TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A TRADIÇÃO DO APÓSTOLO PEDRO

“Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus. Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro.  Ele está hospedado com Simão, curtidor, cuja residência está situada à beira-mar. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus domésticos e um soldado piedoso dos que estavam a seu serviço e, havendo-lhes contado tudo, enviou-os a Jope. No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu” (At 10.1-16).

[...] O Dr. Scroggie apresenta neste capítulo duas revelações (1-16). Uma a Cornélio, outra a Pedro. Este capítulo é notável porque relata a abertura da porta do Evangelho aos gentios (15-16). Em Cornélio, um oficial do exército romano, descobrimos piedade, reverência, influencia, liberalidade, oração, receptividade e obediência.

Pedro estava em oração ao meio-dia quando recebeu a revelação:

“Então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda (At 10.11-14).

É coisa difícil transformar idéias e costumes religiosos, e, apesar da visão milagrosa, Pedro mostra disposto a desobedecer à voz divina” [McNair. P. 395].

É interessante notar a força que tem uma tradição, mesmo na vida de um apóstolo como Pedro, quando foi enviado a casa de Cornélio. Pedro estava presente quando Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Ele também ouviu Jesus ordenar-lhes claramente: “Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Mas quando se lhe apresentou o momento para testemunhar para Cornélio, um centurião gentio da cidade de Cesaréia, a tradição de Pedro o impediu. Note o que Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa comum e imunda”.

O Senhor precisou repetir a visão de animais imundos suspensos por um lençol e dizer: “ao que Deus purificou não consideres comum”. E Pedro insistia em responder: “De modo nenhum, Senhor...” (At 10.14-15).

As tradições têm um poder misterioso. Às vezes, ela passa por cima até das Palavras do próprio Deus. É a tradição que nos faz dizer: “Não, Senhor!” Nós lemos a Bíblia acerca da unidade do corpo de Cristo, e afirmamos que a Bíblia é a nossa regra de fé e prática, a menos que entre em conflito com nossa tradição e idéias.

Foi difícil para Pedro um judeu tradicional entrar na casa de Cornélio. E mesmo chegando lá replicou dizendo: “Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo” (At 10.28).

Podemos bem imaginar como Cornélio se sentiu. Ele convidara todos os seu parentes e amigos para irem à sua casa. “Vocês irão conhecer um verdadeiro homem de Deus” disse-lhes: Um anjo me disse para chamá-lo. Ele é um, santo homem, um varão perfeito, e ele nos ensinará muitas coisas a respeito de Deus”.

Tanto Cornélio como Pedro tiveram de aprender com o Senhor. Pedro não devia pensar ser Cornélio imundo pelo fato de ser gentio; Cornélio não devia adorar a Pedro por este ser um servo de Deus.

A seguir, o apóstolo menciona por que se deu ao trabalho de ir até ali, e depois diz: “Perguntou, pois, por que razão me mandaste chamar?” (v. 29).

Pedro sabe que está fazendo uma pergunta tola, mas não parece disposto a entregar-lhe a mensagem. Por quê? Simplesmente. A tradição do judaísmo.

A tríplice visão tinha a intenção de mostrar a Pedro que Deus não de faz acepção de pessoas (v. 34).

[...] O poder da tradição é terrível. Deus fica impedido de realizar muitas das coisas que deseja por causa das amarras que colocamos. E nós ficamos escandalizados todas as vezes que ele quer modificar um pouco.
Nossa mente é como uma pequena mesinha de cabeceira que comporta somente uma lâmpada e alguns livros. Se colocarmos um refrigerador ela quebra. É isto que acontece quando nossas mentes tradicionais recebem algum ensino daquilo a que estamos acostumados. Ficamos quebrados em pedacinhos.

O que precisamos fazer para reconhecer e realizar toda à vontade de Deus? Duas coisas, diz Romanos 12.1-2. Primeiro precisamos apresentar nosso corpo como sacrifício vivo e santo. Um sacrifício vivo e santo é melhor que um sacrifício morto, pois um sacrifício vivo tem um futuro. Deus pode fazer com ele o que desejar.

Em segundo lugar, temos que ser transformados pela renovação de nossa mente. Temos que estar preparados para crescer espiritualmente, ou seja, mudanças espirituais. Estar no centro da vontade de Deus significa estar continuamente pronto para sofrer mudanças. Às vezes dizemos: “Senhor mostra a Tua vontade!” Mas se Ele mostrar, nós não faremos nada. Somos como um trem de ferro que diga: “Por favor, dirija-me por estes trilhos”. Para quê? Os trilhos já estão ali.

Nós oramos assim: “Senhor ajuda-nos a fazer a tua vontade”, mas os trilhos já estão pregados no chão. Os trilhos são nossas tradições que precisão ser mudado. E, quando Deus quer nos colocar no caminho da verdade, dissemos como Pedro: “De modo nenhum Senhor já mais vou fazer isso ou aquilo”. Somos como as crianças num parque de diversões, guiando carrinhos. Elas giram o volante para um lado e para outro, mas a despeito disso, o carro segue sempre na mesma direção. É assim que somos nas igrejas e nos concílios denominacionais. Fazemos vários tipos de proposições (muita movimentação), mas tudo continua do mesmo jeito” [ORTIZ. P. 136-137].

Deus quer que cresçamos espiritualmente, mas precisamos aceitar e deixa Sua Palavra nos dirigir e não nossos conceitos e tradições que não nos levam a nada.

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificado sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não pratica será comparado a um homem insensato que edificou sua casa sobre arreia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína” (Mt 7.24-26).

O homem que construiu sua casa sobre a Rocha que é Jesus (gr. logos a Palavra) está edificado sobre a Palavra e suas doutrinas (ensinos de Jesus), e vindo à tempestade ele permanece firme e não cai. Mas aquele que edificou a sua casa sobre a arreia, refere-se ao homem que está edificado sobre as tradições e doutrinas dos homens, (Mt 15.9; Cl 2.8, 22). É um homem inconstante sem edificação, sem base bíblica, não tem a liberdade em Cristo Jesus, precisa de cabresto. Muitos até dizem: eu amo a Jesus, mas entristecem o Senhor pelas suas tradições.

A tradição leva o crente ao fanatismo religioso e falsa santidade. O mundo jamais se portará para agradar Deus e à sua Palavra, pois ele está no maligno (1ª Jo 5.19). A doutrina bíblica não somente nos leva a Deus, mas também nos leva a viver para Ele e como andar diante da igreja e do mundo.

Hoje também encontramos tradições nas confissões e decisões dos concílios das igrejas, às quais devemos dispensar minuciosa atenção, tendo o cuidado de investigar com maior atenção e cuidado seu conteúdo bíblico-teológico, pois a nenhuma igreja lhe foi dado o direito de formular novas doutrinas ou tomar decisões contrárias aos ensinamentos das Sagradas Escrituras, pois a História da Igreja registra que líderes e concílios podem cometer erros grossos, alguns deles comprometendo a verdadeira fé cristã.

FONTE DE PESQUISA

1.       S.E. McNAIR. A Bíblia Explicada. 4ª Edição. Editora CPAD. Rio de Janeiro RJ.
2.       JUAN CARLOS ORTIZ, o discípulo, 6ª edição, 1980, Ed. Betânia. Venda Nova MG.



Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com


sábado, 4 de agosto de 2012

OS FARISEUS NÃO TEM MISERICÓRDIA





“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque daí o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé” (Mt 23.23).

[....] A quem Jesus estava dirigindo Suas Palavras e qual o teor Destas Palavras? Sem dúvida compreendemos que Jesus se dirigia aos escribas e fariseus, e não a cristãos (como muitos afirmam); tanto, que Jesus não os tratou pelos seus próprios nomes, mas pelo título da sua religião! Esses homens, vivendo o judaísmo regido pela Lei, confiavam na sua própria justiça e capacidade, no que tange à guarda da Lei. Apresentavam-se à Jesus nas condições de perfeitos, ostentando hipocritamente grande santidade e confiança nas suas próprias obras de justiça; enquanto isso não aceitavam a autoridade divina de Jesus [Disponível http://www.odizimoeagraca.com/capitulo3.php - Extraído no dia 13/06/20012].

Os fariseus nos dias de Jesus eram autoridades eclesiásticas que tinham poder para julgar o povo segundo a lei mosaica, mas usavam um critério rústico, um zelo cego, pesado, sem amor e sem misericórdia. Jesus vendo esse critério os repreende dizendo:

“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocausto; pois não vim chamar justo, e sim pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.13). Já nos tempos antigos o Senhor Deus repreende os sacerdotes exigindo misericórdia: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Oséias 6.6).

A Igreja é de Jesus e não do homem. O Espírito Santo constitui ministros para apascentar e ministrar corretamente a Palavra. Não temos o direito de dirigirmos conforme nossas tradições.

A fé sem o conhecimento pode resultar em fanatismo e heresias. O conhecimento sem fé é intelectualismo ou legalismo. Imaginemos que alguém tem fé, conhecimento, mas não tem amor. Tal pessoa pode ser perigosa, tornando-se um manipulador e até mesmo agressor.

Quando Tiago e João quiseram pedir fogo do céu para destruir os samaritanos, eles demonstraram que tinham conhecimento e muita fé, mas nenhum amor ao próximo, nenhuma bondade, nenhuma paciência, nenhuma misericórdia, nenhum domínio próprio. Felizmente, Jesus impediu aquela tragédia e, mais tarde, aqueles discípulos aprenderam a amar.

O apóstolo do amor nos ensina dizendo: “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.9-10). “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará” (1ª Co 13.4-8).

I.        SÃO LOBOS CRUÉIS QUE NÃO PERDOARÃO O REBANHO

O apóstolo Paulo, que defendeu o direito da igreja dos gentios de liberdade em relação ás tradições judaizantes, também foi ardoroso combatente contra os falsos ensinos e manifestações, quer carnais, quer sobrenaturais, que não estavam de acordo com a fé cristã.

A preocupação de Paulo em sua mensagem pastoral para os ministros de Éfeso era:

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com seu próprio sangue. Eu sei, que depois de minha partida, entre vós penetrarão lobos devoradores que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20.28-30).

Paulo nos ensina dizendo que o rebanho é de Deus que deve ser apascentado por quem o Espírito Santo constitui bispos. Pois foi remida pelo sangue o de Jesus (v. 28); Mas que do seu meio da igreja se levantaria homens perversos.

Paulo diz para os líderes espirituais que devem olhar primeiramente para si mesmos e depois para o rebanho; que devem vigiar, e lembrar o exemplo apostólico; que a Palavra de Deus seria sua suficiência. Que deviam seguir o exemplo de trabalho que ele deixara; que lembrassem as palavras do Senhor Jesus (não menciona nos evangelhos) “Mas bem-abenturada coisa é...”.

Jesus deixa-nos o exemplo de Bom Pastor dizendo: “Eu sou o Bom Pastor; e o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, se vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas” (Jo 10.11-13).

Jesus declara que Ele é o Bom Pastor prometido nas profecias. Esta metáfora de Jesus como Bom Pastor ilustra o cuidado terno e devotado que Ele tem pelo seu rebanho. É como se Ele disse: “Eu sou, para com todos aqueles que crêem em Mim. O que um bom pastor é para suas ovelhas; cuidadoso, vigilante, amoroso e misericordioso”.

Mas o mercenário, o falso pastor, não tem o cuidado devido e o verdadeiro amor palas ovelhas de Cristo. Na qualidade de mercenário é também um lobo. O lobo parece com a ovelha e até finge ser ovelha, mas é lobo devorador.

O mercenário é frio para suas ovelhas, não perdoa e não tem misericórdia. Seu coração está voltado para o materialismo, para suas idéias, tradições, se você não faz como ele quer, ele te coloca para fora, isto é, dispersa, refuga ou exclui do rol de membros, isto porque é o mercenário.

A palavra no original grego é apascentar, guardar, cuidar, pastorear e ensinar o rebanho, segundo a Palavra do Senhor e com amor e carinho.

Na parábola dos dois servos, em Mt 24.45-51, Jesus diz que o mal servo (o falso ministro), espancava os seus conservos. Isto prova a crueldade e a falta de amor fraterno, e mais, a falta de temor, pois a Igreja é do Senhor e não minha, mas Daquele que deu o seu sangue para seu resgate. No final desta parábola Jesus diz que virá o Senhor daquele servo num dia que o não espera, e separá-lo-á, e destruirá a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes. Jesus virá para separar os lobos das ovelhas, o joio do trigo, e lançará no lago de fogo, aonde o bicho nunca morre. Por esta razão o mestre Jesus nos advertiu dizendo: “Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus” (Mt 16.6).

O maior exemplo de misericórdia e amor o mestre Jesus deixou-nos quando os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Embora a lei ordenasse que apedrejasse, Jesus diz: “Atire a primeira pedra àquele que nunca pecou” (João 8.3).

Os fariseus eram homens de uma falsa religiosidade. Entretanto, devemos saber que: O amor, a fé, e a misericórdia devem ser a suprema excelência do pastor.

Deus prefere ser compassivo em lugar do cumprimento meticuloso das leis. A misericórdia deve ser um dos atributos do líder. “Finalmente, sede todos de igual ânimo compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes. Não pagando mal por mal ou injúria por injúria...” (1ª Pe 3.8, 9).

Na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-35), Jesus nos deixa outro exemplo de misericórdia e amor.

Durante cerca de 800 anos, os judeus não se davam com os samaritanos, porque em 722 aC, Salmanezer ou Sargão II, rei da Assíria, tomara Samaria e misturara seus habitantes com babilônicos e sírios, que trouxeram suas tradições e crenças religiosas contrária as dos judeus. E por esta razão os judeus nem sequer se cumprimentavam ou olhavam para um samaritano. Mas, o que me chama atenção que Jesus não contou está parábola para o povo que vinha para lhe ouvir, ou uma pessoa qualquer, mas a um mestre religioso, um “fariseu intérprete da lei” (v.25).

O homem assaltado não é qualificado. Ele é um anônimo. Podia ser um mero viajante, um peregrino, um desempregado, etc. Quem socorre o homem moribundo não foi o sacerdote fariseu conhecedor da lei, nem o levita distinto na casa de Deus, mas o samaritano, o inimigo dos judaizantes, o pecador, desprezado. Este desce de seu cavalo, cuida de suas feridas, coloca óleo e vinho nas suas feridas, põe na sua cavalgadura, leva até a hospedaria (que representa a Igreja), paga sua hospedagem e ainda diz: “cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu te indenizarei quando voltar” (v. 36).

Muitos se dizem religiosos, mas evitam se comprometer com os problemas dos outros. O nosso círculo de amor não deve ser limitado aos nossos familiares, colegas e amigos. Jesus procura mostrar aos fariseus que o nosso “próximo” é todo aquele que necessita de auxílio e podemos ajudar. A verdadeira fé é a prática do amor (Tg 1.27), e misericórdia.

O amor é uma necessidade de sobrevivência. É o principal e grandioso sentimento mutuo da humanidade, mas o mais difícil de ser compreendido e vivido pela maioria dos cristãos nos dias de hoje.

A essência do amor perde-se nas cobranças exageradas, incompreensões, desconfianças e preocupações do cotidiano. Muitos buscam a igreja para encontrar o verdadeiro amor, mas desvanecem por ver aqueles que só buscam os seus interesses pessoais.

As cobranças exageradas são atitudes mascaradas de amor que os líderes utilizam para justificar o excesso de zelo e preocupações com a igreja; ignorando que é preocupações próprias e imaturas, o que acabam por gerar um jugo sobre a igreja. (Mt 23.1-5).

Os “líderes” costumam dizer que são representantes de Deus na terra, para mantê-los sob seu controle e satisfazer seus próprios anseios.

O “ministro” sem misericórdia se torna um ditador, se assenta em um trono como se fosse um rei e sua palavra é a única fonte de verdade. Mas, o verdadeiro ministro se conhece pelos frutos do Espírito (Gl 5.21-22).

II.     O VERDADEIRO MINISTRO SE COMPADECE DOS PECADORES

O ministro deve ter simpatia, ou seja, capacidade para compartilhar as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuram e, ao mesmo tempo, ter capacidade para se colocar no lugar do outro. Só quem tem essas qualidades pode ser um intercessor.

Duas qualificações são necessárias para um verdadeiro ministro.
1.      O ministro deve ser compassivo, manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado involuntário e por franqueza.
2.      Deve ser designado por Deus. Cristo cumpriu esses requisitos e nós ministros devemos ser seus imitadores.

O verdadeiro pastor é aquele que aprendeu com o mestre nos seus ensinos a buscar a ovelha perdida, curar a machucada, e cuidar das fortes. O ministério de um pastor é fazer aliança e não divisão e contenda.

Existem dois padrões de perfeição: o humano e o divino. Ou seja, enquanto tantas vezes somos implacáveis com as pessoas que falham conosco, Deus é paciente e longânimo; enquanto colocamos condições para amar, o amor de Deus é simplesmente incondicional. Deus nos ama por aquilo que somos e não por aquilo que fazemos.

Um dos maiores equívoco do fariseu, é que ele faz o que não tem que fazer e com isto acaba deixando de fazer o que realmente deveria, ou seja, na luta para ser aceito e amado ele deixa de amar. Cumpre todas as regras e se esquece do mandamento que resume toda a lei moral de Deus.

Este duplo erro é conseqüência de um forte bloqueio na sua compreensão acerca da graça divina. Precisamos cada vez mais entender a importância de recebermos o que Deus nos concede gratuitamente. É preciso quebrar esta mentalidade que nos foi introduzida pelas religiões onde temos que merecer o amor de Deus.

Não devemos confundir resultados com frutos. Um dos problemas dos fariseus é exigir resultados sem ter fruto do Espírito. Na verdade, espiritualmente falando, não adianta forçar resultados exteriores se o caráter não for trabalhado.

Pr. Elias Ribas
Igreja Assembléia de Deus
Blumenau - SC

segunda-feira, 30 de julho de 2012

OS FARISEUS ESTABELECEM A SUA PRÓPRIA JUSTIÇA




“Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles são para que sejam salvos. Por que lhes dou testemunho de que tem zelo de Deus, mas não com entendimento. Por quanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para a justiça para todo aquele que crê” (Rm 10.1-4).

A palavra justiça na Bíblia tem um sentido mais amplo do que é usado nos códigos dos magistrados. Há uma diferença profunda entre o significado da palavra justiça na interpretação humana e sob o ponto de vista humano (Rm 1.17). A justiça divina não é apenas um sentimento passageiro e falho, é um atributo essencial e infinito, através do quais os atos de Deus personificam a equidade, tornando-se assim modelo para que sua justiça seja a lei do Universo.

Este termo “estabelecera própria justiça”, também pode ser interpretado no original como “causar a permanência como um monumento”, não para a glória de Deus, mas para a sua própria.

A justiça própria é uma armadura que enclausura o crente fariseu. Arrancar esta armadura é algo doloroso. Dificilmente ele admite estar errado. Freqüentemente age de forma inquestionável. Se existe uma falha com certeza está nos outro, não nele. Isto glorifica o orgulho humano, trazendo um sentimento carnal de realização, que por sua vez, vem acompanhado de um espírito de engano.

Inflexível, ele se coloca como dono da razão. Seu referencia de justiça está corrompido pela soberba e presunção. O grande drama do fariseu de hoje é acreditar que está praticando a justiça, quando na verdade está agindo contrariamente a ela, com a incoerência cega, coando um mosquito e engolindo um camelo, limpado o exterior do copo, mas deixando o interior sujo.

A justiça própria anda de mãos dadas com a soberba, o que dificulta muito a tarefa do Espírito Santo em revelar a justiça divina. Como o profeta Obadias testifica: “A soberba do teu coração te enganou” (Ob 1.3).

Desta forma, o crente fariseu é sempre um candidato ao ressentimento contra Deus. Não consegue entender o juízo de Deus na sua vida. Cada vez que Deus o resiste com o objetivo de abrir os olhos para a real situação espiritual, ele só consegue raciocinar dentro da possibilidade do próprio Deus estar sendo injusto com ele. Torna-se uma pessoa facilmente seduzida pelas mentiras de Satanás.

Paulo afirma esta verdade aos fariseus que tinham “zelo” de Deus, mas sem entendimento, em razão de que ignorando a justiça de Deus baseada na fé em Cristo e não nos preceitos da lei e nas doutrinas de homens, estabeleciam a sua própria justiça oriunda da lei e, deste modo, demonstravam um zelo diferente do zelo de Deus e tropeçavam na pedra de tropeço.

Paulo ainda suplicava a Deus por eles para que fossem salvos. Isto mostra que o zelo dos judaizantes não dava o direito de serem salvos. Dá-se o mesmo com certos irmãos que, de certo modo, demonstram zelo por Deus, porém desprezam, ao mesmo tempo, a justiça de Deus manifestada na lei e, lamentavelmente, ficam separados de Cristo.

“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaíste. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” (Gl 5.4-5).

Paulo afirma que a nossa garantia é o Espírito que nos apresentará perante Deus perfeitos na justiça de Cristo; não na observância da lei mosaica, ou nas tradições dos homens.

Muitos ministros têm excesso de zelo, mas sem entendimento. Moisés matou um egípcio por causa do seu zelo sem entendimento. Poderia estar bem intencionado, defendeu o seu irmão dos maus tratos egípcios. Mas, desconhecendo a justiça de Deus aplicou a sua própria justiça. Ainda hoje existem muitos que não conhecem a justiça e a misericórdia do Senhor, e colocam suas próprias justiças e idéias para julgar a obra do Senhor.

Na igreja de Gálatas o zelo dos fariseus estava além da Palavra. “Eles têm zelo por vós, não como convêm; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles. É bom ter zelo, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco” (Gl 4.17, 18).

Os falsos mestres afirmavam serem autoridades em assuntos de religião e especialistas em judaísmo e cristianismo. Apelando para a vontade dos crentes de fazer o que achavam direito, conseguiram reunir muitos seguidores. Entretanto, Paulo disse que estavam errados e que seus motivos eram egoístas. Muitas vezes, os falsos mestres podem ser respeitáveis e persuasivos. É por essa razão que todo o ensino deve ser conferido com a Bíblia.

Paulo era sabedor que os falsos irmãos tinham um zelo cego como não convêm, isto é, certas normas de ensino, leis e proibições que estavam fora do Evangelho. Os falsos mestres queriam Paulo ficasse longe e separados da igreja. “O que eles querem é separar vocês de mim...” (Gl 4.17 - NTLH).

O zelo sem entendimento é quando o líder impõe um rigor inadequado em relação à disciplina. Um zelo exagerado, prejudicial e sem entendimento. Na verdade, o estilo de suas mensagens é tônica de doutrinas humanas.

O que falta para os nossos lideres espirituais é o entendimento entre o bem o mal, o entre o santo e o profano, entre o justo e perverso.

“Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não serve” (Ml 3.18).

Naquele dia Deus irá revelar perante o mundo a diferença entre o justo e o perverso, ao que serve a Deus e o que não serve. E você como distingue está diferença?

Pelas roupas? Pelos cabelos? Ou pelos sapatos?  Eu creio que não. Se fosse assim todos os que usam paletó e gravata no Distrito Federal seriam santo. Mas qual a diferença entre “o justo e o perverso”.

O Justo inclina-se para as coisas do Espírito, mas o perverso inclina-se para as coisas da carne. A diferença não está no seu manequim, mas nos seus atos de justiças, honestidade, fidelidade, temor, amor, santidade que é a separação do pecado é isto que faz a diferença. “Pelos seus frutos os conhecereis...” (Mt 7.16). O fruto do perverso é carnal: a imoralidade, o engano, a mentira, a corrupção, a heresia, etc. (Gl 5.19-21).

Certa vez Jesus tendo fome foi procurar frutos em uma figueira e não encontrando se não folhas e disse: “Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente” (Mt 21-18-19). A figueira representa o homem que foi criado para dar fruto e fruto bom. Deus quer encontrar frutos e não apenas folhas. As folhas apenas embelezam a árvore, e Deus não quer ver apenas a beleza exterior Ele quer encontrar fruto.

Este foi um dos ensinamentos de Paulo. Podemos facilmente compreender o porquê disso quando consideramos o fato de que ele passou a primeira metade da sua vida procurando justificar-se pelos seus próprios esforços. Segundo os padrões humanos, ele era inculpável (Fl 3.6), mas pelos padrões divinos ele era o principal dos pecadores (1ª Tm 1.16). Quando Paulo finalmente achou a Cristo, desistiu de seus esforços pessoais para justificar a si mesmo, reconhecendo ser isso futilmente total. Invés disto, ele aceitou com alívio a verdadeira justificação que tem lugar somente através da fé em Cristo (Fl 3.9).

O que seria necessário para satisfazer a justiça de Deus? Desde que o salário do pecado é a morte, só um sacrifício perfeito poderia satisfazer as prerrogativas da redenção humana. Este foi o valor de nossa fiança. Alguém que em tudo foi tentado, porém sem pecado, substituindo os pecadores. Só um justo poderia ser um justificador. Da nossa sentença: a morte da morte.

Jesus, o próprio Filho de Deus, pagou o preço da nossa fiança, nos resgatando da condenação que merecíamos. Desta forma, Ele é a nossa justiça e o caminho vivo para o céu.

O zelo pelas leis nem sempre produz homens segundo o coração de Deus. Quero dizer a você que Deus está insatisfeito, triste com este tipo de ministro que só pregam esquisitice. Quero vos dizer que este tipo de ministro até pode falar em línguas estranhas e profetizar, mas não vai entrar no Reino de Deus, pois Jesus mesmo diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nuca vos conheci: apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.21-23).

A justiça para os fariseus de hoje é pelo vestir e não pelo caráter. Quantas vezes são excluídas pessoas da igreja quando não se ajustam direitinho aos padrões propostos pelas tradições? Quantos crentes e servos verdadeiros são maltratados pelos lobos quando não aceitam suas loucuras?

Zelar não é julgar, muito menos condenar. Os judeus estavam escravizados por inúmeras tradições que eles próprios inventaram. Jesus lhes falava da forma como entendiam. Como ser humano estava sob a lei deles, pois viera para cumpri-la. Os fariseus julgavam o próximo sem amor e misericórdia era uma classe de pessoas que se acham super santos.

“Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc 18.9-14 RA).

O fariseu era justo aos seus próprios olhos. A pessoa que pensa ser justa por causa dos seus esforços não tem consciência da sua própria natureza pecaminosa, da sua indignidade e da sua permanente necessidade da ajuda, misericordiosa e graça de Deus. Por causa dos seus destacados atos de compaixão e da sua bondade exterior, tal pessoa acha que não precisa da graça de Deus. O publicano, por outro lado, estava profundamente consciente do seu pecado e culpa e, verdadeiramente arrependido, voltou-se do pecado para Deus, suplicando perdão e misericórdia. Tipificava o verdadeiro filho de Deus.

Nem toda oração é verdadeira. Não podemos nos impressionar pela espiritualidade de alguns que nos moldes de sua tradição se acham mais santos que os outros. Uma religião baseada em sistema de méritos leva ao orgulho religioso. Saiba que muitos que esperavam a aprovação divina receberão a censura de Jesus.

O julgamento vem da imaturidade espiritual. Pessoas maduras preferem orar, discernir, amar e aconselhar, e se necessário, repreender. Mas nunca de forma crítica com um espírito destrutivo. E também nunca publicamente com o propósito de envergonhar e punir.

Crentes imaturos têm zelo, mas sem sabedoria. Usam fogo e barulho para ferir, mais do que ajudar a causa de Cristo (conforme Lucas 9.52-55), Tiago e João queriam punir, mas punir não é o seu trabalho. Esse mesmo João escreve a primeira carta, que teologicamente considera-se a carta do amor, isso quer dizer que ele aprendeu a lição sobre misericórdia quero e não sacrifício.

Quando julgamos estamos assumindo o lugar de Deus, e quando condenamos, assumimos o lugar do diabo. Mas quando amamos a ponto de aconselhar e corrigir assumimos o lugar de filhos de Deus.

Mas só podemos corrigir se estivermos vivendo uma vida no Espírito. Corrigindo com mansidão e cuidando para que nós mesmos não venhamos cair nos mesmos erros em que tentamos corrigir os outros (Gl 6.1).

O objetivo de Deus é: Regenerar; Restaurar; Restituir. Não confunda zelo verdadeiro com Espírito de contenda. (2ª Timóteo 2.14, 24-26; Tito 3.9-11; Efésios 4.29).

Se quisermos crescer em Cristo temos que avaliar nosso falar cuidadosamente. Não adianta jogar conversa fora, coisas que só produzem calor, mas nenhuma luz.

Isso corrói como câncer (2ª Tm 2.16-17). Antigamente, quando uma pessoa contraia um câncer, não tinha anestesia para operá-la, então se embebedava o paciente e depois se cortava o membro infectado.

Precisamos nos embebedar com o Espírito Santo, para que esse mau saia das nossas vidas.

Uma disputa verbal produz um espírito de contenda que acabará espalhando-se pelo corpo de Cristo produzindo uma infecção como um câncer.

Mas vamos embebedar o paciente e cortar fora este membro. Propague o reino dos céus, ele é puro, é santo, não tem infecção e nem imperfeição.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus


quarta-feira, 18 de julho de 2012

COMO IDENTIFICAR UM FARISEU


I.        SÃO FRACOS NA FÉ


Os cristãos em Roma tinham dificuldades de distinguir o certo do errado, então Paulo os escreve dizendo:

“Acolhei ao servo que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. 2 Um crê que tudo pode comer, mas o débil come legumes. 3 Quem come não despreze o que come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus acolheu. 4 Quem és tu que julgas o servo alheio? 5 Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. 6 Que distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come porque a Deus, porque dá graça a Deus; e quem não come e dá graças a Deus. 10 Tu, porém, porque julgas teu irmão? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. 15 Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu” (Rm 14.1-6, 10, 15, 20).

Uma das características marcantes do ensino de Paulo é que ele sempre relaciona doutrina e dever, fé e conduta. No texto decorrente ele não apresenta aos seus leitores uma ética pessoal ou individual, mas estabelecer uma nova comunidade que Cristo estabeleceu com Sua morte e ressurreição.

Paulo acreditava que estes irmãos poderiam ser ascetas, irmão que teriam vindo do paganismo. Tal ascetismo poderia explicar a razão por que os fracos se abstinham da carne. Outra possibilidade é que os fracos seriam os legalistas, irmãos judeus (essênios), convertidos ao cristianismo.

Certos crentes de Roma estavam divididos entre si, no tocante a uma questão importante: alguns estavam resolvidos a comer somente legumes, ao passo que outros comiam, além de legumes, todos os demais alimentos, inclusive carne. Em função disto, Paulo dirige-se a ambos com palavras sábias e precisas a respeito de um assunto que os dividia – a ingestão de certos alimentos tidos como imundos. Paulo declara que o ato de comer, em si, não é problema moral, mas a nossa atitude pessoal sobre o que se come, pode levar ao injusto julgamento de uns com os outros.

[...] Segundo o professor Dunn, as tensões em Roma aconteciam “entre aqueles que se consideravam parte de um movimento essencialmente judaico – e conseqüentemente, viam-se obrigados a observar os costumes característicos e distintivos a um judeu – e aqueles que compartilhavam a compreensão de Paulo sobre um evangelho que transcendia a particularidade judaica”. Outra marca era observância do sábado. Assim o comer alimentos impuros e o violar o sábado encontrava-se no mesmo nível como as duas grandes marcas que denotavam a deslealdade com à aliança. Portanto conclui James Dunn, caracterizar Romanos 14-15 como “uma discução de ‘coisas não-essenciais’.... é perder a centralidade e a natureza crucial da questão da auto-compreensão do cristianismo primitivo” [STOTT. P 432].

Um ponto interessante a ser destacado, no texto em estudo, é a diferença entre vários tipos de crentes na igreja em Roma. Isto significa que há, entre os filhos de Deus, diferentes níveis de conhecimento e de fé. Há os crentes meninos, os maduros, os carnais, os espirituais, os fracos, os fortes etc (Ef 4.14; 1ª Co 3.11; 1ª Co 8.11).

A igreja de Roma enfrentava um conflito entre os cristãos fracos e os fortes (1ª Co 8.7). Os fortes são os que conhecem a Palavra de Deus; os fracos ainda não alcançaram o verdadeiro entendimento das coisas espirituais.

Um crê que pode comer de tudo, pois a liberdade que Cristo lhe proporciona libertou-o de escrúpulos desnecessário com relação á comida; já outro, cuja fé é fraca, come apenas legumes. Isso acontece com certeza, não por ele ser vegetariano por princípios ou questões de saúde, mas porque o único jeito de provar ou garantir que ele nunca come carne impura segundo os ensinamentos que recebera da lei.

Como é que esses cristãos devem considerar um ao outro? Aquele que come de tudo (forte) não deve desprezar o que não come (que, em face de seus escrúpulos, é fraco), e aquele que não come de tudo (o fraco) não deve condenar aquele que come (que é forte em virtude de sua libertação).

Um dos problemas nas igrejas de hoje é: “os crentes fortes não suportam os fracos porque estão errados, e os fracos não suportam os fortes por que acham estar certos”.
É importante esclarecer que a “fraqueza” que Paulo refere não é uma franqueza de vontade de caráter, mas de fé; “débil na fé”, em outra tradução diz “fracos na fé”. Paulo procura mostrar que na igreja existem crentes fortes e crentes fracos.

São crentes vulneráveis, sensíveis, cheio de indecisões e escrúpulos. O que farta ao fraco não é força de vontade, mas liberdade de consciência.

A expressão “fraco na fé”, segundo Paulo, “atesta a falta ou incapacidade de compreender o princípio fundamental da fé e da justificação”, ou seja, a imaturidade. Os fracos na fé consideravam a observância e as abstenções de alimentos e boas obras, seriam necessárias para a salvação. Mas na carta aos Gálatas (1.8-9) Paulo emite um anátema solene contra qualquer um que ouse distorcer dessa forma o evangelho da graça.

Alguns achavam que comer carne era pecado, outros não. No tocante ao que comemos não irá afetar a nossa salvação. Paulo procura mostrar aos romanos que existem irmãos que são débeis na fé, porque ainda não receberam um alimento sólido.

Os reformadores do século XVI chamaram essas coisas de adiaphora, “questões de indiferença”, quer se tratasse de costumes e cerimônias, crenças secundárias que não faziam parte do evangelho ou do credo cristão.

A santidade não é algo visível, mas depende em primeiro lugar da conduta e mudança interior. Não se pode avaliar um irmão pela comida ou pelo vestuário.

[...] Não temos, hoje em dia, a mesma necessidade de discernimento. Não devemos exaltar as coisas não essenciais, essencialmente questões de costumes e rituais, ao nível do essencial, fazendo delas testes de ortodoxia e condição para a comunhão. Tampouco podemos subestimar questões teológicas ou morais fundamentais como se elas não importassem ou fossem apenas culturais. Paulo fazia distinção clara entre essas coisas; e nós deveríamos fazer o mesmo [STOTT. P 433].

Quando o homem aceita a Cristo, sente imediatamente a necessidade de crescer no conhecimento da fé que abraçou e de desenvolver-se na salvação conforme nos ordena a Bíblia (Hb 5.11-14). Muitos infelizmente negligenciam a busca pelo crescimento espiritual. E a falta de conhecimento suscita uma infinidade de barreiras que acabam por comprometer o seu crescimento espiritual. O problema crucial é quando estas pessoas conseguem um lugar de destaque na igreja.

O cristão deve agir de acordo com sua própria consciência, que deve estar alinhada com a Palavra e iluminada pelo Espírito Santo.

Paulo não está tentando dissimular ou disfarçar aquilo que esses irmão e irmãs são. Eles são fracos na fé, imaturos, incultos e até equivocados. Mas nem por isso devemos ignorá-los, mas ensiná-los com um alimento sólido para que tenham um amadurecimento na fé. Implica o calor e a bondade que marcam o verdadeiro amor. Aquele que recebe alimentação sólida irá crescer e abandonar as tradições seculares.

“Não, porém, para discutir opiniões”. Convém refletirmos o princípio da aceitação sem discutir assuntos controvertidos. No original “diakriseis” pode significar discussões, debates, discórdia ou julgamento; já “dialogismoi” pode referir-se a opiniões, escrúpulos ou conflitos íntimos e ansiosos da consciência.

Paulo chega a deixar transparecer certo sarcasmo quando justapões: “Não destrua o reino de Deus por causa da comida: “Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura. O Reino de Deus não é comida e nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Não destrua a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo” (Rm 14.14, 17, 20).

Para Paulo, nada (que não seja colocado na Palavra como pecado) é imundo em si mesmo (cf Mc 7.14-23; Tt 1.15).

A discussão na igreja de Roma nos dias de Paulo era entre os irmãos que ainda estavam apegados na lei de Moisés. Todavia, nos dias de hoje ainda existem igrejas que se apegam as tradições judaicas como doutrina. São “líderes espirituais” que seu estilo ascético de conduzir a igreja demonstra a falta de humildade e, uma falsa sabedoria que por sua vez provoca discórdias no meio da igreja, destruindo assim o reino de Deus.

Paulo diz que a fé vem pela pregação da Palavra ( Rm 10.17) e sem fé é impossível agradar a Deus. A Palavra acrescenta a nossa fé. É por isto que Paulo escreve aos romanos dizendo: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rm 14.22).

Tudo que você comer, beber ou vestir, vem de Deus e devemos fazer com ações de graça e para engrandecer Sua glória: “Portanto, quer, comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a Glória de Deus” (1ª Co 10.31).

O que o apóstolo desejava, em outras palavras, é que os cristãos romanos não julgassem uns aos outros por causa dessas coisas, mas se aceitassem mutuamente conforme Cristo ensinara. Cristo nos aceita do modo que somos. Paulo ensina que judeus e gentios devem amar uns aos outros, como também Cristo nos amou (Rm 15.7).

Somos imperfeitos. Se desejarmos, de fato, crescer e alcançar a perfeição exigida pela Palavra de Deus devemos acrescentar diariamente á nossa fé a virtude, e á virtude o conhecimento (2ª Pe 1.5).

Ora, se ainda não chegamos á estatura de varões perfeitos, como poderemos julgar nossos irmãos por causa de coisas insignificantes como acontecia os crentes romanos?

Somos membros de uma família. Como filhos de Deus, devemos cuidar uns dos outros e nos amarmos com amor que nos concede o Pai (1ª Jo 3.1). A Bíblia nos ensina que somos um só corpo: o corpo de Cristo (1ª Co 12.27) que está sendo edificado (Ef 4.12-15). Portanto acima de nossos direitos e desejos está o bem comum, o cuidado dos outros e o crescimento da Igreja do Senhor.

II.     FALSOS ENSINOS COM RESPEITO AOS ALIMENTOS



“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que tem cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado. Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido” (1ª Tm 4.1-6).

O verdadeiro cristão dá ênfase às doutrinas de Deus e não as coisas secundárias, com respeito alimentação e vestiário, pois muitas vezes traz mais divisão do que edificação.

“Não vos deixe envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam” (Hb 13.9).

Na carta de Tito, porém ele diz: “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes, o seu entendimento e consciência estão contaminados” (Tt 1.10-15).

O cristão idôneo sabe que tudo foi Deus quem o criou. Sendo Deus o Criador, tudo é puro e perfeito desde que comemos com moderação.

“Porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada. Propondo estas coisas aos irmãos, será bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade” (1ª Tm 4.4-7. RC).

Realmente os grupos não eram homogêneos; havia certa sobreposição. Somos todos irmãos, e não juízes. Isto não significa, porém, que não podemos julgar as questões surgidas entre nós. Este julgamento, no entanto, tem de ser conduzido conforme o recomendado por: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” (Jo 7.24). Aliás, escreve o apóstolo aos Coríntios que os santos hão de julgar os anjos (1ª Co 6.3). Mas que todo julgamento neste mundo deve ser segundo a reta justiça.

“Todos compareceremos perante o tribunal de Deus (Rm 14.10). Portanto, já que Deus é o Juiz e nós estamos entre os julgados, deixemos de julgar uns aos outros, pois assim evitaremos extrema insensatez de tentar usurpar a prerrogativa de Deus e antecipar o dia do juízo.

O objetivo maior de todo o crente deve ser o crescimento do Reino de Deus e a edificação da Igreja. Tudo o que o cristão vier a ser, ou a fazer, deve objetivar o desenvolvimento do corpo de Cristo, nunca para o seu prejuízo. Toda sua conduta deve ser guiada pelo amor aos demais irmãos.

III.  FALSOS IRMÃOS

“E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão” (Gl 2.4; outra ref. 2ª Co 11.26).

Paulo chama os tais pregadores de falsos irmãos, pois estavam se intrometendo no meio da igreja para tirar a liberdade daqueles que tinham recebido a Cristo segundo a verdade, para uma vida de servidão humana, isto é, colocar um jugo severo sobre os seus seguidores.

Eram falsos, porque estavam dissolvendo o evangelho da graça num outro evangelho (Gl 1.6). Um evangelho de mistura com as crenças e ritos judaicos.

“Espreitar a nossa liberdade” significa: espionar, observar, indagar, espiar. Paulo aqui refere--se aos fariseus que estavam observando e espionando a vida dos outros, por exemplo: o que você come e o que você veste. Esquece que Jesus mandou primeiro tirar a trave do seu olho e deixar o argueiro do irmão (Mt 7.3). Existem certos crentes que estão sempre espionando os outros para acusarem.

IV.  SÃO INSENSATOS


“Ò insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes á verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? 2. Só queria saber isto de vós: Recebeste o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3. Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne? 4. Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. 5. Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 10. Todos aqueles, pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.1-5, 10).

Para os judaizantes convertidos em Roma, Paulo os chamou de fracos na fé, mas os judaizantes da Galáxia ele chama de falsos irmãos e insensatos (loucos).

O apóstolo Paulo ficou perplexo com a rapidez com que os crentes gálatas haviam se desviado da fé. Eram filhos da fé de Paulo, foram evangelizados e doutrinados pelo apóstolo. Tão depressa se desviaram para seguir a estranhos, e o pior, um evangelho contraditório.

Paulo começa a defesa de seu evangelho relembrando aos gálatas de que sua vida cristã, que teve início com Cristo crucificado e foi certificada pelo Espírito Santo, estava completamente separada da lei. Eles seriam tolos de abandonar o caminho de Deus e tentar alcançar a perfeição por seus próprios esforços.

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo: “Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente”? Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

“Quem vos fascinou” (v.1). O verbo no original para “fascinar” é baskaino, e só aparece em todo Novo Testamento nesta passagem. Na literatura grega clássica da época tem o sentido de “enfeitiçar”. Os gálatas receberam o Espírito Santo quando creram na mensagem que Paulo pregou, e não pelas obras da lei. Era uma experiência extraordinária do poder transformador de Deus na vida deles. Como agora podiam trocar essa experiência verdadeira cristã por um evangelho espúrio e contrário ao que o apóstolo pregou? Estava agora estupefato com a insensatez (loucura) dos gálatas. Não podia crer que essa gente pudesse ser iludida, como se fosse mentira (Jo 8.44).

Os fariseus são como feiticeiros do mal, desviando os olhos de suas vítimas da cruz para a lei. Entretanto, os gálatas não têm desculpa, pois Paulo lhes deixou bem claro o significado da cruz. Os judeus consideravam Abraão como seu pai e fonte de suas bênçãos espirituais. Eles acreditavam que a simples ascendência física de Abraão os tornava justos. Paulo mostra que Abraão agradou a Deus pela fé e não por realizar obras da lei, uma vez que a lei não existia na época de Abraão. Ele também insiste que os verdadeiros filhos de Abraão, e herdeiros da bênção prometida, são aqueles que vivem pelo princípio da fé. Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11), e da lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a lei mal diz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir.

O legalismo está fundamentado no uso inadequado da lei. Quando abraçamos o legalismo, abrimos a porta para a feitiçaria entrar nas nossas vidas. O legalismo libera uma feitiçaria, um fascínio demoníaco que se manifesta através da manipulação, da dominação e da intimidação, que roubam nossa sensibilidade e bom senso em relação ao Evangelho.

Ao invés de desenvolver uma comunhão entre os irmãos, o legalismo faz com que os líderes ajam com extrema severidade e sem misericórdia. Na igreja a pessoa legalista se irrita por questões insignificantes e amorais, fazendo com que a igreja se distraia do seu real propósito, e assim por diante.

Qual é o fruto do legalismo? Morte. Por isso, produzir fruto é uma questão de relacionamento e não esforço. Na verdade, o farisaísmo destrói o relacionamento e a unidade do corpo.

“Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.8-11).

Paulo adverte aos cristãos da Galácia que estavam deixando o evangelho retornando os rudimentos pobres e fracos da lei. Ele declara que: voltar ao legalismo não seria melhor que voltar para a adoração pagã? Deus condena os pagãos como também condenou os fariseus seguidores da lei.

Nenhum crente é salvo por mérito ou porque praticou alguma boa obra ou porque observou algum principio da lei, ou porque segue as tradições humanas de seus líderes. Todos os crentes em Jesus foram justificados, isto é, aceito por Deus, mediante a fé em Jesus (Tt 3.5).

Paulo os chama de “insensatos”, mas no Versículo 10 de “malditos”. Paulo passa a mostrar à luz das Escrituras Sagradas, usadas pelos judaizantes, a maldição dos legalistas. Maldição é o contrário de benção. Todos aqueles, pois que são das obras da lei no verso dez, mostra que a maldição não se restringe apenas aos judaizantes. O Espírito Santo está mostrando que esta maldição é extensiva a todos os que procuram se justificar pelas obras da lei, ou aqueles que usam as tradições obrigatórias e primárias as Escrituras.

“E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora a lei não é fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Gl 3.11-12).

O apóstolo apresenta outra realidade que os gálatas deviam conhecer e com ela podiam repudiar os judaizantes. As duas passagens do Antigo Testamento; “O justo viverá da fé” (Hb 2.4), e “o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Lv 18.5), no vv. 11 e 12, mostram a superioridade do evangelho.

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

V.     SUBMETEM O POVO AOS SEUS COSTUMES

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou pelos dias de festas, ou lua nova, ou sábado” (Cl 2.16).

[...] As duas primeiras palavras provavelmente se referem às regras judaicas sobre alimentação do Antigo Testamento, que os colossenses eram pressionados a observar como necessidade para a salvação pelos falsos mestres. E, ainda hoje, existem ministros que se intrometem na alimentação dos irmãos outros usam o sábado, usos e costumes como meio de salvação. São ministros débeis na fé, por falta de maturidade, instrução e conhecimento da Palavra de Deus.

Os falsos mestres, a quem o apóstolo se refere, estavam envolvidos com o legalismo judaico: circuncisão (Cl 2.11), preceitos dietéticos e guardas de dias (Cl 2.16). Há também várias referencias ao gnosticismo (Cl 2.18-23).

O verbo grego paralogizomai, que quer dizer “enganar, seduzir com raciocínios capciosos”, descreve com precisão a perícia dos falsos mestres na exposição de suas heresias. O nosso cuidado deve ser continuo para não nos tornarmos presas desses doutores do engano.

A guarda de dias de festas sagradas, ao lado dos sacrifícios requeridos na lei mosaica foram, com justiça, observados antes da vinda de Cristo. Eram parte do culto e dos sacrifícios na Antiga Aliança, como “sombra das coisas celestiais” (Cl 2.17; Hb 8.5), ou “uma alegoria para o tempo presente” (Hb 9.9), ou ainda “a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas (Hb 10.1), isto é, realidade prefigurada por eles, temo-la em Cristo. Tendo a Cristo, temos tudo o que carecemos. O cristão não precisa, pois, ficar preso a tais ordenanças, que eram sombra, ou tipos de Cristo, o antítipo, ou a realidade trazida à história. A vida do crente em Cristo é liberta de qualquer calendário escravizante, inclusive da guarda dos sábados, que era um concerto especial de Jeová com seu povo (Êx 31.13; Dt 5.12; Ez 20.12). Os cristãos guardam o domingo apenas como dia de descanso semanal. Nesse dia, o primeiro da semana, O Senhor Jesus (que é também o “Senhor do sábado”, Lc 6.5) ressuscitou (Mc 16.1-8). Os cristão primitivos conheciam esse dia como “o dia do Senhor” (Ap 1.10). A própria palavra “domingo” significa “dia do Senhor” [RENOVATO. Lições bíblicas – 3º Trimestre 2004].

1. Cristo é o árbitro do nosso coração. Paulo ao escrever sua carta aos romanos diz que somos justificados mediante a fé e temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1). Quando você é salvo lavado no sangue e justificado, passa a estar em paz com Deus. A paz de Deus provém de caminhar em obediência à vontade de Deus, pois Ele é o nosso arbitro: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sedes agradecidos” (Cl 3.15). “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fl 4.7).

É o Espírito Santo que é o nosso árbitro, pois é Ele quem fala em nossos corações. Nem Jesus como homem julgou a humanidade, mas disse: “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12.47-48).

2. . Palavra é o Seu Árbitro: Guardar é a palavra chave e significa: “Agir como árbitro”. A paz de Deus que excede todo entendimento agirá como árbitro.

A finalidade do árbitro é a de declarar as condições do jogo. Assim sendo, a paz de Deus deve agir como árbitro para dizer-nos se estamos certos ou errados. Quando a paz de Deus o deixa, é hora de parar e examinar a situação. Sabemos que é parte da promessa de Deus de guiar-nos continuamente, Ele nos dá a orientação para manter-nos na direção certa em nossa caminhada Cristã. Falamos de termos uma convicção interior do que Deus quer que façamos; da necessidade desta convicção estar em linha com as Escrituras; da confirmação profética para dar-nos direção; sabedoria dos conselhos de pessoas devotadas a Deus; de circunstâncias confirmadoras; do árbitro da paz de Deus; e finalmente, da provisão de Deus.

3. Intrometem-se, julgam e policiam a vida dos outros. “Portanto, por que é que você, que só come verduras e legumes, condena o seu irmão? E, você, que come de tudo, por que despreza o seu irmão? Pois todos nós estaremos diante de Deus para sermos julgados por ele” (Rm 13.10 – NTLH).

Não temos o direito de julgar os outros e condená-los, por um código humano. Todo o julgamento compete ao Senhor. Por isso Paulo diz: “Cada um dará conta de si mesmo” (Rm 14.12, 13), ou seja, iremos um dia comparecer diante do Tribunal de Deus. Deus constitui ministros para pregar o Evangelho, e não para serem “donos” do Evangelho. O verdadeiro ministro é um servo da Igreja de Cristo e não o dono da Igreja.

A religião farisaica dos tempos de Jesus usava o critério do julgamento humano, e Jesus é claro ao dizer para os fariseus:

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?” (Mt 7.1, 4).

“Não julgueis”. A palavra utilizada no original grego é Krino, e o significado, juiz. No texto original, a forma usada indica que Seus ouvintes precisavam parar de julgar. Para nos darmos bem com os outros, precisamos parar de julgar. (v. 1a).

Os escribas e os fariseus seguiam Jesus por onde quer que Ele fosse na tentativa de achar alguma falha para acusá-Lo (Lucas 6.1–7). Por esta razão Jesus traz este assunto sobre o julgamento.

Sendo assim, no Sermão do Monte, Jesus fez muitas referências a eles, direta e indiretamente. Em Mateus 5.20, Ele disse: “… se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”. Jesus ensina a Seus discípulos, que a justiça dos fariseus estava baseada em religiosidade e não em atos de fé e de amor. Na última parte do capítulo 5, Cristo contrastou o Seu ensino com as tradições relativas à lei; essas tradições foram perpetuadas pelos fariseus. Na primeira parte do capítulo 6, Jesus falou de hipócritas que tocavam trombetas quando davam esmolas, que oravam em praças públicas com repetições intermináveis, que queriam que todos soubessem quando jejuavam. Qualquer um teria identificado os fariseus nessas descrições de Jesus.

[...] Os escribas e fariseus eram culpados do tipo de julgamento que Jesus estava denunciando. Eles condenavam grandes segmentos da sociedade: os cobradores de impostos (Lucas 18.9–14), os samaritanos e os gentios. Além disso, eles se consideravam superiores a todos os demais. Olhavam com desprezo para os outros e tinham pouca compaixão dos outros. Se quisermos nos dar bem com os outros, nossa justiça terá de exceder a dos escribas e fariseus”. [Disponível: David Roperhttp://www.biblecourses.com/po_lessons/PO_200703_04.pdf – acesso dia 29/08/2009].

A palavra grega krinete, aqui traduzida como “julgar”, pode conter, tanto no grego como no português, uma extensa escala de significados, desde discernimento até condenação. O contexto aponta claramente para este último sentido. Nem o exercício de uma judiciosa discriminação (exigida claramente por Mateus 7.6, 15-20), nem a existência de tribunais de justiça está sendo proibidos. É um espírito condenatório sem misericórdia que Jesus rejeita. Isto é corroborado pelo material paralelo em Lucas, onde a advertência contra o julgar os outros é precedida pela positiva: “Sede misericordiosos, como também misericordioso é vosso Pai” (6.36). Nesta admoestação, Jesus volta ao tema do amor fraternal, que atingiu o clímax em Mateus 5.43-48. No relato de Lucas do Sermão, os dois trechos são imediatamente juntados (6.27-38). O ponto de nosso Senhor é que pessoas tão necessitadas de misericórdia não têm nenhum direito para ser tão sem misericórdia com os outros. Esta advertência é apenas a face oposta de sua promessa anterior, que aqueles que mostram misericórdia receberão misericórdia (Mt 5.7) e aqueles que perdoam serão perdoados (Mt 6.12). Aqueles que condenam outros sem compaixão ou intento redentor podem esperar o mesmo tratamento nas mãos de Deus. Quem ousa julgar aos outros, sofrerá a conseqüência dessa usurpação de poder, pois também virá a ser julgado pela mesma medida - e achado em falta.

Cristo não está abolindo a necessidade do exercício do discernimento e de fazermos avaliação dos pecados dos outros. O crente é ordenado a identificar aqueles que são falsos na Igreja (Mt 7.15) e avaliar o caráter de certas pessoas.

Não é proibido o uso de critérios sãos. O que não devemos é nos sentir “donos” da Igreja de Cristo e julgá-la pelos nossos costumes e regras. O cristão quando julga seu irmão está condenando a si mesmo. Quem somos nós seres humanos para julgar e condenar um irmão a nosso bel-prazer? A Palavra nos ensina que não devemos nem levar um irmão a juízo quanto mais julgar com critério rígido.

Nosso próprio acurado entendimento da justiça do reino não deverá produzir em nós um espírito de julgamento áspero e reprovador contra aqueles que estão tendo uma luta em servir a Cristo. Os homens precisam ser ajudados a ver a natureza da verdadeira justiça, mas não por um descuidado e convencido hipócrita que está mais preocupado com os pecados alheios do que com os próprios. Se o sermão for aplicado primeiro em casa, facilmente encontraremos a compaixão e a humildade para tratar dos pecados alheios (7.1-5).

O reino de Deus não é propagado por um cego fanatismo mais do que pelo exercício de uma árida crítica. O filho do reino está em busca daqueles cuja atitude torna-os maduros para receber as boas novas da redenção, e não de homens e mulheres cujo orgulho impossibilita-os de ouvir e entender (7.6).
E finalmente, o reino não é obtido por esforços heróicos e meritórias realizações, mas simplesmente por pedi-lo com seriedade. O reino é uma dádiva do amor de Deus (7.7-12).

4. Julgamento egoísta. “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?” (Mateus 7.3-5).

[...] Porque o tipo de julgamento em discussão é sem amor e egoísta, ele é freqüentemente acompanhado de hipocrisia. Por esta razão, Jesus pinta o quadro patético e humorístico de um homem tentando extrair um grão de areia do olho de outro, enquanto uma trave está saliente no seu. Espiritualmente falando, há uma grande quantidade destes cegos oculistas que estão muito preocupados em ver as faltas dos outros e estão esquecidos da enormidade das próprias. Afortunadamente, uma séria atenção com nossos próprios erros têm o efeito de nos equipar com humildade suficiente para tratar paciente e habilmente com os pecados alheios (Gl 6.1-3; Tt 3.2-3).

O ensinamento de Jesus contém muita repreensão (por exemplo, Mateus 23 e o texto presente), entretanto, nunca áspera ou severa. Como o próprio Senhor observou, “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.17). E esta é a chave. Não é a reprovação amorosa e que resgata que o Senhor rejeita aqui, mas os ataques sem amor que servem somente para alimentar o ego do “juiz”.

O evangelho da graça não pode ser pregado sem convencer os homens do pecado (Jo 16.8) e chamá-los a mudar o coração (Lu 24.47; At 2.38; 3.19; 17.30). Mesmo as almas do povo redimido de Deus não podem ser protegidas sem se admoestar os insubmissos (1ª Ts 5.14) e procurar converter “o pecador do seu caminho errado” (Tg 5.19-20). Mas tal correção é oferecida com amor que redime, não como o veículo do orgulho e da ira. A justiça do reino adverte, mas não ataca. Os cidadãos do reino de Deus, lutando com seus pecados e assediados por fraquezas, necessitam de um irmão e não de um “juiz”. Em todos os nossos tratos com outros, precisamos lembrar que não somos agentes do julgamento do Senhor, mas de sua salvação. A vingança pertence ao Senhor. Nossa tarefa é buscar e salvar o perdido.
[Dennis Allan. Não Julgueis para não ser julgado. http://www.estudosdabiblia.net/e2_4.htm - acesso dia 29/08/2009].

5. Condena a si mesmo. “Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condena Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas” (Romanos 2.1-11).

No capítulo dois de Romanos, Paulo confronta os moralistas judiciais, que condenam a si mesmo naquilo em que julgam. Estão sempre apontando um dedo para alguém.

O que são os juízes moralistas? Qualquer pessoa que filtre a graça de Deus através de sua opinião pessoal, ou que dilua a misericórdia de Deus em seu próprio preconceito, como o irmão do filho pródigo que não quis comparecer à festa (Lc 15.11-32), ou o trabalhador de dez horas frustrado porque apenas uma hora ganhou o mesmo salário (Mt 20.1-16). É o sensor obcecado em julgar a vida de seu irmão, e esquecido dos seus próprios erros.

Paulo vê, conseqüentemente, o judaísmo e o paganismo como uma só coisa. Sem a graça e a misericórdia de Deus estão todos perdidos.

Paulo explica nestes versículos, uma estranha fraqueza humana: a tendência que temos de criticar todo mundo, à exceção de nós mesmo.

Quem julga já está condenando a si próprio. Além do mais, Paulo argumenta, agindo dessa forma nós nos expomos ao juízo de Deus e acabamos ficando sem desculpa nem saída. Como podemos julgar se não somos Deus para conhecer o interior de alguém? Somente Deus tem o critério certo de julgar as pessoas. O homem não é aceito por Deus por guardar a lei exteriormente, mas pela renovação interior e a santificação, através do Espírito Santo.

Se você “acha que pode julgar os outros” (Rm 2.1), Paulo tem um duro lembrete a você. Não lhe cabe a função de segurar o martelo. “E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas” (v. 2).

“É indesculpável, imperdoável aquele que julga o seu irmão” (v. 1). Está condenando a si mesmo (v. 1). “E praticas as próprias coisas que condenas” (v. 1). Receberá maior Juízo (v.2-3). Despreza o fruto do amor (v.4). Tem um coração duro, e mau (v. 6). É faccioso e desobediente à Verdade (v. 8) São injustos (v. 8). Fazem acepção de pessoas (v. 11).

È importante ficar alerta em relação às pessoas que vivem enfatizando as falhas dos demais, porque estas falhas que eles denunciam são exatamente os problemas que eles mesmos estão lutando em suas vidas! Quando julgamos temerariamente aos outros, na verdade, revelamos o nosso próprio coração.

Enganamo-nos a nós mesmos quando, por orgulho e vaidade, julgamo-nos superiores ou mais capazes do que os demais. Em tudo que presenciamos colocamos defeitos e cremos que poderíamos fazer muito melhor. Mostramos contrariedade quando somos preteridos e não entendemos o porquê de outros serem escolhidos quando nós seríamos as pessoas indicadas para aquela função. Só conseguimos enxergar as nossas qualidades e os defeitos dos que estão ao nosso redor.

[...] Julgamos e condenamos outras pessoas (o que como seres humanos, não temos o mínimo direito de fazer), especialmente quando deixamos de condenar a nós mesmo. É isso que se chama de hipocrisia de duas medidas: um alto padrão para os outros e um comodamente baixo para nós [STOTT. P. 91].

Assim como queremos que Deus não nos condene, também não podemos condenar o irmão por qualquer coisa que ele tenha feito, por pior que tenha sido, a Deus cabe o julgamento, “porque Deus não faz distinção de pessoas” (Rm 2.11).

Deus conhece o coração do homem e sempre julga conforme sua justiça e amor. Ele não julga como nós julgamos ou entendemos. O nosso julgamento precisa ser transformado em acolhimento, amor, alegria e justiça. Nossos pensamentos não são os pensamentos do Senhor. Não queiramos olhar para Deus com parâmetros humanos.

Por causa do nosso julgamento, muitas vezes, estamos nos afastando de Deus e as pessoas de nós e de Deus. Porque se vermos uma pessoa diferente se aproximando e entrando na Igreja, temos logo um juízo temerário e a condenamos, atribuímos muitas vezes coisas que aquela pessoa nem é – como, por exemplo, prostituta, ladrão etc, sem realmente ter conhecimento de sua vida ou passado.

Julgamos que somos mais competentes do que Deus para escolher pessoas para determinadas funções. Não aceitamos o fato do Senhor ter Seus propósitos. Ele não olha para o que podemos fazer e sim para o que pode fazer através de nós. E, para qualquer serviço espiritual, mais vale a obediência e a humildade de aceitar a vontade de Deus do que a prepotência de alguém achar que pode fazer qualquer coisa segundo sua própria vontade. Não somos nada e nada podemos fazer se a graça do Senhor não estiver sobre nós.

Pr. Elias Ribas
Igreja Ev. Assembléia de Deus
Blumenau - SC