Levítico
23.4-6; 25.8 “Estas são as solenidades do Senhor, as santas convocações, que convocareis
no seu tempo determinado: 5- No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é
a páscoa do Senhor. 6- E, aos quinze dias deste mês é a Festa dos asmos do
Senhor: sete dias comereis asmos.”
25.8 “Também
contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das
sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.”
Desde a queda do homem, Deus trabalha para que o ser humano obtenha a libertação do pecado, para servi-Lo e adorá-Lo, pois é o grande propósito do Senhor Deus para o homem.
I. FESTAS: DA PÁSCOA AO PENTECOSTES
Estudaremos as quatro primeiras festas: Páscoa, Festa dos Asmos, Primícias e Pentecostes; fazendo a aplicação a momentos que marcaram as histórias de Israel e da Igreja e como seu cumprimento se realizou na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Elas nos ensinam o que o nosso Deus faz para alcançar a comunhão com o Seu povo.
1. A Páscoa e a Festa dos Asmos. A Páscoa tem o seu cumprimento no sacrifício de Jesus na cruz do Calvário e o apóstolo Paulo afirma: “Alimpai-vos do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” (1ª Co 5.7). Sabemos que o fermento é símbolo do pecado na Bíblia e nessas duas festas o fermento não podia ser achado nas casas dos judeus, simbolizando a santidade representada nessas duas festas. Na Páscoa temos a pessoa de Jesus morrendo e na Festa dos Asmos temos uma figura do cristão se oferecendo a Deus (1ª Co 15.31).
A palavra Páscoa no hebraico é “pasach”, significa “saltar por cima”, “passar sobre”. Nesta festa a família estava ao redor do cordeiro, que tinha que ser assado. Conforme tudo o que Deus falava a Moisés. A nação de Israel deveria comemorar a Páscoa anualmente, pela libertação do Egito, e depois seguia-se a Festa dos Asmos, onde uma oferta queimada também era oferecida diariamente ao Senhor durante sete dias (Lv 23.8). A Páscoa deveria ser comida apressadamente, com ervas amargosas e pães asmos (Êx 12.8-12), significando que o salvo deve estar sempre pronto para sair deste mundo para ir ao encontro do Senhor. Na Páscoa, Deus estabeleceu um novo início para Israel (Êx 12.2), como também quando aceitamos a Cristo passamos a ser uma nova criatura (2ª Co 5.17).
2. A Festa das Primícias. Esta era uma festa para ser comemorada quando eles estivessem em Canaã (Lv 23.10). Um molho das primícias da colheita deveria ser trazido ao Senhor e dessa maneira eles seriam aceitos diante de Deus (Lv 23.11). Esse molho era uma oferta de movimento e era a colheita da cevada, que era anterior à colheita do trigo. Essa festa é o símbolo da ressurreição de Jesus Cristo que, após morrer e ressuscitar, nos tornou aceitos diante do Senhor Deus. Com a Sua morte e ressurreição Jesus Cristo torna o homem, que crê na obra que Ele realizou, agradável perante Deus.
Eles não tinham terra no Egito e nem no deserto, mas esta festa os vê na Terra Prometida que o Senhor os deu. A Igreja não tem herança aqui na Terra, mas recebeu como herança do Senhor todas as bênçãos espirituais (Ef 1.3). Tudo nos foi dado por graça e não por mérito. As bênçãos nos foram dadas pelo mérito do Senhor Jesus Cristo. Este propósito de Deus para com a Igreja se tornou possível através de Sua própria graça para Seu louvor e glória (Ef 1.6).
3. A Festa de Pentecostes. Era celebrada cinquenta dias depois da Páscoa. Esta festa também era chamada de Festa das Semanas (Êx 34.22). Pentecostes vem da palavra grega “pentekosté” que significa “quinquagésimo”. Nesta festa dois pães eram trazidos para oferta de movimento. Esta festa tem o seu cumprimento na história humana no dia de Pentecostes com o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, no seu início. Os dois pães apresentados são um simbolismo dos judeus e gentios, que são unidos através do Espírito Santo para formarem a Igreja do Senhor. Esta era uma festa de agradecimento a Deus pelo início da colheita do trigo.
A Festa de Pentecostes é a festa em que era permitido o fermento na preparação dos pães (Lv 23.17). Na oferta movida eram oferecidos os pães com os dois cordeiros. O texto nos diz que eram santidade ao Senhor para o sacerdote (Lv 23.20).
II. FESTAS - DAS TROMBETAS À DOS TABERNÁCULOS
As festas em Israel eram oportunidades de adoração coletiva. Todo o povo era convocado a deixar, nos dias estabelecidos, as atividades regulares do dia a dia, a fim de se dedicar exclusivamente à adoração a Deus e à celebração do que Ele tinha feito por eles. O povo não deveria se esquecer que pertencia ao Senhor Deus e, assim, deveria cultivar constantemente comunhão com Ele.
1. A Festa das Trombetas. A festa das Trombetas ainda terá o seu cumprimento na história da nação de Israel, pois representa a convocação da nação: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memória de jubilação, santa convocação.” (Lv 23.24). Havia duas trombetas, que deveriam ser tocadas em algumas situações, e uma delas era para o ajuntamento da congregação (Nm 10.3). Quando da ocasião do arrebatamento, o som da trombeta estará presente (1ª Ts 4.16), ou seja, Jesus levando a Sua Igreja e Deus voltando a trazer Israel para os Seus propósitos e trabalhando a conversão da nação (Rm 11.26).
As três últimas celebrações eram comemoradas no sétimo mês. A Festa das Trombetas dava início à sequência dessas três últimas, que no nosso calendário equivale aos meses de setembro e outubro. Esta festa também tem o seu sentido simbólico, pois a nação de Israel, por causa do seu abandono ao Senhor Deus, foi espalhada entre as nações do mundo. A incredulidade de Israel os levou à dispersão, mas Deus os ajuntará novamente em sua terra nos últimos dias, quando se cumprirão as profecias dos profetas do Antigo Testamento, que profetizaram a respeito dessa época, quando o povo voltará para a terra da promessa (Is 60.8-9).
2. O Dia da Expiação. Na lição anterior estudamos sobre a liturgia referente a este dia e algumas de suas aplicações simbolicamente na vida da igreja, mas ela aponta, também, para a conversão nacional de Israel, quando o pecado da nação será expiado e toda a nação se converterá ao Senhor. Esta conversão é relatada pelo profeta Ezequiel. Será a conversão nacional dos israelitas que viverem quando Jesus Cristo voltar com a Sua Igreja para reinar neste mundo. O profeta Ezequiel teve esta visão em suas profecias, relatadas no livro de sua autoria: “E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.” (Ez 37.10).
O Dia da Expiação apresenta dois simbolismos bastante importantes: a nação de Israel será reunida e também será purificada. O remanescente de Israel que sobreviverá ao período da grande tribulação se converterá e aceitará o Messias, Jesus Cristo, e se cumprirá a profecia que o próprio Jesus proferiu já nos dias finais do Seu ministério terreno: “Porque eu vos digo que, desde agora, me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.” (Mt 23.39).
2.3. A Festa dos Tabernáculos. Esta era a última das festas anuais de Israel e lembra a nação as bênçãos que lhe foram concedidas no passado (Lv 23.43). A Festa dos Tabernáculos era um período de alegria e regozijo para a nação, que assim podia festejar, pois era logo após ao dia da expiação, que representava o dia do perdão nacional. Aprendemos que aqueles que desejam a paz e alegria sem a santidade não alcançarão os seus objetivos.
Nesta festa o povo habitava sete dias em tendas (Lv 23.42), que os levava a lembrar das tendas que habitaram durante a travessia do deserto por quarenta anos. Esta festa era uma comemoração da última colheita em que a nação descansava, apontando profeticamente para o descanso milenar (reinado de mil anos de Cristo na terra). Deus nos ensina por meio dessas festas que Ele deseja ter uma íntima relação com o Seu povo e, para os que lhe obedecem, Ele tem bênçãos físicas como também espirituais e essas bênçãos devem ser celebradas diante do Senhor com alegria e gratidão.
III. O ANO DO JUBILEU
O termo em hebraico “yowbel” (Lv 25.10), que é traduzido por jubileu tem o significado, entre outros, de “chifre de carneiro”. O ano do jubileu (marcado pelo sopro das trombetas, de acordo com o Strong’s Dictionary), era o ano da libertação, o ano em que cada um tornava à sua possessão e à sua família (Lv 25.10). Era um ano em Israel de liberdade na terra a todos os seus moradores.
1. Resgatado por um parente. O texto afirma que, se alguém, empobrecendo, vendesse alguma porção da sua possessão, seu parente mais próximo poderia resgatar a propriedade. Se a pessoa não tivesse resgatador, e sua mão alcançasse o que bastava para o resgate, também podia efetuar o pagamento. O valor do preço do resgate era calculado conforme o número de anos desde o jubileu. Este resgate era para o caso de propriedades e de pessoas que fossem vendidas (Lv 25.8-55).
É importante observar o que se encontra no texto de Levítico 25.19-22, que fala do descanso da terra no ano sétimo, pois foi mencionada a não observância deste mandamento para o estabelecimento dos setenta anos do cativeiro babilônico (2Cr 36.21). No sexto ano, a bênção viria por três anos (Lv 25.21). Serviria para sustentar no ano sexto, sétimo e oitavo. No ano oitavo, eles voltavam a plantar e colhiam no ano nono.
2. O resgatador tinha que ter condição de pagar o resgate. Para que o resgate fosse realizado pela própria pessoa ou por um parente seu, teria que ter o suficiente para pagar o preço exigido pelo resgate que era calculado com os anos que faltassem para o ano do jubileu. No livro de Rute podemos encontrar em detalhes como era realizado este preceito na nação israelita (Rt 2.20; 3.12-13; 4.1-12). A Bíblia detalha neste capítulo as várias situações que poderiam acontecer entre o povo e como procedia o resgate em cada situação. Havia situações em que uma propriedade não seria resgatada no ano do jubileu, como o caso de casas em cidades muradas, que só poderiam ser resgatadas no primeiro ano (Lv 25.29).
O homem pecou e tornou-se escravo do pecado e do diabo e, de sua própria mão, nunca alcançaria a condição para ser livre dessa escravidão ou algum parente seu poderia pagar esse resgate (Sl 49.7-8). Jesus, ao fazer carne, se tornou o nosso parente e pagou o alto preço do nosso resgate com o Seu próprio sangue, o sangue de um cordeiro imaculado, rasgando a cédula que nos era contrária e nos tornou livres da escravidão do pecado e daquele que tinha o império da morte (Cl 2.14; 1ª Pe 1.18-19).
3. O resgatador tinha que querer fazer o resgate. O resgatador não apenas precisava ter condição de pagar o resgate, mas também tinha que desejar fazê-lo. Essas condições eram necessárias para ser resgatador. Tudo isso se cumpriu na pessoa de Jesus! Ele, e somente Ele, pode realizar a maravilhosa obra de salvação do homem. Ele mesmo disse que veio buscar e salvar o homem (Lc 19.10). O ano do jubileu era o ano do toque da trombeta: aconteceu com o crente alcançando a libertação, acontecerá também com a nação de Israel e, na eternidade, com toda a criação (Ap 21.24).
No livro de Rute havia um resgatador que tinha a prioridade em relação a Boaz, mas, temendo ser prejudicado, recusou fazê-lo (Rt 4.6). Esse resgatador pode ser comparado à lei, que nada pode fazer pelo homem pecador, já Boaz é uma figura de Cristo, que pode resgatar o homem por meio da graça. Alei só é útil para quem não peca, mas onde o pecado existe, a lei diz “morrerá”; já a graça é capaz de perdoar o pecador e conduzir o homem até a presença de Deus. Rute resgatada é uma figura da Igreja, uma gentia que alcança a bênção através de um judeu (Jo 4.22).
Deus estabeleceu preceitos e normas para Israel viver uma vida socialmente agradável e também que a terra viesse a produzir o melhor para eles, mas Israel se afastou do Senhor. Hoje a Igreja tem a promessa de bênçãos espirituais, devemos com fé tomar posse do que nos é dado pelo Senhor Jesus.