1ª João 2.18-29 “Filhinhos,
é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos
se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. 19-
Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco;
mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. 20 - E vós tendes
a unção do Santo, e sabeis todas as coisas. 21 - Não vos escrevi porque não
soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da
verdade. 22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É
o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. 23 - Qualquer que nega o
Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.
24 - Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós
permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no
Pai. 25 - E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 - Estas coisas
vos escrevi acerca dos que vos enganam. 27 - E a unção que vós recebestes dele,
fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua
unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos
ensinou, assim nele permanecereis. 28 - E agora, filhinhos, permanecei nele; para
que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos
por ele na sua vinda.”
INTRODUÇÃO
O apóstolo João escreveu esta epístola aos crentes por causa
da heresia gnóstica que os falsos mestres estavam disseminando no meio da
Igreja. Esta heresia negava a pessoa e a obra de Cristo.
João começou defendendo Jesus dizendo-se testemunha ocular
do que Ele fez e de quem Ele era (1.1-4). Falou sobre o engano do pecado (1.5-10).
Apontou Jesus como o único que pode nos livrar do pecado e da morte (2.1-2).
Depois começou a distinguir os verdadeiros crentes dos falsos crentes (2.1-17),
ou seja, os que são de Cristo e os quem não são.
Começa falando sobre os que não são. E ele diz que existe o
Anticristo e os anticristos.
Façamos uma análise de cada um deles separadamente.
I. O ANTICRISTO
1. Nomes que a Bíblia
lhe dá. Abominável da desolação (Mt 24.15), Homem da iniquidade (2ª Ts 2),
Besta (Ap 13), Anticristo (1ª Jo 2). Estes textos mostram que será um homem,
enviado por Satanás, para se opor a Deus e a seus servos, requerer louvor e
adoração para si, produzindo grande tribulação aos crentes. Ele já tem muitos
servos trabalhando para ele, preparando-lhe o caminho: são anticristos.
II. OS ANTICRISTOS E
SUAS CARACTERÍSTICAS
1. O prefixo “anti”
aqui significa “oposto” a Cristo. Mas não necessariamente uma oposição
aberta, pelo contrário, uma oposição velada. O Anticristo será um homem que se
coloca em status messiânico, se colocará no lugar de Cristo, como um salvador,
esta é uma forma de se opor a Cristo. Os anticristos que o precedem são todos
aqueles que se opõem à verdade, pregando o contrário de Cristo, distorcendo
suas palavras, mesmo estando no meio dos que se dizem cristãos. Todo aquele que
pega heresias é um anticristo (2.19; 2ª Jo 7).
2. Os anticristos. V.
18 - São muitos e anunciam que é a última hora. Os anticristos são
mencionados por João como os que precedem a chegada do Anticristo. A última
hora mencionada por João é todo o período entre a primeira vinda de cristo e o
seu retorno. É um alerta para a Igreja de Cristo, que o Abominável está
chegando.
V. 19 - Saíram do
nosso meio, mas não eram dos nossos, por que não permaneceram. João escreve
em face a um problema real que enfrenta em sua época, os gnósticos. A saída
deles da comunidade dos santos é providência divina em revelar a verdadeira
natureza dos mesmos. Em nossos dias os anticristos também estão presentes.
Também se nomeiam cristãos. Enquanto o Senhor não fizer cair sua máscara,
continuarão enganando.
3. Quem são os
anticristos de nossos dias e quais
suas características. Na verdade, não é difícil identificá-los. São todos
aqueles que pregam uma doutrina contrária à pureza do evangelho.
3.1. São avarentos.
Enquanto Jesus disse para não acumularmos tesouros nos céus, tais pessoas
ensinam a prioridade do acúmulo material nesta vida. Colocam-se muitas vezes em
uma postura diante do povo não como exemplo dos fiéis, mas como quase
perfeitos, de maneira a haver uma idolatria por parte de suas comunidades para
com eles. Ensinam muitas coisas contrárias à verdade das Escrituras. Embora
sejam carismáticos, atraem as pessoas, mas não há neles sinceridade, não há
amor para com a igreja do Senhor e para com Sua obra.
3.2. Eles não têm
unção de Cristo, por isso, seu conhecimento espiritual é falso (v. 20) Apesar desse quadro tenebroso à
qual a igreja do Senhor está sujeita, temos a unção que vem do Espírito Santo,
isto é, temos a iluminação espiritual para compreender que eles de fato não são
do Senhor. Eles em contrapartida, ainda que estejam falando de Jesus, estão em
trevas. Pode até ser que acreditem que o que ensinam é a verdade, mas estão na
mentira. No entanto, muitos deles realmente não estão se importando se o que
dizem é doutrina bíblica ou não, a preocupação dos mesmos é consigo: “Pois
muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos
digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a
perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto
que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.18,19).
3.3. São mentirosos,
negam Pai e Filho (V. 21-25). No
contexto de João essa é a grande mentira predominante naqueles anticristos, a
negação do Pai e do Filho. Os gnósticos acreditavam que o Logos, a segunda
pessoa da Trindade, veio habitar em Jesus no momento de seu batismo e saiu
antes de sua morte. Assim eles negavam que Jesus era Deus-homem, desse modo,
negavam o Filho. Mas negar o Filho é negar o Pai, pois Ele é a revelação máxima
do Pai, sem Cristo o Pai não é conhecido (Mt 11.27).
Os anticristos da atualidade não estão sendo identificados
notoriamente por essa heresia, mas a mentira está presente em suas vidas, seja
em suas doutrinas, seja em sua forma de viver.
3.4. São enganadores (v.
26). É uma das fortes características desses líderes rotulados como
anticristos. A Igreja do Senhor deve estar sempre alerta para identificar tais
pessoas. E de fato levar a sério a santidade da igreja de Cristo recusando-as
como mestres para suas vidas. Infelizmente vemos com pesar que muitas pessoas
acabam se conformando e se colocando na posição revelada em 2ª Timóteo 4.3-4: “Porque
virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Neste caso o povo
torna-se cúmplice do pecado dos enganadores.
4. Para que possamos
nos resguardar podemos mencionar alguns tipos de “líderes” que a igreja do
Senhor deve evitar.
4.1. Promotores de
eventos. É aquele tipo de pastor que sua preocupação é fazer eventos, congressos,
shouws. Suas igrejas estão sempre em movimentos, mas não tem avivamento; não
tem uma busca e um conhecimento do Criador. Tem apenas uma vida superficial e rasa,
pois lhe falta a oração e o estudo da Palavra, ou seja, vivem como nos dias do
sacerdote Eli: “E a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões
não eram frequentes." (1ª Sm 3.1).
Hoje virou moda o show gospel para atrair jovens. A postura
é de atrair os jovens e depois tentar mantê-los por meio das novidades. Com
isso fica a ideia de que a pregação da palavra não é algo suficiente.
Não respeitamos nem a história, nem o contexto, criamos “novas
revelações” por demanda de crescimento numérico, e a igreja vai caminhando a
passos largos para o estranhamento social e a diferença teológica de uma para
outra igreja local. É por isso temos um “corpo de Cristo” todo fragmentado,
esquartejado e dilacerado pelas diferenças pessoais e teológicas. É
literalmente cada um por si...e Deus? Bem Ele é por todos, né!
Parafraseando Paulo pra Timóteo, eu diria que: Nos últimos
dias, vemos transformada a Graça de Deus em libertinagem religiosa, crentes
levados mais por emocionalismo do que por discernimento.
Nos últimos dias, vemos transformado o culto em Show,
cultuando “celebridades” cheias de si mesmas, ao invés de Jesus, o único que
podia ser, porém não é. Nos últimos dias, vemos transformado o dízimo em dívida
divina, fazendo de Deus um “devedor de bênçãos” ao invés de credor de vida.
Em nossos dias, muitas pessoas confundem adoração com show,
com cantar bonito, com espetáculo, com gravar CD e com ganhar cachê. Mas por
trás de toda essa onda de falsa adoração sabemos o que se esconde: a síndrome
de Lúcifer que sempre leva o homem a querer ser adorado e exaltado. Muitas
pessoas ficariam espantadas se descobrissem que a música entoada por muitos
cantores famosos nem sequer passa do teto da igreja. Se pararmos para analisar
as coisas descobriremos que os cânticos entoados hoje em dia mais seguem a
tendências criadas pelo mundo e adotadas pelas igrejas do que propriamente
louvor de verdade.
Infelizmente muitas igrejas estão se tornando em palcos para
apresentação de talentos humanos e nada mais que isso. Há igrejas aonde o palco
é cuidadosamente decorado com refletores coloridos, máquinas de gelo seco,
fumaça, globos de luzes, etc. nós bem sabemos que tudo isso é herança que as
igrejas tomam emprestado do mundo. Esse tipo de acessório é peculiar dos
antigos palcos de rock e de boates e discotecas. Mas o cristão que de fato quer
adorar a Deus foge de tais coisas, pois toda essa parafernália serve apenas
para chamar a atenção das pessoas para o ser humano que está ali na frente
posicionado e não permite que Deus apareça, apenas o homem.
Então quem ministra louvor na igreja deve ter todo cuidado
para não imitar os artistas famosos mesmo aqueles que dominam o mundo gospel.
Jesus disse que o perfeito louvor é aquele que sai da boca das crianças, ou
seja, é aquele simples, vazio de vaidades e vanglórias. Por todas essas razões
quem louva deve se portar com decência no seu vestuário, no modo como e
comporta e, sobretudo no tipo de música que traz para dentro da casa de Deus.
4.2. Pastores
réprobos. Literalmente são aqueles que nem mesmo tem verdadeira experiência
de conversão. Isso é identificável pelas doutrinas heréticas que pregam como a
negação da Trindade, há até quem não crer na inspiração das Escrituras, no
nascimento virginal de Jesus Cristo e outras doutrinas fundamentais da fé
cristã. Também são aqueles que vivem vida escandalosa com frequentes escândalos
sexuais e ou financeiros, etc.
4.3. Pastores que
pregam a teologia da prosperidade. Basta passar em frente a uma igreja evangélica
e logo vê-se a faixa: “grande culto da vitória”, “culto de cura e libertação”,
“culto das causas impossíveis”, “culto dos empresários”, “culto da benção”, “grande
campanha da prosperidade financeira”. Mas isso é bíblico?
Em primeiro lugar, vamos situar o que é culto, e para quem
deve ser feito. A palavra culto vem do latim cultus, que significa cuidado, cultivo, adoração, reverência. Em
tese, podemos adorar ou reverenciar pessoas e divindades. Porém, como cristãos,
devemos prestar culto apenas a Deus.
Mas aí vamos à igreja prestar culto a Deus, em tese. Só que
vamos na “na segunda feira da prosperidade financeira”, pois estamos passando
por um momento difícil e, na quinta feira culto da vitória ou da benção e,
nesse dia específico, será feita uma “oração forte” para ajudar os endividados
a mudarem de vida e aqueles que desejam o carro novo e a casa própria.
Sinceramente: estamos indo a esse culto para adorar a Deus
ou para tentar resolver nosso problema? Não que Deus não esteja interessado em
nossos problemas, Ele está sim, pois o apóstolo Pedro diz: “Lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1ª Pe 5.7). Porém, a
visão está errada. Seguimos a Jesus por causa das bênçãos e não para adora-lo.
Cultuar, adorar, prevê se humilhar diante de Deus. Prevê
demonstrar que nada podemos sem Ele. Prevê afirmar que, não importa o que Ele
permita que aconteça em nossa vida, ainda assim O reconhecemos como Soberano
Senhor e Salvador de nossas vidas. Então, por que misturamos isso com nossos
desejos pessoais?
Veja bem, creio que é lícito orar a Deus e pedir por tudo
aquilo que precisamos. Comunicai com os santos nas suas necessidades....” (Rm
12.13). Esse é um ponto. Porém, quando nomeamos um culto de “noite da
libertação” tiramos a centralidade do culto na adoração a Deus, para colocá-la
na busca por libertação dos fiéis. É uma coisa sutil, mas é.
E por que as igrejas passaram a fazer essas “campanhas”
específicas nos dias de culto ao Senhor?
Uma passagem que me chama atenção no Evangelho segundo João,
no capítulo 6, diz que Jesus havia multiplicado os pães e peixes a fim de
alimentar uma multidão. No versículo dois, do mesmo capítulo, lemos: “E grande
multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos”.
A multidão se ajuntou e teve fome, então Jesus multiplicou
os pães e os peixes e todos comeram e ficaram saciados.
No dia seguinte, a multidão já com fome, novamente, foi até
Jesus para coroá-lo rei pelos seus milagres. Eles foram com a expectativa de
que Jesus lhes daria alimento novamente! Porém, Jesus lhes disse: “Trabalhai,
não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (Jo 6.27).
A palavra de vida eterna não efetua o mesmo efeito em todos,
mas apenas àqueles que o Pai a Cristo os der.
Jesus não lhes deu o que esperavam! Ele não multiplicou os
pães e peixes novamente, mas lhes ofereceu o Pão do céu – o seu próprio corpo e
seu próprio sangue! “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a
mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6.35).
Depois que Jesus ofereceu sua própria vida, em vez do pão e
do peixe muitos viraram as costas e foram embora!
“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás,
e já não andavam com ele.” (Jo 6.66).
Então Jesus pergunta a seus discípulos: “Quereis vós também
retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para QUEM iremos nós? Tu
tens as palavras da vida eterna.” (Jo 6.67-68).
Jesus nos oferece o pão do céu! Mas, em que, em quem está o
nosso coração? Será que nós damos crédito e ansiamos por palavras de vida
eterna? Ou queremos sós as bênçãos matérias desta vida?
4.4. Estratégia para
fidelizar a clientela. Se uma igreja tem apenas “culto”, (oração e Palavra)
atrai poucos fiéis. Mas, se tem a “sexta-feira forte tem as bênçãos e vitórias”,
aí serão muitos fiéis, ávidos por aquilo que é prometido (cura, casa própria,
carro novo etc...). São fiéis que não buscam a Deus pelo que Ele é, mas pelo
que Ele pode fazer em nosso favor.
4.5. Mas é esse o
culto que Deus espera de nós? Veja o que Jesus nos ensinou: “Por isso vos
digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou
pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai
para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e
vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E
qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua
estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os
lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que
nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois,
se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no
forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois,
inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem
sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de
Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos
inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6.25-34).
Não necessitamos nos prolongar quanto a estes. Poderiam ser citados outros tipos de líderes que tem uma
postura antibíblica, portanto, anticristã. Mas, os exemplos expostos são
suficientes para que entendamos o quanto é importante a igreja do senhor
atentar para as exigências bíblicas na escolha de seus líderes (1ª Tm 3.1-7).
4.6. Cuidados
necessários ao viver cristão: Exemplo para o Rebanho.
Atos 20.28-30
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com
seu próprio sangue. 29 - Porque eu sei isto que, depois da minha partida,
entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 - E que
de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para
atraírem os discípulos após si.”
O pastoreio não é do
homem, é do Espírito Santo. Quem é o homem para pastorear a Igreja de
Deus? A Igreja é espiritual,
sobrenatural, e só pode ser dirigida espiritualmente. Portanto, só homens
espiritualmente conduzidos por Deus podem pastorear.
A Igreja foi comprada
pelo Sangue do Seu próprio Filho (Atos 20.28). O texto original também pode
ser traduzido assim: “por meio do seu próprio sangue”. A Igreja não é dos
membros, não é dos pastores, não pertence a homens. E nem é uma instituição
jurídica de direito. A Igreja é de Deus.
O Apóstolo Paulo, nas Escrituras Sagradas, só reconhece Bispos,
pastores, presbíteros ou anciãos aos chamados pelo Espírito Santo,
legitimamente consagrados ao Santo Ministério da Palavra mediante a Imposição
de Mãos do Presbitério (Atos 14.23; Tt 1.5; 1ª Tim 1.18; 4.14; 5.22; 2ª Tm
1.6). Um pastor não consagra outro. E nem mesmo um banho de óleo. Apenas um
Concílio de homens ungidos pelo Espírito Santo, sob a cobertura e autoridade de
um Ministério e do Corpo de Cristo que é a Igreja.
O Espírito Santo já
prevenira Paulo dos dias aflitivos que o aguardavam. Rebanho, pastores e
lobos são figuras que já tinham sido usadas por Jesus (Mt 7.15; Jo 10.11-16);
ver também 1ª Tm 1.3-7; 1ª Pe 5.2-3; Ap 2.2-7). O Senhor lhe falara sobre os
falsos pastores, os lobos vorazes, os divisores de rebanhos e provocadores de
contendas. E seguia constrangido para Jerusalém. Ele pressentia o que o
esperava (At 20.22). Então, Paulo abriu o coração: “Agora, sei que todos vós,
por quem passei tanto tempo pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu
rosto” (At 20.25). E exorta com amor:
“Cuidai de vos
mesmos...” (v. 28). Cabe aos que tem o privilégio de servir à Igreja de
Deus cuidar de si mesmos. Trabalhar o coração dia a dia; buscar o
quebrantamento e a benção do Espírito Santo. Andar em permanente comunhão com
Deus, com todos os irmãos e servir com humildade e mansidão ao povo de Deus. E,
sejam pastores ou líderes, serem leais à Igreja e Ministério onde Deus os
colocou. “Cuida de ti mesmo, os dias são maus. O Adversário vive rugindo como
leão, buscando a quem possa tragar.” Por isso Jesus diz: “Vigiai e orai.”
Lobos [...] homens.
Há sempre duas ameaças à Igreja, uma externa e outra interna. Os ímpios são uma
perigosa ameaça externa; os soberbos e os que servem somente aos seus próprios
interesses são a ameaça interna.
“...E por todo o
rebanho...” (Atos 20.28). O Ministério abraça todas as ovelhas. Não existem
ovelhas privilegiadas. Todas têm um mesmo dono, O Senhor.
Sejam ricas ou pobres, rajadas ou lisas, magras ou
gordinhas, feias ou belas, todas, todas são ovelhas queridas. Não importa a
cor, o aspecto físico e até mesmo a dedicação.
Já viram o quanto os filhos doentes, problemáticos e mais
rebeldes, absorvem a atenção dos pais? É assim na Igreja, ou deveria ser. O
Pastor foi buscar nos ombros a ovelha ferida, machucada, quebrada e
maldizente... Algumas vêm nos ombros do pastor dando pinotes, e até “balindo”
palavrões... mas vem! - Não é isso o que Jesus faria?
II. OS DE CRISTO – CARACTERÍSTICAS
1. Tem a unção de
Cristo, e o conhecimento espiritual verdadeiro (v. 27). Agora o apóstolo passa a demonstrar que já temos o que é
necessário para nos esquivarmos dos falsos mestres. Ele diz que já recebemos a
unção. Faz-se necessário aqui esclarecer um pouco sobre esse termo tão
controverso: “unção”. No NT, as palavras “χριω” (chrio) “ungir” e “χρισμα” (chrisma)
“unção” representam a doação do Espírito, do poder espiritual e de um chamado
divino.
Este sentido já está presente nos textos que falam da
vocação messiânica de Jesus. Em Lc 4.18 há a citação da profecia encontrada em
Is 61.1,2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”. E Hebreus
1.9 cita o Salmo 45.7: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso,
Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus
companheiros”. E isto aconteceu no momento do batismo de Jesus, é inclusive o
principal motivo pelo qual o Senhor Jesus submeteu-se ao batismo de João,
naquele momento o Espírito Santo o capacita para a obra messiânica.
2. Mas a palavra
declara que também somos ungidos do Senhor. Não apenas algumas pessoas, não
apenas aqueles que exercem ofício pastoral, diaconal ou missionário. Todos os
cristãos são ungidos do Senhor. Todos os regenerados são escolhidos e
capacitados para o exercício da obra de Deus. 2ª Coríntios 1.21 enfatiza o que
aqui está exposto: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu
é Deus”.
Como declara Atos 1.8, nós já temos o poder do Espírito
Santo, já fomos ungidos para trabalharmos para o Senhor. Mas é evidente que
para sermos mais usados pelo Senhor é necessário que estejamos vivendo o
senhorio do Espírito Santo em nossas vidas. Isso se dá por meio da leitura da
Palavra, da oração e da comunhão com os irmãos.
3. E esta unção, como
nos declara o apóstolo, nos protege dos enganos, das heresias. É evidente
que ele não está dizendo que não necessitamos de que tenhamos o ensino na
igreja por meio de mestres, pois o próprio Senhor Jesus ordenou que ensinemos
tudo o que ele ordenou (Mt 28.20). E alguns são escolhidos e capacitados
especialmente para esse ministério (Rm 12.7; Ef 4.11). Ele está dizendo que uma
vez que se cumpriu João 16.13: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele
vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o
que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”, estamos capacitados
a resistir aos falsos mestres, pois o Espírito Santo nos guia na Verdade então
não há necessidade que eles (os falsos mestres gnósticos nos ensinem). O
Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus guia os crentes à verdade e na
verdade. Como igreja então, nós somos coluna da verdade (1ª Tm 3.15).
Que nos voltemos a conhecer mais ao Senhor por meio de Sua
Palavra para que jamais ocorra conosco o que acontecia com o povo na época de
Oséias: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” (Os. 4.6).
4. Tem confiança na
presença do Senhor (v. 28). Aqui
temos um termo interessante no grego (parrhsia
- parresía) traduzido por “confiança”. O sentido original é de alguém
diante de um amigo que tem liberdade de palavra, que pode ficar à vontade. Ele
está dizendo que quando Cristo voltar estaremos diante dele com confiança, com
intimidade, estaremos à vontade por termos vivido na verdade, não nos
envergonharemos por termos nos deixado levar por falsas doutrinas.
5. Sabem que Cristo é
justo e praticam a justiça de Cristo; nasceram de Cristo (v. 29). A prática
da justiça nada mais é que a fidelidade, e essa deverá ser a prática cotidiana
de todo aquele que nasceu de novo.
CONCLUSÃO
1. Qual deve ser sua postura com relação aos anticristos?
Considerá-los como os hereges que são, não se permita seduzir por suas palavras
eloquentes. Não recomende a ninguém que os ouça.
2. Lembre-se sempre que você já tem tudo o que é necessário
para entender as verdades divinas, logo, identificar as heresias, e ser usado (a)
pelo Senhor como pregoeiro da verdade.
3. O que nos falta para darmos testemunho da verdade
de Deus com mais poder? Não seria o pecado em nossas vidas que muitas vezes nos
impede de sermos mais operosos, mais ousados?