objetivava ganhar a afeição do povo Deus, para depois “desviar os fracos e atacar a liderança” (1Co 5.11). Os servos de Deus devem apoiar aos líderes contra os opositores (Ed 1.3; Tt 1.9-11).

3.3. Forjaram uma aliança (Ed 4.2). Provavelmente foram os samaritanos que fizeram a proposta ao povo de Israel para o estabelecimento de uma aliança, mas seus intentos eram outros, queriam se infiltrar entre os judeus para obstruírem a obra que estava sendo realizada: “... Deixa-nos edificar convosco”. Não poderia haver acordo, porque os inimigos adoravam outros deuses e não se submetiam à Palavra de Senhor (2º Rs 17.24-41; Ml 3.18; 2ª Co 6.14-18).

3.4. Provocaram desânimo (Ed 4.4). Outro artifício dos inimigos do povo foi usar as armas do desânimo (falta de ânimo, desalento, abatimento), e da inquietação (falta de sossego, apreensão, aflição): “... debilitava as mãos do povo de Judá”.

Devemos reagir contra estes sentimentos, e acreditar na possibilidade da vitória, na providência divina (Sl 46.10,11; Jo 14.1). A alegria e a força do Senhor em nós é o fruto de um real avivamento.

3.5. Semearam inquietação (Ed 4.4). Os inimigos não cuidam das próprias responsabilidades, mas se prontificam em desviarem e desanimarem aqueles que estavam trabalhando: “... e inquietava-os no edificar”. Em nosso contexto atual essa passagem expõe e desmascara o homem que não evangeliza, não participa da escola bíblica dominical, não contribui, não honra a liderança, não frequenta a doutrina, mas tenta a todo custo desencorajar os que estão trabalhando.

3.6. Usaram o suborno e acusação (Ed 4.5). Os inimigos deram dinheiro a certos funcionários do governo para que estes atrapalhassem os planos dos israelitas: “E alugaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano ...”. Depois, acusaram o povo judeu diante dos governantes da Pérsia, o que resultou na paralisação da obra por dezesseis anos (Ed 1.7-24).

Certamente que durante este período, o povo judeu aguardou um mover divino em seu favor. Às vezes parece que o Senhor está indiferente à nossa situação, mas devemos sempre lembrar que Ele está no controle de todas as coisas (Is 64.4).

3.7. Usaram de violência (Ed 4.5). Eles contrataram pessoas para os ajudarem a atacar a liderança do povo e os trabalhadores. O texto diz que fizeram isso: “... todos os dias de Ciro até o reinado de Dario”. A Bíblia ainda diz que: “... apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência” (Ed 4.23). A igreja não pode ceder diante da persistência de tais homens maus, eles buscam destruir a igreja (At 20.29), porém, Deus o dono da obra é maior (Mt 16.18).

3.8. Usaram a mentiram e a calúnia (Ed 4.6,12,13,16). Nos dias atuais, essa velha estratégia ainda é usada: [... escreveram uma carta contra os habitantes de Judá e de Jerusalém”. Os opositores do reino, maliciosamente recheiam seus discursos de benfeitorias, piedade e humildade para maquiarem a mentira e a calúnia. Eles tentam descredibilizar os homens de Deus para fragilizarem as ovelhas. Os opositores da obra de Deus têm “pressa” de fazer cessar o trabalho dos servos de Deus (Ed 4.23).

V. COMO SE EXPLICA A FALTA DE RESISTÊNCIA DOS JUDEUS?

1. Os judeus deveriam ter ido ao rei da Pérsia para assegurar a construção. Uma ordem dada por uma autoridade superior não pode ser invalidada por uma autoridade inferior. A ordem de construir o Templo tinha sido dada pelo Deus do céu, através do rei Ciro, a maior autoridade da época, que assinara o decreto da construção do Templo.

2. Os judeus deveriam ter recorrido a Deus. Toda história dos judeus é rica de exemplos de como Deus ajudou seu povo em tempos difíceis. A própria vinda dos judeus para Jerusalém era uma clara demonstração de que Deus estava neste negócio.

Vejamos alguns exemplos da história dos judeus, quando foram ajudados pelo Senhor:

2.1. Nos dias do rei Ezequias, Judá foi cercado pelo exército do rei da Assíria que ameaçava fazer com Judá o que já havia feito com o reino de Israel: levá-los em cativeiro. Nesta hora de perigo, o rei Ezequias buscou o Senhor e foi ouvido, pois um anjo feriu o arraial dos assírios, destruindo cento e oitenta e cinco mil soldados (2Rs 19.30; 2Cr 32.21-22).

2.2. Nos dias do rei Jeosafá, ameaçados pelos amonitas e pelos moabitas, os habitantes de Judá foram convocados pelo rei para pedirem socorro ao Senhor. Ver o texto em 2 Crônicas 20.1-24. Deus guerreou por eles, e sem terem que lutar, os inimigos foram desbaratados.

Os muitos exemplos da ajuda de Deus no passado deveriam ter inspirado os líderes do povo à resistência a esta maldade dos inimigos dos judeus.

3. O motivo da falta de resistência dos judeus era de ordem espiritual:
3.1. ZOROBABEL, o chefe político do povo judeu, até então, tinha confiado em sua própria força (Zc 4.6). Quando as suas próprias forças se esgotaram, não teve mais condições de resistir, sentindo-se inteiramente desarmado diante do inimigo.

3.2. JOSUÉ, o sumo sacerdote e líder religioso do povo, estava com suas vestes manchadas (Zc 3.3). Este fato tirou dele toda a autoridade espiritual. Diante do problema causado pelos inimigos, ele não tinha fé para buscar da ajuda de Deus, do Todo-poderoso, uma vez que o mistério da fé é guardado em uma pura consciência (1ª Tm 3.9).

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito (Zc 4.6).
Embora esta mensagem tenha sido entregue a Zorobabel, é aplicável a todos os crentes (cf. 2ª Tm 3.16). Nem o poderio militar, nem o político, nem as forças humanas poderão efetivar a obra de Deus. Só conseguiremos fazer a sua obra se formos capacitados pelo Espírito Santo. Jesus iniciou o seu ministério no poder do Espírito (Lc 4.1,18). E a igreja foi revestida pelo poder do Espírito Santo no dia de Pentecoste para cumprir a grande comissão (At 1.18). Somente se o Espírito governar e capacitar a nossa vida, é que poderemos cumprir a vontade de Deus. É por isso que Jesus batiza seus seguidores no Espírito Santo” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.717).

VI. A REAÇÃO DOS SAMARITANOS, QUANDO OS JUDEUS CESSARAM A OBRA

1. A tristeza dos judeus. O povo em geral tinha, desde o início da construção, acompanhado o trabalho com simpatia. Os judeus trabalhavam com muito entusiasmo e com muita união. O povo tinha ouvido falar de que o Deus do céu estava do lado dos judeus, ajudando-os. E agora? Onde estava seu Deus?

2. A alegria dos samaritanos. Os inimigos dos judeus regozijavam-se grandemente. Certamente os conselheiros foram parabenizados pela “sábia e competente ação”. Porém o gozo de ímpios é de pouca duração!

2.1. O gozo dos filisteus, que haviam prendido Sansão, terminou em tragédia (Jz 16.25-31).

2.2. A alegria dos sacerdotes, que alugaram Judas para trair Jesus, foi de curta duração.
Com a ressurreição de Jesus, seus problemas se agravaram (Mt 28.11-15).

3. O desânimo dos judeus. Os judeus, que tinham voltado do cativeiro para construir o Templo, sentiram-se humilhados e tristes. Mas, passado algum tempo, acomodaram-se com a situação e não lutaram pela continuação da construção do Templo. Deixaram-se dominar pelo desânimo. O desânimo é uma das mais eficazes armas usadas por Satanás, contra os crentes. Lutemos contra o desânimo, em nome de Jesus!

3.1. Alguns conformaram-se, pensando que talvez ainda não era a vontade de Deus construir o Templo (Ag 1.2).

3.2. Outros aproveitaram a interrupção da obra para dedicar-se as suas próprias casas (Ag 1.9). Outros chegaram a faltar com as suas obrigações espirituais deixando de contribuir para a casa de Deus (Ag 1.6).

3.3. Talvez alguns judeus sinceros estivessem tristes, e buscassem a Deus em oração, pedindo solução para a dificuldade, de modo que o Templo pudesse continuar a ser construído.

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Os samaritanos
No período do Antigo Testamento, este era um termo que se referia aos residentes da cidade ou da província de Samaria (2º Rs 17.29). Algumas desavenças entre os residentes da Palestina média e do sul eram evidentes no período dos juízes, mas os sentimentos foram intensificados com a formação do reino do norte de Israel sob Jeroboão I.

De uma forma geral, os residentes de Israel e os cananeus praticavam uma mistura racial, social e religiosa.

Os descendentes dessa população mista desejaram ajudar Zorobabel na construção do Templo, afirmando que adoravam ao mesmo Deus. Mas, quando tiveram seu pedido negado, eles se opuseram a construção. Depois que Neemias começou a reconstruir os muros de Jerusalém, este servo do Senhor sofreu forte oposição por Sambalate, Gesém e Tobias. Sambalate era governador de Samaria” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.1748).

VII. O QUE FAZER PARA VENCER AS OPOSIÇÕES

1. Ouvir a voz de Deus e de seus líderes (Ed 5.1; 6.14). A primeira coisa que os repatriados fizeram para vencer as oposições contra a obra de Deus foi dá ouvidos a voz de Deus e de seus líderes e seguiram suas orientações: “E os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá, e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram”. Podemos ver outros exemplos na Bíblia (2º Cr 15.1,2; 20.15; 1º Tm 1.18).

2. Viver em união (Ed 5.2). A segunda posição que os judeus fizeram foi mesmo em meio as oposições procuraram viver em união: [… e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam”. Todos aqueles que vivem em união amam a obra de Deus (2ª Tm 4.11).

3. Receber as bênçãos de Deus (Ed 5.5). A terceira atitude que os repatriados experimentaram foi receber as bênçãos de Deus: “Porém os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram, até que o negócio chegasse a Dario, e viesse resposta por carta sobre isso”. Os servos de Deus são fiéis a sua obra (2ª Tm 3.10, 4.11; 1ª Co 16.10; Fp 2.19).

4. Ser voluntário (Ed 5.8). A voluntariedade de espírito foi a quarta ação do povo de Deus: “Seja notório ao rei, que nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, a qual se edifica com grandes pedras, e a madeira já está sendo posta nas paredes; e esta obra vai sendo feita com diligência, e se adianta em suas mãos”. A voluntariedade na obra do Senhor é fundamental (Rm 16.3,4; 1ª Co 16.19).

5. Ser dedicado (Ed 5.11). A dedicação dos judeus também foi uma atitude para vencerem as oposições a obra de Deus: “Nós somos servos do Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que há muitos anos foi edificada ...”. Os servos de Deus são dedicados a sua obra (Tt 1.4; 2ª Co 8.16,17; 2ª Co 7.13-15).

6. Ter prontidão (Ed 5.16). A última atitude dos repatriados judeus foi a prontidão em fazer a obra de Deus: “Então veio este Sesbazar, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém, e desde então para cá se está reedificando....”
Aqueles que amam a obra do Senhor são sempre disponíveis (2ª Tm 4.12; Tt 3.12; 2ª Tm 4.19; At 18.1-3,24-28).

CONCLUSÃO
Todos nós estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando estamos exercendo alguma função de liderança. O arqui-inimigo do povo de Deus utiliza-se de todos os artifícios possíveis para tentar deter o avanço da obra. No entanto, aprendemos com Esdras que devemos confiar em Deus, orar, vigiar e continuar trabalhando (Ne 2.20).

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Trad. João Ferreira. Bíblia Sagrada BÍBLIA SHEDD.
2. BERGSTÉN Eurico. O despertamento renova o altar. Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2020 - CPAD.
3. Bíblia Online - ACF - Almeida Corrigida Fiel. https://www.bibliaonline.com.br/acf
4. BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz, Vida. 2010.
5. RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise, CPAD. 2011.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 1997. Rio de Janeiro RJ.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 2010
7. LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
8. PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

O CHAMADO DIVINO PARA O MINISTÉRIO



1º Reis 19.19-21:Partiu, pois, Elias dali, e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele, e ele estava com a duodécima; e Elias passou por ele, e lançou a sua capa sobre ele.20 Então deixou ele os bois, e correu após Elias; e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e então te seguirei. E ele lhe disse: Vai, e volta; pois, que te fiz eu? 21 Voltou, pois, de o seguir, e tomou a junta de bois, e os matou, e com os aparelhos dos bois cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram; então se levantou e seguiu a Elias, e o servia”.

INTRODUÇÃO.
Um proeminente ministro do evangelho, sofrendo de uma enfermidade crônica, foi aconselhado pelo seu médico a afastar-se das atividades pastorais, tendo em vista o prolongamento de sua vida.

Acredito que, se o senhor seguir a minha orientação, ainda possa sobreviver cerca de seis anos; caso contrário, é possível que o nobre pastor tenha menos de três anos de vida – disse-lhe o médico em tom grave.

Ele retrucou: - Bem, doutor, aprecio e agradeço a sua franqueza, mas prefiro viver dois ou três anos na Seara do Mestre, a me entregar a uma ociosidade estéril.  (Manancial de Ilustrações)

I. DEVE SER PLENAMENTE COMPREENDIDO

1. Elizeu compreendeu o gesto de Elias.
1.1. Jogar o manto. Um ato simbólico que significava que o poder e a autoridade de Elias passavam a Elizeu.

1.2. “Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo”.

2. A pessoa que é chamada para o ministério deve entender as implicações deste chamado:
2.1. Poderá passar por provações e privações.
2.2. Nem sempre será popular – Elias: Perturbador de Israel.
2.3. É muito mais do que receber um título.
2.4. Exige sacrifício de outros interesses.
·         Nenhum outro interesse pode fazer-nos fugir do chamado.
·         Elizeu liquidou seus negócios como lavrador.
·         Não pode voltar atrás.

II. DEVE SER MAIS FORTE DO QUE LAÇOS EMOCIONAIS ANTIGOS

1. Elizeu precisou deixar sua família.
1.1. Abraão só saiu a peregrinar após a morte de seu pai. Gn 12.1 “Ora o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.”
1.2. O homem de Lucas.E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai” (Lc 9.59).
·         “Permita-me primeiro sepultar meu pai”.
·         “Não posso ser teu discípulo enquanto meu pai estiver vivo” (NTI).
1.3. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim”.

2. Nenhum laço emocional deve impedir-nos de cumprir a missão.

III. GARANTE-NOS O RESPALDO DIVINO NO CUMPRIMENTO DA MISSÃO

1. Elizeu recebeu unção.
1.1. Para ministrar a Palavra.
1.2. Para treinar novos profetas.

2. Autoridade.
2.1. Sobre as forças da natureza – machado que flutuou.
2.2. Para realizar milagres.

3. Deus manifestou seu juízo através de Elizeu.
3.1. Geazi ficou leproso como castigo por sua mentira e por tentar tirar proveito próprio do ministério.
3.2. Os 42 rapazinhos que foram mortos por duas ursas.
3.3. Capitão atropelado na porta de Samaria.

4. A presença constante de Deus.

CONCLUSÃO. Você sente o chamado para o ministério? Já atendeu este chamado? Já se dispôs a obedecê-lo? Já compreendeu todas as implicações deste chamado?
Não deixe de atender ao chamado divino!

quinta-feira, 16 de julho de 2020

JESUS O VERBO DE DEUS



1. O significado da palavra Verbo. O vocábulo “Verbo” no original grego (logos), na Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) é traduzido por “Palavra”.


A expressão “logos”, se origina do hebraico “dabhar” o mesmo que, “palavra”; todavia a raiz desta expressão dabhar significa: “é aquilo que esta por traz”. Para os Judeus o dabhar de um homem era considerado como: “uma extensão da sua personalidade, e além, disso, como algo que possui uma existência substancial toda própria, ou seja, o dabhar de um ser (a palavra) expressa o que Ele é à medida que Ele fala! E João foi o único a perceber o que estava por traz daquele homem chamado Jesus! Todavia, João conseguiu ver um homem capaz de sentir compaixão, dor e cansaço como qualquer um ser humano normal. Porém à medida que este homem 100% humano falava, Sua vós expressava algo substancial, próprio e incomum, algo que denunciava sua verdadeira Natureza Divina.

Para os gregos o “logos” era um princípio divino que governava o universo. O vocábulo por si só significa: “razão, palavra, pensamento” etc… Não tem correspondente em língua moderna. O “logos” da filosofia era impessoal, mas o de João é uma pessoa. O “logos” da filosofia não é o mesmo de João 1.1.

O verbo grego logos para o filósofo Platão, significa a ideia universal e absoluta, para Filos o logos era a sabedoria de Deus.

Logos para João é uma pessoa, que comunica a realidade de Deus aos homens pela sua encarnação e sacrifício na cruz. Logos é a perfeita expressão de Deus. A revelação do A.T. era perfeita, mas incompleta. No N.T. é perfeita e completa. Logos é um verbo de ligação é aquilo que esta por traz. É só João que emprega este nome, que mostra Cristo como Revelação da vontade de Divina, ao salvar, ao julgar, ao aniquilar toda a iniquidade, e ao criar de novo todas as coisas. Por esta razão João Batista utilizou literalmente essa expressão ao dizer: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29,36).

1.1. Ninguém jamais havia visto a Deus. Jesus é o melhor exegeta porque Ele mesmo, sendo Deus, também se fez ser humano a fim de poder nos mostrar Deus, “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9).

O Verbo Eterno tornou-se Filho encarnado, quando foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, cumprindo-se assim a promessa de Deus: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Sl 2.7; At 13.33). A partir daí “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). A ideia de João 1.1 é progressiva, uma declaração vai esclarecendo a anterior até culminar com a declaração enfática: “e o Verbo era Deus”.

Na tradução do Novo Mundo eles vertem a Palavra "era [um] deus” com letra minúscula. Tal (ter) versão os torna um movimento religioso heterodoxo politeísta.

O próprio Jeová declara em sua Palavra: “antes de mim Deus nenhum se formou e depois de mim nenhum haverá” (Is 43.10); “além de mim não há Deus” (Is 44.6). O que fazem agora as Testemunhas de Jeová com Jesus? Há um só Deus verdadeiro (Jo 17.3), as demais divindades são falsas.

Em Apocalipse, João vê o Senhor Jesus ressurreto no céu e diz: “Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus.” (Ap 19.13).

Uma veste salpicada de sangue pode falar da morte redentora de Cristo na Cruz (Ap 7.9) ou de seu pisar no lagar do vinho do furor e da ira do Deus (Ap 19.15; 14.19,20), ou ambos. O Verbo de Deus não pode ser o nome que ninguém conhece, a não ser Cristo (Ap 19.12), porque aquele nome é revelado em João 1.1,14.

1.2. Essa passagem é o tropeço das Testemunhas de Jeová. Na tradução do Novo Mundo, eles vertem a Palavra “era [um] deus” com letra minúscula. Tal (ter) versão os torna um movimento religioso heterodoxo politeísta.

O leitor pouco informado tem a impressão de que Jesus é um “deus” menor, contrariando abertamente Isaías 43.10 onde próprio Jeová declara em Sua Palavra: “antes de mim Deus nenhum se formou e depois de mim nenhum haverá” (Is 43.10); “além de mim não há Deus” (Is 44.6). O que fazem agora as Testemunhas de Jeová com Jesus? Há um só Deus verdadeiro (Jo 17.3), as demais divindades são falsas.

Em Apocalipse, João vê o Senhor Jesus ressurreto no céu e diz: “Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus.” (Ap 19.13).

Uma veste salpicada de sangue pode falar da morte redentora de Cristo na Cruz (Ap 7.9) ou de seu pisar no lagar do vinho do furor e da ira do Deus (Ap 19.15; 14.19,20), ou ambos. O Verbo de Deus não pode ser o nome que ninguém conhece, a não ser Cristo (Ap 19.12), porque aquele nome é revelado em João 1.1,14.

É óbvio que a “geração” de um “deus” com letra minúscula implicaria que um “deus não tão verdadeiro” (mesmo que não fosse pagão) surgiu em algum momento da eternidade, apesar da certeza que Yahweh deu de que isso jamais ocorreria.

Como bem destacou o erudito F. F. Bruce sobre a correta tradução do referido texto do evangelho de João:

A estrutura da terceira frase do versículo 1, theos en ho logos [Deus era o Verbo], requer a tradução o Verbo era Deus. Já que logos é precedido do artigo [ho], ele é identificado como sujeito. O fato de theos ser a primeira palavra depois da conjunção kai (e) mostra que a ênfase principal da frase está N’ele. Se tanto theos como logos fossem precedidos de artigo, o significado seria que o Verbo é completamente idêntico a Deus, o que é impossível se o Verbo também está com Deus. A paráfrase da NEB [New English Bible]: “Tudo o que Deus era, a Palavra era” transmite o sentido da frase da melhor maneira que uma paráfrase pode fazê-lo […] Portanto, quando céu e terra foram criados, o Verbo de Deus estava lá, já existia em relação íntima com Ele e fazia parte de Sua essência. Não importa até onde tentemos fazer voltar nossa imaginação, nunca alcançaremos um ponto em que poderemos dizer do Verbo Divino, como Ário: ‘Houve um dia em que ele não era’.

Para os Tjs, Deus com letra maiúscula é Jeová e deus com letra minúscula é Jesus. Se Jesus é um deus com letra minúscula na tradução novo mundo, para negar a Divindade de Cristo, porque na sua própria tradução em Isaías 9.6, Jesus é chamado de “... Deus Forte...” com letra MAIÚSCULA? Será que eles podem responder? Ou eles esquecerão de mudar mais uma vez sua tradução?


Jesus é Deus todo poderoso. Ele tem todo o poder e toda a autoridade de Deus. Mas Deus decidiu vir à terra como um homem, para nos salvar. Essa é uma grande maravilha: Deus, em todo seu poder, nos ama tanto que veio a sofreu conosco. O próprio Deus levou nossos pecados na cruz.

2. A eternidade do verbo. O apóstolo João, ao escrever o seu evangelho, deixa-nos isto bem claro ao afirmar que: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (Jo 1.1-3).

Quando tudo teve o seu começo, o verbo estava lá, não como alguém que passou a existir, mas como o agente de tudo o que veio à existência. O verbo não foi causado, mas ele é causa de tudo o que existe. O verbo não foi criado antes de todas as coisas, mas é o criador do universo no princípio. Se antes do princípio descortinava-se a eternidade e se o verbo já existia antes do começo de tudo, o verbo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo de Deus. Só Deus é eterno!

3. Antes da criação o Verbo estava com Deus. “Ele estava no princípio com Deus.” (Jo 1.2). Jesus Cristo pode nos apresentar e explicar o Deus invisível porque Ele estava com Ele no princípio e O conhece perfeitamente.

Marcos principia seu Evangelho com o ministério de João Batista. Mateus começa com Abraão. Lucas vai até Adão. Gênesis inicia com a criação de tudo. Mas João nos leva até antes da criação, quando o Verbo estava no seio do Pai (vs. 1, 18), antes de existir nosso universo.

No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1). No princípio, refere-se a um ato; fala de uma existência antes de haver criação; aquilo que não “começou a ser”, mas era essencialmente (grego, “een”, não “egeneto” antes de ser manifestado (1ª Jo 1.2); respondendo a “aquele que é desde o princípio” (1ª Jo 2.13), assim o Evangelho de João, Jo 1.1, “No princípio era a Palavra”. Pv 8.23: “Desde a eternidade eu fui ungido; desde o princípio; desde antes do surgimento da terra” Ele estava presente na criação. Jesus tinha existido eternamente com Deus. Ele estava “com” Deus. Ele “era Deus”.

4. Jesus é O Criador? O Antigo Testamento apresenta Deus como Criador do universo: Gênesis 1.1: “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Veja Isaías 40.25-26, 28).

Quando Jesus disse aos primeiros cristãos que Ele era Aquele através do qual todas as coisas foram criadas, eles entenderam claramente que Jesus é Deus. Então, Colossenses 1.16 o apóstolo Paulo dá o detalhe adicional de que Deus criou: “Nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio d’Ele e para Ele”.

Cristo é a representação exata de Deus Pai, tendo a mesma natureza. Jesus afirmou ser tudo o que Deus é, e os discípulos creram e assim ensinaram. Eles entenderam que Jesus era “a expressão exata do seu Ser [do Pai]” (Hb 1.3, ARA) e “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), e que “em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9, NVI). Os discípulos entenderam exatamente quem Ele era e ainda mais por causa de Suas próprias palavras e ações. Não havia dúvida em suas mentes. Eles tinham visto e provado uma e outra vez. Eles iriam para sua empreitada de martírio com essa convicção.

Existe algum sentido em que tudo o que o Pai faz, o Filho e o Espírito também, e vice-versa. Eles estão sempre em perfeita harmonia a cada momento, e todos os três equivalem a um só Deus (Dt 6.4). Saber que Cristo é Deus e tem todos os atributos de Deus ajuda a nossa compreensão de Jesus como o Criador.

5. A divindade do Verbo. “… e o verbo era Deus” (Jo 1.1). O verbo não é apenas Eterno e pessoal, mas, também, Divino. Ele é Deus. Ele é a causa não causada. Ele é origem de todas as coisas. Ele o Criador do universo. Ele é o Verbo, ou seja, o agente criador de tudo que existe, das coisas visíveis e invisíveis. O Deus único e verdadeiro constitui-se em três Pessoas distintas, porém, iguais, da mesma essência e substância. O verbo não é uma criatura, mas o Criador. Ele não é um ser inferior a Deus, mas o próprio Deus. Embora, distinto do Deus Pai, é da mesma essência e substância. Ele é divino!

6. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. No AT, Jesus é a expressão criadora de Deus. No NT, Jesus é Deus encarnado. Jesus é a Palavra de Deus em ação. O Verbo Eterno (Sl 33.6; Sl 107.20; Is 55.11).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...” Portanto, o apóstolo João afirma que O logos se fez carne (tabernaculou) e habitou conosco, (Jo 1.14), junto de nós, e vimos Sua glória, isto é, como a glória do unigênito do Pai. Com Seus feitos e palavras; e com Sua vida, morte e ressurreição, Jesus nos mostra a glória de Deus. A beleza dos atributos perfeitos e santos do Deus infinito podiam ser vistos no Jesus histórico, revelado a nós de forma especial nos evangelhos.

No princípio o verbo estava em total e perfeita comunhão com Deus. A expressão grega “pros ton Theo traz a ideia que o verbo estava face a face com Deus. Como Deus é uma pessoa e não uma energia, o verbo é uma pessoa. O verbo é Jesus, a segunda Pessoa da Trindade. Isso significa que antes da encarnação do verbo, ele já existia e, isso, desde toda a eternidade e em plena comunhão com o Pai. Jesus como Deus não passou a existir depois que nasceu em Belém. Ele é o Pai da eternidade. Nas palavras do Concílio de Nicéia, ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai.

7. Jesus nos dá graça sobre graça (1.15-16). Somos pecadores. Deus é santo. Como é possível, então, que ao conhecer o Deus invisível não sejamos consumidos como alvos de sua ira justa? Isso só é possível porque na cruz Jesus conquistou salvação para nos dar de graça. Recebemos a lei por meio de Moisés. A graça que salva, no entanto, encontramos somente em Jesus Cristo (Jo 1.17).

8. Jesus veio revelar o Pai. “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.” (Jo 1.18 NVI).

Os versículos que ensinam que ninguém pode ver a Deus referem-se ao homem mortal nesta vida. Até mesmo a Moisés foi recusado esse privilégio (Êx 33.23). O homem mortal não tem condições para ser exposto assim. Entretanto, o que o mortal não pode ver nesta vida, o homem imortal verá na próxima vida (1ª Co 13.12; Ap 22.4). Esta pressuposição consistente do AT é que Deus não pode ser visto, ou mais precisamente, se um ser humano pecador o visse, este morreria (Cf. Êx 33.20; Dt 4.12; Sl 97.2). Mas, João acrescenta o monogenês (Unigênito, muito amado, único do seu gênero) Deus o tornou conhecido. Isto significa que o Filho amado, a Palavra encarnada, o próprio Deus, enquanto estando ao lado do Pai conforme o (v. 1), quebrou a barreira que tornava impossível para seres humanos ver a Deus e o tornou conhecido. O Verbo que está no “seio do Pai” é o que tornou Deus ἐμεγήζαην (conhecido). Exegese deriva desse termo grego: assim podemos dizer que Jesus é a exegese de Deus. Neste sentido, quer dizer que Jesus é a narração de Deus. Da mesma forma que Jesus dá vida e é a vida, Ele ressuscita os mortos e é a ressurreição, dá pão e é o pão, fala a verdade e é a verdade, assim quando Ele fala a palavra. Ele é a Palavra.

O Pai é invisível para nós e, portanto, desconhecido. Para resolver esse problema de nossa ignorância com relação a Deus, Jesus Cristo veio como a melhor e mais perfeita revelação de Deus. Esta declaração é provavelmente feita para mostrar a superioridade da revelação de Jesus acima da de qualquer dispensação anterior. Jesus “tinha um conhecimento íntimo de Deus”, que nem Moisés nem nenhum dos profetas antigos possuíam. Deus é invisível: nenhum olho humano o viu; mas Cristo tinha um conhecimento de Deus que pode ser expresso em nossa apreensão ao dizer que Ele o viu. Ele o conhecia íntima e completamente e, portanto, estava preparado para fazer uma manifestação mais completa dele. (Ver João 5.37; João 6.46; 1ª João 4.12; Êxodo 33.20; João 14.9. Esta passagem não pretende negar que os homens haviam testemunhado “manifestações” de Deus, como quando Ele apareceu a Moisés e aos profetas (compare Números 12.8; Isaías 6.1-13); mas significa que ninguém viu a essência de Deus ou “conheceu a Deus completamente”. Os profetas entregaram o que “ouviram” Deus falar; Jesus o que ele sabia de Deus como seu igual e como entendendo plenamente a natureza. Portanto, Jesus veio de Deus porque Ele é Deus encarnado! Amem!


Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia
Assembléia de Deus
Blumenau SC


segunda-feira, 13 de julho de 2020

O DESPERTAMENTO RENOVA O ALTAR



LEITURA BÍBLICA

Ed 3.2-5, 10-13: “E levantou-se Jesua, filho de Jozadaque, e seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos, e edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na lei de Moisés, o homem de Deus. 3 - E firmaram o altar sobre as suas bases, porque o terror estava sobre eles, por causa dos povos das terras, e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde. 4 - E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito; ofereceram holocaustos de dia em dia, por ordem, conforme ao rito, cada coisa no seu dia. 5 - E depois disto o holocausto contínuo, e os das luas novas e de todas as solenidades consagradas ao Senhor, como também de qualquer que oferecia oferta voluntária ao Senhor. 10-– Quando, pois, os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, então apresentaram-se os sacerdotes, já revestidos e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao Senhor, conforme à instituição de Davi, rei de Israel. 11 - E cantavam a revezes, louvando e celebrando ao Senhor: porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com grande júbilo, quando louvaram ao Senhor, pela fundação da casa do Senhor. 12 - Porém muitos dos sacerdotes, e levitas e chefes dos pais, já velhos, que viram a primeira casa, sobre o seu fundamento, vendo perante os seus olhos esta casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria. 13 - De maneira que discernia o povo as vozes de alegria das vozes do choro do povo; porque o povo jubilou com tão grande júbilo que as vozes se ouviam de mui longe.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição etimológica do termo “altar”; pontuaremos o altar como uma prioridade na vida dos judeus pós-exílio; notaremos quais foram as atitudes condizentes com o despertamento espiritual na vida dos exilados e que também devemos ter como crentes; e, por fim, comentaremos sobre a importância do altar na vida do cristão.

A reconquista da terra de Israel não foi tarefa fácil. Além da incompreensão dos povos vizinhos, os lideres judaicos enfrentaram a descrença do povo. Como agir numa hora tão difícil? Confiando nas providências de Deus, arguem-lhe um altar oferecendo-lhe sacrifícios de acordo com que prescreve a Lei de Moisés. Dessa forma, mostram aos adversários que o Senhor ainda luta pelo seu povo. Por que temer?

Às vezes, encontramo-nos nas mesmas condições. Há dificuldades por todos os lados, avizinham-se tribulações e as angústias estão sempre presentes. No entanto, quando erguemos o nosso altar, o Senhor começa a operarem nosso meio. É hora de levantar o altar!

I. DEFINIÇÃO DO TERMO ALTAR

1. Conceito do termo. A palavra altar vem do hebraico “mizbeah” substantivo masculino que significa: “altar, o lugar de sacrifício”. e do grego ‘thysiasterion’ (de ‘thysia’, sacrificio): e aindo do latim ‘altare, altaria’ (semelhante a ‘adoleo’ queimar).

É uma palavra bastante comum no AT onde ocorre cerca de 396 vezes, a primeira ocorrência se encontra em Gênesis 8.20 “E edificou Noé um altar ao Senhor”. “O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus, santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão com o Senhor e por tais razões o altar era respeitado” [CONDE, 1983, pp. 45-46].

Quase todas as pessoas dessa geração têm um conceito berrado do verdadeiro altar no sentido genérico e prático que motivou sua existência. Todos julgam, geralmente, que um altar genuíno é a parte de um templo, de uma catedral, de uma mesquita ou de uma sinagoga. Muitos, sem dúvida, vão surpreender-se quando lhe mostrarmos como a Bíblia define o significa do altar verdadeiro e sua função.

O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus, santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão dos fiéis com o Senhor. Por tais razões o altar era respeitado” (CONDE, Emilio. Tesouro de Conhecimento Bíblicos. 2° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, pp. 45-46).

II. O ALTAR COMO UMA PRIORIDADE PÓS-EXÍLIO

1. A construção do altar (Ed 3.2). Após o despertamento divino e o retorno à terra prometida, o remanescente judaico estava diante de um desafio: a renovação do culto e a reconstrução do Templo em Jerusalém. É importante destacar, que eles não começaram reconstruindo o Templo ou os muros da cidade, mas reedificando o altar: “… e edificaram o altar do Deus de Israel” (Ed 3.2). Mais importante que construir o Templo era restabelecer a verdadeira adoração a Deus e lhes oferecer sacrifícios: “… para sobre ele oferecerem holocaustos” (Ed 3.2). Abraão tinha marcado sua chegada naquela terra exatamente do mesmo modo, estabelecendo seu altar ao Deus que lhe fez promessas (Gn 12.7). Quando há despertamento espiritual na vida de um crente, o seu maior desejo e prioridade será aproximar-se do altar de Deus (Tg 4.8). O crente pode até viver sem o templo; mas nunca sem altar (1º Rs 18.30).

2. Em busca do favor de Deus (Ed 3.3). O altar simbolizava a presença e a proteção de Deus para os judeus. De acordo com Stamps (2012, p. 713) a restauração do altar foi prioridade por duas razões:

2.1. O povo foi motivado, pelo menos em parte, a edificar o altar, por causa do perigo representado pelos ‘povos da terra’ (v. 3). Esses israelitas sabiam que Deus os protegeria do mal, somente à medida que se achegassem a Ele, com fé e obediência (Êx 19.5; 29.43).

2.2. Demonstrava também o propósito primordial deles como reino sacerdotal de oferecer sacrifícios ao Senhor como fora determinado na lei por Moisés (Ed 3.2; Êx 19.6; 27.1; Dt 12.4-7). Sempre que buscamos ao Senhor, alcançamos o seu favor e misericórdia (Hb 4.16).

III. O DESPERTAMENTO CONDUZ O HOMEM AO ALTAR

1. Os judeus sentiam a necessidade do acesso a Deus que o altar lhes proporciona.
O propósito que traziam no coração, ao retornar do cativeiro, precisava ser muito firme, porque estavam rodeados de inimigos cruéis. A Bíblia diz: “O terror estava sobre eles por causa dos povos da terra” (Ed 3.3). Por isso mesmo, o povo sentia que precisava do acesso a Deus, através do altar. “Este será o holocausto contínuo… perante o Senhor, onde vos encontrarei, para falar contigo ali” (Êx 29.43). Estas bênçãos os judeus agora almejam através do altar.

2. Todos os despertamentos genuínos começam com a restauração do altar.
Temos na Bíblia vários exemplos disto.

2.1. No tempo do profeta Elias, nos dias do rei Acabe. Ver o texto em 1ª Rs 18.16-40. No confronto com os profetas de Baal, a primeira coisa que Elias fez foi reparar o altar que estava quebrado. (Rs 18.30). Depois sacrificou sobre ele, e orou a Deus. O fogo desceu e o povo exclamou: “Só o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus!” O despertamento decorreu do conserto do altar.

2.2. Quando o piedoso rei Ezequias assumiu o trono de Judá, já no primeiro ano do seu reinado ele abriu as portas da casa do Senhor e as separou (2º Cr 29.3). Mandou purificar o templo, tirar fora toda a imundícia, purificar o altar do holocausto que havia sido substituído no reinado de seu antecessor Acaz, por um altar construído com modelo copiado de Damasco (2º Rs 16.10-12). Quando então os sacerdotes sacrificavam sobre o altar santificado, começou um novo cântico na casa de Deus (2º Cr 29.27-28). O despertamento levou à separação do altar.

2.3. Quando os judeus voltaram do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor. A alegria foi grande entre os judeus, pois podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos. O culto a Deus havia recomeçado (Ed 3.4,5).

IV. ATITUDES CONDIZENTES COM O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL

1. A unidade do povo. O texto relata que a comunidade inteira tinha uma só mente, ou seja, havia unanimidade naquele projeto: “o povo se ajuntou como um só homem” (Ed 3.1). Este ajuntamento se deu na praça diante da “Porta das Águas” (Ne 8.1). A unidade do povo foi de fundamental importância para que o altar, o Templo, e a cidade fossem reconstruídos. Este exemplo do passado, nos ensina que a unidade de propósitos torna possível a bênção de Deus e nos capacita a realizar sua obra mesmo em tempos de crises como vivenciado pelos judeus pós-exílio. Quando vivemos em união o óleo e o orvalho, símbolos do Espírito Santo, é derramado sobre nós trazendo bênção e vida: “… porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre” (Sl 133.3).

2. A presença de Deus era prioridade. A decisão de construir primeiro o altar é uma demonstração do quanto estavam preocupados em colocar Deus em primeiro plano (Ed 3.2). Onde se tem altar, tem adoração e a presença de Deus é manifestada. As vezes se faz necessário uma limpeza na nossa vida para que a presença de Deus seja manifesta. Assim foi com Jacó quando Deus o apareceu e lhe disse: “levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão” (Gn 35.1). Todavia, para Jacó experimentar uma renovação espiritual em sua vida, foi necessário uma mudança radical na sua casa: “tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes” (Gn 35.2). Ao edificar o altar, Jacó chama aquele lugar de El-Betel que significa o “Deus da casa de Deus” (Gn 35.7). Quando Deus é prioridade na vida do crente, não há espaço para deuses estranhos (Jz 6.24-26; 1º Rs 18.21; Mt 6.24).

3. Consagração total. Com o altar edificado, agora se podia oferecer holocaustos ao Senhor: “… e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde” (Ed 3.3). A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692), lembra que no grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. Também chamada de oferta queimada, era inteiramente consumida sobre o altar com exceção da pele e entranhas dos animais (Lv 1.9;1.16; 6.9; 7.8). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à tarde por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, perpétuo, contínuo (Ed 2.3-5; Êx 29.38-42). Vejamos duas verdades sobre o holocausto que se aplica a vida cristã:

3.1. Holocausto fala da nossa entrega total a Deus. Na oferta de holocausto o adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado (Lv 1.4) gesto que simbolizava duas coisas:

A. A identificação do ofertante com o sacrifício.

B. A transferência de algo para o sacrifício. No caso do holocausto, o ofertante estava dizendo: “Assim como esse animal é entregue inteiramente a Deus no altar, também eu me entrego inteiramente ao Senhor”. Devemos entregar por completo a nossa vida no altar de Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).

3.2. Holocausto fala de um ato contínuo. Como já vimos, o holocausto era um sacrifício contínuo (Nm 28.6) e deveria ser apresentado de manhã e à tarde (Ed 3.3; Êx 29.39). Os judeus construíram o altar para ser usado, e assim, o fizeram (Ed 3.3-5). Altar sem sacrifício, não tem valor. O apóstolo Pedro nos exorta a: “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1ª Pd 2.5). Diariamente o crente deve se preocupar com a manutenção do seu altar (Lv 6.10-13;), e oferecer seu sacrifício a Deus, somente assim: “O fogo arderá continuadamente sobre o altar, não se apagará” (Lv 6.13).

3.3 Consciência da dependência divina. O momento de renovação que os judeus estavam vivendo incluía o reinício da celebração das antigas festas, que faziam de Israel um povo distinto. E assim aconteceu com a celebração da festa dos tabernáculos (Ed 3.4). Esta festa era um ajuntamento anual quando os judeus habitavam em cabanas (tendas) por sete dias para rememorar sua libertação do Egito, e peregrinação pelo deserto até a terra prometida num tempo em que não tinham habitação permanente (Lv 23.33-44). Assim como a festa dos tabernáculos lembrava os judeus a sua dependência de Deus, devemos reconhecer a nossa dependência constante do Senhor Jesus: “[…] porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5).

V. A IMPORTÂNCIA DO ALTAR NA VIDA DO CRENTE

Os judeus quando retornaram do cativeiro babilônico entenderam que sua maior necessidade era restabelecer a sua comunhão com Deus, e para isto, imediatamente reconstruíram o altar colocando-o em suas bases, retomando desta forma as ofertas de holocausto ao Senhor. Esta atitude nos ensina que o altar deve ser uma prioridade em nossas vidas. Observemos algumas verdades sobre o altar na vida do crente:

1. O altar é um lugar de oração. Vários personagens da Bíblia edificaram “altares” ao Senhor com o propósito de invocar o nome do Senhor como por exemplos:
1.1. Abraão (Gn 12.8; 13.4).
1.2. Isaque (Gn 26.25).
1.3. Jacó (Gn 35.1,7).

O altar da oração jamais deve ser negligenciado pelo crente. Quando falta oração, falta também unção, graça, temor de Deus e o crente se torna presa fácil para o diabo (Mt 26.41; Lc 22. 31-38). O sacerdote todos os dias deveria oferecer holocaustos no altar, assim também deve ser a nossa vida de oração (Lc 18.1; Ef 6.18; 1Ts 5.17).

2. O altar é o lugar do encontro com Deus. O altar do holocausto era um lugar de encontro de Deus com o homem: “… onde vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42). Não há privilégio maior para o salvo de que desfrutar da comunhão com Deus, e ouvir sua voz. Se houver em nós disposição para “oferecer sacrifícios espirituais” (1ª Pd 2.5), Deus sempre virá ao nosso encontro. Neste encontro ouvimos a sua voz: “[…] vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42) e recebemos a sua bênção: “… virei a ti e te abençoarei” (Êx 20.24).

3. O altar é um lugar de santidade e devoção a Deus. Deus exigia dos sacerdotes santidade diante do altar (Êx 29.44). Uma das orientações que Moisés recebeu de Deus sobre o altar, era que nele não deveria existir degraus (Êx 20.26). Esta orientação visava proteger os sacerdotes de expor sua nudez aos olhos do povo. O Senhor quando apareceu a Gideão exigiu dele que antes de construir um altar a Deus, deveria primeiro derribar o altar de Baal que pertencia a seu pai (Jz 6.25,26). O altar é um lugar de santidade e devoção ao Senhor (Rm 12.1). Deus nunca receberá o sacrifício de um altar imundo e profano, é necessário separar o precioso do vil (Jr 15.19; Is 1.11-16; Ml 1.6-14; 2ª Co 6.14-18).

VI. CRISTO, O CENTRO DA NOSSA COMUNHÃO COM DEUS

No tempo do Velho Testamento o altar era o ponto central do culto a Deus No tempo do Novo Testamento o sacrifício de Jesus no Gólgota é o grande acontecimento, para o qual o altar apontava profeticamente. Paulo escreveu à igreja em Corinto: “Principalmente vos entreguei o que também recebi, que Cristo morreu pelos nossos pecados” (1ª Co 15.3).

Escreveu ainda: “Nada me propus entre vós, senão Jesus Cristo e esse crucificado” (1ª Co 2.2). “Todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). “Para que em tudo (Jesus) tenha a preeminência” (Cl 1.18). “Para vós os do altar que credes, é preciosa a pedra principal da esquina” (1ª Pe 2.7). Tudo isto porque Jesus, pela sua morte expiatória, ganhou a redenção para todo o mundo (Ef 1.7; 2.13-16; Rm 3.23-25; 5.9,10; 1ª Pe 1.18,19).

1. Toda a Trindade atuou ativamente na morte expiatória de Jesus:

1.1. O PAI CELESTIAL. Antes da fundação do mundo o Pai planejou a obra redentora, com o sacrifício de seu Filho (Ef 3.6-9). “Na consumação dos séculos enviou o seu Filho” (Gl 4.4; Jo 3.16). O Pai participou diretamente do drama do Gólgota (2ª Co 5.19).

1.2. CRISTO, O FILHO DE DEUS. Entregou-se a si mesmo em oferta e sacrifício (Ef 5.2; Hb 9.14). Ele levou os nossos pecados sobre o madeiro (1ª Pe 2.24) e padeceu para levar-nos a Deus (1 Pe 3.18).

1.3. O ESPÍRITO SANTO. Ajudou o Filho a vencer todos os obstáculos que altar santificado, se levantaram contra Ele, até chegar à cruz. Foi pelo Espírito Eterno que Jesus se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus (Hb 9.14).

2. O Espírito Santo quer, pelo despertamento, mostrar aos homens a grande vitória de Jesus no Gólgota.
O Espírito Santo quer iluminar o entendimento dos homens para esta grande realidade: “Depois de serdes iluminados suportastes grande combate de aflições” (Hb 10.32).

2.1. O Espírito REVELA. (Ef 1.17), iluminando os olhos do nosso entendimento para que saibamos a grandeza de seu poder sobre nós que manifestou em Cristo ressuscitando-o dos mortos (Ef 1.19,20). O Espírito Santo revelou a Pedro que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16,17).

2.2. O Espírito ENSINA as profundidades do vitupério da cruz. Quando Jesus, na estrada de Emaús, explicava aos seus discípulos o que as Escrituras escreveram sobre a sua morte, os corações deles ardiam (Lc 24.32,45).

2.3.  O Espírito EXPLICA o verdadeiro significado da morte de Jesus na cruz, sobre o infinito alcance do brado: “Está consumado!” (Jo 19.30). Deus confirmou esta palavra de seu Filho, fazendo rasgar o véu de alto a baixo (Mt 27.51) mostrando ao Universo que um novo e vivo caminho havia sido consagrado pelo véu, isto é, pela carne de Jesus (Hb 10.19,20). Por meio desta vitória os principados e potestades satânicos foram despojados, e Jesus triunfou deles em si mesmo (CI 2.15). Por isto temos nele a vitória (1ª Co 15.57; 2ª Co 2.14; Rm 8.37). Pela fé em Jesus Cristo, podemos vencer o mundo (1ª Jo 5.4,5).

Por causa do brado “Está consumado”, a justiça de Cristo agora é oferecida gratuitamente àqueles que crerem em Jesus (2ª Co 5.21; Is 53.11; Gl 2.16; At 13.39; Rm 4.22-25).

2.4. O Espírito PENETRA todas as coisas (1ª Co 2.10). A luz da glória de Cristo, revelada na cruz, é uma luz que tudo manifesta (Ef 5.13). Quando esta luz ilumina o painel da nossa consciência, como aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.5-7), sentimos o grande peso dos nossos pecados, e, pelo Espírito Santo, somos despertados e levados ao arrependimento.

VII. CUIDADO COM AS IMITAÇÕES

1. Tem aparência de sabedoria. Colossenses 2.18-23: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, 19 - E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. 20 - Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: - 21 Não toques, não proves, não manuseies? 22 - As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 - As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.”

Alguns dizem que nem todos os despertamentos de hoje têm as características que são mencionadas nesta lição. Concordamos plenamente. Já no tempo dos apóstolos havia “movimentos” que realmente “tinham uma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humilde e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne” (Cl 2.23).

2. São falsos apóstolos. 2ª Coríntios 11:14-15 “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. 15 - Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.”

Também em nossos dias aparecem movimentos “que são imitações baratas do verdadeiro despertamento. Muitos destes movimentos empregam técnicas avançadas de dominações psicológicas.

Estes “avivalistas” ou “especialistas” sabem com suas técnicas dominar o auditório, e podem fazer o público rir, chorar, jubilar, pular, bater palmas, etc. Sabem até imitar o batismo como Espírito Santo, “ensinando” o povo a falar em línguas! São, porém, experiências sem nenhum poder e sem a menor reverência.

Uma de nossas igrejas sentiu-se obrigada a orientar os irmãos acerca de o verdadeiro um movimento que faz de suas reuniões “Shows” com apresentações de cantores “evangélicos.” Nesses “Shows” dominam aplausos, vaias, gritos, assobios, bebidas alcoólicas, jovens dançando e se requebrando de modo até mesmo sensual, enquanto os “hinos” estão sendo entoados. Cuidado! Este tipo de imitação pode fazer com que a glória de Deus se afaste.

Todo movimento feito sem que o Espírito Santo esteja na direção, não pode prosperar. E como uma tartaruga deitada de costas; movimenta os pés, mas fica no mesmo lugar. Mantenhamos o Espírito Santo na direção. (SD) Então veremos cumprir se a palavra que diz: “Vão indo de força em força” (Sl 84.7). Glória a Jesus.

CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que todos os despertamentos genuínos que a Bíblia apresenta começaram com a restauração do altar (1ª Rs 18.16-40; 2ª Cr 29.3,27-28; 2ª Rs 16.10-12). Quando os judeus voltaram do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor mostrando assim, um verdadeiro despertamento espiritual. A alegria foi grande entre os judeus, pois podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos.

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Trad. João Ferreira. Bíblia Sagrada BÍBLIA SHEDD.
2 BERGSTÉN Eurico. O despertamento renova o altar. Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2020 - CPAD.
3. Bíblia Online - ACF - Almeida Corrigida Fiel
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: OBJETIVA. 2001.
5. LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
6. RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1997.
8. PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
9. VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD. 2002.
10. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. PDF.