TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 23 de abril de 2020

LIBERTOS DO PECADO PARA UMA NOVA VIDA EM CRISTO


Ef 2.1-10 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, 2 - em que, noutro tempo, andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; 3 - entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. 4 - Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5 - estando nós ainda mortos em nossas ofensa, nos vivificou juntamente com Cristo ( pela graça sois salvos), 6 - e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; 7 - para mostrar nos séculos vindouro as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 8 - Porque pela graça sois salvo, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus. 9 - Não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10 - Porque somos feitura sua, Criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

INTRODUÇÃO
A presente seção da Epístola aos Efésios apresenta relevantes aspectos doutrinários da salvação (2.1-10). Nela, o apóstolo descreve a libertação dos pecados como um favor imerecido dado por Deus aos salvos, a fim de que eles desfrutassem de uma nova vida em Cristo.

I. A ANTIGA NATUREZA MORTA EM OFENSAS E PECADOS
 No início da Epístola, o apóstolo Paulo lembra que antes da regeneração estávamos mortos em ofensas, pecados e éramos por natureza “filhos da ira” (2.1-3).

 1. Nossa condição anterior.
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” diz o primeiro versículo. A palavra “ofensa”, do grego paraptoma, tem o sentido de “passo em falso de forma deliberada”. O termo para pecado é “hamartia”, o qual descreve como “aquele que erra o alvo”. Em vista disso, o homem em sua natureza decaída é diagnosticado como “morto” (2.1), ou seja, uma declaração da real condição das pessoas sem Deus. O conceito é de morte moral e espiritual provocada pelo pecado, que inevitavelmente separa o homem de Deus (Is 59.2; Tg 1.15). Tal qual um corpo inerte, a natureza pecaminosa impede o homem de ouvir e obedecer à voz de Deus. Quem assim vive está morto enquanto “vive” (1ª Tm 5.6).

 2. Nossas ofensas e pecados.
A má conduta “em que, noutro tempo, andastes” é descrita por Paulo por meio da metáfora do ato de “andar” (2.2a). Refere-se às atitudes erradas adotadas na vida passada do salvo antes da regeneração:

 2.1. “Andastes, segundo o curso deste mundo” (2.2b).
Os costumes eram praticados conforme o sistema mundano da época, tais como: a imoralidade, o furto e a mentira (4.22-32). Uma constatação de que o salvo não deve tomar a forma do mundo, relativizar o pecado e muito menos ajustar-se à maneira de viver de seu tempo (Rm 12.2).

 2.2. “Andastes, [...] segundo o príncipe da potestade do ar” (2.2c). Uma alusão a Satanás que exerce autoridade sobre os poderes do mal (Jo 12.31). Indica que os agentes malignos têm a capacidade de influenciar os homens desobedientes e incrédulos (2ª Co 4.4). Mais adiante na Carta, Paulo alerta que a nossa luta é contra tais seres do mal (6.12). Contudo, não é necessário temer, pois Deus exaltou Cristo acima de todos eles (1.21).

 Deus não se mostra apenas misericordioso, mas “abundante em misericórdia”.

 2.3. “Andávamos fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (2.3).
Refere-se à inclinação para fazer o mal, algo inerente à natureza humana (Gn 6.5). Estão incluídos aqui os pensamentos pervertidos e a prática de todos os desejos desordenados da carne. Como resultado, éramos “filhos da ira”, isto é, condenados e desprovidos do favor divino. Paulo sublinha que essa era a nossa condição (4.18). Entretanto, aprouve ao Pai nos eleger e nos predestinar para “filhos de adoção” (1.5).

 “O pecado não consiste apenas de ações isoladas, mas também é uma realidade, ou natureza, dentro da pessoa (ver Ef 2.3). O pecado, como natureza, indica a ‘sede’ ou a sua ‘localização’ no interior da pessoa, como a origem imediata dos pecados. Inversamente, é visto na necessidade do novo nascimento, de uma nova natureza a substituir a velha, pecaminosa (Jo 3.3-7; At 3.19; 1 Pe 1.23). Esse fato é revelado na ideia de que regeneração só pode acontecer de fora para dentro da pessoa (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26,27; 37.1-14; 1ª Pe 1.3)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.286).


II. VIVIFICADOS PELA GRAÇA
 Por ato de bondade e misericórdia, estando nós ainda mortos em pecados, Deus imensamente nos amou e, por isso, nos vivificou por meio de sua graça.

 1. Alcançados pela misericórdia e pelo amor divino.
Após constatar a situação da humanidade “sob a ira de Deus” (2.3), Paulo passa a descrever os atos divinos de amor e de misericórdia que alteraram o quadro caótico da raça humana. Começando com uma conjunção adversativa, o apóstolo declara exultante: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou” (2.4). O ato de misericórdia implica compaixão e simpatia para com os indignos (Rm 11.30-32). A Carta aos Efésios ensina que, ao prover à humanidade o meio de escape da merecida ira (cf.1.7), Deus não se mostra apenas misericordioso, mas “abundante em misericórdia”. E essa riquíssima misericórdia procede do “seu muito amor com que nos amou”. A Bíblia enfatiza que foi a magnitude desse amor que motivou a nossa salvação (Jo 3.16; 1ª Jo 4.9).

 2. Vivificados por sua graça.
Descrevendo as dádivas divinamente concedidas aos salvos, o apóstolo enfatiza que o amor de Deus nos alcançou “estando nós ainda mortos em nossas ofensas” (2.5a). Isso significa que não éramos merecedores desse amor, mas que, mesmo assim, Deus “nos vivificou juntamente com Cristo” (2.5b). Essa frase quer dizer que nascemos de novo (Jo 3.3). Não estamos mais mortos, pois Cristo nos deu vida outra vez. Fomos vivificados sem mérito algum, tudo foi efetivado por meio da sua graça, o favor imerecido (2.8,9).

 3. Exaltados por sua graça.
O apóstolo dos gentios ainda destaca que o poder de Deus “nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo” (2.6). Observe que a palavra “juntamente” indica que Deus concede ao homem os mesmos benefícios alcançados por Cristo: a ressurreição, a vida eterna e o galardão nos céus (1ª Co 15.3-8,20-25). Assim, ao conceder tais bênçãos aos homens, Deus mostrou as “abundantes riquezas da sua graça” (2.7). Desse modo, ratificamos que a salvação e seus privilégios são conferidos pela imensurável graça de Deus, o favor divino imerecido.

 SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de Deus leva à vida eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a Deus (Hb 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente em Deus e na sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel. É o nosso sangue espiritual (Gl 2.20).

 Pode-se argumentar que a fé salvífica é um dom de Deus, até mesmo dizer que a presença de anseios religiosos, inclusive entre os pagãos, nada tem a ver com a presença ou exercício da fé. A maioria dos evangélicos, no entanto, afirma semelhantes anseios, universalmente presentes, constituem-se evidências favoráveis à existência de um Deus, a quem se dirigem. Seriam tais anseios inválidos em si mesmos, à parte da atividade divina direta?” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.370).

III. A SALVAÇÃO NÃO VEM DAS OBRAS
 Em Efésios 2.8-10, Paulo revela que a salvação não depende de obras humanas, “porque pela graça sois salvos, por meio da fé” (2. 8a). Porém, uma vez salvo, o crente deve praticar as boas obras.

 1. Graça como meio de salvação.
A “salvação” inclui a libertação da morte, da escravidão do pecado e da ira vindoura; ao mesmo tempo permite ao salvo desfrutar de todas as bênçãos espirituais descritas em Efésios 2.1-7. Portanto, a salvação é o livramento do poder da maldição do pecado e da morte; e a restituição do homem à comunhão com Deus, uma bênção concedida a todos que recebem Cristo como Salvador (Hb 2.15; 2ª Co 5.19).

 A palavra “graça” é a tradução do grego charis, que significa “favor imerecido” (Rm 3.24). Ela mostra que a iniciativa para tornar possível a salvação veio da parte Deus. É por meio da graça que Deus ativa o livre-arbítrio e capacita o pecador para que responda com fé ao chamado do Evangelho (Rm 11.6). Todavia, ainda assim o ser humano é livre para escolher entre dois caminhos (salvação e perdição); sua liberdade não foi eliminada e a graça pode ser resistida (Jo 7.17).

 A “fé” deve ser considerada como a aceitação da obra realizada por Cristo em nosso favor. Ela é a resposta à graça de Deus através da qual recebemos a salvação. A fé é o meio da salvação e o sangue de Cristo é a base da salivação. Portanto, o homem, igreja, obras e tradições, não tem nenhum mérito no ato salvicio. A nossa justiça é como trapo de imundícia perante o Criador. “ Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam. (Is 64.6).

 “Nenhuma medida de esforço próprio ou de devoção religiosa pode realizar o que está descrito acima. Pelo contrário, ‘pela graça sois salvos por meio da fé – e isso não vem de vós; é dom de Deus’ (2.8). A ação da graça de Deus está centrada em seu Filho – sua morte, ressurreição e entronização no céu como Senhor. Em relação à demonstração de sua graça, primeiramente vem o chamado ao arrependimento e à fé (At 2.38). Através dessa convocação, o Espírito Santo torna a pessoa capaz de responder à graça de Deus através da fé. Aqueles que por meio da fé respondem ao Senhor Jesus Cristo ‘são vivificados juntamente com Cristo’ (2.5). São regenerados ou nascidos de novo por obra do Espírito Santo (Jo 3.3-8). São ressuscitados e assentados com Cristo no reino celestial e continuam a receber a graça por sua união com Ele, que é a fonte do poder. Isso os torna capazes de resistir ao pecado e de viver de acordo com o Espírito Santo (Rm 8.13,14). Os crentes, então, passam a servir a Deus e praticar ‘boas obras’ (Ef 2.10; cf. 2 Co 9.8) por causa da graça que opera em cada um (1ª Co 15.10)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.413).

 2. Obras como evidência de salvação.
Aqui Paulo usa duas negações para endossar a origem da salvação: a primeira expressão “isso não vem de vós” (2.8 b) trata da salvação pela graça que provém de Deus; a segunda ratifica que a salvação “não vem das obras”, o que indica não se tratar de recompensa de algum ato humano. Essas afirmações excluem a possibilidade de alguém ser salvo por esforço pessoal.

 Como a salvação é uma realização divina, agora “somos feitura sua, criados em Cristo para as boas obras” (2.10). Uma transformação ocorreu: Agora em Cristo somos uma nova criatura e as coisas velhas passaram (2ª Co 5.17). Por isso, se antes o apóstolo usou a metáfora do andar numa perspectiva negativa – “outrora andávamos fazendo obras más” (2.2-3) – agora, por meio de uma perspectiva positiva, somos instados a “andar fazendo boas obras”, não como meio para ser salvo, mas como a evidência da salvação (2.10c).

 CONCLUSÃO
Antes da regeneração éramos “filhos da ira” e condenados à perdição eterna. Por ato do amor divino, por meio de sua maravilhosa graça, nos tornamos “filhos por adoção”. Essa gloriosa salvação nos foi concedida independente de nossas obras. A partir da salvação passamos a praticar boas obras que glorificam a Deus nosso Pai (Mt 5.16).

Pr. Douglas Baptista, Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020 – CPAD.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

AS CINCO ATRAÇÕES PERIGOSAS PARA UM OBREIRO



I. A ATRAÇÃO DOS CAMPOS FÉRTEIS

Gn 13.10-13 - “E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar. 11 - Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro. 12 - Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma. 13 - Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o SENHOR”.

No contexto da insatisfação dos pastores de Abraão e Ló, Abraão conversou com seu sobrinho. Ele disse que não deveria existir qualquer contenta entre ambos e entre seus servos, afinal, eles eram parentes chegados (Gn 13.8).

Então numa grande demonstração de humildade, maturidade e confiança, Abraão propôs que ambos se separassem, mas deu o benefício da primeira escolha de direção a Ló. Se Ló escolhesse ir para a esquerda, Abraão iria para a direita e vice-versa (Gn 13.9).

A Bíblia diz que Ló levantou os olhos e viu toda a campina do Jordão. Aquela região era muito bonita. Seus campos verdejantes e bem regados são comparados no texto bíblico ao Jardim do Éden e à prosperidade do Egito (Gn 13.10; cf. Gn 2.8-10).

Ló se impressionou com o que viu e escolheu conforme lhe pareceu bem aos seus olhos. Ele partiu para o Oriente em direção à cidade de Sodoma e se separou de Abraão que ficou na direção oposta.

Porém, a escolha de Ló não foi uma escolha de fé, mas carnal, segundo seus próprios desejos. Imediatamente após registrar a escolha de Ló, o escritor de Gênesis faz questão de ressaltar que ele não havia feito uma boa escolha. Ele foi habitar numa terra ocupada por homens maus e grandes pecadores contra Deus (Gn 13.13).

Em seu comentário de Gênesis 13, João Calvino diz que ainda que Ló pensasse viver no céu, ele já havia quase que afundado no inferno. Sem dúvida essa correta observação contrasta os dois parentes, Abraão e Ló. Um confiou em Deus, o outro confiou no que viu.

II. A ATRAÇÃO DO APETITE

Gn 25.29-30 - “E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado; 30 E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom”.

Os gêmeos Esaú e Jacó cresceram e se tornaram homens com características e personalidades totalmente diferentes. Esaú era um homem do campo, um perito caçador. Gênesis 25 diz que Esaú era o filho preferido de Isaque, que costuma se saborear de sua caça.

Por outro lado, Jacó era um homem pacato que habitava em tendas. Se Esaú era o filho predileto de Isaque, Jacó era o filho amado de Rebeca (Gn 25.27, 28). Nesse ponto específico Isaque e Rebeca falharam como pais.

Na sequência o texto bíblico mostra os esforços de Jacó em querer se apropriar dos privilégios de seu irmão como primogênito (Gn 25.29-34). Porém, apesar dos esforços de Jacó, sua supremacia não se devia a direitos naturais, mas à eleição soberana do Senhor. Deus já havia chamado Jacó antes mesmo de ele ter nascido, e isso independia do direito de primogenitura (Rm 9.11).

Jacó se aproveitou da visão limitada de Esaú com relação à herança e a liderança da família, e lhe propôs negociar o seu direito de primogenitura em troca de um ensopado vermelho (Gn 25.29-33).

O direito de primogenitura garantia ao filho mais velho a posição de principal herdeiro da família. O primogênito recebia porção dobrada da herança e assumia a liderança civil e religiosa da unidade familiar (Dt 21.17; 1 Cr 5.1-2; cf. Êx 4.22).

Mas aqui vale lembrar que aquela era a família da Aliança. Nesse caso, a herança da família essencialmente incluía a bênção de Deus sobre a linhagem abraâmica. Então quando o inconsequente Esaú aceitou negociar com Jacó seu direito de primogenitura, ele também desprezou as promessas de Deus.

À luz de Gênesis 25 podemos entender por que Esaú é citado na Carta aos Hebreus como um homem profano que negociou as bênçãos da Aliança. Diante do seu erro, ele nem mesmo foi capaz de encontrar arrependimento genuíno (Hb 12.16,17).

Pv 25.16 - “Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a vomitar”.

O Senhor nos deu com abundância todas as coisas para desfrutarmos (1ª Tm 6.17), mas todas elas devem ser usadas com moderação (Fp 4.5). E à distância Ele está observando para ver como tratamos as Suas dádivas, como muitos desejam; o Senhor está atento. Ele fez o homem justo e lhe deu numerosas dádivas, mas o homem inventou muitas coisas (Ec 7.29). E uma destas inventadas pelo homem, é o excesso!

Vivemos numa geração dada ao excesso – este é um dos seus ídolos. São orgulhosos de serem excessivos! Os santos serão cuidadosos de forma a evitar a imoderação em relação a tudo. As dádivas inocentes de Deus em termos de alimentos e bebidas foram corrompidas para a destruição das almas; o alimento em excesso ou a glutonaria e a embriaguez estão sobrecarregando não somente os estômagos, mas também os corações (Lc 21.34). Homens ainda jovens se empanturram até o vômito; bêbados fazem a mesma coisa e depois dormem em cima do vômito.

III. A ATRAÇÃO DA MULHER

1º Rs 11.1-4 - “E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidónias e hetéias, 2 - Das nações de que o SENHOR tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. 3 - E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. 4 - Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai”.

Muitas mulheres estrangeiras (v. 1). Salomão cometeu dois grandes pecados. Tomar para si esposas estrangeiras violava a proibição do Senhor contra o casamento com mulheres cananeias (v. 2; Êx 34.12-17; Dt 7.1-13); e tomar para si muitas esposas violava o padrão monogâmico estabelecido no princípio (Gn 2.24,25). Além disso, tal atitude da parte dele gerou uma crescente onda de relacionamentos poligâmicos, o que Deus também havia proibido para os futuros reis de Israel (Dt 17.17). Sem dúvida, muitos dos casamentos de Salomão se deram de acordo com as convenções do antigo Oriente Médio de selar alianças por meio de casamentos entre os membros das casas reais; era uma forma de contrato. O fato de Salomão ter-se rendido a tais convenções na época acarretou sérias consequências espirituais para ele (1ª Rs 11.3-13) e para o seu povo (2ª Rs 17.7-20). Davi também teve mais de uma esposa (2ª Sm 3.2-5). Os primeiros casamentos de Davi foram movidos por amor (1ª Sm 18.17-28) e compaixão (1ª Sm 25.2-42). Porém, alguns de seus casamentos posteriores podem ter sido movidos pelo mesmo motivo dos de Salomão, seu filho (2ª Sm 5.13-16).

A estas se uniu Salomão com amor (v. 2). A nossa dura avaliação do caso das muitas esposas que Salomão teve é, de certa forma, mitigada pelo uso desta expressão (v.l).

Setecentas mulheres e trezentas concubinas (v. 3). Se a menção às 60 rainhas e 80 concubinas em Cantares 6.8 refere-se às mulheres de Salomão, isto representa, então, um período muito embrionário do seu reinado.

Apesar de ser verdade que Davi nem sempre viveu segundo os padrões do Senhor, ele foi leal a Deus e nele confiou totalmente, mesmo quando foi repreendido por seus pecados (2ª Sm 12.13; Sl 32.1-5; 53.1-5). Por causa da influência de suas muitas esposas, Salomão comprometeu a sua fé adorando a deuses estrangeiros.

IV. A ATRAÇÃO DA PRATA

Js 7.19-21: “Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao SENHOR Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não me ocultes. 20 - E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o SENHOR Deus de Israel, e fiz assim e assim. 21 - Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos ciclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinquenta ciclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela”.

1. O pecado de Acã trouxe maldição ao povo hebreu - Josué 7.1: “Mas os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema, pois Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema”.

Acã esqueceu e desobedeceu ao Senhor, através da ordem dada por Josué o seu profeta e líder. Acã foi extremamente egoísta, ao pegar para si e sua família, o anátema, pensando que este lhe poderia ajudar em seu sustento, desprezando o sustento de Deus, do qual ele era uma testemunha ocular, das providências de seu povo e de sua família.

Notamos que uso do olhar engodado e embaçado pelos valores materiais deste mundo, um olhar mudado ao ver tesouros que não são seus. Js 7.21: “Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos...”

Deus determinara, e era praxe o saque das cidades conquistadas, além de que Deus queria mostrar que tudo era dele, e era o dominador de todos os povos, para isto o povo hebreu foi levantado, como proclamador e testemunha deste poder.

Preste atenção, nesta afirmação: Acã não subtraiu algo maldito, mas algo que Deus reservara para si.
Entenda esta afirmação, lendo as definições pesquisadas, sobre a palavra anátema, que estão no corpo deste texto.

2. Acã cobiçou... é desejar possuir o que não nos pertence.
Js 6.18: “Mas quanto a vós, guardai-vos do anátema, para que, depois de o terdes feito tal, não tomeis dele coisa alguma, e não façais anátema o arraial de Israel, e o perturbeis.

Js 7.19-21: Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não me ocultes. Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e eis o que fiz: quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os.

3. Acã agiu secretamente, às escondidas de maneira desleal - Js 7.11: “Israel pecou e transgrediu”. V. 21: “...eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa.”

O pecado se manifesta na oportunidade de tirar proveito daquilo que é de Deus, e sempre pela concupiscência dos olhos engodados pelo desejo de possuir.

Js 6.17-18: “Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá; ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos. 18 - Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não toqueis nem tomeis alguma coisa dele, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o perturbeis.

4. O significado da palavra anátema. A palavra anátema no grego significa: “excomunhão; execração; condenação; maldição; reprovação enérgica; repreensão solene; é fruto semântica. Do grego “Anáthema” (coisa posta de lado), formada da preposição “aná” (de lado) mais “tithemí” (colocar).

Anátema (do latím anathema, e este do grego Αναθεμα) significa etimológicamente oferenda, mas no seu uso principal indica o significado de maldição, no sentido de condenação a ser colocado de lado ou separado, cortado do seu ambiente como se corta um membro, de uma comunidade de crentes.

A palavra Anátema será de certa forma uma sentença pronunciada e mediante a qual se expulsava alguém considerado um “herege” do seio da sociedade religiosa; esta expulsão era considerada uma pena mais grave que a excomunhão.

O termo hebraico para anátema é “herem”, que significa excomunhão, destruição, extermínio, abominação, injustiça. No grego denota algo que se põe de lado ou que é suspenso.

No Novo Testamento expressa uma maldição: “Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema” (1ª Co 16.22).

Esse vocábulo é usado em 3 modos diferentes:
No contexto profético significa o ato de extermínio.
No contexto sacerdotal se trata do sacrifício que é dado a YHWH quando se paga uma promessa.
Na história deuteronomística, da qual 1ª Samuel faz parte, é o objeto que tem que ser eliminado, como diz Deuteronômio: 7.1 e 13.18.

YAWÉH promete que quando o povo entrar na Terra Prometida, todos os inimigos serão vencidos e deverão ser exterminados completamente, sem piedade.

Então anátema - Ou “extermínio” (em hebraico herem), significa uma pessoa, animal ou coisa que alguém subtrai do uso profano, consagrando-a a Deus (Dt 12,12-14; Js 11.11, 14).

Tal “anátema” não podia ser resgatado, e muitas vezes devia ser destruído (cf. Js 6.17 e 1ª Sm 15.3; Jz 11.30-31).

Esta palavra (Herem) tem dois significados:

a) Coisas dedicadas a Deus.
a-1) Que coisas seriam dedicadas a Deus? (Jericó).
Js.6.17 e 19 - Prata, Ouro, Bronze, Ferro, Raab e sua Família.

b) Coisas dedicadas para destruição.
b-1) Que coisas seriam dedicadas para destruição? (Jericó).
Js 6.17.21, 24 - Homens, Mulheres, Jovens, Crianças, Velhos, Bois, Ovelhas, Jumentos e toda cidade.
Agora você pode entender o alto nível e a gravidade do pecado de Acã, um paralelo com Ananias e Safira (At 5) é possível.

5. O impedimento provocado pelo uso irregular do Anátema.
Perda para todo o povo; criar desânimo na liderança:
Js 7.10-11: Respondeu o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás assim prostrado com o rosto em terra? Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem. Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.

Nesta passagem você poderá verificar e entender, o uso da palavra anátema como:
Algo separado para Deus – “eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no...”.

E como algo amaldiçoado – ‘porquanto se fizeram anátema’.

Impedidos de dar Glória à Deus: Js 7.19: “Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não mo ocultes.”

Mesmo confessando é levado a Morte.”
Encontramos aqui, um diferencial paralelo ao caso, já citado neste texto de Ananias e Safira, deus não mitigou a maldição sobre a família de Acã, mas executou a sentença.

Hb 12.16-17: e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas.

6. O pecado contamina todo o corpo da Congregação.
Ag 2.11: “Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém levar na aba de suas vestes carne santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes responderam: Não. Então perguntou Ageu: Se alguém, que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam: Ficará imunda. Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.”

Ficou assim a situação de Israel depois do pecado de Acã.
1ª Co 5.9 “Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; 10 - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. 11 - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. 12 - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? 13 - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo.”

Só tem uma solução.
Para Deus operar o milagre da travessia do Rio Jordão, ele mandou Josué dizer ao povo:

Santificai-vos!
Agora para que o pecado fosse extirpado e Deus pudesse continuar a operar no meio de Seu povo a ordem é renovada, para o povo continuar alcançando o seu objetivo: a continuidade da operação de Deus ao seu lado na conquista da Terra Prometida.

Santificação.
Js 7.13: “Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema.”

Deus ainda dá tempo para o povo se arrepender, mas Acã manteve-se quieto e não procurou confessar, à tempo, a Josué o seu erro.Infere-se que para enterrar seu anátema Acã precisou de ajuda de alguém mais de sua família.

Desenterrar o anátema e enterrar o pecado – Js 7.22-24: “Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, e a prata por baixo. 23 - Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor. 24 - Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.  25 E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los. 26 - E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje; assim o Senhor se apartou do ardor da sua ira; pelo que aquele lugar se chama o vale de Acor, até ao dia de hoje.”

Um montão clamando por lembrança de que devemos obedecer integralmente, as ordens de Deus, para que não retenhamos o que é anátema de Deus.

Graças a Deus que posteriormente Deus transforma o Vale de Acor em Vale de esperança ou Porta de Esperança.

Os 2.15: “E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor por porta de esperança.”

Is 65.10: E Sarom servirá de pasto de rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado, para o meu povo, que me buscou.
Isto se buscarmos à Deus de todo o coração! Aleluia.

Entendendo a questão da maldição:
Para podermos melhor explicar esta Lição se faz necessário, uma explicação ou um olhar com mais acuidade sobre a questão da Maldição.

Que tipos há de Maldição?
A maldição aparece na Bíblia quando da proclamação do protoevangelho em Gn.3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

No contexto próximo, isto no texto anterior e posterior desta Proclamação [kerigma] vai encontrar a maldição sendo declarada por Deus, sobre aqueles que desobedeceram aos princípios eternos de sua Palavra.

VI. A ATRAÇÃO DA AMBIÇÃO

1. Qual a diferença entre ambição e ganância? Ambição é o desejo veemente (de poder, glória, riqueza, etc); aspiração imoderada; pretensão; cobiça. A ganância é uma ambição desmedida (portanto patológica = doentia); é o desejo de obter riquezas, poder, glória ou honras, sem qualquer atitude ética. O próprio termo em si reforça o conceito acima: gana desejo, impulso ou ímpeto por algo. Ganância é a gana em ação.

2. Esse problema de ambição desmedida só atinge a sociedade secular ou pode também atingir a sociedade religiosa dos nossos dias?

O mundo religioso moderno também não fugiu a esta lógica e, para justificar práticas gananciosas, criou um sustentáculo teológico que ficou conhecido como teologia da prosperidade. Perdemos contato com nossas necessidades e entramos em uma compulsão (entenda-se compulsão, aqui, como uma repetição exagerada de querer sempre e sempre mais não importa o quê, nem como conseguimos).

3. Um cristão que diga a si mesmo tenho ambições pessoas como posso atingir meus ideais sem que se tornem atitudes gananciosas?

Com certeza, ambições, desejos, todos nós temos. Todavia, precisamos estar atentos para que eles não se tornem um comportamento ganancioso. Devemos entender que nossas ambições precisam estar em sincronia com nossas necessidades pessoais. O que vai além de nossas necessidades é ganância.

4. Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de todas as árvores, exceto uma.
Gn 2.16-17:E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, 17 - Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

Gn 4.1-7: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? - 2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, 3 - Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4 - Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5 - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. 6 - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 7 - Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”.

Quando desejamos o que Deus proibiu, está caracterizada a cobiça.

5. O décimo mandamento assevera.
Êx 20.17: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.
Portanto, o direito do outro é um dos nossos limites.

6. A cobiça é insaciável.
Pv.30.15-16: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que nunca dizem basta: o Seol, a madre estéril, a terra que não se farta d’água, e o fogo que nunca diz basta”.

Is.5.8-9: “Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da terra! A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e lindas sem moradores”.

CONCLUSÃO
Tg.4.1-3: “De onde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

Não se pode ser obreiro irrepreensível, servo de Cristo, quando se tem uma vida manchada pela prática do pecado.


Com isto, não me refiro aos pecados que caímos poucas vezes por sermos imperfeitos. Mas digo sobre conviver com certos pecados como se fossem algo comum.

Pecados esses já conhecidos e recorrentes em que não houve confissão e arrependimento, muitas vezes escondidos e maquiados para não serem confrontados.

Líderes que se acomodaram em tais pecados rotineiros, sempre dando desculpas para não precisar terem o trabalho de corrigirem-se, ainda necessitam de pastoreio, e não tem condições de tornarem-se um obreiro irrepreensível, aprovado, e liderar a igreja do Senhor (Gl 2.11-14).

O apóstolo Paulo já dizia para não nos amoldarmos ao padrão deste mundo, não tomarmos a forma dele, pois assim certamente viveríamos de maneira repreensível, sendo reprovados em nossa conduta, e desqualificados para toda a obra de Deus (Rm 12.2; Tt 1.7).


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembléia de Deus Blumenau SC.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

CARACTERÍSTICAS DOS QUE SÃO DE CRISTO E DOS ANTICRISTOS


1ª João 2.18-29 “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. 19- Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. 20 - E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas. 21 - Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. 23 - Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. 24 - Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. 25 - E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 - Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. 27 - E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. 28 - E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.”

INTRODUÇÃO
O apóstolo João escreveu esta epístola aos crentes por causa da heresia gnóstica que os falsos mestres estavam disseminando no meio da Igreja. Esta heresia negava a pessoa e a obra de Cristo.

João começou defendendo Jesus dizendo-se testemunha ocular do que Ele fez e de quem Ele era (1.1-4). Falou sobre o engano do pecado (1.5-10). Apontou Jesus como o único que pode nos livrar do pecado e da morte (2.1-2). Depois começou a distinguir os verdadeiros crentes dos falsos crentes (2.1-17), ou seja, os que são de Cristo e os quem não são.

Começa falando sobre os que não são. E ele diz que existe o Anticristo e os anticristos.
Façamos uma análise de cada um deles separadamente.

I. O ANTICRISTO
1. Nomes que a Bíblia lhe dá. Abominável da desolação (Mt 24.15), Homem da iniquidade (2ª Ts 2), Besta (Ap 13), Anticristo (1ª Jo 2). Estes textos mostram que será um homem, enviado por Satanás, para se opor a Deus e a seus servos, requerer louvor e adoração para si, produzindo grande tribulação aos crentes. Ele já tem muitos servos trabalhando para ele, preparando-lhe o caminho: são anticristos.

II. OS ANTICRISTOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

1. O prefixo “anti” aqui significa “oposto” a Cristo. Mas não necessariamente uma oposição aberta, pelo contrário, uma oposição velada. O Anticristo será um homem que se coloca em status messiânico, se colocará no lugar de Cristo, como um salvador, esta é uma forma de se opor a Cristo. Os anticristos que o precedem são todos aqueles que se opõem à verdade, pregando o contrário de Cristo, distorcendo suas palavras, mesmo estando no meio dos que se dizem cristãos. Todo aquele que pega heresias é um anticristo (2.19; 2ª Jo 7).

2. Os anticristos. V. 18 - São muitos e anunciam que é a última hora. Os anticristos são mencionados por João como os que precedem a chegada do Anticristo. A última hora mencionada por João é todo o período entre a primeira vinda de cristo e o seu retorno. É um alerta para a Igreja de Cristo, que o Abominável está chegando.

V. 19 - Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, por que não permaneceram. João escreve em face a um problema real que enfrenta em sua época, os gnósticos. A saída deles da comunidade dos santos é providência divina em revelar a verdadeira natureza dos mesmos. Em nossos dias os anticristos também estão presentes. Também se nomeiam cristãos. Enquanto o Senhor não fizer cair sua máscara, continuarão enganando.

3. Quem são os anticristos de nossos dias e quais suas características. Na verdade, não é difícil identificá-los. São todos aqueles que pregam uma doutrina contrária à pureza do evangelho.

3.1. São avarentos. Enquanto Jesus disse para não acumularmos tesouros nos céus, tais pessoas ensinam a prioridade do acúmulo material nesta vida. Colocam-se muitas vezes em uma postura diante do povo não como exemplo dos fiéis, mas como quase perfeitos, de maneira a haver uma idolatria por parte de suas comunidades para com eles. Ensinam muitas coisas contrárias à verdade das Escrituras. Embora sejam carismáticos, atraem as pessoas, mas não há neles sinceridade, não há amor para com a igreja do Senhor e para com Sua obra.

3.2. Eles não têm unção de Cristo, por isso, seu conhecimento espiritual é falso (v. 20) Apesar desse quadro tenebroso à qual a igreja do Senhor está sujeita, temos a unção que vem do Espírito Santo, isto é, temos a iluminação espiritual para compreender que eles de fato não são do Senhor. Eles em contrapartida, ainda que estejam falando de Jesus, estão em trevas. Pode até ser que acreditem que o que ensinam é a verdade, mas estão na mentira. No entanto, muitos deles realmente não estão se importando se o que dizem é doutrina bíblica ou não, a preocupação dos mesmos é consigo: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.18,19).

3.3. São mentirosos, negam Pai e Filho (V. 21-25). No contexto de João essa é a grande mentira predominante naqueles anticristos, a negação do Pai e do Filho. Os gnósticos acreditavam que o Logos, a segunda pessoa da Trindade, veio habitar em Jesus no momento de seu batismo e saiu antes de sua morte. Assim eles negavam que Jesus era Deus-homem, desse modo, negavam o Filho. Mas negar o Filho é negar o Pai, pois Ele é a revelação máxima do Pai, sem Cristo o Pai não é conhecido (Mt 11.27).

Os anticristos da atualidade não estão sendo identificados notoriamente por essa heresia, mas a mentira está presente em suas vidas, seja em suas doutrinas, seja em sua forma de viver.

3.4. São enganadores (v. 26). É uma das fortes características desses líderes rotulados como anticristos. A Igreja do Senhor deve estar sempre alerta para identificar tais pessoas. E de fato levar a sério a santidade da igreja de Cristo recusando-as como mestres para suas vidas. Infelizmente vemos com pesar que muitas pessoas acabam se conformando e se colocando na posição revelada em 2ª Timóteo 4.3-4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Neste caso o povo torna-se cúmplice do pecado dos enganadores.

4. Para que possamos nos resguardar podemos mencionar alguns tipos de “líderes” que a igreja do Senhor deve evitar.

4.1. Promotores de eventos. É aquele tipo de pastor que sua preocupação é fazer eventos, congressos, shouws. Suas igrejas estão sempre em movimentos, mas não tem avivamento; não tem uma busca e um conhecimento do Criador. Tem apenas uma vida superficial e rasa, pois lhe falta a oração e o estudo da Palavra, ou seja, vivem como nos dias do sacerdote Eli: “E a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram frequentes." (1ª Sm 3.1).

Hoje virou moda o show gospel para atrair jovens. A postura é de atrair os jovens e depois tentar mantê-los por meio das novidades. Com isso fica a ideia de que a pregação da palavra não é algo suficiente.

Não respeitamos nem a história, nem o contexto, criamos “novas revelações” por demanda de crescimento numérico, e a igreja vai caminhando a passos largos para o estranhamento social e a diferença teológica de uma para outra igreja local. É por isso temos um “corpo de Cristo” todo fragmentado, esquartejado e dilacerado pelas diferenças pessoais e teológicas. É literalmente cada um por si...e Deus? Bem Ele é por todos, né!

Parafraseando Paulo pra Timóteo, eu diria que: Nos últimos dias, vemos transformada a Graça de Deus em libertinagem religiosa, crentes levados mais por emocionalismo do que por discernimento.
Nos últimos dias, vemos transformado o culto em Show, cultuando “celebridades” cheias de si mesmas, ao invés de Jesus, o único que podia ser, porém não é. Nos últimos dias, vemos transformado o dízimo em dívida divina, fazendo de Deus um “devedor de bênçãos” ao invés de credor de vida.

Em nossos dias, muitas pessoas confundem adoração com show, com cantar bonito, com espetáculo, com gravar CD e com ganhar cachê. Mas por trás de toda essa onda de falsa adoração sabemos o que se esconde: a síndrome de Lúcifer que sempre leva o homem a querer ser adorado e exaltado. Muitas pessoas ficariam espantadas se descobrissem que a música entoada por muitos cantores famosos nem sequer passa do teto da igreja. Se pararmos para analisar as coisas descobriremos que os cânticos entoados hoje em dia mais seguem a tendências criadas pelo mundo e adotadas pelas igrejas do que propriamente louvor de verdade.

Infelizmente muitas igrejas estão se tornando em palcos para apresentação de talentos humanos e nada mais que isso. Há igrejas aonde o palco é cuidadosamente decorado com refletores coloridos, máquinas de gelo seco, fumaça, globos de luzes, etc. nós bem sabemos que tudo isso é herança que as igrejas tomam emprestado do mundo. Esse tipo de acessório é peculiar dos antigos palcos de rock e de boates e discotecas. Mas o cristão que de fato quer adorar a Deus foge de tais coisas, pois toda essa parafernália serve apenas para chamar a atenção das pessoas para o ser humano que está ali na frente posicionado e não permite que Deus apareça, apenas o homem.

Então quem ministra louvor na igreja deve ter todo cuidado para não imitar os artistas famosos mesmo aqueles que dominam o mundo gospel. Jesus disse que o perfeito louvor é aquele que sai da boca das crianças, ou seja, é aquele simples, vazio de vaidades e vanglórias. Por todas essas razões quem louva deve se portar com decência no seu vestuário, no modo como e comporta e, sobretudo no tipo de música que traz para dentro da casa de Deus.

4.2. Pastores réprobos. Literalmente são aqueles que nem mesmo tem verdadeira experiência de conversão. Isso é identificável pelas doutrinas heréticas que pregam como a negação da Trindade, há até quem não crer na inspiração das Escrituras, no nascimento virginal de Jesus Cristo e outras doutrinas fundamentais da fé cristã. Também são aqueles que vivem vida escandalosa com frequentes escândalos sexuais e ou financeiros, etc.

4.3. Pastores que pregam a teologia da prosperidade. Basta passar em frente a uma igreja evangélica e logo vê-se a faixa: “grande culto da vitória”, “culto de cura e libertação”, “culto das causas impossíveis”, “culto dos empresários”, “culto da benção”, “grande campanha da prosperidade financeira”. Mas isso é bíblico?

Em primeiro lugar, vamos situar o que é culto, e para quem deve ser feito. A palavra culto vem do latim cultus, que significa cuidado, cultivo, adoração, reverência. Em tese, podemos adorar ou reverenciar pessoas e divindades. Porém, como cristãos, devemos prestar culto apenas a Deus.

Mas aí vamos à igreja prestar culto a Deus, em tese. Só que vamos na “na segunda feira da prosperidade financeira”, pois estamos passando por um momento difícil e, na quinta feira culto da vitória ou da benção e, nesse dia específico, será feita uma “oração forte” para ajudar os endividados a mudarem de vida e aqueles que desejam o carro novo e a casa própria.

Sinceramente: estamos indo a esse culto para adorar a Deus ou para tentar resolver nosso problema? Não que Deus não esteja interessado em nossos problemas, Ele está sim, pois o apóstolo Pedro diz: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1ª Pe 5.7). Porém, a visão está errada. Seguimos a Jesus por causa das bênçãos e não para adora-lo.

Cultuar, adorar, prevê se humilhar diante de Deus. Prevê demonstrar que nada podemos sem Ele. Prevê afirmar que, não importa o que Ele permita que aconteça em nossa vida, ainda assim O reconhecemos como Soberano Senhor e Salvador de nossas vidas. Então, por que misturamos isso com nossos desejos pessoais?

Veja bem, creio que é lícito orar a Deus e pedir por tudo aquilo que precisamos. Comunicai com os santos nas suas necessidades....” (Rm 12.13). Esse é um ponto. Porém, quando nomeamos um culto de “noite da libertação” tiramos a centralidade do culto na adoração a Deus, para colocá-la na busca por libertação dos fiéis. É uma coisa sutil, mas é.

E por que as igrejas passaram a fazer essas “campanhas” específicas nos dias de culto ao Senhor?
Uma passagem que me chama atenção no Evangelho segundo João, no capítulo 6, diz que Jesus havia multiplicado os pães e peixes a fim de alimentar uma multidão. No versículo dois, do mesmo capítulo, lemos: “E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos”.
A multidão se ajuntou e teve fome, então Jesus multiplicou os pães e os peixes e todos comeram e ficaram saciados.

No dia seguinte, a multidão já com fome, novamente, foi até Jesus para coroá-lo rei pelos seus milagres. Eles foram com a expectativa de que Jesus lhes daria alimento novamente! Porém, Jesus lhes disse: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (Jo 6.27).

A palavra de vida eterna não efetua o mesmo efeito em todos, mas apenas àqueles que o Pai a Cristo os der.

Jesus não lhes deu o que esperavam! Ele não multiplicou os pães e peixes novamente, mas lhes ofereceu o Pão do céu – o seu próprio corpo e seu próprio sangue! “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6.35).

Depois que Jesus ofereceu sua própria vida, em vez do pão e do peixe muitos viraram as costas e foram embora!

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.” (Jo 6.66).
Então Jesus pergunta a seus discípulos: “Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para QUEM iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (Jo 6.67-68).

Jesus nos oferece o pão do céu! Mas, em que, em quem está o nosso coração? Será que nós damos crédito e ansiamos por palavras de vida eterna? Ou queremos sós as bênçãos matérias desta vida?

4.4. Estratégia para fidelizar a clientela. Se uma igreja tem apenas “culto”, (oração e Palavra) atrai poucos fiéis. Mas, se tem a “sexta-feira forte tem as bênçãos e vitórias”, aí serão muitos fiéis, ávidos por aquilo que é prometido (cura, casa própria, carro novo etc...). São fiéis que não buscam a Deus pelo que Ele é, mas pelo que Ele pode fazer em nosso favor.

4.5. Mas é esse o culto que Deus espera de nós? Veja o que Jesus nos ensinou: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6.25-34).

Não necessitamos nos prolongar quanto a estes. Poderiam ser citados outros tipos de líderes que tem uma postura antibíblica, portanto, anticristã. Mas, os exemplos expostos são suficientes para que entendamos o quanto é importante a igreja do senhor atentar para as exigências bíblicas na escolha de seus líderes (1ª Tm 3.1-7).

4.6. Cuidados necessários ao viver cristão: Exemplo para o Rebanho.

Atos 20.28-30 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 - E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

O pastoreio não é do homem, é do Espírito Santo. Quem é o homem para pastorear a Igreja de Deus?   A Igreja é espiritual, sobrenatural, e só pode ser dirigida espiritualmente. Portanto, só homens espiritualmente conduzidos por Deus podem pastorear.

A Igreja foi comprada pelo Sangue do Seu próprio Filho (Atos 20.28). O texto original também pode ser traduzido assim: “por meio do seu próprio sangue”. A Igreja não é dos membros, não é dos pastores, não pertence a homens. E nem é uma instituição jurídica de direito.  A Igreja é de Deus.

O Apóstolo Paulo, nas Escrituras Sagradas, só reconhece Bispos, pastores, presbíteros ou anciãos aos chamados pelo Espírito Santo, legitimamente consagrados ao Santo Ministério da Palavra mediante a Imposição de Mãos do Presbitério (Atos 14.23; Tt 1.5; 1ª Tim 1.18; 4.14; 5.22; 2ª Tm 1.6). Um pastor não consagra outro. E nem mesmo um banho de óleo. Apenas um Concílio de homens ungidos pelo Espírito Santo, sob a cobertura e autoridade de um Ministério e do Corpo de Cristo que é a Igreja.

O Espírito Santo já prevenira Paulo dos dias aflitivos que o aguardavam. Rebanho, pastores e lobos são figuras que já tinham sido usadas por Jesus (Mt 7.15; Jo 10.11-16); ver também 1ª Tm 1.3-7; 1ª Pe 5.2-3; Ap 2.2-7). O Senhor lhe falara sobre os falsos pastores, os lobos vorazes, os divisores de rebanhos e provocadores de contendas. E seguia constrangido para Jerusalém. Ele pressentia o que o esperava (At 20.22). Então, Paulo abriu o coração: “Agora, sei que todos vós, por quem passei tanto tempo pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto” (At 20.25). E exorta com amor:

“Cuidai de vos mesmos...” (v. 28). Cabe aos que tem o privilégio de servir à Igreja de Deus cuidar de si mesmos. Trabalhar o coração dia a dia; buscar o quebrantamento e a benção do Espírito Santo. Andar em permanente comunhão com Deus, com todos os irmãos e servir com humildade e mansidão ao povo de Deus. E, sejam pastores ou líderes, serem leais à Igreja e Ministério onde Deus os colocou. “Cuida de ti mesmo, os dias são maus. O Adversário vive rugindo como leão, buscando a quem possa tragar.” Por isso Jesus diz: “Vigiai e orai.”

Lobos [...] homens. Há sempre duas ameaças à Igreja, uma externa e outra interna. Os ímpios são uma perigosa ameaça externa; os soberbos e os que servem somente aos seus próprios interesses são a ameaça interna.

“...E por todo o rebanho...” (Atos 20.28). O Ministério abraça todas as ovelhas. Não existem ovelhas privilegiadas. Todas têm um mesmo dono, O Senhor.

Sejam ricas ou pobres, rajadas ou lisas, magras ou gordinhas, feias ou belas, todas, todas são ovelhas queridas. Não importa a cor, o aspecto físico e até mesmo a dedicação.

Já viram o quanto os filhos doentes, problemáticos e mais rebeldes, absorvem a atenção dos pais? É assim na Igreja, ou deveria ser. O Pastor foi buscar nos ombros a ovelha ferida, machucada, quebrada e maldizente... Algumas vêm nos ombros do pastor dando pinotes, e até “balindo” palavrões... mas vem! - Não é isso o que Jesus faria?

II. OS DE CRISTO – CARACTERÍSTICAS

1. Tem a unção de Cristo, e o conhecimento espiritual verdadeiro (v. 27). Agora o apóstolo passa a demonstrar que já temos o que é necessário para nos esquivarmos dos falsos mestres. Ele diz que já recebemos a unção. Faz-se necessário aqui esclarecer um pouco sobre esse termo tão controverso: “unção”. No NT, as palavras “χριω” (chrio) “ungir” e “χρισμα” (chrisma) “unção” representam a doação do Espírito, do poder espiritual e de um chamado divino.

Este sentido já está presente nos textos que falam da vocação messiânica de Jesus. Em Lc 4.18 há a citação da profecia encontrada em Is 61.1,2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”. E Hebreus 1.9 cita o Salmo 45.7: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”. E isto aconteceu no momento do batismo de Jesus, é inclusive o principal motivo pelo qual o Senhor Jesus submeteu-se ao batismo de João, naquele momento o Espírito Santo o capacita para a obra messiânica.

2. Mas a palavra declara que também somos ungidos do Senhor. Não apenas algumas pessoas, não apenas aqueles que exercem ofício pastoral, diaconal ou missionário. Todos os cristãos são ungidos do Senhor. Todos os regenerados são escolhidos e capacitados para o exercício da obra de Deus. 2ª Coríntios 1.21 enfatiza o que aqui está exposto: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus”.

Como declara Atos 1.8, nós já temos o poder do Espírito Santo, já fomos ungidos para trabalharmos para o Senhor. Mas é evidente que para sermos mais usados pelo Senhor é necessário que estejamos vivendo o senhorio do Espírito Santo em nossas vidas. Isso se dá por meio da leitura da Palavra, da oração e da comunhão com os irmãos.

3. E esta unção, como nos declara o apóstolo, nos protege dos enganos, das heresias. É evidente que ele não está dizendo que não necessitamos de que tenhamos o ensino na igreja por meio de mestres, pois o próprio Senhor Jesus ordenou que ensinemos tudo o que ele ordenou (Mt 28.20). E alguns são escolhidos e capacitados especialmente para esse ministério (Rm 12.7; Ef 4.11). Ele está dizendo que uma vez que se cumpriu João 16.13: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”, estamos capacitados a resistir aos falsos mestres, pois o Espírito Santo nos guia na Verdade então não há necessidade que eles (os falsos mestres gnósticos nos ensinem). O Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus guia os crentes à verdade e na verdade. Como igreja então, nós somos coluna da verdade (1ª Tm 3.15).

Que nos voltemos a conhecer mais ao Senhor por meio de Sua Palavra para que jamais ocorra conosco o que acontecia com o povo na época de Oséias: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” (Os. 4.6).

4. Tem confiança na presença do Senhor (v. 28). Aqui temos um termo interessante no grego (parrhsia - parresía) traduzido por “confiança”. O sentido original é de alguém diante de um amigo que tem liberdade de palavra, que pode ficar à vontade. Ele está dizendo que quando Cristo voltar estaremos diante dele com confiança, com intimidade, estaremos à vontade por termos vivido na verdade, não nos envergonharemos por termos nos deixado levar por falsas doutrinas.

5. Sabem que Cristo é justo e praticam a justiça de Cristo; nasceram de Cristo (v. 29). A prática da justiça nada mais é que a fidelidade, e essa deverá ser a prática cotidiana de todo aquele que nasceu de novo.

CONCLUSÃO
1. Qual deve ser sua postura com relação aos anticristos? Considerá-los como os hereges que são, não se permita seduzir por suas palavras eloquentes. Não recomende a ninguém que os ouça.

2. Lembre-se sempre que você já tem tudo o que é necessário para entender as verdades divinas, logo, identificar as heresias, e ser usado (a) pelo Senhor como pregoeiro da verdade.

3. O que nos falta para darmos testemunho da verdade de Deus com mais poder? Não seria o pecado em nossas vidas que muitas vezes nos impede de sermos mais operosos, mais ousados?