TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 6 de março de 2019

CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Ef 6.13)

VERDADE PRÁTICA
A metáfora do sistema militar, usada por Paulo, mostra que estamos em guerra no mundo espiritual. Estejamos, pois, cingidos com a armadura espiritual!

LEITURA BÍBLICA
Efésios 6.13-20 “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. 14- Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, 15- e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; 16- tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. 17- Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espirito, que é a palavra de Deus, 18- orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espirito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos 19- e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, 20- pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

INTRODUÇÃO. A presente lição é a continuação da anterior. Lá vimos que existe uma batalha espiritual e invisível entre os crentes em Jesus e o reino das trevas. Aqui, vamos estudar como o apóstolo Paulo usou os instrumentos bélicos do sistema da época como metáfora. Essa ilustração é um recurso didático importante porque facilita a compreensão dos cristãos para o bom combate.

I. GUERRA
Segundo o Dicionário Teológico Beacon, guerra é “o recurso das nações para tratar de resolver diferenças pela força das armas. As guerras sempre são produtos da pecaminosidade humana, seja por instigação imediata ou causa indireta”. Mas a legitimidade da guerra pode depender de sua motivação.

1. Ao longo dos séculos.
Desde a batalha dos israelitas contra Ai, por volta de 1400 a.C. (Js 8.21-26), até Massada, em 73 d.C., a Bíblia registra cerca de 20 batalhas principais. Pessoas de todas as civilizações antigas - egípcia, assíria, babilônica, grega e romana - estavam acostumadas com a presença dos soldados no meio do povo. E a palavra profética anuncia guerras até o fim dos tempos (Dn 9.26).

2. Os antigos.
Os antigos encaravam a guerra como algo sagrado; esse era o contexto da época. Era usual oferecer sacrifícios antes da partida das tropas militares para a batalha a fim de invocar, das divindades, proteção e vitória (Jr 51.27). Essa prática era também generalizada em Israel (1º Sm 13.10-12; Sf 1.7). Deus permitia e, às vezes, até ordenava a guerra no período do Antigo Testamento (1º Sm 23.2-4).

3. Sentido metafórico.
O tema sobre a guerra não aparece no Novo Testamento. A guerra é, em si mesma, incompatível com o espírito cristão. Jesus nos ensinou:

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). A guerra aparece nas Escrituras no sentido figurado para ilustrar a luta contra a morte (Ec 8.8), da mesma forma que ilustra a maldade dos ímpios (Sl 55.21). Na presente lição, o enfoque é metafórico, representando a nossa luta espiritual contra os inimigos da nossa salvação (2ª Co 10.3; 1ª Tm 1.18).

II. A METÁFORA BÍBLICA
“Guerra”, “batalha”, “luta”, “combate”, “peleja” são termos do dia a dia para indicarmos, muitas vezes, um debate ou discussão e, também, para nos referirmos às dificuldades da vida. Mas a metáfora aqui se aplica na defesa e no combate espiritual, na pregação e no ensino da Palavra.

1. A armadura do soldado romano.
A sociedade contemporânea do apóstolo Paulo conhecia com abundância de detalhes toda a armadura do soldado romano. Efésios é uma das quatro epístolas da primeira prisão de Paulo, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemom (v.20; Ef 3.1; 4.1; Fp 1.13; Cl 4.3; Rm 9,10,13,23). Assim, o apóstolo escreveu aos efésios de sua prisão domiciliar em Roma, vigiada pela guarda pretoriana (At 28.16,30,31). Paulo convivia com esses soldados diariamente e conhecia com detalhes a armadura daqueles que o vigiavam.

2. A armadura de Deus (v.13).
Mesmo depois de tomar toda a armadura de Deus, o apóstolo nos exorta a ficarmos firmes. Depois da vitória, o soldado romano permanecia em pé e vitorioso. Paulo acrescenta: “tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (v, 14.a). Isso significa usar a verdade como cinturão (Is 11.5). Essas metáforas são apropriadas, pois usam as coisas da vida diária, conhecidas de todos, para esclarecer verdades espirituais.

3. A couraça da justiça (v.14).
É uma armadura defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal ou escamas de bronze (1º Sm 17.5). Sua função é proteger o pescoço, o peito, os ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça chegava até a coxa. O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa espiritual como “couraça da justiça” (v.14), um abrigo contra as feridas morais e espirituais e uma proteção da justiça de Cristo imputada ao pecador; é a "couraça da fé” (1ª Ts 5.8).

III. OUTRAS ARMAS USADAS COMO ILUSTRAÇÃO

O apóstolo Paulo não foi exaustivo ao elencar os instrumentos bélicos de sua geração. Aqui vamos apresentar os demais elementos apresentados na sua lista.

1. Os calçados (v.15).
O termo hebraico naal, “sandália, sapato”, e o seu correspondente grego na Septuaginta e no Novo Testamento, hypodema, “sandália”, vem do verbo hypodeo, “atar debaixo”, e diz respeito ao calçado formado por uma sola de couro que se amarra ao pé com correias ou cintas. Era uma peça do vestuário usada pela população civil (Jo 1.27; At 7.33). No caso do soldado, porém, era necessário para segurança e prontidão na marcha (Is 5.27). Isso, na linguagem figurada, remete a agilidade e prontidão na obra da evangelização e na pregação do evangelho da paz.

2. O escudo da fé (v.16).
O escudo era o principal instrumento bélico de defesa na guerra. Trata-se de uma peça fabricada a partir de vários materiais e em formatos diversificados. Os israelitas tinham dois tipos: o primeiro, sinna, “proteção” em hebraico, uma peça que cobria o corpo inteiro de forma oval ou retangular, usada pela infantaria pesada (2º Cr 25.5); e, o segundo, magen, usado pelos arqueiros (2º Cr 17.17). O escudo é símbolo de proteção nas Escrituras. É usado de maneira figurada desde o Antigo Testamento para mostrar Deus como o protetor dos seus (Gn 15.1; Dt 33.9; 2º Sm 22.3); é comparado à salvação e à verdade de Deus (2º Sm 22.36; Sl 18.35; 91.4). O apóstolo Paulo usa a figura do escudo como proteção para “apagar todos os dardos inflamados do maligno” (v.16), tais como calúnia, malícia, concupiscência, ira, inveja e toda a sorte de desobediência. Esse escudo nos protege das setas malignas (Sl 91.5).

3. O capacete da salvação e a espada do Espírito (v.17).
O capacete era uma cobertura para a cabeça feita de metal e internamente acolchoada para o conforto do usuário e a proteção eficiente da cabeça. No Antigo Testamento, a salvação é o capacete que Deus usa na batalha (Is 59.17). Parece que Paulo segue nessa linha em outro lugar: “tendo por capacete a esperança da salvação” (1ª Ts 5.8). A espada literal é uma arma de ataque, mas no sentido figurado é um símbolo de guerra, julgamento divino e autoridade ou poder (Lv 26.25; Jr 12.12; Rm 13.4). A expressão paulina "espada do Espírito" refere-se à Bíblia, pois as Escrituras Sagradas vieram do Espírito Santo (2ª Pe 1.21). Por isso, Paulo completa dizendo, "que é a Palavra de Deus". Isso significa que a Bíblia é a Palavra de Deus, como ela própria se declara (Mc 7-13; Hb 4.12).

4. A outra lista (vv. 18,19).
Oração e súplica vêm permeadas entre esses elementos da armadura de Deus e permanecem juntas a essas armas espirituais, que sem a oração seriam inúteis. A oração deve ser em todo o tempo e com súplica no Espírito e vigilância (Mt 26.41; Fp 4.6; 1ª Ts 5.17). As virtudes gêmeas, vigilância e perseverança, aparecem na instrução para orarmos uns pelos outros. Quando um homem da estatura espiritual do apóstolo Paulo pede a oração da Igreja em seu favor e pelo seu ministério (v.20), isso mostra que não existe super-homem na igreja. Todos nós somos dependentes do Senhor Jesus e contamos com a oração uns dos outros.

SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
Deus quer trazer fé aos nossos olhos e aos nossos ouvidos, uma realização viva do que seja a Palavra de Deus, do que o Senhor Deus quer dizer e do que podemos esperar se crermos. Estou certo de que o Senhor deseja colocar diante de nós um fato vivo que, pela fé, deve pôr em ação um princípio que está dentro de nossos corações, a fim de que Cristo destrone todo o poder de Satanás.

É isso que eu penso. O Reino dos Céus está dentro de nós, dentro de cada crente. O Reino dos Céus é Cristo, é a Palavra de Deus.

O Reino dos Céus deve superar todas as demais coisas, até sua própria vida. Tem que ser manifestado de maneira tal que compreendas que mesmo a morte de Cristo traz à lume a vida de Cristo.
O Reino dos Céus é a vida de Jesus, é o poder do Altíssimo. O Reino dos Céus é puro, é santo. Não tem doenças, nem imperfeição" (WIGGLESWORTH, Smith. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.72-73).

CONCLUSÃO. Os crentes precisam dessa armadura de Deus ainda hoje. Isso porque bem sabemos que os inimigos da Igreja não são agentes humanos. Estão por trás deles os demônios, liderados pelo seu maioral, o Diabo. Os recursos espirituais apresentados aqui são importantes e poderosos para expelir todas as forças do mal.

Lições Bíblicas do 1° trimestre de 2019 – CPAD

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE


“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas (2ª Co.10.4).

Efésios 6.10-12 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11-Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; 12-porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

INTRODUÇÃO. A Igreja de Jesus Cristo, desde o seu nascedouro no Pentecostes, tem lutado “contra os principados e potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes espirituais do mal, nos lugares celestiais”. Como diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “a vida cristã não é um parque de diversões nem uma colônia de férias. Não vivemos numa redoma de vidro nem numa estufa espiritual. Ao contrário, vivemos num campo minado pelo inimigo, uma arena de lutas renhidas, de combates sem trégua e sem acordo de paz. Nesta guerra, existem só duas categorias: aqueles que estão alistados no exército de Deus e aqueles que pertencem ao exército de Satanás”. Esta guerra perdurará até a derrota final do inimigo, quando o Senhor Jesus, o nosso glorioso general, esmagará Satanás debaixo de nossos pés (Rm.16.20). Uma coisa é certa, o nosso General, Jesus Cristo, está à frente desta batalha, e com suas mãos estendidas possibilita que os seus corajosos soldados prevaleçam sobre o inimigo. Antes da fundação da Igreja, Ele afirmou que as “portas do inferno” não prevaleceriam contra a Sua Igreja (Mt 16.18). A vitória é nossa pelo sangue de Jesus!

I. TENDÊNCIAS PERIGOSAS
Nestes últimos tempos, tem havido duas tendências perigosas, dois extremos, no âmbito da Igreja com relação à batalha espiritual, que devem ser, de pronto, afastadas por ser nocivas à vida da Igreja: subestimação do Inimigo e supervalorização do Inimigo.

1. Não devemos subestimar o inimigo. A subestimação absoluta do mundo espiritual, lamentavelmente, tem invadido os corações e mentes de muitos que cristãos dizem ser. Há muitas pessoas incautas que negam a existência do diabo, desconhecem seu poder, suas armas, seus agentes e suas estratégias. Acham que o diabo é apenas uma lenda, um mito ou uma energia negativa. Se o diabo existe, afirmam, nada pode ser atribuído a ele ou a seus anjos, e que tudo pode ser explicado cientificamente ou segundo critérios naturalísticos; ou, se ele existe, é impotente e não pode interferir no dia-a-dia dos seres humanos ou da natureza. Isto é uma falácia. Subscrever essa posição é cair nas teias desse ardiloso e vetusto inimigo. O diabo é mais perigoso em sua astúcia do que em sua ferocidade. Faz parte do seu jogo esconder sua identidade. Portanto, não subestime o arqui-inimigo de Deus e da Igreja de Jesus Cristo; ele é astuto e perigoso. “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd.5.8).

2. Não devemos superestimar o inimigo. Há aqueles que falam mais do diabo do que de Deus. Falam tanto do poder, das armas e das estratégias dele que subestimam o poder de Deus. Fazem do diabo o protagonista de quase todas as ações. Uma dor de cabeça que a pessoa sente, facilmente resolvida por uma aspirina, atribui-se ao poder de Satanás. O pneu do carro que fura no trânsito diz que é artimanha do maligno. Aqueles que embarcam nessa vertente hermenêutica transferem para o diabo toda a responsabilidade pessoal. O homem já não é mais culpado nem precisa de arrependimento, é apenas uma vítima. Esse tipo de interpretação está em desacordo com as Escrituras Sagradas. Não podemos confundir a ação do diabo com as obras da carne. Certa feita, uma jovem senhora pediu oração em favor de seu pai porque, segundo ela, estava dominado pelo espírito do adultério. O pastor, sabiamente, disse a ela que o adultério é obra da carne e não um espírito demoníaco. Seu pai precisava de arrependimento; ele não era uma vítima, mas o responsável por seu ato.

Esta segunda linha de pensamento foi a que forjou a expressão “batalha espiritual”, fazendo surgir a chamada “teologia da batalha espiritual”, cujo principal formulador foi o teólogo norte-americano Charles Peter Wagner (1930-2016), ensinos que trouxeram preocupantes distorções no entendimento da questão.

3. O ponto de equilíbrio. Ante estas duas tendências, acima citadas, que têm se ampliado no espectro das denominações cristãs na atualidade, qual o ponto de equilíbrio quando o assunto é batalha espiritual? Devemos tomar cuidado para não levar o povo ao ceticismo e ao mesmo tempo conscientizá-lo da realidade da batalha espiritual conforme a Bíblia. A Igreja deve estar vigilante e atenta a todas as artimanhas do adversário de nossa alma, que anda ao derredor buscando a quem possa tragar (1ª Pd 5.8). Quando não vigiamos, quando não estamos alerta, o inimigo facilmente se introduz na nossa vida e, o que é mais grave, acaba tendo acesso ao nosso coração, como ocorreu com Judas Iscariotes (Jo 13.2). Conscientizemo-nos de que estamos numa guerra espiritual. Satanás mantém todos os sistemas em servidão a ele mesmo, e não desiste com facilidade desse seu domínio. Na realidade, ele resistirá a nós diante de cada passo que dermos ao longo de nossa jornada rumo às célicas moradas

II. O INIMIGO CONTRA QUEM LUTAMOS
Precisamos conhecer o inimigo contra quem ou contra que lutamos. Não podemos lutar contra algo desconhecido. É um grande perigo alguém detonar suas armas sem ter o alvo certo. Muitas vezes, o povo de Deus sofre terrivelmente por não entender contra quem está lutando. Seria uma tragédia um soldado sair para a batalha de armas em punho e muita disposição para a luta, mas sem saber contra quem deve lutar.

1. Nossa luta não é contra carne e sangue. Paulo deixa claro contra quem não é a nossa luta. Nossa luta não é contra carne e sangue, ou seja, não é contra pessoas. Nossa luta não é física, mas espiritual. Essa guerra não é contra filósofos ateus, sacerdotes mentirosos, praticantes de cultos que negam a Cristo ou governantes desleais. A batalha é contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus que tem imenso poder. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos. Mesmo sendo verdade que não podem habitar num crente verdadeiro, eles podem oprimi-lo e molestá-lo. Contudo, o crente não deve se preocupar continuamente com o demonismo, tampouco deve viver com medo de demônios. Na armadura de Deus ele tem tudo o que é necessário para suportar os seus ataques.

2. Descrição do inimigo. O apóstolo Paulo descreve nosso arqui-inimigo de forma clara:
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6.11-13).

O apóstolo Paulo chama os anjos caídos de “principados, potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Não temos conhecimento suficiente para distinguir entre esses termos. Talvez se refiram a líderes de espíritos, com graus diferentes de autoridade, que equivaleriam no âmbito humano aos nossos presidentes, governadores, prefeitos, deputados, vereadores, etc.

Efésios 6.11,12 diz que o diabo, mesmo não sendo onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus.

Chamamos a atenção para algumas verdades:

2.1.    O reino das trevas possui uma organização. O diabo não é tão tolo a ponto de não ser organizado. É o que podemos chamar de “a ordem da desordem”.

2.2. Existe uma estratificação de poder no reino das trevas. Paulo fala de principados, potestades, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. Existe uma cadeia de comando. Existem cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece.

2.3. O reino das trevas articula-se contra a Igreja. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela (Jó 1.7). Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar (1ª Pd.5.8). Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um variado arsenal. Ele usa "ciladas", “dardos inflamados” (Ef 6.16). Para cada pessoa ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.

É na área do relacionamento que Satanás tem mais direcionado os seus dardos inflamados. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo os próprios irmãos, o chamado fogo amigo; estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo. Isto tem ocorrido ao logo da história da Igreja. Veja, por exemplo, a igreja de Cristo em Corinto; havia nela notórios conflitos. Essa igreja era um amontoado de gente, mas não uma família unida. Eles não agiam como um corpo, em que cada membro se inter-relaciona e coopera com o outro. Ao contrário, estavam devorando uns aos outros pelas contendas e intrigas. Paulo, então, ciente disso, não podia, como pastor, deixar de tratar esses pecados que haviam comprometido a qualidade espiritual daquele rebanho. Paulo, então, toma atitudes disciplinares severas, a fim de corrigir o relacionamento entre os irmãos daquela igreja. Disse o apóstolo: “Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos”.

3. Características do inimigo. Vejamos algumas características desse terrível inimigo:
3.1. É um inimigo invisível (Ef 6.11,12). O diabo e seus agentes são seres reais, porém, invisíveis. Esse inimigo espreita-nos 24 horas por dia. Ele é como um leão que ruge ao nosso derredor. Ele escuta cada palavra que você fala, vê cada atitude que você toma e acompanha cada ato que você pratica escondido. Ele é um inimigo espiritual. Você não pode guerrear contra ele com armas carnais. Ele não pode ser destruído com bombas atômicas. Ele age de forma inesperada.

3.2.  É um inimigo maligno (Ef 6.11,12). A Bíblia o chama de diabo, Satanás, assassino, ladrão, mentiroso, destruidor, tentador, maligno, serpente, dragão, Abadom e Apoliom. Seu intento é roubar, matar e destruir. Ele sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo homens e mulheres.

3.3. É um inimigo astuto (Ef 6.11). Ele usa ciladas, armadilhas e ardis. Ele age dissimuladamente como uma serpente. Ele disfarça-se. Ele transfigura-se em anjo de luz. Seus ministros parecem ser ministros de justiça. Ele usa voz mansa. Ele usa diversas máscaras. Ele tenta enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem ao apogeu da glória. Ele também age assustadoramente como um leão, ele ruge para assustar.

Paulo fala que precisamos tomar toda a armadura de Deus para poder resistir no dia mau (Ef 6.13). O “dia mau” é o dia de duras provas, os momentos mais críticos da vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande veemência. O “dia mau”  refere-se àqueles dias críticos de tentação ou de constante assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem; nesses dias, somos subitamente assaltados, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.

O Diabo e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas com o propósito de destruí-las. Eles atacam com fúria no dia mau. Eles também agem com diversidade de métodos. Eles estudam cada pessoa para saber o lado certo e o momento certo para atacá-la. Sanção, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo variou seus métodos. Precisamos, pois, estar atentos para identificar as ciladas do inimigo, do contrário sofreremos sérios danos. William Hendriksen, escrevendo sobre essas ciladas do diabo, afirmou: “Alguns destes manhosos ardis e malignos estratagemas são: confundir a mentira com a verdade de forma a parecer plausíveis (Gn 3.4,5,22); citar erroneamente as Escrituras (Mt 4.6); disfarçar-se em anjo de luz (2ª Co.11.4) e induzir seus “ministros” a fazerem o mesmo, aparentando ser apóstolos de Cristo (2ª Co 11.13); arremedar a Deus (2ª Ts 2.1-4,9); reforçar a crença humana de que ele não existe (At 20.22); entrar em lugar onde não se esperava que entrasse (Mt 24.15; 2ª Ts 2.4); e, acima de tudo, prometer ao homem que por meio das más ações pode-se chegar a obter o bem” (Lc 4.6,7).

3.4. É um inimigo persistente (Ef 6.13). O diabo e suas hostes não ensarilham suas armas. Ao ser derrotados, eles voltam com novas estratégias. Foi assim com Jesus no deserto, onde foi tentado (Lc 4.13). Elias fugiu depois de uma grande vitória. Sansão foi subjugado pelos filisteus depois de vencê-los. Davi venceu exércitos, mas caiu na teia da luxúria. Pedro caiu na armadilha da autoconfiança. O inimigo não dorme, conscientizemo-nos disto!

3.5. É um inimigo numeroso (Ef 6.12). Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais do mal. O diabo e seus anjos estão tentando, roubando e matando pessoas em todo o mundo. Eles são numerosos. Não podemos vencer esses terríveis exércitos do mal sozinhos nem com nossas próprias armas.

3.6. É um inimigo oportunista (Ef 6.11,14). Mesmo depois que o vencemos, precisamos continuar firmes (Ef 6.11,14), porque ele sempre procura um novo jeito de atacar. Quando o crente deixa de usar toda a armadura de Deus, o inimigo encontra uma brecha, entra e faz um estrago (Ef 4.26,27). Não podemos ter vitória nessa guerra se não usarmos todas as peças da armadura de Deus. Não podemos permitir que o inimigo nos encontre indefesos. O diabo e suas hostes buscam uma estratégia para nos atacar de súbito, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade. Alistamos a seguir algumas dessas interferências do diabo na vida do povo de Deus:
a) Ele furta a Palavra do coração (Lc 812).
b) Ele semeia o joio no meio do trigo (Mt 13.24-30).
c) Ele opõe-se ao pregador (Zc 3.1-5).
d) Ele intercepta a resposta às orações dos santos (Dn 10).
e) Ele oprime pessoas com enfermidades (Lc 13.10-17).
f) Ele resiste à obra missionária (1ª Ts 2.18).
g) Ele atormenta as pessoas em cujo coração não há espaço para o perdão (Mt 18.23-35).
h) Ele usa a arma da dissimulação (2ª Co 11.14,15).
i) Ele usa a arma da intimidação (1ª Pd 5.8).
j) Ele age na disseminação de falsos ensinos (1ª Tm 4.1).
k) Ele ataca a mente dos homens (2ª Co 4.4).

III. A DEPENDÊNCIA DE DEUS
A guerra espiritual não é uma ficção. O fato de o nosso inimigo ser invisível não quer dizer que é irreal. Os demônios existem de fato, mas não passam de um inconveniente diante do poder de Jesus Cristo; são entidades destituídas de poder quando estão na presença do Senhor Jesus (Mc 1.23-26; 3.11). No entanto, nós seres humanos não podemos desafiá-los com nossas próprias forças; para enfrentá-los e vencê-los não podemos usar armas convencionais; precisamos da ajuda divina; precisamos de armas espirituais poderosas em Deus para desbaratar o inimigo; precisamos estar na dependência de Deus.

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das Fortalezas” (2ª Co 10.4).

Com base no texto de Efésios 6:10-13, apresentamos cinco verdades a serem consideradas nesta batalha contra as hostes espirituais do mal (Adaptado do Livro Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. Hernandes Dias Lopes):

1. Precisamos do revestimento do poder de Deus (Ef 6.10) – “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”. Não podemos entrar nesse campo de batalha fiados em nossa própria força. Precisamos ser revestidos com poder. Sem autoridade espiritual seremos humilhados nessa peleja. Não basta falar de poder, é preciso experimentá-lo.

A igreja contemporânea está parecida com os discípulos de Cristo no sopé do monte da transfiguração (Lc 9.40). Estamos sem poder porque perdemos muitas vezes o foco com discussões inócuas, enquanto deveríamos orar, jejuar, crer e fazer a obra de Deus na força do seu poder (Mc 9.14). Hoje, a igreja tem extensão, mas não tem profundidade; tem influência política, mas não tem autoridade moral; tem poder econômico, mas está vazia de poder espiritual. Estamos precisando de poder, de uma capacitação especial do Espírito de Deus. Não falamos de um desempenho diante dos homens; não falamos de um poder cosmético que tem brilho, mas não calor; que tem aparência, mas não substância. Precisamos de um batismo de fogo, e não de fogo estranho; precisamos de uma obra do Céu, e não dos embustes da Terra.

2. Precisamos do revestimento de toda a armadura de Deus (Ef 6.11,13) – “Revesti-vos de toda a armadura de Deus. [...]. Por isso, tomai toda a armadura de Deus”. Os crentes devem revestir-se de toda a armadura para poder ficar firmes contra todas as ciladas do diabo. Observe que é necessário que o crente seja completamente revestido com a armadura; uma ou duas peças não bastam. Nada menos que todo o equipamento que Deus fornece servirá para nos manter invulneráveis. O diabo tem muitas estratégias – desânimo, frustração, confusão, falhas morais, divisão e erros doutrinários; ele conhece o nosso ponto fraco e o ataca. Se não conseguir nos vencer de uma maneira, tentará de outra.

3. Precisamos de vigilância constante (Ef 6.11) - “Para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo”. Ficar firme contra as ciladas do diabo é ficar atento, de olhos abertos, vigiando a todo instante; é ficar de prontidão para o combate; é não dormir em meio à luta, como os discípulos de Jesus dormiram no Getsêmani. Vigiar é não brincar com o pecado, é fugir da tentação; é não ficar flertando com situações sedutoras. O diabo não usa as suas  “ciladas” contra o incrédulo, contra o não cristão, ele escala seus demônios mais terríveis para atacar os filhos de Deus.

4. Precisamos estar a postos e não ceder às pressões (Ef 6.13) – “Para que possais resistir no dia mau". Se não estivermos atentos, corremos o risco de ficar revoltados e amargurados com Deus ao nos depararmos com o dia mau. Por falta de discernimento espiritual, muitos ficam zangados com as pessoas, desanimados espiritualmente e até mesmo decepcionados com Deus.

5. precisamos continuar atentos mesmo depois de uma vitória consagradora (Ef 6.13) – “E, havendo feito tudo, permanecer firmes”. Nossa luta contra o diabo e suas hostes continuará até que ele seja lançado no lago de fogo. Enquanto vivermos aqui, teremos luta. Aqui não é lugar de descanso, mas de guerra. Viver é lutar. A vida é uma luta ativa, incessante e sem pausas. Nessa peleja, não existe o cessar-fogo; não existe trégua; não existem acordos de paz. Depois de uma vitória, não devemos arriar as armas, pois não há momento mais vulnerável na vida de um indivíduo do que depois de uma grande vitória. Elias fugiu de Acabe e Jezabel, e entrou numa forte depressão, depois de uma grande vitória contra os falsos profetas de Baal e de Asera (1ª Rs 18.19). O segredo da vitória é a vigilância constante. Pense nisso!

CONCLUSÃO. Como vimos, a nossa luta não é contra carne e sangue, ou seja, não é contra pessoas; a nossa luta é contra os principados e potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais (Ef  6.11-18). Portanto, devemos nos conscientizar de que há, sim, um mundo espiritual regido por Satanás, mundo este que domina a humanidade e que é desafiado pela igreja; há, sim, uma luta direta entre a Igreja e as forças espirituais da maldade, uma luta espiritual, que se trava nos “lugares celestiais”; nesta luta, somente venceremos se estivermos revestidos da “armadura de Deus”, se estivermos em comunhão com o Senhor.

Por ser um inimigo muito forte, não podemos lutar nessa guerra com nossas próprias forças, no nosso próprio poder; dependemos plenamente de Deus. Orar e vigiar é o segredo da vitória. Moisés orou, e Josué brandiu a espada contra Amaleque; oração e ação caminham juntas (Êx 17.8-16). Mas, cuidado, o inimigo está à espreita esperando uma chance para atacar; por isso, devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias – “nós, porém, oramos ao nosso Deus; e colocamos guardas para proteger-nos de dia e de noite” (Ne 4.9). Orar e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc 13.33), a carne (Mc 14.38) e o diabo (Ef 6.18). Porque Pedro não orou no Getsêmani (Lc 22.45), ele foi derrotado facilmente pelo inimigo (Mc 14.29-31,67-72). A voz do Senhor ainda ecoa: “Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai para que não entreis em tentação” (Lc 22.46).

FONTE DE PESQUISA
1. Bíblia de Estudo Pentecostal.
2. Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
3. Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
4. Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
5. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
6. Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
7. Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um vencedor na batalha espiritual.
8. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos apelos do mundanismo. Portal EBD_2008.
9. Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.
10. Disponível no Blog: Luciano de Paula Lourenço. http://luloure.blogspot.com

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

TENTAÇÃO - A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES



TEXTO ÁUREO
“Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” (1ª Jo 2.16)

VERDADE PRÁTICA
A tentação no sentido religioso é a atração ou sedução para praticar o mal tendo por recompensa prazeres ou lucros ilícitos.

LEITURA BÍBLICA
Mateus 4.1-11 “Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; 3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. 9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. 11 Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.”

INTRODUÇÃO. Há certo paralelismo entre os quarenta anos da peregrinação de Israel no deserto e os quarenta dias e as quarenta noites em que o Senhor Jesus jejuou no lugar ermo. A diferença é que Israel não passou no teste, e Jesus foi o vitorioso sobre Satanás. Esses dois cenários têm a ver com nossas escolhas e atitudes na jornada de nossa vida espiritual.

I. A TENTAÇÃO
Os termos “tentação” e “tentar” na Bíblia aplicam-se tanto no campo secular como no campo religioso. Vamos analisar o assunto partindo dos significados e sentidos dessas palavras, levando em consideração o contexto das várias passagens bíblicas.

1. A provocação de Refidim.
O substantivo “tentação” significa literalmente “teste, provação, instigação”. Na contenda paradigmática de Refidim, no deserto, temos o significado dessa palavra: “E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou não?” (Êx 17.7). O vocábulo hebraico massá significa “tentação”, e meribá quer dizer “contenda”. Os israelitas estavam testando o próprio Deus. A Septuaginta traduz massá por peirasmós, "tentação", a mesma palavra usada no Novo Testamento grego. O enfoque do termo aqui é sobre a ideia de instigação ou sedução para o pecado (Mt 6.13; 26.41).

2. A experiência de Massá e Meribá.
Ninguém deve testar a Javé, o Deus de Israel, pois o nosso dever é obedecê-lo (Dt 6.16). O que aconteceu nessa contenda teve a reprovação divina, de modo que serviu como um paradigma daquilo que não se deve fazer (Sl 95.8,9). Testar Deus é questionar sua fidelidade no pacto e duvidar de sua autoridade (Sl 78.41,56). Entendemos que tentar o Criador reflete a nossa descrença nEle, e a Bíblia é contra essa prática (Is 7.12; At 15.10).

3. Como um teste.
Isso é muito comum no Antigo Testamento (1ª Rs 10.1). O exemplo clássico é a passagem do sacrifício de Isaque: E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão (Gn 22.1). A finalidade disso é revelar ou desenvolver o nosso caráter (Êx 20.20; Jo 6.6). O hebraico aqui para “tentou” é nissá, que tem o sentido de testar, experimentar, usado para pesquisas científicas hoje em Israel. A Septuaginta traduziu por peirazo, de onde vem o substantivo peirasmós, que aparece no Novo Testamento com a mesma ideia de teste: “e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são” (Ap 2.2). O Novo Testamento emprega o termo também com ideia de tentativa (At 16.7; 24.6).

SÍNTESE DO TÓPICO I
A provocação de Refidim e a experiência de Massá e Meribá, embora esta fosse uma ofensa a Deus, mostram que a tentação é um período de teste em nossa vida. Por esta razão precisamos demonstrar os frutos de “moderação”, “mansidão” e “domínio próprio”.

II. A TENTAÇÃO DE JESUS
Levado ao deserto pelo Espírito Santo, Jesus foi tentado pelo Diabo. A tentação de Jesus no deserto é o primeiro acontecimento registrado de sua história depois do batismo por João Batista no rio Jordão. Era de se esperar que aquele que veio “para desfazer as obras do diabo” (1ª Jo 3.8) enfrentasse a reação de Satanás. O Inimigo de nossa alma decide lutar por sua causa. É que a chegada do Salvador alvoroçou todo o reino das trevas.

1. Levado ao deserto (v.1).
O deserto é um lugar onde os seres humanos percebem a grandeza de Deus e a fragilidade humana; é um lugar de profundo silêncio para meditação e oração, onde há vastidão de espaço para ouvir a voz de Deus. Foi no deserto que grandes homens de Deus foram preparados para o serviço sagrado, como Moisés (At 7.30-33) e Elias (1º Rs 19.4-10). O termo “deserto” nessa passagem não é suficiente para determinar o lugar exato em que Jesus suportou os quarenta dias de jejum e tentações. Mas há concordância entre muitos estudiosos de que se trata de uma parte despovoada da Judeia, onde João Batista iniciou o seu ministério. A tradição posterior indica o monte da Quarentena a oeste de Jerico, onde foi construída na encosta da montanha uma igreja no século VI.

2. Sobre o jejum de Jesus (v. 1).
Segundo a narrativa de Mateus, Jesus jejuou “quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome”. Só mais dois personagens bíblicos praticaram um jejum tão prolongado de quarenta dias, Moisés e Elias, mas isso aconteceu em situações específicas (Êx 34.28; Dt 9.9,11; 1º Rs 19.8). Isso mostra que esse tipo de jejum (quarenta dias e quarenta noites) não é doutrina da Igreja. Lucas afirma que Jesus, “naqueles dias, não comeu coisa alguma, e, terminados eles, teve fome” (Lc 4.2). O verbo grego, nesteuou, “jejuar”, significa literalmente “abster-se de alimento”.

3. Como a tentação aconteceu (v.3a).
Está claro que Satanás se apresentou a Jesus de forma visível, mas os detalhes são desconhecidos. Essa tentação foi literal, e isso se evidencia pelos detalhes da própria narrativa. Rejeitamos, pois, a ideia de uma tentação subjetiva, simbólica ou visionária. Com certeza, Jesus mesmo contou essa experiência aos seus discípulos.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
É importante termos uma ideia bem clara acerca da depravação total, pois a doutrina nos ajuda a compreender a luta interna no processo da tentação. Por isso, leia o seguinte texto, objetivando ter tal consciência: “A atual condição espiritual da humanidade, considerada à parte da graça de Deus, é adequadamente descrita como tenebrosa e desanimadora. Com certeza, Wesley, em sua doutrina do pecado original, emprega o que só pode ser descrito como 'superlativos negativos' para demonstrar o total abismo moral e espiritual em que a humanidade decaiu. Ele comenta: '0 homem, por natureza, é repleto de todo tipo de maldade? É vazio de todo bem? É totalmente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para fazer o teste ao contrário, 'toda imaginação dos pensamentos de seu coração [é] só má continuamente’? Admita isso, e até aqui você é um cristão. Negue isso, e você ainda é um pagão” (COLLIN5, Kenneth. Teologia de John Wesley: 0 Amor Santo e a Forma da Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.97).

III. A TRÍPLICE TENTAÇÃO
Mateus e Lucas registraram as três últimas investidas de Satanás contra Jesus, e elas foram o ápice dessas tentações. Na verdade, Jesus foi tentado em todos os quarenta dias: “quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Lc 4.2). E continuou sendo tentado durante todo o tempo de seu ministério (Lc 22.28; Hb 4.15).

1. A primeira das três últimas tentações (v.3b).
O objetivo dessa investida diabólica era incitar Jesus a usar seus poderes em benefício próprio. A declaração pública do próprio Deus a respeito de Jesus, “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17), indica que isso era do conhecimento de Satanás. Mas, mesmo assim, ele desafiou Jesus quanto à sua identidade: “Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”. À semelhança de Eva, esse pecado consistia em satisfazer o apetite físico com algo lhe fora proibido.

2. A segunda tentação (v.5).
Aqui, o objetivo de Satanás é induzir o Senhor Jesus a tentar o Pai e persuadi-lo a um ato de vaidade. A "Cidade Santa", para onde Jesus foi transportado, é Jerusalém (Ne 11.1; Is 52.1). Satanás incita Jesus a jogar-se do pináculo do templo abaixo usando o texto de Salmos 91.11,12. Essa passagem refere-se a alguém que confia em Deus e, por isso mesmo, ao próprio Senhor Jesus. Ter a proteção divina, conforme as promessas desse salmo, é muito diferente de tentar a Deus. A proposta de Satanás era para Jesus testar Deus, algo que as Escrituras proíbem (Êx 17.2-7).

3. A terceira tentação (v.8).
Esse último ataque consistia em induzir Jesus a se apoderar do domínio do mundo por meios ilícitos. Como disse um grande comentarista dos Evangelhos: "A concessão era pequena; a oferta, grande". Teria Satanás o controle do mundo a ponto de oferecê-lo a quem desejasse? Jesus não discutiu sobre essa reivindicação do Diabo. O Novo Testamento mostra que Satanás é “o deus deste século” (2ª Co 4.4); “o príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2); “os príncipes das trevas deste século,... as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12) e “todo o mundo está no Maligno” (1ª Jo 5.19). Mas Satanás não tem nada para ninguém; tudo não passa de mera aparência e engano.

4. Respostas de Jesus.
O ataque diabólico foi nas áreas mais sensíveis do ser humano: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1ª Jo 2.16). Mesmo com toda a sua habilidade maligna, foi grande e devastadora a derrota de Satanás (v.11). Ele foi vencido pelo poder da Palavra de Deus: “está escrito, está escrito e está escrito”. Jesus citou três passagens do Pentateuco (Dt 6.13,16; 8.3). Assim, o grande conquistador, o Senhor Jesus Cristo, pode simpatizar com os que são tentados, pois Ele mesmo foi tentado de maneira real. Podemos nos consolar porque temos um Protetor no céu que é capaz de se compadecer de nossas fraquezas (Hb 4.15).

SÍNTESE DO TÓPICO III
Três tentações de Jesus: transformar pedras em pães; jogar-se do pináculo do templo e ser amparado por um anjo e dominar o mundo se adorasse o Diabo.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
[...] A presença de Cristo conosco não é apenas como a de um companheiro externo, mas é uma força real e divina, revolucionando nossa natureza e tornando-nos como Ele é. De fato, o propósito final e último de Cristo é que o crente seja reproduzido segundo a sua própria semelhança, por dentro e por fora.

Paulo expressa a mesma coisa no primeiro capítulo de Colossenses, quando diz: 'Para, perante ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis’ (Cl 1.22). Esta transformação deve ser uma transformação interior. É uma transformação de nossa vida, de nossa natureza segundo a natureza d’Ele, segundo a semelhança d’Ele.

Como é maravilhosa a paciência, como é maravilhoso o poder que toma posse da alma e realiza a vontade de Deus - uma transformação absoluta segundo a maravilhosa santidade do caráter de Jesus! Nosso coração fica desconcertado quando pensamos em tal natureza, quando contemplamos tal caráter. Este é o propósito de Deus para você e para mim” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31-32).

CONCLUSÃO. Diante dos fatos aqui expostos, aprendemos a não subestimar a força e os ardis de Satanás e seus demônios, pois ele ousou tentar o próprio Filho de Deus. Adão foi testado e não passou no teste (Gn 3.11,12). Da mesma forma, Israel foi reprovado logo no limiar de sua história como nação (Dt 9.12). Mas Jesus foi aprovado, glória a Deus! (At 2.22).

Lições Bíblicas. 1º Trimestre de 2019.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

TRABALHANDO EM BUSCA DE PERFEIÇÃO




TEXTO ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14.38).

VERDADE PRÁTICA
Através da graça divina, podemos vencer as tentações e ter uma vida santa diante de Deus e dos homens.

LEITURA BÍBLICA
Tiago 1.12-18 “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. 13 - Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. 14 - Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. 15 - Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. 16 - Não erreis, meus amados irmãos. 17 - Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação. 18 - Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.”

INTRODUÇÃO. Que doença vem a ser a tentação que, desde os nossos primeiros genitores, vem comprometendo até mesmo os gigantes na piedade? Os escolhidos do Senhor também as enfrentam, mas, são fortalecidos pelo Espírito de Deus, que os capacita a vencê-las.

I. O QUE É A TENTAÇÃO
1. Definição. Oriunda do vocábulo latino tentatione, a palavra “tentação” significa: indução, seja externa, seja interna, que impulsiona o ser humano à prática de coisas condenáveis.

2. Definição teológica. Estímulo que leva à prática do pecado. Embora a tentação, em si, não constitua pecado, o atender às suas reivindicações caracteriza a transgressão das leis divinas. Eis porque, na Oração Dominical, ensina-nos o Senhor a clamar ao Pai: “E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.13).

- Sem dúvida alguma a tentação é o estímulo externo ou interno, que impulsiona o ser humano à prática do pecado.

OBS: O teólogo inglês, Matthew Henry, mostra quão perigosa é a tentação na vida de um servo de Deus: “O melhor dos santos pode ser tentado pelo pior dos pecados”. Como não reconhecer essa realidade? Às vezes somos de tal forma tentados, que almejamos venha o Senhor, e leve-nos de imediato para os céus. Se Ele, porém, o fizer, como haverá de contar com as vozes santas e redimidas que protestem contra a iniquidade do presente século? Portanto, lembre-se: vencer a tentação faz parte das disciplinas da vida cristã.

II. O AGENTE DA TENTAÇÃO
- Sentindo-se premido pelas dificuldades espirituais que, constantemente, entristecem os seguidores do Nazareno, Thomas De Witt Talmage endereça-lhe esta oração: “Ó Senhor, ajuda-nos a ouvir o guizo da serpente antes de sentir suas presas”. Que Satanás é o agente da tentação, não há o que se discutir; a própria Bíblia assim no-lo aponta: “Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1ª Jo 3.8).

1. O tentador. Nas Sagradas Escrituras, Satanás é o tentador por natureza (Mt 4.3; 1ª Ts 3.5). É o grande opositor de Deus e o arquinimigo do ser humano.

2. Os nomes do tentador. Além de tentador, recebe o agente da tentação as seguintes alcunhas nas Sagradas Escrituras: Satanás que, em hebraico, significa adversário (1ª Cr 21.1; 2ª Co 2.10,11); Diabo que, em grego, quer dizer: caluniador (Mt 4.1; At 13.10); Homicida e pai da mentira (Jo 8.44); Acusador (Ap 12.10). Ele é conhecido também como o dragão e a antiga serpente (Ap 12.9).

3. O principal trabalho do tentador. O trabalho que mais agrada ao maligno é desviar-nos da disciplina da vida cristã. Ele sabe que temos “uma carreira para correr”; por isto, busca, de todas as formas, colocar obstáculos em nosso caminho (Gl 5.7). Não foi o que ocorreu com os irmãos da Galácia? Embora progredissem eles na carreira cristã, caíram no fascínio do adversário e, neste fascínio, acabaram por cair da graça (Gl 3.1; 5.4).

OBS: Satanás é o agente da tentação. O trabalho que mais o agrada é desviar o crente das disciplinas da vida cristã.

III. POR QUE O SER HUMANO É TENTADO

- Em nossa jornada espiritual, vemo-nos constrangidos a inquirir de nós mesmos: “Se eu aceitei a Cristo, como o meu Salvador, por que sou, ainda, tentado?” Martinho Lutero parece ter encontrado a resposta: “Minhas tentações têm sido minhas mestras de teologia”. Não vêm elas, porém, atrapalhar-me nas disciplinas espirituais? Sem as tentações, convenhamos, não existiriam as disciplinas. Por isso, esforça-se o adversário, a fim de nos desviar delas; somente assim, haverá de seduzir-nos com as suas tentações.

1. O ser humano é tentado por causa da transgressão de nossos primeiros pais. Se você ler reflexivamente o capítulo três de Gênesis, entenderá a teologia do pecado original. À semelhança de Adão, todos pecamos (Sl 51.5); veio, entretanto, o Senhor Jesus, como o segundo Adão, redimir-nos da morte espiritual, proporcionando-nos um novo nascimento (Jo 3.8). Estando nós, agora, em Cristo, tudo se nos fez novo (2ª Co 5.17). Apesar das tentações, o Espírito fortalece-nos para que sigamos, rigorosamente, as disciplinas de uma autêntica vida cristã.

2. O ser humano é tentado por suas próprias concupiscências. Tiago 1.14. Eis porque devemos vencer cada uma de nossas concupiscências; estas não provém do Pai; do mundo procedem e para o mundo convergem, causando a destruição dos filhos de Deus (1ª Jo 2.16). O consolo é que podemos vencer cada uma de nossas concupiscências (Gl 5.16).

3. Positivamente considerada, a tentação pode (e deve) impulsionar o santo a ser ainda mais santo. Afirmou mui oportunamente Frederick P. Wood: 'Tentação não é pecado; é o chamado para a batalha". O Senhor Jesus, embora Deus, foi tentado, como homem, dando-nos um exemplo de que é possível vencer a tentação (Mt 4.1; Hb 2.18). Por conseguinte, não deve a tentação ser considerada pelo crente, como se fora uma oportunidade para pecar; é uma oportunidade para que nos tornemos ainda mais santos (Ap 22.11).

OBS: As razões pelas quais o cristão é tentado são: transgressão de Adão, concupiscências pessoais, e impulsionar o crente a ser mais santo.

IV. COMO VENCER A TENTAÇÃO

- Ponderou alguém, certa feita: “São necessárias duas pessoas para fazer da tentação um sucesso; você é uma delas”. A outra, como todos o sabemos, é o adversário de nossas almas. De nada adianta, porém, opor-lhe-á culpa por nossas transgressões; por estas, apenas nós seremos responsabilizados (2ª Co 5.10). Todavia, é possível vencer as tentações; os exemplos bíblicos não são poucos.

1. Orando e vigiando. A advertência é do próprio Cristo: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). O piedoso F. B. Meyer é enfático: “Cristo não irá guardar-nos se nos colocarmos descuidada e temerariamente no caminho da tentação”. Tem você vigiado? Tem orado constantemente? Lembre-se: Não se pode brincar com o pecado; ele não é um brinquedo: é uma serpente prestes a dar o bote contra os incautos (Gn 4.1).

2. Não dando lugar ao Diabo. Em sua epístola aos efésios, admoesta o apóstolo: “Não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27). O que vem a significar esta admoestação? Willard Taylor, do Comentário Bíblico Beacon, é conclusivo: dar lugar ao Diabo é permitir que ele tenha liberdade para "semear atitudes erradas em nosso espírito”.

3. Andando em Espírito e não cumprindo as concupiscências da carne. Aos irmãos da Galácia, escreveu Paulo: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). Quem anda no Espírito Santo, não cumpre as concupiscências da carne; e não as cumprindo, como haverá de ceder às tentações?

4. Guardando a Palavra de Deus no coração. O salmista, demonstrando quão temente era ao Senhor, confessou-lhe: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119.11 - ARA). Em seu comentário do saltério hebraico, Charles Spurgeon assim interpreta este versículo: “A Palavra de Deus deve ser compreendida e retida no coração; ela tem de ocupar nossas afeições e entendimento. Nossa mente demanda ser impregnada pela Palavra de Deus. Somente assim não haveremos de pecar contra Ele”.

OBS: O crente pode vencer a tentação se: orar e vigiar, não dar lugar ao Diabo, andar em Espírito e guardar a Palavra de Deus no coração.

CONCLUSÃO. Se as tentações são fortes, temos abundantes promessas divinas que nos asseguram: podemos resisti-las com a Palavra de Deus. Veja quão consoladoras são as palavras do autor da Epístola aos hebreus: “Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). E estas de Pedro: “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos” (2ª Pe 2.9). Por conseguinte, mantenhamos sempre a disciplina da vida cristã, evitando o pecado que tão de perto nos rodeia. Deus está sempre à disposição quando somos tentados. Ele não olha passivamente, mas intervém ativamente. O Todo-Poderoso não somente limita a força da tentação como também mostra o caminho do escape. O Pai celestial não deseja que pequemos, por isso, Ele próprio faz tudo o que for necessário, em qualquer tentação, para nos dar um meio de saída: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1ª Co 10.13).

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE Claudionor. 2º Trimestre de 2008. As Disciplinas da Vida Cristã - Trabalhando em busca da perfeição, CPAD.
2. Bíblia de Estudo Planitude (ARC).
3. A Bíblia de Estudos das profecias. E.R.A.
4. Dicionário Oline.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

VIVENDO COM A MENTE DE CRISTO



1ª Coríntios 2.16 “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.

VERDADE PRÁTICA
Diante de um mundo marcado pelos dias maus, não podemos viver sem ter a mente de Cristo.

LEITURA BÍBLICA
1ª Coríntios 2.12-16 “Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. 13 As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. 14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente. 15 Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. 16 Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.”

INTRODUÇÃO. A doutrina da glorificação dos salvos, traz esperança à nossa vida. Ela nos lembra que somos peregrinos e forasteiros neste mundo e, por isso, devemos sempre ter a consciência da fugacidade da vida. A melhor maneira de viver com essa consciência é ter a mente de Cristo.

I. PEREGRINOS NESTA TERRA

1. Peregrinos na terra.
O peregrino está de passagem por uma terra que não lhe pertence, ele caminha em direção a um país cujo coração almeja. Para isso, o peregrino se torna nômade, não se apega ao local de estadia porque sabe que ele é provisório. Por onde caminha não experimenta conforto, pois carrega o mínimo de bagagem possível a fim de tornar o trajeto mais leve.

O patriarca Abraão é o modelo bíblico dessa imagem peregrina. O nosso pai da fé saiu da sua terra, deixou sua parentela, foi ao encontro da Terra Prometida e fez da peregrinação um estilo de vida (Hb 11.9). Da mesma forma, nós os cristãos somos peregrinos neste mundo. Por isso, não podemos nos embaraçar com as coisas desta vida nem permitir que ocupem o lugar que pertence ao Senhor em nosso coração (1ª Tm 2.4). Isso não significa irresponsabilidades com o trabalho, os estudos e a família, mas uma motivação correta do coração para priorizar “as coisas que são de cima” (Cl 3.1).

2. Cidadãos celestiais.
A Bíblia se refere ao fato de que os crentes não são deste mundo (Jo 17.16) e anseiam por sua pátria celestial (Fp 3.20). Dessa forma, não podemos nos conformar com este mundo, pois o nosso estilo de vida deve refletir o exemplo de Jesus revelado nos Evangelhos: uma vida marcada pela prática da justiça, do acolhimento aos sofredores, da libertação dos oprimidos pelo Diabo e, especialmente, da prática de amar o próximo, uma virtude eterna (1ª Co 13.13). Nesse sentido, podemos viver um pouco do Reino de Deus nesta Terra (Mt 6.33), embora haja uma tensão entre o tempo presente e a esperança da glória futura a ser manifestada brevemente (Rm 8.18,19,25).

II. VIVENDO EM ESPERANÇA COM A MENTE DE CRISTO

1. Passando pelas provações com a mente de Cristo.
Enquanto vivermos neste mundo, seremos afetados pelas fraquezas e circunstâncias difíceis. Por isso devemos aprender a viver com a sabedoria do alto (Tg 3.17; Fp 4.8). Nesse aspecto, o apóstolo Paulo exorta a igreja de Filipos a ter o mesmo sentimento de humildade de Cristo, esvaziando-se da prepotência, do orgulho, do apego aos títulos e posições, para cumprir o celestial propósito de servir (Fp 2.5-8). Ora, se temos a mente de Cristo, como ensina o apóstolo dos gentios, logo, sabemos discernir bem as coisas espirituais das materiais; por isso, escolhemos priorizar o Reino de Deus e a sua justiça na esperança de que Deus cuidará de nossas vidas (Mt 6.33).

2. Um olhar para além das circunstâncias.
Neste tempo presente, com os olhos focados em Cristo, podemos viver em esperança (Hb 11.1). Quando o nosso pensamento está de acordo com os ensinos do nosso mestre, podemos voltar os nossos olhos para além das circunstâncias difíceis. Isso não significa escapismo ou fantasia, mas uma alegre motivação e encorajamento para enfrentarmos as batalhas com a convicção de que Deus nos fortalecerá. Quando temos esperança em Cristo, e por intermédio d’Ele aprendemos a viver melhor, buscamos uma vida mais simples parecida com Jesus (Mt 6.19-21) e nos lançamos aos seus pés na certeza de que Ele tem cuidado de nós (1ª Pe 5.7). Assim, a vida fica mais leve (Mt 11.28-30).

CONCLUSÃO. Somos peregrinos em terra estranha. Sentimos saudades de uma terra que ainda não conhecemos, como canta o poeta: “Oh! que saudosa lembrança / tenho de ti, ó Sião” (Harpa Cristã, nº 2). Portanto, vivamos sabiamente com a mente de Cristo até o nosso Salvador voltar para nos buscar. Maranata!