TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

O SACRIFÍCIO PELA CULPA - 2ª LIÇÃO

 


Levítico 5.15-16; 19 “Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, por expiação, um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para expiação da culpa. 16- Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado. 19- Expiação de culpa é; certamente se fez culpada ao Senhor. 

Através da Sua graça Deus perdoa a todos os pecadores, desde que o homem se arrependa. Sua santidade não deixa passar nenhum pecado, mas em Cristo proveu o meio para que a Sua santidade fosse satisfeita. 

I. CULPADO NAS COISAS SAGRADAS 

Na oferta pela culpa havia a necessidade de uma restituição, diferenciando este sacrifício dos demais. Na oferta pela culpa uma reparação é exigida por Deus, seja ela para o santuário ou para o próximo. O texto bíblico revela a necessidade de uma reparação: “Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas...” (Lv 5.16).

Pecados ocultos: ouvir e não denunciar uma blasfêmia, tocar em algo morto ou em imundícia humana, jurar fazer o mal. 

1. Pecando por ignorância nas coisas sagradas. Pecar por ignorância é cometer um delito, mas não ter a certeza total que cometeu um pecado. Para que não tivesse dúvida em sua consciência, traria o que foi exigido por Deus para alcançar a paz acerca dessa questão. O animal era estimado pelo sacerdote conforme o ciclo do santuário. O siclo do santuário equivale a vinte óbolos (Êx 30.13). Um óbolo equivale a 0,57 gramas de prata. Depois de avaliado o animal era oferecido como expiação para perdão do pecado. Era acrescentado na restituição o valor de vinte por cento. Esses eram os direitos que estavam ligados às coisas sagradas de Deus. 

Além da restituição completa era necessário acrescentar um quinto (ou vinte por cento) do que tirou das coisas sagradas (Lv 5.16). Este procedimento aponta para um dos aspectos do sacrifício de Jesus Cristo. Como é um pecado cometido por ignorância, não podemos realmente compreender como ofendemos a santidade de Deus diariamente, mas o que Jesus realizou na cruz também abrangeu esta parte. Com o crescimento na vida espiritual, muitas ofensas deixam de ser praticadas, mas não alcançaremos a perfeição neste corpo. 

2. Pecando contra algum de todos os mandamentos. A não obediência a um mandamento do Senhor, mesmo que seja por não conhecer o mandamento, não torna a pessoa inocente (Lv 5.17). Este fato nos ensina que somente Deus tem a capacidade para avaliar o que é certo e o que é errado. O homem não tem esta capacidade e mesmo assim pensa ter. Quantos hoje estão guiando a sua vida pelo “eu acho que isto é certo”, “eu acho que isto não tem problema”, ou “todo mundo está fazendo, eu posso fazer também”? Para agradar a Deus, devemos fazer o que Ele estabelece. 

Somente a santidade de Deus pode estabelecer o padrão quando os direitos de Deus estão em causa. Uma pessoa poderia transgredir uma lei do santuário sem se aperceber (ignorância nas coisas sagradas), mas uma mentira, jurar falsamente, enganar o próximo, cometer um ato violência, não pode ser ignorância, mas é desobedecer aos mandamentos do Senhor. O sacrifício realizado por Jesus cuidou dessas duas áreas na vida do ser humano: a culpa pelo pecado de ignorância e, também, dos pecados conhecidos. 

3. Restituição perante o Senhor. No ritual o transgressor confessava o pecado, restituía o valor envolvido, pagando um acréscimo de um quinto (vinte por cento) em siclos de prata, e sacrificava um carneiro ao Senhor (Lv 5.15-16). A essência é a obra da expiação realizada para perdão do pecado do ofensor à lei de Deus. Essa obra de expiação pelo pecado do homem foi realizada por Jesus, que derramou o Seu sangue inocente para atender à justiça de Deus. O escritor aos Hebreus afirma: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hb 9.22). 

O sacrifício da culpa abrangia vários tipos de pecado e estava incluso reter o que pertencia a Deus, como dízimos e ofertas, a consagração das primícias e outras obrigações que o israelita tinha perante o Senhor, e também proceder de maneira a não contrariar o que o Senhor tinha estabelecido. Mesmo no caso de a pessoa não ter a certeza de ter pecado contra o Senhor Deus, os mais escrupulosos traziam, também assim, uma oferta pela culpa. Esse sentimento estava presente no coração daquele que tinha o prazer de buscar a comunhão com o Senhor, de ter paz no seu coração para consigo e também com Deus. 

II. CULPADO NEGANDO AO SEU PRÓXIMO 

Ofensas causadas às pessoas em questões de bens pessoais ofendem a lei de Deus, que deixa de forma bem clara como deve ser o relacionamento com o próximo (Lv 19.18). Jesus foi enfático a respeito desse mandamento no Seu ministério (Mt 22.39), e também os apóstolos (1ª Jo 4.20). 

1. Prejuízos causados ao próximo. As instruções do Senhor também tratavam acerca dos prejuízos causados ao próximo em questões de propriedades que dizem respeito ao logro (algo que alguém deixou em depósito de outrem), roubo, ou ganho injusto por extorsão (agiota). A não devolução de algo achado quando se conhece o dono e outras semelhantes são situações mais próximas de atos de pecados conscientes e voluntariosos que precisavam ser confessados para que se tornassem conhecidos (Lv 6.1-7). Essas ações eram puníveis (Êx 22.7-13), pois pecar contra o próximo, dentro do concerto dado por Deus ao povo de Israel, era pecar contra o próprio Deus. 

Um grande problema em todas as épocas na sociedade é a ganância do homem. O desejo de possuir torna o ser humano frio, desumano e insensível para com o próximo. Paulo afirma que: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” (1ª Tm 6.10). Para vencer esta avareza, que a Palavra de Deus classifica como idolatria, somente com amor ao próximo. A situação atual do mundo é um exemplo do que o homem sem a graça de Deus no coração é capaz de realizar. 

2. Reparando o dano. No pecado contra o próximo era necessário primeiro fazer a reparação do dano para poder depois trazer a oferta perante o altar. A Palavra de Deus não se contradiz, por isso Jesus ensinou aos Seus discípulos que antes da oferta o dano deve ser reparado (Mt 5.23-24). O transgressor, antes que pudesse ser perdoado, deveria fazer a restituição apropriada. A penalidade visava inculcar nos transgressores a importância da honestidade e responsabilidade no convívio social. Trazer a oferta, mas não restituir ao próximo não expiaria o pecado do transgressor. Há situações que não basta apenas orar, é preciso antes pagar o que se deve. 

Desde que o pecado defraudou alguém, necessário é que haja restituição para a parte ofendida. A característica distinta das ofertas pela culpa era o pagamento de restituição com acréscimo, conforme determinava a lei, sem se importar se esta fosse para Deus ou para uma pessoa humana. “O carneiro das ofertas pela culpa não fazia parte da restituição, mas era a expiação pelo pecado, diante de Deus” (F. Duane Lindsey). A oferta da culpa ilustra a grande seriedade e gravidade do pecado e a eficácia do sacrifício de Cristo, que deu satisfação e plena reparação ao nosso favor diante de Deus. 

3. A necessidade da oferta pela culpa. Quando Jesus purificou os leprosos, mandou que eles se apresentassem ao sacerdote (Mt 8.4; Lc 17.14), porque havia a necessidade de oferecer a oferta pela culpa para que os mesmos fossem declarados limpos. Jesus veio para cumprir a lei, e, se era essa a exigência da lei, precisava que fosse cumprida. A profanação do nazireado também exigia a expiação da culpa: “Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e para expiação da culpa trará um cordeiro de um ano” (Nm 6.12). 

Deus exige um comportamento honroso entre os seus semelhantes, uma existência com ética nos relacionamentos sociais, uma existência com liberalidade. Quando assim não acontece, um encargo precisa ser acrescentado. Este é o sacrifício da oferta pela culpa. Este sacrifício nos ensina que alcançamos o perdão da culpa quando observado o que está contido no texto bíblico: reconhecimento do pecado seguido pelo arrependimento, restauração do dano e finalmente o sangue espargido no altar (Lv 6.7). 

III. A LEI DA EXPIAÇÃO DA CULPA 

A lei da expiação da culpa, assim como a lei da expiação do pecado, estabelecia que o sacrifício poderia ser comido pelo sacerdote. Para tocar nessas ofertas deveria ser santo (Lv 6.27). Da mesma forma, todos os que estão unidos a Cristo Jesus, pela fé, são santos. 

1. Uma mesma lei. A Palavra de Deus afirma que assim como era a lei da expiação do pecado, assim também seria a lei da expiação da culpa (Lv 7.7). Esses dois sacrifícios apresentam a santidade de Cristo de maneira enfática. Essa era uma oferta que todo homem de família sacerdotal estava autorizado a comer (Lv 7.6), mas deveria consumir em local sagrado, pois era uma oferta santíssima (Lv 6.29). A exigência feita pelo Senhor é que estivesse limpo para poder comer (Nm 18.11). 

Na lei da expiação da culpa, que é como na lei da expiação do pecado (Lv 7.6-7), o Espírito Santo de maneira maravilhosa enfatiza a santidade do sacrifício, que é tipo da obra realizada por Jesus. Como estes dois sacrifícios estão relacionados com o pecado do homem, fica enfatizado a santidade da oferta, pois Jesus levou os pecados da humanidade, mas não se contaminou (1ª Pe 1.19). Tomou os pecados do Seu povo e sofreu a pena deles na cruz. Está cumprido todas as exigências de Deus e todas as necessidades dos homens. Tudo Jesus realizou. 

2. Fartura no lar. A responsabilidade no Antigo Testamento de ensinar a Palavra de Deus ao povo estava sob a incumbência dos sacerdotes e levitas (2º Cr 17.7-8). Já em casa, essa responsabilidade era dos pais (Dt 6.7). Um povo mais esclarecido traria mais oferta, pois teria maior conhecimento da lei e, evidentemente, de suas transgressões; um povo com pouco conhecimento nem saberia que havia desobedecido a lei. A fartura sobre o altar estava ligada diretamente ao conhecimento que o povo tivesse da lei. Quanto mais ensino, mais fartura para o sacerdote. Boca aberta ensinando a Palavra de Deus, provisão pelos sacrifícios trazidos ao santuário. 

Esse princípio permanece no Novo Testamento como era em Israel nos tempos antigos. Quanto mais a Palavra de Deus é ensinada na igreja, mais fartura teremos no santuário. Essa fartura se manifesta na igreja, na esfera em que ela se encontra. Uma fartura que sustenta os seus ministros como também gera riqueza na igreja e essa riqueza não é ouro ou prata, mas uma riqueza espiritual, que manifesta a graça de Deus, Sua glória, a excelência do fruto do Espírito na vida dos crentes e as manifestações dos dons espirituais. Onde prevalece o espiritual o material é acrescentado pelo Senhor (Mt 6.33). 

3. Gordura e sangue para o Senhor. Todo o sangue e toda a gordura deveriam ser oferecidos ao Senhor, sendo proibido ao homem comê-los (Lv 7.2-3). Isso deveria ocorrer em todos os sacrifícios nos quais animais eram oferecidos sobre o altar. Na dieta do povo de Israel eram elementos proibidos: “Estatuto perpétuo será nas vossas gerações, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura, nem sangue algum comereis.” (Lv 3.17). No Novo Testamento, a carne ritualmente impura, de animais sufocados e o sangue foram proibidos no primeiro concílio da Igreja (At 15.20). 

O sangue fala da redenção do homem efetuada na cruz por Jesus. O sangue foi oferecido a Deus pelos nossos pecados e o homem não tem capacidade de participar, por isso é proibido dele comer, pois foi oferecido a Deus. A gordura também era proibida ao homem comer no Antigo Testamento e alguns órgãos (Lv 7.3-5). A gordura simboliza a glória que só pode ser dada a Deus. Tudo realizado por Cristo foi para a glória de Deus (Jo 17.1). O sangue e a gordura simbolizavam o relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho. 

Os tipos do Antigo Testamento nos ajudam a entender a dimensão do sacrifício de Jesus Cristo realizado na cruz do Calvário. Como atendeu a exigência da santidade de Deus e como alcançou o homem no seu estado miserável de pecado e como o alçou até a presença do glorioso Deus.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS VOLUNTÁRIOS – Lv 6



 O significado de Levítico 6 trata da lei das ofertas. Na seção conhecida como “a lei das ofertas”, os regulamentos adicionais eram principalmente para o benefício dos sacerdotes oficiantes. Esses regulamentos são tratados na discussão dos capítulos 3 e 4. 

A seção a seguir (Levítico 6.1-30) é um complemento ao capítulo 1-6.7, que contém os regulamentos dirigida aos sacerdotes relacionados ao ritual dos vários sacrifícios. Embora os capítulos atuais listem as ofertas em uma ordem ligeiramente diferente dos capítulos anteriores, as mesmas cinco categorias são tratadas: a oferta queimada (Lv 6.8-13; ver 1.1-17); a oferta de cereais (Lv 6.14-23; ver 2.1-16); a oferta pelo pecado (Lv 6.24-30; 4.1; 5.13); a oferta pela culpa (Lv 7.1-10; Lv 5.14; 6.7) e a oferta de paz (Lv 7.11-38; ver Levítico 3.1-17). 

I. PECADOS VOLUNTÁRIOS CONTRA O SENHOR E CONTRA O PRÓXIMO 

Quando o pecador negar devolver o penhor, roubar, extorquir, mentir quando achar algo perdido, jurar falsamente. 

Lei da Expiação e da Culpa. Levítico 6.1-7 “Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: 2- Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo. 3- Ou que achou o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar. 4- Será pois que, como pecou e tornou-se culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve violentamente, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou. 5- Ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. 6- E a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para expiação da culpa trará ao sacerdote. 7- E o sacerdote fará expiação por ela diante do Senhor, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se culpada.” 

1. Culpado negando ao seu próximo. Ofensas causadas às pessoas em questões de bens pessoais ofendem a lei de Deus, que deixa de forma bem clara como deve ser o relacionamento com o próximo (Lv 19.18). Jesus foi enfático a respeito desse mandamento no Seu ministério (Mt 22.39), e também os apóstolos (1ª Jo 4.20).

Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1ª Jo 4.20-21). 

2. Prejuízos causados ao próximo. As instruções do Senhor também tratavam acerca dos prejuízos causados ao próximo em questões de propriedades que dizem respeito ao logro (algo que alguém deixou em depósito de outrem), roubo, ou ganho injusto por extorsão (agiota). A não devolução de algo achado quando se conhece o dono e outras semelhantes são situações mais próximas de atos de pecados conscientes e voluntariosos que precisavam ser confessados para que se tornassem conhecidos (Lv 6.1-7). Essas ações eram puníveis (Êx 22.7-13), pois pecar contra o próximo, dentro do concerto dado por Deus ao povo de Israel, era pecar contra o próprio Deus. 

Um grande problema em todas as épocas na sociedade é a ganância do homem. O desejo de possuir torna o ser humano frio, desumano e insensível para com o próximo. 

3. Reparando o dano. No pecado contra o próximo era necessário primeiro fazer a reparação do dano para poder depois trazer a oferta perante o altar. A Palavra de Deus não se contradiz, por isso Jesus ensinou aos Seus discípulos que antes da oferta o dano deve ser reparado (Mt 5.23-24). O transgressor, antes que pudesse ser perdoado, deveria fazer a restituição apropriada. A penalidade visava inculcar nos transgressores a importância da honestidade e responsabilidade no convívio social. Trazer a oferta, mas não restituir ao próximo não expiaria o pecado do transgressor. Há situações que não basta apenas orar, é preciso antes pagar o que se deve.

Desde que o pecado defraudou alguém, necessário é que haja restituição para a parte ofendida. A característica distinta das ofertas pela culpa era o pagamento de restituição com acréscimo, conforme determinava a lei, sem se importar se esta fosse para Deus ou para uma pessoa humana. “O carneiro das ofertas pela culpa não fazia parte da restituição, mas era a expiação pelo pecado, diante de Deus” (F. Duane Lindsey). A oferta da culpa ilustra a grande seriedade e gravidade do pecado e a eficácia do sacrifício de Cristo, que deu satisfação e plena reparação ao nosso favor diante de Deus.

Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. (Mt 5.23,24). 

4. A necessidade da oferta pela culpa. Quando Jesus purificou os leprosos, mandou que eles se apresentassem ao sacerdote (Mt 8.4; Lc 17.14), porque havia a necessidade de oferecer a oferta pela culpa para que os mesmos fossem declarados limpos. Jesus veio para cumprir a lei, e, se era essa a exigência da lei, precisava que fosse cumprida. A profanação do nazireado também exigia a expiação da culpa: “Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e para expiação da culpa trará um cordeiro de um ano” (Nm 6.12).

Deus exige um comportamento honroso entre os seus semelhantes, uma existência com ética nos relacionamentos sociais, uma existência com liberalidade. Quando assim não acontece, um encargo precisa ser acrescentado. Este é o sacrifício da oferta pela culpa. Este sacrifício nos ensina que alcançamos o perdão da culpa quando observado o que está contido no texto bíblico: reconhecimento do pecado seguido pelo arrependimento, restauração do dano e finalmente o sangue espargido no altar (Lv 6.7). 

II. A LEI DO HOLOCAUTO

Levítico 6.8-13 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 9- Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele. 10- E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho, sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. 11- Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza fora do arraial para um lugar limpo. 12- O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. 13- O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.”

1. A lei do holocausto. Cristo, o sumo sacerdote da nova aliança, ofereceu o derradeiro holocausto em Seu corpo; ele estava inteiramente consagrado a Deus, sofrendo a morte pelo pecado e provocando a morte do crente para o pecado (Rm 6.2-7). [Bíblia de Genebra]. 

2. As vestes do sacerdote. Os versos 10 e 11 dão a seguinte ordem: O sacerdote tinha a obrigação de limpar as cinzas do altar, depois de ter oferecido um holocausto, usava, para isso, vestes especiais, calças e túnica de linho, laváveis, que se usavam tão-somente para o contato direto com o altar. “Quando removia as cinzas pela manhã, deixava-as ao lado altar, trocava suas vestes, colocando suas roupas normais de sacerdote, e depois removia as cinzas para algum lugar “limpo” (e não para um depósito de lixo, que seria considerado impuro), fora do arraial. (Bíblia Shedd). Eis uma pergunta para nós: com que vestes eu tenho ministrado o sacrifício? com quais vestes temos orado, nos encontrado com Deus? 

3. O fogo deveria queimar continuamente no altar. O verso 12 diz: “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.”

O holocausto deveria queimar sobre o altar “toda a noite, até pela manhã”, e o verbo, de igual modo, revela uma ação continua: “arderá”. O fogo do altar arderá nele. A noite toda o sacrifício era queimado, pela manhã, cedinho o sacerdote devia remover as cinzas e colar mais lenha para que o fogo continuasse a arder no altar de sacrifício.

“nele a cada manhã”. O sacrifício arde no altar de noite, até pela manhã (e o sacrifício somos nós), e quando chega a manhã, o sacerdote acenderá lenha (e o sacerdote também somos nós), a cada manhã (isto é, todos os dias). Se isto tem lições para nós, decerto quer nos ensinar sobre uma real vida com Deus. “Quando acordo, ainda estou contigo” (Sl 139.16). 

Ensinos espirituais. O fogo do altar, aceso ininterruptamente, era o fogo aceso pelo próprio Deus e representava a Sua presença. Quando pensamos em nossa própria vida como um altar, o Fogo é a presença do Espírito Santo, que não pode ser apagado (1ª Ts 5.19). 

II. OFERTA DE MANJARES

Levítico 6.14-18 “E esta é a lei da oferta de alimentos: os filhos de Arão a oferecerão perante o Senhor diante do altar. 15- E dela tomará um punhado da flor de farinha, da oferta e do seu azeite, e todo o incenso que estiver sobre a oferta de alimentos; então o acenderá sobre o altar, cheiro suave é isso, por ser memorial ao Senhor. 16- E o restante dela comerão Arão e seus filhos; ázimo se comerá no lugar santo, no pátio da tenda da congregação o comerão. 17- Levedado não se cozerá; sua porção é que lhes dei das minhas ofertas queimadas; coisa santíssima é, como a expiação do pecado e como a expiação da culpa. 18- Todo o homem entre os filhos de Arão comerá dela; estatuto perpétuo será para as vossas gerações das ofertas queimadas do Senhor; todo o que as tocar será santo.” 

1. Oferta de Manjares. Oferecida por um dos filhos de Arão, encher a mão de flor de farinha (1/10 de flor farinha), azeite e incenso, e queimar sobre o altar. O restante podia ser comido por Arão e seus filhos no lugar santo. É proibido pôr fermento. 

O ritual adicional da oferta de carne. A maior parte deve ser dada aos sacerdotes, e eles e os homens de suas famílias devem comê-lo sem acrescentar fermento. Com pães ázimos sem fermento será comido (Lv 6.16). Não é apenas o mais sagrado em si, mas todo aquele (ou melhor, tudo) que toca as ofertas será santo. O toque da oferta transmite o caráter de santidade à coisa tocada, que deve, portanto, ser tratada como santa.

Assim como a oferta de manjares representava os frutos da obediência, ela também prenunciava a vida de Cristo em perfeita obediência e gratidão a Deus. Bíblia de Genebra. 

Todo varão (v. 18). Esta expressão se restringe aqui aos homens que serviam no culto do tabernáculo. Antes de atingirem a idade de 30 anos, os homens não podiam entrar no lugar santo (Nm 4.3, 23, 30, 39). [Bíblia Shedd].

III. A OFERTA PARA CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES

Levítico 6.19-23 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 20- Esta é a oferta de Arão e de seus filhos, a qual oferecerão ao Senhor no dia em que ele for ungido; a décima parte de um efa de flor de farinha pela oferta de alimentos contínua; a metade dela pela manhã, e a outra metade à tarde. 21- Numa caçoula se fará com azeite; cozida a trarás; e os pedaços cozidos da oferta oferecerás em cheiro suave ao Senhor. 22- Também o sacerdote, que de entre seus filhos for ungido em seu lugar, fará o mesmo; por estatuto perpétuo será ela toda queimada ao Senhor. 23- Assim toda a oferta do sacerdote será totalmente queimada; não se comerá.” 

A oferta de carne do sumo sacerdote em sua instituição. Não era para farinha não cozida, mas na forma de uma panqueca, feita com um décimo de um efa de farinha. Metade dela foi queimada pela manhã, e outra metade no sacrifício da tarde, nenhuma sendo reservada para consumo pelos sacerdotes. Essa oferta de carne, tendo sido oferecida pela primeira vez na consagração de Arão, seria posteriormente oferecida na consagração de cada sumo sacerdote sucessor, a expressão que Arão e seus filhos queriam dizer aqui os sumos sacerdotes sucessivos e por estatuto perpetuo. 

1. Ritual adicional da oferta pelo pecado. Levítico 6.24-30 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 25- Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da expiação do pecado; no lugar onde se degola o holocausto se degolará a expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é. 26- O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação. 27- Tudo o que tocar a carne da oferta será santo; se o seu sangue for espargido sobre as vestes de alguém, lavarás em lugar santo aquilo sobre o que caiu. 28- E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for cozida num vaso de cobre, esfregar-se-á e lavar-se-á na água. 29- Todo o homem entre os sacerdotes a comerá; coisa santíssima é. 30- Porém, não se comerá nenhuma oferta pelo pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário; no fogo será queimada.” 

A carne das ofertas pelo pecado deve ser comida pelos sacerdotes e pelos homens de suas famílias no lugar santo, isto é, dentro dos arredores do santuário, com exceção das ofertas pelo sumo sacerdote e pela congregação, do que ... o sangue é trazido para o tabernáculo da congregação para reconciliar-se com ele no lugar santo, que seria queimado no fogo fora do arraial; se os respingos de sangue caíssem em suas vestes deviam ser lavados; o vaso de barro na qual a oferta foi cozida devia ser quebrado, o vaso de cobre lavado.

V. 28 Vaso de barro … vaso de bronze. Um vaso de louça não vitrificada absorveria alguns sucos, não podendo ser lavado ao ponto de ficar bem limpo, como o bronze. [Bíblia Shedd].

Pr. Elias Ribas

terça-feira, 30 de novembro de 2021

O ALTAR SEMPRE ACESO

 



Levítico 6.9-10-12 “Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: O holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele. 10- E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. 12- O fogo, pois, sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto, e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.” 

INTRODUÇÃO

No Antigo Testamento os sacerdotes eram responsáveis por manter o fogo aceso na Casa do Senhor, no Tabernáculo. Aquele fogo simbolizava a presença de Deus (Lv 9.24). Nosso Deus se manifesta com fogo (Êx 3.2,6; Ap 4.5). Na Nova Aliança todos somos sacerdotes (1ª Pe 2.9; Ap 1.6), e temos a responsabilidade de manter aceso o fogo do céu no altar da nossa vida. O altar sempre aceso significa que tudo deve ser colocado sobre ele. Não pode existir na vida do cristão nada tão valioso que não possa ser colocado sobre o altar para ser queimado em oferta ao Senhor. 

I. O ALTAR É LUGAR DE ENTREGA 

A instrução do Senhor para que o altar ficasse sempre aceso caracteriza que tudo ali era colocado era para ser queimado, isto é, para ser entregue a Ele. O altar é uma figura da cruz, onde Jesus passou pelo fogo do juízo divino. O altar é um lugar de entrega de um animal sem defeito e do derramamento de sangue; o lugar onde algo valioso é entregue ao Senhor para ser queimado em adoração a Ele. Esses sacrifícios repetitivos sobre o altar aceso são tipos do sacrifício único feito por Jesus Cristo. 

1. Entregar no altar o que tem valor. A exigência de Deus para que a oferta fosse sem mancha demonstra que devemos trazer apara o altar de Deus o que é melhor, isto é, algo de valor. Ao exigir que Isaque fosse oferecido em sacrifício e não Ismael, Deus exige de Abraão o filho que lhe era mais querido. Todos que desejam agradar a Deus no altar devem aprender com Abraão. Mesmo depois da promessa se cumprir com o nascimento de Isaque, o mais importante é Deus e não Isaque, e se for necessário oferecer Isaque em holocausto, será feito, pois é a vontade do Senhor. 

Colocar a oferta sobre o altar aceso é querer oferecer ao Senhor por completo, tendo em vista que tudo será consumido pelo fogo. Esse princípio bíblico permeia a vida dos que agradaram a Deus em todas as épocas, de não valorizar nesta vida nada acima d’Ele. Na época do profeta Elias, após anos sem orvalho e sem chuva, ele se apresentou no Monte Carmelo e levantou o altar, colocando sobre este algo de grande valor: água (1º Rs 18.34-35). Quando é oferecido ao Senhor o que é valioso para o homem, Deus reconhece e tem prazer nesta oferta. Este é o grande privilégio da Igreja, que pode colocar sobre o altar aceso o que realmente agrada a Deus. E hoje, somente a Igreja pode oferecer este sacrifício a Deus. 

2. Altar aceso é a lei do holocausto. Deus estabelece que o fogo sobre o altar deveria arder durante todo o dia e toda a noite (Lv 6.12). Durante a travessia do deserto o cuidado com o fogo durante a noite deveria ser maior, pois no deserto, à noite, a temperatura diminui bastante e pode fazer com que o fogo venha a se apagar. Em tempo de frieza é mais difícil manter o fogo aceso e a Igreja deve observar este detalhe para que a temperatura espiritual não diminua no meio do povo de Deus. Jesus fala sobre o esfriamento do amor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mt 24.12). 

Conforme a noite começa e os raios solares se vão, começa a esfriar. Deus quer um altar aceso durante o dia e também durante a noite. Já vivemos o adiantado da hora. Jesus disse que a noite vem (Jo 9.4), e com a noite vem as dificuldades, como a falta de luz (Jo11.10). A frieza espiritual tem tomado conta de muitas vidas e contemplamos o reflexo desse fato nas nossas reuniões, em que muito entretenimento é oferecido com intuito de atrair os crentes para o culto, quando deveria ser um prazer estar na igreja para adorar ao Senhor. Há movimentos que, com o intuito de atrair as pessoas, oferecem milagres, vendem indulgências e talismãs, e prometem bens meramente terrenos. Resultado de um altar que se apaga lentamente devido ao fato da noite ter chegado. 

3. No altar Deus cheira o suave cheiro. O holocausto era uma oferta de cheiro suave ao Senhor e esse bom cheiro hoje é oferecido a Deus por uma Igreja separada deste mundo, consagrada ao Senhor e santificada pelo sangue de Jesus, pela ação da Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Deus nunca ficou sem testemunhas na terra em todas as épocas e hoje também tem os fiéis, que perseveram em meio a todas as adversidades, e estes colocam sobre o altar aceso uma oferta que Deus recebe, uma oferta de cheiro suave (1º Rs 19.18). 

Toda pessoa que quer agradar a Deus tem que conhecer a cruz. Sem o conhecimento da cruz tudo que é oferecido a Deus é proveniente da carne e de modo nenhum pode agradar a Deus (Rm 8.8). Pessoas que não conhecem a cruz são meramente religiosas no seu caráter. Julgam-se capazes de oferecer a Deus alguma coisa do seu labor, da sua capacidade natural, desconhecendo a si próprio e desconhecendo a Deus. Toda oferta que agrada a Deus deve ser em Cristo oferecida. Somente assim Deus pode cheirar o suave cheiro da oferta colocada sobre um altar que arde. 

II. O ALTAR É LUGAR DE ADORAÇÃO 

Deus criou o homem para que O adorasse. Jesus disse que Deus procura verdadeiros adoradores (Jo 4.23). Um leproso ouviu de longe, como ordenava a lei, o Sermão do Monte e a ação da Palavra em seu interior agiu tão forte que ele entendeu que uma lepra não poderia impedi-lo de cumprir o propósito pelo qual fora criado por Deus. Assim, se aproximou de Jesus e O adorou: “E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” (Mt 8.2). 

1. O altar de bronze. Havia o altar de bronze (cobre) que ficava no pátio do tabernáculo (Êx 27.2; 40.6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário (Êx 30.1, 6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário (Êx 30.1, 6). O altar para sacrifício era o de bronze, onde o fogo deveria arder continuamente. Nesse altar de bronze eram oferecidos os sacrifícios cruentos no altar de ouro era queimado o incenso aromático pela manhã e tarde. Em ambos altares o cheiro era agradável a Deus, isto é, Deus aceitava a adoração. 

“Alguns estudiosos supõem que os sacerdotes, por turnos, pusessem a intervalos os pedaços do sacrifício sobre o altar, garantindo assim que sempre houvesse algo queimando. Mas considerando-se que o combustível era somente a lenha, o sacrifício ficaria requeimando durante a noite inteira, sem nenhuma ajuda. No entanto, parece que na época do segundo templo, ficar alimentando as chamas fazia parte da prática dos sacerdotes” (R. N. Champlin). É no altar de bronze que o nosso ego desaparece e tudo que está relacionado com a carne é destruído. Renunciamos a nossa vida pela vida de Deus (Gl 2.20). 

2. Uma oferta de fé. A fé é essencial para a adoração do ofertante no altar. Se aproximar do altar sem fé é apenas formalismo; é procurar encontrar o Senhor Deus e entende-lo pela razão humana. O escritor aos Hebreus, ao fazer menção dos primeiros atos de adoração registrados na história humana (as ofertas oferecidas a Deus por Caim e Abel – Gn 4.1-7), enfatiza que Abel foi movido pela fé (Hb 11.4), diferentemente de Caim. Foi também pela fé que Abraão ofereceu Isaque (Hb 11.17). Não basta apenas ofertar (Hb 11.6). 

Aprendemos pela Palavra de Deus a importância de ofertarmos ao Senhor não simplesmente para cumprir uma ordenança ou liturgia, ou um mero formalismo ritual, mas movidos pela confiança, convicção, certeza concreta (Hb 11.1), que se expressa em ação, como demonstrado por Abel, Abraão e outros. 

3. Um altar de adoração. Quando uma oferta é trazida ao altar do Senhor tem também o sentido da adoração. Quando o profeta Elias restaurou o altar de Israel e Deus enviou fogo do céu para consumir a oferta (1º Rs 18.38), o povo adorou ao Senhor (1º Rs 18.39). O altar da adoração deve estar levantado nas nossas igrejas, nas nossas famílias e nas nossas vidas. Deus é adorado no céu pelos seres que lá habitam e também deve ser adorado por todos aqueles que na terra professam o Seu Santo Nome. A adoração só deve ser dada a Deus. Jesus disse que somente Deus deve ser adorado (Mt 4.10). A adoração deve ser em verdade e em Espírito: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.23,24).

Mas a hora chega, e agora é – a antiga dispensação está prestes a passar, e a nova, a começar. “Já” há tanta luz que Deus pode ser adorado de maneira aceitável em qualquer lugar. 

Os verdadeiros adoradores. Todos que verdadeiramente e sinceramente adoram a Deus. Aqueles que fazem isso com o coração, e não apenas na forma.

Em espírito. A palavra “espírito”, aqui, se opõe aos ritos e cerimônias e à pompa do culto externo. Refere-se à “mente”, à “alma”, ao “coração”. Eles devem adorar a Deus com uma sincera “mente”; com a simples oferta de gratidão e oração; com um desejo de glorificá-lo, e sem pompa e esplendor externos. O culto espiritual é aquele onde o coração é oferecido a Deus e onde não dependemos de formas externas para aceitação.

Na verdade. Não por meio de sombras e tipos, não por meio de sacrifícios e ofertas sangrentas, mas da maneira representada ou tipificada por todos esses, Hebreus 9.9 , Hebreus 9.24 . Na verdadeira maneira de acesso direto a Deus através de Jesus Cristo.

Para o Pai procurar. Jesus apresenta duas razões pelas quais esse tipo de adoração deve ocorrer. Uma é que Deus a procurou ou desejou. Ele havia designado o modo antigo, mas o fez porque procurava liderar a mente para si mesmo por essas formas, e preparar as pessoas para o sistema mais puro do evangelho, e agora ele buscava ou desejava que aqueles que o adoravam adorá-lo dessa maneira. Ele sugeriu sua vontade por Jesus Cristo.

O pai procura uma entrega total e não pela metade. Romanos 12.1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 

“...como sacrifício vivo...”. Os animais mortos nos sacrifícios da Lei, eram a sobra do que havia de vir. A morte do único “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, varreu todas as vítimas mortas do altar de Deus, para dar lugar aos próprios redimidos, como “sacrifícios vivos” para Aquele que “se fez pecado por nós”; ao passo que tudo que sai dos seus corações agradecidos em louvor, e todo ato motivado pelo amor de Cristo, é em si um sacrifício a Deus de cheiro suave (Hb 13.15-16).

“...santo...”. Como os animais, quando oferecidos sem defeito a Deus, eram considerados santos, assim também os crentes, “entregando-se a Deus como os que estão vivos dentre os mortos, e seus membros como instrumentos de justiça para Deus”, são considerados por Ele, não ritualmente, mas realmente “santos”, e assim agradáveis a Deus. 

Um altar aceso continuamente significa uma adoração continuada, uma adoração que não para e que não esteja sujeita a situações que o adorador venha passar. A adoração da Igreja não é afetada pelas crises desta vida, pelas enfermidades ou pelas tempestades que possam advir. Adorar a Deus é grande privilégio a nós concedido e por essa razão o inimigo de nossas almas tenta de todas as maneiras atrair essa adoração para a pessoa dele. Mas o Espírito Santo na vida do crente, na vida da Igreja, leva o povo de Deus a adorar somente ao Senhor. Abel adorou a Deus oferecendo o sangue e a gordura sobre o altar. O sangue manifesta a excelência da vida e a gordura a excelência inerente à pessoa de Cristo, Sendo Deus Espírito, os seus adoradores devem adorá-Lo em espírito e em verdade. Isso é possível, pois Deus nos deu a Sua natureza através do Espírito Santo. 

III. O ALTAR É LUGAR DE ALEGRIA 

A alegria é uma das características do fruto do Espírito (Gl 5.22). Alegria faz parte do caráter dos que se aproximam de Cristo, reconhecendo a obra por Ele realizada. Sua morte e ressurreição nos deu esta alegria por termos comunhão com Deus e pelas gloriosas promessas que estão para se cumprir na vida de todos os que permanecerem fiéis, perseverando até o fim (Mt 24.13). 

1. Alegria pelo perdão. O perdão é necessário porque o homem pecou contra Deus. Sendo o pecado uma ofensa à santidade de Deus, somente Ele pode conceder o perdão. O Homem sem Deus procura de muitas maneiras se justificar perante o Senhor, mas nenhuma delas consegue conceder alegria ao homem, pois não lhe dá a certeza de ter alcançado o perdão. Fazer obras meritórias, meditação transcendental, praticar a mendicância e outras formas criadas pelas religiões não tem como conceder a certeza do perdão. Essa alegria só é alcançada quando contemplamos Cristo, que foi sacrificado por nós. Por essa razão, Davi orou pedindo: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário.” (Sl 51.12). 

O perdão só pode ser dado porque com Ele está o perdão (Sl 130.4). O perdão concede ao penitente: alegria imediata, alívio da consciência culpada e restauração da comunhão com Deus. Davi não pediu a Deus segurança do reino, um exército mais forte, mais riqueza, mas, sim “alegria da salvação”. O perdão liberta o homem de todo o tipo de escravidão, dá um novo motivo de vida. Uma pessoa perdoada é uma pessoa alegre, que tem motivos para viver, e não apenas viver, mas viver uma vida com abundância (Jo 10.10). 

2. Alegria pela presença de Deus. O altar é lugar de encontro entre Deus e o homem. O pecador, ao ouvir a voz de Deus, teme e se esconde (Gn 3.10), mas no altar tem uma vítima que toma o lugar do pecador, que muda o medo em alegria (Nm 10.10). O pecador pode entrar pelo átrio da casa do Senhor com alegria: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios.” (Sl 96.8). 

Na presença do Senhor há fartura de alegria (Sl 16.11). Para o salvo a presença do Senhor é uma busca constante e incessante, para poder desfrutar do que há de mais precioso. O salmista se alegra pelo convite que lhes é feito, de ir à casa do Senhor (Sl 122.1). Todos os que vivem uma vida totalmente entregue para Deus, e têm como fundamento da vida cristã a obra que Jesus realizou, Sua morte e ressurreição, sempre terão uma mensagem de alegria (Mt 28.8). 

3. Alegria por ser o altar de Deus. O salmista se alegra por se chegar ao altar de Deus: “Então irei ao altar de Deus, do Deus que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.” (Sl 43.4). A tradução livre do texto “aminha grande alegria” é “a alegria da minha alegria”, como encontramos nos rodapés de algumas Bíblias. O salmista está dizendo que, quando vai ao altar de Deus, ele encontra uma alegria que alegra a alegria dele. 

Existe a alegria humana (natural) e a alegria que é uma das características do fruto do Espírito (espiritual). A alegria natural está na alma, mas a alegria espiritual só tem os que nasceram de novo, pois ela está no espírito do homem. Quando nos aproximamos do altar de Deus, somos inundados pela presença do Espírito Santo e tomados pela Sua alegria, que supera qualquer dificuldade que este mundo possa oferecer. É a alegria do Espírito alegrando a alegria da alma.

CONCLUSÃO. Temos de empreender todos os esforços para que o altar esteja aceso continuamente, para que a qualquer momento que dele nos aproximarmos possamos oferecer a nossa oferta de cheiro suave ao Senhor. Seja no calor do dia, ou no frio da noite, que esta chama esteja sempre acesa.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

CONTINUA A LEI DAS OFERTAS (Lv 7)



Este capítulo trata do ritual da oferta pela culpa e das ofertas pacíficas, como o último capítulo tratou do ritual da oferta queimada, da oferta de carne e da oferta pelo pecado. Neste capítulo 7, dos vs. 1-10, veremos as instruções para as ofertas pela culpa, dos vs. 11-36, veremos o sacrifício pacífico e, finalmente, a conclusão nos vs. 37 e 38, deste trecho que começou em Lv 1.1 e se estendeu até Lv 7.35. 

Como já vimos, é difícil diferenciar uma oferta da outra quando se trata das ofertas pelo pecado, das ofertas pela culpa. Mas sabemos que elas foram plenamente cumpridas em Cristo. Aqui na oferta pela culpa, o sacerdote deveria comer do sacrifício, na porção que tinha direito, somente dentro do átrio do tabernáculo – ver 6.16.

I. A LEI DA OFERTA PELA CULPA 

1. Ritual adicional da oferta pela culpa (7.1-10). Deve-se notar que o sangue da oferta pela culpa não deve ser colocado nas pontas do altar, como era a regra na oferta comum pelo pecado, mas lançado contra a parte interna do altar, como na oferta queimada e oferta de paz. A garupa em Levítico 7.3 deve ser traduzida como cauda, como em Levítico 3.9. 

Conter um preceito geral ou nota sobre a porção dos sacerdotes na oferta pelo pecado, pela oferta pela culpa, pela oferta queimada e pela oferta de carne. O sacerdote oficiante deveria ter a carne da oferta pela culpa e da oferta pelo pecado (exceto a gordura queimada no altar), e a pele da oferta queimada e das ofertas de carne cozida (exceto o memorial queimado no altar), enquanto as ofertas de carne de farinha e de grãos ressecados, que poderiam ser mantidos por mais tempo, seriam propriedade do corpo sacerdotal em geral, todos os filhos de Arão ... um tanto quanto o outro. As peles das ofertas de paz foram retidas pelo ofertante ('Mishna, Sebaeh', 12, 3). 

II. A LEI DAS OFERTAS PACÍFICAS 

1. Ritual adicional da oferta de paz (Lv 7.11-21). Existem três tipos de ofertas de paz:

1.1. Ação de graças. Que expressavam a gratidão a Deus pela ajuda recebida em tempos de tristeza e dificuldades. O ofertante oferecia bolos e coscorões ázimos amassados com azeite, os bolos, feito de flor de farinha, tinham de ser fritos (Lv 7.12-15).

Os produtos trazidos a Deus vinham acompanhado de sacrifícios de louvores. 

1.2. Voto, vs. 16-17. Realmente muito usado nas situações de grande desespero e aflições quando a pessoa quer uma resposta divina e se compromete com votos prometendo algo. São exemplos: Gn 28.20-22; 1ª Sm 1.11.

Os votos eram normalmente acompanhados de ofertas pacíficas por ocasião da declaração e, posteriormente, do cumprimento do voto. Nesse caso, a comida poderia ser comida no mesmo dia ou no dia seguinte. 

1.3. Ofertas movidas, diante do Senhor vs. 30-31. Na última etapa, o adorador entregava a oferta pacífica ao sacerdote, segundo o manual levítico, aspergia o sangue do sacrifício sobre o altar. Em seguida, queimavam a gordura do animal (Lv 7.30). Normalmente fazia parte de um ritual mais amplo no qual o peito do animal era movido, talvez levantado, diante do altar pelo sacerdote e pelo adorador antes de ser entregue ao sacerdote como alimento (Nm 5.25). Esta oferta é mencionada 10 vezes aqui em Levítico. 

Destes, as ofertas de agradecimento foram feitas em memorial agradecido pelas misericórdias passadas; as ofertas votivas foram feitas em cumprimento de um voto previamente feito, de que tal oferta deveria ser apresentada se uma condição de terreno fosse cumprida. As ofertas voluntárias diferem das ofertas votivas por não terem sido previamente prometidas, e das ofertas de agradecimento por não terem referência a nenhuma misericórdia especial recebida. A oferta de agradecimento deve ser comida pelo ofertante e seus amigos, no mesmo dia em que foi oferecida; as ofertas votivas e voluntárias, inferiores à oferta de agradecimento em santidade, no mesmo dia ou no dia seguinte. A razão pela qual um tempo mais longo não foi concedido provavelmente foi que, quanto mais a refeição foi adiada, menos um caráter religioso seria associado a ela. A necessidade de um consumo rápido também afastou a tentação de agir de má vontade em relação àqueles com quem o banquete poderia ser compartilhado, e também impediu o perigo de a carne se corromper. Se alguma carne permanecesse até o terceiro dia, seria queimada com fogo; se comido naquele dia, não deve ser aceito ou imputado àquele que ofereceu, isto é, não deve ser considerado como sacrifício de doce sabor a Deus, mas uma abominação (literalmente, um fedor), e quem o comeu suportar sua iniquidade, isto é, deve ser culpado de uma ofensa, exigindo, provavelmente, uma oferta pelo pecado para expiá-la. O presente de pão que acompanha o sacrifício de animais consistia em três tipos de bolos sem fermento e um bolo de pão fermentado, e um de toda a oferta, ou seja, um bolo de cada tipo, deveria ser oferecido por ser levantado e depois dado para o padre oficiante, os demais bolos fazem parte da refeição festiva do ofertante. Se alguém participasse de um banquete em uma oferta de paz enquanto estivesse em um estado de impureza levítica, ele seria separado do seu povo, isto é, excomungado, sem permissão para recuperar a comunhão imediata, oferecendo uma oferta pelo pecado. São Paulo juntou-se a uma oferta votiva (At 21.26). 

III. DEUS PROÍBE COMER GORDURA E SANGUE 

1. Não comereis gordura (Lv 7.22-27). Esta ordem repetida com frequência baseia-se na explicação de que “toda gordura é do Senhor” (Lv 3.16). A gordura de animais mortos naturalmente ou caçados por predadores poderia ser usada para outros propósitos, mas não como alimento (Lv 7.24). 

2. Não comereis sangue (v. 26). Esta expressão se refere ao ato de comer carne cujo sangue não foi drenado (1º Sm 14.33). A razão dessa proibição é dada em 17.11 e Gn 9.4. [Bíblia de Genebra]. 

Desde que o derramamento de sangue representava perda de vida (Gn 9.4), e que o sangue assim derramado era usado somente para a expiação, nunca se podia comer ou beber. Esta proibição se referia somente ao uso do sangue como alimento, e não deve ser considerada uma lei contra a transfusão de sangue, o que é uma operação médica para salvar vidas. Se queremos atribuir-lhe algum sentido espiritual, seria apenas o de ilustrar a santidade do sangue de Cristo, derramado em nosso favor para que tenhamos a plenitude da vida mediante Seu sacrifício supremo. (Bíblia Shedd). 

IV. CONTINUAÇÃO DO RITUAL DAS OFERTAS DE PAZ 

1. A porção do sacerdote (Lv 7.28-34 – Cf. Lv 3.1). A igual dignidade das ofertas pacíficas com as outras ofertas, é justificada pelo mandamento de que o ofertante a traga com suas próprias mãos, embora possa ter sido considerado apenas a parte constituinte de uma festa e, portanto, enviado pela mão de uma pessoa, o servo. 

2. Oferta movida (Lv 6.30-36). A parte da oferta que os sacerdotes moviam era deles. O movimento de ida e volta para o altar simbolizava a oferta do sacrifício a Deus e seu retorno aos sacerdotes. Estas ofertas ajudavam a manter os sacerdotes que cuidavam da casa de Deus. O Novo Testamento ensina que os ministros deveriam ser mantidos pelas pessoas a quem eles servem (1Co 9:10). Nós devemos dar generosamente àqueles que ministram por nós. (Application Study Bible). 

O peito e o ombro direito deveriam ser agitados e levantados (para “levantado” não significa apenas “retirado”, como alguns já disseram). A ondulação consistia no sacerdote colocando as mãos sob as do ofertante que segurava a peça a ser acenada e movendo-as lentamente para trás e para frente diante do Senhor, de e para o altar; o levantamento foi realizado levantando lentamente as peças levantadas para cima e para baixo. Os movimentos foram feitos para mostrar que as peças, embora não fossem queimadas no altar, ainda eram consagradas de maneira especial ao serviço de Deus. O ombro direito era provavelmente a perna traseira, talvez o quadril. A palavra hebraica é geralmente traduzida como “perna” (Dt 28.35; Salmos 147.10). 

“Esta é a porção de Arão … e de seus filhos” (v. 35). A ênfase no capítulo 7 é sobre a parte que pertencia aos sacerdotes. Deus ordenou uma provisão liberal para o Seu ministério e pretendia que cada israelita compreendesse a responsabilidade de mantê-lo. Isso mantinha o sacerdócio em elevada estima entre o povo. Muito do que era doado revertia aos sacerdotes. 

3. Ofertas preparadas no fogo Lv 7.35 - 38). A oferta da consagração se referia à oferta apresentada na cerimônia em que os sacerdotes foram introduzidos no cargo (8.22). Application Study Bible). 

Deus deu a Seu povo muitos rituais e instruções a seguir (v. 38). Todos os rituais em Levítico deveriam ensinar valiosas lições ao povo. Entretanto, com o passar do tempo o povo se tornou indiferente a estes rituais e começou a perder contato com Deus. Quando os rituais (louvor, adoração, e Palavra de Deus) de sua igreja começarem a parecer secos, tente redescobrir o significado e propósito originais atrás deles. Seu louvor será revitalizado. (Application Study Bible).