Mateus 13.58 “E não fez ali muitos
milagres, por causa da incredulidade deles”.
A Natureza do Miraculoso.
Visto que o termo milagre é
popularmente aplicado a ocasiões incomuns, até mesmo por aqueles que professam
não acreditar no sobrenatural, nem sempre é fácil atribuir o verdadeiro
significado bíblico à palavra. É provável que a definição mais simples seja. “Uma
interferência na natureza por um poder sobrenatural” (C.S Lewis, Miracles,
p.15). Uma definição de Machen também é útil. “Um milagre é um evento no mundo
exterior, que é trabalhado pelo poder imediato de Deus” (J. Gresham Machen, The
Christian View of Man, p.117). Com isto ele quer dizer que uma obra Divina
é milagrosa quando Deus “não usa meios, mas utiliza o seu poder criativo, como
o utilizou quando fez todas as coisas a partir do nada” (loc. cit.). Em
outras palavras, um milagre acontece quando Deus dá um passo para fazer algo
além do que poderia ser realizado de acordo com as leis da natureza, do modo
como a entendemos, e que na verdade pode estar em desacordo com elas e ser até
uma violação delas. Além disso, um milagre está além da capacidade intelectual
ou científica do homem.
Termos Gregos.
Quatro palavras gregas aparecem
nos Evangelhos para descrever as obras sobrenaturais do Senhor Jesus. teras
(traduzido como “maravilha”) fala do seu caráter extraordinário; sēmeion
(“sinal”) simboliza a verdade Celestial e indica a imediata conexão com um
mundo espiritual mais elevado; dynamis (“poder”) descreve um exercício
de poder Divino e demonstra o fato de que forças superiores penetraram e estão
trabalhando neste nosso mundo inferior; ergon (“trabalho”) se refere aos
feitos miraculosos que Cristo veio realizar. Os primeiros três desses termos
estão reunidos em Atos 2.22. “A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre
vós com maravilhas [ou milagres, dynamesi], prodígios [terasi] e
sinais [sēmeiois], que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos
bem sabeis” (veja W. Graham Scroggie, A Guide to the Gospels,
pp.203-204).
O Propósito dos Milagres.
Alguns tendem a ver os milagres
como eventos isolados na vida dos profetas ou do Senhor Jesus Cristo.
Presumivelmente, o desespero medonho de uma pessoa, a seriedade de uma
situação, ou a iniciativa de Elias ditaram se um milagre deveria ou não ser
realizado. Mas os milagres não estão espalhados em uma confusão geral ao longo
da Bíblia Sagrada. Eles estão caracterizados em quatro períodos na história
bíblica: os dias de Moisés e Josué, Eliseu e Elias, de Daniel, da igreja
primitiva, e do próprio Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em cada caso, os
milagres serviram para dar crédito à mensagem e ao mensageiro de Deus, em
ligações importantes no desenvolvimento da tradição judaico-cristã. Eles também
preservaram a verdade de Deus da extinção.
a) Moisés. Moisés era um
estranho ao seu povo e precisava de alguns meios para demonstrar que havia sido
enviado por Deus para guiá-los, tirando-os da escravidão. Além disso, ele
precisava de uma forma de persuadir Faraó a libertar os israelitas
escravizados. E é claro, uma vez que Deus guiou os israelitas para fora do
Egito, Ele tinha que exercer um poder miraculoso para passar com milhões deles
pelo deserto até Canaã.
b) Eliseu. Eliseu e Elias
ministraram a Israel em uma época em que a adoração ao bezerro e a Baal
ameaçavam exterminar a fé no Deus verdadeiro. Atos milagrosos mostraram que a
mensagem dos profetas era verdadeira e digna de crédito, e que o Deus deles era
o único Deus verdadeiro. Este fato fica especialmente claro no confronto entre
Elias e os profetas de Baal no Monte Carmelo.
c) Daniel. Daniel e seus
associados foram impulsionados às posições de liderança, no dia em que o templo
e o poder político judeu foram destruídos, e quando uma grande porcentagem de
membros e líderes da comunidade hebraica foi exilada da sua terra natal. Muitas
questões devem ter passado pela mente dos exilados. Deus não existe mais? Ele
estava sempre com eles? Os assírios e babilônios estavam certos quando
zombavam, dizendo que o deus deles era mais poderoso do que o Deus dos hebreus?
O Deus hebreu era um Deus local capaz de proteger seus adoradores apenas na
Palestina? Será que Deus ainda tinha poder, agora que o seu templo estava
destruído, e não tinha mais aonde habitar? Daniel e seus associados estavam
enganados em sua visão a respeito de Deus e de seu poder? Os milagres
realizados na Babilônia responderam várias vezes a todas essas perguntas. O
Deus Celestial era o único verdadeiro, universal em seu poder e amoroso em sua
terna supervisão para com os seus. Ele honrou o testemunho dos seus servos
fiéis; mostrou que a imagem de Nabucodonozor não era nada quando comparada ao seu
poder; Ele abateu Belsazar no exato momento em que este ousou profanar as
vestes sagradas do templo e ridicularizar a Divindade judaica. Um povo tirado
da sua terra natal e de seus padrões normais de adoração precisava de tal
demonstração de poder para suportar os seus dias de cativeiro. O fato dos
hebreus não se assemelharem à população mesopotâmia, mas manterem a sua
nacionalidade distinta, por si só é um milagre. É ainda mais notável que tantos
que vieram à Mespotâmia como prisioneiros de guerra e escravos, tenham se
tornado proeminentes na sociedade babilônia e persa. Descobertas arqueológicas
atestam este fato de uma forma incrível.
d) Jesus. Durante o
ministério terreno de Jesus, Ele usou os milagres para demonstrar a sua
Divindade, para provar que era o Enviado de Deus, para sustentar o seu
Messianato, para ministrar com compaixão às multidões necessitadas, para guiar
seus seguidores à fé salvadora, para evidenciar um renascimento espiritual
interior (como no caso da cura do paralítico, Mc 2.10,11), e como um auxílio na
instrução e preparação de seus discípulos para o ministério que eles estavam
prestes a desempenhar (por exemplo, Mc 8.16-21). E também está claro que os
milagres da encarnação, ressurreição e ascenção são parte integrante da
provisão Divina da salvação para a humanidade.
Depois que o Senhor Jesus Cristo
ascendeu ao Céu, os seus discípulos começaram a pregar em seu Nome, interpretando
os acontecimentos de sua vida e especialmente de sua morte, escrevendo aos seus
convertidos mensagens que traziam em si a autoridade do Espírito Santo.
Então a questão da comprovação
(ou da autenticação) surgiu mais uma vez. Eles eram verdadeiros mensageiros de
Deus, interpretando corretamente a mensagem e a obra de seu Filho? Os seus
pronunciamentos deveriam ser tratados como se fossem inspirados? Os milagres
ajudaram a responder estas perguntas de forma afirmativa.
A Plausibilidade dos Milagres
O homem que vive na época da
ciência tem dificuldade de aceitar os milagres. Desde o início da nossa época
de escola, ficamos impressionados com a lei natural - com a constância ou
uniformidade das operações do universo. Quando crescemos e começamos a
desenvolver um mundo e uma visão da vida por nós mesmos, um conflito surge
entre este ponto de vista sobre a natureza e o sobrenatural. Como podemos
resolver esta questão? Podemos aceitar os milagres?
O fundamento para a solução de
qualquer problema desta natureza é uma visão adequada de Deus. Uma forma de
começar a chegar a este conceito é através de argumentos filosóficos para a
existência e a natureza de Deus.
a) Argumento Ontológico.
O primeiro deles é o argumento ontológico, aquele que simplesmente
afirma e argumenta que o homem tem dentro de si a ideia de um ser perfeito. Se
este ser é perfeito, ele deve existir porque a perfeição inclui
existência.
Alguns filósofos alegam que é
impossível discutir a existência real a partir de um pensamento abstrato; mas
Hegel, dentre outros, sentiu que o ontológico era o argumento supremo para a
existência de Deus.
b) Argumento Moral. Kant,
por outro lado, acreditava que o argumento moral era o mais importante.
Começando com o “deve” ou com um imperativo categórico no homem, ele defendia a
existência de um ser que tinha o direito absoluto de comandar o homem - um
legislador e juiz. Outros expressam este argumento de forma diferente, e
sustentam que a ampla divergência entre a conduta do homem e sua presente
prosperidade requer um acerto de contas no futuro, o que por sua vez requer um
juiz absolutamente justo. Contudo, alguns que utilizam o argumento moral
enfatizam que a alma ou o espírito religioso no homem exige um objeto pessoal
que seja infinito, ético e que possa ser conhecido.
c) Argumento Cosmológico.
Um terceiro argumento é chamado cosmológico ou argumento da casualidade.
Cada parte do universo é dependente de algo. Nem mesmo o universo é eterno, mas
é um acontecimento, e por isso deve ter uma causa.
O argumento retorna através da
relação de causa e efeito à causa que não foi induzida, e Àquele que é
auto-existente. Ao pensarmos na causa do universo, concluímos que: (1) seja
qual for a sua causa, o universo é algo real; (2) o próprio universo é uma
grande causa que pode ser infinita; (3) esta causa deve ser livre ou
autodeterminada; (4) deve ser uma causa única ou unificada; se existissem
muitos deuses, eles estariam necessariamente trabalhando juntos.
d) Argumento Teológico.
Um quarto argumento é o teológico. Há uma ordem, um ajuste, e um projeto
visível em todos os lugares no universo. Existe a evidência de um projetista do
universo. A partir deste argumento, podemos concluir que: (1) este Criador deve
ter um grande poder; (2) Ele deve ter grande inteligência; (3) a partir de uma
inteligência tão grande, podemos concluir que este Glorioso Ser possui a sua
personalidade e autoconsciência.
Através de uma cuidadosa
consideração, podemos ir mais além nestes argumentos teístas chegando a uma
possibilidade, a uma probabilidade, e até mesmo a uma alta probabilidade de um
teísmo total: uma crença em um
Deus pessoal, sobrenatural, e onipotente. Embora possamos
chegar a certezas morais, não poderíamos chegar à verdadeira certeza
intelectual sem restar nenhuma dúvida intelectual por parte do indivíduo. A
certeza intelectual a respeito de um Deus pessoal e ético só pode ser alcançada
através dos fatos da revelação cristã, e, de forma conclusiva, apenas através
de uma experiência interior com Deus. Não é razoável concluir que o onipotente
projetista do universo não teria poder para revelar a si mesmo, ou que não
teria interesse em se revelar às suas criaturas (isto é, através da Palavra
escrita, a Palavra Viva).
Uma vez que admitimos a
existência de Deus, não podemos negar a sua atividade sobrenatural no universo,
no tempo e no espaço. Boettner comenta. “Se a oposição ao sobrenatural for realizada
de forma consistente, ela não pode apenas negar os milagres, mas deve levar a
pessoa diretamente ao agnosticismo ou ao ateísmo. A pior e mais acentuada
inconsistência para o modernista é admitir a existência de Deus e, contudo,
negar os milagres registrados nas Escrituras, por considerar que estes se opõem
à lei natural. Uma pequena reflexão deveria convencer qualquer um de que uma
concepção teística do universo como um todo coloca em risco a crença nos
milagres” (Loraine Boettner. Studies
in Theology, p.
53).
Porém muitos encontram pouca ou
nenhuma ajuda nos argumentos teístas para o estabelecimento dos milagres. Então
considere uma outra abordagem. olhe as próprias leis da natureza. O que elas
são? Será que elas impedem a possibilidade dos milagres? Quanto ao caráter das
leis da natureza, Boettner observa. “Elas não são por si só forças na natureza,
mas simplesmente declarações gerais do modo como estas forças atuam, de maneira
que possamos ser capazes de observá-las. Elas não são forças que governam toda
a natureza forçando a obediência, mas sim meras abstrações sem uma existência
concreta no mundo real” (ibid., p. 61).
Nesse mesmo ponto, C. S Lewis
conclui. “Temos o hábito de falar como se as leis da natureza induzissem os
acontecimentos; mas estes nunca foram induzidos... E estas leis não induzem;
elas ditam o padrão a que cada acontecimento – se é isto que está sendo
considerado como indução - deve se adequar, assim como as regras da aritmética
definem o padrão a que todas as transações com dinheiro devem se adequar – se
houver algum dinheiro. Assim, por um lado, as leis da natureza cobrem todo o
campo do tempo e do espaço; e, por outro, o que elas deixam de fora é
precisamente o universo real e inteiro - uma torrente incessante de eventos que
fazem a verdadeira história. Isto deve vir de algum outro lugar. Pensar que as
leis podem produzir, é como pensar que você pode criar dinheiro verdadeiro
apenas fazendo contas” (Lewis, op. cit., p. 71).
Então deve ficar claro que as
leis da natureza são meramente observações da uniformidade ou da constância na
natureza. Elas não são forças que dão início à ação. Elas simplesmente
descrevem a forma como a natureza se comporta – quando o seu curso não é
afetado por um poder superior. No plano humano, observamos uma constante
introdução de novos fatores ou forças para interferirem no curso normal da
natureza. É contrário às leis da natureza, imensos navios de aço flutuarem, ou
aeronaves pesando toneladas voarem. Outros fatores têm sido introduzidos. De
acordo com as leis da natureza, produtos químicos misturados em certas
quantidades produzirão um composto benéfico para o homem. Se outra força, como
o calor ou outro produto químico for introduzido, o resultado pode ser uma
explosão ou um veneno mortal.
O homem está constantemente
realizando “milagres” à medida que interfere na natureza. Milhares de suas
invenções aparentemente violam as leis da natureza. Será que Deus é menos do
que o homem? Lewis chegou a uma boa conclusão. “Quanto mais certos estivermos
da lei, mais claramente saberemos que se novos fatores forem introduzidos, o
resultado variará. O que não sabemos, como cientistas, é se o poder
sobrenatural pode ser um desses fatores... O milagre é, sob o ponto de vista do
cientista, uma forma de tratar, e até mesmo de falsificar (como alguns
preferem), ou mesmo de trapacear. Ele introduz um novo fator na situação, ou
seja, a força sobrenatural que o cientista não tinha avaliado” (ibid.,
pp. 70-71).
Não precisaria haver um conflito
básico entre ciência e religião. “A ciência... para a maioria agora, mostrou
claramente que procurar descrever uma ordem na natureza não implica em
negar um fundamento da natureza” (C. J. Wright, Miracle in History and in
Modern Thought, p. 178). Há uma tendência crescente de se reconhecer que a
ciência é uma coisa e a religião é outra. A ciência procura descrever o
fenômeno e desenvolver novas invenções no mundo físico. Ela tenta responder à
pergunta “Como?” A religião procura descrever o fenômeno e ampliar os
horizontes no mundo espiritual. Ela busca as razões que estão por trás do
fenômeno. Ela se esforça para responder à pergunta “Por quê? A ciência e a
religião podem se harmonizar através de uma abordagem inteligente do problema.
Fica claro que uma harmonização é possível pelo fato de muitos cientistas
proeminentes em nossos dias serem totalmente sobrenaturalistas – crentes em milagres. A
dificuldade vem quando os homens “agem sob a hipótese de que os milagres são
algo impossível de acontecer”. Assim, uma visão ateísta de mundo se torna o
critério da história. Ao invés de examinar o mundo para obter uma visão de
mundo, os incrédulos usam as suas visões de mundo para tentar construir a
história do mundo, e a história que eles construíram é autocontraditória”
(Gordon H. Clark, “The Ressurrection”, Christianity Today, 15 de abril
de 1957, p. 19).
Uma defesa dos milagres no final
do séc. XX requer um entendimento da opinião e do pensamento moderno. Por algum
tempo houve uma tendência de abandonar a posição extrema de uma negação dos
milagres. Na virada do século, Adolf Harnack, um grande liberal, escreveu.
“Muito do que foi rejeitado anteriormente tem sido re-estabelecido sob uma
investigação mais profunda, e à luz da experiência geral. Quem hoje, por
exemplo, poderia desprezar ou escrever apenas resumidamente a respeito da obra
de curas miraculosas como aquelas que são descritas nos Evangelhos, como faziam
os eruditos de antigamente?” (Adolf
Harnack, Christianity and History, p. 63). Desde a sua época,
estabeleceu-se uma tendência ainda maior nessa direção. O antigo liberalismo
não tinha uma mensagem para o mundo que estava convulsionado e chocado devido a
duas guerras mundiais, a corrida das armas nucleares, as guerras frias e
quentes entre o Ocidente e o Oriente, os constantes conflitos no Oriente Médio,
e os desafios da era espacial. Gradualmente, os baluartes do antigo liberalismo
desmoronaram diante dos mundos em colisão, e dos ataques da neo-ortodoxia ou do
neo-supernaturalismo. A lei da relatividade de Einstein, e outros fatores,
modificaram o antigo conceito Newtoniano do universo, e outras variáveis foram
introduzidas, o que abriu a porta para um retorno à posição conservadora sobre
os milagres.
Isto não significa que o mundo
esteja sendo convertido a um cristianismo conservador, mas que a crença em
milagres tem sido muito mais intelectualmente respeitada do que costumava ser.
Podemos então concluir que uma crença nos milagres não é apenas plausível nos
nossos dias, mas que é a única esperança para uma humanidade presa no
redemoinho do poder político e de uma iminente guerra atômica. Sem o elemento
miraculoso, o cristianismo não teria uma mensagem e nem um consolo para a nossa
era. Um Jesus que é simplesmente um mártir da verdade, um príncipe dos
filantropos, um modelo de professores éticos, não poderia apresentar aos homens
mais do que um idealismo conhecido e desgastado. A única resposta para os mares
agitados da vida é um Salvador que possa dizer, “Cala-te, aquieta-te” (Mc
4.39). A única esperança para a vitória sobre o poder de Satanás, é Aquele que
os demônios reconhecem e obedecem. A única esperança para o corpo nesta vida e
na próxima reside naquele que é o Senhor da vida e da morte. A única esperança
para a alma descansa naquele que morreu pelos nossos pecados, ressuscitou e
ainda vive para interceder por nós.
Sugestões Para o Estudo dos Milagres
Muitas vezes, não se dá a devida
atenção aos milagres, e assim estes são facilmente considerados um fenômeno
interessante e dramático. Porém uma investigação cuidadosa dos milagres proverá
informações verdadeiramente valiosas para o estudante da Bíblia, e contribuirá
para o aumento de seu conhecimento da metodologia de estudo da bíblia. A seguir
estão algumas maneiras de abordar os milagres.
1. Classifique os milagres. Por exemplo, eles podem estar
organizados de acordo com a demonstração de poder sobre. a natureza, os
demônios, as enfermidades, ou as deformidades físicas.
2. Estude-os como uma ferramenta de ensino. Que ponto o realizador
do milagre tentava atingir através do milagre?
3. Observe o valor apologético dos milagres; por exemplo,
considere-os como uma evidência da Divindade de Cristo. Reconheça o fato de
que, em todos os exemplos, as maravilhas que Jesus realizou eram humanamente
impossíveis.
4. Veja o que eles revelam sobre a pessoa do realizador do milagre.
Alguns fatos bastante perceptíveis através dos milagres de Cristo são: seu
poder, compaixão, amor, atitude em relação ao judaísmo, ao governo, e o
respeito pelas pessoas.
5. Observe o método ou procedimento obedecido na realização dos
milagres. Jesus falou com as três pessoas que Ele ressuscitou. Ele tocou
um leproso, e aplicou lodo aos olhos de um cego.
6. Veja o que eles revelam sobre a pessoa pela qual o milagre é
realizado. O que eles falam sobre a sua posição social, econômica, sob o seu
ponto de vista religioso e a sua gratidão? Que efeito o milagre exerce sobre a
vida psicológica e espiritual desta pessoa?
7. Observe as necessidades relativas daqueles que foram
beneficiados pelos milagres.
8. Visualize o drama do momento. Desenvolva uma imaginação
santificada. Por exemplo, imagine Jairo profundamente ansioso e até mesmo
nervoso e inquieto, enquanto o Senhor Jesus, depois do seu pedido, se volta
para a mulher que tocou na orla das suas vestes, para tratar de sua hemorragia.
Talvez tenha passado pela mente de Jairo um breve pensamento de que, se o
Senhor Jesus tivesse se apressado, a sua filha não teria morrido.
A Questão dos Milagres Hoje
Sempre se levanta a questão se a
igreja moderna pode desfrutar do mesmo poder de realizar milagres como ocorria
no início do NT. Deve-se considerar que Deus é onipotente e pode capacitar os
seus para realizar milagres hoje. Apesar de estar claro pela história que Deus
parou de operar através de “sinais” no final do NT, os milagres continuam acontecendo.
Ocorrências bem comprovadas de curas milagrosas aconteceram e continuam
acontecendo em nossos dias. Entre o povo das tribos, estes milagres serviram
para comprovar a mensagem e o mensageiro, em sua primeira apresentação do
Evangelho. Naquelas mesmas tribos os milagres aparentemente não ocorreram com
tanta frequência depois que a igreja se estabeleceu. Isto não significa que os
milagres não ocorreram ou não ocorrerão sob outras condições.
O dom de realizar certos tipos de
milagres está sempre relacionado à condição espiritual da igreja, e é
confirmado que se a igreja dos nossos dias fosse mais espiritual, ela poderia
exercer os dons como fez a igreja do primeiro século. Veja, entretanto, que a
igreja de Corinto estava exercendo os preciosos dons, mesmo vivendo em uma
condição carnal. Além disso, 1 Coríntios 12 deixa claro que nem todos recebem
do precioso Espírito os mesmos dons, mas são dados dons variados aos diferentes
membros do Corpo de Cristo. Aparentemente, os dons são concedidos de acordo com
a soberana vontade de Deus, e não necessariamente de acordo com a
espiritualidade do vaso (veja Dons Espirituais). Deve-se lembrar que
alguns dos homens mais espirituais na Bíblia Sagrada - como, por exemplo,
Abraão e João Batista (que foi cheio do Espírito desde o ventre materno) - não
realizaram milagres. E o apóstolo Paulo nem sempre realizou milagres; lembre-se
de que ele deixou Trófimo doente em Mileto.
Fica claro pelas Escrituras, que
a realização dos milagres apostólicos em geral está relacionada a um programa
ou cronograma Divino. Pode muito bem ser que alguma outra grande manifestação
de milagres ocorra nos últimos dias antes da volta de Cristo. No Sermão do
Monte das Oliveiras, o Senhor Jesus Cristo profetizou que falsos profetas e
cristos realizariam milagres, e seriam tão astutos que, se fosse possível,
enganariam até os próprios escolhidos (Mt 24.24). Outras indicações semelhantes
podem ser encontradas em 2 Tessalonicenses 2.9 e Apocalipse 13.12-15 (cf Mt
7.21-23). Se no plano de Deus as falsas operações de milagres deverão ser
neutralizadas, podemos presumir que Deus permitirá aos crentes uma nova
demonstração apostólica de sinais Divinos e maravilhas com esta finalidade
específica.
Jamais nos esqueçamos de que o
Senhor é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e assim busquemos, recebamos e
desfrutemos os seus milagres hoje.
Fontes Não cristãs de Poder para Operar Milagres
Já observamos que, no final dos
tempos, os milagres serão realizados pelo poder demoníaco. Podemos presumir que
o trabalho de Simão, o mágico; e Elimas, o encantador, deveriam ser
classificados na mesma categoria (At 8.9-24; 13.6-12), assim como no caso dos
mágicos egípcios que competiram com Moisés (Êx 7–8). Para uma discussão sobre
esse assunto veja a obra de M F. Unger, Biblical Demonology.
Os Milagres Bíblicos
Os milagres realizados por Moisés
e Josué podem ser facilmente encontrados e estudados nos capítulos iniciais de
Êxodo, nos capítulos subsequentes do Pentateuco e no livro de Josué. O trabalho
maravilhoso de Elias é descrito em 1º Reis 17 – 2º Reis 2, e o de Eliseu em 2º
Reis 2–8. Os milagres do período de Daniel estão registrados em sua profecia.
Visto que os milagres de nosso
Senhor estão relatados ao longo dos quatro Evangelhos, e que alguns milagres
são mencionados em mais de um Evangelho, pode ser útil obter uma única lista
completa. Os milagres realizados pelos líderes da igreja primitiva podem ser
encontrados no livro de Atos, a partir do capítulo 3.
Os Evangelhos registram 35
milagres separados realizados por Cristo; entre estes, Mateus cita 20; Marcos
18; Lucas 20; e João 7. Não se deve concluir, entretanto, que o Senhor só
realizou estes milagres. Mateus, por exemplo, relembra 12 ocasiões em que o
Senhor Jesus realizou várias maravilhas (4.23-24; 8.16; 9.35; 10.1,8; 11.4,5;
11.20-24; 12.15; 14.14; 14.36; 15.30; 19.2; 21.14). Obviamente os escritores
dos Evangelhos simplesmente escolheram os milagres de acordo com o seu
objetivo, dentre os inúmeros que foram realizados pelo Senhor Jesus. Há muitas
formas de organizar os milagres individuais registrados nos Evangelhos,
dependendo do propósito do comentarista. Pode ser de grande valia enumerá-los
em sua ordem de ocorrência, tanto quanto for possível.
1. A transformação da água
em vinho (Jo 2.1-11)
2. A cura do filho de um nobre
em Caná (Jo 4.46-54)
3. A cura um paralítico no
tanque de Betesda (Jo 5.1-9)
4. A primeira pesca miraculosa
(Lc 5.1-11)
5. A libertação de um
endemoninhado na sinagoga (Mc 1.23-28; Lc 4.31-36)
6. A cura da sogra de Pedro
(Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39)
7. A purificação de um leproso
(Mt 8.2-4; Mc 1.40-45; Lc 5.12-16)
8. A cura de um paralítico (Mt
9.2-8; Mc 2.3-12; Lc 5.18-26)
9. A cura de um homem que
tinha uma das mãos mirrada (Mt 12.9-13; Mc 3.1-5; Lc 6.6-10)
10. A cura do servo do
centurião (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10)
11. Jesus ressuscita o filho de
uma viúva (Lc 7.11-15)
12. A cura de um
endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22; Lc 11.14)
13. Jesus acalma uma tempestade
(Mt 8.18,23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25)
14. A libertação de um
endemoninhado gadareno (Mt 8.28-34; Mc 5.1-20; Lc 8.26-39)
15. A cura da mulher que
tinha um fluxo de sangue (Mt 9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48)
16.J esus ressuscita a filha de
Jairo (Mt 9.18,19,23-26; Mc 5.22-24,35-43; Lc 8.41,42,49-56)
17. A cura de dois cegos (Mt
9.27-31)
18. A libertação de um mudo
(Mt 9.32,33)
19. Jesus alimenta mais de 5 mil
pessoas (Mt 14.14-21; Mc 6.34-44; Lc 9.12-17; Jo 6.5-13)
20. Jesus anda sobre as águas (Mt
14.24-33; Mc 6.45-52; Jo 6.16-21)
21. Jesus expulsa o demônio da
filha de uma mulher siro-fenícia (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30)
22. A cura de um surdo-mudo
em Decápolis (Mc 7.31-37)
23. Jesus alimenta mais de 4 mil
pessoas (Mt 15.32-39; Mc 8.1-9)
24. A cura de um cego em
Betsaida (Mc 8.22-26)
25. A libertação de um garoto
(Mt 17.14-18; Mc 9.14-29; Lc 9.38-42)
26. Encontrando o dinheiro do
tributo (Mt 17.24-27)
27. A cura de um cego de
nascença (Jo 9.1-7)
28. A cura de uma mulher em
um sábado (Lc 13.10-17)
29. A cura de um hidrópico
(Lc 14.1-6)
30. Jesus ressuscita Lázaro (Jo
11.17-44)
31. A purificação dos 10
leprosos (Lc 17.11-19)
32. A cura do cego Bartimeu
(Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc 18.35-43)
33. Jesus amaldiçoa a figueira
(Mt 21.18,19; Mc 11.12-14)
34. A restauração da orelha
de Malco (Lc 22.49-51; Jo 18.10)
35. A segunda pesca
maravilhosa (Jo 21.1-11).
FONTE DE PESQUISA
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Nova York. American Tract Society, 1926. John H. Best, The Miracles of
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