TEOLOGIA EM FOCO: O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ

segunda-feira, 8 de julho de 2019

O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ



Texto Áureo
“E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar fazendo assim.” (Lc 12.42,43)

Verdade Prática
Deus nos confiou a mordomia dos bens materiais e espirituais; por isso, sejamos vigilantes e zelosos, porque, em breve, Ele nos chamará a prestar contas de tudo quanto recebemos.
  
LEITURA BÍBLICA
Lucas 12.42-48 “E disse o Senhor: O qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? 43 - Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar fazendo assim. 44 - Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. 45 - Mas, se aquele servo disser em seu coração: o meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, 46 - virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. 47 - E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. 48 - Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.


Como temos administrado o nosso tempo? O nosso ministério? A nossa vida espiritual? O nosso dinheiro? São perguntas que deveríamos fazer com muita sinceridade.

Antes de iniciara lição em classe, apresente o comentarista deste trimestre: pastor Elinaldo Renovato. Ele é líder da Assembleia de Deus em Parnamirim, RN; professor universitário; bacharel em ciências econômicas; escritor de diversas obras editadas pela

INTRODUÇÃO
- Neste trimestre, estudaremos a Mordomia Cristã. Ela prioriza os bens espirituais e materiais que o Criador nos delegou. Nesta lição, denominamos “bens espirituais” os recursos e os meios confiados por Deus à Igreja. Quanto aos “bens materiais”, são estes os recursos naturais e sociais que desfrutamos no mundo. Assim, veremos que o Pai levantou a Igreja para cuidar dos seus interesses na Terra.

- A Mordomia Cristã destaca que Deus é o Criador, nós somos suas criaturas; Deus é o Rei, nós somos seus súditos; Deus é o Senhor, nós somos seus servos. Como Criador, como Rei, como Senhor, Deus tem direitos e poder para exigir o que quiser; um desses direitos é o de exigir a prestação de contas das mordomias exercidas por seus mordomos, conforme o Senhor Jesus ensinou em Lucas 16.1-13. É dentro deste entendimento que vamos procurar apreender o que é a Mordomia Cristã.

I. CONCEITOS DE MORDOMIA

1. Mordomo.
A palavra vem do latim, major domu, e significa “o criado maior da casa”, “administrador dos bens de uma casa”, “ecônomo” (Dicionário Aurélio).

Na Bíblia, a função aparece diversas vezes como “encarregado administrativo dos bens de um grande proprietário de terras”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento essa função corresponde à de um administrador. Portanto, nós somos mordomos de Deus e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade perante o Senhor da Igreja (Lc 12.48).

2. Mordomia.
A palavra significa “cargo ou ofício do mordomo; mordomado”. Sua origem está no termo grego oikonomia e, por isso, a encontramos em alguns textos do Novo Testamento, como na “Parábola do mordomo infiel” (Lc 16.2-4). Na Bíblia, mordomia diz respeito a todo serviço que o crente realiza para Deus e o seu comportamento diante do Pai e dos homens. É a administração dos bens espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser humano. Assim, nossas faculdades espirituais, emocionais e físicas são o objeto da Mordomia Cristã. Por isso, esta mordomia está Ligada ao ensino da Palavra de Deus.

O mordomo é a função que responde à mordomia pela qual ele foi colocado para executar. No Reino de Deus, essa relação se dá com o crente e a dimensão de sua vida nas esferas espiritual e social. O crente, em Jesus, tem contas a prestar a Deus a respeito do que Ele o chamou a fazer.

3. Mordomia Cristã - seu sentido bíblico.
- No seu sentido bíblico, a Mordomia Cristã ressalta a Soberania de Deus sobre tudo e sobre todas as coisas, e a nossa responsabilidade como administradores dos bens que ele nos confiou - bens morais, espirituais e materiais, incluindo a nossa própria vida e o nosso próprio corpo. Nós não somos donos de nada, somos apenas mordomos de Deus. Deus é dono de tudo e de todos:

Do universo: Gn 1.1; 14.22; 1º Cr 29.13,14; Sl 24.1; 50.10-12.

Do homem: por direito de criação (Is 42.5); por direito de preservação: At 14.15-17 e At 17 22-28; por direito de redenção: 1ª Co 6.19,0; Tt 2.14 e Ap 5.9.
“Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terra e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está e o espírito, aos que andam nela” (Is 42.5).
- Desta feita, ao dizermos “restitui tudo o que é meu”, não tem respaldo diante deste conceito, haja vista que somos apenas mordomos de tudo que é de Deus, o genuíno proprietário (Gn 1.28; 2.15; Sl 8.3-9).

- Portanto, Mordomia Cristã diz respeito à administração de todos os bens espirituais e materiais, tanto no aspecto individual quanto no coletivo do ser humano.
Nós somos mordomos de Deus e, à luz do Novo Testamento, os líderes espirituais têm maior responsabilidade perante o Senhor da Igreja (Lc.12:48).
“...E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.

- Logo, o conceito bíblico de Mordomia é o seguinte:
“É o reconhecimento da soberania de Deus, a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões, e administração das mesmas de acordo com a vontade de Deus”.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A proposta básica desse primeiro tópico é explicar o conceito de “mordomo” e de “mordomia”. Após expor esses conceitos, faça uma reflexão sobre a maturidade, virtude essencial para a “mordomia” em toda a área da vida. Use este texto como base de sua reflexão: “Uma orientação importante para qualquer tipo de sucesso, seja pessoal, espiritual, profissional, financeiro, familiar ou esportivo, é a necessidade de maturação. Não se consegue isso da noite para o dia. É preciso tempo e esforço. Entenda: ser 'maduro', aqui, não é sinônimo de ser 'velho', mas sim de ter experiências suficientes que lhe confiram sabedoria para agir e errar menos” (Maturidade para a escolha certa, de William Douglas, site CPADNEWS). Assim, mostre à classe a importância da maturidade para desenvolver a ideia de mordomia em toda as esferas da vida, seja espiritual ou material.

II. A MORDOMIA ESPIRITUAL DO CRISTÃO

1. A mordomia do amor cristão.
- A mordomia cristã deve dar grande valor à prática do amor. Certa vez, um fariseu resolveu testar Jesus quanto à sua visão sobre os mandamentos da Lei de Moisés. Ele conhecia bem os dez mandamentos. Abordando Jesus, indagou-lhe: “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?” (Mt 22.36). E Jesus respondeu-lhe de maneira sábia, serena, e consistente:

1.1. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração” (22.37). Nosso Senhor não aceita dominar apenas uma parte do nosso coração; Ele o requer por completo. Quanto a isso, Ele nunca fez concessões: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). O mandamento revela o objeto da nossa mordomia de amor: fazer o bem ao próximo de forma concreta, com obras que revelam a nossa fé (Tg 2.14-17).

1.2. “De toda a tua alma e de todo o teu pensamento” (v.57). Aqui, o Senhor Jesus enfatizou que, além de todo o coração, o primeiro mandamento exige toda a alma e todo o pensamento de uma pessoa. Essa é a base bíblico-doutrinária para dizer que a Mordomia Cristã valoriza a interiorioridade do crente. Logo, absolutamente tudo no interior do cristão - coração, alma e pensamento - deve estar voltado para Deus, que é o centro de todas as coisas.

1.3. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (22.58). O segundo mandamento enfatiza que, na medida em que amamos a Deus de todo coração, alma e pensamento, devemos amar o próximo como a nós mesmos. Tal mandamento é relevante para a nossa mordomia, pois no mundo atual, sem qualquer ranço pessimista, pode-se ver que o desamor é a tônica entre pessoas, famílias, países e, até mesmo, entre alguns que se dizem cristãos.

1.4. Quem é o próximo? Esta foi a grande pergunta feita por Jesus após contar a parábola do Bom Samaritano ao doutor da lei (Lc 10.30-37). O nosso próximo é um familiar: esposo, esposa, pai e filho, irmão, primo, sobrinho, etc. É o nosso irmão em Cristo, o nosso vizinho, o professor, o colega de trabalho, o carente ou o socialmente excluído. Assim, o mandamento revela o objeto da nossa mordomia de amor: fazer o bem ao próximo de forma concreta, com obras que revelam a nossa fé (Tg 2.14-17).

- O Amor cristão se distingue de práticas pagãs, que são apenas atos de hipocrisia. O Amor cristão é diferente e produtivo em toda a sua essência. O amor cristão é:

A. Sincero. “O amor seja não fingido” (Rm 12.9). A sociedade distanciada de Deus impõe os seus métodos, e já estamos até acostumados com a maneira falsa que eles usam para expressar amor. Chegam a ponto de classificar o adultério e a lascívia de amor. Porém, o amor que Deus derramou em nossos corações, é antes de tudo sincero e divino (ágape). Por isso, somos exortados a amar de verdade, sem fingimento. Longe de nós fingir que amamos nossos irmãos no intuito de tirar proveito. Somos justificados para amar com o amor de Deus, que não é fingido.

B. Cordial. “Amai-vos cordialmente uns aos outros” (Rm 2.10). Cordial é uma palavra cujo significado é relativo ao coração. Sugere um cristão afetuoso. Isto revela um amor que emana do coração e não de sentimentos interesseiros. O amor cordial faz bem a geração dos justos. Faz bem aos filhos de Deus.

C. Fraternal. “Com amor fraternal” (Rm 12.10). O amor fraternal é a amizade íntima entre irmãos. Sugere harmonia e comunhão. Isto é maravilhoso, porque em um ambiente assim, há cura de traumas. A libertação é mais frequente, porque o perdão é uma constante. Em Cristo, temos o dever de amar a todos, dentro da comunidade cristã e fora dela (Rm 13.8).
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8).

D. Honroso. “Preferindo-vos em honra uns aos outros. (Rm 12.10). Honrar uns aos outros não quer dizer bajular-se mutuamente. Significa o reconhecimento de valores individuais; é ter o irmão em estima e apreço, como alguém que foi comprado pelo preciosíssimo sangue de Jesus Cristo.

- Sem o amor de uns para com os outros, ou seja, sem o amor cristão, a Igreja não tem condições de subsistir. Se não amamos os nossos irmãos, não temos como testificar que somos crentes (1ª Jo 2.9-11).
“Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo. Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos”.
- O apóstolo João foi preciso e direto quanto a essa premente necessidade de que não teriam vida espiritual aqueles que não tivessem o amor cristão.

- O indivíduo que se diz cristão e que não ama, de acordo com as Escrituras Sagradas, esse indivíduo permanece na morte; sempre esteve e continua espiritualmente na morte.
“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1ª Jo 3.14).

- O amor deve ser a força unificadora e a marca identificadora do cristão. O amor é a chave para andarmos na luz, porque não podemos crescer espiritualmente enquanto odiamos os outros. Nosso crescente relacionamento com Deus resultará no crescimento de nosso relacionamento com as outras pessoas.

- Amar, portanto, é um mandamento imperativo. Foi Jesus quem disse:

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (Jo 13.34).

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade” (1ª Jo 3.18).
Que assim procedamos. Caso contrário, não somos considerados filhos de Deus.

2. A mordomia da fé cristã.
- A palavra fé (gr. pistis; lat. fides) traz a ideia de confiança que depositamos em todas providências de Deus. Mas a melhor definição de fé foi enunciada pelo autor da Epístola aos Hebreus, ao descrevê-la com profunda inspiração divina: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1).

- Aqui, há três características essenciais à fé:
(1) Ela é o fundamento ou base para a confiança em Deus.
(2) Ela envolve a esperança ou expectativa segura do que se espera da parte de Deus.
(3) Ela é “a prova das coisas que não se veem”, mas são esperadas por uma convicção antecipada.

- A Fé é um elemento fundamental na vida espiritual do crente, a ponto de a Bíblia dizer que sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb.11:6a). Na caminhada para o céu, a “Fé” é o combustível e sem esta fé jamais conseguiremos chegar ao destino, ao fim da nossa jornada: a salvação.

- O apóstolo João também diz que a Fé é a vitória que vence o mundo (1ª Jo 5.4), de forma que podemos muito bem inferir que todas as promessas maravilhosas feitas por Jesus à Igreja, constantes das sete cartas às igrejas da Ásia (Ap 2.7,11,17,26; 3.5,12,21), estão destinadas somente aos que têm Fé, vez que foram dirigidas aos que vencerem, como explica João.

“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” (Ap 2.7).
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte” (Ap 2.11).
“E ao que vencer e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações” (Ap 2.26).

3. A fé como patrimônio espiritual.
- A fé cristã é o depósito espiritual acumulado durante toda vida do crente. É o nosso patrimônio espiritual, de valor e virtudes inestimáveis. Essa fé que o crente foi estimulado a guardar para não perder a “coroa” (Ap 3.11). Ao escrever ao jovem discípulo, Timóteo, e já próximo da morte, o apóstolo Paulo disse:

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2ª Tm 4.7,8). Querido irmão, prezada irmã, guarde sua fé!

Diferença entre Fé Natural, Fé Salvadora e Fé Ativa
- A Fé Natural. É a chamada fé esperança, fé intelectual. Esta fé nasce com o homem, faz parte da natureza humana. Ela é essencial para a vida sobre a face da Terra. É a crença baseada na habitualidade ou no raciocínio humano. Assim, quando nos sentamos em uma cadeira, cremos que não iremos cair e que a cadeira nos aguentará, apesar de sermos mais pesados do que ela. Quando estendemos um braço num ponto de ônibus fazendo sinal para que ele pare, cremos que o motorista irá parar e abrir a porta para que entremos, e assim por diante.

- A Fé Natural dá ao homem motivação para lutar, para progredir, para superar dificuldades. Quando o homem perde a Fé Natural, ele cai no desânimo, perde a vontade de viver, de lutar. É ela que faz com que o homem seja um ser religioso, faz com que ele creia sempre em algo, ou alguém superior a ele. Ouvindo falar de um Deus Criador, ele, com facilidade, crê na sua existência – “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem...” (Tg 2.19), ou seja, nisto não há nada de excepcional. E Tiago acrescenta: “... também os demônios o creem e estremecem”. Não ouvindo falar de um Deus Criador, então o homem inventa os seus próprios “deuses”. Ele sente necessidade de crer. Porém, este crer, mesmo que seja no Deus verdadeiro, através da fé natural, não muda nada em sua vida.

- Esta fé nada representa no campo espiritual, é fruto da lógica humana. Os cientistas e filósofos têm chegado à conclusão de que toda atividade intelectual tem uma dose de fé, e esta é a fé natural, que, entretanto, não pode ser o critério, o parâmetro a ser seguido pelo servo de Deus. É óbvio que o servo do Senhor também possui esta fé, pois se trata de um ser humano, mas não pode deixar que esta fé seja o seu guia exclusivo.

- A “Fé Salvífica” ou “Fé Salvadora”. É a crença de que Jesus é o único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. Quando alguém dá crédito à pregação do Evangelho, considera-se um pecador e se arrepende dos pecados, e crê que Jesus pode perdoá-lo, e se submete à vontade de Deus, crendo que Jesus pode dar-lhe a vida eterna e levá-lo ao Céu, age com a “fé salvadora” ou “fé salvífica”.

- Esta Fé não nasce no homem, mas é dom de Deus (Ef 2.8). Através da Palavra de Deus (Rm 10.17), o Espírito Santo convence o homem do pecado, da morte e do juízo (Jo 16.8-11) e, deste modo, o homem crê e, mediante esta fé, é justificado (Rm 5.1), ou seja, posto numa posição de justificado diante de Deus, o que lhe permite ter paz, isto é, comunhão com Deus, sendo vivificado em Cristo.

- A Fé Ativa. É a confiança absoluta em alguém ou em algo. É precisamente este o significado em que se deve entender fé enquanto Fé Ativa. Esta Fé é exercida diariamente pelo cristão, após ter aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador. Trata-se da atitude de confiança em Deus, de crédito à sua Palavra, às suas promessas. Somente podemos dizer que temos fé se dermos crédito à Palavra de Deus, e dar crédito à Palavra de Deus é fazer o que Ele manda ali.

- Esta Fé é o combustível que nos leva a caminhar em direção à Jerusalém celestial. É o elemento que nos faz superar todos os obstáculos e a enxergar as circunstâncias sob o prisma espiritual.

- Esta Fé é a fibra que nos torna resilientes diante das tempestades da vida, das provas e tentações. Foi esta Fé que fez com que os antigos vencessem todas as dificuldades, como nos mostra o escritor aos Hebreus no capítulo 11.
Esta Fé é a que nos faz vencer o mundo (1ª Jo 5.4).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
- “No Novo Testamento, o verbo pisteuõ ('creio, confio') e o substantivo pistis ('fé') ocorrem cerca de 480 vezes. Poucas vezes o substantivo reflete a ideia da fidelidade como no Antigo Testamento (por exemplo, Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10; Ap 13.10). Pelo contrário, normalmente funciona como um termo técnico, usado quase exclusivamente para se referir à confiança ilimitada (com obediência e total dependência) em Deus (Rm 4.24), em Cristo (At 16.31), no Evangelho (Mc 1.15) ou no nome de Cristo (Jo 1.12). Tudo isso deixa claro que, na Bíblia, a fé não é 'um salto no escuro'.

- Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de Deus leva à vida eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a Deus (Hb 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente em Deus e na sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel. É o nosso sangue espiritual” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp.369-70).

III. A MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS

1. O cristão e as finanças.
- Na mordomia dos bens materiais, o cristão deve trabalhar honestamente para garantir sua sobrevivência financeira. Desde o Gênesis, após a Queda, o homem emprega esforços, com “o suor” de seu rosto (Gn 3.19), para obter os bens de que necessita. Isso é feito de maneira constante (1ª Ts 4.11). Nesse aspecto, a preguiça é um pecado intolerável diante de Deus. Assim, Ele exorta ao preguiçoso que aprenda com as formigas, pois estas trabalham no verão para garantir o mantimento no inverno (Pv 6.6,9; 10.26).

- Esta necessidade de trabalhar foi confirmada no Novo Testamento, sendo que o Senhor Jesus nos deixou o exemplo maior. Como homem ele aprendeu uma profissão e a exerceu como fonte de subsistência de sua família, antes e depois da morte de José. Não foi sem razão que, enquanto José era vivo, Jesus foi conhecido como “o Filho do carpinteiro”, e depois da morte de José então era chamado de “o Carpinteiro” - “...e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: de onde lhe vêm essas coisas? Não é este o carpinteiro, filho de Maria...” (Mc 6.2,3).

- Vemos, pois, que em sua cidade todos sabiam que Jesus exercia a profissão de Carpinteiro. Certamente que, até os trinta anos, ele deixou seu exemplo para todos os meninos, adolescentes e jovens, em relação ao estudo e ao trabalho. O menino judeu aprendia em casa, com os pais até os cinco anos, quando, então, começava a frequentar às escolas seculares que, quase sempre funcionavam nas Sinagogas. Porém, enquanto estudavam, também aprendiam uma profissão, independente daquela carreira que abraçariam mais tarde, como resultado dos seus estudos.

- Trabalhar, portanto, significa cumprir a vontade de Deus. Para um filho de Deus ter um trabalho e poder tirar dele sua subsistência deve ser considerado como uma benção, não como um sacrifício. Você já agradeceu a Deus, hoje, pelo seu emprego, ou pela sua profissão?

2. O cristão e as riquezas.
- Deus não demoniza a riqueza nem diviniza a pobreza. Mas o cristão não deve recorrer aos meios ou práticas ilícitas de ganhar dinheiro, como o bingo, a rifa, as loterias e outras formas “fáceis” de buscar riquezas (Pv 28.20).

- A Bíblia mostra que a avareza é a idolatria ao dinheiro, ou seja, uma compulsão para enriquecer a qualquer custo. É uma escravidão ao vil metal. Sobre isso as Escrituras também asseveram: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1ª Tm 6.10).

- E Jesus ensinou: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). E também ratificou: ‘Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam” (Mt 6.20).

- A riqueza é uma bênção de Deus, tanto que Deus a concedeu a Salomão (1º Rs.3.13), mas, e aqui está um caso típico, não podemos pôr nas riquezas o nosso coração (Sl 62.10; Mt 6.19-21). Devemos, sempre, buscar servir a Deus e lhe agradar. Esta deve ser aintenção do cristão.
“…se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10).

- Se Deus nos conceder a riqueza, que nós a usemos para agradar a Deus. Se nos der a pobreza, que nós a usemos para agradar a Deus. O importante é que não façamos dos bens materiais o objetivo e a intenção de nossas vidas.

- Quem passa a viver em função dos bens materiais, quem passa a pôr o seu coração nos tesouros desta vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será um idólatra (Cl 3.5) e, assim, está fora do reino dos céus (Ap 22.15).

- Não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada para o Céu por causa dos bens materiais e por causa do dinheiro. A Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt 19.22; Lc 18.23), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6; Jo 12.4-6), de Ananias e Safira (At 5.1-5,8-10), de Simão (At.8.18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo (1ª Tm 6.9,10).
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1ª Tm 6.9,10).

- Aqueles que fazem do dinheiro a razão de sua vida caem em tentação, cilada e atormentam a sua alma com muitos flagelos. Contudo, o dinheiro é necessário; é um meio e não um fim; é um instrumento por intermédio do qual podemos fazer o bem.

- O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas entesourá-lo no coração.

- Deus nos dá o dinheiro para O glorificarmos com ele, e fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, e quando contribuímos para a proclamação do Evangelho.

- O dinheiro deve ser granjeado com honestidade, investido com sabedoria e distribuído com generosidade.

- Infelizmente, o dinheiro tem deixado de ser apenas uma moeda para transformar-se num ídolo; é o deus mais adorado atualmente. Por ele, muitos se casam, divorciam-se, mentem, matam e morrem.

- Aqueles, entretanto, que pensam que o dinheiro é um fim em si mesmo, que correm atrás dele delirantemente, descobrem frustrados, e tarde demais, que seu brilho é falso, que sua glória se desvanece, que seu prazer é transitório.

- A Bíblia é contundente em sua advertência: “o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1ª Tm 6.10).

Jesus foi incisivo em sua advertência:
“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15).

“Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam" (Mt 6.20).

3. O cristão e a contribuição para a igreja.
- Na igreja local há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir para a expansão e manutenção da Obra do Senhor.

- Uma das atitudes do cristão fiel na mordomia cristã é a voluntariedade e a disposição em contribuir financeiramente para a igreja local. Neste contexto, estão as ofertas alçadas que se devem dar nas igrejas, bem assim as contribuições específicas para determinadas obras na casa do Senhor e para a obra missionária.

- Seria muito bom que, na administração de seus bens, o cristão pudesse dedicar sempre uma parcela fixa de seu rendimento para esta parte.

- Como cristãos, devemos demonstrar o amor de Deus que há em nossos corações, e contribuir financeiramente para a igreja é uma forma de demonstrar de forma concreta o amor de Deus em nossos corações.

- O serviço eclesiástico, o serviço social da igreja e obra evangelística e/ou missionária jamais se desenvolverão sem a participação, deliberada e consciente, dos membros da igreja. A responsabilidade é plenamente dos cristãos.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

A importância do compromisso.
“Earl e Hazel Lee escreveram: 'o compromisso é mais que uma decisão sentimental que pode mudar a vida de uma pessoa por alguns poucos dias cheios de emoção. É um ato válido da vontade, e muda todo o modo de vida de uma pessoa'. Eles explicam o significado de compromisso, descrevendo-o como o descreve um dialeto indiano: o compromisso é dar com a palma da mão 'para baixo'. Quando colocamos algo na mão de alguém, não conseguimos segurar nenhuma parte do que estamos dando. Ao passo que, se pedirmos que uma pessoa retire algo de nossa mão, ainda poderemos segurar alguma parte que essa pessoa não consiga pegar. Em nossa cultura, é mais fácil passar do aproveitar os nossos bens a nos agarrarmos fortemente a eles e tentarmos agarrar mais, o que é chamado materialismo.

A. W. Tozer escreveu: 'Uma das piores tragédias do mundo é o fato de permitirmos que os nossos corações se encolham, até que haja neles espaço para pouca coisa, além de nós mesmos’. O materialismo é uma atitude perigosa, porque conserva o nosso foco naquilo que temos, e não naquilo que somos e estamos nos tornando. Ele permite que fiquemos falsamente satisfeitos - pensamos que, porque temos muitas coisas, devemos ser boas pessoas. Embora não haja nada de errado em dirigir um carro bonito, em vestir-se bem e aproveitar os benefícios da última tecnologia, quando os nossos bens nos possuem e o que temos de valioso se torna mais importante que os nossos valores, então estamos com problemas” (TOLER, Stan. Qualidade total de vida. 1.ed. Rio de janeiro: CPAD, 2013, pp.71-72).

CONCLUSÃO.
Somos mordomos dos bens espirituais e materiais concedidos por Deus à sua Igreja. Se realizarmos nossa mordomia para a glória de Deus, com gratidão pelos bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Usemos os recursos que Deus nos concedeu como verdadeiros mordomos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo o que temos vem do Senhor!

- A Mordomia Cristã estabelece como verdade que somos criaturas, Deus é o Criador; que somos súditos, Deus é o Rei; que somos servos ou mordomos, Deus é o Senhor.

- Somos mordomos de Deus, não porque escolhemos sê-lo, mas porque Deus nos fez mordomos quando nos chamou e nos resgatou pela sua graça. Deus é o Criador e Senhor de tudo, e tem-nos dado essa responsabilidade. Tudo o que o homem pensa ter - vida, corpo, casa, carro, dinheiro -, na verdade pertence a Deus; é o que a Bíblia afirma:
“Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra...” (1º Cr 29.11).

“A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém” (1ª Pd 5.11).

- Somos responsáveis diante do Senhor por tudo o que nos tem colocado em nossas mãos. A nossa conduta deve refletir o nosso compromisso com a mordomia fiel.

Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2019 - CPAD

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