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Coríntios 10.1-12, 23, 31, 32:
“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que
nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, 2 e
todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, 3 e todos comeram de um
mesmo manjar espiritual, 4 e beberam todos de uma mesma bebida espiritual,
porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. 5 Mas
Deus não se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto.
6 E essas coisas foram-nos feitas em figura para que não cobicemos as coisas
más, como eles cobiçaram. 7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles;
conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para
folgar. 8 E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram e caíram num só dia
vinte e três mil. 9 E não tentemos a
Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes. 10 E não
murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor. 11 Ora,
tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para
quem já são chegados os fins dos séculos. 12 Aquele, pois, que cuida estar em
pé, olhe para que não caia. 23 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
edificam. 31 Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa,
fazei tudo para a glória de Deus. 32 Portai-vos de modo que não deis escândalo
nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.”
INTRODUÇÃO.
Entender
o que é certo e o que é errado, num mundo em que estão invertidos os valores
morais gravados por Deus na consciência do ser humano e ao mesmo tempo exarados
no Livro do Senhor, não é tarefa fácil. Graças a Deus, temos o maior e melhor
referencial ético que o mundo já conheceu: a Palavra de Deus. Ela é lâmpada e
luz divinas, tanto para nosso ser interior como para nosso viver exterior.
Neste trimestre, apresentaremos uma visão panorâmica da Ética partindo do ponto
de vista bíblico sobre o qual o cristianismo fundamenta seus valores. Esperamos
contribuir para o entendimento do assunto, tecendo considerações sobre alguns
casos éticos típicos, considerando o limitado espaço dos comentários que não
permite uma abordagem mais ampla.
I.
CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES
1.
Ética como ciência secular. A Ética é um aspecto da filosofia. A Filosofia está
segmentada em seis sistemas tradicionais: Política, Lógica, Gnosiologia,
Estética, Metafísica e Ética que é o objeto de estudo de Lições Bíblicas neste
trimestre.
Dentre suas muitas acepções, filosofia é
o saber a respeito das coisas, a direção ou orientação para o mundo e para a
vida e, finalmente, consiste em especulações acerca da forma ideal de vida. Em
suma, é a história das ideias. Tudo isto sob a ética humana. Precisamos aferir
o pensamento humano com os ditames da Palavra de Deus que são terminantes,
peremptórias, finais. O homem, seja ele quem for, é criatura, mas Deus é o
Criador (Os 11.9; Nm 23.19; Rm 1.25; Jó 38.4).
Todos os campos de pensamento e de
atividades têm suas respectivas filosofias. Há uma filosofia da biologia, da
educação, da religião, da sociologia, da medicina, da história, da ciência etc.
Consideremos entretanto, os seis sistemas acima mencionados que foram sistematizados
por três antigos pensadores: Sócrates, Platão e Aristóteles.
1.1.
Política.
Este vocábulo vem do grego polis e significa “cidade”. A política procura
determinar a conduta ideal do Estado, pelo que seria uma ética social. Ela
procura definir quais são o caráter, a natureza e os alvos do governo. Trata-se
do estudo do governo ideal.
1.2.
Lógica.
É um sistema que aborda os princípios do raciocínio, suas capacidades, seus
erros e suas maneiras exatas de expressão. Trata-se de uma ciência normativa, que
investiga os princípios do raciocínio válido e das inferências corretas quer
seja partindo da lógica dedutiva quer seja da indutiva.
1.3.
Gnosiologia. É a disciplina que estuda o conhecimento em sua natureza,
origem, limites, possibilidades, métodos, objetos e objetivos.
1.4.
Estética.
É empregada para designar a filosofia das belas-artes: a música, a escultura e
a pintura. Esse sistema procura definir qual seja o propósito ou ideal
orientador das artes, apresentando descrições da atividade que apontam para
certos alvos.
1.5.
Metafísica.
Refere-se a considerações e especulações concernentes a entidades, agências e
causas não materiais. Aborda assuntos como Deus, a alma, o livre arbítrio, o
destino, a liberdade, a imortalidade, o problema do mal etc.
1.6.
Ética.
É a investigação no campo da conduta ideal, bem como sobre as regras e teorias
que a governam. A ética, o homem distanciado de Deus por sua incredulidade e
seus pecados, a estuda, entende e até se propõe a observá-la, mas não consegue,
por estar subjugado pelo seu eu, pelos vícios, pelo mundo, pelo pecado (Rm
2.15-19). Já os servos de Deus, pelo Espírito Santo que neles habita, triunfam
sobre o pecado (Rm 8.2).
Existem inúmeros argumentos e
considerações acerca deste tema, que será tratado aqui do ponto de vista da
ética bíblica a qual expõe Deus como fundamento e alvo da conduta ideal.
2.
Origem da palavra.
Ética vem do grego, ethos, que significa “costume”, “disposição”, “hábito”. No
latim, vem de mos (mores), com o sentido de vontade, costume, uso, regra.
3.
Definição.
Ética é, na prática, a conduta ideal e reta esperada de cada indivíduo. Na
teoria, é o estudo dos deveres do indivíduo, isolado ou em grupo, visando a
exata conceituação do que é certo e do que é errado. Reiterando, Ética Cristã é
o conjunto de regras de conduta, para o cristão, tendo por fundamento a Palavra
de Deus. Para nós, crentes em Jesus, o certo e o errado devem ter como base a
Bíblia Sagrada, a nossa “regra de fé e prática”.
O termo ética, ethos, aparece várias vezes no Novo Testamento, significando
conduta, comportamento, porte e compostura (habituais).
A ética cristã deve ser fundamentada no
conhecimento de Deus como revelado na Bíblia, principalmente nos ensinos de
Cristo, de modo que “...ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam
mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.15; Ef
2.10).
II.
VISÃO GERAL DA ÉTICA SECULAR E DA ÉTICA CRISTÃ
1.
Antinomismo. Esse
ensino errôneo é humanista e secular. Tudo depende das pessoas, e das
circunstâncias. O filósofo incrédulo e existencialista Jean Paul Sartre, um dos
seus promotores, afirma que o homem é plenamente livre. Num dos seus textos,
ele escreve: “Eu sou minha liberdade; eu sou minha própria lei”.
1.1.
Posicionamento cristão. Esta teoria não serve para o cristão. Nela, o
homem se faz seu próprio deus. A Bíblia diz:
“Há caminho que ao homem parece direito,
mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12).
“De tudo o que se tem ouvido, o fim é:
Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem”
(Ec 12.13).
O antinomismo é relativista, isto é,
cada um age como quiser. É o que ocorria com o povo de Israel quando estava
desviado, sem líder e sem pastor (Jz 17.6 e 21.25).
2.
Generalismo.
Essa falsa doutrina prega que devem haver normas gerais de conduta, mas não
universais. A conduta de alguém para ser chamada de certa ou errada depende de
seus resultados. É o que ensinava, no século XV, o descrente, político e
filósofo italiano Nicolau Maquiavel: “Os fins justificam os meios”.
1.2.
Posicionamento cristão. O generalismo não se coaduna com a ética cristã,
pois, para o crente em Jesus, não são os fins, nem os meios, que indicam se uma
conduta ou ação é certa ou errada. A Palavra de Deus é que é a regra absoluta
que define se um ato é certo ou errado. Ela tem aplicação universal.
O dever de todo homem é temer a Deus e
guardar seus mandamentos (Ec 12.13).
A Palavra de Deus não muda de acordo com
as circunstâncias, os meios ou os resultados. Deus vela para a cumprir (Jr
1.12b; Mc 13.31).
Há outras modalidades, formas e
expressões da ética secularista, como o situacionismo, o absolutismo e o
hierarquismo, mas nada disso se coaduna ou se enquadra na ética bíblica, tanto
a declarativa, como a tipológica e a ilustrativa. Estamos mencionando estas
formas aqui porque o mundo fala muito nelas, mas não as cumpre.
O cristão ortodoxo na sua fé, e fiel ao
seu Senhor, terá sempre no manancial da Palavra de Deus tudo o que carece sobre
a ética, na sua expressão prática em forma de conduta, compostura, costumes,
usos, hábitos e práticas diuturnas da nossa vida para agradar a Deus e dar bom
testemunho dEle diante dos homens.
CONCLUSÃO.
As
abordagens éticas humanas são todas contraditórias. Como seus autores, humanos
e falhos. Uma, como vimos, procura suprir as deficiências das outras. As
abordagens éticas conflitam entre si, deixando um rastro de dúvida e confusão
em sua aplicação. Por isso, devemos ficar com a Palavra de Deus, que não
confunde o crente, nem pode ser deixada de lado ao sabor dos meios, dos fins ou
das situações. A Palavra de Deus satisfaz plenamente.
FONTE DE PESQUISA
1. Elinaldo Renovato. Ética Cristã. 3º
Trimestre de 2002. CPAD - RJ.
2. Douglas Baptista. Valores Cristãos. Lições
bíblicas 2º Trimestre 2018. CPAD – RJ.
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