Neemias 12.27-31,43: “E, na dedicação dos muros de Jerusalém,
buscaram os levitas de todos os seus lugares, para os trazerem, a fim de
fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto, saltérios, alaúdes e harpas. 28
E se ajuntaram os filhos dos cantores,
tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das aldeias de Netofa, 29
como também da casa de Gilgal e dos
campos de Gibeá e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias
nos arredores de Jerusalém. 30 E
purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as
portas, e o muro. 31 Então, fiz
subir os príncipes de Judá sobre o muro e ordenei dois grandes coros e
procissões, sendo um à mão direita sobre o muro da banda da Porta do Monturo. 43
E sacrificaram, no mesmo dia, grandes
sacrifícios e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até
as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se
ouviu até de longe”.
INTRODUÇÃO. A dedicação dos muros é o
tema central de Neemias 12. Neemias não somente restaurou os muros e as portas
de Jerusalém, como restabeleceu o ministério levítico.
Depois de
terem se mudado para a cidade, os cidadãos decidiram dedicar esse projeto a
Deus. No entanto, encontramos muito mais do que isso. Encontramos pessoas cujos
corações estavam realmente felizes. Mesmo cheio de incertezas quanto ao futuro,
mesmo que tivessem que pedir ajuda financeira para construir suas casas, eles
realmente estavam alegres, porque os seus olhos estavam no Senhor. A celebração
foi marcada pela alegria, louvor e cânticos em ações de graças ao Senhor (Ne
12.24,27). Em sua infinita misericórdia, Deus transformou em regozijo o lamento
de seu povo. Assim, puderam os sacerdotes reiniciar suas atividades na festa de
dedicação dos muros.
I. OS
SACERDOTES QUE VIERAM PARA JERUSALÉM COM ZOROBABEL
1. Os que
vieram com Zorobabel. “Ora, estes são os
sacerdotes e os levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com
Jesuá: Seraías, Jeremias, Esdras” (Ne 12.1).
No início do
capítulo 12 de Neemias tem uma relação dos sacerdotes que vieram a Jerusalém
juntamente com Zorobabel. Como se sabe, foi esse abnegado servo de Deus quem
liderou o primeiro grupo de exilados judeus que, autorizados por Ciro, o Grande,
deixou a Babilônia rumo à Cidade Santa. Zorobabel incentivou a reconstrução do
Templo e restabeleceu a adoração a Deus. Sem tais ações, a restauração de
Jerusalém seria impossível. Observe: só foram admitidos como ministros do altar
os que puderam comprovar a sua ascendência levítica. Isso nos ensina que o
ministério cristão deve ser exercido por aqueles que realmente foram chamados
por Deus.
2. O
ministério sacerdotal.
2.1. Os levitas são os sacerdotes de Israel. Esse
papel começou com Aarão e seus quatro filhos, enquanto o povo andava pelo
deserto. Em seguida a função sacerdotal, visto que eles eram dessa tribo,
passou aos levitas (Nm 3.5-10).
2.2. Sua
missão. Os sacerdotes tinham como missão representar o povo diante de Deus. Portanto,
deveriam eles, ser santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens (Lv
21.16-21).
2.3. Todo
sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote. Várias eram as suas
funções: tornar possível a mediação entre o povo e Deus, fazer a expiação pelos
pecados da nação, ensinar a Lei de Deus, queimar incenso e cuidar do castiçal e
da mesa dos pães da proposição (Lv 10.11; Ez 44.23).
3. O
ministério dos levitas.
3.1. O Ministério dos levitas em detalhes encontramos descrito no livro
de primeiro Crônicas capítulo 6. (Os cantores, Hemã, Asafe e Etã, e filhos,
encarregados por Davi da música do templo (1º Cr 6,16ss).
3.2. Eram os descendentes de Levi os
responsáveis pelos cultos de adoração a Deus. Somente os levitas estavam
autorizados pelo Senhor a servir no Tabernáculo. Eles tinham como função
primordial ensinar a Palavra de Deus e como se deve adorá-lo (Dt 33.10). 3.3. Exímios
músicos que eram, eles requeriam que o seu ministério fosse plenamente
restaurado, a fim de participarem do culto de dedicação dos muros de Jerusalém.
Consciente dessa urgência, Neemias restabeleceu-os de imediato em suas várias
funções. Senhor, ajuda-nos a ser mais zelosos para com as coisas que nos
confiaste.
II. A DEDICAÇÃO DOS MUROS
1. Uma
grande festa espiritual aconteceu na dedicação dos muros de Jerusalém. Aquela
inauguração foi celebrada com música, louvores ao Criador.
1.1. A participação dos levitas.
“E, na
dedicação dos muros de Jerusalém, buscaram os levitas de todos os seus lugares,
para os trazerem, a fim de fazerem a dedicação com alegria, louvores, canto,
saltérios, alaúdes e harpas” (Ne 12.27).
1.2. Era
imprescindível a presença dos levitas na realização dos sacrifícios e na
condução do culto ao Senhor. Afinal, eles eram os responsáveis pela adoração
divina. O que aprendemos nesse ponto? Os obreiros têm hoje uma grande
responsabilidade diante de Deus: levar o povo a adorá-lo na beleza de sua
santidade.
2. A
participação dos cantores.
2.1. A dedicação dos muros foi um tempo precioso para
louvar a Deus. Neemias organizou dois corais para caminhar em sentidos opostos
por cima dos muros até que os dois se encontrassem no templo. “E se
ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém
como das aldeias de Netofa, como também da casa de Gilgal e dos campos de Gibeá
e Azmavete; porque os cantores tinham edificado para si aldeias nos arredores
de Jerusalém” (Ne 12.28-29).
2.2. Na
dedicação dos muros de Jerusalém, fazia-se obrigatória a apresentação de
cânticos de adoração e louvor a Deus. Por isso, Neemias reuniu os 148 cantores
que descendiam de Asafe (Ne 7.44) e mais 245 que procediam de outras famílias
levíticas (Ne 7.67), para que bendissessem ao Senhor. Que importância damos à
verdadeira música sacra no culto divino? Que as nossas orquestras e corais
sejam assíduos na adoração a Deus.
2.3. Devemos celebrar louvores a Deus pelas
nossas vitórias. “Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no
firmamento do seu poder! Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme
a excelência da sua grandeza! Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com
saltério e com harpa! Louvai-o com adufe e com danças; louvai-o com
instrumentos de cordas e com flauta! Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o
com címbalos altissonantes! Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao
Senhor”! (Sl 150.1-6).
2.4. Devemos celebrar louvores a Deus com união
entre os irmãos. “Naquele dia ofereceram grandes
sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria;
também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de
Jerusalém se fez ouvir longe” (12.43).
2.5. Devemos celebrar
louvores a Deus com grande alegria. “Disse-lhes
mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não
têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor.
Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne
8.10).
“Louvai a Deus com brados de
júbilo, todas as terras. Cantai a glória do seu nome, dai glória em seu louvor”
(Sl 66.1-2).
2.6. Devemos
celebrar louvores a Deus com vida pura. “E
purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as
portas, e o muro” (12.30).
2.7. Devemos celebrar louvores a Deus
com muita ordem e arte (Ne 12.8,9,24,27,36,42).
Os levitas
eram encarregados de celebrar. Dentre eles havia os cantores, os músicos,
netofatitas (compositores – 12.8) bem como regente.
A palavra netofatita
no hebraico, significa gotejante ou destilar como gotas. Isso significa falar
por inspiração, ou seja, eles eram poetas e compositores.
2.8. Devemos celebrar louvores a Deus com a fidelidade
de nossas ofertas. “No mesmo dia foram nomeados homens sobre as câmaras do
tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas
recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os
sacerdotes e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e
os levitas no seu posto, observando os preceitos do seu Deus, e os da
purificação, como também o fizeram os cantores e porteiros, conforme a ordem de
Davi e de seu filho Salomão. Pois desde a antiguidade, já nos dias de Davi e de
Asafe, havia um chefe dos cantores, e havia cânticos de louvor e de ação de
graça a Deus. Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de
Neemias, dava aos cantores e aos porteiros as suas porções destinadas aos
levitas, e os levitas separavam as porções destinadas aos filhos de Arão”
(12.44-47).
3. A
purificação dos sacerdotes e do povo.
3.1. Deus exigiu consagração do povo para
entrar na terra prometida. “Disse Josué
também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio
de vós” (Js 3.5).
3.2. Neemias sabia que sem preparação
espiritual o Senhor não abençoaria. “E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o
povo, e as portas, e o muro” (Ne 12.30).
3.3. O Senhor exige consagração para Sua obra.
“Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela,
purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor” (Is 52.11).
3.4. A fim de continuar a celebração dos muros, o
coração tinha que ser preparado. Da mesma forma, precisamos nos lembrar de que,
antes de ministrar aos outros, nossos corações devem estar limpos diante de
Deus. Santidade precede felicidade. “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de
CRISTO, e despenseiros dos mistérios de DEUS” (1ª Co 4.1).
3.5. Como os
filhos de Levi estavam à frente das solenidades da dedicação dos muros de
Jerusalém, requeria-se fossem eles um exemplo de pureza e santidade. Caso
contrário, como poderiam eles purificar o povo? Mas, como agiam fielmente, os
levitas purificaram os demais judeus para que ninguém ficasse de fora daquela
ocasião tão especial (Ne 12.30b).
3.6. Que
ninguém se esqueça da ordenação divina. “Fidelíssimos são os teus testemunhos;
à tua casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre” (Sl 93.5).
De que valem
as circunstâncias e pompas do culto se os adoradores acham-se distantes de Deus
e comprometidos com o mundo? Não agia assim o Israel do Antigo Testamento?
Ouçamos o que diz o Senhor por intermédio de Isaías: “Este povo se aproxima de
mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está
longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens,
que maquinalmente aprendeu” (Is 29.13).
É urgente,
pois, que adoremos a Deus não apenas com os lábios, mas principalmente com o
coração. É também chegado o momento de se ensinar aos crentes o valor e a
atualidade da doutrina da santificação; sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb
12.14). É da vontade de Deus, pois, que todos os seus adoradores sejam santos
(1ª Ts 4.3).
III.
CELEBRANDO A DEUS PELA VITÓRIA
1. A
dedicação dos muros de Jerusalém trouxe grande alegria ao povo.
1.1. A festa de dedicação. “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se
alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e
as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe”
(12.43).
1.2. O povo
participou da festa. “A outra companhia dos que
davam graças foi para a esquerda, seguindo-os eu com a metade do povo, sobre o
muro, passando pela torre dos fornos até a muralha larga” (12.38).
Neemias,
então, determinou que fossem organizados dois grandes cortejos, dos quais
participariam os levitas, os cantores e os príncipes de Judá (Ne 12.27-43). Um
cortejo foi liderado por Esdras; o outro, por Neemias. Os grupos, embora
caminhassem em direções opostas, encontrar-se-iam no Santo Templo. Ali,
finalmente, foi realizado o grande culto em ação de graças a Deus. Como estamos
adorando a Deus? Damos-lhe a devida honra?
2. Uma
liturgia santa.
2.1. Neemias
teve o cuidado de elaborar uma liturgia ordeira e santa, pois a Palavra de Deus
ensina-nos que o culto deve ser conduzido reverentemente. O salmista adverte-nos.
“Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele todos os moradores
da terra” (Sl 96.9).
2.2. Não
podemos nos achegar à presença do Senhor de qualquer maneira. Ele é santo e
exige santidade do seu povo. Não podemos transformar o culto divino num
espetáculo deprimente.
3. Os
sacrifícios (v.43).
3.1. O
sacrifícios sempre fez parte do ritual de dedicação. “E todos os animais para sacrifício das ofertas pacíficas foram vinte e
quatro novilhos, sessenta carneiros, sessenta bodes, e sessenta cordeiros de um
ano. Esta foi a oferta dedicatória do altar depois que foi ungido” (Nm 7.88).
3.2. Nos dias de
Salomão um grande holocausto se fez ao Senhor. “Então o rei e todo o
Israel com ele ofereceram sacrifícios perante o Senhor. 63 Ora, Salomão deu,
para o sacrifício pacífico que ofereceu ao Senhor, vinte e dois mil bois e
cento e vinte mil ovelhas. Assim o rei e todos os filhos de Israel consagraram
a casa do Senhor” (1ª Rs 8.62-63).
3.3. Na
consagração do templo foram oferecidos muitos sacrifícios a Deus. “Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se
alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e
as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe”
(Ne 12.43).
3.4. Os judeus
reconheceram os benefícios do Senhor e demonstraram o desejo de adorá-lo em santidade
e pureza. “Adorai o SENHOR na beleza da sua
santidade; tremei diante dele, todas as terras” (Sl 29.2).
3.5. Na Nova
Aliança, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor.
Todavia, devemos apresentar-nos a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável
que é o nosso culto racional (Rm 12.1). Dediquemos-lhe, pois,
incondicionalmente nossa vida por tudo que Ele é e tem feito por nós.
O povo de Israel adorou e bendisse o nome do
Senhor na festa de dedicação dos muros.
CONCLUSÃO. Ensina-nos a vida de Neemias que
devemos ser gratos a Deus por todas as bênçãos que d’Ele temos recebido. Assim
como fez Neemias, cultuemos ao Senhor reverentemente. O culto e a adoração a
Deus não podem ser feitos de qualquer maneira. Que o nosso culto, por
conseguinte, seja dirigido com decência e ordem (1ª Co 14.40).
Pr. Elias Ribas