TEOLOGIA EM FOCO

domingo, 29 de março de 2020

O NOVO HOMEM EM JESUS CRISTO



LEITURA BÍBLICA
João 3.1-16. “E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2 - Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3 - Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. 4 - Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? 5 - Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. 6 - O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 - Não te maravilhes de ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8 - O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9 - Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso? 10 - Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso? 11 - Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. 12 - Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? 13 - Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu. 14 - E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, 15 - para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 16 - Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”

INTRODUÇÃO
É possível alcançar a perfeição espiritual nesta vida? Do ponto de vista humano, não. Mas, quando abrimos a Bíblia Sagrada, constatamos que tal perfeição não somente é possível, como também desejável e requerida de todo aquele que professa o nome de Deus.

Se nos valermos de nossas forças, jamais a alcançaremos. Mas, em Jesus Cristo, nossa velha natureza renasce para a vida eterna. Dessa forma, o ideal que Deus estabelecera para o primeiro Adão torna-se possível, em seu Filho, o Último Adão.

A salvação em Jesus Cristo leva-nos à perfeição espiritual, moral e ética, porque Ele, embora Deus, foi o mais perfeito e completo dos seres humanos. A salvação em Cristo gera um novo homem...

I. O NASCIMENTO DO NOVO HOMEM

A Escritura mostra com clareza que apenas Deus pode realizar a transformação necessária para capacitar os seres humanos a fazerem o que é agradável aos seus olhos (Dt 30.6; Jr 31.33; Ez 36.26).
O novo nascimento, também chamado de regeneração, é o ato pelo qual o Espírito de Deus faz gerar nova criatura no interior daquele que se rende totalmente ao Seu Filho Jesus.

A palavra regeneração, do grego paligenesia do latim regenerationis, significa: novo nascimento, renovação, ato de nascer de novo. Por isso renovação, regeneração, produção de uma nova vida consagrada a Deus, mudança radical de mente para melhor. A palavra é frequentemente usada para denotar a restauração de algo ao seu estado primitivo e perfeita das coisas que existiam antes da queda de nossos primeiros pais, que os judeus esperavam em conexão ao advento do Messias, e que os cristãos esperavam em conexão com a volta visível de Jesus do céu.
Regeneração, segundo o dicionário Aurélio, quer dizer, transformação de vida, mudança de vida, corrigir-se do erro, reabilitar-se moralmente, restaurar-se, reorganizar e gerar.

1. O que é o novo nascimento? É o novo nascimento do espírito humano. É o processo de sermos gerados de novo, por um novo Espírito e novos valores. O Espírito de Deus recria o espírito e passa a habitar nele. É uma regeneração da vida espiritual, o qual nós chamamos de salvação. E isso só acontece quando ouvimos o evangelho, nos arrependemos e nos convertemos de todo coração a Cristo Jesus.

O novo nascimento é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que concede nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu Salvador. Através deste milagre, ele é ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo), tornando-o participante da natureza divina. O novo nascimento é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem natural está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem natural é um ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo para o pecado, para a carne e para o mundo, mas espiritualmente está morto para Deus. Deste modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se. Podemos definir a regeneração como:
·         A comunicação de vida divina à alma (Jo 3.5; 10.10, 28; 1ª Jo 5.11,12).
·         A transmissão de uma nova natureza (2ª Pe 1.4).
·         E a concessão de um novo coração (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26).
·         A produção de uma nova criação (2ª Co 5.17; Ef 2.10; 4.24).

2. O novo nascimento é uma mudança de pensamento ou uma mudança de opinião. E só pode ser verdadeiro se tiver uma genuína conversão e um verdadeiro arrependimento.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, qual seja a boa e agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

Conformar no original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e caráter de alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.

Transformar é moldar a nossa mente e caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e de vida. É uma transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja, mudar a maneira de pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co 2.16). Devemos deixar os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a corrupção e viver segundo os padrões bíblicos.

O homem que anda segundo o curso deste mundo, segundo as concupiscências carnais e vive na pratica do pecado, está morto para Deus; morto refere-se condenado e separado de Deus eternamente. Mas quando ele crê que Jesus é o Filho de Deus enviado a este mundo para nossa salvação, e deixa toda a prática de pecado do velho homem, então nasce de novo, é vivificado com Cristo e torna-se nova criatura, conforme o que Paulo escreve em Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”.  Tornando-se uma nova criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. E vos renoveis no Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.22-24). “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

O novo nascimento envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).

Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

3. Qual a participação do crente. Apesar dessa transformação ser realizada exclusivamente pelo Espírito Santo ainda assim, tem de haver a participação consciente do candidato. Assim como o filho é gerado com a participação mútua do homem e da mulher, também o novo nascimento ocorre com a participação mútua entre o Espírito Santo e o candidato.

Isto segue a seguinte ordem:
Primeiro: O candidato tem que querer ardentemente conhecer pessoalmente o Senhor Jesus. Quando falo em “conhecer” não me refiro a informações bíblicas d’Ele, mas de uma experiência pessoal entre o candidato e o próprio senhor Jesus.
Segundo: Quando o primeiro passo é satisfeito pelo candidato, o segundo é feito por Deus. O Espírito Santo é Quem revela ou apresenta Seu Filho àqueles que desejam conhecê-Lo mais do que tudo nesse mundo.

Jesus ensinou a Nicodemos, renomado mestre da Lei, que o novo homem não é gerado nem da carne nem do sangue, mas de Deus, da água e do Espírito.

4. Três efeitos do novo nascimento.

- Posicionais (adoção). Torna-se filho e beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).

- Espirituais (união com Deus). Mediante o Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato com Deus, preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).

- Práticos. Pessoa nascida odiará o pecado, 1ª Jo 3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória que vence o mundo.
Observação: Estamos sujeitos a falhar: (Não podemos habituar com o pecado, mas se pecarmos, não voluntariamente, de forma premeditada, temos o bom advogado (1ª Jo 2.1 e 3.9).

5. Nascido não do sangue nem da carne. No prólogo de seu evangelho, o apóstolo João afiança que o novo homem, em Cristo, é, antes de tudo, uma criação espiritual; não é gerado nem do sangue nem da carne, mas de Deus (Jo 1.12,13). Apesar do pecado do primeiro Adão, nós podemos renascer para Deus, através dos méritos de Jesus, o Último Adão.
- O novo homem antes de tudo é uma criação espiritual (Jo 1.12,13).
- Podemos renascer para Deus, através de Jesus Cristo.
- O Espírito Santo opera poderosamente na atuação desse novo homem (Jo 3.6).
- Ao nascer de novo, o homem experimenta plena comunhão com o Pai (Rm 8.16).

6. Nascido de Deus. O novo homem é nascido de Deus (Jo 1.12).
- Ele aceitou a Cristo pela fé. Esse era o plano de Deus elaborado antes da fundação do mundo Ap 13.8).
- Em Cristo, ele se tornou uma nova criatura (2Co 5.17; Gl 6.15).
- O nascido de Deus torna-se filho de Deus pela fé (Jo 1.12).

7. O novo nascimento é necessário para entrar no céu. “Na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.3-5).

Este versículo não somente promete ao crente a sua entrada no céu após a morte, como também indica a realidade “presente”, de possuir uma “nova vida”. Note que Jesus declara que aos que creem já receberam esta nova vida. Já passamos da morte para a vida. “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11).

7.1. Nascer da água e do espírito. O primeiro passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. A Palavra simboliza a água. Ela serve para limpar algo que está sujo, por isso o mestre Jesus diz aos Seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Paulo nos diz que: “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra” (Ef 5.26); “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).

O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8).

A Palavra de Deus ensinada, limpa o homem do pecado e o Espírito convence o homem do pecado trazendo uma regeneração perfeita e completa.

A Palavra de Deus nos purifica e nos limpa de todo o pecado, transformando a vida velha numa nova criatura. O novo nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do Espírito Santo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo” (Tt 3.5).

“...aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. Somos salvos pelo sacrifício de Jesus e limpos (santificados) pela lavagem da Palavra de Deus e transformados pelo o Espírito Santo de Deus mediante a fé.

Nascer da água e do Espírito é o único meio para entrarmos no Reino de Deus. Sem que haja uma transformação radical proveniente da graça, misericórdia e do poder de Deus, jamais o homem poderá ver a Deus.

Este novo nascimento não é a relação física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1ª Pe 1.23).

Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre.

Sendo que o Espírito Santo usa a Palavra de Deus na sua obra de regeneração bem como na sua obra de convicção, nos leva a achar que a Palavra de Deus, ou seja, a verdade é o meio que o Espírito Santo usa na obra de regeneração. O Espírito Santo emprega a Palavra da Verdade. Existe um apelo à natureza racional do homem mediante a verdade. A Palavra de Deus santifica e convence o homem do pecado; e essa convicção nos leva aquele que pode nos purificar e através dele experimentarmos o novo nascimento. Em outras palavras a obra regeneradora do Espírito Santo acompanha a pregação do Evangelho: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1ª Co 4.15).
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).
A natureza da regeneração: “ele nos gerou”;
O instrumento da regeneração: “pela palavra da verdade”;
O autor da regeneração: “Ele”;
A causa suprema da regeneração: “segundo o seu querer”;
O propósito da regeneração: “para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”.

7.2. Batismo em água. Os que defendem que o batismo é necessário destacam “nascer da água” como prova. Como uma pessoa explica: “Jesus descreve e diz-lhe claramente como - ao nascer da água e do Espírito. Esta é uma descrição perfeita do batismo! Jesus não poderia ter dado uma explicação mais detalhada e precisa do batismo.” No entanto, se Jesus quisesse dizer que é preciso ser batizado para ser salvo, Ele poderia ter claramente declarado: “Digo-lhe a verdade: a menos que alguém seja batizado e nascido do Espírito, essa pessoa não poderá entrar no reino de Deus.” Além disso, se Jesus tivesse feito tal declaração, teria contradito inúmeras outras passagens da Bíblia que deixam claro que a salvação é pela fé (Jo 3.16; 3:36, Ef 2.8-9, Tt 3.5).

O batismo cristão não salva, não lava pecados e não complementa a salvação. Somente a obra expiatória de Cristo consumada no Calvário salva e purifica o pecador de seus pecados (Hb 2.17; Ef 1.7; 1ª Co 15.3). No entanto, o batismo em água por imersão é um testemunho público da nova vida em Cristo assumida pelo batizando.

Ao tratar do batismo, a Bíblia é incisiva ao demonstrar que o convertido deve ser imerso na água (At 8.36) como um sinal físico e visível de sua fé. Portanto, o batismo além de requerer muita água (Jo 3.23), também condiciona que, tanto o que batiza, o oficiante, quanto o batizando, o candidato, desçam à água (At 8.38). A linguagem bíblica empregada na simbologia do batismo em Romanos 6.4 e Colossenses 2.12 implica imersão total.

As realidades espirituais figuradas no batismo. O batismo em água é uma identificação pública do crente com Cristo, o seu Salvador, em que:
a) A descida do candidato às águas fala da nossa morte com Cristo.
b) A imersão nas águas está relacionada com o nosso sepultamento com Cristo.
c) O levantamento das águas representa a nossa ressurreição com Cristo em novidade de vida (Rm 6.3,4).
Um dos propósitos do batismo em águas é simbolizar a morte, sepultamento e ressurreição do novo crente e sua nova vida em Cristo.

7.3. Nascido do Espírito Santo. A regeneração só é possível através da atuação do Espírito Santo na vida do pecador arrependido; é Ele quem opera o novo nascimento (Jo 3.6). Esse ato regenerador não pode ser explicado em linguagem humana (Jo 3.8). Somente a partir dessa ação sobrenatural, em nossa alma, é que o novo homem, em Cristo, torna-se possível (Gl 6.15). Temos, aí, a genuína conversão.

- É o Espírito Santo quem opera o novo nascimento (Jo 3.6).
- Não pode ser explicado em linguagem humana (Jo 3.8). A atuação do Espírito Santo, no interior do ser humano, é o milagre mais expressivo que Deus pode operar em nossa vida. Ao nascer de novo, o homem experimenta um novo gênesis - a comunhão plena com o Pai Celeste (Rm 8.16).
- Essa é a genuína conversão.

8. Nascido de Deus. O nascimento do novo homem é descrito, pelo Evangelista, como o ato de nascer de Deus (Jo 1.12). Isso implica a aceitação, pela fé, do plano de Salvação que o Pai Celeste elaborou bem antes da fundação do mundo (Ap 13.8). Tornar-se nova criatura, em Cristo, é o auge da bem-aventurança humana (2Co 5.17; Gl 6.15). Logo, nascer de Deus é tornar-se filho de Deus pela fé (Jo 1.12).

9. Uma mudança de reino. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1ª Co 3.14). “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).

Quando, aceitamos a Cristo como Senhor e Rei de nossa vida, estamos mudando de reino, ou seja, saímos do reino das trevas e entramos no reino da luz que é Cristo Jesus (João 8.12). Por isso nem todas as pessoas são filhos de Deus no sentido bíblico, somente os que creem que Jesus é o Salvador e tem uma vida de obediência a Sua Palavra, têm o direito de serem chamados filhos de Deus. Quando o pecador recebe Jesus, nasce de novo e é feito filho de Deus. É por isso que Paulo diz: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14).

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.1-3).

No capítulo 2.1-10 da carta aos Efésios, Paulo compara o crente que foi vivificado e o descrente que está nos domínios de Satanás. Neste trecho os descrentes são descritos como:

Mortos em pecados. Incessíveis e impotentes como cadáveres (corruptos, mortos espiritualmente).
Andando segundo o curso deste mundo. Um andar não necessariamente imoral ou irreligioso, mas um andar mundano, ou seja, sem Deus e afastado dele (cf. v. 12).

Levados por Satanás. O grande espírito mestre que dirige o curso deste mundo e determina a maldade e ações nos filhos da desobediência.

Vivendo em concupiscências carnais, entregues aos prazeres do corpo e da mente.
Depois de pintar este quadro tão negro, o apóstolo apresenta outro, cheio de formosura, com as palavras “mas Deus”, e fala, entusiasmado:
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus irá mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2.4-7).

Do seu grande amor que se manifesta em misericórdia, e que se manifestará no porvir nas abundantes riquezas da sua graça (v. 7).

Do seu poder vivificador, que se chama à vida os mortos e os assenta juntamente com Cristo nos lugares celestiais. (V. 5 e 6). O versículo 5 tem sido traduzido assim: Estando nós também mortos em nossas ofensas, nos chamou para partilhar da vida de Cristo pela graça sois salvos.

Da natureza da salvação. Pensamos na significação do tempo presente no versículo 8. Nossa fé de hoje, que hoje aprecia a graça que Cristo salva hoje do pecado. Podemos indagar se apreciamos devidamente tudo que a graça de Deus deve significar para nós mesmo, e se temos provado todo o seu poder salvador?

Do verdadeiro lugar das obras. Aqui temos três referências às obras. A salvação não prove das obras (v.8); não podemos merecê-la. Deus é o que opera (v. 10); somente Ele pode salvar. “Para as boas obras” (10), primeiro salvos, depois trabalhando.

10. Cristo vive em mim. A regeneração envolve união com Cristo, e não uma mudança de coração sem Ele: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

O Espírito Santo efetua no homem a união de sua alma com Cristo: Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm 6.3). É uma união de vida em que o espírito humano, embora possuindo a sua própria individualidade e distinção, é vivificado pelo Espírito de Deus, e assim torna a ser um com Cristo. “Porque somos membros do seu corpo” (Ef 5.30). “Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).

“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1-2).

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).
O conceito de Cristo vivendo no crente é um pouco difícil de se compreender. Fisicamente, o crente não é diferente do que era antes. Há, porém, um poder invisível habitando nele depois da conversão, que fará amar a justiça e odiar o pecado.

Através dele, os homens são atraídos a Cristo. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo 12.32).

O poder de Cristo compartilhado. “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1ª Co 6.17).

Mantido pelo poder divino. “Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1ª Pe 1.5).

O poder divino passa através do crente para atrair outros a Cristo. “... para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2ª Co 4.11b).

O poder divino repele o pecado. “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.32).

O poder divino atrai para justiça. “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2ª Pe 1.3).

II. A JUSTIFICAÇÃO DO NOVO HOMEM

A palavra justificação no grego tem dois significados: dikaiosis”, é o ato de Deus que declara as pessoas livres de culpa e aceitáveis para Ele e “dikaioma”, sentença favorável pela qual ele absolve a humanidade e a declara aceitável em um ato ou feito justo. O substantivo dikaiosis se acha somente em dois lugares no NT, a saber, Rm 4.25; 5.18. Ele denota o ato de Deus declarar homens livres de culpa e aceitável a Ele. O estado resultante é denotado pela palavra dikaiosune.

A conversão é seguida pela justificação. Trata-se da declaração da parte de Deus de que o crente está legalmente justificado (isento de culpa). Esta justificação envolve dois atos: o cancelamento da dívida do pecado na “conta” do pecador, e o “lançamento”, em seu lugar, da justiça de Cristo.

A doutrina da justificação é uma doutrina de suma importante da Bíblia. No curso da história ela se tornou grandemente pervertida. Foi a Reforma Protestante que restaurou a doutrina da justificação ao seu lugar correto.

A regeneração, o homem recebe uma nova vida e uma nova natureza; na justificação ele recebe uma nova posição. O réu está perante Deus, o Justo Juiz, porém, ao invés de receber sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.

A justificação pode ser definida como ato de Deus pelo qual Ele declara justo todo aquele que crê em Cristo. A justificação é um ato declarativo de Deus. Não é algo operado no homem, mas sim algo declarado no homem.

Os que estão no mundo estão, naturalmente debaixo da condenação; os que estão em Jesus, porém estão livres, absolvidos. Assim diz A Bíblia: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

1. A inutilidade da justiça humana. Nossas obras, ainda que boas e aparentemente meritórias, não nos salvam nem nos justificam diante de Deus (Ef 2.8,9). Aliás, são elas consideradas trapos de imundície (Is 64.6). Só existe um meio de obtermos a salvação e de nos justificarmos perante o Justo Juiz: a fé nos méritos perfeitíssimos de Jesus Cristo (Rm 5.1).

A partir desse processo, o novo homem passa a ter um novo status jurídico perante Deus (Rm 5.9).

2. A maravilhosa doutrina da justificação. Ao pecador que, pela fé, recebe a Jesus, Deus lhe concede mais que um mero perdão e muito mais que uma anistia; concede-lhe o status de justo, pois a justiça de Cristo muda por completo a “situação jurídica” do réu (1ª Co 6.11). Este é completamente perdoado; e seus pecados, inteiramente apagados (Hb 10.17).

O novo homem nasce, através da fé em Jesus Cristo, num contexto de injustiça e pecado. Por isso, precisa de um novo status diante do tribunal de Deus - a justificação pela fé.

3. Deus um Justo Juiz. A justiça vem de Deus. “O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (G 3.21).

Não existe ser algum em todo o universo que tenha condição de justificar o homem diante de Deus. Por isso todas as religiões, em todo o mundo, que procuram justificar o homem diante de Deus por obras, são falhas, não produzem justificação. “A justiça vem do Senhor” (Is 54.17).

3.1. Deus julga de acordo com a verdade e a justiça. Em muitos tribunais adota-se o princípio de que a sentença em qualquer caso seja de acordo com os fatos apresentados nos autos. Nenhum juiz tem o direito de perdoar o culpado ou condenar o inocente; e para que a justiça seja exercida, o julgamento deve estar de acordo com este princípio.

O princípio da lei que rege os negócios dos homens é também o princípio pelo qual Deus exerce justiça. Quando Deus, como Juiz Santo e Justo senta-se para julgar os homens, Seu julgamento deve ser feito de acordo com a verdade e a justiça. Deus precisa justificar o inocente e condenar o culpado. Nenhum juiz poderia administrar a justiça se tratasse os fatos de modo diferente do que são na realidade; e seria um juiz injusto se, por favoritismo, absolvesse o culpado e condenasse o inocente.
Portanto, quando Deus justo e verdadeiro, senta-se para julgar e exercer a justiça deve pronunciar todo mundo culpado (Rm 3.23), pois esta é a verdade dos fatos. Como então, pode Deus, que é amor e misericórdia e graça, pronunciar culpado todo mundo? O fato está na Sua justiça. O pecador arrependido e regenerado é transformado numa nova criatura, sendo assim Jesus o justifica perante o Pai (1ª Jo 2.1). Mas aqueles que seguem o seu próprio caminho, ou seja, um caminho de pecado e sem Deus, Jesus não pode justificar e o Pai declara condenado. Portanto, somos justificados ou condenados pela nossa própria decisão. Deus é onisciente e conhece todos nossos corações e pensamentos.

3.2. Nada escapa de Seus olhos. Ele vê e conhece tudo. Se um juiz terreno age com justiça baseando-se na lei humana, quanto mais um Deus justo e Criador. Você acha certo um homem que comete todo o tipo de maldade (estuprador, imoral, injusto roubador etc.), ser absolvido em um tribunal de justiça? Se você é ético vai dizer que não. Desta mesma forma Deus age conosco com base na Sua justiça. A Bíblia diz que um dia Ele irá julgar o mundo, justificando o pecador arrependido e condenando o pecador que não se arrepende. “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16).

3.3. A justiça de Deus é perfeita e imutável. Deus jamais pode usar dois pesos e das medidas. Ele referia-se a Sua justiça, se perdoasse o pecador, sem meio eficaz de perdão porque disse: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). “E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16-17).

A justificação é uma declaração de Deus, segundo a qual todos os processos da lei divina são plenamente satisfeitos, por meio da justiça de Cristo, em benefício do pecador que o recebe como salvador. Justificação significa mudança de posição espiritual diante de Deus: de condenados para justificados. Esta é a única maneira do homem com Deus, apresentando-se a Ele sem culpa.

4. O novo homem é justo. A partir de sua conversão, o pecador passa a ser visto por Deus como se jamais tivesse cometido qualquer injustiça; de agora em diante, é um justo aos olhos de Deus (1ª Jo 3.7). Haja vista o que houve com o ladrão que, na cruz, creu no sacrifício de Jesus Cristo (Lc 23.42,43).

5. Características da justificação.
5.1. A justiça divina alcança a todos. Assim como o pecador tornou-se universal, a justificação destina a todos quantos queiram ser salvos “Pois Deus revelou a sua graça para dar a salvação a todos” (Tt 2.2).

A expressão “para que todo aquele que nele crê não pereça” (Jo 3.16) abrange a todos indistintamente. Todos os que se arrependem de seus pecados e creem em Jesus como Salvador não perecerão, mas terão a vida eterna. E é tudo pela graça de Deus, conforme está escrito: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Esta “multiforme graça” alcança de igual modo todas as pessoas de todas as raças, culturas, níveis sociais, idades e circunstancias (Jo 6.37). Ninguém é bom suficiente para se salvar, como também não é mau que não possa ser salvo por Jesus.

5.2. A justiça de Deus é concedida gratuitamente mediante a graça. A fonte da justificação é a graça de Deus “Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17; outras ref. Rm 3.24; Tt 3.4-7). A lei diz: paga tudo; mas a graça diz: tudo está pago. A lei representa uma obra a fazer; a graça é uma obra consumada. A lei representa uma obra a fazer; a graça é uma obra consumada. A lei restringe as ações; a graça transforma a natureza; a lei condena; a graça justifica; sob a lei a pessoa é servo assalariado; sob a graça é filho em gozo ilimitado.

A obediência vicária de Cristo torna o cristão justo diante de Deus. Os muitos se tornarão justos a medida que recebem a abundância da graça e o dom da justiça quando chegam a crer neste maravilhoso ato realizado por Cristo Jesus em favor da humanidade.

A justificação é a baseada no sangue derramado de Cristo e a na sua justiça. O apóstolo Paulo declara que somos “justificados, gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 5.9).

Somos unicamente justificados gratuitamente pela imensurável graça de Deus concedida aos pecadores, a fim de conferir-lhes aquilo que jamais poderíamos alcançar por seus próprios méritos, deixando de lado a sentença por eles merecida.

Portanto, desde que a justificação é uma posição legal que só pode ser concedida por Deus, e desde que ninguém merece esta posição, ou seja, a justificação é inteiramente pela graça de Deus.

O que Paulo quer dizer que somos justificados sem justa causa, ou seja, sem qualquer razão ligada a nós. Deus não nos justificou por possuirmos qualquer qualidade positiva ou qualquer traço de bondade, nem mesmo porque valesse a pena salvar-nos. Também Ele não estava obrigando de maneira alguma a nos justificar. Mas Ele nos justificou pela Sua graça infinita e incomparável. 

Através da base da justificação e sua causa eficiente, podemos ver com muita clareza que a justificação não é pelas obras da lei, inclusive as obras da lei não foi dada para salvar ou justificar quem quer que seja, mas para pôr ponto final nos argumentos e mostrar que todos são culpados: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3.19), para dar conhecimento do pecado: “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20); para mostrar a excessiva pecaminosidade do pecado: “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (Rm 7.13); para conduzir o pecador a Jesus.

No tribunal de Deus, nenhum homem pode ser considerado justo aos olhos de Deus pela obediência à lei (Gl 2.16). Como meio de estabelecer corretas relações com Deus, a lei é totalmente insuficiente. A única coisa que a lei pode fazer é fechar a boca de todo o homem e declará-lo culpado perante Deus. É verdade que Jesus fez referência à lei ao jovem que lhe havia perguntado como herdar a vida eterna; mas é evidente que Jesus fez isso simplesmente para mostrar-lhe que a salvação é impossível de ser alcançada nessa base.

6. A condição da justificação.
6.1. Fé. Se a justificação é unicamente pela graça de Deus, como o próprio homem pode estar envolvido então no processo de ser justificado? As Escrituras Sagradas dizem que somos (gr. diá pisteos; ek pisteos ou pistei – dativo). A preposição dia (Rm 3.25; Gl 2.16; Fp 3.9), enfatiza o fato de que a fé é o instrumento pelo qual nos apropriamos de Cristo e de sua justiça. A preposição ek (Rm 3.26, 30; 5.1; Gl 3.8, 24) indica que a fé logicamente precede a nossa justificação pessoal, para isto que origina-se em fé. O dativo é usado em um sentido instrumental (Rm 3.28).

A. A fé a condição para sermos justificados. Contudo, a Escritura nunca indica que sejamos justificados (gr. dia tem pistin), por causa da nossa fé. Isto quer dizer que a fé nunca é representada como a base da nossa justificação. Como já temos notado, se isso fosse o caso, fé teria que ser considerada como obra meritória do homem. E isto seria a introdução da doutrinada da justificação pelas obras que o apóstolo opõe coerente ou constantemente (Rm 3.21, 27-28; 4.3-4; Gl 2.16, 21; 3.11).

B. A fé é a condição da nossa justificação e o sangue de Cristo é a base da nossa justificação. Podemos notar que somente o sacrifício de Cristo é o que nos justifica. Não é para fé que somos justificados, mas pela fé somente. A fé não é o preço da nossa justificação, mas o meio de apropriar-se dela. A fé é a aceitação de métodos divinos da justificação. A fé apropria daquilo que a graça fornece.

“Tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus. Onde, pois, a jactância? Foi de toda excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei” (Rm 3.26-28).

Cristo ocupa uma posição única como o representante de Deus com o homem e do homem com Deus. O valor infinito da fé é derivado do seu objeto: Deus e sua manifestação. Crer é, portanto, agarrar de uma vez a perfeição de Deus.

Cristo sofreu a penalidade dos nossos pecados. Logo, os nossos pecados não foram desculpados ou ignorados; pelo contrário, a sua “conta” foi totalmente paga. Não somos inocentes quanto aos nossos pecados cometidos, mas Deus não nos julgará mais por eles, pois foram perdoados e pagos por Cristo. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1ª Pe 2.24). “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1ª Pe 3.18).

Não somente somos perdoados de todos os pecados que nos separaria de Deus, mas, sim, pela justiça de Cristo, somos dignos de ter comunhão com Deus. Quando Deus olha para nós, não vê nossos pecados e fracassos; pelo contrário, apenas vê a santidade do Seu Filho, e Sua obediência e bondade; sendo justificado desta maneira temos paz com Deus e acesso a Ele (Rm 5.1-2).

“Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção” (Rm 3.22). “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” (Gl 5.5). “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10 4).

A fé salvífica é o único meio do homem tornar-se justo e permanecer neste estado. Os efeitos da justificação pela fé abrangem a totalidade da vida do crente. No passado a fé justificou-o, libertando-o inicialmente da condenação do pecado. No presente, a fé continua a justificá-lo, libertando da “pratica do pecado”. À medida que ele continua na fé em Cristo, a justificação do crente culminará na glorificação, libertando-o para todo o sempre da própria “presença do pecado”.

6.2. O sangue é a base da justificação.
A justificação é a baseada no sangue derramado de Cristo e a na Sua justiça. O apóstolo Paulo declara que somos “justificados, gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 5.9). Em romanos 5.9 ele diz: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.

O sangue de Cristo é a base da nossa justificação, pelo qual a perfeita justiça de Cristo é imputada ao pecador. Sem o sacrifício de Cristo não seria possível a nossa justificação. Deus planejou nossa justificação e providenciou também o modo como seria realizado; unicamente através do sangue derramado por Jesus Cristo.

Temos redenção pelo sangue (Rm 3.24); temos propiciação pelo sangue; temos a remissão dos pecados, tudo através de seu sangue. O sangue é o fundamento da justificação porque as Escrituras revelam que a vida está no sangue. E quando Jesus Cristo derramou Seu sangue, entregou Sua vida, a vida dele em substituição à nossa. A morte dele em lugar da nossa morte, para que nós pudéssemos receber a remissão de pecados através do sangue de Cristo.

Por ter Cristo suportado o castigo de nossos pecados em seu próprio corpo, Deus revogou a pena e nos restabeleceu a Seu favor.

Na justificação os nossos pecados não são desculpados, mas punidos na pessoa de Cristo, nosso substituto. “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.25).

A base da nossa justificação é unicamente o sangue de Cristo, pelo qual a perfeita justiça de Jesus é imputada ao pecador. Sem o sacrifício de Cristo não seria possível a justificação.

Deus planejou nossa justificação e providenciou também o modo como seria realizada; unicamente através do sangue derramado por Cristo Jesus.

Quando Jesus verteu o Seu sangue nesse sacrifício inigualável, abriu-se a fonte da graça para a justificação de todo aquele que n’Ele crer.

“Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele”! (Rm 5.9).

6.3. A justificação concede uma nova posição em relação à lei de Deus. A lei de Deus exigia perfeita obediência para se obter a vida eterna (Mt 19.17). Evidentemente, ninguém pode cumprir perfeitamente esta exigência. A solução divina não foi abolir a Lei, mas, sim fazer que Cristo “cumprisse” a Lei por nós, pois Ele pôde obedecer à Lei de modo perfeito.

Justificação é um termo legal (que se refere à maneira correta de se apresentar diante de Deus). Esse estado não pode ser obtido pelos méritos humanos, mas pela redenção em Cristo Jesus.

Redenção é o ato que propicia a liberdade ao escravo por meio da fé em Cristo, ou seja, pecadores são libertos da escravidão do pecado (Jo 8.32).

Propiciação do grego hilasterion, carrega a ideia de apaziguar ou satisfazer. Portanto, propiciação se refere à obra de Cristo na cruz. Por meio da propiciação, Cristo satisfez ambas as demandas da justiça de Deus e cancelou a culpa dos pecadores. A fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador é a única condição do homem ser justificado diante de Deus.

III. A SANTIFICAÇÃO DO NOVO HOMEM

Ao contrário da regeneração, que é um ato instantâneo, a santificação é um processo que demanda toda a nossa vida até alcançarmos a estatura de varões perfeitos.

1. A definição da palavra santo. A palavra santo no grego hagios e no heb. Kadosh, quer dizer separado. Santo então é separar do mundo e apartar-se do pecado, consagrar a fim de termos ampla comunhão com Deus e servi-lo com alegria. É aquele que se separa do mal, e dedica-se ao serviço de Deus, é o ato de santificar; tornar sagrado; dedicado exclusivamente para Deus; ter uma vida de santificação, ou seja, ter qualidades específicas que nos mantenham ou nos levem à separação das pessoas pecadoras que vivem longe da presença de Deus.

Santo do Lat. Sanctitatem, significa perfeição moral; estado de quem se destaca pela natureza. Ambas as palavras no original representam um indivíduo que pela fé crê no sacrifício de Jesus, e separa-se do mundo e de tudo que no mundo há.

Santificação. O substantivo hagiasmos, o mesmo que santificação é usado em alusão a total separação do homem para com Deus (1ª Co 1.30, 2ª Ts 2.13, 1ª Pe 1.2), e ao curso de vida adequado aos que são separados (1ª Ts 4.3, 4-7; Rm 6.19-22; 1ª Tm 2.15).

A santificação envolve: a separação ao mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus: “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.21).

2. Ser santo significa uma separação do pecado. “Mas a vós outros vos tenho dito: em herança possuireis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos separei dos povos. 26. Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.24,26).

Deus escolheu Abraão, separando de outros povos e prometeu ser o pai de uma grande nação. Abraão seria pai de um povo de quem Javé seria Deus (Gênesis 17.7) e por meio do qual Deus viria ao mundo. A nação resultante de Israel prenunciava um povo espiritual e ideal no qual Deus teria o que desejava.

Assim Deus queria que viesse agir Israel, que foi libertada dos laços de Faraó para habitar na terra que mana leite e mel, mas na terra havia outros povos que não conheciam a Deus e viviam em práticas pagãs, o que levou Deus a todo momento a adverti-los para que viessem a guardar os seus mandamentos e se separarem para o uso exclusivo de Deus, para não caírem no laço das outras Nações, pois Deus sabe que a palavra é um meio de santificação, separação (Jo 17.17). Mas o povo tinha a velha natureza, o velho homem, que dificultou muito o povo e tem dificultado os cristãos de hoje em dia a se livrarem dos maus hábitos.

“...vos separei dos povos...”. A palavra é usada para distinguir entre o santo e o profano, entre o especial e o vulgar: “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).

Santo significa uma retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na obediência à sua Palavra e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp 2.14-15; Cl 1.22; 1ª Ts 2.10).

“Retirar-vos, retirar-vos, saí de lá, não toqueis coisas imundas; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11).

O cristão é chamado por Deus para viver uma vida irrepreensível, correta e pura perante o Senhor Deus, e separada do mundo.
“A fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos” (1ª Ts 3.13).

Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.

Santificação é um processo pelo qual a condição moral da pessoa é elevada à conformidade com seu estado legal perante Deus. Santificação é um ato subsequente a regeneração, pelo qual os crentes são libertos do pecado original e de suas depravações, e trazidos num estado de inteira devoção a Deus, e a obediência santa de amor perfeito.

Santificação no sentido próprio da palavra é uma libertação instantânea de todo o pecado, e inclui poder instantâneo, dado sempre para manter-se fiel a Deus.

O ser santificado não é nada mais ou menos do que uma completa remoção do coração, daquilo que é inimizade contra Deus.

Segundo o NT, a santificação não é descrita como um processo lento, de abandonar o pecado pouco a pouco. Pelo contrário, é apresentada como um ato definitivo mediante o qual, o crente, pela graça, é liberto da escravidão de Satanás e rompe totalmente com o pecado a fim de viver para a Deus (Rm 6.18; 2ª Co 5.17; Ef 2.4-6; Cl 3.1-3).

O cristão, pela graça que Deus lhe deu, morreu com Cristo e foi liberto do poder e domínio do pecado (Rm 6.18); por isso, não precisa nem deve pecar. E sim obter a necessária vitória no Seu Salvador, Jesus Cristo. Mediante o Espírito Santo, temos a capacidade para não pecar (1ª Jo 3.6), embora nunca cheguemos à condição de estarmos livres da tentação e da possibilidade do pecado.

No mesmo tempo, no entanto, a santificação é descrita como um processo vitalício mediante o qual continuamos a mortificar os desejos pecaminosos da carne (Rm 8.1-17), somos progressivamente transformados pelo Espírito à semelhança de Cristo (2ª Co 3.18), crescemos na graça (2ª Pe 3.18), e devotamos maior amor a Deus e ao próximo (Mt 22.37-39; 1ª Jo 4.10-12, 17-21).

A nossa santificação é realmente mediante a renúncia ao pecado e a o seguir a santidade. Mediante a rendição total da própria vida (Rm 12.1; 6.12-13, 19). Uma rendição que é voluntária, completa e definitiva (final) é uma ação necessária para que o crente possa experimentar inteira santificação. Uma entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição suprema para a santificação prática. Se o homem que ser santo, ele deve oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar esta obra nele.

3. Por que ser santo.
3.1. Porque Deus é santo. Essa santidade é absoluta, pois Deus é santo em Se caráter e essência conforme disse o profeta Amós “Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade”. Ele é singular por causa de Sua majestade infinita e também em virtude de se tratar de um Ser totalmente distinto e separado, em pureza, de suas criaturas (Sl 99.1-5).

“Disse o Senhor a Moisés: Fala a toda congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.1-2).

A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Ap 15.2; Lv 19.2). É o atributo que melhor expressa sua natureza. Essa santidade é a plenitude gloriosa da excelência moral de Deus, que existe nEle e que nEle se originou, não tendo sido derivada de ninguém: “Não há santo como é o Senhor (1º Sm 2.2). No cristão, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do sol (Hb 12.10; Lv 21.8).

3.2. Santidade é uma ordem divina. “Sede santo, por que eu sou santo” (1ª Pe 1.16; Lv 11.44; Lv 19.1, 2). “Santos serão a seu Deus e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do SENHOR, o pão de seu Deus; portanto, serão santos” (Lv 20.6).

A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordena que sejamos santos (1ª Pe 1.16; Lv 11.44; AP 22.111), Pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1ª Co 3.17).

Sendo Deus Santo exige dos Seus filhos a santificação. A ideia principal de santidade é a separação dos modos ímpios do mundo e dedicação a Deus, por amor, para o seu serviço e adoração. Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10), é ficar perto de Deus, e, de todo coração, buscar sua presença, sua justiça e sua comunhão.

Seria zombaria para Deus exigir o que Ele não proveria. Santidade seria impossível se não fosse pela graça de Deus, (Sl 51.10; Mt 5). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1ª Pe 1.15-16). O poder do Espírito na obra da santificação é operação capacitadora do Espírito Santo na vida do crente.

3.3. Porque já estava nos planos de Deus. A santidade foi o propósito de Deus para Seu povo quando Ele planejou sua salvação. “...como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fossemos santos, irrepreensíveis diante dele em caridade” (Ef 1.4).

3.4. Porque era o propósito de Cristo. A santidade foi o propósito de Cristo para Seu povo quando Ele veio a esta terra (Mt 1.21; 1ª Co 1.2, 30).

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.25-27).

4.5. Santidade sempre foi a prioridade de Deus para Seu povo. “Se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos removais no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.21-24).

4.6. Porque é à vontade de Deus. O novo homem é impossível sem o processo de santificação (Hb 12.14). Quanto mais nos santificamos, mas parecidos nos tornamos com o Senhor Jesus; somos seus imitadores (1Co 11.1). Logo, devemos ver a santificação como a vontade suprema de Deus para a nossa vida (1Ts 4.3). Mas, se pecarmos, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de toda a injustiça e impureza (Jo 1.7).

A santificação no AT. foi a vontade de Deus para o povo israelita; eles tinham o dever de levar uma vida santificada, separada da maneira de viver dos povos à sua volta: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.5-6).

Como parte do propósito de Deus para os israelitas ao tirá-los do Egito, eles deviam ser um reino sacerdotal (separados e consagrados ao serviço de Deus) e uma nação santa. Da mesma forma os crentes do NT, devem ser um reino de sacerdotes (1ª Pe 2.5-9). Um povo santo, separado do modo ímpio de vida do mundo e que anda nos caminhos justos de Deus e na Sua santa vontade.

“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus” (1ª Ts 4.3-5).

Santificação envolve a morte do velho homem, isto é, a pessoa que você era antes da sua salvação, para que nosso corpo, que era o instrumento do poder do pecado, fosse feito ineficaz e inativo para com o mau e para que não mais sejamos escravos do rei do pecado. Mediante a obra sobrenatural de Deus, a pessoa é liberta do poder do pecado que dominava sua vida. A nova pessoa que somos em Cristo Jesus, vive em novidade de vida.

Santificação foi um quesito que Deus sempre exigiu de Seu povo, tanto no VT, quanto no NT. Alguém acha que por estarmos vivendo num período de graça, Deus tem a obrigação de tolerar um amontoado de imundícias que vem tomando conta da Sua Igreja, está muito equivocado. À vontade de Deus para Sua Igreja é que haja uma separação das coisas e maneiras más. (1ª Ts 4.3).

Santificação envolve o homem todo: espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23). Santificação ocorre na vida interior do homem, no seu coração; e, sendo que o homem interior está liberto e mudado, haverá mudança também na sua vida diária. O corpo é o órgão ou instrumento da alma, pelo qual as inclinações, hábitos e paixões pecaminosas se expressam. Santificação do corpo envolve o emprego dos membros como implementos de volição santas (Rm 6.12.13; Cl 3.5). Também aparece nas Escrituras que santificação afeta todo os poderes ou faculdades da alma: o entendimento (Ef 4.13; Rm 12.2; Cl 3.1-2; Jo6.45)), a vontade (Ez 36.25-27; Fp 2.13), as paixões (Gl 5.24) e no espírito, a consciência (Tt 1.15; Hb 9.14; 2ª Co 7.1).

4.7. Santo significa um revestimento da plenitude de Cristo. “Para que sejais cheios de toda a plenitude de Cristo” (Ef 3.19). A maior motivação para sermos santo é a esperança da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. A mesma vida que foi separada do mundo e entregue a Deus. A santificação plena tem de acontecer nesta vida.

Paulo ordena a Igreja em Éfeso que se tornem perfeitos e cheguem “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).

Na carta de Paulo aos efésios capítulo 4 verso 13, Paulo ora pela santificação plena dos crentes nesta vida. Está implícito em estarmos “arraigados e fundados em amor” e “cheios de toda a plenitude de Deus” que somos tão perfeitos em nossa medida e de acordo com nossa capacidade, segundo Deus é. Se nos mostrarmos cheios da plenitude de Deus implica em um estado de santificação plena.

4.8. Porque fomos chamados para ser santos. “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santo, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1ª Co 1.2).

5. A santificação como posicionamento. No exato instante de sua conversão, o pecador arrependido passa a ser visto não apenas como justo, mas também como santo por Deus e pela Igreja (Lc 23.42; 1ª Co 1.2). Já separado do mundo, torna-se propriedade exclusiva do Senhor (Êx 19.5; 1ª Pe 2.9). Posicionalmente é santo, embora esteja ainda em processo de santificação.

6. A santificação como processo. O novo homem, em Cristo, ainda que seja visto como santo, e realmente o é, terá de submeter-se a um longo e disciplinado processo de santificação, até que venha a alcançar a estatura do Filho de Deus (Pv 4.18; Ef 4.13).

Na santificação do novo homem, a Palavra de Deus é imprescindível, pois nos conduz ao ideal cristão: perfeição e santidade, para que em tudo sejamos imagem e semelhança de Deus (Gn 17.1; Mt 5.48; 1ª Pe 1.16).

7. Para que ser santo.
7.1. Para ver a Deus. A santificação é para todo o crente em Cristo. As Escrituras declaram que sem a santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14).

Deus é santo e exige de seus filhos a santidade como Ele na verdade é santo. E sem esta santidade ninguém O verá. A santificação é o ato de preparar-se para ver a Deus. Acima de todas as coisas, a santidade é a prioridade de Deus para os Seus seguidores (Ef 4.21-22).

A palavra “seguir”, quer dizer: “procurar”, “perseguir”, como Paulo de Tarso persegui e segui os cristão. Não podemos ser relaxados em ser santos. A santidade de Deus requer a nossa santificação (1ª Pe 1.15-16).

Uma criatura não santa não tem lugar no favor e no seio de Deus santo. Santificação é o que Deus espera do crente (Rm 6.15; 1ª Co 15.3-4; 1ª Jo 2.1; 3.6; Sl 119.1-4,11; Ju 24).

7.2. Para ser um vaso de honra, santificado e idôneo - para ser útil a Deus. Sem santidade, ninguém poderá ser útil a Deus: “Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.20-21).

7.3. Para anunciar as virtudes de Cristo. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pe 2.9).

Somos uma geração eleita por Deus com a finalidade de anunciar Sua excelência, bem como seguir Seus passos e Seus exemplos deixados por Cristo Jesus.

7.4. Para ter intimidade com Deus. Sem santidade, ninguém terá intimidade nem comunhão com Deus: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (Sl 15.1-2).

8. Como podemos obter a santificação. O pecado original não é erradicado da carne, por si mesma (pois não haveria morte), nem pode ser libertar por observância de regras e regulamentos (pois a lei não santifica - Legalismo) e não pode tentar subjugar a carne por privações e sofrimentos. A santificação somente acontece após o novo nascimento.

8.1. É Deus é quem santifica. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensível para vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Ts 5.23).

8.2. Somos santificados observando a Palavra de Deus. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26). “Vós já estais limpo pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).
A santificação só é possível mediante a obediência integra a Santa Palavra do Senhor.

8.3. Somos santificados pela Palavra e a oração. “Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificado” (1ª Tm 4.5).

A Palavra de Deus serve para nos orientar o caminho certo, nos purificar, lavar e santificar o nosso espírito, alma e corpo para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

A santificação não vem pelos sacrifícios, mas unicamente pela Palavra. Nem mesmo o jejum tem este poder.

A verdade em si mesma, certamente não tem nenhuma eficiência adequada para santificar o crente, mas o Espírito Santo pode usá-la em nossas vidas. As Escrituras revelam o estado do coração e mostram o remédio para as falhas. As Escrituras servem para incentivar a atividade espiritual por apresentar motivos e dar direção através de proibições, exortações e exemplos.

Mediante o conhecimento da verdade e uma entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição suprema para a santificação prática. É Deus que precisa fazer o homem santo. Se o homem quer ser santo, ele deve oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar esta obra nele.

8.4. Somos santificados pelo sangue de Jesus. “Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hb 13.12).

8.5. Somos santificados pelo poder regenerador do Espírito Santo. “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1ª Pe 1.2). “...porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito Santo” (2ª Ts b).

Somos eleitos, ou seja, escolhido por Deus para vivermos uma vida santifica no Espírito. Fomos lavados, santificados e justificados, em nome de Jesus Cristo e no Espírito Santo de Deus, (1ª Co 6.11). Pregando a Palavra de Deus, seremos agradáveis e santificados pelo Espírito Santo de Deus, (Rm 15.16). É o Espírito Santo de Deus que realiza em nós a santificação, que purifica do pecado nossa alma e nosso espírito, que renova em nós a imagem de Cristo e que nos capacita, pela comunicação da graça, a obedecer a Deus segundo a Sua Palavra (Gl 5.16, 22, 23, 25).

8.6. Os filhos de Deus são santificados mediante a fé. Fé na obra redentora de Cristo é a causa mediadora ou condicional de santificação. Aquele que crê em Cristo é santificado posicionalmente, pois Cristo é naquele momento feito para ele santificação (1ª Co 1.30). Mas também é mediante a fé que o crente torna-se na experiência e na prática separado do poder do pecado para Deus (At 26.18; 15.9; Hb 13.12-13; Gl 6.14; Cl 2.12). Devemos lembrar que o objeto da nossa fé é Cristo Jesus. Santificação não começa olhando por dentro, mas por estar em Cristo e olhando para Ele.

O homem não se torna santificado em experiência nem cresce em santificação por fazer esforço para experimentar ou crescer, mas colocar a si mesmo nas condições de crescimento, por viver e permanecer em Cristo. A lua não faz esforço para brilhar, nem poder em si mesma para brilhar. Ela brilha somente por refletir a luz do sol. À medida que permanecemos em Cristo, reconhecemos o que temos nele e confiando nele, refletimos Cristo em nossa vida.

A Bíblia não ensina que um grau mais alto de fé é necessário para santificação do que justificação. A fé envolve temor a Deus e a Sua Palavra sem duvidar ou raciocinar. É fé independente de todo o sentimento e desapegado de qualquer outra dependência senão só de Cristo.

Na comissão divina do apóstolo Paulo extraímos um grande exemplo de santificação pela fé: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.18).

Este versículo é uma declaração típica feita pelo Senhor Jesus daquilo que Ele quer realizar através da pregação do Evangelho.

Jesus veio a este mundo “para abrir os olhos dos cegos”. Satanás cegou a mente dos perdidos para não verem a realidade da sua condição de perdidos que perecem, nem a verdade de Cristo Jesus, no poder do Espírito Santo, seu entendimento será aberto (2ª Co 4.5; Ef 1.18).

9. Estorvos à santificação do crente. Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade. Vejamos alguns:

9.1. Desobediência. Desobedecer de modo consciente, continuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx 19.5-6).

9.2. Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3; 2ª Co 6.14-17).

- Erros a respeito da santificação.
O pecador não percebe sua necessidade de santificação. Sua culpa e condenação no começo ocupam sua atenção, somente mais tarde ele vem a ver sua necessidade. Mas se o pecador convertido não tiver um discipulado eficiente, poderá portanto, mais tarde, caracterizar sua santificação com as tradições e regaras humanas. Erros a respeito da santificação, poderão portanto, confundir qualquer cristão imaturo e com isto vir a cair da graça (Gl 1.6-7). O próprio Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é santificação bíblica:

A. Exterioridade (Mt 23.25-28). Usos, práticas e costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da santificação, e não a causa (Ef 2.10).

Grande parte dos pentecostais atribuem tradições legadas dos pais (usos e costumes), como meio de santificação. Há líderes que ensinam sua igreja dizendo que pecar é transgredir as tradições e regras da igreja. Portanto o próprio Jesus combateu estes ensinos (Mt 15.1-8). Os costumes são hábitos criados pelos homens, podendo ser mau ou bom dependendo como ele usa.

As diferenças no ensino de hoje, faz necessário também que olhemos cuidadosamente o ensino das Escrituras concernentes a esta doutrina. Não devemos adaptar a doutrina à luz de nossa vida, mas sim, ajustar nossa vida à doutrina.

Santificação é uma obra sobrenatural de Deus realizada por Sua graça e amor para com aquele que buscam um dia estar com Deus. Ela não é portanto, uma mera reforma moral feita por motivo de consciência, da opinião dos outros, nem de auto interesse, nem de autodisciplina, nem de auto esforço, nem poder da vontade nem pelos recursos humanos. Esta reforma externa simplesmente deixa o caráter interior, diante de Deus, inalterado. É Deus o autor da obra sobre natural de santificação e não o homem. É algo feito por Ele, não algo que nós fazemos (Ef 5.26; Tt 2,14).

B. Maturidade cristã. Não pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação continua da limpeza. A maturidade cristã varia, como se vê em 1ª Jo 2.12-13: “Filhinhos”; “pais”; “jovens”.

Que a Igreja de Cristo volte a pregar, com mais instância e urgência, a doutrina da santificação. Nenhum impuro ou profano entrará na Jerusalém Celeste (Ap 21.8).

CONCLUSÃO
Quem recebeu Jesus como o seu Salvador e Senhor, tomou a melhor decisão, pois os seus pecados foram apagados por Cristo. A nova vida em Jesus é um presente de Deus.

E, quando do arrebatamento da Igreja, você será semelhante ao Senhor Jesus, porque esta é a promessa que Ele nos fez por intermédio do apóstolo João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1Jo 3.2).

Sim, nós os redimidos do Cordeiro, seremos glorificados. E, nessa bem-aventurança, estaremos para sempre com o Senhor.

Que o Cordeiro de Deus seja eternamente louvado!

quinta-feira, 19 de março de 2020

JESUS, O HOMEM PERFEITO


LEITURA BÍBLICA
Lucas 2.40-52 “E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de DEUS estava sobre ele. 41 - Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa. 42 - E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa. 43 - E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino JESUS em Jerusalém, e não o souberam seus pais. 44 - Pensando, porém, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia e procuravam-no entre os parentes e conhecidos. 45 - E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele. 46 - E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 - E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas. 48 - E, quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos. 49 - E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? 50 - E eles não compreenderam as palavras que lhes dizia. 51 - E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no coração todas essas coisas. 52 - E crescia JESUS em sabedoria, e em estatura, e em graça para com DEUS e os homens.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição teremos a oportunidade de estudar uma das mais importantes doutrinas bíblicas a respeito da pessoa de Cristo, denominada de Cristologia; veremos também o ensino bíblico da Sua dupla natureza; pontuaremos algumas das heresias ditas durante a história da igreja, a respeito da pessoa de Cristo; e por fim, ressaltaremos à luz das Escrituras, porque Jesus é o homem perfeito.

I. A DUPLA NATUREZA DE JESUS

A afirmação correta da plena divindade de Jesus, bem como de sua plena humanidade, tem implicações soteriológicas fundamentais. Jesus é 100% Deus e 100% homem. A doutrina da união “hipostática” é definida pela existência de Cristo em duas naturezas, divina e humana, que não se fundem nem se alteram; por outro lado, não se separam e nem se dividem, compondo e estabelecendo uma só pessoa e uma só “subsistência” eternamente (GRUDEM, 1999, p. 454). Em suma, isso quer dizer que Jesus é plenamente divino e totalmente humano para todo o sempre, visto que, mesmo agora, na eternidade, possui um corpo humano glorificado (At 1.11; Ap 5.6). Vejamos:

1. Natureza divina de Jesus. O Novo Testamento deixa claro que Jesus é o “Filho de Deus”. Isto foi atestado pelo próprio Pai: “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17 ver ainda Jo 3.17; 12.28). No monte da transfiguração houve igual declaração (Mt 17.5). Jesus mesmo declarou ser o Filho de Deus (Jo 9.35-38); o anjo Gabriel disse a Maria: “[...] o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35); os apóstolos também asseveraram isso (At 3.13,26; 8.37; 9,20; Rm 1.4,9; 1ª Co 1.9; 2ª Co 1.19; Gl 2.20; 4.4; 2ª Pd 1.17; 1ª Jo 4.9; Ap 2.18). É bom destacar que “Paulo usa o termo “Filho de Deus” tanto em relação a Jesus como aos cristãos. Entretanto, traça uma distinção entre a filiação dos cristãos, que tem origem na adoção, e a de Jesus, que se origina do fato de ele ser “o Filho do Deus” (Rm 8.32)” (MACGRATH, 2010, p. 408).

A Bíblia nos mostra que Jesus tem todos os atributos divinos:
·         Eternidade (Mq 5.2; Is 9.6; Cl 1.17; Jo 1.1; Ap 1.11).
·         Onipotência (Mt 28.18; Lc 4.35,36,41).
·         Onipresença (Mt 18.20; 28.20; Ef 1.23).
·         Onisciência (Jo 2.24; 4.16-19; 6.64; Mc 2.8; Lc 22.10.12; 5.4-6).
·         Imutabilidade (Hb 1.12; 13.8).

Deve destacar-se ainda que Jesus tinha também as prerrogativas divinas, tais como: poder para perdoar pecados (Mt 9.2; Lc 7.48); receber adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Mc 5.6; 9.38; Ap 5.8;13); e, auto existência (Jo 5.26).

2. Natureza humana de Jesus. A expressão “Filho do Homem” é usada pelos escritores dos evangelhos sinóticos 69 vezes aludindo a humanidade do Cristo (Mt 9.6; 12.8; Mc 8.31; Lc 9.56; 12.8). João introduz o evangelho dizendo que: “o Verbo era Deus” (Jo 1.1-c), mas também que: “o Verbo se fez carne” (Jo 1.14-a). O mesmo apóstolo diz que na ceia “recostara sobre o seu peito” (Jo 21.20); e, que “ouviu”, “viu”, “contemplou”, e, “tocou” o Verbo da Vida (1ª Jo 1.1). Paulo, por sua vez, declarou que Jesus: “sendo em forma de Deus [...] esvaziou-se a si mesmo [...] fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7).

Os escritores do NT deixaram claro que Jesus tinha todos os atributos físicos dos homens, a saber:
·         Ele nasceu de uma mulher (Rm 1.3; Gl 4.4).
·         Cresceu fisicamente (Lc 2.52).
·         Dormiu (Mt 8.24).
·         Comeu (Lc 24.43).
·         Sentiu fome (Lc 4.2).
·         Sede (Jo 4.7; 19.28).
·         Teve cansaço físico (Jo 4.6).
·         Chorou (Jo 11.35).
·         Sorriu (Lc 10.21).
·         Foi tentado (Mt 4.1; Lc 22.28; Hb 4.15).

Ao se fazer homem, Jesus tornou-se tríplice, constituído de: corpo (Mt 26.12; Hb 10.5), alma (Is 53.11,12; Mt 26.38; Jo 12.27), e, espírito (Mt 27.50). Em suma, Cristo, desde sua encarnação, é um ser humano completo. Em Cristo, Deus se fez homem e, novamente, se assim não fosse, não poderia redimir a humanidade. Quem recebeu a promessa de morte não foi o corpo de um ser humano, mas um homem completo, com sua constituição material e imaterial. Logo, somente alguém que possuísse uma natureza humana completa poderia sofrer a penalidade estipulada (MORRIS, 2007, p. 83).

II. FALSAS CONCEPÇÕES A RESPEITO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS

Durante a história da igreja, diversas heresias surgiram em relação a pessoa de Jesus. Umas negavam a natureza humana, outras a natureza divina. Vejamos algumas:

1. Gnosticismo. Um grupo herético do 1º e 2º século, que já na época do apóstolo João, afirmavam que não houve uma encarnação real de Cristo, pois pensavam que o corpo de Jesus fosse apenas uma “semelhança”. Para eles, Jesus era, no máximo, uma teofania (uma aparição de Deus em forma humana). Alegavam que o Verbo nunca se tornou carne, realmente. Em oposição, João fez uma declaração simples, direta e poderosa: “O Verbo se fez carne” (1ª Jo 4.2; ver 2ª Jo 7) (BEACON, 2006, p. 30).

2. Arianismo. Os arianos, ou seja, os que seguiam os ensinos de Ário, negavam a divindade de Jesus afirmando entre outras coisas, que Ele teria sido o primeiro a ser criado e por meio do qual, todas as demais coisas vieram a existir. Vale salientar que o arianismo se perpetua até aos nossos dias, principalmente por meio de um segmento religioso heterodoxo, que afirma que Jesus não é Deus, mas que é um ser criado e menor que o Pai. Para apoiar tal afirmação, eles usam uma tradução distorcida da Bíblia, onde as passagens que contém afirmações sobre a divindade de Jesus, foram adulteradas. Por exemplo: em João 1.1 onde se lê: “e o Verbo era Deus” (ARC), eles corromperam o texto traduzindo como: “e o Verbo era um deus”. No entanto, a Bíblia deixa claro o ensino de que Jesus tem em si mesmo plenamente as duas naturezas: divina e humana (Cl 1.19; 2.9).

III. JESUS, O HOMEM PERFEITO

Jesus é incomparavelmente o homem mais célebre que já existiu na face da terra. Nunca existiu e nem existirá, alguém que possuiu um modelo tão completo de todas as virtudes, um tipo tão excelente de caráter quanto Jesus. Vejamos alguns traços do seu perfeito caráter e personalidade:

1. Impecável. Como homem Jesus se distinguiu dos demais, pois não conheceu pecado (Mt 1.18,20; Lc 1.35). Devido a sua impecabilidade, é chamado de: “[…] o Santo e o Justo” (At 3.14; ver Jo 6.69; At 7.52; 22.14), expressão que o exalta como modelo de caráter. Embora tenha vivido em “semelhança da carne” (Rm 8.3). Ele jamais cometeu pecado (2ª Co 5.21; Hb 4.15). Diz ainda a Bíblia apesar de em tudo ser tentado, permaneceu “sem pecado” (Hb 4.15-b). Ele era santo (Hb 7.26), incontaminado e imaculado (1ª Pd 1.19; 2.22), Nele não havia pecado (1ª Jo 3.5); era justo em sentido absoluto (1ª Jo 3.7); tal qualidade foi reconhecida e declarada até mesmo pelos demônios (Mc 1.24); tendo Jesus autoridade para desafiar a todos, dizendo: “Quem dentre vós me convence de pecado? […]” (Jo 8.46). Tanto no Antigo quanto o Novo Testamento ensinam claramente a impecabilidade do Messias (Jr 33.16; Is 53.6; 2ª Co 5.21; Hb 4.15; 7.26; 9.14; 1ª Pd 1.19). Ele nasceu sem pecado (Lc 1.26-35). Viveu de forma irrepreensível durante toda a sua vida (Mt 27.19; Lc 23.47; Jo 18.38). Por isso, sendo perfeito, tornou-se o sacrifício perfeito pelos pecados do mundo (Is 53.12; Hb 7.26-28).

2. Submisso. Uma outra virtude destacável do caráter de Jesus é a sua submissão. O Senhor Jesus apesar da sua natureza Divina, como homem se matriculou na escola da obediência, para nos deixar o exemplo: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5.8).
Em vários momentos de sua vida tal atitude pode ser evidenciada:
·         Em sua encarnação (Fp 2.5-7).
·         Em sua vida familiar obedecendo seus pais José e Maria (Lc 2.51).
·         Ao ser batizado nas águas por João Batista (Mt 3.13-15).
·         Ao fazer e ensinar a vontade de Deus o Pai (Jo 6.38; 8.28).
·         Em não revidar as afrontas (1ª Pd 2.23).
·         Ao entregar a sua vida pela humanidade (Mt 26.39; Fp 2.8).

3. Humilde. Jesus era humilde de coração (Mt 11.29), ele várias vezes lembrou aos seus apóstolos que, mesmo sendo Mestre e Senhor, tinha se tornado servo (Mt 20.25-28; Lc 22.24-27); e, às vésperas de sua crucificação, Jesus deu o maior exemplo de humildade ao lavar os pés dos seus discípulos, um papel destinado ao escravo da casa (Jo 13.1-17). Podemos lembrar especialmente, a dolorosa série de inesquecíveis humilhações que ele sofreu sem queixar-se, mesmo que as tivesse sentido vivamente (Mt 26.55; Mc 14.48; Lc 22.52). A humildade de Jesus também é expressa quando lhe faziam elogios, e ele atribuía toda a glória ao Pai (Mt 19.16-17; Mc 10.17-18; Lc 18.18-19).

4. Carismático. Uma pessoa carismática é: “alguém que desperta carisma ou admiração dos demais, encantador, simpático, cativante, sedutor, atrativo, querido, atraente, atencioso, influente e agradável”. Em seu ministério Jesus revelou sua simpatia e admiração ao dar atenção especial a várias classes de pessoas (Mc 10.13-16; Jo 3.1-10; 4.7-30). Até mesmo os seus opositores se admiravam e testificavam do seu comportamento e de suas palavras (Jo 7.32,45,46).

5. Manso. É uma virtude que se opõe à rudez (Mt 5.5), e o nosso Senhor Jesus Cristo sempre foi manso e benigno (2ª Co 10.1; Mt 11.29). Quem é manso é pacificador (Mt 5.9), e por isso, somos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter paz com todos os homens (Rm 12.18; 1ª Co 7.15; Hb 12.14; 1ª Pd 3.11).

6. Misericordioso. É a compaixão pela necessidade alheia (Mt 5.7); Jesus foi misericordioso com os homens em suas fraquezas e privações (Mc 5.19; Hb 2.17; Tg 5.11; 2ª Co 1.3 ver Mt 15.22; 17.15). Lembremos, pois, que a misericórdia é um mandamento divino, e que a Bíblia condena a indiferença para com os pobres (Lc 6.36; Mt 12.7). Sejamos misericordiosos assim como Jesus nos ensinou na parábola do samaritano (Lc 10.37).

7. Coração puro. Outro traço do caráter de Jesus é a pureza de coração (1ª Jo 3.3), e quando olhamos para as Escrituras, vemos que o coração representa a personalidade (Mt 5.8), o centro das emoções humanas (Sl 15.2; 16.9; 51.10; Mc 7.21- 23). Ao repreender os fariseus, o Senhor destaca como a pureza interior é necessária, dizendo serem semelhantes aos “sepulcros caiados” (Mt 23.27). Em contraste com a hipocrisia e malícia dos fariseus, Jesus revela a sua pureza de oração, no perdão concedido a mulher apanhada no ato de adultério (Jo 8.3). O Senhor que conhece os pensamentos (Fp 4.8) e as motivações das ações cotidianas (1ª Co 4.5), manifestou em seu santo e justo julgamento o pecado dos acusadores (Jo 8.7,9), revelando favor à mulher (Jo 8.10,11).

IV. OS TRÊS OFÍCIOS DE CRISTO

Cristo, o título oficial dado a JESUS no Novo Testamento, descreve JESUS como o ungido Salvador. A palavra vem do Grego Christos, que é a tradução do Hebraico Messias (João 1.41). Ambos os termos são originários do significado do verbo ungir com óleo sagrado, daí a expressão Ungido. Esses nomes dados a Jesus expressam a ideia que Deus ungiu JESUS para salvar o seu povo. No Novo Testamento, o título é usado em combinação com o seu nome de nascimento, Jesus Cristo (Mt 1.1; Mc 1.1; Rm 1.4), Cristo Jesus (Rm 1.1; 1ª Co 1.1), com o artigo (Rm 7.4), ou com outro título Senhor (Rm 16.18). É também usado como um nome substituto ou título para Jesus, a única palavra a ser usada dessa maneira (Jo 20.31; Rm 15.3; Hb 3.6; 5.5; 1ª Pe 1.11, 19).

1. O Profeta que havia de vir.
Textos específicos do AT citados no NT. Certos trechos do AT são manifestamente profecias sobre Cristo, porque o NT os cita como tais. Por exemplo, Mateus cita Is 7.14 para comprovar que o AT profetizava aí o nascimento virginal de Cristo (Mt 1.23), e Mq 5.2 para comprovar que Jesus devia nascer em Belém (Mt 2.6). Marcos observa aos seus leitores (Mc 1.2,3) que a vinda de João Batista como precursor de Cristo fora profetizada tanto por Isaías (Is 40.3), quanto por Malaquias (Ml 3.1). Zacarias predisse a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém no domingo que precede a Páscoa (Zc 9.9; cf. Mt 21.1-5; Jo 12.14,15). A experiência de Davi, descrita no Sl 22.18, prenuncia os soldados ao derredor da cruz, dividindo entre si as vestes de Jesus (Jo 19.23,24), e sua declaração no Sl 16.8-11 é interpretada como uma clara predição da ressurreição de Jesus (At 2.25-32; 13.35- 37).

O livro de Hebreus afirma que Melquisedeque (cf. Gn 14.18-20; Sl 110.4) é um tipo de Cristo, nosso eterno Sumo Sacerdote. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.

Alusões a passagens do AT pelos escritores do NT.
Outra forma de revelação de Cristo no AT consiste em passos do NT que, mesmo sem citação direta, referem-se a pessoas, eventos, ou objetos do AT prefigurando profeticamente a Cristo. Por exemplo, no primeiro de todos os textos proféticos da Bíblia (Gn 3.15), Deus promete que enviará o descendente da mulher para ferir a cabeça da serpente. Certamente, Paulo tinha em mente esse trecho quando declarou que Cristo nasceu de mulher para redimir os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5; cf. Rm 16.20). João, igualmente, declara que o Filho de Deus veio “para desfazer as obras do diabo” (1ª Jo 3.8). A referência de João Batista a JESUS como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,36), recua a Lv 16 e Is 53.7. A referência de Paulo a Jesus como “nossa páscoa” (1ª Co 5.7) revela que o sacrifício do cordeiro pascal profetizava a morte de Cristo em nosso favor (Êx 12.1-14). O próprio JESUS declarou que o ato de Moisés, ao levantar a serpente no deserto (Nm 21.4-9) era uma profecia a respeito dEle, quando pendurado na cruz. E quando João diz que JESUS, o Verbo de DEUS, participou da criação de todas as coisas (Jo 1.1-3), não podemos deixar de pensar em Sl 33.6: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus” (cf. Hb 1.3,10-12). Essas são apenas algumas das alusões no NT a passos do AT referentes a Cristo.

Quando JESUS fez referência ao cumprimento da profecia de Isaías acerca do poder do Espírito Santo sobre Ele, usou também a mesma passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério, a saber: pregação, cura e libertação (Is 61.1,2; Lc 4.16-19).

1.1. O Espírito Santo ungiu Jesus e o capacitou para a sua missão. Jesus era Deus (Jo 1.1), mas Ele também era homem (1ª Tm 2.5). Como ser humano, Ele dependia da ajuda e do poder do Espírito Santo para cumprir as suas responsabilidades diante de DEUS (cf. Mt 12.28; Lc 4.1,14; Rm 8.11; Hb 9.14).

1.2. Somente como homem ungido pelo Espírito, Jesus podia viver, servir e proclamar o evangelho (At 10.38). Nisto, Ele é um exemplo perfeito para o cristão; cada crente deve receber a plenitude do ESPÍRITO SANTO (At 1.8; 2.4).

2. O Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.
A intercessão de Cristo.
1.1. Jesus um Homem de oração. Jesus, no seu ministério terreno, orava pelos perdidos, os quais Ele viera buscar e salvar (Lc 19.10). Chorou, quebrantado, por causa da indiferença da cidade de Jerusalém (Lc 19.41). Orava pelos seus discípulos, tanto individualmente (Lc 22.32) como pelo grupo todo (Jo 17.6-26). Orou até por seus inimigos, quando pendurado na cruz (Lc 23.34).

1.2. Jesus nosso Advogado. Um aspecto permanente do ministério atual de Cristo é o de interceder pelos crentes diante do trono de Deus (Rm 8.34; Hb 7.25; 9.24; 7.25); João refere-se a JESUS como “um Advogado para com o Pai” (1ª Jo 2.1). A intercessão de Cristo é essencial à nossa salvação (cf. Is 53.12). Sem a sua graça, misericórdia e ajuda, que recebemos mediante a sua intercessão, nós nos desviaríamos de DEUS e voltaríamos à escravidão do pecado. Sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, foi o Senhor Jesus, no sacrifício vicário do Gólgota, o oficiante e a vítima ao oferecer-se, de uma vez por todas, para resgatar-nos de nossos pecados (Hb 7.26-28).

3. O Rei dos reis.
Após a sua ressurreição, e já prestes a subir ao Pai, afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Naquele momento, assumia JESUS o governo não somente do mundo, como de Israel e da Igreja. Ele é o soberano dos reis da terra (Ap 1.5). É o rei de Israel e cabeça da Igreja (Jo 1.49; Cl 1.18). Como herdeiro do trono de Davi, assumirá o governo do mundo durante o Milênio, levando as nações remanescentes à plena obediência (Is 11.1-10; Ap 19.16).

CRISTO (Mt 1.1).
O termo CRISTO (gr. Christos) quer dizer ungido. É a forma grega do hebraico Messias (Dn 9.25,26).

- Desde o início do seu Evangelho, Mateus afirma que Jesus é o Ungido de Deus, ungido com o Espírito Santo (cf. Is 61.1; Lc 4.18; Jo 3.34; At 10.38).

- Foi ungido como Profeta, para trazer conhecimento e verdade (Dt 18.15); como Sacerdote, para oferecer o supremo sacrifício e expiar nossas culpas (Sl 110.4; Hb 10.10-14); e como Rei, para governar, guiar e estabelecer o reino da justiça (Zc 9.9).

O FILHO DE DAVI Mt 1.1
- Mateus comprova que JESUS foi um descendente legal de Davi, levantando a genealogia de José, o qual era da casa de Davi. Embora JESUS tenha sido concebido pelo Espírito Santo, contudo Ele foi formalmente registrado como filho de José e, portanto, tornou-se legalmente um descendente de Davi.

- A genealogia por Lucas (Lc 3.23) mostra a linhagem de JESUS através dos ascendentes de Maria, sua mãe, que também era da linhagem davídica. Lucas enfatiza que Ele procede da carne (filho) de Maria e, portanto, um como nós (cf. Rm 1.3).

Assim, os escritores dos Evangelhos declaram o direito legal e também físico de Jesus

Como enviado.

CONCLUSÃO
O caráter imaculado de Jesus Cristo tem sido demonstrado por toda a Bíblia, mostrando sua aprovação por parte do Pai (Mt 3.17), e confirmado pelos anjos (Mt 1.23) e até dos demônios (Mc 5.7). Mesmo depois de mais de dois mil anos o nome de Jesus e sua vida impõem respeito e tem sido fontes inspiradoras de milhões de vidas em toda terra e em todos os tempos.

FONTE DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Trad. João Ferreira, Bíblia Sagrada BÍBLIA SHEDD.
2. ANDRADE, Claudionor correia. A RAÇA HUMANA, Origem, Queda e Redenção. CPAD.
3. ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário de Profecia Bíblica. CPAD.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. GRUDEM. Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. Vida Nova.
6. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
7. MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
8. MORRIS, Leon L. O evangelho de Lucas - introdução e comentário. Vida Nova.