TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 7 de maio de 2019

AS CORTINAS DO TABERNÁCULO


TEXTO ÁUREO
“Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” (1ª Co 10.11).

Verdade Prática
Comparando as coisas simples do Tabernáculo com as celestiais, aprendemos as verdades que nos levam ao crescimento espiritual.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 26.1-14 “E o tabernáculo farás de dez cortinas de linho fino torcido, e pano azul, e púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada. 2 - O comprimento de uma cortina será de vinte e oito côvados, e a largura de uma cortina, de quatro côvados; todas estas cortinas serão de uma medida. 3 - Cinco cortinas se enlaçarão uma à outra; e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra. 4 - E farás laçadas de pano azul na ponta de uma cortina, na extremidade, na juntura; assim também farás na ponta da extremidade da outra cortina, na segunda juntura. 5 - Cinquenta laçadas farás numa cortina e outras cinquenta laçadas farás na extremidade da cortina que está na segunda juntura; as laçadas estarão travadas uma com a outra. 6 - Farás também cinquenta colchetes de ouro e ajuntarás com estes colchetes as cortinas, uma com a outra, e será um tabernáculo. 7 - Farás também cortinas de pelos de cabras por tenda sobre o tabernáculo; de onze cortinas a farás. 8 - O comprimento de uma cortina será de trinta côvados, e a largura da mesma cortina, de quatro côvados; estas onze cortinas serão de uma medida. 9 - E ajuntarás cinco destas cortinas por si e as outras seis cortinas também por si: e dobrarás a sexta cortina diante da tenda. 10 - E farás cinquenta laçadas na borda de uma cortina, na extremidade, na juntura, e outras cinquenta laçadas na borda da outra cortina, na segunda juntura. 11 - Farás também cinquenta colchetes de cobre e meterás os colchetes nas laçadas; e, assim, ajuntarás a tenda para que seja uma. 12 - E o resto que sobejar das cortinas da tenda, a metade da cortina que sobejar, penderá sobre as costas do tabernáculo. 13 - E um côvado de um lado e outro côvado de outro, que sobejará no comprimento das cortinas da tenda, penderá de sobejo aos lados do tabernáculo de um e de outro lado, para cobri-lo. 14 - Farás também à tenda uma coberta de peles de carneiro tintas de vermelho e outra coberta de peles de texugo em cima.”

INTRODUÇÃO. As cortinas do Tabernáculo têm muito a dizer-nos acerca da maravilhosa obra redentora de Cristo. Pelas suas estruturas, simbologia e cores, veremos como esse utensílio importante do Tabernáculo se fez figura e estímulo para adentrarmos à presença de Deus de maneira confiante e ousada.

I. AS CORTINAS DO TABERNÁCULO

1. Definição. A expressão cortina é a tradução do termo hebraico: “yerŷah” que significa: “tecido, cortina, véu, suspenso, dependurado”. Essa palavra ocorre cerca cinquenta e três vezes (Êx 26.1-13; 36.8-17; Nm 4.25; 2º Sm 7.2; 1º Cr 17.1; Sl 104.2; Is 54.2; Jr 4.20; etc), sendo a maior parte dessas ocorrências em Êxodo. Além de apontar para as cortinas que cobriam o santuário, esta palavra passou a tornar-se sinônimo do próprio Tabernáculo por causa das suas muitas cortinas (2º Sm 7.2) (CHAMPLIN, 2004, p. 936). A tecelagem das cortinas era trabalho das mulheres (Êx 35.25,26).

2. Descrição. Na descrição dada por Deus a Moisés a respeito do Tabernáculo, a coberta do santuário também era rica em detalhes. Dentre as informações percebemos que eram quatro as cobertas do santuário, compostas por vários tipos de cortinas.

2.1. A primeira coberta - As cortinas de linho fino, retorcido.
Estas cortinas só eram visíveis ao sacerdote do Lugar Sato. Representam as glorias de Cristo na ressurreição e de seus santos. O linho fino retorcido fala de pureza e justiça. Eram cortinas interiores, colocadas debaixo dos pelos de cabras. Assim que as várias cortinas formaram “um Tabernáculo”.

A coberta interna do Tabernáculo, primeiramente era composta por dez cortinas com a mesma metragem cada uma, sendo o comprimento de 28 côvados (aproximadamente 14 metros) e a largura de 4 côvados (cerca de 2 metros) (Êx 26.1,2). Essas cortinas eram de linho fino torcido e colorido com as cores azul, púrpura e carmesim com desenhos de querubins tecidas no pano (Êx 26.1). Estas cortinas eram enlaçadas (costuradas) uma na outra em grupos de cinco (Êx 26.3), nessas haviam cinquenta laçadas (Êx 26.4). A juntura é a borda ou extremidade do tecido. As laçadas serviriam de encaixe (Êx 26.5), de forma que estas cortinas se prendiam uma na outra com cinquenta colchetes, ou ganchos, de ouro, formando uma cobertura grande cobrindo toda a tenda (Êx 26.6). Essas cortinas deveriam ser colocadas diretamente sobre a estrutura e compunham o teto visto de dentro do Santuário (Êx 26.1-6; 36.8-13).

2.2. A segunda coberta - Pelos de cabras.
Em cima da coberta de linho, havia a segunda coberta do Tabernáculo feita de peles de cabras (Êx 26.7). Esta coberta era feita de modo semelhante a primeira, exceto que:

A. Estas cortinas eram maiores, pois de comprimento eram 30 côvados (cerca de 15 metros), ou seja, cerca de 1 metro maior do comprimento da anterior.

B. Ao todo eram 11 peças (Êx 26.9), divididas em duas seções, uma formada com cinco cortinas e a outra com seis.

C. Eram unidas por cinquenta colchetes de cobre (Êx 26.11) e não de ouro. Juntas, estas cortinas formavam a segunda cobertura do santuário (Êx 26.12,13).

Estavam relacionadas comas coisas comemorativas da expiação. A oferta diária para expiação do pecado era uma cabra (Nm 28.15); e para o dia das expiações, a cabra era a vítima escolhida (veja Lv. 9.15; Lv. 16).

A cortina dupla colocada sobre a porte pode indicar que a única base para aproximarmos a Deus é o afastamento do pecado. Eram feitas de onze cortinas e colocadas por baixo das cortinas das peles de carneiro. Cobriu o Tabernáculo, descendo pelos lados até o chão. Cinco formavam uma peça para cobrir o Lugar Santíssimo. Ligados por colchetes (de cobre). Cinco formavam uma peça para cobrir o Lugar Santo e uma cobria a entrada com as cinco colunas.

2.3. A terceira coberta -Peles de carneiro tintos de vermelho.
Uma outra cobertura era colocada na tenda da congregação por orientação divina, e esta era feita de peles de carneiro tingidas de vermelho (Êx 26.14). Sendo de peles de carneiro traz a ideia de proteção, protegendo das intempéries do deserto. Sendo esta pele tingida, faz alusão a um antigo procedimento, que os hebreus devem ter aprendido com os egípcios (Gn 38.28; Êx 26.1). Para conseguirem a cor vermelha, o corante utilizado era extraído de plantas e de moluscos (CHAMPLIN, 2004, p. 906).

Era colocada por baixo da cortina de peles de animais marinhos. Esta é figura da consagração até a morte. O carneiro foi usado para o sacrifício, especialmente na consagração do sacerdócio (Lev.8). Simboliza substituição (Gn 22.13, 23). Como o cordeiro representa a Jesus manso e humilde, submisso até a morte, assim o carneiro fala do vigor e a força do Senhor. O carneiro substituiu Isaque no altar do monte Moriah. Tipo de Jesus (1ª Pe. 3.18; 1ª Cor. 15.3,4; Gl. 1.4; Rm. 5.8; Is. 53.6; Jo. 3.16). Substituto que morreu no lugar do pecador. A pele do carneiro nos lembra a separação da igreja de Deus.

2.4. A quarta coberta - Peles de animais marinhos.
A quarta e última coberta do Tabernáculo, era feita com peles de “texugo” (Êx 26.14), em hebraico: “tachash”, em algumas versões encontramos: “animais marinhos” (Êx 25.5; 26.14; 35.7,23; 36.19; 39.34 Nm 4.6,8,10-12,14,25; Ez 16.10) outras traduzem como: “golfinho”. Há intérpretes que pensam estar em foco o animal chamado de: “dugongo”, a única verdadeira espécie marinha que ainda existe até hoje nos mares da região e que antes era muito abundante no golfo de Ácaba. Um dugongo adulto chegava a ter três metros de comprimento, e suas dimensões torná-lo-iam apropriado para o propósito descrito (CHAMPLIN, 2004, p. 409). Mas ninguém pode ter certeza quanto à identificação do animal em questão. Podemos afirmar que esta quarta cobertura era mais impermeável, mantendo a chuva e o calor do lado de fora. O texto não diz qual era o tamanho da cortina, mas com certeza era grande o bastante para cobrir a área superior que ficava rente ao Tabernáculo propriamente dito (BEACON, 2010, p. 207).

Era a cortina exterior, e mais visível, sem forma ou medida específica. Era para proteger dos raios solares abrasadores e das tempestades do deserto. Não tinha parecer nem formosura, em nenhuma beleza exterior para atrair o olhar dos homens. Era de cor cinzenta. Um tipo de Jesus visto pelo mundo; sem forma, ou beleza e formosura (Is. 53.2,3). O Tabernáculo era todo glorioso por dentro, com tábuas revestidas de ouro e lindas cortinas, porém as mesmas só eram vistas pelo ungido sacerdote de Deus que estava dentro do Lugar Santo. Jesus também foi desprezado pelo povo, sendo para eles o “carpinteiro” e “nazareno”. Só quem o conheceu e o conhece pode desfrutar da beleza interior de Cristo.

II. AS CORES DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO

1. O significado especial das cores.
As cores usadas na estrutura do Tabernáculo tinham um significado especial. Por meio delas, o povo de Israel perceberia o símbolo da manifestação da glória de Deus nos sacrifícios que fossem apresentados.
Havia uma ordem em que as cores eram mencionadas:
(1) azul.
(2) púrpura.
(3) carmesim.
(4) branco.

Essas cores estavam na porta de entrada que dava acesso ao lugar sagrado, onde, por meio do ministério do sacerdote, o pecador encontrava-se com Deus. Assim, toda vez que alguém entrava por essa porta, deparava-se com a simbologia das cores. Para nós, os discípulos de Cristo, essas cores apontavam para a obra de Cristo que envolve a remissão do passado, do presente e do futuro. É a obra completa da salvação.

2. A cor azul-celeste - Cristo o celestial, de natureza divina (Êx 27.16).
É uma cor que remete ao céu e indica a origem celestial de Cristo e sua divindade. Nosso Senhor era verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Ele veio do céu, mas fez-se homem na Terra (Jo 1.14). Depois da sua ressurreição e vitória contra a morte, Ele foi recebido no céu, reavendo aquela mesma glória de antes que o mundo existisse (Jo 17.5 cf. Fp 2.5-11; Ef 1.20-23). Por intermédio do Espírito Santo, nosso Senhor edifica e zela pela sua Igreja, a Noiva em que um dia brevemente buscará (Hb 12.24; Jo 17.9,20; Rm 8.34; 1ª Ts 4.16,17).

3. A cor púrpura - Cristo o Rei (Êx 27.16).
A púrpura era um tecido roxo obtido de moluscos que estão no fundo dos mares. É uma cor que remete à ideia de realeza e que aponta para o futuro. Em relação a Cristo, a cor é uma figura da realeza e divindade de Jesus (Ef 1.20,21), bem como a sua manifestação triunfal para implantar o Reino Milenial (Sl 110; Is 9.6; Lc 1.32). O nosso Deus jamais perdeu o controle da história!

4. A cor escarlate (carmesim) (Êx 27.16). Cristo o Sofredor. Sua morte. Esta cor foi obtida de um bichinho de cor escarlata. Foi esmagado para fornecer o corante.

O carmesim é uma cor de sangue, vermelho vivo. Se, por um lado, a cor projeta o vitupério do Calvário e o triunfo da obra salvífica de Cristo, por outro, ela aponta para a glória vindoura do reinado do “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Zc 14.9; 1ª Tm 6.14,15; Ap 19.11-16). Nosso Senhor sofreu, foi ferido e derramou seu sangue remidor como nos revela Apocalipse 19.13: “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus”.

5. A cor branca do linho torcido - Cristo o Puro, Imaculado.
Em ponto anterior, tratamos dessa cor para falar da santidade de Cristo. Num sentido especial, o linho torcido é o tecido rústico e batido que lembra a humanidade de Jesus e seu sofrimento em nosso lugar. Lembra também o fato de que a morte de Cristo tornou-se o fundamento da justiça em nosso favor (1ª Pe 1.18,19; Ap 1.5).

III. O PAPEL DAS CORTINAS NO TABERNÁCULO

1. Decorar. O interior do Tabernáculo era decorado com a cortina de linho com suas cores variadas. Uma dignidade em especial era conferida a estas dez cortinas de linho fino torcido, por sua bordadura de “… querubins... de obra esmerada” (Êx 26.1; 36.8), no lugar do simples rendilhado das cortinas. A força do santuário é revelada em sua construção, e a sua formosura, em sua decoração: “Glória e majestade estão ante a sua face; força e formosura, no seu santuário” (Sl 96.6).

2. Cobrir. Estas coberturas eram colocadas em cima da estrutura do Santuário (Êx 26.15-29). O registro bíblico não detalha exatamente como isso era feito, de acordo com Beacon (2010, p. 210), é possível que houvesse bastões alongados, dispostos em cada ponta da cobertura com uma viga mestra de telhado no meio. A cortina era bastante grande para cobrir toda a armação do Tabernáculo, armadas sobre a estrutura de madeira (Êx 26.15-30), as cortinas formavam o Tabernáculo propriamente dito.

3. Proteger. Na ocasião da construção do Tabernáculo, os israelitas estavam no deserto uma região difícil de ser habitada, devido à alta temperatura durante o dia, e as noites eram impiedosamente gélidas; por essa razão, Deus amenizava o calor do dia com a nuvem e a coluna de fogo para aquecer durante a noite (Êx 13.21,22). Devido a essas condições climáticas uma cobertura especial era necessária para o santuário, algo que protegesse, preservasse e mantivesse uma temperatura agradável em seu interior.

IV. SIMBOLISMOS DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO

O Tabernáculo com toda a sua mobília incluindo suas cobertas, tipificavam a pessoa de Cristo e seu ministério na Igreja. Todos os seus objetos, portanto, devem ser considerados como símbolos. Notemos alguns:

1. A cortina de linho colorida (divindade e a realeza de Cristo).
A cortina que se via de dentro do Tabernáculo era de linho fino de variadas cores: azul, púrpura e carmesim (Êx 26.1) e trabalhada com figuras de querubins (Êx 26.1-6; 38.18).

A beleza desta coberta interna, tipificava a glória celestial de Jesus, a cor “azul” apontando para o caráter divino de Cristo, figurado na cor do céu de onde Ele veio e para onde vai nos levar (1ª Co 15.47; Jo 14.1-3). “Púrpura” (roxo) é a cor da realeza e da majestade. Jesus Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (1ª Tm 6.15; Ap 17.14). O roxo é resultado da mistura das cores azul e vermelha. Em Cristo encontramos a dupla natureza, humana e divina numa só pessoa. Ele é tanto Filho de Deus quanto Filho do Homem (Lc 1.30-33; Ap 19.11-16); isto o qualifica a ser o único mediador entre Deus e o homem, pois sendo Deus (Fp 2.6,7), Ele se fez carne (Jo 1.14; 1ª Tm 2.5).

2. A cortina de pelos de cabras (sacrifício de Cristo).
A cabra era um dos animais usados para sacrifícios no sistema levítico, basicamente em conexão com a oferta pelo pecado no dia da expiação e para a purificação do Santuário (Lv 5.6; 9.3; 16.5-11,20-26). As cortinas de pelos de cabras, portanto, representam como o Senhor Jesus Cristo se tornou nossa oferta pelo pecado, ou seja, seu sacrifício substitutivo, e como recebeu em nosso lugar o salário do pecado: a morte (Rm 6.23), pois apesar da sua impecabilidade (Jo 8.46), Cristo se fez pecado por nós: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21; ver Rm 8.3), morrendo em nosso lugar (Is 53.4,5; 1ª Co 15.3).

3. A cortina de peles carneiro tingida de vermelho (expiação de Cristo).
A cortina feita de peles de carneiro tintas de vermelho, representavam a obra redentora (expiatória) de Jesus. Esta cobertura simboliza a expiação, pois o vermelho, como sabemos, tipifica o sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário e aponta para Ele como: “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O pecado impede que nos aproximemos de Deus e desfrutemos de Sua comunhão (Is 59.2; Ef 2.12-17), de modo que a única forma para essa situação ser mudada, foi a morte de Cristo, uma vez que: “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22). Por meio do Seu sangue derramado na cruz, o acesso à presença de Deus foi restaurado nos proporcionando comunhão com o Pai celestial (Ef 2.18,19; Hb 10.19,20). Essa coberta, portanto, simboliza o sacrifício do Senhor Jesus e Seu sangue derramado por nossos pecados. Ele é o nosso Redentor, o carneiro da consagração que se submeteu à vontade do Pai e trouxe-nos a aliança eterna de salvação (Hb 13.20), e por Seu sangue nos purifica de todo pecado (Is 1.18; 1Jo 1.7; 2.2).

4. A cortina de peles de texugo (humanidade de Cristo). A cortina de peles de texugo era colocada sobre as outras. Tinha uma cor escura e não era formosa à vista. Por serem rústicas, quem olhasse a tenda estando do lado de fora do Tabernáculo nada veria de especial a chamar-lhe a atenção. Além de parecidas com o deserto, cuja areia elas retinham eram simples e sem beleza aparente. Isto aponta para o aspecto humano de Jesus: “não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos, para que o desejássemos” (Is 53.2). Os que olham a Cristo sem tê-lo antes conhecido comparam-no a vultos da história humana, quando não, a um líder religioso (Mt 16,13,14; Jo 1.46; 3.1,2; 4.9,11,19), mas, ao conhecê-lo verdadeiramente terão a certeza de que, apesar da sua humanidade (Gl 4.4), Ele é: o Cristo (Mt 16.16; Jo 4.28,29); o Filho de Deus (Jo 1.49); o Unigênito do Pai (Jo 1.14); em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2.9); o Criador de todas as coisas (Cl 1.16); e, a personificação da glória divina (Hb 1.3). (ALMEIDA, 2009, pp. 21,22).

V. O CORTINADO DO PÁTIO DO TABERNÁCULO

1. A simbologia descritiva das cortinas do Tabernáculo.
Descrever a importância das cortinas do Tabernáculo e não considerar seu valor espiritual e tipológico significa ignorar o propósito integral do texto narrativo acerca do santuário. Ora, a precisão dos detalhes de cada peça e material usados para construir o Tabernáculo servia de ensino das verdades acerca das coisas espirituais. Por isso, a madeira, metais, tecidos e tintas especiais usadas no Pátio do Santuário remontam a uma tipologia singular com relação a pessoa e obra de Jesus, o Senhor e Redentor nosso.

2. O significado de separação.
O ambiente entre a cerca e o Tabernáculo era o pátio. Havia um cortinado branco de linho fino torcido que tinha por objetivo fazer a separação dos pecadores. Para adentrar ao Pátio, o pecador deveria levar a sua oferta pelo pecado. Assim, as cortinas faziam a separação entre o santo e o profano (Êx 38.9-13).

Nesse sentido, a imagem do cortinado de linho torcido simboliza a pureza de Deus num mundo de impurezas. É o símbolo da santidade e pureza de Jesus, pois, como homem, nosso Senhor não teve mácula, conforme Ele mesmo indagou de seus opositores: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46).

Aqui, há uma distinção importante que deve ser feita em relação à Antiga Aliança: na Nova Aliança, a Igreja de Cristo não se fecha dentro de uma “cerca”, mas está pronta para receber qualquer tipo de pecador, uma vez arrependido, que confessa o senhorio de Jesus Cristo em sua vida.

3. O significado de santidade. Santidade é a separação absoluta do pecado e dedicação exclusiva a Deus.
Por isso, as cortinas da cerca do Pátio e do Tabernáculo, bem como tudo dentro dele, revelam santidade. Não podemos jamais desconsiderar a seriedade do chamado para vivermos uma vida santa. Os tempos atuais nos desafiam a viver um estilo de vida na presença de Deus, manifestando a santidade e a pureza de Cristo Jesus. Ter a consciência da santidade bíblica significa ter a disposição para viver na contramão do mundo (1ª Jo 2.15).

Paulo escreve em 1ª Tessalonicenses 4.3: ‘Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação'. Assim, é da vontade de Deus que todas as almas sejam salvas de todos os pecados - os atuais e o original. Os pecados atuais são os que cometemos voluntariamente, ao passo que o pecado original é o que herdamos do primeiro Adão. Todo pecado é limpo pelo sangue de Jesus Cristo. Temos de morrer para o velho homem. ‘Sabendo isto: que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado' (Rm 6.6). Deus está chamando o seu povo à verdadeira santidade nestes dias. Agradecemos a Ele pela bendita luz que está nos dando. ‘De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra' (2ª Tm 2.21). Ele quer dizer que temos de ser purgados da impureza e de todos os tipos de pecado. A santificação nos torna santos e destrói a linhagem do pecado, o amor ao pecado e a carnalidade. Ela nos purifica e tornamos mais brancos que a neve” (SEYMOUR. Devocional: O Avivamento da Rua Azusa. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.123-22).

CONCLUSÃO. Em Cristo se cumpriram as cerimônias do tabernáculo: a manifestação da glória divina, a expiação, a reconciliação do homem com Deus e a presença de Deus entre seu povo redimido. As sombras e figuras já passaram, mas a realidade permanece na pessoa e obra de Jesus Cristo.

O autor da Epístola aos Hebreus exorta-nos a chegar com confiança ao trono da graça, pois assim alcançaríamos misericórdia e acharíamos graça para, num tempo oportuno, sermos auxiliados (4.16). Jesus, o Sumo Sacerdote perfeito, deu-nos esse privilégio para desfrutarmos da presença santa de Deus mediante a fé. Não tenhamos receio de adentrar a presença santa do Pai!

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD, 2009.
2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
3. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
3. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
4. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. 1 ed. vol.1. HAGNOS, 2004.
5. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). ATOS, 2004.
6. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD, 2010.
7. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


terça-feira, 30 de abril de 2019

A PIA DE BRONZE LUGAR DE PURIFICAÇÃO



TEXTO ÁUREO
“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.” (Jo 15.3)

Verdade Prática
A Pia de Bronze é o símbolo do processo da santificação que Cristo realiza em nós através de seu sangue e da Palavra de Deus.

LEITURA BÍBLICA

Êxodo 30.18-21 “Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. 19 - E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. 20 - Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. 21 - Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.”

Êxodo 40.30-32 “Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o altar e derramou água nela, para lavar. 31 - E Moisés, e Arão, e seus filhos, lavaram nela as mãos e os pés.
32 - Quando entravam na tenda da congregação e quando chegavam ao altar, lavaram-se, como o Senhor ordenara a Moisés.”

1 Coríntios 6.11 “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.”

Efésios 5.26 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 - para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.”

INTRODUÇÃO.
O nosso presente estudo é sobre a Pia de Bronze. Continuamos a avançar no Tabernáculo. Assim, veremos o simbolismo da limpeza e da pureza que a Pia de Bronze apresenta; estudaremos os dois aspectos do rito de lavagem presentes na função dos sacerdotes; e, finalmente, seremos chamados à responsabilidade acerca da necessidade e urgência de vivermos uma vida santa e irrepreensível diante de Deus e dos homens.

Sobre a “pia de bronze” e veremos seu material, seu propósito, seu modelo e sua localização.
Pontuaremos algumas lições que aprendemos com ela; relacionaremos a tipologia da bacia de bronze, bem como a tipologia da água purificadora que os sacerdotes usavam.

I. INFORMAÇÕES SOBRE A PIA DE BRONZE

1. Material. A palavra hebraica “kiyor” significa: “bacia; pote ou tacho”. O dicionário bíblico apresenta para esta bacia a seguinte definição: “Um utensílio do Tabernáculo de Moisés para os sacerdotes se lavarem”. A pia foi feita com o bronze dos espelhos das mulheres que os entregaram como oferta ao Senhor (Êx 38.8). Nesta peça da mobília do tabernáculo não havia madeira; a bacia deveria ser de bronze maciço, ou seja, confeccionada totalmente de “cobre” (bronze) do hebraico “neroshet” (Êx 30.18-a). No pátio as colunas eram de bronze, os ganchos (colchetes) eram de bronze, as estacas eram de bronze, o altar de sacrifício era revestido de bronze e a pia, da mesma forma, era feita de bronze (CONNER, 2004, p. 127).

2. Propósito. A pia de bronze tinha uma dupla função que era de fornecer água para a limpeza dos sacerdotes através lavagem cerimonial (Êx 40.11-16), e servia também para relembrar a santidade de Deus quando o sacerdote olhasse para o reflexo do “espelho” e lê-se o que estava na lâmina em sua testa: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36-38). A pia de bronze era um grande tacho ou lavatório com a água necessária para limpar as mãos e os pés dos sacerdotes antes e depois de ministrarem (Êx 30.18-21). As outras peças da mobília do tabernáculo eram usadas particularmente com referência a Deus, mas a bacia era usada especificamente para os homens representados pelos sacerdotes (CONNER, 2004, p. 127).

3. Modelo. A Bíblia não explica o seu formato, tamanho, ornamentação ou transporte. Não há medidas específicas registradas e a única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx 31.9). Ela é descrita como um utensílio de bronze contendo água. A pia de bronze provavelmente formava um conjunto dividido em duas partes, pois as referências mencionam “uma pia de bronze com uma base de bronze” (Êx 30.18). A base do hebraico “ken” significa literalmente: “pedestal” ou “suporte” (Lv 8.11) (CONNER, 2004, p. 127).

4 Localização. A pia de bronze ficava localizada no átrio ou pátio do tabernáculo, entre a tenda da congregação e o altar do holocausto (Êx 30.18-b; Êx 40.7,30). Foi aspergida com sangue e ungida com azeite (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Não temos nenhuma informação de como ela era transportada pelo deserto, seja por varas ou barras. Nas coberturas que deveriam ser usadas para proteger os objetos do tabernáculo não há nenhuma menção da bacia de bronze (Nm 4.1-15). Ela foi o último móvel colocado no lugar antes que se erguesse o átrio (Êx 40.1-8).

II. A PIA DE BRONZE: A IMPORTÂNCIA DA SANTIDADE

Na pia os sacerdotes lavavam suas mãos e pés antes de executarem seus deveres sacerdotais. Mãos limpas fala de trabalho honesto; pés limpos fala de um viver e um agir íntegros (Sl 24.4; Ef 5.26,27; Hb 10.22).

1. A pia de bronze e a água (Êx 30.18,19). Deus ordenou a Moisés que fizesse uma pia de bronze. O objetivo era que antes de entrar ou sair do Tabernáculo, Arão e seus filhos lavassem as mãos e os pés. O ofício de apresentar holocaustos ao Senhor era Santo. Não é possível apresentar-se diante de Deus de maneira a não reconhecer sua santidade e justiça. Oferecer um sacrifício a Deus é prestar-lhe um culto santo e reverente. Não podemos perder o senso de piedade e reverência diante de Deus. Por isso, nossos cultos, bem como nossas vidas, devem refletir a santidade de Deus (1ª Pe 1.15,16).

2. A necessidade de purificação diária. Os sacerdotes deveriam ter uma conduta pura e reta diante do Senhor. Se essas purificações não ocorressem, por ignorância ou negligência do sacerdote, o juízo cairia sobre ele (Êx 30.20). Até os animais oferecidos deveriam ser cerimonialmente lavados na água como o sacerdote (Lv 1.9). Somos sacerdotes junto ao Senhor, mas também somos o sacrifício. Devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus (Rm 12.1,2; 1ª Pd 2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9,10; At 15.9; 1ª Ts 4.7). Ficar apenas observando a água não nos tornará limpos. A água tem que ser usada para que nos tornemos limpos. Apenas ler a Palavra ou meditar sobre uma verdade dela não é suficiente. A verdade deve ser aplicada, vivenciada e praticada em nossas vidas diariamente para ter poder purificador.

Ao entrarem no Tabernáculo, os sacerdotes deveriam se lavar “para não morrer”. Fosse para ministrar, fosse para acender a oferta no altar, eles deveriam lavar-se antes. Há que se destacar a expressão “para não morrer”. O ato colocava em risco a vida dos sacerdotes. Apresentar-se diante de Deus sem atentar para a exigência da purificação poderia custar-lhes a vida. Hoje, nós, os obreiros de Cristo, devemos pautar nossas vidas na obra, exercitando-nos na piedade e na santidade. Somos santos porque fomos chamados por um Deus Santo. Somos chamados para ser um modelo de santidade. Não nos esqueçamos: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

3. Os sacerdotes e a santidade (Êx 30.20).
O versículo 21 traz-nos a ideia de um pacto perpétuo a respeito do rito de lavagem da purificação. Esse rito seria um estatuto perpétuo para os sacerdotes. Disso dependeria a vida deles. Viver a vida de maneira santa, separada, única e exclusivamente para Deus é a vocação de todo obreiro chamado para a sua obra. Santidade ao Senhor gera espiritualidade profunda. Santidade ao Senhor gera uma vida de compromisso com Deus. Santidade gera vida no altar de Deus!

4. A necessidade de purificação das mãos (o que fazemos). Mãos limpas representavam sua função diante do Senhor. Eles deveriam levantar mãos santas (Sl 24.3,4;1ª Tm 2.1,8; Tg 4.8 e Is 1.16). Os sacerdotes não podiam entrar no Santuário para exercer qualquer serviço diante do Senhor enquanto não tivessem passado pela bacia. Eles não podiam servir junto à mesa do Senhor, ou no altar do incenso ou no candelabro, pois todos se encontravam no Lugar Santo (Sl 119.9; 1ª Pd 1.22; Hb 10.22).

Além disso, não lhes era permitido ministrar no altar de bronze ou no pátio, a menos que primeiro se lavassem. Todos aqueles que transportavam os utensílios do Senhor deveriam estar limpos (Is 52.11). Tão séria era qualquer violação desta ordem divina que eles seriam mortos se não agissem desta forma (Êx 30.21). Quantas “mortes espirituais” acontecem hoje porque alguns falham ao se preparar para entrar no santuário, deixando de passar pela bacia, antes de entrar para adorar: “Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que morrem” (1ª Co 11.30).

5. A necessidade de purificação dos pés (por onde andamos). Pés limpos indicavam o modo como os sacerdotes viviam na presença de Deus (Hb 12.13; Ef 4.1-3; Jo 13.1-8). Somos chamados para ser sacerdotes do Senhor em um a casa espiritual (1ª Pd 2.5). Mas precisamos estar certos de que estamos limpos para carregar os utensílios do Senhor, e precisamos continuamente da limpeza sacerdotal para poder servir em seu santuário (igreja) andando em santidade como Ele andou (1ª Pd 2.21; 1ª Jo 2.6).

III. A PIA DE BRONZE: LUGAR DE LIMPEZA E PUREZA

1. A Pia de Bronze (cobre) entre o Altar do Holocausto e o Tabernáculo. O termo hebraico para “pia” é kyyor, que significa “lugar de se lavar”. Era uma bacia redonda. É assim que a imagem da Pia de Bronze é geralmente apresentada nas ilustrações. Para entrar no santuário do Tabernáculo, após ministrar no Altar dos Holocaustos, o sacerdote lavava-se na Pia de Bronze com água limpíssima. Ora, o nosso pecado foi expiado por Cristo no Calvário, o que significa que toda a nossa sujeira foi limpa para a glória de Deus. Fomos "lavados" pelo "sangue remidor" de Jesus (1ª Co 6.11).

No dia a dia, encontramo-nos vulneráveis às imundícias das obras da carne. Entretanto, temos um recurso divino, que nos purifica e santifica, prefigurado pela Palavra de Deus (cf. 1 Jo 1.7,8,10). O sangue de Jesus quitou a nossa culpa, cuja natureza humana estava condenada a se curvar sempre diante das tentações e do pecado (Rm 3.24,25; Ef 1.7). Assim, a Palavra de Deus é o espelho que reflete a nossa nova natureza e as obras que devemos praticar com a ajuda do Espírito Santo.

2. A lavagem na Bacia de Bronze. A Pia era de bronze polido, fabricado com o espelho das mulheres (Êx 38.8). Assim, exposta à luz do sol, a partir da água limpíssima, toda impureza era revelada no interior da bacia. À semelhança dessa figura, a obra regeneradora do Espírito Santo nos torna completamente limpos das sujeiras do pecado (2ª Co 5. 17; Ef 5.26).

Outro ponto que devemos destacar é a consciência de pureza que os sacerdotes deveriam ter para estar na presença de Deus, pois quando se lavavam, as sujeiras desapareciam de seus corpos. Sabiam que, doutra forma, não poderiam celebrar no interior do Tabernáculo. Só a Palavra de Deus é eficaz para revelar o pecado do nosso coração, expô-lo e removê-lo. A imagem dessa bacia nos rememora à santidade de Deus e a necessidade de se buscar uma vida de retidão, tanto na área espiritual quanto na moral. Somos de Deus, ovelhas de seu rebanho.

3. A Pia de Bronze e o caráter de juízo. No Altar dos Holocaustos, o juízo sobre o pecador era aplicado na oferta do sacrifício, cobrindo o seu pecado. Nesse sentido, as águas da pia cumpriam uma função de limpeza dos sacerdotes que passaram por aquele processo. De igual modo, nosso Senhor tomou sobre si o juízo que merecíamos, morrendo vicariamente por nós (2ª Co 5.21; Gl 1.4). Nesse aspecto, à semelhança das águas purificadoras, a Palavra de Deus tem o poder de limpar e disciplinar nossa vida (Hb 4.12,13). Embora nossos pecados tenham sido expiados (Hb 10.17), ainda temos de nos chegar a Deus, continuamente, para sermos limpos de tudo o que desagrada-o: pensamentos, palavras e obras. Infelizmente, acidentes ocorrem no caminho da jornada cristã, e precisamos nos quebrantar na presença de Deus. Busquemos a santidade em Jesus Cristo.

IV. A TIPOLOGIA DA PIA
A lavagem com água era a forma provisória e repetitiva, providenciada pelo Senhor pela qual os sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim pudessem ministrar em sua presença. Podemos afirmar que a pia de bronze é um símbolo da dupla atuação da Palavra de Deus.

1. A Palavra revela o pecado. A bacia foi feita com o espelho das mulheres e refletia o rosto do sacerdote (Êx 38.8). Se os sacerdotes entrassem no Lugar Santo sem passar pela bacia de bronze, eles seriam julgados por Deus ao entrar: “Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram” (Êx 30.20-b). Esta relação entre o bronze dos espelhos das mulheres e o bronze da bacia é bastante significativa, pois a função do espelho é refletir a imagem colocada diante dele. A figura ou símbolo do espelho é usada por Tiago quando diz: “Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho” (Tg 1.23). A Palavra de Deus é um espelho que nos permite enxergar de modo claro e verdadeiro como nós realmente somos, e como Deus nos vê. Mas, ela também nos dá uma visão do que podemos nos tornar através de Cristo. À medida que contemplamos a Palavra de Deus, percebemos nossa necessidade de limpeza. A Palavra revela toda a sujeira que precisa ser removida. Jó viu a si mesmo como realmente era e isso causou-lhe repugnância (Jó 42.5,6); Isaías percebeu quem ele realmente era diante do Senhor (Is 6.5); e, Pedro enxergou sua natureza pecadora diante de Jesus (Lc 5.8) (CONNER, 2004, pp. 129,130).

2. A Palavra purifica o pecado. A pia de bronze continha água que servia como agente purificador sendo uma clara alusão ao efeito da Palavra no ser humano (Ef 5.26). A função da bacia aponta para o ministério da Palavra de Deus em nossas vidas. O Espírito Santo, que é um Espírito de julgamento e de fogo, usa a Palavra de Deus para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Is 4.4; Jo 16.6-12). Jesus Cristo, a Palavra que se tornou carne, recebeu autoridade para exercer juízo contra o pecado (Jo 5.27). A bacia representa este juízo sobre o pecado operando através da Palavra de Deus. Ela representa a purificação que vem quando a Palavra expõe áreas de nossas vidas que não estão em conformidade com os padrões de Deus. Isso fala da limpeza da água pela Palavra (Ef 5.26). A Palavra age como um espelho (Tg 1.23-25) para nos dar um verdadeiro reflexo do que somos diante de Deus, mas ao mesmo tempo é a água que reflete nossa imagem e nos torna limpos (Pv 27.19; Ef 5.26). Quando nos tornamos limpos pela Palavra, contemplamos como por um “espelho” a glória do Senhor (2ª Co 3.18) (CONNER, 2004, pp. 128).

V. A TIPOLOGIA DA ÁGUA
A entrada na presença de Deus exigia pureza moral e cerimonial. A provisão de um ritual de purificação pelo Senhor, consagrou Arão e seus descendentes ao serviço, mas não os livrou de seus pecados. Pelo contrário, a necessidade de se lavarem continuamente enfatizava sua impureza.

1. A água da purificação. No altar de bronze o homem recebia provisoriamente e parcialmente a justificação de seus pecados através do sacrifício do animal que prefigurava o sacrifício pleno de Jesus na cruz, e na bacia de bronze ele recebia a purificação através da lavagem com a água que isso também apontava tipologicamente para Cristo. O significado espiritual do sangue do animal e da água da pia de bronze pode ser visto no NT onde esses dois agentes de purificação (o sangue e a água) se encontram no sacrifício de Jesus: “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo: não somente por água, mas por água e sangue” (1ª Jo 5.6). Quando Cristo morreu na cruz, e sangue e água fluíram de seu lado (Jo 19.34), Ele cumpriu e aboliu a necessidade do sangue do sacrifício e da água da lavagem. Tudo aquilo que o sangue de animais no altar do holocausto e as águas cerimoniais na pia de bronze representavam convergiu para o sacrifício perfeito e completo de Cristo. O sangue derramado é o antítipo de todo sangue de animal derramado sob a aliança mosaica. A água que fluiu do lado perfurado de Cristo cumpriu tudo que as lavagens cerimoniais da antiga aliança representavam (CONNER, 2004, p. 130).

2. A água na regeneração. Jesus nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). A regeneração e a renovação correspondem ao novo nascimento (ou nascer do alto). Esta é a lavagem inicial, uma limpeza, uma purificação em relação à antiga maneira de viver (At 15.9; 1ª Ts 4.7; 2ª Co 5.17). É isso que nos transforma em novas criaturas. Paulo disse: “Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1ª Co 6.11). Jesus falou que quem já se banhou está limpo (Jo 13.10). Tudo isso se refere à limpeza da regeneração que acontece na vida do crente.

“A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração' aparece apenas duas no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere à renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece. O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne (Ez 11.9). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados... E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo... E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos' (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a escreverá no seu coração' (Jr 31.33). Ele ‘circuncidará o teu coração... para amares ao Senhor' (Dt 30.6)” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.371).

3. A água na santificação. Moisés lavou inteiramente Arão e seus filhos na limpeza inicial e dali em diante os sacerdotes deveriam manter essa limpeza usando a bacia nas lavagens diárias de suas mãos e pés (Êx 29.4; 40.12). Jesus ministrou o batismo da regeneração, mas é nossa responsabilidade pessoal manter a limpeza diária de nossas mãos e pés (1ª Pd 1.22; 2ª Co 7.1; Ef 5.26; 1ª Co 6.11). Paulo nos exorta: “Purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2ª Co 7.1). O escritor aos hebreus diz que devemos nos aproximar de Deus tendo: “os nossos corpos lavados com água pura” (Hb 10.20-22). A bacia deveria ser aspergida com sangue, ungida com azeite e conter a água para a purificação dos sacerdotes (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Assim, a água purificadora da Palavra vem a nós através do sangue de Jesus e pelo Espírito que é o “azeite” de Deus em nós. Precisam os que nossos corações sejam aspergidos com sangue; ser lavados pela água da Palavra, e sermos ungido do santo azeite da unção do Espírito Santo.

VI. DOIS ASPECTOS DO RITO DE LAVAGEM DOS SACERDOTES

1. A lavagem completa. Essa lavagem era mais do que simplesmente lavar mãos e pés. Significava uma “obra regeneradora”, que implicava o primeiro passo para a consagração sacerdotal. Hoje, é inaceitável que um ministro queira servir na Casa de Deus sem ter passado pela obra da regeneração (Jo 13.10). É preciso que os obreiros do Senhor tenham experimentado uma “limpeza completa” da alma e da mente. É preciso nascer da Palavra e do Espírito (Jo 3.5,7; Jo 15.3; Tt 3.5; 1ª Pe 1.23).

2. A lavagem progressiva e constante. No dia a dia sacerdotal, a limpeza exigida para ministrar no Lugar Santo era apenas das mãos e dos pés (Êx 30.19). Mas, de acordo com a doutrina do Novo Testamento, o “lavar-se”, aqui, destaca o ato do Espírito que opera em nós a santificação (Ef 5.26; 2ª Co 7.1). Nesse sentido, a consagração dos sacerdotes dava-se nos termos do compromisso de uma vida santificada. Esse mesmo compromisso é que deve permear a vida do obreiro, que se acha vocacionado para realizar a obra do Senhor.

3. Recapitulando verdades importantes. À luz de tudo quanto temos estudado até aqui, devemos assimilar algumas lições apreendias até o presente momento:

3.1. Sobre o sangue de Jesus. O sangue de Jesus Cristo nos livrou da pena do pecado (Mt 20.28; 26.28; 1ª Pe 4.17).

3.2. Sobre a Palavra. A Palavra de Deus revela quem somos (Tg 1.22-24).

3.3. Sobre a limpeza espiritual. Uma vida irrepreensível é prioritária e absolutamente necessária (Jo 15.3).

CONCLUSÃO. Aprendemos nesta lição que a água fala de pureza e santificação, e é símbolo da ação purificadora da Palavra de Deus (Jo 15.3; 17.17; Ef 5.26,27) e do Espírito Santo (Tt 3.4-6; 1Co 6.11) em nossos corações (Hb 10.22; 1Pd 1.22,23). Pode simbolizar também a purificação pelo sangue de Jesus (1ª Jo 1.7), uma vez que o sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado.

FONTE DE PESQUISA
1. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
2. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
3. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
4.CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
5. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
6.HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.371).
7. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O ALTAR DO HOLOCAUSTO


TEXTO ÁUREO
“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa.” (Hb 10.22)

Verdade Prática
Na cruz, o Senhor Jesus Cristo purificou-nos de todos os pecados, tornando-nos aceitáveis diante de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.1,2,6,7 “Farás também o altar de madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura (será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura. 2. E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre. 6. Farás também varais para o altar, varais de madeira de cetim, e os cobrirás de cobre. 7. E os varais se meterão nas argolas, de maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.

INTRODUÇÃO. Qual era o caminho que o pecador percorria para ter seus pecados perdoados? Ao estudarmos o Altar dos Holocaustos e o rito de lavagem dos corpos dos sacerdotes na pia de bronze, aprenderemos como alguns símbolos apontavam, com impressionante precisão, para a completude da obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nessa perspectiva, estudaremos o Altar dos Holocaustos, enfatizaremos relação simbólica das suas quatro pontas com a redenção provida pelo sacrifício vicário e, por último, como o Altar dos Holocaustos revela uma imagem do Calvário para nós. Que o Espírito Santo fale ao seu coração!

Quando se adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.

I. O ALTAR DO TABERNÁCULO
A palavra “altar” literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”, visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio do sacerdote.

1. Material. Muitos altares eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx 20.24; 1º Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx 38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).

2. Medidas e formato. O altar de bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele media “cinco côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”, aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m). Seu formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado (Êx 27.2,6,7). Contava com uma armação gradeada de metal (Êx 27.4,5).

O altar de bronze era provavelmente colocado sobre um monte de terra ou pedras e o fogo era ateado em cima. Os chifres que havia em cada canto do altar, tinham um significado especial, eram adornos funcionais, pois era ali que os animais sacrificados ficavam amarrados (Sl 118.27).

3. Utensílios. Junto com o altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente feitos de cobre (Êx 27.3).
3.1. Recipientes: Para recolher as cinzas – usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar o altar (Lv 6.10,11).
A. Pás. Usadas para apanhar as cinzas e lidar com o fogo.
B. Bacias. Ou tigelas, usadas para derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6).
C. Garfos. Usados para distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar em ordem para ser perfeitamente consumido (1 Sm 2.13);
D. Braseiros. Ou incensários, usados para levar as brasas do altar de bronze para o altar de ouro (Lv 16.12).

4. Finalidade. Esse móvel também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28; 31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5).

A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando queimado seu aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b).

A oferta do holocausto, também chamada de “oferta queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida” sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, “perpétuo”, “contínuo” (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21).

5. Localização. Quando se adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do ofertante.

II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO
O Antigo Testamento apresenta uma linguagem que prefigura coisas e experiências presentes no Novo Testamento. De modo geral, a imagem das quatro pontas do Altar dos Holocaustos apresenta-se nessa perspectiva quando analisamos o sentido de redenção contido nelas.

1. As Quatro Pontas e a Propiciação.
O ato de fazer a propiciação, segundo o Dicionário Houaiss, implica “tentar obter de alguém sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira com sacrifícios”. Nas Escrituras, o sangue do sacrifício era de um animal inocente. Quando o sacerdote imolava o animal e retirava-lhe o sangue no altar de quatro pontas e, com esse gesto, apresentava a oferta pelos pecados do povo. Isso é uma propiciação, ou seja, um modo de readquirir o favor de Deus.

O evento era uma ação para apaziguar a ira de Deus, a fim de que a sua justiça e a santidade fossem satisfeitas e proporcionassem um perdão eficaz ao pecador.

As quatro pontas do altar do holocausto rememoram a morte de Cristo como propiciação provida por Deus para cobrir o nosso pecado e manifestar a justiça divina. O Senhor tomou sobre si o nosso pecado, revelando-nos o ato gracioso do Pai (Rm 3.24-26; 1ª Jo 2.2).

2. As Quatro Pontas e a Substituição.
Levítico 16 diz muito acerca do sentido de “substituição”. Ele narra que o sumo sacerdote Arão colocava as mãos sobre a cabeça do animal para sacrificá-lo. Esse animal devia ser um macho sem defeito. Posteriormente, o sumo sacerdote confessava os pecados e as faltas do pecador arrependido a partir da oferta apresentada no altar dos holocaustos com as quatro pontas. Logo, a oferta tomava o lugar do pecador. Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is 53.4-6; Jo 1.29; 1ª Pe 2.24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1ª Co 5.7).

3. As Quatro Pontas e a Reconciliação.
O Altar era o lugar-símbolo da reconciliação de Deus com o povo de Israel. Ali, uma vítima inocente era completamente queimada e consumida, restando apenas o sangue colocado numa pequena pia e encaminhado ao Lugar Santíssimo, o qual, depois, era aspergido sobre o propiciatório (Êx 29.11-14; Lv 4.12,16-21; 16.14-19,27). Esse rito nos leva à cruz como o único lugar onde Deus se encontra com o pecador, a fim de perdoá-lo e reconciliá-lo mediante o sangue da expiação (Hb 9.12; Rm 5.10,11; 2ª Co 5.18,19). Na cruz, o Cordeiro Inocente pagou a dívida do culpado e, por isso, podemos dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Co 5.19).

4. As Quatro Pontas e a Redenção.
A ideia que a palavra nos dá é a da libertação da prisão do pecado. Logo, Redenção é o pagamento de um preço pelo resgate de uma pessoa. O preço: a morte de Cristo na cruz (Mt 20.28; At 20.28; Gl 3.13; 1ª Tm 2.5,6; 1ª Pe 1.18,19). Aqui, é importante ressaltar que o termo “redimir” aparece, na língua grega, com o significado de “comprar e tirar fora do mercado” (uma expressão retirada do comércio de escravos), ou seja, “resgatar” de uma vez por todas a pessoa da escravidão. Foi isso que Jesus fez por nós quando nos libertou da escravidão do pecado (Rm 6.22).

III. O ALTAR SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares antigos eram costumeiramente feitos de pedras e coberto de madeira para que a vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No monte Calvário que é uma rocha, um lugar alto, Cristo foi crucificado sobre o madeiro. Logo há um paralelismo entre o altar e a cruz.

1. Lugar de sacrifício. O altar de bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados (Lv 1-5).
Esse altar prefigura a cruz, visto que foi o lugar onde Jesus foi sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).

2. Lugar do juízo e da justiça de Deus. Era sobre o altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.15; 18-21).

3. Lugar de substituição. O altar do holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1ª Pd 2.24).

IV. O SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de Cristo Jesus:

SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA CRISTO
1. O animal tinha que ser macho (Lv 1.3,10,14). Cristo se fez homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1ª Tm 2.5).

2. O animal tinha que ser sem defeito (Lv 1.3,10). Cristo não teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1ª Pd 2.22).

3. O adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4). Os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2ª Co 5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1ª Tm 2.6; Hb 9.28; 1ª Pd 2.24).

4. O pecador degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11). Cristo foi morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1ª Co 15.3; Gl 1.4).

5. O holocausto contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14) O sacrifício de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt 2.11; 1ª Jo 2.2; Ap 5.9).

V. O SACRIFÍCIO DE CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles não eram permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é superior ao holocausto. Vejamos:

O HOLOCAUSTO CRISTO JESUS
1. Um animal era sacrificado pelo pecador (Lv 1.4-a). O próprio Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1ª Pd 3.18; 1ª Jo 2.2; 4.10).

2. O sangue do animal cobria o pecado (Lv 1.4-b). O sangue de Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1ª Co 6.11; Hb 1.3; 1ª Jo 3.5; Ap 1.5).

3. O sacrifício era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2). O sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1ª Jo 1.7,9).

4. O sacrifício era repetitivo (Lv 6.9-13). O sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).

5. O animal era trazido contra a própria vontade (Hb 9.25). Cristo ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18)

CONCLUSÃO. Hoje aprendemos que o pecador precisava, no Antigo Testamento, passar pelo “altar de sacrifícios” para que fosse aceito diante de Deus. Mas vimos também que Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Em Cristo, somos redimidos!
Deus não somente anunciou a vinda do Messias, por meio de palavras, como através do altar de bronze em que o holocausto era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele preparou a nação de Israel para o sacrifício definitivo que seria feito por meio de Cristo Jesus e que de uma vez por todas (Jo 1.29; Hb 9.26). Portanto, prestemos ao Senhor um verdadeiro sacrifício de louvor!

FONTE DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. ATOS.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
7. TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ.