TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 15 de junho de 2022

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL



Nenhuma passagem do AT revela tanto os mistérios do plano profético de Deus para Israel e as nações quanto o livro de Daniel. Em particular, a profecia das setenta semanas em Daniel 9.24-27, apresenta a chave cronológica indispensável para a profecia bíblica.

A revelação das setenta semanas a Daniel é a chave para a compreensão da doutrina das últimas coisas. Para se fazer um estudo completo do Apocalipse, grande tribulação, ou qualquer outro assunto que fale sobre o tempo do fim (Dn 8.17), é necessário primeiro estudar as setenta semanas de Daniel, pois esta e uma profecia indispensável a Escatologia. 

I. DANIEL BUSCA A PRESENÇA DE DEUS 

1. O cenário histórico da profecia. “No primeiro ano de Dario, o filho de Assuero, da semente dos medos, o qual foi feito rei sobre o reino dos Caldeus; no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, a respeito dos quais a palavra do SENHOR veio ao profeta Jeremias, era de setenta anos, quando se completariam as desolações de Jerusalém. E coloquei a minha face diante do Senhor Deus, para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum, e vestimenta de pano de saco e cinzas” (Dn.9.1-3).

O capítulo 9 de Daniel foi escrito no primeiro ano de reinado de Dario o Medo, por volta do ano 539 a.C.. Dario exercia agora a função de rei de Babilônia, sob o comando maior de Ciro, o Grande. Neste tempo Daniel havia compreendido que o período de cativeiro estava chegando ao seu fim e era necessário que seu povo começasse a orar a Deus pedindo perdão dos pecados e suplicando o retorno do exílio. Dessa forma, o profeta não poderia parar de orar mesmo sob o risco de ser sentenciado à morte. 

II. O QUE QUER DIZER AS SETENTA SEMANAS 

1. O número de anos. A referência parece ser a Jeremias 25.11, 12, que diz “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilônia”. Esse rei já fora punido; por isso Daniel sabia que já era o momento das assolações de Jerusalém terem um fim.

Daniel estava estudando as profecias de Jeremias, quando entendeu que o cativeiro babilônico estava prestes a terminar, então ele começou a orar e buscar uma resposta de Deus (Dn 9.4-19). Gabriel vem, então, dizer a Daniel que a redenção de Israel ainda demoraria setenta semanas. Note nos dois versos seguintes que as 70 semanas terminarão (o fim) o que Deus começou com os 70 anos de cativeiro na Babilônia. 

2. A oração de Daniel e a resposta de Deus. O Anjo Gabriel foi mandado para trazer a resposta da oração a Daniel logo no princípio das súplicas do profeta, porque Daniel era “mui amado”. Que testemunho tinha Daniel no céu! Era “mui amado” por Deus, era alguém de quem o Senhor Se agradava, porque, durante os seus mais de noventa anos de vida, sempre fora fiel ao Senhor, sempre procurara agradar ao Senhor. 

III. QUANDO COMEÇARÁ AS SETENTA SEMANAS? 

Dn 9.24-27 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. 27 E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” 

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo...” (Dn 9.24). Esta profecia de Daniel a respeito de Israel e da cidade santa (Jerusalém) é fundamental para os últimos tempos.

Esta linguagem usada por Gabriel era bem conhecida por Daniel, que sabia que semana profética não se referia a semana de dias e, sim, de anos, ou seja, uma semana significa, aqui, uma unidade numérica de sete anos. O número setenta, então, ganha um sentido escatológico.

No hebraico, em lugar da palavra “semana” usa-se a palavra “shabua” que significa literalmente 7, ou um sétuplo. Um grupo de 7 dias ou de 7 anos. Em Levítico 25, o Senhor diz: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.” (Lv 25.8).

Então as setenta semanas, na realidade, são setenta semanas de anos, ou 490 anos: 70 x 7 = 490.

Nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias (Ne 14.34; Ez 4.6). Assim, estas “setenta semanas” devem ser entendidas como setenta “semanas” de anos, ou seja, um período de 490 anos, isto é, setenta vezes sete (70 x 7). Israel somente se converteria ao Senhor, alcançaria a sua redenção depois de 490 (quatrocentos e noventa) anos. 

1. As três divisões das setenta semanas. O versículo 24, afirma que Deus determinou as setenta semanas. O bloco que forma os versículos 24-27 é profeticamente dividido em três grupos.

As setentas semanas = 490 anos, divididos em:

1º 07 Semanas                     Dn 9.25                         49

2º 62 Semanas                     Daniel 9.25                   434 anos

3º 01 Semana                      Daniel 9.26                   7 anos. 

2. A Primeira divisão. V. 25 “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”

“...sete semanas...”. Sete semanas são iguais: 7 x 7 = 49 anos. O ponto de partida para a contagem das primeiras 7 semanas, começou com o decreto do rei Artaxerxes (Ne 2.1-9), no ano de 445 a.C.. Portanto, a primeira unidade de 49 anos (sete “semanas”) começa no ano de 445 a.C., e terminou aproximadamente no ano 397 a.C. De acordo com a profecia de Daniel, Jerusalém seria edificada e restaurada da destruição que o império Babilônico causou a santa cidade (Dn 1.1; 2ª Rs 24.1). Esta palavra cumpriu literalmente no período previsto (Ed 1.1; Ed 4.11-24).

“Examinando Esdras 1.2,3, fica esclarecido que a primeira ‘ordem’, dada por Ciro, não foi para ‘restaurar e para edificar Jerusalém’, e sim, para edificar o templo (Ver 2º Cr 36.23; Ed 1.2). É evidente que a ‘ordem’ referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de Artaxerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para reedificação da cidade Santa” (Ne cap. 2).” (Daniel versículo por versículo, p. 179).

Gabriel diz a Daniel que depois da reconstrução de Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haveria ainda sessenta e duas semanas - 62 x 7 = 434. 

3. A Segunda Divisão. “sessenta e duas semanas.” (Dn 9.25b). O segundo período de sessenta e duas semanas, tem início aproximadamente no ano 397, inicia-se com a continuidade ao primeiro período, ou seja, após a reconstrução completa de Jerusalém, encerrar-se-ia com a “tirada do Messias, que não seria mais” (v. 26). Desde a data desse decreto até a época do Messias haveria 483 anos, ou seja 69 semanas. Portanto, as 62 e mais as 7 semanas, estão juntas como um composto das sessenta e nove semanas ou 483 anos históricos até a vinda do Messias.

O período das sessenta e nove semanas se inicia com a ordem do rei Artaxerxes, 445 a.C., para a reconstrução de Jerusalém, após o pedido de Neemias, terminando com a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho (Lc 19.41), no final de Seu ministério terreno, oportunidade em que, aclamado por Seus discípulos, como o Messias em 10 de Nisã de 33 d.C..

“O pastor Severino Pedro da Silva mostra-nos como, efetivamente, este período de 483 (quatrocentos e oitenta e três) anos cumpriu-se integralmente, com a entrada de Jesus em Jerusalém, quando, pela única vez em Seu ministério terreno, foi coletivamente aclamado como o Messias, o Filho de Davi, em 10 de Nisã de 33 d.C.: A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434 anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos foi marcado no ano 445 a.C.” [As setenta semanas de Daniel. Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Fonte de pesquisa: Site https://adautomatos.com.br/licao-no-10-as-setenta-semanas-de-daniel/#:~:text=%E2%80%93%20O%20pastor%20Severino%20Pedro%20da,de%20Nis%C3%A3%20de%2033%20d.C. – acesso dia 23/04/2024].

“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais...”. (Dn 9.26). De acordo com a profecia, o Ungido não foi cortado na 70º semana, Ele foi tirado ou morto, depois que as 7 e 62 semanas terminaram. Isso significa que há um intervalo entre a 69º e a 70º semana. Portanto, as 69 semanas terminaram com a morte de Jesus, quando deu-se o início da era da graça e só irá terminar, quando a Igreja for arrebatada. E quando isto acontecer, dar-se-á o início da a última semana desta Era, que é dividida em duas partes de três anos e meio cada. A última semana está prestes a começar, e quando começar, vai ser um efeito dominó, tudo será muito rápido. 

4. Os três príncipes são mencionados na profecia (vv. 25,26). O primeiro príncipe é o Messias (v. 25). O segundo apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26). E o terceiro príncipe surgirá no futuro, na última semana profetizada por Daniel (v. 27). Este príncipe não é o Messias tirado (9.26), mas certamente um personagem mais poderoso que Antíoco Epifânio e o general Tito. Trata-se, portanto, do Anticristo (2ª Ts 2.3-9; 1ª Jo 2.18). 

5. A terceira divisão. “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações.” (Dn 9.26). 

Depois das 7 semanas e mais 62, duas coisas são preditas:

1º Messias seria “tirado” (crucificado) (ref. Is 53.8). Jesus foi rejeitado pelos judeus, condenado e morte na cruz. O povo presente à condenação de Cristo clamou: “O sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos (Mt 27.25).

2º O povo do príncipe, que há de vir, destruiria Jerusalém e o templo. O “povo” refere-se ao exército romano, que destruiu Jerusalém em 70 d.C. O “príncipe” refere-se ao General Tito que comandou a dispersão dos judeus (Dn 9.25-26). Porém, as 7 semanas e 62 semanas, terminaram na crucificação de Jesus e não na destruição do segundo templo no ano 70 d.C.. A atual era da Igreja é o intervalo entre o 69º e o 70º semana. 

5.1. O Messias é morto. Is 53.8 “Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto, foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido.”

Tendo ocorrido o cumprimento das sessenta e nove semanas quando Jesus foi crucificado. Portanto, quando os judeus desprezaram o Messias, parou a contagem do tempo, uma vez que as 70 semanas estavam determinadas para os judeus. Resta, ainda, uma semana, a última. Os judeus necessitam estarem em Jerusalém (cidade Santa), e a Igreja já arrebatada.

Este período, assim, vemos, claramente, que a contagem dessas sessenta e nove semanas não se dá com a chegada do Messias, mas, sim, com a sua “retirada” e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C. 

5.2. Esta semana ainda não aconteceu (v. 27). A última semana, um período de 7 anos, ainda se cumprirá, do qual faz parte a Grande Tribulação. Compare o versículo 27 de Daniel com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu.

A Bíblia identifica este intervalo profético como “o tempo dos gentios”: Rm 11.25 “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” Lc 21.24, “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”

O termo “tempos dos gentios” é o período no qual Jerusalém estaria sob o domínio dos gentios, desde o cativeiro babilônico, continuando até hoje e continuará durante a Grande Tribulação. Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19).

Após o tempo gentílico dar-se-á a última semana, a Grande Tribulação. É neste tempo que o Anticristo virá sobre a asa das abominações (v. 27). 

5.2. O início da 70ª semana-ano. “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Dn 9.27).

Este versículo é uma das passagens proféticas mais importantes da Bíblia. Ela é a chave indispensável para toda a profecia. Ela é denominada como “a espinha dorsal da profecia bíblica” ou o “relógio de Deus”.

Esta última semana não pode ter se cumprido em hipótese alguma, pois nesta última semana (sete anos) os judeus irão fazer um acordo com o assolador (Anticristo), e este assolador irá ser destruído, porém isto ainda não aconteceu, Israel ainda não fez este acordo com ele (Is 28.15-18), muito menos o Anticristo manifestou-se, sendo assim podemos afirmar que esta última semana de Daniel ainda não cumpriu-se, pois a profecia permanece interrompida.

O assolador de Daniel 9.27 é o Anticristo, que fará um concerto com Israel por sete anos (uma semana), (Jo 5.43 e Is 28.15-18), e na metade da semana (três anos e meio) irá quebrar o concerto com os judeus.

Daniel 12.1, nos apresenta uma outra passagem importante sobre a Tribulação. “E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.”

Em resumo, então, podemos ver que a última semana (Tribulação) é para Israel, não para a Igreja. Primeiro, a Tribulação serve para punir e assim reconciliar a Israel com Yahveh.

A “última semana” (7 anos), é identificada pelas profecias bíblicas será o tempo da Grande Tribulação, que só irá começar depois do arrebatamento da Igreja. É neste tempo que o “assolador”, isto é, o Anticristo ou o homem do pecado ou o homem da perdição, virá sobre a asa das abominações (v. 27). O Anticristo agirá com falsidade em relação a Israel de um modo nunca visto na história, quebrando o acordo na metade do período (após três anos e meio) e colocará uma imagem de si mesmo no Templo de Deus reconstruído (Ap 13.14-15), e buscará a adoração como se fora Deus (2ª Ts 2.4b), profanando o santuário, o lugar santo para o povo de Israel.

Pelo fato de Israel se negar adora-lo e então o Anticristo quebrará o acordo de paz, fará cessar o sacrifício e oferta de manjares (Dn 9.27). Depois de três anos e meio será permitido que vença os santos. O ‘abominável da desolação’ (Mt 24.15) serve de sustentação para que os acontecimentos de Daniel 9.27 (assim como os de Dn 11.31 e 12.11) não ocorram ainda, mas somente no tempo do fim. Os últimos três anos e meio serão de “Grande Tribulação”, da qual Jesus falou dizendo: “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais.” (Mt 24.21).

No término da semana, quando, então, se completarão as setenta semanas, o “assolador” sofrerá o juízo divino, conforme determinado e, aí, então, Israel será liberto do pecado. 

5.3. O final das setenta semanas-ano. No final da 70ª semana-ano, Deus derrotará o Anticristo (Ap 19.20), “a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda.” (2ª Ts 2.8). Isso marcará o final das 70 semanas-ano e o início do Reino Milenar de Cristo. Então estarão cumpridos os seis objetivos de Deus, mencionados em Daniel 9.24 (Ap 20.1-6). 

IV. OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27) 

1. Revelar o “homem do pecado”. “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 3- o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. (2ª Ts 2.3,4).

Paulo escreveu a igreja Tessalônica por volta do ano 50, 51 d.C durante a sua segunda viagem missionária. Não há dúvidas quanto a quem Paulo tem em mente é o homem do pecado ou o filho da perdição (cf. Jo 17.12) e aponta para a natureza e para o destino desse homem. Portanto, de acordo com as profecias, nem Antíoco Epifânio nem o general Tito foram objetos das predições do profeta Daniel. Neste tempo “ele”, também identificado como “o rei de cara feroz” (Dn 8,23), “o animal terrível e espantoso” (Dn 7.7), “o chifre pequeno” (Dn 7.8), “a besta que saiu do mar” (Ap 13.1), virá sobre as asas da abominação. Assim, vemos que a última semana (sete anos), será marcado com a presença do Anticristo (1ª Jo 2.18; 4.3) e apesar de ser apresentada numa linguagem simbólica, a personagem é literal, trata-se de um líder mundial poderoso que chamará a atenção das nações pela sua diplomacia, astúcia e inteligência política. Primeiro a apostasia será avanço dos poderes do mal contra o povo e os propósitos de Deus. Cristo e Paulo, ambos advertiram contra essa final conspiração do mal (Mt 24.10; 1ª Tm 4.1-3; 2ª Tm 3.1-9; 4.3). 

2. A Grande Tribulação (Mt 24.15,21). A última semana de Daniel, pode ser dividida em partes distintas. A primeira metade o Anticristo fará um concerto com Israel por uma semana, mas a segunda metade terá início quando Israel se negar a adorá-lo, e então o Anticristo quebrará o tratado de paz (Dn 9.27b) e perseguirá o povo judeu. Essa segunda metade é a Grande Tributação (1ª Ts 5.3; Jr 30.7). Em seguida, surgirá um tempo de sofrimento e tamanha aflição em todo o mundo. Perseguição, humilhação e morte serão a tônica desse tempo, os crentes que ficaram no arrebatamento serão perseguidos e mortos (Ap 19.4), bem como os judeus que romperam o concerto de paz.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

sábado, 4 de junho de 2022

A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE - DANIEL CAPÍTULO 8

 


Daniel 8.1-11 “No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio. 2- Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai. 3- Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. 4- Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia. 5- Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos; 6- dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder. 7- Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder dele. 8- O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu. 9- De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa. 10- Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. 11- Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.” 

No capítulo 7 Daniel tem um sonho. Já no capítulo 8 Daniel tem uma visão. No capítulo sete, Daniel tem a visão dos quatro animais, representando os quatro últimos impérios mundiais. Desta vez, o profeta vê dois animais diferentes, um carneiro com dois chifres que são os reis da Média e da Pérsia lutando contra um bode peludo que é o rei da Grécia. Na verdade, este capítulo repete muito da predição do capítulo dois, e especialmente do capítulo sete. Todavia, o capítulo oito acrescenta detalhes importantíssimos quanto aos períodos medo-persa e grego.

Deus dá a Daniel uma previsão da destruição de outros reinos, que em seus dias eram tão poderosos quanto os da Babilônia. 

I. CONTEXTO HISTÓRICO 

Esta revelação ocorre durante o terceiro ano do reinado do rei Belsazar, mas o profeta identifica dizendo: “E vi na visão, que eu estava na cidadela de Susã,”; ou seja, Daniel é transportado em visão para Susã, capital de Elão, mas que tinha sido incorporada no território da Pérsia e era residência de inverno dos reis da Pérsia, cerca de 360 km a leste da Babilônia. Susã tornou-se a capital diplomática e administrativa do Império Persa (cf. Et 1.2; Ne 1.1).

No capítulo 8, Daniel tem mais uma visão referente aos reis da terra. Desta vez o Senhor Deus lhe mostra visões referente ao Império Medo-Persa e o Grego. 

II. A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE 

1. A visão do carneiro. “Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.” (Dn 8.3).

Daniel tem uma visão onde um carneiro, dá cabeçadas para o ocidente, norte e sul. O anjo deixou claro que “aquele carneiro que viste são os reis da Média e da Pérsia” (v. 20), que são Ciro, o Persa e Dario, o Medo (v. 20).

A vitória do Império Medo-Persa sobre a Babilônia foi possível devido a uma estratégia de Ciro II no ano 539 a.C., que desviou as águas do Rio Eufrates para um lago artificial. Assim, os Medo-Persas puderam atravessar o rio com a água na altura da cintura e entrar sem lutar. No dia em que Belsazar zombou de Deus ao utilizar os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, ele caiu nas mãos dos medo-persas. 

2. Os dois chifres do carneiro - Império Medo-Persa. O carneiro tinha dois chifres, mas não eram iguais, um era mais alto que o outro. O maior representa Ciro o grande, o persa e o menor representam Dario, da Média. Os dois países (dois povos): medos e persas, a formarem um único império, apesar de serem dois reis; mas eram unidos.

Esta visão faz um paralelo com o “peito e os braços da estátua” no sonho de Nabucodonosor (Dn 2.32), e o “Urso que levanta uma das patas” em Daniel 7.5 e “o carneiro tinha dois chifres e um era mais alta do que a outra” (Dn 8.3), são representadas pelas duas nações, Medo e Persa (Dn 8.20).

O lado que se levantou do urso (Dn 7.5) e um dos chifres mais alto que sobe por último do carneiro é a Pérsia que passou a ter mais poder sobre a Média. No começo, os medos dominavam. Mas em 550 a.C., Ciro, o governante da Pérsia, rebelou-se contra os Medos, que até então detinham o poder e tornou-se cabeça dos dois reinos. Ele uniu seus reinos e expandiu suas conquistas. A partir de então, o império tinha uma natureza dupla. Eventos importantes aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro foi vencido, surgindo na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence (vs. 5-7). 

3. A visão do bode peludo. “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta 6- notável entre os olhos. 6 Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força. 7 E o vi chegar perto do carneiro, irritar-se contra ele; e feriu o carneiro e lhe quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro para parar diante dele; e o lançou por terra e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão.” (Dn 8.5-7).

Na visão de Daniel ele vê um bode com um chifre entre os olhos, vindo do ocidente sem tocar o chão (v. 5), que vai em direção ao carneiro (v. 6); o bode arremeteu contra o carneiro com muita força, ferindo-o e quebrando os seus dois chifres (v. 7).

O anjo Gabriel explica para Daniel dizendo: “O bode peludo é o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro.” (8.21).

Alexandre era o “chifre notável” — O chifre notável entre os olhos é explicado no versículo 21 como sendo o primeiro rei do império macedônico. Esse rei foi Alexandre Magno.

O bode representa a Grécia. A chifre notável entre os olhos é explicado no verso 21, simboliza Alexandre, o Grande, que liderou o seu ataque contra a Pérsia em 334 a. C. Em 332 a. C., ele já tinha subjugado o império persa. As conquistas desse bode (Alexandre) foram fulminantes e não havia exércitos que lhe pudessem resistir. O carneiro foi totalmente dominado e humilhado. Seus dois chifres foram quebrados e, após isso, ainda foi pisoteado sem compaixão pelo bode.

Alexandre o Grande, um dos homens mais brilhantes dos tempos antigos: Rei da Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega. Foi ele o grande imperador que realizou grandes conquistas, sendo que em doze anos tinha o mundo aos seus pés. 

4. A Divisão do império de Alexandre. “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu.” (Dn 8.8).

O império estava em plena força na morte de Alexandre. Ele morreu ainda muito jovem, depois de realizar grandes conquistas. Morreu em 323 a.C., na Babilônia, aos 33 anos de idade.

Quatro também notáveis. Daniel vê que a “ponta notável” do bode se quebra, mas no lugar do chifre quebrado surge em seu lugar quatro outras chifres do bode (Dn 8.8-9). Esses quatro chifres menores representam os quatro generais que assumiram o império grego depois da morte de Alexandre. As quatro divisões do império grego foram lideradas por: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Selêuco. 

5. A visão do chifre pequeno. “De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.” (v. 9).

Observe que não é um quinto chifre independente, depois dos quatro anteriores, mas surge de um dos quatro chifres existentes.

Na visão do profeta Daniel, surge de uma das quatro pontas notáveis, “uma ponta mui pequena”, e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro (Alexandre); levantando-se quatro em lugar dela, significa que quatro reinos se levantarão do mesmo império, mas não com a força dela. Daniel percebeu que está “ponta pequena” cresceu muito, especialmente direcionada para a “terra formosa”, Jerusalém. Isso significa que de uma das ramificações do Império Grego deveria se levantar uma ponta ou um rei que se voltaria contra a “terra formosa”, Israel. Essa “ponta pequena” refere-se a Antíoco Epifânio o governante do reino selêucida de 175 a 164 a.C., e tornou-se um opressor terrível contra os judeus. 

2. A transgressão de Antíoco Epifânio contra Israel. Dn 8.10,13 “E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. 11 E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. 12 E o exército lhe foi entregue, com o sacrifício contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra; fez isso e prosperou. 13 Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do contínuo sacrifício e da transgressão assoladora, para que seja entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?

O chifre pequeno saiu de um dos quatro chifres do bode. Era, portanto, uma potência que teria existência distinta de qualquer dos chifres do bode.

“E se engrandeceu até ao exército dos céus...”. O exército dos céus e as estrelas referem se ao povo de Deus e seus dirigentes. No versículo 13 lemos que tanto o santuário como o exército são pisados. Aqui se alude sem dúvida ao povo de Deus e seu lugar de culto.

“A perseguição dos servos de Deus é considerada como guerra contra o próprio Deus com consequências eternas.” [Russel Shedd].

Antíoco Epifânio perseguiu os judeus de Jerusalém e da Judeia, desrespeitou as leis da Tora profanando o templo de Jerusalém, tirou o culto a Deus e substituiu pelos ritos pagãos. A história confirma também o assassinato do sumo-sacerdote judeu Onias em 170 d.C. Este rei cometeu tantas crueldades contra o povo de Deus, que muitos o veem como um tipo do Anticristo.

Antíoco IV não apenas entrou no Santo dos Santos e saqueou os vasos de ouro e prata, como também erigiu um altar a Zeus sobre o altar do Senhor no átrio do templo e ofereceu porcos sobre ele.

O verso 12 fala que por isso o exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário. O povo de Deus foi subjugado pelo chifre que começara pequeno (v. 9), Antíoco IV. Isso causou a interrupção das observâncias regulares no templo.

A Bíblia diz que o espírito do anticristo opera no mundo. De acordo com a crueldade, a ignomínia e a covardia de Antíoco Epifânio muitos estudiosos o relacionam como um tipo do Anticristo de que fala o Novo Testamento.

A Grécia, com todo o seu conhecimento, produz o primeiro Anticristo do Antigo Testamento. Ele queria substituir Zeus Olympius por Jeová em Jerusalém. 

3. A purificação do santuário (Dn 8.13-14). “Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do contínuo sacrifício e da transgressão assoladora, para que seja entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. (Dn 8.13,14).

Até quando continuarão sua carreira de opressão contra o povo de Deus e de blasfêmia contra o alto Céu? Estes dois versículos encerram a visão do capítulo 8, revelando o tempo da profecia.

Segundo a história, a purificação do santuário ocorreu três anos e dois meses depois de o altar do Senhor ter sido removido por Antíoco. Os sacrifícios eram oferecidos duas vezes ao dia, às 9 da manhã e às 3 da tarde era o horário que o povo de Deus da Antiga Aliança se reunião para adorá-lo. 

4. A diferença dos chifres dos animais.

4.1. O chifre pequeno do quaro animal (Dn 7.7-8). Este chifre pequeno representa o Anticristo que irá aparecer do Império Romano ressurgido na Grande Tribulação para governar junto com os dez reis, dos quais três será arrancado e juntamente com o falso profeta (Ap 13; Ap 17.7, 12). 

4.2. O chifre notável do carneiro (Dn 8.3). Nesta visão Daniel vê um carneiro com dois chifres altos, mas um subiu mais que o outro. Conforme já vimos, este chifre que sobe mais que o outro representa Ciro o rei da Pérsia que dominou a Média. 

4.3. O chifre notável do bode peludo. O bode tinha uma ponta notável entre os olhos. Este chifre representa Alexandre o Grande do Império Grego. 

4.4. O chifre pequeno que surgiu depois da morte de Alexandre. “De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.” (Dn 8.9).

O chifre pequeno do bode peludo não pode ser confundido com o pequeno chifre do quarto animal (reino) em Daniel 7.8, o qual se levantaria durante o período romano, e não grego. O chifre pequeno em Daniel 7.8 vem como um décimo primeiro chifre depois de dez chifres precedentes (Ap 17.7, 12).

Daniel vê o chifre grande (Alexandre) se quebrar e em seu lugar saíram quatro chifres, ou seja, o Império Grego foi dividido entre os quatro generais após a morte de Alexandre o grande. Não é um quinto chifre independente, depois dos quatro anteriores, mas surge de um dos quatro chifres existentes, portanto, esse chifre que se destaca dentre os quatro generais, é o Antíoco Epifânio que perseguiu o povo de Deus em Israel. Este chifre é explicado (Daniel 8.23) para ser “um rei de semblante feroz”, etc. Portanto, o Império Grego nada tem a ver com o Império Romano e não se pode dizer de forma alguma que o império Romano saiu do Grego. Quem argumenta isso o faz sem base histórica e, por conseguinte diz uma inverdade.

Antíoco Epifânio decretou medidas esta que se concretizou por meio de um decreto no qual proibia as práticas de guardar os sábados, proibia as festas judaicas, mudanças no calendário, assim como erradicação dos holocaustos e sacrifícios, entre outras atividades religiosas tradicionais dos israelitas (1º Mc 1,41-63). Tudo isso com o intuito de unificar seu império, mas para tanto, necessitava desfigurar a identidade sociocultural e religiosa dos judeus, o que fazia até mesmo por meio da força, agindo assim por um período de três anos e meio (Um tempo, tempos e metade de um tempo). 

III. O TEMPO DO FIM 

Mais pormenores sobre a Grécia prefigura os tempos do fim. Antíoco, prefigura o futuro Anticristo: Daniel 8.23-25 “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, se levantará um rei, feroz de cara, e será entendido em adivinhações. 24- E se fortalecerá a sua força, mas não pelo seu próprio poder; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os fortes e o povo santo. 25- E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá, e, por causa da tranquilidade, destruirá muitos, e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado.” 

1. O significado do termo “tempo do fim” (Dn 8.17).

Esta profecia tem duplo sentido, em partes se cumpriu na pessoa de Antíoco Epifânio, e no final dos tempos se cumprira na pessoa do Anticristo, o chifre pequeno.

Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o fim do tempo”, neste caso é uma alusão a todo o período entre o final do exílio e a segunda vinda de Cristo em glória. Os governantes e impérios vistos por Daniel no capítulo oito já não existem mais. Homens como Alexandre e Epifânio morreram e seus impérios chegaram ao fim, pois os reinos deste mundo são efêmeros. Somente um reino nunca terá fim - o reino do Messias: “O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn 7.27). [Elienai Cabral. Lições Bíblicas CPAD - Lição 9: O prenúncio do Tempo do Fim. 4º Trimestre de 2014]. 

2. O “homem forte de Deus”. Referindo-se ao nome do anjo Gabriel, que estava falando com Daniel dizendo-lhe que aquela visão se referia ao tempo do fim (Dn 8.19). 

3. No fim do reinado deles. Precisamos entender que em parte a profecia se cumpriu, e em partes será para o tempo do fim. Este trecho é o mais difícil nos profetas, uma dificuldade que é aumentada pelo atual estado do texto. Historicamente foi cumprido em Antíoco Epifanes, mas num sentido mais profundo ele apenas antecipa a terrível blasfêmia do chifre pequeno de Daniel 7.8; 9.25; 12.11. Em Daniel 8.10-14, as ações de ambos os chifres combinam. Há fatos aqui não aplicáveis a Antíoco, mas podem se referir a uma personagem futura, ou seja, isso não é válido para os tempos de Antíoco, mas para os tempos finais da era cristã. Compare Lucas 18.8 e 2ª Timóteo 3.1-9, quanto à iniquidade do mundo em geral, pouco antes da segunda vinda de Cristo.

Quando a rebelião dos ímpios tiver chegado ao máximo, ou seja, quando o pecado estiver chegado a um patamar terrível, surgirá o Anticristo, talvez disfarçado de um salvador; entendido em adivinhações, encantamentos, ocultismo. Ele se tornará muito forte, mas não pelo seu próprio poder, mas de Satanás (Ap 13.2b). 

4. Fará prosperar o engano. Ele enganará a muitos, será arrogante, orgulhoso (Dn 8.25). E, pelo seu entendimento, também fará prosperar o engano na sua mão; e, no seu coração, se engrandecerá. Provocará devastações terríveis (gênio militar) e será́ bem-sucedido em tudo o que fizer (Dn 8.24). Destruirá́ os homens poderosos e o povo santo (Israel) (Dn 8.24) e se insurgirá contra o Príncipe dos príncipes. (Cristo) (Dn 8.25). Apesar disso, ele será́ destruído, mas não pelo poder dos homens (pelo poder de Deus no Armagedon) (Dn 8.25). Ele perde o trono e a glória quando está no maior período de perseguição aos judeus, isso para deixar bem claro que não há outro senhor senão o Deus de Israel. 

5. “...mas não pelo seu próprio poder” (v. 24). No princípio era “pequeno” (Dn 7.8); mas, vencendo os outros através do ofício, o outrora chifre pequeno tornou-se “poderoso” (compare Daniel 8.25; 11.23). Ele deve agir pelo poder de Satanás, que será então autorizado a trabalhar através dele em licença irrestrita, tal como ele não tem agora (Ap 13.2); daí os dez reinos darão à besta seu poder (2ª Ts 2.9-12; Ap 17.13). 

5. Príncipe dos príncipes (v. 25). É evidente que se refere ao mesmo ser designado como “Príncipe do exército”, no v. 11, ninguém além de Cristo. 

“sem mão, será quebrado. Esta passagem tem um sentido duplo; assim como Antíoco foi morto sem mão humanas, ou seja, a morte horrível de Antíoco por vermes e úlceras, quando estava a caminho da Judéia, da mesma forma o Anticristo e seu exército serão vencidos pelo poder invisível e divino. Uma antevisão da guerra do Armagedon: “levantará contra o príncipe dos príncipes, mas, sem mão, será quebrado.” O texto nos arremete para o Armagedon apocalíptico, quando o poder mundial sob o comando do Anticristo será destruído por pela vinda de Cristo em glória (Ap 19.11-21). 

6. Mas ele será quebrado sem mão. Antíoco Epifânio não foi assassinado nem morreu em batalha. Sua morte aconteceu em 166 a.C. de uma doença física. Segundo o autor do primeiro livro de Macabeus (1º Macabeus 6.8-16), ele morreu de tristeza e remorso na Babilônia. Sua morte é vista por muitos como um cumprimento da profecia registrada em Daniel 11.45. Para relatos variados sobre a sua morte, veja nos livros apócrifos de 1º Macabeus 6.1-16; 2º Macabeus 9.1-28.

Sem mãos, será quebrado, isto é, sem a mão do homem, ou por nenhuma causa visível. Ele será vencido pelo poder invisível e divino. Na volta de Cristo em Glória Ele julgará o reino do Anticristo durante a Grande Tribulação totalmente sem ingerência humana. Naquele momento, Ele o aniquilará e exterminará para sempre, preparando o caminho para Seu reino milenar e, finalmente, para Seu reinado eterno nos novos céus e na nova Terra.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



quinta-feira, 2 de junho de 2022

OS QUATRO ÚLTIMOS IMPÉRIOS MUNDIAIS - DANIEL CAPÍTULO 7

 


O sonho do profeta Daniel no capitulo sete, é a mesma profecia do capitulo dois que interpretou ao rei Nabucodonosor; esta profecia se deu 40 anos depois, já no reinado de Belsazar filho de Nabonido (Dn 7.1). No capítulo dois, ele descreve aparência exterior deste império; ao passo que, no capitulo sete, revela sua índole e caráter.

No capítulo 2 os impérios são representados por uma imagem de metais em quatro partes, no presente capítulo, estes mesmos impérios são representados por quatro animais.

A imagem de metais é descendente, começando com metal mais valioso (ouro) para o mais forte (ferro). De forma similar, a hierarquia dos animais move-se do mais honroso (leão, rei dos animais) ao poder mais esmagador (animal indescritível, mais feroz que qualquer um conhecido na natureza).

I.        O CURSO DOS TEMPOS DOS GENTIOS 

1. O paralelo entre os capítulos 2 e 7 de Daniel. Duas revelações paralelas no livro de Daniel nos dão a descrição completa deste período. No capítulo 2, por meio de Nabucodonosor, Deus revelou o lado político destes últimos impérios mundiais. No capítulo 7, por meio do profeta Daniel, Deus revelou o lado moral e espiritual através de quatro animais. A história política havia sido mostrada a Nabucodonosor, mas a história espiritual foi mostrada a Daniel. Notemos ainda o seguinte: No capitulo 2, as figuras representadas são tomadas da esfera inanimada, materiais como ouro, prata, bronze, ferro e barro. No capítulo 7, as figuras são representadas por seres animados, aqueles animais estranhos. Nos dois, aparecem quatro elementos, que obviamente seguem um ao outro cronologicamente, alcançando o clímax escatológico – o estabelecimento final do reino de Deus sobre a terra. 

2. O Mar agitado. Dn 7.2-3 “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. “E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”.

A palavra “mar” na linguagem escatológica sempre representa as nações, povos e pessoas (Is 17.12,13). O mar agitado representa a humanidade inquieta (ref. Ap 17.15). Veja como o profeta Isaías também falou sobre isto: “Ah! O bramido das numerosas nações; bramam como o mar! Ah, o rugido dos povos; rugem como águas impetuosas!” (Is 17.12). Jesus também falou dizendo: “E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.” (Lc 21.25). A inquietação e perplexidade das nações é uma característica do fim dos tempos, isto pelas crises mundiais cada vez maiores.

Os ventos representam os poderes do mal que incitam e afligem as nações. Note que os ventos vêm do céu, pois estão sujeitos ao Criador. Portanto, são agentes usados por Deus para agitar a humanidade nestes últimos dias. Estes ventos malignos são a consequência da pecaminosidade da humanidade na face da Terra. Veja que o apóstolo Paulo afirma que “A ira de Deus se revela do céu” (1.18). O Criador se revela na Palavra das Escrituras, mas o caráter e o poder de Deus se revelam pelas obras da criação (Rm 1.17-20). Este fato traz a responsabilidade sobre todos de buscar a Deus, e deixa os desobedientes sem desculpa. Certamente Deus tem todo direito em exercer a Sua ira judicial sobre a criação. Ele criou o homem para ser conhecedor e adorador da Natureza Divina. Porém, os homens rejeitaram o conhecimento de Deus e assim também recusaram lhe dar a adoração verdadeira. Rejeitar a verdade de Deus, portanto, tem trazido muitas consequências terríveis como resultado (Rm 1.21, 23, 25).

Os homens são “indesculpáveis” diante de Deus por haverem o desconhecido, desde que Ele claramente se manifestou por meio das coisas que ele criou (Rm 1.19-20).

Em seguida é revelado a Daniel quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar (Dn 7.3), isto é, saem do meio dos povos.

Então, quando o agir de Deus representado pelos quatro ventos do céu, agita as nações que são representadas pelo mar, quatro grandes reinos se levantam que são representados pelos quatro animais.

II.        OS QUATO ANIMAIS NA REVELAÇÃO DE DANIEL 

As nações usam imagens de animais como seus representantes, comunicando uma mensagem sobre como eles vêm a si mesmas. Algumas escolheram uma águia, outras um leão e ainda outras um urso.

Em Daniel 7 também encontramos vários animais. Entretanto, estes animais são indefiníveis ou misturas estranhas de bestas e todos eles são ferozes. Este capítulo nos leva para a parte escatológica do livro.

1. O Leão com asas de águia. “O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem” (Dn 7.4).

O primeiro animal era como leão...”. Corresponde à cabeça de ouro da estátua do capítulo 2.32, 37, 38, e representa o Império Babilônico que surgiu por volta de 626 a.C. até 539 a.C. O leão era o símbolo do deus Marduque, o deus patrono da cidade de Babilônia.

O leão é a cabeça de ouro, aponta para o orgulho, a vaidade e a fineza da Babilônia. Jeremias diz que a Babilônia era a “glória de toda terra” (Jr 51.41).

O leão com duas asas como de águia, nos diz a respeito à força e rapidez nas suas conquistas, como revela a história do nosso mundo. Mas, Daniel vê que suas asas foram arrancadas, ou seja, seu poder lhe seria retirado e isto aconteceu quando os Medos e Persas conquistaram o Império Babilônico.

Um leão é notável pela sua força, enquanto que a águia é famosa pelo poder e altitude de seu voo. O leão é considerado o rei dos animais (animal majestoso), e a águia, a rainha das aves. 

1.1. Breve história do Império Babilônico. O império Babilônico teve início no ano 626 a C.539 a.C.

A cidade era extravagante; luxuosa e pomposa além do que se possa imaginar; era sem rival na história do mundo. Isaías diz a respeito de Babilônia: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13.19).

Os antigos historiadores declaram que seu muro alcançava 96 km de extensão (24 km de cada lado da cidade), 90 m de altura e 25 de espessura. O muro tinha ainda 250 torres e 100 portões de cobre. Sob o rio Eufrates, que dividia Babilônia ao meio, passava um túnel. Os diversos muros da cidade e do palácio e fortalezas eram tão espessos e altos, que para qualquer tipo de guerra da antiguidade, Babilônia era uma cidade simplesmente inconquistável. 

A. O orgulho pessoal e político do rei. “A grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha majestade” (Dn 4.30).

O homem mais orgulhoso da época se vã gloria pelos seus feitos; ao profeta Isaías diz o Senhor Deus: “E a minha glória não a darei a outro” (Is 48.11b). Devemos ter o cuidado, pois, com o costume de receber a glória que pertence só a Deus. 

B. As profecias referentes à Babilônia. Veremos a seguir algumas profecias bíblicas vaticinadas pelos profetas que se cumpriram em Babilônia. 

C. Nunca mais seria habitada. “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada nem reedificada de geração em geração: nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão os seus rebanhos. Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais” (Is 13.19-21 – outras ref. Jr 50.13, 39; Jr 51.37, 58).

Aos olhos humanos era impossível a Babilônia ser conquistada, mas o que Deus falou por intermédio de Seus profetas cumpriu-se. Diz a história em confirmação com a Bíblia que o rio Eufrates que passava sob a Babilônia secou-se e os Medos e Persas a conquistaram.

D. “Cairá à seca sobre as suas águas, e secarão” (Jr 50.38). “Quem diz às profundezas: seca-te, e eu secarei os teus rios” (Is 44.27).

Jeremias profetizou 50 anos antes da queda do Império Babilônico e que seria dominado pelo rei da Média. “Alimpai as flechas, preparai perfeitamente os escudos: O Senhor despertou o espírito dos reis da Média: porque o seu intento contra Babilônia é para destruir” (Jr 51.11). Cinquenta anos após Jeremias ter profetizado, o profeta Daniel relata no capítulo 5, a tomada da grande Babilônia.

No ano 538 a.C. o rei Belsazar, filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava num grande banquete juntamente com mil convidados, onde bebia muito vinho e davam louvores aos seus deuses. A Bíblia diz que bebiam vinho nas taças de ouro trazidas do templo de Jerusalém quando Nabucodonosor trouxe Israel para o cativeiro Babilônico. Na noite da festa, Belsazar teve uma visão, viu uns dedos de mão de homem que escreviam na parede do palácio real, que dizia: Mene, Mene, Tequel, Ufarsim. Como Daniel já era conhecido pelos seus feitos no palácio, foi comunicado por intermédio da rainha, e então trouxeram o profeta Daniel para fazer a leitura da escrita. No mesmo instante que Daniel viu a escrita a interpretou dizendo: Mene: “Contou Deus o teu reino e o acabou”. Tequel: “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. Peres: “Dividido foi o teu reino, e deu aos medos e aos persas” (Dn 5.26-28). E mais uma vez o profeta Daniel, com a sabedoria divina, trouxe conhecida o enigma divino.

Os Persas formaram uma colisão para derrotar a Babilônia. A Média sob o comando de Dário e a Pérsia sob Ciro. Na mesma noite em que Belsazar teve a visão, os Medos e os Persas invadiram a Babilônia, mataram Belsazar e tomaram o Palácio. Assim terminou o magnífico império babilônico, (a cabeça de ouro da estátua de Dn 2.32, o leão com duas asas de Dn 7.4).  

2. O Urso destruidor. “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou-se de um lado, tendo na boca três costelas entre seus dentes; e foi-lhe dito: levanta e come muita carne.” (Dn 7.5).

Depois do império babilônico viria um império que seria um pouco inferior, representado pela prata (Daniel 2.39).

O urso representa o segundo império mundial dos gentios, Medo-Persa. E corresponde ao peito e os braços da estátua (Dn 2.32-39). Este império teve início no ano de 539 a.C. 331 a.C.

As três costelas na boca do urso aludem à conquista da Babilônia, Lídia e Egito pelo império. 

3. O Leopardo altivo. “Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” (Dn 7.6).

O leopardo representa o terceiro império: Império Grego, que surgiu no período de 331a168 a.C., tendo como Governante Alexandre o Grande. Este animal e corresponde ao ventre e as duas pernas de bronze da estátua do capítulo (2.39b). 

O leopardo tinha “quatro asas e quatro cabeças”. As quatro asas do leopardo, indicam mais rapidez nas conquistas do que Babilônia, pois era um exército relâmpago em suas conquistas na guerra. As quatro cabeças falam da divisão do Império Grego em 4 partes (quatro reinos). Após a morte de Alexandre, o império Grego foi dividido entre os quatro generais: Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Trácia), Ptolomeu (Egito) e Seleuco (Síria) isto representa a divisão do império em quatro reis.

4. O animal terrível e espantoso. “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” (Dn 7.7-8).

O quarto animal seria um rei ou um reino, como os demais animais. Esta besta representa o quarto império mundial o Império Romano, que surgiu no período entre 168 a.C. e 476 d.C., conquistou praticamente todo o mundo antigo conhecido. A história comprova que o Império Romano realmente arrasou a terra. Daniel não identifica o nome deste animal, mas classifica com uma besta que lhe causou espanto, por isso o chamou: espantoso, terrível e muito violento. Este animal tinha dentes de ferro, assim como as pernas de ferro e os pés, correspondem à visão de Nabucodonosor de que o quarto reino é forte como ferro, quebrando em pedaços e esmagando todos os outros (Dn 2.40,41), portanto o ferro representa dureza e maldade deste reino. Este reino seria forte, ou seja, um reino da força, da ferocidade, do esmagamento, como foi o Império Romano, diferente de todos os reinos.

O reino de ferro dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Com seus dentes de ferro despedaçava e devorava suas vítimas. Esta besta também é descrita em Apocalipse 13. 


4.1. Os dez chifres da besta. “Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, e as suas unhas, de metal; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava; E também das dez pontas que tinha na cabeça e da outra que subia, de diante da qual caíram três, daquela ponta, digo, que tinha olhos, e uma boca que falava grandiosamente, e cuja aparência era mais firme do que o das suas companheiras.” (v. 19- 20).

Daniel teve o desejo de conhecer esta besta porque era diferente dos demais. Este animal terrível possui dez chifres assim como os pés da estátua possuem dez dedos (Dn 2.33, 41).

Chifre na Bíblia representa poder, liderança e governo. Os dez chifres que saíam da cabeça do quarto animal que representa o Império Romano.

Veja que o anjo dá mais explicações sobre a profecia dos 10 chifres: pra Daniel: “O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis. 25 E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.” (Dn 7.23-26).

A Bíblia relata que vai chegar o tempo em que o poder estará novamente nas mãos de um único reino e que tudo será centralizado num único líder. Portanto, dez nações irão ressurgir no governo do Anticristo na Grande Tribulação (Ap 17.12). 

4.2. Pequeno chifre (V. 8). Na visão de Daniel ele vê um pequeno chifre ou pequena ponta subir dentre os dez chifres existentes na cabeça do quarto animal (Dn 7.8), mas depois de destruir três dos dez, ele se torna maior que todos (Dn 7.20; Dn 7.21). Para entendermos este mistério precisamos nos reportar para o livro apocalíptico onde o anjo explica para o apóstolo João dizendo: “o mistério da mulher e da besta e tem sete cabeças e dez chifres.” (Ap 17.7); “E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.” (Ap 17.11). Observe que a besta que João vê também tem dez chifres.

Esta profecia tem duplo sentido, em partes se cumpriu no Império Romano passado, mas no final dos tempos este império irá ressurgi na pessoa do Anticristo, o chifre pequeno.

O cumprimento da segunda parte irá se cumprir no final dos dias. Observe que o outro chifre pequeno que surgiu entre os dez que já existiam, ocasionou a retirada de três chifres (Dn 7.8). Aqui está uma nova fase do quarto império. O pequeno chifre simboliza o aparecimento do Anticristo (2ª Ts 2.3-4,8). Também a simbologia usada sugere que esse chifre se refere a um indivíduo e não a um reino. Nesse chifre havia olhos como os de homem e uma boca que proferia palavras insolentes.

Observe que os atributos do quarto reino do capítulo 2 e 7 de Daniel, tem uma conexão profética neste último império. “O quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços (Dn 2.40). “...o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava...” (Dn 7.7).

Esta visão nos traz ao fim dos tempos dos gentios. Quando a quarta besta com dez chifres e o chifre pequeno, irão formar um governo mundial, isto está em pleno andamento, então chega ao fim.

“E a besta, que era e já não é, é ela também o oitavo...” (Ap 17.11). No tempo do apóstolo João a besta era, mas não existe mais, mas irá surgir novamente.

“é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.” (Ap 17.11b). A besta de apocalipse 17, tem sete cabeças, bem com dez chifre. Mas o oitavo vem em seguida:

Como os reinos mundiais anteriores tinham suas cabeças representativas, vejamos:

1º O primeiro império mundial na história, conforme a Bíblia foi o Egito, na época de José no Egito, e da fome generalizada sobre a terra; quando também os israelitas permaneceriam escravos no Egito por aproximados 400 anos. (Livro de Êxodos – Bíblia). E o Egito, nessa época chegava a ter sob seu comando mais de um milhão de escravos hebreus a servir-lhe.

2º Segundo império mundial na história conforme a história é a Assíria. No tempo dos reis de Israel e Judá. São exatamente os reis da Assíria que deportam os judeus (do norte em Israel) transportando-os a outras nações, destruindo Israel (reino do norte) em cumprimento ao castigo da lei de Moisés; e, ao mesmo tempo, os reis da Assíria levariam povos estrangeiros p/ habitarem Israel, em lugar dos hebreus (por toda a Galileia e Samaria). (Isaías e 2º Reis e 2º Crônicas).

3º Terceiro império mundial na história – Babilônia – Daniel 1 e 2.

4º Quarto império mundial – Medos e Persas – Daniel 6 – Esdras e Neemias.

5º Quinto império mundial – Grécia – Daniel 2.32c – Daniel 7.6 – Daniel 11 – Livro de Macabeus.

6º Sexto império mundial na história – Roma – Daniel 2.33a – Daniel 7.7 – os Evangelhos.

7º E o Sétimo e último império mundial. O sétimo reino (ONU), surgira com dez reis e entregarão o poder ao Anticristo no final dos tempos.

8º O oitavo império mundial. O governo único através do Anticristo.

Desde Antíoco Epífanes, o anticristo do terceiro reino em Daniel 8.1 e Daniel 8.27 era o inimigo pessoal de Deus; assim será o Anticristo final do quarto reino, seu antítipo.

“O Anticristo que já se manifestou na pessoa de Atíoco Epifânio (Dn 8.9,22), reaparecerá em forma ainda mais forte e global”. [Comentário Russel Shedd].

A Igreja sempre sofreu perseguições por vários anticristos no decorrer da história, porém, após seu arrebatamento da terra, levantar-se-á um que receberá poder de satanás no final dos tempos (Ap 13.2); será diferente dos outros reis (Dn 7.24); falará coisas espantosas (Dn 7.7); vai blasfemar contra Deus, caluniar Seu nome, (Dn 7.25; 11.36; Ap 13.5); irá perseguir o povo de Deus (Israel Ap 12.3), fará guerra contra os santos (Dn 7.21,25; Ap 13.6-7), irá oprimir os santos e será́ bem sucedido por 3 anos e meio (Dn 7.25; Ap 13.7). Ele Mudará os tempos e as leis. Ele vai tentar mudar o calendário, talvez para definir uma “nova era” Nova ordem mundial, relacionada a si mesmo (Dn 7.25).

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 31 de maio de 2022

A HISTÓRIA MUNDIAL NO SONHO DE NABUCODOSSOR DANIEL CAPÍTULO 2


  

Daniel ainda muito jovem foi levado para Babilônia como cativo. Em terra estranha ele serviu fielmente a Deus. Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e ocultismo da corte oriental babilônica. Ele foi levado para Babilônia na primeira leva de exilados de Judá, em 606 a.C., quando tinha 14 a 16 anos de idade. Aí viveu no palácio de Nabucodonosor, como estudante, estadista e profeta de Deus, atravessando o reino de todos os reis babilônicos, exceto o primeiro deles – Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, fundador do neo-Império Babilônico. Chegou até o Império Persa sob Ciro em 536 a.C. (Dn 6.28; 10.1). Prestou cerca de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao próximo.

Daniel foi selecionado como um dos jovens judeus mais especiais para ser treinado para servir na corte do rei Nabucodonosor. Deus abençoou Daniel com o dom de interpretar sonhos, e ele foi promovido a cargos de liderança nos governos Babilônico e Persa.

Daniel por duas vezes teve visões e revelações proféticas na Babilônia. São estas visões que nos trazem luz aos acontecimentos que dar-se-ão no tempo do fim. Através da interpretação destas visões, nos situamos profeticamente e historicamente, podemos assim sentir o peso da responsabilidade de estarmos preparados para quando o fim chegar.

Nestas visões está predito o futuro do mundo gentílico na era dos “últimos dias” (Dn 2.28). Isto alcança os tempos da vinda de Jesus e o estabelecimento do Milênio. A matéria profética deste assunto é tão importante que vem repetida no capítulo 7. Uma das diferenças é que no capítulo 2, a revelação divina veio por meio de um sonho profético ao rei Nabucodonosor, rei da Babilônia; e no capítulo 7, por meio de uma visão profética concedida a Daniel. 

I. O SONHO DO REI NABUCODOSOR - Daniel capítulo 2. 

O capítulo 2 do livro de Daniel, o rei Nabucodonosor tem um sonho que deixou muito preocupado. O problema que ele esqueceu o que sonhou. 

1. A crise provocada pelo sonho. Certa noite, o rei Nabucodonosor teve um sonho, uma grande revelação. Ao levantar-se pela manhã esqueceu o que havia sonhado, e seu espírito ficou grandemente perturbado. Então o rei mandou chamar os sábios do palácio: os magos, astrólogos, encantadores, e os caldeus, para revelar ao rei qual tinha sido o seu sonho. Mas, nenhum desses adivinhos e místicos puderam revelar (trazer conhecido) ao rei, o que ele havia sonhado. Eles diziam ao rei que isto era impossível. Jamais alguém poderia revelar sem ajuda dos deuses.

Porém, Nabucodonosor vendo que não podiam trazer conhecido o seu sonho, fez um decreto ordenando a morte de todos os magos, sábios e encantadores; buscaram Daniel e os seus companheiros, para que fossem mortos. Então, Daniel falou prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia, o qual o levou a presença do Rei. Então, Daniel pediu ao rei que lhe desse tempo, para que pudesse dar a interpretação. E em seguida foi para sua casa e comunicou o fato aos seus três amigos, que juntos em oração pediram misericórdia ao Senhor Deus. Sendo Jeová um Deus compassivo e misericordioso para com seus servos, revelou o sonho do rei ao profeta Daniel numa visão de noite. Após o Senhor Deus ter revelado o sonho do rei ao profeta Daniel, ele O louvou grandemente (Dn 2.20-22).

Os magos haviam dito anteriormente que somente os deuses poderiam revelar o futuro ao homem (11). Agora Daniel afirma que os sábios da Babilônia não podiam revelar (v. 27), associando-se com suas falsas divindades. Daniel era capaz de fazer porque há um Deus no céu que revela mistérios. 

2. Daniel na presença do rei (Dn 2.25-30). Posto na presença do rei, este jovem judeu declarou as visões que o rei havia tido em sua cama, exatamente como elas aconteceram. Esta primeira visão, embora não tenha sido dada primariamente a Daniel, foi interpretada exclusivamente por ele, e estão registrados em seu livro. Isto causou uma grande surpresa no coração do rei, pois era exatamente o que havia sonhado alguns dias anteriores a este encontro. 

II. DANIEL REVELOU E INTERPRETOU O SONHO 

Dn 2.31-33 “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era grande, e cujo esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível. 32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de cobre; 33 as pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro.” 

A grande estátua do sonho do rei foi composta de quatro partes principais.

A cabeça da estátua – de ouro – a Babilônia.

O peito e os braços – de prata – Medos-Persas.

O ventre e as coxas – de cobre – a Grécia.

As pernas – de ferro – Roma.

Os pés – em parte de ferro e em parte de barro – um reino mundial dividido: império dividido.

Na enorme estátua do sonho do rei, está predita a história das nações dos “tempos dos gentios”, começando por Nabucodonosor até a vinda de Jesus em glória.

Esta visão revela, em caráter profético, como dar-se-ão os acontecimentos sociais e políticos concernentes aos grandes reinos, impérios e confederações de países no mundo contemporâneo a Daniel, no período posterior aquele e no futuro (nossos dias).

Prosseguindo, vemos Daniel descrevendo o relato da interpretação deste sonho. E a interpretação, que segundo ele é fiel, pois ela cumpre-se na íntegra na história da humanidade que são os quatro últimos impérios mundiais. 

1. Cabeça de ouro, o reino Babilônico (605 a.C a 539 a.C.). “Este é o sonho; também a interpretação dele diremos na presença do rei. 37 Tu, ó rei, és rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade. 38 E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do céu, ele tos entregou na tua mão e fez que dominasses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro” (Dn 2.36-38). 

Daniel disse claramente que Nabucodonosor o rei da Babilônia, era a cabeça de ouro da estátua. O Império Babilônico representa o começo, o início dos tempos dos gentios. Sobre a expressão “tempos dos gentios” (Lc 21.24).

Depois da morte de Nabucodonosor, encontramos entre os seus sucessores o rei Nabonido (556-538 a.C.). Belsazar, seu filho, estava como co-regente na cidade da Babilônia, quando o Império Caldeu ruiu derrotado por Ciro, rei da Pérsia. 

2. O peito e os braços de prata, o reino Medo-Persa. (539 a.C. a 531 a.C.). “E depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu” (2.32-39).

A segunda parte da estátua, o peito e os braços de prata, representam o Império Medo-Persa, o segundo Império mundial liderado por Ciro (Isaías 45.1). Em 539 a.C. O grande imperador Ciro, general Persa, derrotou o império babilônico e estabeleceu a Segunda potência Universal. Os dois braços de prata representam as duas nações da Média e da Pérsia. 

3. O ventre e as coxas de cobre, o reino Grego (631 a.C. a 168 a.C.). “...e um terceiro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra. (2.39).

O terceiro reino, após a Medo-Pérsia, foi a Grécia (Dn 8.20-21) de Alexandre, o Grande (331 a.C. a 168 a.C.). Este império está representado na estátua pelo ventre e quadris de bronze.

Duzentos anos mais tarde, em aproximadamente em 331 a.C. o império Medo-Pérsia se desmoronava diante das forças da Grécia, comandadas pelo então imperador Alexandre, o Grande. 

4. As duas pernas de ferro, o reino Romano (168 a.C. a 477 d.C.). “E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro esmiúça e quebra tudo, como o ferro quebra todas as coisas, ele esmiuçará e quebrantará” (Dn 2.40).

As pernas de ferro representam o Império Romano. As pernas são a parte mais longa do corpo, o que indica a extensão do domínio romano. As duas pernas correspondem a divisão do Império Romano em Ocidental e Oriental, ocorrido em 395 d.C. O reino de ferro teve início em 63 a.C., o general romano, Pompeu, conquista a Judéia. O mais forte dos quatro reinos seria o quatro, dominou o mundo numa amplitude que nenhum império dantes o fizera. Mas a mistura de barro mostra um reino dividido, com um lado frágil. Este reino seria esmiuçado pela grande pedra. 

4.1. Os pés, em parte é ferro, em parte de barro. (Dn 2.33, 41-43). Ferro e barro não se misturam. Isto revela que neste tempo do fim não haverá “nações unidas” de fato. A divulgada união das nações nestes últimos dias através da ONU é uma proforma; está previsto nesta profecia. O ferro é o governo ditatorial, totalitário que hoje cada vez aumenta em todos os continentes (v. 40). O barro é o governo do povo, democrático, republicano. O barro é formado de partículas soltas, o que indica governo do povo, como apresenta-se o regime democrático. Já o ferro é formado de blocos compactos, indicando poder centralizado. Temos hoje no mundo estas duas formas de governo. Vemos assim pela Palavra de Deus que a última forma de governo na terra será o governo do Anticristo. 

4.2. Os dez dedos dos pés na imagem (2.41-42). São dez reinos, como forma de expressão final do Império Romano, que aparecerá no governo do Anticristo e do falso profeta, no fim dos dias da presente dispensação, como se vê no versículo 44: “Mas, nos dias destes reis...”. Trata-se de um poder político que existiu, e que no presente momento não existe, mas que voltará a existir segundo a palavra profética (“era e não é e está para emergir” - Ap 17.8). 

4.4. A crescente inferioridade dos metais na estátua profética (2.32,33). A escala decrescente dos valores dos metais na estátua profética (2.32-33). Ouro, prata, bronze, ferro com barro, mostra a degradação da raça humana, na área moral, social e política, basta vermos as notícias mundiais para comprovarmos a imoralidade, corrupção e injustiças que fazem parte da humanidade sem Deus. É o que nos assegura esta profecia.

A imagem de Nabucodonosor é uma descrição bíblica da degeneração da raça humana alienada de Deus. Os dez dedos dos pés são dez reinos que nos últimos dias entregarão o governo mundial ao Anticristo o oitavo reino.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau SC