Êx 34.18-29: “A Festa dos Pães Asmos guardarás; sete dias comerás pães
asmos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado do mês de abibe; porque no mês
de abibe saíste do Egito. 19 Tudo o que abre a madre meu é; até todo o teu
gado, que seja macho, abrindo a madre de vacas e de ovelhas; 20 o burro, porém,
que abrir a madre, resgatarás com um cordeiro; mas, se o não resgatares,
cortar-lhe-ás a cabeça; todo primogênito de teus filhos resgatarás. E ninguém
aparecerá vazio diante de mim. 21 Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia,
descansarás; na aradura e na sega descansarás. 22 Também guardarás a Festa das
Semanas, que é a Festa das Primícias da sega do trigo, e a Festa da Colheita no
fim do ano. 23 Três vezes no ano, todo macho entre ti aparecerá perante o
Senhor Jeová, Deus de Israel; 24 porque eu lançarei as nações de diante de ti e
alargarei o teu termo; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para
aparecer três vezes no ano diante do SENHOR, teu Deus. 25 Não sacrificarás o
sangue do meu sacrifício com pão levedado, nem o sacrifício da Festa da Páscoa
ficará da noite para a manhã. 26 As primícias dos primeiros frutos da tua terra
trarás é casa do SENHOR, teu Deus; não cozerás o cabrito no leite de sua mãe. 27
Disse mais o SENHOR a Moisés: Escreve estas palavras; porque, conforme o teor
destas palavras, tenho feito concerto contigo e com Israel. 28 E esteve Moisés
ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu
água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos. 29 E
aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas tábuas
do Testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que a pele
do seu rosto resplandecia, depois que o SENHOR falara com ele.”
INTRODUÇÃO. Nesta lição, veremos informações sobre a Festa da Páscoa como
o seu nome, sua data, seus participantes bem como os elementos desta cerimônia
judaica e sua aplicabilidade para a Igreja hoje. Estudaremos também sobre a
quarta festa de Israel que é
Pentecostes onde pontuaremos informações sobre o seu nome, o seu objetivo, e a
sua comemoração para o povo judeu com sua correlação com a noiva de Cristo.
I. A FESTA DA PÁSCOA
1. O nome da festa. A palavra portuguesa “Páscoa” é usada para designar a festa
dos judeus que, no hebraico, é chamada “Pêssach”,
que significa: “saltar por cima”, ou “passar por sobre”. Esse nome surgiu em
face do registro bíblico de que o anjo da morte, ou anjo destruidor, passou por
sobre as casas marcadas com o sangue do cordeiro pascal, e matou os
primogênitos do Egito: “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que
estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós
praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êx 12.23 ver Dt
6.20-25).
2. A data da festa. O nome hebraico do mês que aconteceu a primeira Páscoa foi
em Abibe, que significa “espigas
verdes”.
Corresponde
à Março-Abril em nosso calendário. Durante o Exílio babilônico foi substituído
pelo nome Nissã que significa “começo,
abertura” (Ne 2.1). Ainda hoje o ano civil começa no outono, com a Festa das
Trombetas (Lv 23.24; Nm. 29.1), chamado “Rosh
hashanah” que significa “cabeça do ano”, “ponta do ano”, ou “início novo”
(ano novo).
3. Os participantes da festa. O registro bíblico nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia
familiar: “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês
tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para
cada família” (Êx 12.3). Quando a família fosse pequena demais deveria unir-se
a outra. De acordo com a tradição judaica, a expressão “pequena demais”
significava com menos de dez pessoas. Eles deviam calcular quanto cada um
poderia comer e assim determinar se deviam se reunir com alguma outra família
(Êx 12.4). O estrangeiro também poderia participar desde que fosse circuncidado
(Êx 12.43-49).
4. Os elementos da festa. Os participantes da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos,
sandálias nos pés e cajado na mão.
Conforme
o registro bíblico, a festa da Páscoa deveria ser preparada com os seguintes
elementos: um cordeiro ou cabrito, pães asmos, ervas amargas e o sangue do
cordeiro que deveria ser aplicado na verga e nos umbrais da porta. Cada um dos componentes
desta celebração tinha um sentido literal e espiritual (Êx 12.24-27).
ELEMENTOS EXIGÊNCIAS PARA A FESTA
DA PÁSCOA TIPOLOGIA
Cordeiro. Este animal deveria ser: macho, de um ano, e sem mancha (Êx
12.5). Os hebreus deveriam avaliar o cordeiro durante quatro dias (Êx 12.3,6).
Este
cordeiro substituiria o primogênito de cada família dos hebreus (Êx 12.12,13) e
dos animais (Êx13.1,2,12-15 ver Mt 27.45-50).
Sangue. Os hebreus deveriam sacrificar o cordeiro no décimo quarto
dia no período da tarde (Êx 12.6) e colocar o sangue na verga e nos umbrais da
porta (Êx 12.7).
O
sangue no umbral e nas vergas das portas serviria como sinal para livramento
(Êx 12.12,13). O Sangue representa a expiação (Hb 9.22; 11.28).
Pães asmos. Os pães asmos é um pão assado sem fermento e feito somente
de farinha de trigo e água (Êx 12.8).
A
farinha amassada sem ter recebido o fermento simboliza pureza (Mt 16.11; Mc
8.15).
Ervas amargas. A tradição judaica menciona alface, escarola, chicória, hortelã
e dente-de-leão (Êx 12.8).
As
ervas amargas deveriam ser comidos para recordar a opressão do Egito (Êx 1.14;
12.8).
II. APLICABILIDADE DA FESTA DA
PÁSCOA PARA A IGREJA
Embora
a celebração da festa da Páscoa seja uma ordenança divina para aos judeus (Êx
12; Nm 9.2,4; Dt 16), ela tem um profundo significado para o cristão por
representar a obra de Cristo para a nossa redenção, pois as festas de Israel
eram “sombras das coisas futuras (Cl 2.17). Observemos algumas
similaridades entre a Páscoa e Cristo:
1. O significado profético da
páscoa. Assim como um cordeiro
foi sacrificado no dia da páscoa para a libertação dos judeus no Egito, Cristo
foi sacrificado para a libertação dos nossos pecados:
“Ele salvará o seu
povo dos pecados deles” (Mt 1.21); “…pelo seu sangue nos libertou dos nossos
pecados” (Ap 1.5); “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1ª Co
5.7). Há uma perfeita identificação entre o pecado do crente e a oferta pelo
pecado (Jo 3.14 ver Jo 1.29).
2. O poder profético do sacrifício
de Cristo. Este era o método
usado por Deus, desde os tempos de Adão, para perdoar os pecados:
2.1. O sangue deveria ser
derramado: “Porque a vida da
carne está no sangue” (Lv 17.11). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
(oferta pelo) pecado por nós” (2ª Co 5.21). Por isso: “Sem derramamento
de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22). No tempo do AT o sangue dos
animais apenas cobria os pecados, no NT o sangue de Cristo tira o pecado do
mundo (Jo 1.29; Hb 10.10-12).
Vejamos alguns detalhes do cordeiro
pascoal e Cristo:
A PÁSCOA JUDAICA JESUS CRISTO
A perfeição do cordeiro (Êx 12.5).
Jesus
é comparado a um cordeiro (Is 53.4; Jo 1.29; At 8.32-35). O Messias nasceu e
viveu uma vida imaculada e irrepreensível (1ª Pd 1.19; 2.22; Hb 7.26).
O exame do cordeiro (Êx 12.3,6).
Jesus
foi examinado pelos religiosos (Mt 22 15-46); pelo sumo sacerdote (Jo 18.29),
por Herodes (Lc 23.7-11), por Pilatos (Jo 18.28; 19.4,6), e pelo soldado ao pé
da cruz (Lc 23.47).
O sacrifício do cordeiro (Êx
12.6,23; 12.8).
Jesus
foi morto pelos judeus (Mc 15.11-14; At 2.23,36); e o seu sangue foi derramado
para livrar a todos os homens da ira divina (Rm 3.25; 5.1; 1ª Ts 1.10).
III. A FESTA DE PENTECOSTES
Das
sete festas comemoradas por Israel, três eram realizadas no primeiro mês
(Abibe) do calendário judaico: Festa da páscoa (Êx 12.5; Lv 23.4-5; Dt 16.1);
Festa dos pães asmos (Êx 12.8,18; 13.7; Lv 23.6-8); e, Festa das primícias (Lv
23.9-14).
A
celebração destas três festas é realizada entre os dias 14 e 22 do primeiro
mês. A festa da páscoa (14 de Abibe) é um dia antes dos pães asmos (15 de
Abibe) e dois dias antes das Primícias (16 de Abibe) (Lv 23.4-6). A Festa dos
Pães Asmos era a continuação da Festa Páscoa (Lc 22.1) e durante essas duas,
ainda tinha entre elas a Festa das Primícias. As três últimas festas eram realizadas
no sétimo mês (Tishrei): Festa das trombetas (Lv 23.23-25); Festa do dia da
expiação (Lv 23.26-32); e, Festa dos tabernáculos (Lv 23.33-44) e uma festa era
realizada “no meio” (no mês de Sivan) que é a Festa de pentecostes (Lv
23.15-22) onde é celebrada durante sete semanas (49 dias) contadas a partir do
primeiro dia depois da “páscoa”, ou seja, no 50º dia. Era uma festa abrangente
sem acepção de grau parentesco, raça, nação, idade, sexo ou statos social (Dt
16.9-11,14).
1. O nome da festa. Esta festa é chamada “shavuot”
que quer dizer “semanas” (Dt 16.16). Esta festividade possui alguns nomes
diferentes:
1.1.
Festa das semanas que se refere a sete semanas após a oferta das primícias (Êx
34.22; Dt 16.10; 2ª Cr 8.13).
1.2.
Festa da colheita referindo-se à conclusão das colheitas de grãos (Êx 23.16), e
por fim,
1.3.
Festa de pentecostes referindo-se ao período de cinquenta dias após a oferta
das primícias que acontecia junto com a festa dos pães asmos (Lv 23.16-18).
2. O objetivo da festa. A festa de pentecoste era uma festa basicamente agrícola que
era celebrada no fim da primavera, quando a nova colheita de trigo era colhida
(Êx 23.14-16). Como podemos ver, esta festa segue o mesmo princípio da Festa
das Primícias que é o de agradecer a Deus por tudo que Ele tem providenciado,
reconhecendo a sua bênção (Dt 16.10).
3. A comemoração da festa. A Bíblia nos mostra que no dia da festa todas as atividades
normais deviam ser suspensas a fim de que o povo se reunisse para uma “santa
convocação” (Lv 23.21). Além do caráter de agradecimento, a festa tinha um
propósito caridoso, pois as necessidades dos pobres e estrangeiros também
deveriam ser lembradas nessa ocasião (Lv 23.22).
IV. APLICABILIDADE DA FESTA DE
PENTECOSTES PARA A IGREJA
Jesus
foi sacrificado durante a Festa da Páscoa (Mt 26.2; Mt 27.15), foi sepultado
durante a Festa dos pães asmos (Mt 26.17; Mc 14.1,12; Lc 22.1), ressuscitou na
Festa das Primícias (Mc 5.16), e cinquenta dias depois, no dia da Festa de Pentecostes,
veio o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos (At 2.1-4 ver Jl
2.28,29).
1. O alcance da festa. Pentecostes fala de uma promessa:
1.1.
Segura “derramarei o meu Espírito” (Lc 24.49; At 1.4; 2.17).
1.2.
Abundante “sobre toda a carne” (At 2.4,39; 10.44).
1.3.
Abrangente pois ela quebra toda acepção racial: “toda a carne”, sexual: “filhos
e filhas”, etária: “jovens e velhos”, e social: “servos e servas” (Jl 2.28,29).
1.4.
Atual “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os
que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). Um dos propósitos
desta festa era também a aproximação de todos que estavam distantes: “Todos
reunidos no mesmo lugar” (At 2.1); “Todos foram cheios do Espírito Santo” (At
2.4); “Todos os que estão longe; tantos quanto…” (At 2.39); e “Todos os que criam
estavam juntos” (At 2.44).
2. A abrangência da festa. Na Festa das Primícias era movido perante o Senhor um molho
(feixe) de espigas de trigo (Lv 23.9-11), já na Festa de Pentecostes eram
movidos perante o Senhor dois pães de trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da
Igreja, que seria formada de judeus e gentios, formando, assim, um só corpo (Ef
2.14; Jo 11.52). O feixe de espigas fala da união, mas os pães vão além, pois
eles falam de unidade (Ef 4.3). Em um feixe de espigas, os grãos estão
simplesmente presos às espigas, porém isolados uns dos outros, mas, em um pão é
diferente: o trigo é o mesmo, mas os grãos passaram por um multiforme processo
e formam agora um todo, um corpo único. O derramamento pentecostal fez isso na
formação da Igreja em Atos 2.
3. A colheita da festa. Após sua ressurreição Jesus ficou na terra por 40 dias
quando foi ascendido ao céu e dez dias depois na Festa de Pentecostes, no 50º
dia depois da páscoa, cumpriu-se a promessa do “derramamento do Espírito Santo”
(Jl 2.28,29; At 1.4,5; 2.1), e durante a festa de Pentecostes os discípulos
ficaram cheios do Espírito Santo (do hebraico “Ruah Kadosh” e do grego “Hagios
Pneumathos”) e logo após, os apóstolos colheram os primeiros frutos de (At
2.37-41).
CONCLUSÃO. Concluímos que assim como a Festa da Páscoa para o judeu
lembra o livramento físico da escravidão do Egito, para os cristãos existe uma
recordação do livramento espiritual do reino das trevas, e assim como a Festa
de Pentecostes para Israel era para entregar ao Senhor os primeiros frutos da
colheita, para a igreja fala também da primeira “colheita” com a conversão dos gentios
e do derramamento do Espírito Santo.
FONTE DE PESQUISA
1.
Andrade Claudionor de, Lições bíblicas. 3 Trimestre 2018.
CPAD.
2.
MCMURTRY, Grady Shannon. As Festas Judaicas do Antigo Testamento. ADSantos.
2.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
3.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
4.
SITTEMA, John. Encontrei Jesus Numa Festa de Israel. Mundo Cristão.