TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O CHAMADO DIVINO PARA O MINISTÉRIO

 


Romanos 1.1 “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus.” 

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA CHAMADO 

A palavra chamado tem origens gregas no verbo καλεω - kaleo e suas variações (o substantivo klêsis e o adjetivo kletós). Ambas provêm do verbo grego kaleo que significa “chamar ou convocar”. e aparece 11 vezes no NT. A mesma palavra “chamada” do lat. Clamare, significa chamar em alta voz; ou gritar. Conclamação feita por Deus para os homens (sem quaisquer exceções), aceitável.

A palavra hebraica para chamado é להיקרא aeer:iq; (qârâ). A raiz desta palavra denota a enunciação dirigida a um receptor específico com o objetivo de receber uma resposta direta; pode-se traduzir por “apregoar”, “convidar”, e poucas vezes expressa um simples clamor. Essa palavra também tem a conotação de chamar alguém para uma tarefa específica. Vocábulo utilizado para designar aqueles que no meio do povo Israel eram “convocados para fazerem parte da assembleia da congregação”. [HARRIS, R. L. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, p. 1365].

“No dicionário da Bíblia de Almeida, encontra-se a seguinte definição para a palavra “chamar”: “Convocar certas pessoas para que se dediquem a trabalhos especiais no Reino de Deus (Rm 1.1). Também essa convocação é uma decisão divina, tomada desde a eternidade (Is 49.1,5; Jr 1.5; Gl 1.15)”. [WERNER, K. Dicionário da Bíblia de Almeida, p. 41].

A palavra Kaleo significa: convidar, chamar (para fora), (quem, qual) nome (foi [chamado]). A Bíblia apresenta algumas variações: O verbo kaleo significa eu chamo, nomeio, convoco: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (eklêthete)” (Ef 4.1).

O substantivo klêsis significa vocação, chamado, convite: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação (klêsin)” (1ª Co 1.26). O adjetivo kletós significa chamado, convocado: “de cujo número sois também vós, chamados (kletòi) para serdes de Jesus Cristo” (Rm 1.6).

“O chamado torna-se plenamente religioso quando a pessoa o vê em seu contexto e sente-se chamada por Deus para executar o seu trabalho. O significado religioso do chamado é viver sempre diante de Deus, fazer sua vontade e ser fiel em seu trabalho” [ROSA, M. Psicologia da religião, p. 209]. 

II. O CHAMADO NO ANTIGO TESTAMENTO 

Vocação, no contexto do Antigo Testamento, é o chamado de Deus, no qual o ser humano é convocado a participar dos Seus planos e ações, e desafiado a estar a serviço desse chamado [ELWELL, W. A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã, v. 3. p. 630].

Vocação, no Antigo Testamento, entende-se por situações que relatam um encontro único e pessoal com Javé, ou um representante seu, e o próprio vocacionado, estabelecendo um

diálogo onde há lugar para hesitação, objeção por parte deste e argumento da parte do divino, levando-o à aceitação da missão, ou, então, ao voluntariado para o cumprimento da mesma. [SOUZA, A. B. Op. Cit., p. 22].

O chamado de Moisés é um dos mais complexos devido ao próprio relato que apresenta

algumas dificuldades por tratar de vários temas como: teofania, promessa de libertação,

revelação do nome de Javé. Por isso neste ponto a atenção estará para a vocação de Moisés e os aspectos da sua missão e sua relutância.

III. O CHAMADO NO NOVO TESTAMENTO 

“A palavra utilizada no Novo Testamento para chamado e vocação é kaleõ, que significa

literalmente “chamar”. Porém, o seu significado acrescenta mais profundidade a esta palavra. Kaleô significa também “solicitar com instância”, mandar, falar com outra pessoa, diretamente ou por um intermediário, a fim de trazer a pessoa para mais perto para desenvolver um relacionamento pessoal com ela.” [JEREMIAS, J. Chamar. In: COENEN, L. Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento, p. 349].

“O dicionário Vine usa três palavras para definir kaleõ: “chamar, convidar e convocar”. Na maioria das vezes o termo é usado para o convite à salvação, mas também há casos onde se refere a vocação. Nestes casos, o significado é: “chamar por nome”, “nomear”; passivamente “ser chamado”, assim a ideia de vocação.” [VINE, W. E. Dicionário Vine, p. 463].

“O verbo klêsis significa: eu chamo, nomeio, convoco. O adjetivo kletós significa chamado, convocado. Esses termos quase sempre expressam a vocação como iniciativa divina, o chamado de Deus ao homem, porém o sentido não é de um convite com possibilidade de escolha, mas uma convocação, uma intimação irrecusável.” [CÉSAR, K. M. L. Vocação, p. 18].

Naturalmente esta seria a palavra mais adequada para o chamado dos discípulos, porém ela só é utilizada duas vezes em Mt 4.21 e Mc 1.20; nos outros relatos aparece a história, o diálogo, porém nenhum termo especial.

Outra palavra grega utilizada nos relatos de chamado é proskaleomai, utilizada em uma

chamada autoritária e irresistível; pode ser direcionada a um indivíduo ou a algum grupo. Esta palavra foi utilizada para Paulo e Barnabé em At 13.2, referindo-se ao chamado celestial que resultou em um envio missionário de ambos. Este termo também aparece na visão que Paulo tem At 16.10, tratando-se de uma orientação divina com relação à pregação do Evangelho.

Paulo usa kletos, para se referir a uma comissão particular. É a palavra que ele usa em Rm 1.1 e 1ª Co1.1, para afirmar que é chamado para ser apóstolo, no caso do apóstolo uma vocação especial da parte de Deus. 

IV. TIPOS DE CHAMADA 

Existem vários tipos de chamada: 1) Chamada Universal; 2) Chamada Ministerial; 3) Chamada Especifica. Vejamos: 

1. Chamada universal.

1.1. Primeiro lugar Ele nos chama para o evangelho. O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho. (Is 55.1-3).

1.2. A chamada universal é extensiva a todas as pessoas indistintamente. Todas as pessoas são convidadas para a salvação e chamadas para o arrependimento (1ª Tm 2.3-5; Jo 3.16-18; 1ª Jo 2.2; 2ª Pe 3.9; At 17.30; Ap 22.17). 

2. Chamada ministerial. Mateus 4.18-19 “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. 19- Jesus chamando seus discípulos disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. 

A expressão “pescadores de homens” é uma declaração metafórica cujo significado indica aqueles que se ocupam em ganhar almas para o reino de Deus.

A dizer “eu vos farei pescadores de homens” Jesus estava prometendo treinar aqueles homens para uma tarefa tão honrada que é somente pela graça de Deus que um homem pode tomar parte dela. Ao invés de pescarem peixes, aqueles discípulos pescariam homens para o reino de Deus. O texto bíblico diz que imediatamente após o chamado de Jesus eles deixaram suas redes e animadamente o seguiram.

Jesus tinha uma missão preciosa no momento desse chamado, era justamente de escolher homens que fossem capazes de após a sua morte continuar pregando o evangelho da salvação. Com essa missão, ele chamou cada um de forma diferente, mas todos para o mesmo propósito.

O mesmo chamado existe hoje em dia nas nossas vidas, a todos os momentos, Cristo está dizendo: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. Este chamado é tão grandioso que se estende até nós nos dias de hoje.

Jesus busca as pessoas para acompanha-lo e trabalhar com Ele, ou seja, compartilha a sua missão com a humanidade, isso revela seu desejo de comunhão conosco. 

3. Chamada especifica. Os 12 Apóstolos foram chamados nominalmente e escolhidos para uma missão especial e especifica de serem as colunas principais da Igreja (Gl 2.9; Ef 2.20 e Ap 21.14).

Paulo foi chamado de forma especifica para levar o Nome do Senhor perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (At 9.1-15). Paulo foi designado por excelência como o “Apóstolo dos Gentios” (1ª Tm.2.7). 

Hebreus 5.4 “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.”

O escritor aos hebreus cita o exemplo de Arão, dizendo que ninguém tem o direito de entrar neste ofício, a menos que tenha as qualificações que Deus prescreveu. Havia leis fixas e definidas em relação à sucessão no cargo de sumo sacerdote e às qualificações daquele que deveria ocupar o cargo.

Ninguém pense que a chamada dos ministros atuais são pura ilusão ou imaginação deles para a peculiar obra de ensino e direção da igreja.

A chamada especifica é uma escolha nominal do Senhor, com o objetivo de enviar e escolher pessoas para uma missão ou obra especial.

Em Marcos 3.13, está escrito que Jesus “Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”.

Jesus chama os que Ele quer, e não os que nós queremos. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, ela veio do alto. Jesus subiu ao monte para chamar os Seus discípulos, para revelar a eles que, a sua chamada partiu do alto, partiu do Monte. Em Êxodos 19.20, está escrito que “Descendo o Senhor para o cimo do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu”. 

A chamada divina na vida de um homem de Deus, para um ministério especifico é algo sublime uma vez que este estar sendo indicado por Deus, e será capacitado pelo Espírito Santo para ministrar os mistérios de Deus aos homens, a partir desta chamada o homem será investido da unção de Deus para realizar a vontade divina, não importando aquilo que lhe possa fazer os homens (Ef 4.11, 12). Portanto o compromisso do escolhido de Deus é com Deus e com a sua obra. 

4. A missão dos setenta. A chamada ministerial é uma espécie de “segunda chamada”.

Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir. 2- E lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lc 10.1-2). 

Só Lucas registra a missão dos Setenta. Eles são enviados “na frente” do Senhor, como precursores, como preparadores da chegada do reino de Deus. Segundo o Evangelho de Lucas, “Ele chamou para si os Seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem ele chamou de apóstolos” (Lc 6.13). A passagem paralela no evangelho de Marcos diz que “Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele. Então designou doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.13,14). Ele os designou para estarem com Ele. É uma frase tão simples, mas diz tudo. 

Um ministério que vai além do discipulado. Dentre aqueles que estavam na escola de discipulado, Ele, por vontade divina, escolheu alguns para estarem com Ele. Isto sugere claramente uma intimidade de relacionamento que transcende o discipulado. Foi dito dos apóstolos do Novo Testamento que os homens notaram que eles haviam estado com Jesus (At 4.13). 

A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, todos os homens chamados por Deus precisavam ser qualificados. Existe um ditado que diz: “Deus não chama os capacitados, porém, capacita os que Ele chama”. 

5. Chamados para proclamar as virtudes do evangelho. 1ª Pe 2.9-10 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus...”. 

Somos um povo eleito pelo próprio Deus com uma missão especifica de anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. A palavra grega aretas traduzida como “grandeza” ou “virtude”, era um termo muito utilizado na época e refere-se aos atributos ou qualidades. Isso significa que temos que proclamar os feitos, o poder, a glória, a sabedoria, a graça, a misericórdia, o amor e a santidade de Deus. Através de nossa conduta e palavras, devemos testemunhar que somos filhos de Deus, somos da luz e não mais das trevas, pois Ele nos chamou para essa posição privilegiada. [https://estiloadoracao.com/quem-somos-e-qual-e-nossa-missao/ - acesso dia 25/01/2022]. 

V. A CONVICÇÃO DA CHAMADA 

1. O obreiro deve ter a convicção da sua chamada. 1ª Timóteo 1.1 “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa.”

Umas das coisas fundamentais para que o Obreiro de Deus tenha sucesso em seu ministério, é este ter convicção de seu Ministério e sua Missão. Quando lemos este versículo na versão da Bíblia de Jerusalém “por ordem de Deus”, ou seja, Paulo está dizendo a Timóteo que ele tinha total convicção de sua chamada, vocação e propósito ministerial. Paulo está dizendo que não por ordenação humana, ou por imposição pessoal, mas por mandamento divino que ele era apostolo. 

2. O obreiro tem responsabilidade pelo ministério que lhe foi confiado. O obreiro verdadeiramente chamado pelo Senhor sente o peso da responsabilidade e, se pudesse, escaparia dela. 1ª Co 9.16 “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (outras ref. Jn 1.12; Jr 1.1-9). 

Minha pregação é inevitável e, portanto, não pode ser vista como aquela em que me glorio especialmente. Fui chamado para o ministério de maneira milagrosa; Fui abordado pessoalmente pelo Senhor Jesus; Fui preso quando era perseguidor; Fui ordenado a ir pregar; Eu tive uma comissão direta do céu. Não havia espaço para hesitação ou debate sobre o assunto Gálatas 1.16, e eu me entreguei imediatamente e inteiramente à obra (At 9.6). Fui chamado a isso por um chamado direto do céu; e ceder obediência a esse chamado não pode ser considerado como demonstrando uma tendência a me dedicar a esse trabalho como se o chamado estivesse no modo usual e com manifestações menos decididas. Não devemos supor que Paulo foi obrigado a pregar, ou que ele não era voluntário em seu trabalho, ou que não o preferia a nenhum outro emprego, mas ele fala em um sentido popular, dizendo que “não poderia ajudar isto;” ou que a evidência de sua ligação era irresistível e não deixava espaço para hesitação 

3. O obreiro verdadeiramente chamado por Deus, tem o seu ministério confirmado a cada dia. “O Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1ª Pedro 5.10; Sl 37.23). 

3.1. E o importante, nesse caso, é o que o Senhor diz acerca desse obreiro, e não o que as pessoas pensam ou falam dele (At 14.6-20; Jó 1.8; Mt 11.19; 17.5). 

3.2. Deus faz questão de demonstrar que está com quem verdadeiramente chamou (Nm 17), dando testemunho dele (Is 41.8; Nm 12.3; Jr 6.12; At 13.22; Dn 10.11; Lc 7.28; At 9.15). 

VI. CHAMADOS SÃO DONS DADOS POR DEUS 

1. Vocação é o chamado divino dirigido ao homem. Todo ser humano é, de alguma forma, vocacionado. Os eleitos são especialmente chamados para receber a salvação que lhes é oferecida em Cristo Jesus, para agregar-se à igreja de Deus e para colocar-se inteiramente à sua disposição, servindo-o em algum tipo de missão que Ele mesmo determinará. 

2. “Qual é o seu chamado?” Certamente todo cristão já ouviu a pergunta “qual é o seu chamado?” ou se autoquestionou sobre o tema. Não importa quem somos, sempre nos indagamos sobre qual o motivo pelo qual estamos nesta terra. Ficamos a todo momento querendo entender qual parte do corpo de Cristo somos a fim de não perdermos tempo com coisas que estão fora do propósito. Isso é correto e perfeitamente normal. Creio que se hoje você tem essa dúvida é porquê está no caminho correto e certamente em seu coração queima o desejo de cumprir a vontade do Pai.

Existem três listas de dons dados por Deus no Novo Testamento. São elas: 1. dons da graça Rm 12.6-8; 2. Dons do Espírito 1ª Co 12.7-10; e dons de Cristo Ef 4.11. A lista de Efésios, no entanto é a que trata sobre os dons disponíveis para a edificação da igreja. Há muitos debates entre teólogos e pastores sobre quais os chamados que ainda “valem” para os dias de hoje. Minha intenção com esse texto é explorar o tema da forma mais imparcial possível. 

3. Para que e para quem? Efésios 4.12 “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.”

O propósito de Deus ao criar todas as coisas era ter um povo para si, que fosse santo e inculpável (Ef 1.4; 5.25-27).

O propósito final dessa cooperação mútua entre todos os irmãos serve para o crescimento espiritual de todos de maneira conjunta e para a glória de Deus estabelecida num corpo perfeito, como Ele é perfeito. Em outras palavras, os ministros são responsáveis pelo desenvolvimento dos santos, pela correção e pela orientação dos mesmos, colocando cada um na função correta em que ele deve cooperar, a fim de que o corpo todo funcione de modo equilibrado e mantenha a unidade com harmonia.

Todo cristão é parte do corpo de Cristo e por isso tem uma função específica ao qual foi chamado. De quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.

O objetivo dos dons ministeriais é para edificação do corpo de Cristo. A edificação do corpo corresponde à estruturação correta da igreja, de modo que ela possa aumentar em número e crescer espiritualmente. Neste aspecto destaca-se o trabalho dos ministérios a favor dos santos, preparando-os e colocando-os nas funções corretas para que cada membro preste serviço espiritual conforme o dom que recebeu. Por isso, na igreja existem pastores, professores, missionários, membros que se dedicam ao evangelismo pessoal, evangelismo pelo rádio, televisão, internet, e aqueles que se dedicam a oração, visitação, assistência a necessitados, aconselhamento etc..

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DE DEUS

 


1ª Coríntios 4.1 “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 2- Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” 

INTRODUÇÃO. O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da igreja. A atuação dos cristãos da igreja em Jerusalém para o serviço resultou na conversação de muitas pessoas (At 2.47). Neste estudo veremos a respeito da relevância do serviço cristão. No início do estudo definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida, ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço. Ao final, refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja primitiva em Jerusalém. 

Três coisas podemos destacar neste versículo;

1. Os homens devem nos considerar como ministros de Cristo;

2. O ministro é um despenseiro de Deus;

3. Os despenseiros devem ser fiéis ao Seu Senhor. 

I. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES 

1. O significado da palavra dispenseiro n N.V.

Quando o termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar, servir, oficializar”, comumente usados para se referir aos trabalhos realizados no palácio real (2º Sm 13.17; 1º Rs 10.5) ou nos serviços públicos (1º Cr 27.1; 28.1; Et 1.10). 

O significado de servir no dicionário é: ação ou efeito de servir, dar se si algo em forma de trabalho. 

A palavra Sarat aponta para a condição de “ministro” ou “servo”, como Josué que servia a Moisés (Êx 24.13; 33.11; Nm 11.28) e aos anjos que servem a Deus (Sl 104.4) O conceito bíblico de serviço, No Novo Testamento, vem do grego diakonia, do verbo diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de servir às mesas (At 6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (1ª Tm 3.10,13). O ato de Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de serviço (Mt 20.28). Portanto no Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço é abad, usando tanto no contexto religioso concernente a trabalho. 

2. O significado da palavra dispenseiro n N.T.

O segundo termo em destaque no versículo acima é “despenseiro”. Conforme VINE, idem, p. 800), traduzido do grego oikonómos, “denotava primariamente o “administrador de uma casa ou propriedade” (formado de oikos “casa”, e nemo, “arranjar, organizar”), “mordomo”, que normalmente era um escravo ou liberto (Lc 12.42; 16.1,3,8; 1ª Co 4.2). 

O verbo douleuo, em grego, também se refere ao serviço do cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado para “ser escravo”, ou de “alguém que se conduz em total serviço ao próximo”. Jesus destaca, em Mt. 6.24, que ninguém pode servir a dois senhores. Em Rm 6.6, Tt 3.3 e Gl 4.8,9 Paulo explica que todos aqueles que se encontra fora da esfera da graça são servos do pecado. Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma ao outro em amor (Gl 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está restrito àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os primórdios, os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada um (At 4.32-37; 2ª Co 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.12). 

Os “riperetes”, que significa no original “escravo” que remava na parte de baixo de grandes navios, obedecendo exclusivamente ordens de um superior. É preciso o sentimento de “doulos” para ser um bom despenseiro. 

Esses escravos trabalhavam em conjuntos com outros da sua mesma condição para que a embarcação avançasse. A palavra passou a significar SERVO, alguém que auxilia em um trabalho. 

No v. 1, os ministros não tinham uma posição especial, ao contrário dos despenseiros. O despenseiro era um escravo que administrava todas as questões relacionadas à família de seu senhor, embora ele mesmo não tivesse nada (compare o testemunho da igreja do primeiro século em At 4.32. José ocupava essa posição na casa de Potifar (Gn 39.2-19). Como despenseiros, os cristãos administram a mensagem e o ministério que Deus lhes confiou. 

O ensino Paulino, mostra que todos os obreiros devem trabalhar em harmonia com os demais servos da igreja, para as obras avancem. 

Assim, como Paulo, todos que lideram (pastores), são percebidos como servos colocados por Deus nas igrejas para administrar os “mistérios de Deus” a todos os crentes, tem a grande responsabilidade de servirem uns aos outros, assim todos um dia prestaram contas cada de um de suas obras ao Senhor da Igreja – JESUS. 

Ninguém pense que a chamada dos ministros atuais são pura ilusão ou imaginação deles para a peculiar obra de ensino e direção da igreja. 

II. CONCEITOS DE MORDOMIA 

1. Mordomo. A palavra vem do latim, major domu, e significa “o criado maior da casa”, “administrador dos bens de uma casa”, “ecônomo” (Dicionário Aurélio). 

Na Bíblia, a função aparece diversas vezes como “encarregado administrativo dos bens de um grande proprietário de terras”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento essa função corresponde à de um administrador. Portanto, nós somos mordomos de Deus e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade perante o Senhor da Igreja (Lc 12.48). 

2. Mordomia. A palavra significa “cargo ou ofício do mordomo; mordomado”. Sua origem está no termo grego oikonomia e, por isso, a encontramos em alguns textos do Novo Testamento, como na “Parábola do mordomo infiel” (Lc 16.2-4). Na Bíblia, mordomia diz respeito a todo serviço que o crente realiza para Deus e o seu comportamento diante do Pai e dos homens. É a administração dos bens espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser humano. Assim, nossas faculdades espirituais, emocionais e físicas são o objeto da Mordomia Cristã. Por isso, esta mordomia está ligada ao ensino da Palavra de Deus. [LIMA Elinaldo Renovato de. O que é a Mordomia Cristã. [Lições bíblicas, 3º Trimestre de 2019. CPAD Rio de Janeiro – RJ]. 

3. Despenseiros como mordomos do Senhor.

Um dispenseiro é alguém que toma conta da propriedade de alguém, Ele não só nos chama de guardadores dos mistérios de Deus, mas sim de despenseiros; os responsáveis pela despensa, ou seja, aqueles que são os administradores do celeiro, mas principalmente, os distribuidores de algo que está sob a sua guarda! 

Ser despenseiro significa que esta pessoa tem uma função de mordomo, em que está autorizado para mexer na dispensa (lugar onde se guarda os alimentos) para suprir as necessidades de seus residentes e visitantes de uma casa. Sendo assim o administrador ou governante da casa. 

O ministro como despenseiro de Deus, é responsável por administrar a obra de Deus, dando alimentos espirituais e servindo a igreja (salvos em Cristo) com autoridade e unção de Deus. O despenseiro não é dotado de sua sabedoria ou capacidade humana simplesmente, mas ele também é dotado de sabedoria e capacidade que vem de cima, ou seja, ela vem unicamente e exclusiva de Deus. 

Ser ministro significa que esta pessoa deve ser subordinada ao seu senhor, e não devem se ocupar em buscar o reconhecimento alheio, mas deve ser a todo momento fiel ao seu senhor. De igual modo o ministro de Deus, deve permanecer fiel a Deus, e ser subordinado a sua palavra (Bíblia). 

III. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS 

1. Com sobriedade e vigilância. O despenseiro deve administrar a igreja local, retirando da “despensa divina” o melhor alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério (1ª Tm 3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado ao vinho, pois a bebida traz confusão, contenda e dissolução (lª Tm 3.2 cf. Ef 5.18). O fiel despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a vigilância em relação ao exercício do ministério dado por Deus. 

2. Amor e hospitalidade. Os despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1ª Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos (1ª Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.34,35). Aqui, também entra o caráter hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1ª Pe 4.9). Isso se torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas, cultas ou não etc. Este é o apelo que o escritor aos Hebreus faz a todos os crentes (Hb 13.2,3). 

3. O despenseiro deve administrar com fidelidade. A graça derramada sobre os despenseiros de Cristo tem de ser administrada por eles com zelo e fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pe 4.10). Pregando, ensinando ou administrando o corpo de Cristo, tudo deve ser feito para a glória do Senhor, a quem realmente pertence a majestade e o poder (1ª Pe 4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos ser vistos pelos homens como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1ª Co 4.1; Cl 1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; “para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10). 

IV. UMA IGREJA QUE SERVE 

Jesus pagou o preço por nossos pecados por causa de Sua obediência ao Pai e por Seu incrível amor por nós.

Mateus 20.28 “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” 

Será que nós como filhos de Deus estamos fazendo o mesmo que Jesus fez? Sim muitos falam em ser “parecidos” com Cristo e isto inclui também servir a alguém. Em nossas funções dentro da Igreja, estamos servindo ou estamos á procura de cargos, de estar em evidência para os homens? Quantos realmente estão em posição de servir? A palavra diz no versículo anterior a este que: “e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo”, já pensou se todos pensassem desta maneira? Jesus veio para servir a muitos, porém muitos não entendiam, muitos não quiseram servi-lo e hoje não é diferente, muitos ainda não entendem e não querem ser servos de Deus, mas chegará o dia em que o Senhor virá para julgar as intenções de nossos corações: “Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça.” (Ap 19.11). 

A Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do Mestre Jesus. Aquela não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida em que essa começou a crescer, os problemas também apareceram (At 6.1). O exemplo daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado, viviam “na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At 2.42). Os primeiros crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo moderno, mas de uma disposição voluntária para servir ao próximo, pois “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.44). Não que essa fosse uma realidade em todas as igrejas do primeiro século. Alguns estudiosos admitem que a pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa generosidade “precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do texto, pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta. Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como doutrina, já que não encontramos respaldo no contexto geral da Escritura, nem mesmo no próprio livro de Atos (At 5.3). Contudo, o princípio de partilhar com os necessitados não pode ser descartado, pois o encontramos em várias passagens da Bíblia, que nos orientam a esse respeito: (cf. 2ª Co 8.9-15; 9.6-15; 1ª Jo 3.16-18). A Igreja que é cristã se preocupa com os necessitados, não fecha os olhos aqueles que padecem privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade, mas o ser humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23). 

V. PROPÓSITOS DO MINISTÉRIO 

1. O centro do nosso serviço é Cristo. Devemos fazer três perguntas básicas para nós mesmos: “Quem sou eu?” Qual é o meu dom ou minhas habilidades?”; “Como vou usar essas habilidades para servir o outro dentro daquilo que eu sou?” 

2. Os propósitos do ministério são:

2.1. Servir a Deus. Cumprir em submissão a vontade de Deus. Jo 4.34 “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” 

2.2. Servir a família. Cumprir o seu papel à luz da palavra de Deus em amor. Ef 1.4 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.” 

2.3. Adorar a Deus. O Senhor Jesus disse: “a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22- Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. 23- Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24- Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.21-24).

O Senhor exige que adoremos a Deus em espírito e em verdade, pois somente assim poderemos conquistar Sua aprovação. Mas o que implica exatamente adorar a Deus em espírito e em verdade?

Cristo é a fé que se manifestou aos homens, por meio do qual o justo viverá (Gl 3.23). Cristo é o firme fundamento pelo qual os homens alcançam as firmes beneficências prometidas a Davi (Is 53.3). Cristo é o elemento essencial à adoração, pois todas as promessas de Deus têm n’Ele o sim, e por Ele o amém! (2ª Co 1.20).

O elemento essencial a adoração é Cristo, pois sem Cristo é impossível agradar a Deus! A crença do homem só é aceita por Deus quando depositada em Cristo, constituindo assim adoração.  Reconhecer que o homem de Nazaré é capaz de realizar o que é impossível aos homens é uma forma de reconhecer que Cristo é o Filho Unigênito de Deus “Ó mulher, grande é a tua fé! Seja feito para contigo como tu desejas” (Mt 15.28).

Somente aqueles que são nascidos do Espírito, ou seja, que nasceram de novo são espirituais e adoram a Deus verdadeiramente (Jo 3.6), o que só é possível através da crença em Cristo (Jo 1.12 -13; Ef 4.24; Rm 1.16).

Todos os descendentes de Adão são carnais e precisam nascer de novo da palavra de Deus para serem contados como filhos de Deus. Somente através da obediência a palavra do evangelho, a semente incorruptível, ou seja, o poder de Deus, que o homem é de novo gerado, e passa a adorar a Deus em espírito e em verdade. João 3.6 “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”

Não se esqueça que o salmo 51 também é adoração, pois se constitui em oração a Deus, onde temos o salmista esperando em Deus que venha conceder um novo coração e um novo espírito (novo nascimento).

Os salmos 103 e 104 são exemplos típicos de adoração a Deus, pois o salmista Davi era um verdadeiro adorador: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. (Sl 51.10). Visto que recebeu um novo coração e um novo espírito Davi bendiz ao Senhor por tudo que Ele faz pelos homens que N’Ele esperam: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.” (Sl 103.1), e em seguida bendiz a Deus pela sua magnificência: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.” (Sl 104.1).

Quando a adoração de certos seguimentos evangélico/protestante foca-se na ritualística, na forma, na legalidade, na moral, em costumes, na tradição, e outros quesitos, simplesmente seguem o curso natural de outros seguimentos religiosos pagãos. Todas as religiões baseiam-se em conceitos, cerimônias, liturgia, rito padronizado, organização, liderança e experiência emocional ou mística.

O evangelho de Cristo não segue padrões humanos, visto que é pela fé e por fé somente. A fé (evangelho) que uma vez foi dada aos santos é a ancora da alma, segura e firme, que penetra além do véu, onde os que creem se refugiam e descansam (fé) na esperança proposta (Hb 6.13 -20; Jd 1.3; Fl 1.27).

Para muitos a adoração vincula-se aos templos, sacrifícios, campanhas, peregrinações e cânticos e por um determinado espaço de tempo. Este modelo de culto segue a concepção carnal dos cultos das religiões em geral, visto que acabou por fomentar a ideia de que a adoração depende do comprometimento do homem com a instituição que frequenta, com a contribuição, com sacrifícios, meditação, êxtase, transe, orações repetitivas, etc. 

A. Mas, o que Jesus anunciou acerca da verdadeira adoração? Que ela não está atrelada a templos (igrejas, mesquitas ou sinagogas), lugares (Jerusalém, Samaria, Gilgal), tempo (dias de festas e sábados), nação (judeus ou gentios), antes se vincula a nova natureza concedida na regeneração (novo nascimento). 

B. O que o Pai procura nos verdadeiros adoradores? A conversa de Jesus com a mulher samaritana traz um escopo geral do que é essencial à adoração. 

C. Qual o lugar de adoração dos verdadeiros adoradores? Ora, sabemos que Deus é Espírito, e que os seus adoradores o adoram em espírito e em verdade. Onde o espírito de Deus está aí há liberdade, ou seja, não importa o lugar, ou antes, em todos os lugares há liberdade para o homem estar na presença de Deus. 

4. Servir a Igreja. Aperfeiçoamento dos santos e edificação do corpo de Cristo. Efésios 4.11-12 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, 12- Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”. 

5. Servir no mundo como testemunhas do Senhor. Atos 1.8 “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”

Fazer diferença no mundo. Cuidar dos famintos, doentes, perdidos e das viúvas.

VI. O SERVIÇO TEM QUE TER MOTIVAÇÃO CORRETA 

1. Você faz para o homem ou faz para Deus? Culto não é um ritual meticuloso, mas um serviço de gratidão a Deus. Servir a Deus é servir ao próximo. Deus tem tudo, Ele é o dono da prata e do ouro, então o que Ele quer de nós? Que servimos o nosso próximo através do exemplo de Cristo (Jo 13.14-15).

Se o seu superior, que era Senhor e Mestre (professor), estava pronto a realizar esta tarefa para eles, é claro que deviam fazê-lo uns pelos outros. Humildade não é abnegação essencialmente, mas desinteresse próprio em serviço dos outros.

“Porque eu vos dei o exemplo...” (v. 15). Isto exclui qualquer pensamento de que o lava-pés seja uma ordenança. As Escrituras silenciam sobre a prática, salvo na qualidade de um serviço ministrado por causa do amor na questão da hospitalidade (1ª Tm 5.10).

2. Ao despenseiro não cabe fazer justiça. Não é da sua economia dar aquilo que cada um merece, ao contrário, o despenseiro deve compartilhar tudo na mesma medida, até a parte que lhe cabe. A fidelidade do despenseiro tem que ser exclusiva ao seu Senhor. Ele não tem que se preocupar se está agradando ao fulano ou ao beltrano, ele tem que ter certeza de que está agradando ao seu Senhor. 

VII. A RECOMPENSA DOS DISPENSEIROS 

1. O desprezo pelos ministros. “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros...” (v. 1a).

A primeira epístola aos Coríntios 4.1-5 afirma que os chamados ministros de Cristo também são considerados despenseiros ou administradores a quem foi confiada uma responsabilidade. Portanto, não nos devemos comparar com outros ministros. Nossa responsabilidade é com Cristo.

Há muitos que desprezam o valor de um ministro, para o desenvolvimento de uma igreja, porém o ministro de Deus, precisa estar preparado para enfrentar, desprezo, humilhação e, contudo, ainda se manter fiel ao seu chamado ministerial. 

2. O despenseiro deve ser fiel. O que se exige dos despenseiros é que sejam dignos da função que exerce, ou seja, ele tem que ser honesto, responsável, íntegro e também fiel. Embora, tais virtudes deveriam acompanhar todo ser humano sem distinção alguma, quando elas se aplicam aos despenseiros de Deus, elas serão exigidas com maior rigor. 

3. Cada um receberá de Deus o louvor. 1ª Coríntios 4.5 “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.”

O despenseiro não deveria preocupar-se com a avaliação daqueles à sua volta nem mesmo em avaliar a si mesmo; ele precisava somente agradar ao seu senhor. De igual modo, embora os cristãos possam beneficiar-se de avaliações construtivas de seus irmãos cristãos, seu supremo Juiz é o próprio Senhor. Uma vez que Deus é o Juiz, devemos ter cuidado para não fazermos uma avaliação dos outros antes do tempo. 

4. Manifestará os desígnios dos corações. Você é canal, precisa passar pela motivação e pela mente, coração e entendimento para chegar a alguém.

O ambiente, ou comunidade ou quem não está completo como dar de si, só está interessado em teus atos para um plano e não para o serviço do reino.

Tudo parte primeiro do coração, por isso deve estar conectado ao teu serviço. Teu serviço pode estar enriquecendo muita gente, mas não vier do coração Deus não recebe.

Não basta fazer confissão (Rm 10.9), se não for de coração. Por exemplo: após um evangelismo serve para plantar uma semente, mas a pessoa só se entregou para Cristo se ela primeiro se arrependeu e creu. 

CONCLUSÃO. O chamado do cristão se assemelha ao de Cristo, portanto, dever buscar servir, não sermos servidos. Esse é um desafio para o individualismo moderno, poucos são os que estão dispostos a abrirem mão da zona de conforto. Há até os que não querem qualquer envolvimento com as pessoas, principalmente os que sofrem, para que não sejam “contaminados” com o sofrimento dos outros. Paradoxalmente, o apóstolo Paulo orienta os crentes a “chorarem com os que choram” (Rm 12.15). Somos cristãos não para “parar de sofrer”, como propagam alguns, mas para sofrer com os que sofrem, somente assim viveremos o amor de Cristo, isso porque não existe amor sem sacrifício. Deus deu o exemplo maior de amor e sacrifício (Jo 3.16; Rm 5.8), assim devem agir todos aqueles que são servos genuínos (Jo 12.26).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau n- SC

domingo, 23 de janeiro de 2022

OS CINCO MINISTÉRIOS PARA A IGREJA

 

Efésios 4.11-16 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, 12- Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; 13- Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,14- Para que não sejamos mais 15- meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.16- Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,17- Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” 

INTRODUÇÃO. Neste estudo veremos alguns assuntos relacionados ao ministério bíblico. Enquanto Jesus esteve entre nós Ele exerceu um ministério, isto é, um serviço. Ele mesmo deixou isso bem claro quando declarou que tinha vindo ao mundo para servir as pessoas e não para ser servido (Mt 20.28). Esse é um princípio fundamental que devemos levar em consideração ao refletirmos sobre a pessoa bendita do Salvador. Desde a época de Jesus, e ainda hoje, muitas pessoas acham que ser ministro, ter um ministério, é possuir um conjunto de regalias que as fazem melhor que os outros; enquanto que de fato, um ministro é um servo.

No texto básico, o apóstolo Paulo pede aos irmãos na condição de prisioneiro de Cristo, e não na condição de apóstolo (Ef 1.3). Paulo era prisioneiro de Cristo por causa dos gentios, e ele utiliza esta condição para convencer os irmãos gentios a obedecerem às suas determinações.

Após trazer à lembrança dos cristãos a nova condição em Cristo (Ef 2.5-6), Paulo pede a eles que se portem de forma digna daquilo que haviam recebido.

Os cristãos foram chamados através do evangelho para assumirem uma nova posição em Cristo. Esta nova posição alcançada após aceitar o chamado do evangelho é denominada de vocação. 

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA MINISTRO 

“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” (1ª Co 4.1-2).

O termo “ministros” é a tradução do grego hupêretas. Conforme o Dicionário VINE (2003, p. 791, CPAD), significa literalmente “remador” (da fileira de baixo) (formado de hupo, “debaixo de”, e eretes, “remador”). A palavra hupêretas, significa, literalmente, “remador inferior” ou “remador subordinado”.

O segundo termo em destaque no versículo acima é “despenseiro”. Conforme VINE, idem, p. 800), traduzido do grego oikonómos, “denotava primariamente o “administrador de uma casa ou propriedade” (formado de oikos “casa”, e nemo, “arranjar, organizar”), “mordomo”, que normalmente era um escravo ou liberto (Lc 12.42; 16.1,3,8; 1ª Co 4.2).

Será que os que buscam ser reconhecidos como ministros disso ou daquilo, estão dispostos a descer ao andar de baixo? Estariam dispostos a ser reconhecidos, não como a elite do culto ou da igreja, mas como aqueles aos quais o Senhor escolheu para humilhá-los para o bem da igreja? Somente os que assumem a posição de servos e não de senhores da igreja, que trocam o estrelismo pelo serviço anônimo e desinteressado é que são, de fato, ministros de Cristo.

Os dons ministeriais são dadivas do Senhor para o serviço espiritual na Igreja. Às vezes esses dons também são chamados de “dons de ofício”, “dons de serviço” ou “dons de liderança”.

No texto de sua Carta aos Efésios, Paulo escreve que os dons ministeriais são resultantes da obra redentora de Cristo, incluindo sua humilhação e exaltação. 

II. DONS MIMISTERIAIS 

1. A organização dos ministérios. Atos 6.4 “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.”

Em razão do crescente número de conversos, os apóstolos não mais tiveram condições de atender devidamente às demandas sociais da Igreja (At 4.4; 6.1). Era necessário organizar o ministério cotidiano. Se de início não havia necessitado algum, agora já apareciam as queixas de um segmento muito importante da irmandade: os gregos. Eram estes, segundo podemos depreender, israelitas provenientes da Diáspora. A Igreja em Jerusalém sentia, agora, as dores do crescimento. Somente as Igrejas que não crescem são poupadas de tais desconfortos. Como está o trabalho de assistência social de sua igreja? Todos estão sendo socorridos? O ideal é que, em nosso meio, ninguém seja esquecido (At 4.34). 

Nesta organização inicial da igreja do Novo Testamento, dois ministérios estão listados: o ministério da palavra e oração (v. 4) e o ministério de satisfazer as necessidades físicas do povo, tal como servir à mesa (o diaconato). [Bíblia de Genebra]. 

Os dons ministeriais são dádivas do Senhor para o serviço espiritual na Igreja. Às vezes esses dons também são chamados de “dons de ofício”, “dons de serviço” ou “dons de liderança”. A lista clássica dos dons ministeriais é aquela registrada pelo apóstolo Paulo em sua Carta aos Efésios na qual ele menciona os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (4.11).

Os 5 dons ministeriais que Paulo escreve neste versículo, são resultados da obra redentora de Cristo, incluindo Sua humilhação e exaltação. Nesse sentido, o apóstolo escreve que após sua humilhação, Cristo “subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). 

Os dons ministeriais são dadivas do Senhor para o serviço espiritual na Igreja. Às vezes esses dons também são chamados de “dons de ofício”, “dons de serviço” ou “dons de liderança”.

Ministério é usar o que Deus me deu para servi-lo e para suprir as necessidades dos outros. Quando alguém é escolhido e enviado a uma missão especial como representante autorizado de quem o envia.

Ministério é serviço. (Ef 4.7-8 Rm 12.6-8 1ª Co 12.4-5 Êx 31.2-5 At 13.2 Hb 6.10 Mt 25.35-40).São Dons doados por Cristo a Igreja com o propósito de trabalhar juntos gerando:

1. Preparação do Povo de Deus ao trabalho cristão;

2. Para o crescimento e desenvolvimento espiritual do corpo de Cristo (Ef 4-11-16).

3. Capacitados a revelar a vontade de Deus, encorajar e exortar;

4. Proclamam com ousadia a mensagem da salvação em Cristo;

5. Capacitados para instrução e ensino da Palavra de Deus;

6. Guiar, cuidar, tratar o rebanho local, ver além do rebanho. 

2. Dons relacionados ao serviço cristão. Em Romanos 12 o apóstolo Paulo admoesta a igreja, lembrando-a de que o membro do Corpo de Cristo não pode se achar autossuficiente. Assim como um membro do corpo humano depende dos outros para exercer a sua função, na igreja necessitamos uns dos outros para o fortalecimento da nossa vida espiritual e comunhão em Cristo. Por isso, a categoria de dons apresentada em Romanos 12 traz a ideia da manutenção dessa comunhão dos santos, pois ao falarmos de serviços, subentende-se que quem serve está prestando um serviço para alguém. Observe os dons de serviço listados por Paulo em Romanos: Ministério (ofício diaconal), exortação (encorajamento), repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo. Portanto, se você tem um dom, deve usá-lo em benefício da Igreja de Cristo na Terra. 

3. Acerca dos dons ministeriais. A Epístola de Paulo aos Efésios classifica os dons ministeriais assim: Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (4.11). Os propósitos de o Senhor concedê-los à Igreja, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, são, em primeiro lugar, capacitar o povo de Deus para o serviço cristão; em segundo, promover o crescimento da igreja local; terceiro, desenvolver a vida espiritual dos discípulos de Jesus (4.12-16). O Senhor deu a sua Igreja ministros para servi-la com zelo e amor (1ª Pe 5.2,3). O ensino do Novo Testamento acerca do exercício ministerial está ligado a concepção evangélica de serviço (Mt 20.20-28; Jo 13.1-11), jamais à perspectiva centralizadora e sacerdotal do Antigo Testamento. 

Nenhum membro do corpo de Cristo é autossuficiente, dependemos de Cristo, assim como dependemos uns dos outros. Para que a Igreja, o corpo de Cristo, seja edificada pelos dons ministeriais é necessário que eles sejam utilizados para o benefício de todos. 

III. OS CINCO MINISTÉRIO PARA IGREJA 

Deus oferece os recursos para vivermos o crescimento em unidade. Deus não pede a unidade sem nos oferecer os recursos necessários para tê-la. Deus nos equipou para construir e manter uma igreja unida, pois Jesus subiu aos céus e concedeu a graça (Ef 4.7-8). Depois de mostrar a sua submissão, cumprindo a missão que o Pai lhe deu dando exemplo do Ministério (Fp 2.5-11). Ele concedeu servos para edificar o corpo de Cristo. (Ef 4.11-12). 

1. Apóstolos. “E ele mesmo deu uns para apóstolos...”

A palavra apóstolo traduz o grego apostolos, que significa “mensageiro” ou “enviado”. O grego deriva do verbo apostellein, que significa “enviar”, “remeter”, ou num sentido mais específico, “enviar com propósito particular”.

A Septuaginta utiliza o grego apostolos para traduzir o hebraico shalah e seus termos derivados. Já no Novo Testamento, esse mesmo termo grego aparece mais de oitenta vezes, principalmente nos escritos de Lucas e Paulo.

A palavra “apóstolo” também é aplicada ao próprio Senhor Jesus. O objetivo é indicar que Ele é o enviado por Deus como Salvador de seu povo (Hb 3.1-6). Cristo foi enviado para testemunhar do Pai, para fazer as suas obras e a sua vontade, e revelá-lo ao mundo (cf. Jo 3.34; 5.37-47; 6.38; 7.28,29; 8.42).

No sentido mais amplo, o termo apóstolo simplesmente preserva o significado primário de “enviado” ou “mensageiro”. Por exemplo: nesse sentido a palavra apóstolo indica certas pessoas que foram designadas a representar, de alguma forma, a causa de Cristo. É assim que Barnabé, Silas, Apolo, Timóteo, Epafrodito, Andrônico e Júnias, por exemplo, são chamados de “apóstolos”.

Nesses casos, tais pessoas são denominadas como apóstolos porque elas eram comissionadas e enviadas pela Igreja para desempenhar alguma tarefa na obra de Deus. Muitas vezes essa tarefa era servir literalmente de mensageiros ou representantes da liderança Cristã. Em outras palavras, nesses casos o termo “apóstolo” está designando uma função e não uma posição. 

2. Profetas. “... e outros para profetas....”. Profeta (do hebr. Navi, do grego: πρoφήτης, prophétes ou profétés, feminino profetisa), é aquele que fala por alguém; porta voz, atalaia. No Antigo Testamento, a pessoa era devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus (Ez 2.1-10).

O ofício profético teve como característica principal o da revelação progressiva do plano de Deus para com o homem. O profeta era o porta-voz de Deus, aquele que revelava o desconhecido à humanidade, o propósito divino para a restauração do homem. Neste sentido, o ofício profético durou até João (Mt 11.13), pois, com a vinda de Cristo, o próprio Deus Se revelou ao homem, de forma plena e integral (Hb1.1).

No Novo Testamento o ministério profético, por sua vez, foi instituído por Cristo (Ef 4.7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. No Novo Testamento, o profeta não irá acrescer nada do que foi revelado e se completou no ministério de Cristo, mas trará informações e palavras que confirmam o que já foi revelado. Ao vermos os profetas do Novo Testamento, sempre verificamos o propósito divino de manter os crentes firmes e certos de que o Senhor está no controle de todas as coisas, para o fim de velar sobre a Sua Palavra para a cumprir. É o que se vê em At 11.28 e 21.11.

O profeta era um mestre incontestável quando sob inspiração do Espírito Santo. Porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do único e Verdadeiro Deus. No Novo Testamento são aqueles que entregaram revelações diretas de Deus (1ª Co. 14), preanunciando as ações do Senhor e reforçando o que Ele já havia dito nas Escrituras.

Ministerialmente, o obreiro portador desse dom é um proclamador de verdades inspiradas. Sua mensagem pode servir como inspiração de doutrinas (Ef 4.11-12) ou ainda exortação, consolação e edificação (1ª Co 14.3-4). A mensagem do profeta tem por objetivo, em primeiro lugar, o arrependimento. Por isso, todo profeta exerce o dom de exortação, como Barnabé, cujo nome significa “filho de exortação” (At 4.36).

Havia na Igreja primitiva muitos profetas (At 12.1a), como Pedro, cujas mensagens apresentavam aspectos proféticos (At 2.14-40; 3.12-26; 4.8-12; 10.34-44), Paulo (At 13.1,16-41), Judas, Silas e João.

Os profetas transmitem a mensagem de Deus, cuja principal motivação está voltada à vida espiritual e à pureza da Igreja, com o objetivo de trazer aos homens a revelação eterna das Sagradas Escrituras (Ef 1.17). O ministério dos portadores desse dom é mais voltado ao despertamento e ao arrependimento espiritual (Os 6.1a, 3). Suas mensagens são alertas contra o pecado, visando sempre à exortação, à edificação e à consolação, tanto dos membros como da liderança. 

3. Evangelistas. A palavra “evangelista” é um substantivo presente no Novo Testamento derivado do verbo grego euangelizomai, que significa “trazer boas-novas”, “anunciar boas-novas” ou, basicamente, “evangelizar”, “pregar o evangelho”. No Antigo Testamento, o termo equivalente seria o hebraico mebasser, utilizado, por exemplo, no livro do Profeta Isaías (40.9; 41.27; 52.7), denotando o mensageiro portador de boas-novas. Já no Novo Testamento, esse verbo é bastante comum, sendo aplicado a Deus (Gl 3:8), a nosso Senhor (Lc 20.1), aos Apóstolos em suas viagens missionárias, bem como aos cristãos comuns da Igreja (At 8.4).

A palavra evangelista provém da palavra grega εὐάγγελος “evangelhos, e no Latim como evangelium, que significa “boas novas” ou “boas notícias” e que também serve de base para o nome dos quatro primeiros livros do Novo Testamento bíblico chamados “Evangelhos”.

Pelos relatos bíblicos aprendemos que, tanto os apóstolos quanto os outros membros que haviam sido separados para o ministério em ofícios específicos, desempenhavam também a obra de evangelista. Na verdade, em diversos textos no Novo Testamento podemos notar que muitos cristãos realizavam essa tarefa sagrada, de acordo com a oportunidade que lhes era conferida. O mesmo serve hoje para nós, pois temos o dever de anunciar as obras daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1ª Pe 2.9). Entretanto, embora num sentido geral todo cristão verdadeiro seja um evangelista, o texto citado na Epístola aos Efésios deixa claro que havia pessoas que eram chamadas e capacitadas pelo Espírito Santo especialmente para essa tarefa, ou seja, era um dom distinto dentro da Igreja para o serviço da própria Igreja, já que é um dom de Cristo para ela.

Depois, ao longo da História da Igreja, o termo “evangelista” também passou a ser aplicado para designar os escritores dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), pois registraram o Evangelho de Cristo.

A função dos evangelistas é evangelizar pessoas, cooperando com o Senhor para que elas creiam e tornem-se membros do Corpo de Cristo (Ef 2.8,9). Os evangelistas também podem ensinar outros cristãos a compartilharem sua fé de forma eficaz. 

4. Pastores. No Novo Testamento a palavra Pastor, como designação dum ofício ministerial, é encontrada uma só vez, em Efésios 4.11, e vem da palavra grega “poimen”, que significa: apascentador, guarda, aquele que conduz um rebanho ao pasto, sustentador.

Várias referências no Novo Testamento mostram claramente que os presbíteros não se distinguem dos bispos ou pastores, como oficiais ou ministros das igrejas. Dependendo da versão das Escrituras que estivermos usando, as palavras “Presbíteros”, “Bispos”, e “Pastor”, eram usadas em referência à mesma pessoa. O termo Presbítero (ou Ancião) se refere especificamente à dignidade e prestígio do Pastor e Ministro, enquanto que bispo chama a atenção para o tipo de função que esse mesmo exerce. Por exemplo, em Atos 20, os oficiais da Igreja em Éfeso são chamados tanto de “Presbítero” (v. 17), como de “Bispos” (v. 28). O mesmo acontece em 1ª Pe 5.1,2, onde os “Presbíteros” tem a função de Pastorear o rebanho de Deus. Portanto a palavra Pastor é a forma mais comum de designação dos Bispos e Presbíteros. Nenhuma das três palavras têm a ver com o desenvolvimento hierárquico do assunto ocorrido na Igreja na Igreja a partir do Século II.

A palavra pastor no Grego original seria poimén. Pastor, é na verdade, aquele que apascenta. Apascentar significa, conduzir a paz (pacificador) ou a pastos. Neste caso, é aquele que cuida, alimenta e protege as ovelhas de bestas feras, como lobos devoradores. No protestantismo é o responsável por cuidar do rebanho de cristãos e entregá-los a Cristo quando voltar!

Face a excelência da função do pastor e do que ele representa dentro do reino de Deus, devemos considerar o seguinte: 

4.1. Jesus é o “Grande Pastor” (Hb 13.20), o “Supremo Pastor” (Pe 5.4). Só Ele resume em si todo o ministério pastoral (Jo 10.11). Mas antes da sua vinda, (no Antigo Testamento), bem como após Sua ascensão, Ele o delegou a seus ministros. 

4.2. Os três oficiais da Igreja. 1ª Timóteo 3.1 “Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.”

Na discussão sobre como se portar na casa de Deus, Paulo se volta agora para o líder. Há dois oficiais na igreja, segundo as Escrituras: o bispo (gr. episkopos), pastor, ministro ou presbítero e o diácono (gr. diakonos). O pastor ou pregador do evangelho deve viver para o evangelho e do evangelho (1ª Co 9.14). É este o seu chamado. 

Episcopado. Esta palavra grega se refere a uma pessoa que se encontra na posição de supervisionar uma congregação cristã. Em muitas passagens do Novo Testamento, as palavras gregas para bispo e presbítero são usadas de forma alternada como referência ao mesmo cargo (Tt 1.5-7). 

4.3. Ministro algum é pastor por si mesmo ou por vontade do rebanho. Ele é pela graça, sob vocação e ordem do Senhor e supremo Pastor do rebanho (Ef 4.11). 

4.4. O Ministro pastoral. Exige não apenas coragem, mas também senso de responsabilidade, de amor e paciência, de alegria e de abnegação, de ordem, de humildade. Se este ministério for mal exercido, será a ruína da Igreja (Jo 10.12; Mt 18.12; Lc 15.6; Is 40.10; Ez 34.4; Pv 27.23;1ª Pe 5.2; Jo 10.3; 2 Pe 5.3; Is 13.14; Jr 50.6).

O pastor é responsável pela guarda e condução do rebanho às pastagens, devendo estar em prontidão para defendê-los contra os inimigos. Embora seja proibido de se enriquecer às custas do seu rebanho (1ª Pe 5.2), ele tem o direito de tirar do rebanho a sua subsistência (1ª Co 9.7). 

4.5. Os ofícios de um pastor. Na carta de Paulo aos Romanos quando ele escreve a respeito dos da graça ele diz: “Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. (Rm 12.7-8). Tratando-se ao ministério de pastor ele claro em dizer: o que: o que exorta, use esse dom em exortar...” e o que “...o que preside, com cuidado...”

A primeira grande característica de um pastor de ovelhas segundo o coração de Deus, é que ele tem a plena ciência de que não veio para ser servido, mas para servir e dar/dedicar a sua vida à favor de seus irmãos.

O verdadeiro pastor segundo o coração de Deus é aquele que segue fielmente o exemplo de Cristo, o Sumo pastor, e que cuida do rebanho que Deus lhe confiou servindo-o (Jo 10.11-15; At 20.28; Hb 13.7).

 

A. Exortar. A palavra grega para exortar é parakaléo, que significa “chamar para perto” sob forma de exortar, consolar e orar. 

B. Presidir. A palavra grega para presidir residir προεδρεύω [a, + gen.] o juiz que preside. No dicionário português presidir é um verbo transitivo que significa: 1. Ocupar a presidência de; Governar; dirigir; 2. Ter a direção de; superintender; 3. Dirigir os debates de; 4. Ocupar o lugar de honra; 5. Guiar como chefe; comandar. 

5. Mestres - Doutores. A palavra grega para ensinar é “διδασκω” “didasko” e Do latim insignare, que significa instruir sobre indicar assinalar, marcar, mostrar algo a alguém que significa.

Existe um processo para alguém ser apto, capacitado para ensinar a Palavra: tem que estudar a mesma. 

5.1. Apto para o ensinar. A menção do aspecto de ensinar dentre as tarefas do presbítero é importante dado o problema vivido em Éfeso (5.17). A função de mestre deve estar unida ao ministério do pastor. Paulo diz a seu filho Timóteo que: “Convém, pois, que o bispo seja... apto para ensinar.” 1ª Tm 3.2). E ele continua dizendo: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente.” “2ª Tm 2.24).

Deve-se lembrar também das responsabilidades pastorais dos presbíteros, o que inclui o ensino (At 20.28; 1ª Pe 5.1-4). 

5.2. O exemplo de Jesus. Mateus 9.35-38 “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. 36 Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. 37 E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”. 

CONCLUSÃO

A unidade no corpo de Cristo é muito útil para descrever a unidade na diversidade que existe na igreja. Ela manifestou de forma visível no dia de Pentecostes, quando os crentes “estavam todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1). A igreja é uma unidade na diversidade, uma comunhão de fé, esperança e amor que une os crentes.

Conhecer os cinco ministérios é fundamental para você descobrir o chamado que Deus tem para sua vida. Faz parte da sua identidade de filho. Cada um de nós recebeu uma vocação para exercer algo para o Reino independente da profissão que exerce.

Você consegue se enxergar em algum desses ministérios? Que pessoas você encaixaria em algum desses ministérios? O que você pode fazer para que as pessoas possam exercer esses ministérios com mais eficácia e liberdade?

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC