TEOLOGIA EM FOCO

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A DEPRAVAÇÃO DOS GENTIOS - ROMANOS 1

 

Romanos 1.16-32 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. 17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. 19 Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou. 20 Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 21 Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; 29 Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30 Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; 31 Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; 32 Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

INTRODUÇÃO. Nesta lição o apóstolo Paulo descreve sobre a condição dos gentios diante de Deus. Paulo relata em sua carta ao Romanos, que tanto os gentios, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o domínio do pecado.

Paulo nos ensina nesta lição que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios.

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

I. O TEMA DA CARTA AOS ROMANOS 

1. Poder de Deus. V. 16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.

Paulo afirma de não ter vergonha do evangelho porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem pregada por Paulo não foi invenção do homem, mas veio de Deus para a salvação de “todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

2. A fé dos romanos. Paulo anela vê-los. V. 17 “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Paulo ensina que a salvação é de quem crê, não de um determinado povo ou de quem faz determinadas obras. O apóstolo nos ensina que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios. 

O justo viverá pela fé. Paulo recorre ao profeta Habacuque 2.4, para mostrar a Igreja de Roma que a fé é o início, meio e fim do crente. Por isso nós o encontramos três citações do apóstolo no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

A teologia paulina nada tem a ver com os estágios progressivos da fé, mas somente com a fé em si como a maneira indicada de receber a “justiça” de Deus. Nós preferimos, portanto, entendê-la assim: A justiça de Deus está na mensagem do evangelho, revelada (ser por fé; para fé; mediante a fé, isto é, “a fim de ser pela fé recebida.

Iniciar a carreira com fé, no meio da caminha você vai batalhar pela fé, e acabar a carreira com fé. Jesus diz que “o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir.” (Jo 10.10). 

Mas o que ele quer te roubar? Jesus responde esta pergunta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11b). 

O que é que você tem? Agora Paulo te responde: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2ª Tm 4.7). A fé é a essência da tua vida, por isso diabo luta contra você para roubar tua fé. Portanto, o cristão deve batalha pela fé Jd 1.3, “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Você deve também usar a fé como arma de defesa: Ef 6.16 “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Como ter fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

3. A revelação da justiça de Deus (v. 17). “Paulo afirma que a Justiça de Deus se revela através do Evangelho, da mensagem de salvação em Jesus Cristo. Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco ‘de obras em obras’” [Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD, 2º Trimestre de 1998]. 

4. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

A declaração de Paulo nos versos 16 e 17 deixa uma questão: por que os justos devem viver pela fé? Por que apenas recebendo a justiça é o único modo de ficarmos retos diante de Deus? Paulo vai usar os versos 18 a 32 para responder o porquê nós precisamos que Deus nos dê sua justiça e por que não podemos merecê-la, conquistá-la por nós mesmos. Ele vai nos apresentar um retrato escuro da humanidade.

A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc. 

II. A DIFÍCIL SITUAÇÃO DA HUMANIDADE SOB A IRA DE DEUS (1.18—3.20). 

V. 18 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.”

O tema da ira de Deus é desenvolvido nos próximos capítulos, onde o apóstolo volta a atenção primeiro para os gentios e depois para os judeus. O que o ocupa à medida que o argumento progride é a preocupação de que os judeus possam interpretar erroneamente seu status como povo escolhido de Deus, com o significado de que eles receberam isenção especial da ira de Deus, o que os gentios não gozam. 

1. A Ira de Deus. O termo grego traduzido por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). A ira, não é um atributo divino, é um componente inseparável da justiça de Deus, isto é, o resultado da justiça aplicado ao deflator. Paulo está mostrando que o evangelho é necessário porque estamos diante da ira de Deus. Todos os seres humanos sem o evangelho estão debaixo da ira de Deus. Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriado para a natureza divina.

2. A provocação da ira de Deus. “toda a impiedade: Ou: “todo o desrespeito”. A palavra grega traduzida aqui como “impiedade” é ασέβεια asébeia. As Escrituras usam asébeia e outras palavras relacionadas para se referir a uma atitude de desrespeito a Deus ou, até mesmo, de oposição a Ele.

As palavras “ímpio”, “impiedade” e “impiamente” na Bíblia refere-se a alguém que vive de maneira contrária aos mandamentos e à vontade de Deus. Este termo é sinônimo de incrédulo, descrente, néscio, injusto, tolo, corrupto, insensato, enfim, um pecador impenitente. Já o termo depravação no grego πονηρος poneros, tem vário significados: perversidade, corrupção, o mal inato do homem não regenerado, malícia, maldade, mau, culposo, ou seja, abandonado, cruel.

A palavra κακος kakos refere-se ao caráter essencial tanto como 'sapros, que indica a degeneração da virtude original}. Estas duas palavras dão o significado de inútil, depravado, prejudicial.

A palavra depravação era também usada no Velho Testamento para designar Βελιαλ belial referindo-se a um filho de Satanás. 

3. A natureza da ira de Deus. “A ira de Deus se revela do céu”. Deus é santo, perfeito, e por isso Ele detesta o pecado. Deus é santo; os seus olhos são tão puros que não podem contemplar a iniquidade. A ira é a reação de Deus ao efeito destruidor do pecado.

A ira de se manifesta a todos os homens que andam ao contrário a natureza santa de Deus. Portanto a vida dos ímpios é caracterizada por ações e comportamentos considerados pecaminosos. Na verdade, o ímpio não respeita aos preceitos de Deus, e não se importa de violar as Suas Leis. 

4. A ira de Deus manifestada. A ira divina é o meio de Deus freia o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A ira de Deus que eternamente contra tudo que prejudica a vida espiritual da Sua Criação.

Muitas pessoas não entendem como Deus é amor e ao mesmo tempo é um Deus irado. Os atributos de Deus são equilibrados em Sua perfeição divina. Deus ama o pecador, mas não ama o pecado. Vejamos o que a Bíblia nos revela: Sl 11.5 “O Senhor prova o justo, mas a sua alma aborrece o ímpio e o que ama a violência.”

Deus não tem em nada amor benevolente para com o pecador. Ele tem um ódio perfeito dele, de fato, Ele diz que “odeio-os com ódio consumado” (Sl 139.21-22).

As manifestações da ira divina acontecem desde o pecado original no princípio. Ela só irá findar no juízo final. 

5. A propiciação da ira de Deus. “A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé” (Rm 3.25). Somente o sangue expiatório e a justiça de Cristo propiciam o livramento permanentemente contra essa ira de Deus.

“A quem Deus propôs...”, ou pré-ordenou. Esta palavra no grego é προέθετο proetheto e significa por diante de, o qual “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo.” (Ef 1.4). O propósito de Deus se deu antes da fundação do mundo, escolhendo o Seu Filho como propiciação pela humanidade. Deus, agora exibiu publicamente Jesus Cristo como um sacrifício propiciatório pelos pecados das pessoas. Ele foi exposto à vergonha; e assim condenados à morte a fim de atrair para a cena os olhos de todos os habitantes da Terra. 

6. A ira de Deus na história. A Escritura atesta sobre a ira de Deus já manifestada na vida dos homens ao longo de sua história no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1ª Ts 1.10), julgamento das nações (Mt 25.32) e Juízo Final (Ap 20.1-15). Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vs. 24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”. 

7. A Ira de Deus sobre a humanidade. “Homens que detém a verdade em injustiça.” “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira. 

Os homens que detêm a verdade em injustiça já estão debaixo de condenação herdada de Adão, e se mantém inescusáveis quanto as suas ações, visto que souberam da existência de Deus por meio das coisas que foram criadas, mas não deram a devida importância a tal conhecimento e não buscando a Deus. Antes, as suas ações se diversificaram segundo os seus corações e pensamentos, e somente entesouram ira para si (Rm 2.5).

A fé é o elemento pelo qual o homem alcança a justiça de Deus, e a incredulidade é o elemento que detém a ação da verdade, permanecendo a injustiça. O evangelho de Cristo revela a justiça de Deus aos homens, e estes, quando não creem em Cristo, detêm a verdade em injustiça. Portanto, a impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade.

O que atrai a ira de Deus é a impiedade e a injustiça. A ira de Deus é a retribuição pelas injustiças e impiedades praticadas pelos homens. O destino de cada indivíduo gira na aceitação ou na rejeição da revelação divina. Agora a natureza da revelação de Deus e as consequências de rejeitá-la serão retribuídas a cada um.

Somente aqueles que creem na mensagem do evangelho descobrem a justiça de Deus, pois é isto que o evangelho manifesta a todos quantos creem. Já aos incrédulos é dado conhecer a ira de Deus, pois mesmo eles não sabendo, a ira de Deus se manifesta neles. Deus manifestou a sua ira sobre os homens que detém a verdade de Deus em injustiça. 

III. A REVELAÇÃO DE DEUS E O SEU PODER ETERNO DA NATUREZA 

1. Através da natureza. Rm 1.20 “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” 

O profeta Oseias convida a conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor (Os 6.3.). A coisa mais extraordinária para o ser humano é conhecer a Deus. O Senhor poderoso, grandioso, que criou os céus e a Terra, dentro da mais perfeita ordem. “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16). Aquele que criou tudo se revela por meio da natureza, e nela, podemos ver a perfeição do Criador. O sol, a lua e as estrelas, as árvores, as pedras, as aves e os peixes, os animais terrestres, os insetos e os homens, tudo isso anuncia a grandeza do Eterno, exatamente como está escrito: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (João 1.3). Aquele que é Senhor sobre tudo se revela por meio da natureza. Observando-a podemos saber quem é Deus (Sl 8.3,4), pois os céus proclamam a sua glória (Sl 19.1-4). Assim, homens de todos os tempos têm acesso à revelação sobre o poder e a divindade do Senhor.

Quando olhamos o corpo humano com sua funcionalidade de uma maneira superior à qualquer criação humana, isso declara que Deus invisível é o Criador das coisas visíveis. E isso é suficiente a fim de que os homens “fiquem inescusáveis” (v. 20). Por isso o ateísmo é inaceitável diante do Eterno. 

2. Não glorificam a Deus. 1.21,22, “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22- Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” 

No verso 21, Paulo usa a expressão “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”, ou seja, a humanidade reconhece a existência de Deus, por meio da natureza, mas, não se voltam para Ele. Uma coisa é reconhecer a existência, outra é reconhecer a Deus.

Nunca poderão dizer que não tiveram oportunidade de se relacionar com Deus. Mesmo sabendo da existência de Deus, algumas pessoas tem motivação errada, buscando os seus próprios interesses, priorizam a busca do poder, mesmo que para os conquistar precise praticar a injustiça.

Glorificar a Deus é adorar, honrar, reverenciar e venerar como Criador e dono de tudo que existe. Este é o mandamento do princípio: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’ (Lc 4.8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (Dt 6.13)”. 

2. Substituiu a criatura pelo Criador são considerados loucos (vs. 22,23). Parece que Paulo está falando de certos discursos filosófico que tinham conhecimento da verdade, mas detinham pelas suas injustiças. O termo empregado por Paulo para descrever os falsos sábios é σοφοὶ (sofhoi), o qual também se traduz por “filósofos”. Para Paulo, estes homens enganaram a si mesmos porque “Dizendo-se sábios, tornando-se loucos.” O efeito do pecado sobre a mente humana é mudar a sua falsa inteligência em loucura (1ª Co 1.17-27). Este era o orgulho comum dos filósofos da antiguidade. A própria palavra pela qual eles escolheram ser chamados “filósofos” significa literalmente “amigos da sabedoria”. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se, ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas profundas.

O desprezo pela revelação de Deus faz nascer discursos ímpios, teorias perversas, filosofias tolas, baseadas no próprio homem, como o humanismo. Os cristãos genuínos, porém, não são humanistas, pois sabem que só uma fé genuína em Deus, não em si mesmos, obtém a vitória sobre o mundo (1ª Jo 5.4,5). 

IV. O DEUS CONHECIDO E A IDOLATRIA (v. 21) 

V. 23 E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. 

1. A idolatria. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus (Fp 3.19).

Nas religiões primitivas muitas vezes o ídolo é talhado do tronco de uma árvore, ou de pedra, uma imagem de homem corruptível, ou de aves, quadrúpedes e répteis (vs. 23,24; veja Is 44.9-20).

Parte da argumentação de Paulo em Romanos 1.18-24 vem de Jeremias 2.11: “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.”

Parte da construção textual de Paulo, está relacionada com Salmos 106.20, acerca de “trocar a glória de Deus” pelas imagens da criação. Assim falou o Senhor a Deus através do profeta Miquéias 5.13 “e arrancarei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos.”

O Senhor foi contundente com o Seu povo quando os tirou do Egito: Levítico 19.4 “Não vos virareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”

O primeiro mandamento da lei de Deus, conforme descrito na Bíblia Sagrada em Deuteronômio 6.13, “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás”. Essa frase enfatiza a importância de adorar e servir somente ao Deus Criador, reconhecendo-o como o único Deus verdadeiro e digno de adoração.”

Na tentação de Jesus no deserto Satanás usou de sua artimanha para levar Jesus a apostasia. Veja no evangelho de Mateus:

Mateus 4.8,9 “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9- E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” 

Satanás na verdade queria que Jesus abandonasse o Pai. No mesmo instante, Jesus repreendeu Satanás e venceu aquela tentação no deserto: “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. (Mateus 4.10,11).

Voltando ao texto em que Paulo expõe no v. 23, o extremo da degradação: Seres humanos, incumbidos de ser representantes de Deus na Terra, ajoelham-se diante de imagens humanas, répteis, animais etc. Inculcando-se (orgulhosamente) por sábios, tornaram-se loucos (v. 22; cf. v. 32).

E mudaram a glória do Deus incorruptível....” A palavra “incorruptível” é aqui aplicada a Deus em oposição ao “homem”. Deus é imutável, indestrutível, imortal.

E mudaram, ou seja, eles transferiram um objeto de adoração, para ídolos. Na verdade, não produziram nenhuma mudança real na glória do Eterno, mas a mudança foi neles mesmo. Eles abandonaram Aquele de quem tinham conhecimento e ofereceram a homenagem que lhe era devida aos ídolos.

“...em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” Eles mudaram “a glória do Deus incorruptível” na imagem não gloriosa da própria criação, “em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis”. Uma imagem é uma representação ou semelhança de qualquer coisa, seja feita por pintura, seja de madeira, pedra, etc. Assim, a palavra é aplicada aos “ídolos”, como sendo “imagens” ou “representações” de objetos terrenos; referindo ao culto egípcio. A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.

Quando Deus tirou o Seu povo do Egito determinou dizendo: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20.4-5).

A idolatria é tão seria que Paulo trata da atitude dos cristãos “que comem dos sacrifícios” se tornam “participantes do altar como oferendas aos deuses pagãos, e ainda afirma dizendo que os que sacrificam têm “comunhão com os demônios” (1ª Co 10.24-20). 

V. CONSEQUÊNCIAS DA REJEIÇÃO A DEUS

A rejeição da humanidade da revelação de Deus e suas consequências desastrosas são narradas com alguns detalhes (vs. 21-32): 

1. Deus entregou à própria sorte. Rm 1.24,25 “Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.”

O homem tem a livre escolha para fazer o bem e o mal (Dt 30.19), ou seja, ele tem a liberdade para fazer o que ele quer de sua vida. Quando o homem é entregue a sua própria vontade ele aprofunda em seu próprio pecado, ou de acordo com os desejos pecaminosos do seu coração (da mesma forma que o Pai entregou a herança ao filho pródigo (Lc 15.12)).

Quando eles mudaram a verdade de Deus, perderam a visão de Deus. Servindo a criatura em vez do Criador. Um idólatra adora a imagem de uma criatura feita por mãos humanas (Is 44.9-18) e, assim, insulta e desonra o Criador, que é eternamente digno de honra e glória. 

“...em mentira...”. Jesus diz que o diabo é o pai da mentira (Jo 8.44), ele com sua astúcia engana o homem assim como enganou Eva no Éden. Os judeus em Roma, deliberadamente trocaram a verdade que tinham sobre Deus pela mentira, isto é, os ídolos, ou imagens, são uma mentira, uma falsidade. (Jr 10.14). 

2. Deus os entregou a práticas antinaturais. 1.25,28 “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27- semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28- Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.”

Paulo usa 3 vezes a expressão “Deus os entregou, (vs. 24, 26, 28), para reforçar que a ira de Deus também é derramada em dose tripa. 

Perversão sexual. “às paixões infames”. Ou: “ao apetite sexual vergonhoso”. A Bíblia King James Atualizada vai dizer: “E, por essa razão, Deus os entregou a paixões vergonhosas.”

A palavra grega traduzida aqui como “paixão” é páthos e se refere a um forte desejo, uma paixão descontrolada. O texto mostra claramente que se refere a desejos de natureza sexual. Aqui, esse tipo de paixão descontrolada é chamado de ‘vergonhoso’ (em grego, atimía, “desonra; vergonha”), Paulo diz que a homossexualidade é uma “paixão infame” (v. 26), uma “torpeza”, um abandono de “relações naturais” (v. 27), uma “injustiça” (1ª Co 6.9), e “prostituição segundo a carne” (Judas 1.7).

A ira de Deus é revelada contra os homens que mudaram os costumes naturais da sua sexualidade. Eles negaram o costume natural dado por Deus, para terem relações com o sexo oposto, homens com homens bem como mulheres com mulheres. 

A sodomia e outras formas de prostituição no Antigo Testamento, sempre estiveram ligadas ao culto pagão. Esta prostituição sagrada seria uma prática ligada à religião, na qual as prostitutas sagradas teriam relações sexuais com quem as procurasse com objetivo de ser abençoado com fertilidade, seja para si, esposa, terras ou animais. Assim as mulheres e homens vendiam sexo para o lucro de deidades e templos. 

“...e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.” O apóstolo Paulo afirma que aqueles que deixariam o costume natural do sexo receberiam uma penalidade de juízo e nós sabemos que a AIDS tem crescido entre os homossexuais.

Paulo em vez de usar as palavras gregas mais comuns para “homem” e “mulher”, ele usou palavras gregas mais específicas, que poderiam ser traduzidas como “macho” e “fêmea”. Estas mesmas palavras gregas específicas foram usadas na tradução de Gên 1.27 na Septuaginta. 

Ao descrever o homossexualismo, Paulo aponta sete características desse pecado abominável:

1) imundícia (Rm 1.24);

2) desonra para o corpo (1.24);

3) paixão infame (1.26);

4) antinaturalidade (1.26);

5) contrariedade à natureza (1.26);

6) torpeza (1.28);

7) erro (1.28). 

VI. DEUS OS ENTREGOU A UM SENTIMENTO DEPRAVADO 

Romanos 1.28-31 “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; 29- estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; 30- sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; 31- néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia.”

1. Existe uma consequência quando os homens rejeitam a Deus. Paulo conclui este capítulo e apresenta a mais longa lista de pecados da humanidade corrupta, sem Deus. A lista de pecados registra vinte e dois itens encontrados nos versículos finais de Romanos 1, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de Deus. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nenhum é menos digno de castigo que o outro. Paulo disse: “São dignos de morte os que tais coisas praticam” (v. 32). Até que ponto o homem passou de Deus então, que não somente comete estas obras, mas, como Paulo diz, “consentem aos que as fazem”?

Paulo enfatizou que primeiramente, Deus entregou o homem às concupiscências de seu coração e à imundícia; segundo, Deus o abandonou às paixões infames; e, agora, terceiro, o entregou a um sentimento perverso. 

2. Deus os Entregou a um Sentimento Depravado. “....estando cheios de toda iniquidade...”. A palavra iniquidade no grego: ανομια anomia, significa: negação da lei; ilegalidade; falta de conformidade com a lei; violação da lei; desacato à lei e impiedade.

Observe que a rejeição de Deus começou com ingratidão, mas foi rapidamente para a idolatria e a imoralidade. Agora, o homem é completamente corrupto e culpado de várias iniquidades. 

Nesta lista representativa, Paulo cita vinte e dois pecados que eram comuns em seus dias, e que de forma alguma são incomuns hoje: 

2.1. Prostituição. É qualquer tipo de atividade sexual promíscua, antes ou depois do casamento. Os cristãos não são contra o sexo - eles são a favor - mas sempre na união matrimonial. Nesta união, e somente nesta união, Deus ordenou que o sexo deveria acontecer. 

2.2. Malícia. É habilidade para enganar, despistar; astúcia, ardil, manha. É a pessoa que tem propensão ou tendência para praticar atos de maldade, isto é, objetivo de enganar ou causar danos em alguém. 

2.3. Avareza. Ganância; cobiça; querendo aquilo que não deve querer. É o desejo de ter mais, uma coceira por mais e mais. Este é o materialismo em seu auge! 

3.4. Maldade. É a qualidade do que é mau; perversidade, malignidade, crueldade. É aquele que prejudica ou ofende alguém com atitude má, perversa; crueldade e desumanidade. É o ato de fazer mal com pessoas e animais. 

2.5. Cheios de inveja. Inveja significa um descontentamento ou desejo profundo por aquilo que pertence a outros. É um sentimento egoísta por parte da pessoa. 

2.6. Homicídio. É tirar a vida de outra pessoa por um motivo maligno. Parece que hoje nossa sociedade protege o assassino e o criminoso para que os homens não tenham mais medo da lei da terra. 

2.7. Contenda. Descreve uma pessoa contenciosa, um criador de problemas, alguém que tem um problema. Há muita agitação social em nossa terra hoje. 

2.8. Engano. É um ato de engano ou uma tentativa deliberada de enganar. Em nossos dias, o engano é parte integrante da política, dos negócios e até da religião. Tornou-se, simplesmente, um modo de vida. 

2.9. Malignidade. É aquele que age de maneira perversa e má. É qualidade do que é maligno; mau caráter; depravação de coração e vida; sutileza maligna; astúcia maliciosa.

2.10. Murmuradores. Murmurar significa sussurrar ou dizer algo em tom muito baixo.

São aqueles que secretamente contam informações que irão ferir o caráter de outras pessoas, ou seja, difamar, caluniar. Geralmente a murmuração está imbuída em descontentamento, insatisfação, queixa e lamentação. Com frequência a murmuração expressa um sentimento de desacordo, de oposição, de ira e rebelião. Contudo, o problema da murmuração é ainda pior porque geralmente Deus é o alvo da murmuração. 

2.11. Detratores. Difamadores; Caluniadores. São os que praticam a fofoca aberta e desenfreada que difama os outros. É aquele que desqualifica e desvaloriza a importância de algo ou alguém. 

2.12. Aborrecedores de Deus. São aqueles que têm mentes carnais que estão em “inimizade contra Deus" (Romanos 8.7). Eles “abominam e odeiam o verdadeiro Deus das Escrituras e frequentemente blasfemam contra Deus abertamente e com orgulho. 

2.13. Injuriadores. São fingidos e fanfarrões.

São aqueles que causa difamação, que calunia; insultador. 

2.14. Soberbos. Em praticamente todas as ocorrências que a Bíblia menciona a arrogância, orgulho ou altivez, é como um comportamento ou atitude detestada por Deus.

Existem duas formas gregas da palavra arrogância.

1. Uperogkos significa “inchaço” ou “extravagante” como usado em “palavras de vaidosa arrogância” (2ª Pe 2.18; Jd 1.16).

2. O outro é phusiosis, que significa “inchaço da alma” ou “orgulho e tumulto” (2ª Co 12.20). É semelhante a essa mentalidade egoísta que diz: “O mundo gira em torno de mim” (Pv 21.24). 

2.15. Presunçosos. Descreve uma pessoa arrogante, que se coloca acima dos outros. Aquele que se acha belo, perspicaz, com maior inteligência etc. adjetivo Característica de quem possui excesso de presunção, de vaidade e afetação. 

2.16. Inventores de males. São pessoas que ficam ativamente tramando e direcionando suas intenções com o objetivo de causar o mal. 

2.17. Desobedientes aos pais. Descreve o desrespeito pela unidade familiar. Nunca antes as crianças neste país alardearam sua desobediência à autoridade dos pais como fazem hoje. 

2.18. Néscios. Mostra uma incapacidade de apreender ou compreender os fatos. Pessoas sem compreensão podem racionalizar seu comportamento. Os alcoólatras são um bom exemplo disso. Existem mais alcoólatras em nosso país hoje do que nunca. 

2.19. Infiéis nos contratos. São aqueles que não têm fé e são desleais, aqueles que não cumprem sua palavra. Hoje a palavra de um homem não significa nada. Nem a palavra de uma nação - os tratados muitas vezes não passam de pedaços de papel. 

2.20. Sem afeições naturais. É falta a capacidade de amar "entes queridos", como os membros da família. Nos Estados Unidos, um em cada dois casamentos termina em divórcio. Uma grande porcentagem dos homicídios neste país ocorre em famílias ou com amantes. 

2.21. Irreconciliáveis Implacável. É a incapacidade de se relacionar com outras pessoas. Descreve alguém que não pode ser apaziguado. 

2.22. Sem misericórdia. Significa não ter piedade natural pelo sofrimento, ser implacável e duro. 

Esses versículos contêm uma das mais extensas listas de pecados de toda a Bíblia. Essa lista mostra a grande amplitude da depravação moral humana (observe o termo toda no versículo 29). Note que enquanto a sociedade exercita a tendência de justificar certos pecados, Deus julga todos os pecados sem distinção. Tais pecados revelam em particular a rebeldia existente em nosso coração. Todos, sem exceção, merecem o castigo de Deus. 

3. O Julgamento de Deus. 1.32 “Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.” 

- “... conhecendo bem o decreto de Deus”. Aqueles que cometem os pecados listados acima, “são dignos de morte os que tais coisas praticam”, ou seja, estão fazendo é errado e que no final serão julgados por um Deus justo.”

Os gentios, conhecendo o julgamento de Deus, percebem que essas coisas trarão punição e morte moral, física e espiritual. Mesmo assim, eles continuam a pecar porque “amam as trevas em vez da luz.” 

“não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam.” O ímpio não apenas comete seu próprio pecado, mas também se deleita, aplaude e aprova quando outros fazem a mesma coisa. Os homens racionalizam seus pecados porque “todos estão cometendo”. Isso salva a consciência, mas não afasta a ira de Deus que arde “contra toda a impiedade e injustiça dos homens.” (Rm 1.18). 

CONCLUSÃO A humanidade perdeu-se em seus caminhos, pois não desejou conhecer o Senhor. Preferiu o pecado.

Daí entrou em processo de corrosão moral, que culminou na mais terrível degradação. Paulo, vendo essa cena, disse que Deus permitiu a devassidão pecaminosa para a própria vergonha do homem. Este é o retrato atual da humanidade - dominada pelo humanismo - que se fez inimiga de Deus (Tg 4.4). Se não houver arrependimento, todos perecerão (Lc 13.3).

Os crimes e pecados dos gentios são os mesmos que atormentam a humanidade nos dias atuais. Porque? Porque os homens ainda rejeitam a luz que Deus lhes deu. Mesmo assim, a porta da graça está aberta, mas um será fechada (Mt 2510-11). Porém, os homens hoje precisam desesperadamente do perdão dos pecados e de um propósito de vida que somente Cristo pode dar. Somente Cristo pode salvar uma pessoa ou nação de se autodestruir por meio de um profundo envolvimento e prazer no pecado.

A Igreja primitiva era composta de pecadores vis que foram salvos pela graça (1ª Coríntios 6.91-11). Quantas pessoas hoje dariam qualquer coisa por um novo começo na vida porque elas bagunçaram tanto suas próprias vidas? Se ao menos eles pudessem encontrar perdão pela culpa que assola suas almas! Para todos os que correm para ele para a salvação, Cristo diz: “Seus pecados estão perdoados. Vá e não peques mais.”

Pr. Elias Ribas

 Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC


A EXPOSIÇÃO MAGNA DA FÉ CRISTÃ - ROMANOS

 


Romanos 1.1-15 “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. 2- O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas Escrituras, 3- Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 4- Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5- Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, 6- Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. 7- A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 8 Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. 9 Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, 10 pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. 11 Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, 12 isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. 13 Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. 14 Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. 15 E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.” 

INTRODUÇÃO

Nesse primeiro capítulo de Romanos o apóstolo Paulo destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus, ou seja, não há justo seque diante de Deus. Ele enfatiza que a justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da santidade e justiça de Deus.

A teologia Paulina, relata, de maneira profunda, a doutrina da justificação pela fé, mediante a graça divina. Paulo mostra que a graça de Deus e a salvação são para todos, judeus e gentios. Ele mostra que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação dos judeus e gentios. 

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS 

1. Títulos. A carta aos Romanos os teólogos denominam com vários títulos: evangelho Paulo, evangelho da graça, evangelho do Cristo ressurreto, tratado teológico paulino, mais puro evangelho. Em relação ao Judaísmo, é uma é uma carta apologética; em relação ao Cristianismo, Paulo defende a salvação pela fé.

A carta aos Romanos é a mais longa de todas as epístolas de Paulo e é considerada por muitos como a melhor. 

2. Local e data de Romanos. Quando o apóstolo Paulo escreveu a epístola, ele se encontrava na cidade de Corinto (Rm 16.1), hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), entre 57 e 58 d.C. Foi nessa época que foram coletados os donativos na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Jerusalém. 

3. Destinatário de Romanos. “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” Com base nesse versículo, ele escreveu para os irmãos em Roma. Na verdade, a igreja era composta por pessoas de diferentes origens étnicas e sociais. Judeus e gentios, escravos e livres, ricos e pobres, todos se reuniam para adorar a Deus juntos (Rm 2.17; 4.1; 7.1). Essa diversidade trouxe desafios, mas também enriqueceu a comunidade cristã em Roma.

A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Embora não tenha o nome de um fundador específico podemos dizer que a igreja em Roma foi fundada por missionários anônimos. 

4. A cidade de Roma. Roma era a capital do Império Romano. Até o momento Paulo ainda não havia visitado a metrópole (1.13; 15.23). 

5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola. 

5.1. João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos. 

5.2. Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida. 

5.3. Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados. 

II. O AUTOR DA EPÍSTOLA 

1. Quem escreveu essa carta. O Apóstolo Paulo é o autor da Epístola (Rm 1.1). Paulo contou com ajuda de Tércio, que escreveu sua própria saudação aos irmãos em Roma, quase no final da epístola (Rm 16.22). A carta foi entregue à igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencreia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma. 

Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Ele mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).

O nome Saulo tem uma origem hebraica Shaul, e significa desejado ou o que foi pedido a Deus. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”, esse nome possui uma rica história que remonta aos tempos bíblicos. 

2. O apóstolo a si mesmo se denomina “servo de Jesus Cristo” (v. 1.1). O apóstolo se auto denomina servo de Jesus Cristo. A palavra servo vem do grego doulos que ignifica escravo. Nós, os crentes, do Novo Testamento somos escravos de Jesus Cristo, isto é, fomos liberto da escravidão para servir voluntariamente no reino do mestre Jesus. 

2.1. “Chamado”. O Senhor Deus não chama vocacionados, mas vocaciona aqueles que recebem Jesus em seus corações. O termo chamado do grego kletos tem o sentido de vocacionado. Ele fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não pelo homem (Gl 1.1). 

2.2. “Apóstolo”. O termo ἀπόστολος, apóstolo no grego vem de duas palavras, preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. Portanto a palavra “apóstolo” é aquele que é enviado em missão; ou enviado com uma mensagem confidencial. A vocação apostólica hoje, é denominamos de missionário. Ó missionário portanto, é aquele chamado por Deus, para levar a mensagem de boas novas em lugares diferentes, ou seja, em regiões desconhecidas O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21). 

III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA 

Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). Por causa disso Paulo não cessa de interceder e dar graças a Deus em favor dos irmãos em Roma, porque as boas novas de salvação havia chegado ao Império Romano.

Paulo declara seu profundo desejo de conhece-los pessoalmente, algo que tinha durante a muito tempo de fazer uma visita aos romanos, pois queria lhes anunciar o evangelho (13-15).

Paulo considerou-se como devedor a todos, mostrando que o mesmo evangelho serve para os “sábios” e os “ignorantes”. (14-15). 

IV. O TEMA DA CARTA AOS ROMANOS 

1. Poder de Deus. V. 16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”.

Paulo afirma de não ter vergonha do evangelho porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem pregada por Paulo não foi invenção do homem, mas veio de Deus para a salvação de “todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16). 

2. A fé dos romanos. Paulo anela vê-los. V. 17 “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Paulo ensina que a salvação é de quem crê, não de um determinado povo ou de quem faz determinadas obras. O apóstolo nos ensina que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios. 

O justo viverá pela fé. Paulo recorre ao profeta Habacuque 2.4, para mostrar a Igreja de Roma que a fé é o início, meio e fim do crente. Por isso nós o encontramos três citações do apóstolo no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

A teologia paulina nada tem a ver com os estágios progressivos da fé, mas somente com a fé em si como a maneira indicada de receber a “justiça” de Deus. Nós preferimos, portanto, entendê-la assim: A justiça de Deus está na mensagem do evangelho, revelada (ser por fé; para fé; mediante a fé, isto é, “a fim de ser pela fé recebida.

Iniciar a carreira com fé, no meio da caminha você vai batalhar pela fé, e acabar a carreira com fé. Jesus diz que “o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir.” (Jo 10.10). Mas o que ele quer te roubar? Jesus responde esta pergunta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11b). O que é que você tem? Agora Paulo te responde: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2ª Tm 4.7). A fé é a essência da tua vida, por isso diabo luta contra você para roubar tua fé. Portanto, o cristão deve batalha pela fé Jd 1.3, “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Você deve também usar a fé como arma de defesa: Ef 6.16 “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Como ter fé? Rm 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” 

3. A revelação da justiça de Deus (v. 17). “Paulo afirma que a Justiça de Deus se revela através do Evangelho, da mensagem de salvação em Jesus Cristo. Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco ‘de obras em obras’” [Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD, 2º Trimestre de 1998]. 

4. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

A declaração de Paulo nos versos 16 e 17 deixa uma questão: por que os justos devem viver pela fé? Por que apenas recebendo a justiça é o único modo de ficarmos retos diante de Deus? Paulo vai usar os versos 18 a 32 para responder o porquê nós precisamos que Deus nos dê sua justiça e por que não podemos merecê-la, conquistá-la por nós mesmos. Ele vai nos apresentar um retrato escuro da humanidade. 

CONCLUSÃO. A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.

 Esequias Soares da Silva. O Evangelho da justiça de Deus. Lições Bíblicas CPAD 2º Trimestre de 1998 

https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/1998/1998-02-01.htm

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC



CARATA DO APÓSTOLO PAULO AOS ROMANOS

 


A Carta do Apóstolo São Paulo aos Romanos foi escrita quando ele estava em Corinto, no inverno de 57/58 D.C., na casa de seu amigo Gaio, programando sua partida para Jerusalém, de onde planejara viajar a Roma e de lá à Espanha. Por isso, escreve a mais longa e mais profunda de suas cartas, e encarregou a diaconisa Febe de levá-la aos Romanos.

Devemos ler a carta como um texto uníssono, isto é, sem divisões, fazer uma interpretação deste texto e compreender do ponto de vista a mensagem que o escritor da carta é acostumado a desenvolver. Depois é preciso aplicá-la à ideia geral que a carta procura transmitir.

Qualquer interpretação que destoe das proposições acima deve ser desconsiderada. Caso alguém interprete um texto e conclua que a salvação é por obras, deve rever a sua análise, pois esta não foi a ideia que o escritor procurou transmitir.

Os judaizantes, os legalistas, os moralistas e os formalistas sempre se empenharam em demonstrar o quanto a humanidade está perdida apontando as depravações dos pagãos. Paulo, por sua vez demonstra que a humanidade está perdida, não por questões comportamentais e morais, e sim, por todos estarem debaixo do pecado (Rm 3.9-19). 

I. VERDADES INTRODUTÓRIAS (Rm 1.1-7). 

1. O autor da epístola é o apóstolo Paulo (v. 1).

2. O apóstolo a si mesmo se denomina servo de Jesus Cristo (v. 1).

Cristo é o Senhor e o Dono, o apóstolo lhe deve lealdade e obediência total.

3. Paulo foi separado por Deus para o apostolado no evangelho (v. 1).

4. Jesus é a pessoa central do evangelho.

4.1. Foi prometido por Deus por intermédio dos profetas (v. 2).

4.2. Nasceu da descendência de Davi (v. 3).

4.3. É Deus (v. 4).

4.4. Ressuscitou dos mortos (v. 4).

4.5. Foi declarado Filho de Deus com poder (v. 4).

4.6. Mediante ele recebemos graça para a obediência por fé (v. 5). 

II. O SERVIÇO DO EVANGELHO DE PAULO (Rm 1.8-16). 

1. Paulo servia a Deus no espírito (v. 9).

O verdadeiro serviço prestado a Deus é espiritual e realizado através do Espírito Santo.

2. O apóstolo se considerava DEVEDOR ante os fatos de conhecer o evangelho e o de proclamá-lo a todas as nações e classes sociais (v. 14).

3. Estava PRONTO para anunciar o evangelho também em Roma (v. 15).

4. Não se ENVERGONHAVA do evangelho, pois este é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (v. 16). 

III. O EVANGELHO DE JESUS CRISTO (Rm 1.16,17). 

1. É o poder de Deus.

2. Seu objetivo é salvação.

3. Qualquer um pode crer.

4. É para todo o mundo.

5. Sua natureza é divina.

6. Opera pela fé.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

quarta-feira, 13 de março de 2024

A VERDADEIRA PASCOA

 


Êx 12.1-6 “E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: 2- Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. 3- Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. 4- Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. 5- O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. 6- E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. 7- E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 8- E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. 9- Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. 10- E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo. 11- Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.” 

INTRODUÇÃO

Quase 1.500 a.C, Moisés foi enviado ao Egito para libertar os israelitas da escravidão. Deus realizou uma série de pragas para punir os egípcios e seu arrogante rei. Na preparação para a última praga, ele fez uma distinção entre os egípcios e os israelitas. Os primogênitos dos egípcios seriam mortos, mas nenhum mal viria sobre os israelitas. Esta proteção divina foi condicionada na obediência dos israelitas em cada família fazer o sacrifício de um cordeiro. Na noite da Páscoa, cada família comeu a carne deste cordeiro e colocou seu sangue acima e em ambos os lados da porta da casa. 

Durante os séculos entre Moisés e Jesus, cordeiros foram sacrificados para buscar o perdão de Deus. O Senhor mandou que oferecessem esses sacrifícios para mostrar que o pecado traz a morte e o derramamento de sangue. Ao mesmo tempo, a necessidade de repetir os sacrifícios mostrou a sua ineficácia. A morte de um animal jamais resolveria o problema do pecado humano.

• O povo de Israel se celebrou a primeira páscoa, quando a nação de Israel estava na escravidão do Egito. As instruções dessa celebração foram transmitidas por Deus a nação israelita por meio de Moisés. 

• O Os primeiros capítulos do livro trazem as instruções de Deus dadas a Moisés, e repassadas aos demais judeus, de como deveria ser celebrada a primeira Páscoa. 

I. A PÁSCOA NO ANTIGO TESTAMENTO 

1. O significado da páscoa.

• A Palavra pascoa no hebraico, - pessach, no grego - pasca e significa “passar por cima” ou “passar além”, no sentido de “poupar”; (o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel, poupando-os. O verbo que dá base ao substantivo pessah tem o sentido de salto, movimento, caminhada, travessia. 

Êxodo 12.27 “Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou.” 

A Páscoa judaica significa a passagem do povo judeu da escravidão que vivia no Egito para a libertação na terra prometida, há 3500 anos. 

2. A instituiu a Páscoa para os israelitas.

Vs. 2-3, “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. 3- Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.” 

• A Páscoa se comemorava no dia 14 do mês de “Nisã”. primeiro mês do Calendário Hebraico, que deveria ser um dia de Lua Cheia, chamada de Lua Cheia da Páscoa. 

• Em hebraico, esse mês era chamado de Abibe, mas após o cativeiro babilônico também passou a ser chamado Nisã. 

• Páscoa é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas as outras festas na Bíblia. 

2. Páscoa fala de memória, de identidade. A pessach, é uma festa instituída por Deus como um memorial para que os filhos de Israel jamais se esquecessem que foram escravos no Egito, e que o próprio Deus os libertou com mão poderosa, trazendo juízo sobre os deuses do Egito e sobre Faraó. (Ex 12). Páscoa fala de memória, de identidade. 

3. O sangue era um sinal de proteção para os hebreus. Êxodo 12.7 “E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.” 

• O sangue era um sinal exigido por Deus para salvar os hebreus da morte física. 

• O sangue do animal novo devia ser passado nas ombreiras e na verga das portas. 

O sangue do Cordeiro era um sinal.

Êxodo 12.13 “E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. 13- O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.” 

O SENHOR procurava o sangue na porta e se o visse a morte passaria. Mas o sangue não era um sinal para Ele. Diz que o sangue foi um ‘sinal para você’ – as pessoas, incluindo você e eu. 

4. O ritual da celebração pascal.

Êx 12.7-11 “E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 8- E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. 9- Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. 10- E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.” 

• Retirava-se o sangue do animal;

• Ungia a entrada das cabanas com o sangue do animal;

• Assava a carne do animal;

• Com a carne assada, fazia um grande banquete para a família reunida;

• O banquete oferecido incluía a presença de pães ázimos ou asmos, ervas amargas nascidas no deserto; 

5. Os Hebreus deviam estar em prontidão na noite da páscoa, para partirem do Egito.

V. 11 “Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.” 

6. A Saída do Egito. Êxodo 12.29-39

Após a praga da morte dos primogênitos, o faraó finalmente libera os israelitas, e eles partem apressadamente do Egito, levando consigo pães ázimos para lembrar a pressa da fuga. 

II. A PÁSCOA NO NOVO TESTAMENTO 


A Páscoa é um sinal na medida em que aponta para Jesus através do momento notável da Páscoa com a crucificação de Jesus. 


1. O sinal nos aponta para pensar no sacrifício de Jesus.
Na primeira Páscoa os israelitas sacrificavam cordeiros e pintavam o sangue para que a morte passasse sobre eles. Este sinal apontando para Jesus nos diz que da mesma forma o ‘Cordeiro de Deus’ também foi sacrificado e seu sangue derramado para que a morte passasse sobre nós. 

João 11.25,26 “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26-E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” 

Hebreus 10.3-4 “Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.” 

Êxodo 12.7-10 “E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 8- E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. 9- Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.10- E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.” 

2. A última páscoa de Jesus. Mateus 26.26-30
“E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. 27- E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lhe, dizendo: Bebei dele todos; 28- Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. 29- E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai. 30- E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” 

Antes de ser crucificado, Jesus Cristo participou das celebrações da Páscoa judaica com Seus discípulos. 

É como se o ato de Cristo, ao fazer os discípulos participarem com Ele da última ceia, e, ao mesmo tempo, deixar-lhes uma cerimônia sagrada, que seria a Nossa Páscoa até Sua segunda vinda. 

3. A ceia é um memorial até que Cristo volte. 1ª Co 11.23-26 “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24- E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. 25- Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. 26- Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” 

A páscoa aponta para morte de Cristo e a ceia é um ato em memória do sacrifício de Jesus até que Ele venha. 

4. A páscoa deveria ser celebrada em família. Êxodo 12.3,4 “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. 4- Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.” 

A páscoa cristão também é celebrada em família. 1ª Coríntios 11.26 “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” 

Os elementos da Ceia do Senhor.

Na celebração da Ceia, os elementos usados são o pão e o vinho. Estes são símbolos que representam o corpo de Jesus e o sangue derramado. 

Jesus tipifica o Cordeiro do Velho Testamento.

O pão representa o corpo de Jesus, que sofreu, ferido na cruz e morreu por nós: 

João 6.33 “Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo.” 

O sangue derramado na cruz por Jesus pagou por nossos pecados, mas também permitiu uma Nova Aliança entre Deus e o homem. Logo, o vinho simboliza o sangue de Jesus na Nova Aliança: 

1ª Coríntios 11.25 “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim.” 

A primeira páscoa a nação de Israel celebrou em família.

A segunda da igreja que agora é a família de Deus.

O verso 11 “E vós o comereis assim: com vossos cintos na cintura, vossos sapatos nos pés e vosso cajado na mão; e o comereis às pressas. Esta é a Páscoa do Senhor”. Eram peregrinos no Egito. 

Desta forma é a páscoa cristã.

Devemos celebrar com o Cinto da Justiça que é Cristo, os sapatos da preparação do evangelho, (Ef 6.14-17). 

“...e vosso cajado na mão...” O cajado é autoridade no nome de Jesus. 

“...e o comereis às pressas.” Não significa literal, mas no sentido de que quaisquer momentos, o Senhor Jesus virá para retirar o Seu povo desta Terra (Egito), para Canaã celestial.

III. AS CARACTERISTICAS DO CORDEIRO 

O cordeiro da páscoa era o sacrifício aceitável, que Deus mesmo tinha instituído. 

1. Jesus é o Cordeiro de Deus. Jo 1.29 “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” 

2. A escolha do Cordeiro. Êx 12.5 “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.” 

O Cordeiro tinha que ser sem defeito e Cristo cumpriu esta exigência.

1ª Pe 1.18-19 “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,19- Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.” 

3. O cordeiro tinha que ser separado para o sacrifício quatro dias antes do dia 14.

Êxodo 12.3, 6 “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. 6- E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.” 

- A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21) aconteceu 4 dias antes da crucificação de Jesus. 

4. Jesus é nossa páscoa. 1ª Co 5.7 “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” 

Êxodo 12.8 “E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.” 

Os pães azimos (sem fermento): representa a remoção do pecado de nossas vidas, de nossas casas, para que não sejamos mais escravizados por ele. (O fermento na Bíblia representa o pecado). 

Ervas amargas: representam a lembrança do sofrimento do qual Deus libertou Seu povo, das amarguras sofridas no tempo da escravidão. É lembrar que devemos nutrir a gratidão e a santidade.

IV. A MORTE DO CORDEIRO 

1. O cordeiro tinha que ser imolado pela congregação inteira. Êxodo 12.6 “E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.” 

Jesus morreu pelo mundo inteiro. Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 

1ª João 2.2 “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” 

Qual o significado da palavra propiciação no hebraico?

A palavra propiciação é uma tradução do termo hebraico kaphar, no Antigo Testamento, e do vocábulo grego hilasmos, no Novo Testamento, as quais são traduzidas por cobrir, expiar, reconciliar, propiciar, pacificar. 

2. Nenhum osso do cordeiro podia ser quebrado. Êx 12.46 “Numa casa se comerá; não levarás daquela carne fora da casa, nem dela quebrareis osso.” 

A Bíblia diz que nenhum osso de Jesus foi quebrado no dia de sua morte. Jo 19.33-36 “Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.34- Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35- E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais. 36- Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.” 

3. O sangue do cordeiro era uma proteção para o povo de Israel. Êx 12.13 “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.” 

O sangue de Cristo é a provisão de Deus para a salvação da morte espiritual. 1ª João 1.7 “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” 

Efésios 1.7 “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” 

4. Um sacrifício perfeito.

Hebreus 7.26-28 “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; 27- Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. 28- Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” 

Hebreus 9.12-14 “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. 13- Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne. 14- Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” 

V. A CARACTEÍSTICA DO CORDEIRO PASCÁL – EM RELAÇÃO A MORTE DE JESUS 

1. Um Cordeiro imaculado. 1ª Pedro 1.19 “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado.”

Atos 8.2 “Foi levado como ovelha ao matadouro; e como um cordeiro, mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abre a sua boca.” 

2. Ele tomou sobre si nossos pecados.

A imposição de mãos. O crente do Antigo Testamento ao oferecer um sacrifício pelo seu pecado, colocava suas mãos na cabeça da vítima, transferindo simbolicamente assim seus próprios pecados para o animal substituto. Semelhantemente, Cristo carregou o fardo do pecado de todos aqueles chegam a Ele para remoção dos seus pecados. 

3. Ressurreição de Jesus.

O que significa a palavra ressureição.

A palavra ressuscitar tem origem no termo grego anistemi, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava “levantar-se dentre os mortos; erguer-se outra vez; retornar a vida. 

1ª Pe 1.3 “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.” 

1ª Coríntios 15.20 “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.” 

Rm 8.11 “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” 

Jo 11.25 “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” 

Foi só depois de Jesus que a Páscoa passou a ser associada à ressurreição de Cristo. 

VI. A PÁSCOA E O PAGANISMO 

1. Qual a origem do coelho da páscoa. A Bíblia não menciona nada sobre um coelho que entrega ovos às crianças no dia da ressurreição de Jesus Cristo. Coelhos e ovos não têm nada em comum – afinal, o animal é mamífero e não bota ovos.

A tradição sobre o coelho da Páscoa, está inserida em diversas culturas pagãs que ocorria antes do cristianismo, sempre no mês de março.

No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da antiguidade consideravam o coelho como o símbolo da Lua.

Diz uma antiga lenda chinesa que a deusa lunar Chang’ vive na lua com um coelho branco, o coelho lunar, também conhecido como coelho de jade, o animal frequentemente aparece moendo ervas medicinais com um pilão no Palácio Lunar, para fabricar o elixir da longa vida.

De acordo com a mitologia germânica, o coelho deriva de um festival pagão em honra de Ostara ou Ostara, a deusa da fertilidade cujo símbolo era o animal coelho. Para representar a divindade, as pessoas utilizavam a figura do coelho, que é um animal amplamente associado à fertilidade. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Ostare no dia 30 de Março. A partir desta lenda mítica, a figura de Ostara foi incorporada ao folclore da Páscoa. A tradição de decorar ovos é uma referência direta a Ostara, já que os ovos representam a fertilidade e o renascimento. Portanto, o culto a Ostara costumava ser feito durante a primavera, por este motivo a igreja Católica, para evitar as celebrações pagãs, associaram o coelho e a tradição da “coleta dos ovos” à Páscoa Cristã.

O que a deusa Ostara e o coelho têm a ver com a Páscoa. Na verdade, o coelho da Páscoa não tem qualquer relação com o sentido cristão dessa celebração. A a igreja Católica se apropriou de algumas celebrações pagãs para que todas as crenças tivessem alguma ligação com o cristianismo. 

2. Quando foi inserido o coelho da pascoa na igreja. No final do Império Romano, época cujo objetivo era converter os povos germânicos ao catolicismo, a igreja passou a incorporar algumas tradições desses povos, incluindo o culto à deusa da fertilidade Ostara, representada por uma lebre. Após o ano 300, quando Constantino reconhece o cristianismo, os dias de festa a nova igreja cristã foram anexados aos antigos festivais pagãos.

Portanto o festival de Ostara, que ocorria em uma época semelhante à celebração da ressurreição de Cristo, foi mais um alvo desta doutrina. A Igreja incorporou os símbolos do coelho e dos ovos (que também estavam presentes no festival) ao evento cristão como uma forma de reforçar o renascimento que a época demanda. 

3. O que a Bíblia fala sobre o coelho? Na Bíblia Sagrada a palavra coelho na linga hebraica muitas vezes tem sido traduzida como “lebre” e “texugo”.

No antigo Egito, o simpático roedor já era sinônimo de fertilidade. Entretanto, nas Sagrada Escrituras, os animais roedores são considerados impuros. Veja no livro de Deuteronômio 14.7, “Entretanto, há ruminantes ou animais de casco fendido que vocês não poderão comer. O camelo, a lebre e o texugo, que ruminam, mas não têm casco fendido, esses serão impuros para vocês”, diz o versículo.”

Em Levítico, há um versículo sobre o animal. “E o coelho, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esse vos será imundo; e a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; essa vos será imunda.” (Lv 11.5-6).

Ao longo da história, a Igreja precisou usar estratégias para reforçar a doutrina e conquistar mais fiéis, incorporando muitas celebrações pagãs, como uma forma de valorizar esses eventos, associando-os à religião que deveria prevalecer sobre as outras.

3. O ovo da páscoa. Na Grécia e na Roma antiga, os ovos pintados eram dados como presentes durante o equinócio da primavera, para desejar prosperidade e fertilidade. Do ponto pagão o ovo é considerado um símbolo de nascimento e vida.

Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada na igreja, o rito pagão de festejar a primavera foi integrado pela igreja Católica à Semana Santa e os cristãos então, passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Jesus.

No século XVII, o Papa Paulo V, abençoou o ovo em uma oração, talvez para abandonar a proibição decretada pela Igreja no século IX de consumi-los durante a Quaresma. Assim, o ovo de Páscoa tornou-se uma tradição que mistura a origem pagã da Páscoa com a religião cristã.

Na tradição ortodoxa, os ovos são frequentemente pintados de vermelho para simbolizar o sangue que Jesus derramou na cruz.

A entrega de ovos de chocolate e a alusão aos coelhos na Páscoa não têm nada a ver com a ressurreição de Jesus Cristo — o motivo para a celebração nas religiões cristãs. Na verdade, trata-se de uma tradição com origem pagã, costume que crê em múltiplos deuses. 

VII. JESUS E O COELHO 

João 11.25,26 “Disse lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26- e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso?”

“... todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá.” A condição para ter vida é crer. Jesus está afirmando que Ele é a fonte da vida eterna e a garantia de que todos os que creem N’ele terão vida mesmo após a morte. A vida que Jesus oferece não é apenas uma vida depois da morte, mas também uma vida abundante e plena neste mundo (Jo 10.10). Quando alguém crê, Jesus entra dentro de seu coração e lhe dá a vida nova, unida a Deus.

Onde você tem depositado a tua fé? O problema decorrente acerca do coelho da páscoa é, que a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro imaculado que derramou o Seu sangue inocente na cruz do Calvário para nos dar a vida eterna, foi trocado por um coelho considerado animal imundo por Deus na Antiga Aliança. Jesus deve ser o centro de tudo, Ele deve ocupar o primeiro na nossa vida, as coisas terrenas não podem se equiparar a Ele.

Todavia, tem pessoas que vão além do coelho da páscoa, carregam um pé de coelho no bolso como um amuleto, para espantar o mal de suas vidas. Estas pessoas acreditam que o pé do coelho que tem poder para trazer sorte e afastar influências malignas. Quem usa um amuleto põe sua fé no poder do amuleto. Usar amuletos é uma forma de fazer simpatia.

Aqueles que confiam no amuleto em vez de confiar no Senhor Jesus, com certeza estão desligadas do amor de Cristo, porque colocaram as coisas terrenas no centro de suas vidas. Como disse o salmista Davi: “Um abismo chama outro abismo ...” (Sl 42.7). Podemos interpretar dizendo que um erro chama outro erro. Primeiro erro (abismo) foi colocar um coelho no lugar do Cordeiro de Deus. E o segundo erro (abismo), carregar um pé de coelho no bolso, em vez de levar Jesus no coração.

Estas pessoas que confiam no pé do coelho como amuleto, com certeza estão desligadas do amor de Cristo, porque colocaram as coisas terrenas no centro da sua vida. 

CONCLUSÃO

O cristão não está impedido de comemorar a Páscoa, pois a relação cristã com a Páscoa decorre na Ressurreição de Jesus Cristo, que representa a esperança de salvação para toda a humanidade.

Muitas igrejas têm reuniões e atividades especiais nesse dia, que podem ser usadas para evangelização, isto é, anunciar a morte e ressureição de Cristo pelos nossos pecados. Também é um bom dia especial para estar com a família e juntos agradecer pelo sacrifício de Jesus celebrando a Sua vitória sobre a morte. Nada impede de presentear nossos familiares, mas lembrando que toda a honra e glória seja dada ao Senhor Jesus Cristo que morreu e ressuscitou a o terceiro dia para nos salvar.

Pr. Elias Ribas Dr. em Teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC