TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 4 de setembro de 2021

A CEIA DO SENHOR NA DOUTRINA PAULINA

 


1ª Coríntios 11.17-34 “Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. 18- Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19- Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados. 20- Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, 21- porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22- Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não! 23- Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24- e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim. 25- Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim. 26- Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. 27 - Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28- Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. 29- Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. 30- Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. 31- Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo. 32- Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. 33- Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34- Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções.”

INTRODUÇÃO. A Ceia do Senhor é um ato de suma importância, em si mesmo e na vida do crente. Ela não é um mero símbolo, mas sim uma das verdades centrais da nossa fé. A Ceia do Senhor lembra a paixão e a morte de Cristo em nosso lugar, bem como a Sua segunda vinda. Tendo em vista suas verdades bíblico-teológicas, cabe-nos tomar assento à mesa do Senhor com solenidade e redobrada reverência.

Neste estudo vamos ver o ensino de Paulo concernente a ceia do Senhor segundo a visão paulina.

Paulo inicia a sua carta aos Coríntios, chamando de:

·         Igreja de Deus e aos santos, porque fazem parte da igreja de Cristo. “à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” (1ª Co 1.2).

·         No capítulo 3 ele chama-os de: Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. (1ª Co 3.1).

·         No capítulo 5 ele manda entregar a satanás. “entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.” (1ª Co 5.5).

·         No capítulo 12 ele chama-os de ignorantes: “Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes. (1ª Co 12.1).

·         No capítulo 11 o estudo em foco eles não sabiam discernir o corpo do Senhor. “Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação.” (V. 29).

I. ORIENTAÇÕES A RESPEITO DA CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR

1. Eu não posso vos elogiar.

V. 17 “Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!”

No início deste capítulo Paulo inicia elogiando os irmãos de Corintos (v. 2), mas na doutrina da Ceia ele não pode elogiar.

O tentador compararmos as dissensões aqui com os problemas que aparecem no capítulo 1, mas parece que as dissensões, nesse versículo, estão relacionadas aos eventos que aconteciam quando a igreja se reunia para a ceia do Senhor. E possível que as dificuldades estivessem acima de distinções referentes a classes de ricos e pobres, ou judeus e gentios. Quando a Igreja se reúne, todos devem se ajuntar como irmãos, mas, ao que parece, não era isso que acontecia em Corinto. Em vez da união recomendada por Paulo em 1 Coríntios 11.17 e enfatizada novamente nos capítulos 12— 14, havia divisão entre os cristãos.

Não vos louvo. Em contraste com o elogio de Paulo no versículo 2, de que os coríntios haviam obedecido a muitos de seus ensinos, aqui ele expressa preocupação pelas práticas pecaminosas dos coríntios durante a adoração. Ajuntais é um termo técnico que se refere à reunião da igreja e é usado três vezes nesta passagem (v. 18, 20).

2. Havia divisões na igreja. “Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio.” (v. 18).

Mas isso é bom? Claro que sim, pois quando se levantam as heresias, Deus levanta homens espirituais e didaque para ensinar da verdade e para corrigir a igreja.

V. 19 “Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.”

Partidos no grego haireseis, grupinhos, divisões; Aprovados no grego dokimos, eram os convertidos.

A existência de tais diferenças de opinião serve, de qualquer forma, para tornar conhecidos os verdadeiros cristãos.

3. A ceia é do Senhor.  V. 20 “Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor.”

A ceia do Senhor é a ordenança ensinada por Cristo antes de Sua morte, conforme Mateus 26.26-28.

“Quando vocês se reunirem para comer...”. Primeiro de tudo, a ceia do Senhor não era para ser transformada numa refeição comum. As refeições deveriam ser tomadas em casa, mas a ceia do Senhor era uma recordação solene da morte de Cristo. A igreja de Corintos se reunia para se empanturrar e embebedar. Então é a vossa mesa e não do Senhor.

Segundo ele ordenou que a ceia fosse observada reverentemente meditando na crucificação.

3.1. Comem antecipado. Se reúnem para satisfazer o vosso ventre.

Tornavam-se inimigos da cruz de Cristo. Fl 3.18-20 “Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. 19- Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas. 20- A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”

3.2. Comem a vossa Ceia, então é a vossa mesa. V. 21 “Porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.”

Paulo está dizendo que não é a mesa do Senhor, mas a vossa.

A ceia deixava de ser do Senhor quando é deturpada.

Individualismo – ideia anticristã. (Deus tem que servir; vocês querem ser servidos.

Uns tinham fome. Outros se empanturravam.

O egoísmo deles era fatal para o próprio espírito de devoção e amor fraternal da ceia; ela passara a ser apenas uma refeição comum.

3.3. Desprezam a casa de Deus. V. 22 “Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm?”

É diferente do verdadeiro culto. “Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.” (1ª Co 14.26).

3.4. A reunião é para servir. “Como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mt 20.28).

II. QUANDO PARTICIPAMOS DA CEIA DO SENHOR:

1. Aceitamos ser moído e pisados neste mundo.

1.1. O pão. O pão é feito de trigo. O trigo para se tornar farinha passa por um processo, ele é moído no moinho.

1.2. O suco da vide. O suco é feito de uva. Nos tempos antigos as uvas eram pisadas para dar o suco.

Jesus foi desprezado, rejeitado, oprimido, atingido, moído, pisado, surrado e esmagado por causa das nossas transgressões. (Isaías 53.3-8). Por esta razão o apóstolo Pedro escreve dizendo: “Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria. Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês.” (1 Pe 4.13,14).

III. COM QUEM O APÓSTOLO PAULO APRENDEUS ATO DA CEIA?

1. Paulo aprendeu o ato da Ceia do Senhor Jesus?

V. 23 “Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão.”

Quando Jesus se revelou a Saulo disse que ele era um vaso escolhido (At 9.15). O apóstolo afirma, muitos anos depois de sua conversão, que já fora escolhido por Deus para esse ministério desde o ventre de sua mãe.

Paulo reconhece a onisciência de Deus ao separá-lo antes de nascer para a obra da salvação (1.15).

É uma referência a seu encontro pessoal com Jesus no caminho de damasco e que não procurou os apóstolos, para ser doutrinado por eles.

“Nem tronei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. Depois de três anos, fui a Jerusalém para ver Pedro e fiquei com ele 15 dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl1.17-19).

Ele foi para a Arábia por um longo tempo e daí voltou a Damasco. Paulo não estava com isso menosprezando a autoridade dos demais apóstolos; o que ele estava dizendo é que tinha a mesma autoridade deles. Ele não esteve três anos e meio com o Senhor Jesus no Seu ministério terreno, como os apóstolos em Jerusalém, mas recebeu diretamente do Senhor o seu evangelho. Ele diz: “nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos”.

Eu recebi do Senhor, portanto, se refere à revelação que Paulo recebeu de Cristo sobre o significado da morte e da ressurreição do Senhor representado pelos elementos da santa ceia; simbolismo que Paulo ensinou aos irmãos, explicando-os novamente.

2. Ensinou conforme a ordenança de Cristo.

2.1. Ele deu graças.

V. 24 “E, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim.”

Paulo relembra as palavras ditas por Jesus na última ceia. “Este é o cálice da Nova Aliança”. Ou seja, seu sangue derramado em favor de nós estabelece uma Nova Aliança entre Deus e seu povo. Sua morte na cruz e sua ressurreição selam a Nova Aliança. Nesta Nova Aliança somos reconciliados com Deus, podemos experimentar o perdão dos pecados, a nova vida, a salvação. Jesus age em favor de nós. Ou seja, ele nos alcança. Nós, em profunda gratidão, alvos desse amor tornado visível, celebramos a Ceia em sua memória, comprometendo-nos com o Evangelho.

2.2. É o cálice da Nova Aliança.

V. 25 “Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim.”

A Igreja é o corpo da cabeça que é Cristo.

Igreja não é simplesmente um ajuntamento de pessoas, e quando esse termina, cada pessoa volta para a casa.

Quando celebramos a ceia, estamos anunciando a Nova Aliança; não é mais a Velha Aliança, que era apenas uma figura. Na velha aliança, todos os atos praticados apenas prefiguravam o que aconteceria.

2.3. Anunciais.

V. 26 “Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.

É o mesmo verbo usado em 1ª Co 9.14. A celebração desta ordenança é, portanto, o “grande anúncio da morte de Cristo” e um testemunho ao mundo a respeito da devoção dos cristãos ao seu Senhor, e da confiança deles na Sua morte até que Ele venha (26).

Paulo faz um alerta para o retorno de Cristo a esta terra. João 14.1-3 “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2- Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. 3- E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.”

V. AS ADVERTENCIAS DE PAULO PARA A IGREJA

1. Eles comiam indignamente.

V. 27 “Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.”

Este versículo é um solene aviso contra os que participam da Ceia do Senhor sem uma vida de santificação. Essas palavras significam que esses tais são réus de um crime cometido contra a santidade do corpo e do sangue do Senhor, colocando-se destarte do lado dos inimigos de Cristo, que o crucificaram. Este memorial nos foi dado pelo próprio Cristo; o abuso dele leva à condenação (29) ou “juízo”.

2. Examine-se.

V. 28- Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice.

O significado desta palavra no grego é δοκιμάζω dokimadzo que significa provar por teste, examinar, ou aprovar depois de um teste pelo discernimento. A palavra grega é derivada do teste dos metais. Um rigoroso autoexame (v. 19; 2ª Co 13.5; Tg 5.16; 1ª Jo 1.6).

Portanto, não significa somente testar, mas também carrega a ideia de aprovar como resultado do teste. Contudo, testar é insuficiente, a menos que o que é aprovado seja abraçado e mantido.

3. Comiam sem discernir.

V. 29 “Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação.”

De acordo com o dicionário, discernir é ser capaz de diferenciar de forma nítida, estimar ou analisar, determinar ou julgar. De acordo com a Bíblia, além de tudo isso, discernir é o que nos livra do juízo, pois o homem que julgar a si mesmo não temerá o juízo de Deus. O contrário de discernir é ignorar, o não discernir nos torna indignos de participar da comunhão, o que pode gerar muitas consequências.

4. O juízo de Deus.

Vs. 30, 31 “Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. 31- Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo.”

4.1. As nossas atitudes nunca são neutras. A participação desatenta e descuidada da Ceia do Senhor produz resultados desastrosos. Elas produzem bênção ou maldição em nossas vidas. O cálice da Ceia é chamado por Paulo de “cálice da bênção” (1ª Co 10.16). No entanto, no texto transcrito acima, vemos que a mesma Ceia que traz bênção também pode trazer juízo e maldição, em vez de deleite espiritual vem disciplina sobre os crentes.

Paulo menciona três níveis dessa disciplina: Enfraquecimento, doença e morte. Entre os crentes de Corinto havia gente fraca, enferma e alguns haviam sido ceifados pela disciplina divina. O pecado sempre produz resultados desastrosos, sobretudo, na vida dos crentes.

4.2. Porque somos julgados.

V. 32 “Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.”

Se nós nos julgássemos a nós mesmos, o Pai não precisaria corrigir-nos. Mas, quando os cristãos não estiverem dispostos a fazer este autoexame, Deus mesmo irá corrigi-los.

Os crentes da Igreja de Corinto foram julgados (em sua saúde) por não discernirem o Corpo; se o tivessem discernido, certamente teriam sido abençoados com saúde.

4.3. Qual o motivo de sermos repreendidos?

1º A repreensão é um sinal de que somos filhos de Deus. João 1.12 “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.”

2º Porém, se suportarmos a correção Ele nos trata como filhos. Hb 12.5-7 “E já vos esquecestes da correção (repreensão) que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por Ele, fores repreendido. 6 Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. 7 Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos: porque, que filho há a quem o Pai não corrija?”.

3º A correção é uma garantia do amor e cuidado de Deus por nós. Pv 3.12 “Porque o Senhor corrige aquele a quem ama, assim como o Pai ao Filho a quem quer bem”.

4º Qual o propósito da correção? Para não sermos condenados com o mundo.

Ap 3.19 “Eu repreendo e corrijo a todos quantos amo. Portanto, sê zeloso, e arrepende-te”.

5. Quem pode participar a Ceia do Senhor? Todo o corpo místico de Jesus deve participar.

V. 33- Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros.”

“Portanto, meus irmãos...”. Paulo não escreveu sua carta a um grupo específico de pessoas, mas para a igreja de Corintos o corpo místico de Cristo. Note que na exposição de 1ª Coríntios 11.1 ele diz: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. E no verso 2 ele continua dizendo: E louvo-vos, irmãos...”.

Seguidores de mim; sim imitadores de mim; siga aqui o meu exemplo, como eu sigo o de Cristo.

Portanto, os que podem participar da ceia do Senhor são os salvos em Jesus Cristo que estão conscientes de seu significado e assim preparados para dela participar.

Foi observando esse detalhe que o apóstolo Paulo forneceu a conclusão mais clara sobre quem pode tomar a Santa Ceia. Primeiro ele fala do autoexame necessário que todos devem fazer antes de participar da Ceia do Senhor. Depois ele diz que quem “come do pão e bebe do cálice sem discernir o corpo, come e bebe para a sua própria condenação.” Portanto, é necessário fazer um auto exame para você não for afligido pelo juízo de Deus.

6. Esperai uns pelos outros.

Vs. 33, 34 “Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções.”

Paulo conclui sua discussão sobre a ceia do Senhor com uma exortação prática, para que os cristãos coríntios demonstrassem a devida preocupação uns pelos outros. Ele insinua, nas palavras coma em casa, que desaprova as frequentes festas do amor. E ele mostra novamente uma preocupação pastoral quando expressa a ideia para que vos não ajunteis para condenação. Paulo não se deleita com a mão disciplinadora do Senhor. Ordená-las-ei (do grego diatasso) refere-se às providências visivelmente práticas (1ª Co 16.1; G1 3.19). Qualquer outro detalhe relacionado à ceia do Senhor, Paulo esclareceria em sua visita à cidade.

CONCLUSÃO.

Tendo em mente o exposto, devemos sentar-nos à mesa do Senhor, com discernimento, temor de Deus e humildade. Conscientizemo-nos, pois, de que, ali, não estão meros símbolos, mas o sublime memorial da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Caso contrário, seremos contados como réus diante de Deus. Que o Senhor nos guarde a todos, por sua graça.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O SONHO DE JACÓ EM BETEL

 


Gênesis 28.10-22 “Jacó partiu de Berseba e foi para Harã. 11- Chegando a determinado lugar, parou para pernoitar, porque o sol já se havia posto. Tomando uma das pedras dali, usou-a como travesseiro e deitou-se. 12- E teve um sonho no qual viu uma escada apoiada na terra; o seu topo alcançava os céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. 13- Ao lado dele estava o Senhor, que lhe disse: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. Darei a você e a seus descendentes a terra na qual você está deitado. 14- Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência. 15- Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi. 16- Quando Jacó acordou do sono, disse: Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia! 17- Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos céus. 18- Na manhã seguinte, Jacó pegou a pedra que tinha usado como travesseiro, colocou-a de pé como coluna e derramou óleo sobre o seu topo. 19- E deu o nome de Betel àquele lugar, embora a cidade anteriormente se chamasse Luz. 20- Então Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus estiver comigo, cuidar de mim nesta viagem que estou fazendo, prover-me de comida e roupa, 21- e levar-me de volta em segurança à casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. 22- E esta pedra que hoje coloquei como coluna servirá de santuário de Deus; e de tudo o que me deres certamente te darei o dízimo.”

INTRODUÇÃO. Durante a viagem, numa noite, Deus se revela a Jacó em sonho (Gn 28.12-16). A promessa feita a Abraão e Isaque agora é proferida por Deus a Jacó. Da mesma forma que agiu com seus antepassados, isto é, estabelecendo uma aliança, Deus assim procedeu com Jacó (Gn 28.13-15). Mesmo na Mesopotâmia Deus estará com ele, pois é por meio de Jacó que Deus vai cumprir as Suas promessas.

O significado dessa visão tinha aplicações práticas para Jacó, pois confirmava a presença protetora e abençoadora de Deus em sua vida. Mas a visão da escada de Jacó também possui um significado mais profundo que aponta para Cristo.

I. QUANDO OCORREU A VISÃO DA ESCADA DE JACÓ?

A Escada de Jacob (em hebraico: Sulam Yaakov סולם יעקב) refere-se à escada mencionada no texto em estudo. Jacó teve a visão da escada durante uma noite enquanto seguia para Padã-Harã (Gênesis 28). Isso aconteceu logo depois do episódio em que ele enganou seu pai, Isaque, e recebeu a bênção patriarcal em lugar de seu irmão Esaú. Esaú ficou enfurecido pelo que Jacó havia feito, e se comprometeu a matá-lo assim que seu pai morresse. Nesse contexto Jacó foi enviado à casa de seu tio Labão em Padã-Harã até que o ódio de seu irmão passasse (Gn 27).

Enquanto seguia pelo caminho de Berseba para Harã, ele parou num determinado lugar para passar a noite. Então viu em sonhos uma escada, cujos pés repousavam sobre a terra, e cujo topo chegava aos céus; e os anjos de Deus subindo e descendo por esta escada. Viu também o Senhor firmado no cimo da escada e chamou este lugar de Betel que significa “Casa de El”.

Deus está neste lugar. Quando Jacob acordou, ele estava cheio de gratidão, e consagrou o local como a casa de Deus. Ali ele pegou uma das pedras do local e a pôs por sua cabeceira. Essa era uma prática comum naquela época. Inclusive, é provável que a pedra tenha servido mais como proteção para sua cabeça do que como travesseiro. Foi enquanto dormia que Jacó teve a visão da escada.

O impacto da presença de Deus foi tão grande na vida de Jacó que ele ergueu uma coluna e fez um voto. Ainda hoje, Deus quer se relacionar com o ser humano. Devemos desejar ardentemente que Ele seja o nosso alicerce durante a jornada da vida. Não há como prosseguir se o Senhor não for o nosso Deus “Gn 28.21). Mesmo que os dias sejam escuros, Ele é a nossa luz (Sl 119.105).

II. O CONTEÚDO DO SONHO DE JACÓ

As palavras do Senhor para Jacó foram realmente significativas. Ele disse: “Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, e para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até que eu cumpra aquilo que tenho lhe falado” (Gn 28.13-15).

Então na sua fuga, originada pela sua fraqueza e seus erros, ou seja, na confissão da incapacidade de Jacó, Deus renova a sua aliança que havia feito com Abraão e Isaque.

Quando acordou do sono ainda de madrugada, Jacó reconheceu que havia recebido a visita do próprio Deus. Isso explica sua declaração: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus” (Gn 28.16,17).

Logo em seguida, Jacó pegou a pedra que tinha apoiado sua cabeça durante a noite e a colocou como uma coluna e a consagrou. Nesse ponto o texto bíblico esclarece a localização em que Jacó estava.

Jacó fez uma oferta ao Senhor, quando derramou azeite sobre a pedra e também fez um voto a Ele, veja: “Então Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus estiver comigo, cuidar de mim nesta viagem que estou fazendo, prover-me de comida e roupa, e levar-me de volta em segurança à casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. E esta pedra que hoje coloquei como coluna servirá de santuário de Deus; e de tudo o que me deres certamente te darei o dízimo.” (Gn 28.20-22). Pronto, estava pactuada a aliança entre Deus e Jacó.

III. O SIGNIFICADO DA ESCADA DE JACÓ

1. Em Jacó Deus começa a revelar seus planos de graça e misericórdia. Assim tendo Jacó andado cerca de 100 km, na altura de Betel, a caminho da casa de seu tio Labão, irmão de sua mãe, dorme sobre uma pedra.

E ele tem um sonho da visão de uma escada, onde os anjos desciam e subiam, do céu a terra.

2. Esta visão é futurística e profética. A escada de Jacó, que fazia a ligação entre a terra e o céu era um símbolo de Jesus Cristo:

“E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”. (Jo 1.51).

3. Jesus é a escada que faz a ligação entre o céu e a terra. A escada de Jacó representava uma ponte que liga a terra ao céu.

3.1. Jesus é o único Caminho. Respondeu Jesus: João 14.6 “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.”

3.2. Jesus é o único intermediador entre Deus e os homens. 1ª Tm 2.25 O apóstolo Paulo diz: “Porque há um só Deus, e um só mediador, entre Deus e os homens.”

3.3. Jesus é a porta. João 10.7, 9 “Então Jesus afirmou de novo: Digo-lhes a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. 9- Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem.”

Ao afirmar ser a porta, Jesus estava querendo dizer que é a via de acesso e a Deus Pai e oportunidade de salvação. Repare que, nesse sentido, ele não diz ser uma porta, ou uma das portas. Sua afirmação é exclusivista: “Eu sou a porta; Eu sou o único acesso a Deus”.

3.4. Jesus é a Pedra. A pedra que Jacó usou tipifica Jesus.

A. Jesus é o fundamento da Igreja. Ef 2.20 “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a Pedra Angular”.

B. Jesus é a pedra vaticinada pelo profeta Isaias. Is 28.16 “Portanto assim diz o Senhor Deus: Vede, assentai em Sião uma pedra, uma já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não será confundido.”

C. Pedra que os construtores rejeitaram. Lucas 20.17 “Mas ele, olhando para eles, disse: Que é isto, pois, que está escrito? A pedra, que os edificadores reprovaram, essa foi feita cabeça da esquina.”

D. Jesus é pedra angular. Lucas, o médico amado, registrou um discurso do apóstolo Pedro em que é demonstrado que Jesus é a pedra angular:

“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At 4.11 -12).

E. Jesus Cristo é a nossa Rocha. Romanos 9.33 “Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma ROCHA de escândalo.”

4. Os anjos subiam e desciam. Hebreus 1.14 “Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?”

Seres angélicos apareceram na escada no sonho de Jacó, subindo e descendo entre o céu e a terra. Criaturas divinas criadas por Deus, anjos servem como mensageiros e agentes da vontade de Deus. Sua atividade simbolizava receber ordens de Deus no céu, ir à terra para realizá-las e depois retornar ao céu para relatar e receber novas ordens. Eles não agem por conta própria.

Por toda a Bíblia, os anjos transmitem instruções aos humanos e os ajudam a cumprir suas missões. Salmos 34.7 “O anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que o temem, e os livra.”

Até mesmo Jesus foi ministrado por anjos, seguindo Sua tentação no deserto e sua agonia no Getsêmani. O sonho de Jacó era um raro vislumbre nos bastidores do mundo invisível e uma promessa do apoio de Deus.

Podemos orar aos anjos? A Bíblia bem clara que não deve orar aos anjos, pois são criaturas e não divindades. A oração é um ato de adoração. E, assim como os anjos rejeitam a nossa adoração (Ap 22.8-9), eles também rejeitariam as nossas orações. Oferecer o nosso culto ou oração para outra pessoa além de Deus é idolatria.

Existem também várias razões práticas e teológicas pelas quais orar aos anjos é errado. O próprio Cristo nunca orou a mais ninguém senão ao Pai. Quando questionado por Seus discípulos para lhes ensinar a orar, Ele os instruiu: “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...” (Mt 6.9; Lc 11.2).

Portanto a oração deve ser ao Pai e em nome de Jesus. Nos evangelhos o mestre Jesus nos ensina dizendo: “Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome... (Mc 16.17,18). Em outra ocasião em João 14.13, quando o próprio Cristo diz aos crentes que tudo o que pedirmos em Seu nome será realizado porque Ele pede diretamente ao Pai. E em João 16.23 o mestre Jesus continua dizendo: “Eu lhes asseguro que meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome.

Jesus entendeu que a adoração pertence exclusivamente a Deus. Quando tentado pelo diabo, Jesus recusou a ceder, dizendo: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10).

Oferecer uma oração aos anjos é antibíblica, pois nenhum um anjo ou qualquer outro ser criado é jamais retratado como um intercessor junto ao Pai. Somente o Filho e o Espírito Santo (Rm 8.26), podem interceder diante do trono do Pai.

IV. GRANDE DIFERENÇA ENTRE A ESCADA DA VISÃO DE JACÓ E A TORRE DE BABEL

A visão da escada de Jacó nos ensina que a menos que Deus queira, o homem não pode ter acesso ao céu. Por contraste, aquela visão nos lembra outra história bíblica. Depois do dilúvio, os homens começaram a construir uma torre cujo objetivo era tocar o céu (Gn 11.1-9).

Mas há uma grande diferença entre a torre de Babel e a escada da visão de Jacó. A torre partia da terra para o céu, mas a escada que Jacó viu partia do céu para a terra. A expressão hebraica nesse texto significa literalmente que a escada estava “direcionada para a terra”. Seu alicerce era celestial, não terreno.

Nenhum empreendimento humano pode ligar a terra ao céu. A comunhão entre o céu e a terra é estabelecida somente por uma iniciativa divina. Curiosamente a palavra Babel vem de uma raiz que significa: “confusão de vozes ou de línguas”, “desordem”, “tumulto”, “algazarra”; Mas o contato divino que seus rebeldes construtores buscaram, acabou dando lugar ao juízo de Deus sobre eles. Muitos anos depois, por iniciativa de Deus, Jacó pôde contemplar a “porta dos céus”. Somente pela graça de Deus é que pode haver contato entre o céu e a terra.

CONCLUSÃO.

Os sonhos eram uma maneira pela qual Deus se comunicava com os personagens da Bíblia para revelar informações e dar orientação. Hoje Deus fala principalmente através de Sua Palavra escrita, a Bíblia.

Em vez de tentar interpretar as circunstâncias, podemos agir de acordo com os princípios claros das Escrituras para nos ajudar a tomar decisões. Obediência a Deus deve ser nossa prioridade.

A visão da escada em Gênesis é uma profecia a respeito do Senhor JESUS Cristo. Jacó viu no sonho Jesus que é a porta da salvação (Jo 10.9). Jesus é Deus Conosco, por isso, Paulo afirma em 2ª Co 5.19 “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Quem vê Jesus, vê o Pai, porque o Criador veio a este mundo em carne.

A “escada” perfeita é Jesus Cristo, que foi Deus vindo à terra para salvar a humanidade. Jesus se refere a si mesmo como esta escada.

Nenhuma “religião” nos conduz ao Pai. O apóstolo Paulo deixa claro que somos feitos justos através da morte e ressurreição de Cristo e não através de nossos próprios esforços. Você está tentando subir ao céu em uma “escada” de suas próprias boas obras, tradições, dogmas e comportamento, ou está tomando a “escada” do plano de salvação de Deus, através de Seu Filho Jesus Cristo?

A escada que é Jesus Cristo, ainda está posto sobre a terra para levar-nos ao Pai. Outro caminho é atalho, somente “Jesus é o caminho a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (Jo 14.6).

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau -SC

sábado, 28 de agosto de 2021

A HISTÓRIA DE LIA NA BÍBLIA

 


Gênesis 29.21-30 “Então disse Jacó a Labão: Entregue-me a minha mulher. Cumpri o prazo previsto e quero deitar-me com ela. 22- Então Labão reuniu todo o povo daquele lugar e deu uma festa. 23- Mas quando a noite chegou, deu sua filha Lia a Jacó, e Jacó deitou-se com ela. 24- Labão também entregou sua serva Zilpa à sua filha, para que ficasse a serviço dela. 25- Quando chegou a manhã, lá estava Lia. Então Jacó disse a Labão: Que foi que você me fez? Eu não trabalhei por Raquel? Por que você me enganou? 26- Labão respondeu: Aqui não é costume entregar em casamento a filha mais nova antes da mais velha. 27- Deixe passar esta semana de núpcias e lhe daremos também a mais nova, em troca de mais sete anos de trabalho. 28- Jacó concordou. Passou aquela semana de núpcias com Lia, e Labão lhe deu sua filha Raquel por mulher. 29- Labão deu a Raquel sua serva Bila, para que ficasse a serviço dela. 30- Jacó deitou-se também com Raquel, que era a sua preferida. E trabalhou para Labão outros sete anos.”

I. LIA A FILHA MAIS VELHA DE LABÃO

1. Quem era Lia. Lia era a mais velha, e Raquel a mais nova. Lia ou Lea (em hebraico: לֵאָה), é uma matriarca bíblica, filha mais velha de Labão, sobrinha de Rebeca e irmã de Raquel. É também prima e a primeira esposa de Jacó, conforme descrito no livro bíblico de Génesis.

Sobre Lia, o texto de Gênesis 29 apenas diz que ela tinha olhos tenros ou fracos.

Raquel, (em hebraico: Rachael; רחל; Rahel ou Racael, irmã mais nova de Lea, e esposa favorita de Jacó O seu nome tem origem hebraica cujo significado é “ovelha”, é descrita como sendo formosa de porte e de semblante (17). Jacó amava profundamente Raquel, e acordou com Labão que trabalharia sete anos pelo direito de casar-se com ela (18).

2. Lia é descrita como tendo um “olhar terno”. Lea ou Léia. Seu nome vem do hebraico לאה leah, que provavelmente significa “vaca selvagem”.

No entanto, Lia, ou lea, a mesma personagem pode também ser traduzida por “cansada”. Nesse pensamento, temos que olhar então para la’ah לאה, raiz primitiva de onde deriva seu nome e que pode significar: “estar cansado, estar impaciente, estar triste, estar ofendido”.

Mas a Bíblia diz que a irmã de Raquel, Lia, cujo nome significa, era delgada e “tinha olhos meigos” (ou sem brilho). Há uma versão que diz: “Lia tinha olhos meigos, mas Raquel é descrita como tendo um belo semblante, era bonita e atraente, uma mulher formosa à vista (Gn 29.17).

O fato é que, embora as pessoas possam julgá-lo por sua aparência, Deus nunca age desta forma. Ele sabia que o tesouro Raquel estava no exterior, enquanto o de Lia no seu interior.

3. Lia foi a primeira esposa de Jacó. Ela era filha de Labão e irmã mais velha de Raquel, a segunda esposa de Jacó. Dependendo da tradução bíblica, Lia também é chamada de

3.1. Lia foi vítima de um golpe que seu pai deu em Jacó, obrigando-o trabalhar por sete anos em troca de sua irmã Raquel. Passados os sete anos, Jacó pediu a Labão que lhe desse Raquel em casamento. Então Labão deu um grande banquete e à noite entregou sua filha a Jacó. O problema foi que Labão não entregou a Jacó Raquel em casamento, mas Lia (v. 23). Isso quer dizer que o homem que tinha enganado o pai, agora havia sido enganado pelo sogro.

“...quando a noite chegou...” “...Jacó deitou-se com ela”. A escuridão ou talvez um véu pode ter ocultado a identidade de Lia.

3.2. Jacó foi tirar satisfação com seu tio e sogro. Gn 29.25,26 “E aconteceu que pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por Raquel? Por que então me enganaste? 26- E disse Labão: Não se faz assim no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita.”

“...me enganou.” Chegara a vez de Jacó, o enganador, como denunciavam seu nome: Jaco significa ele agarra o calcanhar ou ele age traiçoeiramente; e seu comportamento. Agora Jacó também foi enganado. Aquele que empregara todos os meios para granjear os benefícios do primogênito teve de receber, a contragosto, a primogênita (vs. 16, 26). [Bíblia de Estudo NVI Vida].

Pelo fato de ser noite, de a noiva estar coberta – segundo o costume da época, e de tudo ter ocorrido após um grande banquete, Jacó não percebeu que tinha desposado a mulher errada. Somente no outro dia pela manhã que ele percebeu que tinha dormido com Lia, e não com Raquel (v. 25).

Ao reclamar com Labão, ele disse a Jacó, que a primogênita deveria se casar primeiro em nome da tradição local. Ou seja, segundo a cultura da mesopotâmia a filha mais nova jamais deveria se casar antes da filha mais velha.

4. Jacó faz um novo acordo com Labão. Gn 29.27 “Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires.”

Os dois entraram em um acordo, Jacó continua com Lia e se casa com Raquel em troca de mais sete anos de trabalho nas terras de Labão. Então assim que se passou a semana das bodas de Lia, Jacó recebeu Raquel como esposa. Mas a atitude astuta e egoísta de Labão resultou em uma permanente fonte de discórdia na família de Jacó. O patriarca hebreu amava mais a Raquel do que a Lia, e isso motivou uma grande rivalidade entre as irmãs (vs. 28-30).

5. A esterilidade de Raquel. Gn 29.30-35 “E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos. Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.

Jacó amava mais Raquel do que Lia, e ficou bastante angustiado quando descobriu que Raquel era estéril (vs. 30,31). Lia, por outro lado, deu filhos a Jacó, o que causou ciúmes em Raquel.

Naquela região havia um costume de que se uma mulher de classe social elevada fosse estéril, ela poderia ter uma serva (escrava) que daria à luz filhos que seriam legalmente seus. Raquel se aproveitou de tal costume e obrigou Jacó a ter filhos de sua serva Bila (Gn 30.3).

5.1. Esposa não amada foi abençoada. Gn 29.32-5 “E concebeu Lia, e deu à luz um filho, e chamou-o Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição, por isso agora me amará o meu marido. 33- E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, e deu-me também este. E chamou-o Simeão. 34- Concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi. 35- E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz.”

Jacó amava mais Raquel do que Lia, e ficou bastante angustiado quando descobriu que Raquel era estéril (vs. 30,31). Lia, por outro lado, deu filhos a Jacó, o que causou ciúmes em Raquel.

Por meio de Lia, Deus rapidamente deu a Jacó quatro filhos, um após o outro: “Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos; Raquel, porém, era estéril” (Gn 29.31).

Após alguns anos, Raquel estava frustrada e confrontou Jacó: “Dê-me filhos ou morrerei!” (Gn 30.1). A resposta de Jacó foi dura, mas expressou uma importante verdade teológica: “Por acaso estou no lugar de Deus, que a impediu de ter filhos?” (Gn 30.2). Deus é soberano e filhos são um presente vindo dEle. Quão irônico é que cada irmã possuía o que a outra queria. Lia tinha filhos, mas não tinha o amor de seu marido. Raquel tinha o amor de seu marido, mas não tinha filhos. Por meio disso tudo, Deus estava buscando a atenção de ambas as mulheres para atraí-las a si mesmo.

II. LIA UMA MULHER DESPREZADA PELOS HOMENS, MAS HONRADA POR DEUS

Gn 29.30,31 “E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos. 31- Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.”

A Bíblia não diz absolutamente nada sobre a mãe de Lia ou qualquer outra informação anterior a chegada de Jacó em Harã. Lia apenas é descrita na Bíblia como uma mulher de olhos tenros. Já sua irmã, Raquel, é descrita como tendo um belo semblante, uma mulher formosa à vista (Gn 29.17).

Podemos ver que: 1. Raquel era amada. 2. Lia era desprezada.

1. Lia uma mulher ferida. Lia é uma personagem bíblica que sintetiza muito bem a ideia de uma pessoa ferida pelas:

Circunstâncias da vida;

Insegura;

Rejeitada pelos outros;

Infeliz no seu casamento;

Sem poder de fala;

Usada como objeto para satisfazer as vaidades dos outros;

Uma pessoa mal sucedida aos olhos dos homens.

Lia se sentiu usada por seu pai, que a vendeu;

Lia se sentia feia;

Lia se casou com um homem que não a amava.

2. Lia era desprovida de beleza. Gênesis 29.16-19 “E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o nome da menor Raquel. 17- Lia tinha olhos tenros, mas Raquel era de formoso semblante e formosa à vista. 18- E Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por Raquel, tua filha menor.19- Então disse Labão: Melhor é que eu a dê a ti, do que eu a dê a outro homem; fica comigo.”

Lia era Filha mais velha de Labão, foi a primeira esposa de Jacó, que foi obrigado a se casar com ela para conseguir a irmã de Lia, Raquel.

Lia era uma mulher linda de coração, mas não tinha nenhuma beleza exterior. A palavra hebraica traduzida por “meigos” significa “fracos” e é de difícil interpretação. Algo sobre os olhos de Lia soava negativamente.

3. Indesejada. Gn 29.23-26 “Mas quando a noite chegou, deu sua filha Lia a Jacó, e Jacó deitou-se com ela. 24- Labão também entregou sua serva Zilpa à sua filha, para que ficasse a serviço dela. 25- Quando chegou a manhã, lá estava Lia. Então Jacó disse a Labão: “Que foi que você me fez? Eu não trabalhei por Raquel? Por que você me enganou?” 26- Labão respondeu: “Aqui não é costume entregar em casamento a filha mais nova antes da mais velha.”

Uma mulher que sentiu o desprezo do pai ao ser usada em benefício dele. E esse foi só o início do seu sofrimento.

Labão não foi sábio em guiar suas filhas e em evitar a comparação entre elas. Na verdade, seu comportamento ao arranjar o casamento delas foi de um pai que achava que a única maneira de arrumar um casamento para Lia seria enganando alguém e fazendo esse alguém se casar com ela.

4. Lia foi desprezada, rejeitada por Jacó. Gênesis 29.30-31 “Jacó deitou-se também com Raquel, que era a sua preferida. E trabalhou para Labão outros sete anos. 31- Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.”

A história dela é marcada pela falta de consideração, de amor, de apreço. Seu pai a usou para ter mais dinheiro. Ao se casar, tinha um marido que não a amava. Depois, sua irmã casou-se com seu esposo e o amor dele era maior por ela (v. 30).

Apesar de gentil e meiga Jacó ainda assim desprezava Lia (v. 31). Deus se compadeceu da condição de desprezo que Lia sofria e a abençoou dando a luz a sete filhos, seis deles os fundadores das Doze Tribos de Israel.

Essa é a prova de que Deus sabia do sofrimento de Lia e a colocou em posição de vantagem em relação a Raquel. O Senhor se mostrou no controle de todas as coisas ao conceder filhos a Lia, e deixou claro que, mesmo que Jacó não a amasse, Ele a amava, cuidava e ajudava a passar pelos sofrimentos.

5. Ferida pela vida. Gn 30.14,15 “E foi Rúben nos dias da ceifa do trigo, e achou mandrágoras no campo. E trouxe-as a Lia sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Ora dá-me das mandrágoras de teu filho. 15- E ela lhe disse: É já pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás também as mandrágoras do meu filho? Então disse Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.”

Quando Léia obteve algumas mandrágoras (com essas plantas costumavam fazer um remédio que as pessoas acreditavam que ajudavam as mulheres a engravidar), Raquel as comprou com o preço de lhe dar uma noite com Jacó. A amargura de Raquel aumentou quando ela descobriu que as mandrágoras não a ajudavam. Na noite em que Lia passou com Jacó por causa do acordo com Raquel pelas mandrágoras, ela acabou concebendo seu quinto filho com Jacó, a quem chamou de Issacar (Gn 30.18). Depois, Lia concebeu outra vez e deu à luz a Zebulom. Na sequência ela ainda concebeu e deu à luz a uma filha, a quem chamou Diná (Gn 30.17).

6. Os comentários de Lia quando deu o nome a seus três primeiros filhos mostraram uma mulher faminta pelo amor de seu marido.

6.1. O nome de seu primeiro. Ela deu o nome de Rúben (que significa “ver”) ao seu primogênito, dizendo: “O Senhor viu a minha infelicidade. Agora, certamente o meu marido me amará” (Gn 29.32).

6.2. O nome de seu segundo filho foi Simeão (de “ouvir”). Lia lamentou: “Porque o Senhor ouviu que sou desprezada, deu-me também este. Pelo que o chamou Simeão” (Gn 29.33).

6.3. Ao terceiro filho ela chamou Levi (de “apegar”). Como dói o coração ler sobre o lamento de Lia: “Agora, finalmente, meu marido se apegará a mim, porque já lhe dei três filhos” (Gn 29.34).

6.4. O nome de quarto filho ela chamou de Judá (louvor). Alguma coisa mudou com a chegada do quarto filho. Deus fez um grande trabalho no coração de Lia: “Engravidou ainda outra vez e, quando deu à luz mais outro filho, disse: Desta vez louvarei ao Senhor. Assim deu-lhe o nome de Judá (de “louvor”). (Gn 29.35).

Foi como se Lia tivesse decidido: “Não deixarei que os homens, ou minhas difíceis circunstâncias, me impeçam de louvar a Deus e de desfrutar de Suas bênçãos!” Lia aprendeu aquilo que Deus está tentando ensinar a nós todos: a verdadeira alegria da vida é encontrada no Senhor somente. O casamento pode ser bom e os filhos podem ser bênçãos, mas eles não são nossa fonte extrema de realização e significado. Deus é!

Deus realizou algo grandioso em Lia, mas também fez algo grandioso através dela. Quando tudo havia sido dito e feito, Ele fez dela a mãe de seis dos filhos de Jacó, de quem vieram as doze tribos de Israel. Ela se tornou conhecida por gerações como uma das duas mulheres que, “juntas formaram as tribos de Israel” (Rt 4.11).

7. Deus também fez de Lia uma dentre os ancestrais do Messias. Os leitores de Gênesis que conhecem todo o relato bíblico se alegram por ver o papel de Judá (“louvor”), filho de Lia, como o cabeça da tribo do rei (Gn 49.10), por meio de quem veio o rei Davi e, finalmente, o “Filho de Davi”, Jesus, o Messias. Deus tem prazer em usar “as coisas loucas do mundo (...) as coisas fracas do mundo (...) insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são” para realizar Suas grandes obras, “para que ninguém se vanglorie diante dele” (1ª Co 1.27-29, NVI).

O próprio Messias “não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos” (Is 53.2, NVI). Deus tomou uma mulher que não era amada, como Lia e, em Seu amor, fez dela a mãe da linhagem messiânica. Como Lia, você pode ter satisfeitos, em Deus, seus verdadeiros desejos, pois Ele é o Deus que ama você e que lhe deu Jesus, para ir à cruz e, assim, levar você ao Seu Pai. Entregue seus desejos a Deus e veja o que Ele fará em você e através de você.

8. A Inveja de Raquel. Sua irmã, Raquel, mesmo sendo amada e favorita, não se porta da mesma forma. Lia buscou respostas em Deus, o Supremo. Raquel buscou-as em Jacó e se frustrou. Então, ela cede ao antigo estratagema (que já dera problemas com Abraão e Sara!) e arranja uma concubina. O texto não fala sequer uma vez que Raquel orou a Deus por seu propósito. Mas reforça que ela queria os filhos para competir com a irmã (Gn 30.8), enquanto a intenção de Lia era alcançar um lugar no coração do marido (Gn 29.34). Por conta da inveja de Raquel por não poder gerar, a mesma entregou a Jacó sua serva Bila que lhe concedeu filhos e em seguida Lia também tomou sua serva Zilpa e deu por mulher a Jacó e esta também gerou. Diante desses nascimentos Lia declarou quando Zilpa gerou Gade: “Bem aventurada eu sou” (Gn 30.11) e quando Zilpa gerou Aser: “Eis que estou realizada, porquanto todas as mulheres dirão que sou muito feliz” (Gn 30.13). Assim, enquanto essa busca prosseguia, a casa se encheu de crianças. Mas esse trecho nos fala dos perigos da motivação inadequada. Por conta disso, Raquel veio a falecer de uma gravidez de alto risco, algo muito comum naquele tempo. Ponha diante de Deus suas intenções e peça ao Senhor sabedoria. Às vezes, queremos mais do que temos e nosso pecado da ganância pode colocar nossa vida e até nossa alma em risco, nossos valores, a totalidade do nosso ser. Foi o que aconteceu com Raquel.

9. Um lugar de honra Deus abençoou Lia de tal maneira que seus filhos foram fundadores de seis tribos das 12 de Israel! Nada mal para uma “perdedora”.

Diz a Palavra de Deus que se nossos olhos forem bons, todo o nosso corpo será luminoso (Mt 6.22). Esta é uma verdade na história de Lia. Seu olhar de doçura frente à dureza da vida lhe deu espaço privilegiado. Ela se tornou mãe de uma grande nação. Foi da tribo de Judá, um de seus filhos, que veio Jesus Cristo, o salvador do mundo.

10. A morte de Lia. Raquel morreu antes de Lia, a qual foi sepultada no caminho de Belém.

A Lia faleceu antes de Jacó e foi enterrada numa gruta que estava no campo de Efrom, o hitita, na caverna do campo de Macpela, perto de Manre, em Canaã, campo que Abraão comprou de Efrom, o hitita, como propriedade para sepultura familiar.

Mas quando Jacó morre, ele pede para ser enterrado na sepultura de seus pais, onde estavam Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia (Gn 49.29-31). Esse cuidado de Jacó em contar isso revela que Lia, finalmente, encontrara seu lugar no seio daquela família. De fato, talvez Jacó amasse mais a Raquel do que a Lia, mas ele também amava a Lia. Era apenas o que ela queria e sua postura de justiça, doçura e firmeza lhe garantiu.

O fato é que, embora as pessoas possam julgá-lo por sua aparência, Deus nunca age desta forma. Ele sabia que o tesouro Raquel estava no exterior, enquanto o de Lia no seu interior.

CONCLUSÃO

Deus honrou Lia. Aprenda isto: antes do início do mundo, Deus o escolheu para um determinado propósito. Embora seu marido Jacó não a notasse, Lia já tinha um grande papel no plano de Deus. A Bíblia diz, “Vendo o Senhor que Lia era desprezada, fê-la fecunda; ao passo que Raquel era estéril” (Gn 29.31 ARA).

Mesmo diminuída pelo marido, ela era engrandecida por Deus dentro da sua casa a cada vez que tinha um filho: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Isaacar, Zebulom e Diná.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

sábado, 21 de agosto de 2021

OS FILHOS DE JACÓ E AS TRIBOS DE ISRAEL

 


I. OS FILHOS DE JACÓ E AS TRIBOS DE ISRAEL

Os nomes dos filhos de Jacó foram baseados primariamente nos sons das palavras ou frases e não no significado literal direto.

1. Os filhos de Jacó nasceram de quatro mulheres diferentes. Duas delas eram esposas oficiais do patriarca: Lia e Raquel. As outras duas eram servas de suas duas esposas. Conforme um costume que havia naquele tempo na Mesopotâmia, uma esposa podia oferecer a seu marido sua serva pessoal com o objetivo de gerar um filho que legalmente seria considerado seu.

Embora Lia fosse a esposa desprezada, foi ela quem deu a Jacó a maior parte de seus filhos. Os filhos de Jacó com Lia foram: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom e Diná, a única filha de Jacó (Gn 29.31-35; 30.17-20; 34.1).

2. Os filhos de Bila. Raquel era estéril, e durante muito tempo sofreu o drama de não poder ser mãe. Na ansiedade de poder dar filhos a seu marido, Raquel pediu que Jacó se deitasse com Bila, sua serva pessoal. Dessa forma, os filhos de Jacó nascidos através de Bila seriam considerados seus filhos legais. Foi assim que nasceram Dã e Neftali (Gn 30.1-8).

3. Os filhos de Zilpa. Nesse tempo Lia já tinha parado de gerar filhos de Jacó. Então vendo o que Raquel havia feito, ela também ofereceu a Jacó sua serva pessoa, Zilpa. Então os filhos de Jacó nascidos através de Zilpa foram Gade e Aser (Gn 30.9-13). Mas depois disso Lia novamente voltou a engravidar, e assim nasceram Issacar, Zebulom e Diná (Gn 30.17-21).

4. Os filhos de Raquel. Finalmente Raquel conseguiu engravidar. A Bíblia diz que Deus se lembrou de Raquel, ouviu sua oração e abriu sua madre. Então Raquel deu à luz a José, o mesmo que mais tarde se tornou governador do Egito (Gn 30.22-25).

Todos esses filhos de Jacó nasceram enquanto Jacó ainda estava morando em Padã-Harã, nas terras de Labão. Mas Jacó resolveu voltar à terra de seus pais em Canaã. Nesse tempo Raquel engravidou mais uma vez. Ela teve um parto difícil e acabou não sobrevivendo ao dar à luz a Benjamim (Gn 35.16-21).

Queremos lembrar os nomes dos 12 filhos de Jacó, porque deles descendeu toda a nação de Israel. De fato, as 12 tribos de Israel levam os nomes de 10 filhos de Jacó e de dois filhos de José. Isaque viveu ainda muito depois do nascimento desses meninos, e deve ter ficado feliz com tantos netos. Mas vejamos o que aconteceu com sua neta Diná.

Sobre as outras filhas de Jacó, nada sabemos; nem mesmo seus nomes (cf. Gn 37.35; 46.7). Isso é natural, pois a narrativa bíblica prioriza o registro daquelas pessoas que tiveram alguma relevância para a história que estava sendo contada.

II. OS NOMES DOS FILHOS DE JACÓ E O SIGNIFICADO DOS NOMES

A rivalidade das esposas de Jacó fica evidente na ocasião do nascimento de cada um dos filhos do patriarca. O nome que cada um deles recebeu teve a ver com o drama e a disputa entre as duas mulheres. Vejamos:

1. Rúben, filho de Lia. “O Senhor atendeu à minha aflição. Por isso, agora me amará meu marido” (Gn 29.32). O verbo olhar é creditado para o testemunho de Léia. A esperança de seu marido ter o verdadeiro amor por ela não foi concretizada.

2. Simeão, filho de Lia. “Soube o Senhor que era preterida e me deu mais este” (Gn 29.33).

3. Levi filho, de Lia. “Agora, desta vez, se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos” (Gn 29.34).

4. Judá, filho de Lia. “Esta vez louvarei o Senhor” (Gn 29.35).

4.5. Dã, filho de Bila, serva de Raquel. “Deus me julgou, e também me ouviu a voz, e me deu um filho” (Gn 30.6).

5. Naftali, filho e Bila, serva de Raquel. “Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e logrei prevalecer” (Gn 30.8).

6. Gade, filho de Zilpa, serva de Lia. “Afortunada!” (Gn 30.11).

7. Aser, filho de Zilpa, serva de Lia. “É a minha felicidade! Porque as filhas me terão por venturosa” (Gn 30.13).

8. Issacar, filho de Lia. “Deus me recompensou, porque dei a minha serva a meu marido” (Gn 30.18).

9. Zebulom, filho de Lia. “Deus me concedeu excelente dote; desta vez permanecerá comigo meu marido, porque lhe dei seis filhos” (Gn 30.20).

10. José, filho de Raquel. “Deus me tirou o meu vexame… Dê-me o Senhor ainda outro filho” (Gn 30.23,24).

11. Benjamim. O nome Benjamim deriva do hebraico Benyamin, junção das palavras ben que significa “filho”, e yamin, que significa “filho da felicidade”, “filho da mão direita”, “o bem-amado”.

III. OS FILHOS DE JACÓ E AS TRIBOS DE ISRAEL

É muito importante saber sobre os filhos de Jacó para uma melhor compreensão da história bíblica. Os filhos de Jacó deram origem às tribos que formaram a nação de Israel. Dez, dos doze filhos de Jacó, deram nomes a tribos: Rúben, Simeão, Judá, Dã, Neftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom e Benjamim.

Levi e José tiveram um tratamento diferente. A tribo de Levi não participou da divisão territorial da Terra Prometida; mas foi separada para o serviço do Senhor. Por isso que todos os sacerdotes e levitas pertenciam a essa tribo que não foi contada entre as doze.

O capítulo 30 do livro de Gênesis descreve José foi o décimo primeiro filho de Jacó, e o primeiro com sua esposa que mais amava, Raquel.

O nome “José” vem do hebraico Yosep e significa “que Ele (Deus) acrescente (filhos)”, ou “possa Ele acrescentar”. Tal significado fica esclarecido em Gênesis 30.24. Popularmente, José, filho de Jacó, ficou conhecido como “José do Egito”. É claro que essa designação se dá por conta do modo com que Deus o exaltou entre os egípcios.

Quanto a José, ele acabou recebendo uma porção dobrada da bênção patriarcal e seus dois filhos tornaram-se líderes tribais. Assim, Manassés e Efraim, filhos de José e netos de Jacó, completaram as doze tribos de Israel.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC