SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO DO
LIVRO DE LEVÍTICO.. 4
AS LEIS CIVIS E
CERIMONIAIS CONTIDAS EM LEVÍTICO.. 9
O SACRIFÍCIO DA
EXPIAÇÃO.. 12
A OFERTA DE
MSANJARE
SACRIFÍCIO
PACIFICO.. 21
O SACRIFÍCIO PELO
PECADO.. 31
O SACRIFÍCIO PELA
CULPA.. 36
LEIS PARA OS
SACERDOTES DAS 5 OFERTAS ANTERIORES (Lv 6) 40
O ALTAR SEMPRE
ACESO.. 43
CONTINUAÇÃO DO
REGULAMENTO SUPLEMENTAR (Lv 7) 47
A CONSAGRAÇÃO DO
SACERDOTE.. 49
FOGO ESTRANHO
DIANTE DE DESUS. 57
O SECERDOTE DA
OBRA DE DEUS EO O USO DO VINHO.. 63
AS ORAÇÕES DOS
SANTOS NO ALTAR DE OURO.. 76
O DIA DA EXPIAÇÃO.. 81
AS FESTAS SOLENES
DE ISRAEL E O ANO DO JUBILEU.. 87
ENTRE A PÁSCOA E O
PENTECOSTES. 91
VOTO E DIZIMO.. 95
SANTIDADE AO
SENHOR.. 101
Para que o livro de Levítico seja bem
interpretado é necessário que se tenha uma imagem perfeita dos livros que o
antecedem.
1. Gênesis mostra a eleição divina – um
povo escolhido por Deus.
2. Êxodo mostra a libertação divina – um
povo libertado por Deus.
3. Levítico mostra o culto divino – o modo
pelo qual podemos adorar a Deus entrando na Sua presença.
Podemos dividir o Livro de Levítico em
duas partes principais. A primeira engloba os capítulos 1 a 10 e deles tiramos
a seguinte lição: o único caminho para Deus é mediante o sacrifício. A segunda
contém os capítulos 11 a 27 e por eles aprendemos que: o caminhar com Deus só é
possível mediante a santificação.
A Lei foi o padrão de vida dos judeus e o
Tabernáculo foi o símbolo de sua segurança – Yahweh no meio do Seu povo. Moisés recebeu instruções para a sua
construção. O sacerdócio levítico foi instituído para benefício do povo. A
presença de Deus neste Tabernáculo é manifesta: “Então, a nuvem cobriu a tenda
da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo.” (Êx 40.34).
O livro de Levítico é considerado por
muitos leitores da era moderna como uma mensagem inútil ou irrelevante para os
nossos dias. Mas esse é um grande engano.
A intenção do livro é nos mostrar
instruções detalhadas para a santidade, tanto no culto, como na vida, como em
comunidade. O interesse de Deus, em Levítico não é formar uma geração de
religiosos legalistas, mas de verdadeiros adoradores.
Aprendemos como o pecado deve ser tratado
com seriedade, mas Deus sempre proveu um caminho de redenção. Todos eles
apontavam para algo superior e definitivo, que se revela em Cristo.
O livro de Levítico é o terceiro livro da
Bíblia. Seu tema principal trata acerca do culto ao Senhor na Antiga Aliança.
Por isto boa parte do conteúdo do livro é constituída pela descrição de
cerimônias e ritos.
O livro de
Levítico é o terceiro livro da Bíblia. Seu tema principal trata acerca do culto
ao Senhor na Antiga Aliança. Por isto boa parte do conteúdo do livro é constituída
pela descrição de cerimônias e ritos.
I.
SOBRE O LIVRO DE
LEVÍTICO
1.
Nome. O tema do livro também explica seu
título. A palavra Levítico vem do grego Λευιτικόν, “Leuitikon”, do
original hebraico “torat kohanim” e do latim “leviticus”.
Levítico é o terceiro livro do Pentateuco, chamado em hebraico: וַיִּקְרָא, “Vaicrá”
que significa “Chamou Deus” (Lv 1.1). O termo em português é derivado do latim
“Leviticus”, emprestado do grego, e é uma referência aos levitas, a
tribo de Aarão, os primeiros sacerdotes judaicos (“kohanim”). Quem foram
os levitas na Bíblia Sagrada?
No Antigo
Testamento o povo de Israel era formado por tribos. Essas tribos descendiam dos
doze filhos de Jacó. Uma das tribos era a tribo de Levi, que era um dos doze
filhos de Jacó (o terceiro filho dele: Gênesis 29.34). Todas as pessoas que
faziam parte da tribo de Levi vieram a ser chamadas mais tarde de levitas. Os
levitas eram portadores do sacerdócio menor e receberam a responsabilidade de
oficiar no tabernáculo e, posteriormente, no templo de Jerusalém (Nm 3.5-10). O
livro de Levítico contém instruções quanto ao desempenho dos deveres do
sacerdócio, como, por exemplo, a realização de sacrifícios de animais e de
outros rituais que se destinavam a ajudar a ensinar aos filhos de Israel as
doutrinas referentes a Jesus Cristo e Sua Expiação. O Senhor revelou o objetivo
principal das instruções contidas no livro de Levítico: “Santos sereis, porque
eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Levítico 19.2; ver também Levítico
11.44–45; 20.26 e 21.6). Ao estudar esse livro, você poderá aprofundar seu
entendimento da Expiação do Salvador e sua gratidão por ela. Além disso, poderá
aprender verdades importantes que o ajudarão a santificar-se, ou seja, a
tornar-se espiritualmente puro e a guardar-se para propósitos sagrados. O ato
de viver de acordo com essas verdades preparará você para servir ao Pai
Celestial e Seus filhos. Neste estudo sobre o livro de Levítico iremos conhecer
um panorama geral desse importante livro do Pentateuco.
2. Canonicidade. O Levítico, bem
como os demais livros do Pentateuco, foi reconhecido, desde o princípio, como a
Palavra de Deus, e posto “perante o Senhor”, junto à Arca da Aliança, no
Tabernáculo (Dt 31.26). Em várias passagens, ele é chamado, juntamente com
outros livros do Pentateuco, de “Livro do Senhor”, ou “Livro da Lei” (Is 34.16;
2º Rs 22.8). Portanto, o Levítico tem de ser considerado, à semelhança dos
demais Livros da Bíblia Sagrada, como a Palavra inspirada, inerrante e completa
de Deus.
3. Gênero
literário. Em virtude de seu género literário, o livro de
Levítico pode ser considerado o manual do culto divino do Antigo Testamento (Lv
23). Ele pode ser visto também como o estatuto da purificação nacional, social
e pessoal do povo hebreu (Lv 17.1-7).
4.
Autoria. A autoria de Moisés é confirmada no
próprio livro pelo fato de o texto declarar cinquenta e seis vezes: “Disse o
Senhor a Moisés” (Lv 16.2; 21.1; Dt 1.1). Portanto, nenhum outro livro da
Bíblia tem uma confirmação tão acentuada da autoria mosaica como este. Os cinco
primeiros livros da Bíblia são citados nos livros do AT como obra de Moisés (Js
1.7,8; 23.6; 1º Rs 2.3; 2º Rs 14.6; Ed 3.2; 6.18; Ne 8.1; Dn 9.11-13). Após
curar o leproso, Jesus orientou que este fosse ao sacerdote e apresentasse a
oferta que Moisés havia determinado (Mt 8.1-4). Tal procedimento encontra-se no
Livro de Levítico (Lv 14.3,10). Os escritores do NT estão de pleno acordo com
os do AT. Falam dos cinco livros em geral como “a lei de Moisés” (At 13.39;
15.5; Hb 10.28).
5.
Data e assunto. Levítico é o terceiro livro do AT. Ele
foi escrito aproximadamente em 1445 a.C. (ELISSEN, 1984, p. 25). Um ano mais
tarde, Moisés levantou o Tabernáculo no deserto (Êx 40.17). Foi exatamente
nesse ponto que o profeta e legislador, inspirado pelo Espírito Santo, passou a
registrarás normas do culto hebreu (Lv 1.1).
Levítico
apresenta o plano de Deus para ensinar o Seu povo escolhido a se aproximar
d’Ele de maneira santa. Destaque especial foi dado às funções sacerdotais,
tomando reverente e santa esta aproximação a Deus. Assim, este livro apresenta
o ofício sacerdotal ou “levítico”, ao qual foram feitas referências no Novo
Testamento em Hebreus 7.11, onde o termo “sacerdócio levítico” se encontra (MOODY,
sd, pg. 01).
6.
Sua relação com os outros livros do Pentateuco. É importante verificar a mensagem de Levítico para acompanharmos a
progressão do Pentateuco. Gênesis nos conta o chamado do patriarca Abraão e a
eleição de sua família para exercer a função de concerto na história humana. Êxodo
narra a grandiosa libertação dos descendentes de Abraão, os israelitas, da
escravidão do Egito e o estabelecimento do concerto de Deus com este povo no
Sinai. Êxodo também expõe o caráter legal deste concerto e o testemunho do
concerto no Tabernáculo e o culto a ser administrado ali. Levítico é um tipo de
manual dado aos sacerdotes e ao povo de Israel para que soubessem fazer a
adoração exigida pelo concerto de maneira eficaz e aceitável ao Deus de Israel (BEACON,
2006, pg. 254).
7.
Seu cumprimento. Citado por cerca de quarenta vezes no
Novo Testamento, Levítico, era o primeiro livro estudado pelas crianças judias;
no entanto, com frequência, é o último dos livros da Bíblia a ser estudado
pelos cristãos. Muitas passagens do Novo Testamento, incluindo alguns
conceitos-chaves da epístola aos Hebreus, não podem ser devidamente avaliadas
se não tivermos um claro entendimento de suas contrapartidas no livro de
Levítico. A afinidade entre Levítico e o Novo Testamento se torna óbvia no
livro de Hebreus, considerado por alguns um comentário sobre Levítico no Novo
Testamento (CHAMPLIN, 2001, pg. 479).
8.
A importância de Levítico. Quando Jesus
falou o segundo mandamento que resume toda a Lei, Ele citou Levítico 19.18 que
diz: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas
amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Mc 12.31; Lc 10.27).
Paulo também fez citação desta parte de Levítico em suas epístolas (Rm 13.9; Gl
5.14). O apóstolo Pedro por sua vez, quando exorta aos cristãos sobre andar em
santidade faz uma clara citação do Livro de Levítico. Compare (Lv 11.44; 20.26;
1ª Pe 1.16). Levítico 19 costuma ser chamado de o “Sermão do Monte” do Antigo
Testamento (ELISSEN, 1993, pg. 41).
II.
A RAZÃO DO LIVRO
O livro de
Levítico foi escrito tendo em vista estes objetivos: purificar Israel das
abominações do Egito, preservá-lo das iniquidades de Canaã e transformá-lo num
povo santo, obreiro e adorador.
1.
Purificar Israel das abominações do Egito. Além de arrancar Israel do Egito, a Moisés coube também uma missão ainda
mais difícil: arrancar o Egito de Israel. Embora já livres da servidão de
Faraó, os israelitas não se livraram de imediato das abominações egípcias, haja
vista o Lamentável episódio do bezerro de ouro (Êx 32.1-10).
Para arrancar
Israel do Egito bastou um dia; para arrancar o Egito de Israel, quarenta anos
não foram suficientes (Nm 14.33,34). Por esse motivo, o livro de Levítico
fez-se necessário e urgente. O Senhor, detalhada e didaticamente, ensinou aos
israelitas a diferençar o puro do impuro (Lv 10.10; 15.31; 20.25). Sem esse
recurso didático, os hebreus jamais seriam reconhecidos como nação sacerdotal,
profética e real (Êx 19.6).
Preservar
Israel das iniquidades de Canaã.
Ao deixarem o
Egito, um país notoriamente idólatra, os filhos de Israel peregrinaram durante
quarenta anos pelo deserto, para receber, por herança, uma terra habitada por
nações ainda mais idólatras e abomináveis (Lv 18.3). Por esse motivo, as
recomendações divinas eram tão enérgicas (Dt 18.9).
Sem os
estatutos, leis e regras do livro de Levítico, os israelitas corriam o risco de
perder as suas características como povo exclusivo de Deus.
2. Preservar
Israel das iniquidades de Canaã. Ao deixarem o
Egito, um país notoriamente idólatra, os filhos de Israel peregrinaram durante
quarenta anos pelo deserto, para receber, por herança, uma terra habitada por
nações ainda mais idólatras e abomináveis (Lv 18.3). Por esse motivo, as
recomendações divinas eram tão enérgicas (Dt 18.9). Sem os estatutos, leis e
regras do livro de Levítico, os israelitas corriam o risco de perder as suas
características como povo exclusivo de Deus.
3.
Transformar Israel num povo santo, adorador e obreiro. A Moisés cabia também educar os filhos de Israel, a fim de
transformá-los num povo santo, adorador e obreiro (Lv 11.45). Sem a educação
minuciosa e eficiente proporcionada pelo Livro de Levítico, os israelitas
jamais teriam cumprido a missão que o Senhor lhes designara por intermédio de
Abraão: ser uma bênção a todas as famílias da Terra (Gn 12.1-3; Dt 14.2).
Afinal, Israel teria de portar-se como nação messiânica, pois tinha como missão
principal, embora inconsciente, revelar Jesus Cristo ao mundo (Jo 4.22).
III.
O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS DO CULTO LEVÍTICO
1.
O livro dos sacrifícios. Em Levítico
estão listados os cinco principais sacrifícios que os israelitas faziam para
Deus a fim de terem os pecados perdoados e o relacionamento com Deus
restaurado.
Para bem
entendermos o sistema de sacrifícios estabelecido na lei, temos de observar que
eram cinco os tipos de ofertas ou sacrifícios instituídos no culto levítico:
holocausto ou oferta queimada, oferta de manjares, ofertas pacíficas ou
sacrifícios pacíficos, ofertas pelo pecado e ofertas pelas transgressões. Todas
as ofertas levíticas eram essenciais para representar a obra de Cristo. Cada
tipo de oferta era relativo às prescrições divinas em termos de qualidade e
natureza da oferta. A primeira de todas as ofertas tinha um caráter vicário, e,
a partir de então, todas as demais ofertas dependem dessa primeira. Não se
podia oferecer uma oferta pelo pecado a menos que houvesse sido feita uma
oferta de expiação. Não se oferecia uma oferta de paz a menos que se tivesse
sido feita uma oferta expiatória.
2.
Holocausto (Lv 1). Expiar os pecados em geral. Mostrava
devoção a Deus.
3.
Oferta de manjares (Lv 2). Demonstrar
honra e respeito a Deus. Reconhecia que todos pertencemos a Deus Sacrifício
pacífico (Lv 3) Expressar gratidão a Deus Simbolizava paz e comunhão com Deus.
4.
Oferta pelo pecado (Lv 4). Pagar pelo
pecado cometido, involuntariamente por ignorância, negligência ou imprudência.
Restabelecia a comunhão do pecador com Deus; mostrava a gravidade do pecado.
5.
Oferta pela culpa (Lv 5). Pagar pelos
pecados cometidos contra Deus e as pessoas. Provia compensações para as partes
lesadas.
6.
O livro da santidade. A palavra “santo” consta setenta e
três vezes no livro. O tabernáculo e seus móveis eram santos (Lv 8.10,11),
santos os sacerdotes (Lv 8.12,13), santas as suas vestimentas (Lv 16.4,32),
santas as ofertas (Lv 22.12), santas as festas (Lv 23.2,4), e tudo era santo
para que Israel fosse santo (Lv 20.26). A santidade de Deus impõe leis
concernentes às ofertas, ao alimento, à purificação, à castidade, às
festividades e outras cerimônias (Lv 1-5; 11-14,18). Somente por seus
mediadores, os sacerdotes, pode um povo pecaminoso aproximar-se do Deus santo.
Tudo isto ensinou aos hebreus que o pecado é que afasta o homem de Deus, que
Deus exige a santidade e que só o sangue espargido sobre o altar pode expiar a
culpa (Lv 17.11). De modo que Levítico fala de santidade, mas, ao mesmo tempo,
fala da graça, ou possibilidade de obter perdão por meio de sacrifícios (HOFF,
1995, p. 77).
7.
O livro da vocação sacerdotal. Os filhos de
Levi, eram antes uma tribo comum, mas que foi separada pelo Senhor para exercer
as funções no Tabernáculo (Nm 8.14-17; 18.2-4,6). As obrigações menores,
algumas até manuais, como de limpeza, arranjo e arrumação no templo, cabiam aos
levitas não sacerdotais (1º Cr 15.2). Deus separou para esta função os três
filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari (Nm 26.57). Desta tribo também Deus
separou Arão e seus filhos para oficiarem o sacerdócio (Êx 28.1-3; Lv 8-10; Dt
18.5,7).
IV. O MANUAL DO
SACERDOTE
O livro de Levítico foi entregue
mui particularmente aos filhos de Levi, objetivando orientá-los quanto às
atividades cultuais, santificadoras e intercessoras.
1. Atividades
cultuais. Os levitas tinham como atribuição exclusiva zelar
pela santidade, perfeição e beleza do culto do Deus de Israel (Nm 3.12). E,
para que todas as coisas saíssem de acordo com as recomendações divinas,
obrigavam-se eles a observar rigorosamente as ordenações do Levítico. Seu
ofício deveria refletir a glória de Deus (Lv 9.1-6). Por esse motivo, tudo
neles tinha de estar de acordo com as prescrições do Senhor: ordenação, pureza
moral, espiritual e física (Lv 8.1-36; 10.8-11).
2. Atividades
santificadoras. A reivindicação mais urgente e importante do Livro de
Levi é a santificação de Israel como herança particular do Senhor: “Portanto,
santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 20.7). Os
sacerdotes, por conseguinte, deveriam, em primeiro lugar, cuidar de sua própria
santificação para terem condições de zelar pela santidade de todo o povo (Lv
16.1-11). Recomendação semelhante faz o apóstolo Paulo aos obreiros de Cristo
(1ª Tm 4.16).
3. Atividades
intercessoras. A principal atividade do sacerdote era, sem dúvida,
fazer a intermediação entre o pecador arrependido e o Deus Santo, Único e
Verdadeiro (Lv 9.7), haja vista o gesto de Arão quando da apostasia de Core e
seu bando. Naquele momento, o povo de Israel esteve prestes a ser destruído,
mas o gesto do sumo sacerdote tornou a nação propícia a Deus (Nm 16.46).
Hoje, em virtude do sacrifício de
Cristo, não mais necessitamos de intermediários humanos para nos achegarmos a
Deus (1ª Jo 4.10). Jesus é o nosso sublime e perfeito Sumo Sacerdote (Hb
7.26,27). Todavia, a santidade continua a ser exigida daqueles que oram e
intercedem; que o façam “levantando mãos santas” (1ª Tm 2.1,8).
V.
O QUE APRENDEMOS COM O LIVRO DE LEVÍTICO
O teor do livro
revela os princípios básicos da religião do Antigo Testamento. E, para quem
conhece o Novo Testamento, não é difícil identificar nele as raízes da teologia
cristã. Talvez a expressão não esteja tão desenvolvida quanto a encontrada no
Novo Testamento, mas os princípios são notavelmente os mesmos. Vejamos:
1.
O pecador só pode ser absolvido de forma substitutiva. Deus ordenou que nos sacrifícios pelo pecado um animal deveria morrer no
lugar do pecador (Lv 1.4). Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico
desempenharam importante papel no AT, eram insuficientes para redimir o homem,
representando apenas a “sombra dos bens vindouros” (Hb 10.1). Os profetas do AT
já haviam vaticinado sobre isso (Is 1.11-15; Jr 7.21-23; Mq 6.6-8). Deus falou
sobre a necessidade de um sacrifício superior que teve seu cumprimento cabal em
Cristo (Sl 40.6-8; Hb 10.5-10). Jesus Cristo morreu de forma substituta pelo
pecador a fim de que este fosse aceito por Deus (Is 53.4,5; 2 Co 5.21; 1ª Pe
2.24).
2.
A expiação da alma só pode acontecer com sangue. No livro de Levítico está escrito que o sangue faz expiação pela alma
(Lv 17.11). O escritor aos hebreus asseverou também que “sem derramamento de
sangue não há remissão” (Hb 9.22). O sangue dos sacrifícios do Antigo Concerto
apenas cobria os pecados, enquanto que o sangue do sacrifício do Novo Concerto,
o de Cristo, purifica de todo pecado (Mt 26.28; Hb 9.13,14; 10.4,10; 1ª Jo 1.7;
Ap 1.5; 7.14).
3.
A provisão do sacrifício pelo pecador é feita por Deus. O que o pecador oferecia para ser sacrificado em seu lugar, era um ato
providencial da parte de Deus. Tal atitude é ensinada claramente em toda Bíblia
que o sacrifício pelos pecados do homem foi suprido pelo próprio Deus, o Seu
Filho Unigênito (Is 7.14; 53.4,5; Jo 3.16; 6.51).
4.
Exige-se do povo de Deus uma vida santificada. Levítico também nos ensina que Deus exige do Seu povo santificação em
todas as áreas da vida (Lv 11.44; 20.26). Tal ensinamento também está bem
presente no NT, que exige um comportamento santo daqueles que professam a sua
fé em Cristo (1ª Ts 4.7; Tt 2.12; Hb 12.14; 1ª Pe 1.15,16).
O Livro de
Levítico revela em seu conteúdo, princípios que também são ensinados no NT.
Logo, devemos nos dedicar a sua leitura, meditação e prática, a fim de que
possamos progredir agradando a Deus.
A principal lição que extraímos do
livro de Levítico é que o Deus santo requer duas coisas básicas de cada um de
seus filhos: que nos separemos do mundo e que nos dediquemos, em pureza e
santidade, ao seu serviço. Este é o nosso culto racional (Rm 12.1-3).
1. Pontos curiosos:
·
Levítico
e Hebreus são livros que se correspondem, e devem ser estudados juntos.
·
O
capítulo chave de Levítico é o 16, que trata do Grande Dia da Expiação.
·
YAWÉH é quem expressa todas as
instruções neste livro, menos os capítulos 8 a 20, e 24.10-12.
·
O
livro é um cumprimento de Êxodo 25.22.
·
O
Novo Testamento cita, pelo menos 40 vezes neste livro.
2. Os
principais assuntos de Levíticos são:
·
As
ofertas;
·
O
Sacerdócio;
·
O
Grande Dia da Expiação;
·
A
Vida Santa.
3. O Livro de
Levítico tem 27 capítulos:
·
Vinte
e dois dos vinte e sete capítulos de Levítico, começam com “E falou o Senhor a
Moisés”, Levítico é único livro da Bíblia que foi quase ditado por Deus à
Moisés.
·
Aspectos
básicos doutrinários do livro de Levítico:
4. Só é possível
comunhão com Deus, mediante a expiação, pelo sangue do sacrifício do Cordeiro
Expiador.
·
O
homem é incapaz de expiar os seus próprios pecados.
·
A
expiação tem que ser conforme a revelação divina “E falou o Senhor à Moisés”.
·
Andar
com Deus requer viver em santidade, porque Deus é Santo (Rm 12.12).
·
Ninguém
pode chegar-se à Deus, para qualquer finalidade sem trazer uma oferenda, do
contrário não será aceito.
·
Ninguém
pode chegar-se à Deus sem que tenha Jesus na vida, isto é, sacrifício perfeito,
(Hb 7.27).
5. As cinco
grandes ofertas de Levítico:
5.1. E chamou o Senhor a Moisés, e
falou com ele da tenda da congregação (Lv 1.1).
·
O
holocausto (Lv 1.3-7);
·
A
oferta de manjares (ou cereais) (Lv 2);
·
O
sacrifício pacífico (Lv 3);
·
Os
sacrifícios pelos pecados por ignorância (Lv 4);
·
O
sacrifício pelos pecados ocultos (Lv 5).
5.2. “Oferecereis a vossa oferta de
gado, de vacas e de ovelhas” (Lv l.2). 6. Animais
não aceitos para o sacrifício do Senhor:
·
Animal
fera; tipo selvagem – não tem preço;
·
Cavalo
– guerra;
·
Jumento
– teimosia;
·
Morcego
– é de difícil identificação, enigmático, ninguém sabe o que ele é;
·
Garça
– branca, mas gosta de lama;
·
Camaleão
– muda de cor para camuflar-se;
·
Urso
– abraça, mas para matar;
·
Cachorro
– é muito imoral;
·
Porco
come de tudo;
·
Cobra
– é venenosa, e a não venenosa amedronta;
·
Répteis
– não são serpentes, mas parecem.
7. Animais
aceitos:
Eram cinco tipos
·
Touro
Força.
·
Carneiro
Mansidão.
·
Cabrito
Agilidade.
·
Rolinha
Humildade.
·
Pombinha
Simplicidade e Paz
8. Eram
animais domésticos – mansidão, brandura, valor.
a. Ninguém podia ficar sem oferecer sacrifício, até mesmo os pobres, pois o Senhor designou rolinhas para
os que não tinha posses.
b. Os cinco animais aceitos, em escala
decrescente, representam diferentes graus de consagração do crente.
Ninguém subestime a vida espiritual dos
outros; a consagração dos outros. Por exemplo: a rolinha é pequenina, mas voa;
o touro é enorme, mas não voa.
b. Os cinco animais aceitos, em escala
decrescente, representam diferentes graus de consagração do crente.
Ninguém subestime a vida espiritual
dos outros; a consagração dos outros. Por exemplo: a rolinha é pequenina, mas
voa; o touro é enorme, mas não voa.
9. Eram
cinco grandes ofertas: Cinco é o número típico da graça divina.
Gênesis 15.9: – 5 animais no pacto
da graça entre Deus e Abraão.
Efésios 4.11 – 5 dons ministeriais
da graça divina.
Deuteronômio 16.28 – 5 irmãos
carentes da graça.
Apocalipse 9.5 – 5 meses de
tormento, por não haver graça.
10. Oferecerá de
sua própria vontade, perante o Senhor (Lv 1.3).
A. Tipo de entrega total e
voluntária de Cristo, na sua vida e na sua morte (Hb 10.7; Ef 5.2).
Fala de nossa entrega total,
voluntária, nossa consagração. (Lc 14.26, 27, 33).
“Porá a sua mão sobre a...” (Lv
1.4).
B. Mão; identificações, impressões
digitais; Cristo identificou-se em tudo com o pecado, exceto no pecado;
Identificação uns com os outros,
isolamo-nos uns dos outros?
“Os Sacerdotes ofereceram o sangue
e espargiram o sangue sobre o...” (Lv. 1.5).
·
Sangue
“expiador” (Lv 17.11; Hb 9.22).
·
Sangue
“redentor” (Mt 26.28; Ap 1.5; Ef
l.7).
·
Sangue
“protetor” (Êx 12.13).
·
Sangue
“purificador” (Hb 9.14; Jo l.7).
·
Sangue
“santificador” (Hb 13.12).
·
Sangue
“consagrador” (Lv 1.5).
Em ordem (Lv 1.4-9).
De cheiro suave (Lv 1.9, 13, 17).
Agradável ao Senhor de que o Senhor
se agrada (2ª Co 2.14, 15).
Levítico 1.1-9 “E chamou o SENHOR a Moisés, e falou
com ele da tenda da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e
dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecereis as vossas
ofertas de gado, de vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de
gado, oferecerá macho sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá,
de sua própria vontade, perante o Senhor. 4- E porá a sua mão sobre a cabeça do
holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua expiação. 5- Depois
degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes,
oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está
diante da porta da tenda da congregação. 6- Então, esfolará o holocausto e o
partirá nos seus pedaços. 7- E os filhos de Arão, os sacerdotes, porão fogo
sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. 8- Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em
ordem os pedaços, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo em cima
do altar. 9- Porém a sua fressura e as suas pernas
lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isto queimará sobre o altar; holocausto
é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR.”
Apesar
da glória e da simbologia do holocausto, os profetas não demoraram a revelar a
transitoriedade desse ritual levítico. Eles sabiam que, embora a oferenda fosse
eficiente como tipo de um sacrifício melhor e definitivo, não era eficaz, em si
mesma, para redimir o pecador. Por isso, o holocausto tinha de ser oferecido,
pela fé, com os olhos postos no Calvário.
No
Antigo Testamento, o sacrifício era a única maneira de aproximar-se de Deus e
restaurar o relacionamento com Ele. Havia mais de um tipo de oferta ou
sacrifício, e esta variedade tornava-os mais significativos porque cada um
estava relacionado a uma situação especifica da vida. Os sacrifícios eram
oferecidos em louvor, adoração e agradecimento, e também para perdão e
comunhão. A primeira oferta que Deus descreve é o holocausto. A pessoa que
cometia um pecado deveria trazer um animal sem defeito para o sacerdote. O
animal inocente simbolizava a perfeição moral demandada pelo santo Deus bem
como a natureza perfeita do real sacrifício futuro - Jesus Cristo. Jesus Cristo veio a este mundo para
cumprir toda a vontade de Deus Pai e dar Sua vida como uma oferta agradável ao
Senhor. Na oferta da expiação esse ato é tipificado.
I. O CONCEITO DE HOLOCAUSTO
1. Definindo o termo (Lv 1.3). O termo hebraico traduzido por holocausto (olah) significa, literalmente, “levantar”;
“aquilo que vai para cima” ou “aquilo que sobe” para Deus. É importante que
você conheça e compreenda o significado desse termo. A palavra holocausto vem
do grego holokauston, (Mc 12.33; Hb
10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. (O
dicionário Vine 2002, p. 692).
Portanto
também se chamava oferta queimada, porque o olah
era totalmente queimado no altar (com exceção do couro que ia para o
sacerdote).
A
expressão holocausto aparece pela primeira vez na Bíblia, atrelada a história
de Noé: “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e de
toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gn 8.20).
O
holocausto era o sacrifício básico que expressava devoção e consagração ao
Senhor. Quando nós entregamos ao Senhor, colocamos “tudo isso sobre o altar”
(Lv 1.9) e não retemos nada. O equivalente do Novo Testamento encontra-se em
Romanos 12.1, 2, em que o povo de Deus é desafiado a ser um sacrifício vivo,
inteiramente consagrado ao Senhor.
O
holocausto é um tema frequente e relevante no Antigo Testamento, por isso o
livro de Levítico inicia com as instruções divina conferidas a Moisés a
respeito dos sacrifícios que seriam oferecidos no Tabernáculo. Levítico mostra
o tipo de sacrifício e a forma como deveria ser apresentado ao Senhor.
O
Deus que tudo criou precisava do sangue de animais? Não! Tudo é d’Ele, contudo
os holocaustos apontavam para o plano perfeito da salvação que o Pai já havia
preparado antes da fundação do mundo. Eles expunham a verdade de que Jesus
Cristo, o Cordeiro de Deus, morreria em nosso lugar. Seu sacrifício foi
perfeito, único e superior a todos os holocaustos já oferecidos. Que você
aproveite cada tópico da lição para juntamente com seus alunos refletir a
respeito do sacrifico perfeito de Cristo que foi realizado em nosso favor.
2. Descrição bíblica. A oferta do holocausto, também chamada de oferta
queimada (Lv 1.9), era inteiramente consumida sobre o altar (Lv 6.9), com
exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida
(Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr
29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5)
e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6-8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24;
Jó 1.5). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário
e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o
sacrifício “tãmíd”, ou seja,
perpétuo, contínuo (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p.
63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto,
animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10;
22.19-21).
II. UMA OFERTA VOLUNTÁRIA
Toda pessoa que deseja servir ao Senhor com alegria
deve saber e ter por princípio básico a voluntariedade. O que é feito por imposição
não agrada a quem oferece e nem ao que recebe. É o que Jesus, o sacrifício
perfeito, diz: “Por isso o Pai me ama, Porque dou a minha vida para tornar a
tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a
dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo
10.17-18).
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expiação.
1. Uma oferta de animal limpo. Toda oferta que fosse oferecida ao
Senhor deveria ser de animais limpos e domésticos e as características dos
animais limpos são: unhas fendidas e a ruminação de alimentos (Lv 11.3). A unha
fendida dá firmeza para o caminhar e o ruminar exprime o processo natural de
digerir interiormente. A vida do salvo neste mundo também assim está
relacionada, pois o seu caminhar tem a ver com o seu alimento. O alimento
digerido pelo salvo vai servir de formação do seu caráter espiritual e da sua
maturidade espiritual. O cristão deve procurar alimento que o ajude a servir a
Deus com dignidade, sendo verdadeira testemunha de Cristo, isto é, sendo sal e
luz do mundo.
A Igreja do Senhor está enfrentando uma grande
dificuldade, que se caracteriza por divisões e mais divisões em seu seio
justamente pela falta desse ato: “digerir interiormente”. Infelizmente, muitas
denominações têm surgido porque alguns se acham líderes e não querem mais
obedecer a uma autoridade eclesiástica. Isso tem promovido muitos escândalos na
obra de Deus. Muitos também não aceitam a correção porque sabem que sempre tem
uma porta aberta ao lado para recebê-los. Devemos atentar para a Palavra de
Deus: “unhas fendidas e ruminar o alimento”.
2. Uma oferta sem mancha. A oferta oferecida para o holocausto
não podia ter mancha, isto é, nada que denotasse fraqueza ou imperfeição. A
característica do animal a ser oferecido no sacrifício da expiação era a
perfeição. Essa exigência de perfeição foi plenamente satisfeita em Jesus
Cristo, o homem perfeito imaculado e incontaminado (1ª Pe 1.19). Ele andou
neste mundo de pecado, porém sem pecar. Conviveu com os pecadores, mas não se
contaminou. Perdoou pecadores, mas sempre confrontou o pecado. Assim, pode
salvar perfeitamente (Hb 7.25).
O pecado manchou o homem no seu entendimento e
também no seu sentimento e, assim, a sua vontade tornou-se independente da
vontade de Deus e homem caiu, tornando-se escravo de Satanás. No entanto, pela
obra realizada por Jesus o homem pode hoje oferecer a Deus um culto agradável
(Rm 12.1). Assim como Jesus andou neste mundo de forma perfeita, também devemos
empreender todos os esforços para seguir os Seus passos. Não há defeito em Seu
caráter. Ele é perfeito em todos os aspectos, logo é para Ele que devemos olhar
e não para os defeitos do nosso irmão.
3. A mão sobre a cabeça da oferta. A tradição judaica diz que a mão tinha
que ser imposta sobre a cabeça do animal com uma certa pressão. Esse gesto
simbolizava que o ofertante estava se identificando com a oferta e transferindo
algo de si para o sacrifício. Nesse ato ele estava dizendo para Deus: “Assim
como esse animal é entregue inteiramente a Ti, da mesma forma eu me entrego a
Ti neste altar onde este animal é oferecido”. Era um reconhecimento de que o
animal estava sendo oferecido em seu lugar. Ao colocar a mão sobre a cabeça do
animal, o ofertante se tornava participante e não um mero assistente. Pois,
afinal, o sangue do animal substituiria o seu. Assim, o ofertante confessava
sua condição de pecador rogando por expiação. Hoje, a Igreja do Senhor também
não é meramente assistente, mas participante do culto de adoração e da entrega
total a Deus.
O ato do ofertante, no momento do sacrifício, de
impor as mãos era pessoal e intransferível. Os animais oferecidos representam
as qualidades da perfeita oferta que é Cristo. O bezerro fala do Seu serviço e
submissão, o cordeiro da Sua pureza, o cabrito da Sua voluntariedade e as rolas
ou pombinhos da Sua simplicidade. A nossa segurança está em colocar a nossa fé
na obra que Ele fez por nós e assim neutralizar todos os ataques que o
adversário lança sobre a nossa mente para tentar impedir o culto racional que
podemos oferecer a Deus.
II. UMA OFERTA PARTIDA
Todo o interior da oferta era exposto ao ser
partida, para que tudo fosse mostrado sobre o altar. Foi o que aconteceu com
Jesus em Seu desejo intenso de fazer a vontade de Deus e estabelecer os
propósitos divinos. Ele nada procurou esconder dos Seus discípulos, mas, como
uma oferta partida, nos trouxe a revelação do Pai (Jo 10.30).
1. Uma oferta para ser aceita. O adorador buscava ganhar o favor
divino: “para que seja aceito por ele” (Lv 1.4). A aceitação do salvo por Deus
está fundamentada na obra perfeita do sacrifício de Cristo e na identificação
com a oferta. A aplicação desta realidade a Cristo e ao cristão revela uma das
mais valiosas verdades, que também é apresentada no Novo Testamento: o cristão
se identifica eternamente com Cristo e a sua aceitação em Cristo (1ª Jo 4.17).
Quando o homem não estava em Cristo, ele está em seus pecados e não pode
agradar a Deus, mas, estando em Cristo, ele é aceito por Deus.
A aceitação do salvo por Deus não acontece
gradativamente e nem existe grau de aceitação de um crente em relação a outro
crente, mas acontece no momento em que o homem entrega a sua vida para Deus. Se
estamos em Cristo, somos “qual ele é” (1ª Jo 4.17). Cristo é a Cabeça e a
Igreja é o Corpo. Assim como Deus vê a Cabeça, do mesmo modo e visto o Corpo. E
o Corpo de Cristo, sendo um só, Também os membros têm a mesma aceitação. Não há,
portanto, privilégios de um membro em relação a outro, mas todos são aceitos
sobre o mesmo fundamento, que é a perfeita entrega que Cristo fez na cruz.
2. Uma oferta esfolada e partida. O ritual dado por Deus a Moisés para
os sacerdotes deveria ser observado rigidamente. O animal era degolado, o
sangue aspergido à roda do altar diante da porta da congregação e a seguir o
animal era esfolado. Esses detalhes são importantes de serem observados, pois
nenhum ritual estranho poderia ser acrescentado ao sacrifício. Sempre deveria
ser feito o mesmo ritual, sem nenhuma inovação com o passar dos anos. A
cerimônia realiza, assim, a intenção do adorador e exclui o uso de rituais e
ensinos estranhos e errôneos que anulariam o relacionamento entre Deus e o
homem. A oferta era sem mancha e também era mostrado o seu interior,
ensinando-nos que Deus vê o exterior e também o interior.
Na oferta da expiação, o ensino principal na
doutrina é: a razão do holocausto é apresentar a Deus uma oferta agradável.
Cristo é prefigurado no holocausto, e apresentar a Deus uma oferta agradável.
Cristo é prefigurado no holocausto, não para a consciência do pecador, mas para
o coração de Deus. Portanto, nosso mais importante serviço a Deus não é o
quanto podemos fazer por Ele, nem o quanto podemos cumprir por Ele, mas o
quanto podemos cumprir por Ele, mas o quanto podemos nos entregar. Jesus fez
muitos milagres, nos trouxe a doutrina de Deus, mas veio para morrer. O homem
mede todas as coisas por seu próprio trabalho, pensando que se puder ter
frutos, ajudar os outros a se arrependerem e crerem no Senhor, ele pode então
trazer todas essas coisas para oferecer a Deus. Mas deveríamos entender uma
coisa: não podemos colocar no altar de Deus o nosso trabalho. A oferta que Deus
quer do homem é que ele esteja no altar, e o que vai para o altar é para morrer
(Lc 14.26; Gl 6.14).
3. Uma oferta em ordem. A oferta era partida e colocada em
ordem, para que houvesse uma queima mais rápida sobre o altar. Podemos aprender
com isso que a ordem será um fundamento na obra de Deus, pois a Palavra nos
diz: “faça-se tudo descentemente e com ordem.” (1ª Co 14.40). A oferta era
partida para queimar mais rápido, tipificando o que aconteceria com Jesus na
cruz com a Sua morte (Mc 15.44; 1ª Co 11.24).
Deus descortina a Sua sabedoria àqueles que, com um
coração sincero e quebrantado, se prostram aos Seus pés e, através da Sua
Palavra tomam conhecimento dos Seus propósitos eternos e assim O exaltam e
glorificam pela grandiosa obra que Jesus realizou com a Sua morte e
ressurreição, nos dando acesso à presença de Deus. agora podemos chegar diante
de Deus como adoradores purificados, olhar para a cruz e compreender o
propósito de Cristo de cumprir a vontade do Pai.
III. UMA OFERTA PARA APRECIAÇÃO DE DEUS
Nessa oferta tudo era oferecido a Deus, assim como
Jesus se ofereceu em oferta de cheiro agradável ao Pai com a Sua morte na cruz.
Todo o perfume da oferta que Jesus ofereceu foi do agrado do Pai e encheu o Seu
coração de gozo. Na cruz, o Filho deu a Sua vida a Deus, a quem, durante o Seu
ministério, agradou, por sempre fazer a Sua vontade. Ali, no Calvário, consumou
a obra que veio realizar (Jo 19.30).
1. Fressura e pernas lavadas. A oferta estava lavada por dentro e
por fora (Lc 1.9) e simbolicamente representa Cristo, que é essencialmente puro
tanto no interior como exterior. Isso ficou claramente demonstrado durante o
Seu ministério terreno para os que com Ele conviveram e tiveram o prazer de
ouvi-lo. Os servidores que foram enviados pelos fariseus para prendê-Lo, por
exemplo, voltaram admirados após ouvirem o Seu ensino (Jo 7.45-46).
A fressura era lavada com água, símbolo da Palavra
de Deus, como também as pernas (Lv 1.9), ensinando-nos que o exterior “as
pernas” (uma representação da conduta) é conforme a “fressura” (uma
representação do caráter). Os membros do corpo obedecem e executam os desígnios
do coração. Um coração cheio da Palavra de Deus conduzirá a um testemunho que
sempre terá o propósito da glória de Deus.
2. Uma oferta que todos podiam oferecer. Havia a opção de se oferecer um
bezerro como também de se oferecer rolas ou pombinhos. Quem tivesse uma
condição melhor oferecia um bezerro, mas para o de menor poder aquisitivo
poderia oferecer um animal de custo menor. Quando Maria e José foram apresentar
o menino Jesus no templo, cumprindo a lei de Moisés, levaram a sua oferta (Lc
2.23-24). Eles não tinham condições de oferecer um bezerro, mas nem assim
ficaram impedidos de cumprir o que a lei estabelecia. Deus sempre provê meios
para que todos possam d’Ele se aproximar.
Por meio dessa oferta o indivíduo expressava
completa submissão e dedicação ao Senhor. Deus concede a todos os homens,
independentemente da situação social, cultural ou financeira, a oportunidade de
oferecer culto a Ele. A Bíblia nos ensina no Salmo 51.17 sobre os sacrifícios
que agradam a Deus. São qualidades e condições que todos os homens podem buscar
para oferecer a Deus os seus sacrifícios.
3. Uma oferta totalmente queimada. A oferta totalmente queimada
representava o sacrifício imaculado de Cristo a Deus. Sobre o altar do
Calvário, o Cordeiro de Deus foi totalmente consumido pelo fogo da justiça do
Senhor. Os sacerdotes podiam preparar tudo para o sacrifício, mas dele não
podiam comer, porque era totalmente oferecido ao Senhor, pois Deus era o único
e principal objetivo nesse sacrifício (Lv 1.9).
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As cinzas do sacrifício da expiação declaravam que a
oferta fora aceita por Deus. Os sacerdotes tinham o privilégio de aprontar todo
o ritual, mas somente Deus cheirava como cheiro suave. Somente Deus pode
apreciar em toda a Sua plenitude a perfeita e total entrega de Jesus na Sua
morte (Sl 40.8).
Como é prazeroso para o salvo ter o entendimento da
obra que o Senhor veio fazer e a consumou para o agrado do Pai, e como nos dá
também o poder para nos apresentarmos a Deus como uma oferta sobre o Seu altar
a cada dia para que esse sacrifício chegue às Suas narinas como cheiro suave.
Levítico 2.1-3 “E, quando alguma pessoa oferecer
oferta de manjares ao Senhor, a sua oferta será de flor de farinha; nela,
deitará azeite e porá o incenso sobre ela. 2- E a trará aos filhos de Arão, os
sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha e do seu
azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o
altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao Senhor. 3- E o que sobejar da
oferta de manjares será de Arão e de seus filhos; coisa santíssima é, de
ofertas queimadas ao Senhor.”
A oferta de manjares era voluntária e fazia parte do
ritual de adoração da nação israelita. Essa oferta tinha o propósito de
conduzir o povo até a presença do Senhor e de abençoar o sacerdote.
I.
OFERTA DE MANJARES (Lv 2.1-16).
(ARA;
NVI: oferta de cereal). Mais precisamente, apresentar “uma oferta de cereal no
hebraico minhah como uma oferta (qorban, ver Lv 1.2). A segunda
oferta voluntária era a oferta dos manjares, na qual o fruto do campo era
oferecido na forma de um bolo ou pão assado feito de grãos, farinha fina,
azeite e sal. A menor dessas ofertas de cereais compunha-se de uma dízima do
efa ou seja, 2,2 litros. A oferta dos manjares era um dos sacrifícios
acompanhados por uma oferta de bebida de um quarto de him (cerca de um litro)
de vinho, o qual era derramado no fogo sobre o altar (Nm 15.4–5). O propósito
dessa oferta era expressar gratidão em reconhecimento da provisão de Deus e boa
vontade imerecida para com a pessoa fazendo o sacrifício. Os sacerdotes
recebiam uma parte dessa oferta, mas ela precisava ser comida dentro da corte
do tabernáculo.
II. OS INGREDIENTES DA OFERTA
Na oferta de manjares não havia derramamento de
sangue. Ela representa o ministério terreno de Jesus em toda a perfeição de
atitudes e palavras que Ele proferiu durante o Seu ministério nesta terra.
Quando lemos os evangelhos, aprendemos com Jesus, o homem perfeito. Vemos Seu
relacionamento com os pecadores, Sua atenção para com os que lhe procuravam com
um coração sincero e também as palavras duras para os que se aproximavam d’Ele
com hipocrisia.
1. Flor de farinha. A flor de farinha era o trigo passado
em peneira muito fina e nos dias do patriarca Abraão era utilizado para a
fabricação de bolo (Gn 18.6). Essa farinha feita do trigo tem como característica
ser bem fina, com os grãos apresentando a uniformidade, o que representa muito
bem o ministério terreno de Jesus Cristo, em quem não encontramos acepção de
pessoas nem injustiça no relacionamento com os homens.
A humanidade pura e perfeita de nosso Senhor Jesus é
um tema que encanta e nos inspira a procurar imitá-Lo como Seus servos.
Observemos como Jesus agiu diante de indecisão de João Batista quando enviou os
discípulos até ele (Mt 11.3), como suportou a indiferença “desta geração” (Mt 11.16-17)
as impenitentes cidades da Galileia (Mt 11.20), as multidões sem discernimento
(Mt 13.13-15), a incredulidade do povo que ouvia o seu ensinamento (Mt 13.58),
a inflexibilidade dos religiosos da sua época (Mt 16.1). Jesus sempre agiu
conforme as Sagradas Escrituras e essa é a proteção contra qualquer tipo de
erro.
2. Azeite. O azeite na oferta de manjares é
símbolo do Espírito Santo. A flor de farinha era amassada com azeite (Lv 2.5),
simbolizando a concepção de Jesus no ventre de Maria (Lc 1.35). O Verbo se fez
carne (Jo 1.14), através da ação do Espírito Santo no ventre de Maria! A
concepção da humanidade de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo no ventre de
Maria, é um dos profundos mistérios que nos revela a Palavra de Deus (1ª Tm
3.16).
Na preparação da oferta de manjares a flor de
farinha, sem fermento era amassada e depois untada com azeite (Lv 2.4). Esse
ato tipifica o momento que Jesus foi ungido com o Espírito Santo antes do
início do Seu Ministério. Quando Jesus foi batizado, o Espírito Santo desceu
sobre Ele em forma de pomba (Mt 3.16). Quando iniciou o Seu ministério em
Nazaré, num sábado, estando Ele na sinagoga, tomou o livro e disse que o
Espírito do Senhor era sobre Ele para cumprir o ministério que lhe havia sido
concedido (Lc 4.16-19). É importante notar o fato do Senhor Jesus ter sido
ungido pelo Espírito Santo antes da Sua entrada no ministério público.
3. Incenso. O Senhor Deus revelou a Moisés como o
incenso deveria ser feito, quais os elementos que fariam parte de sua
composição e a quantidade exata desses elementos. O Senhor também disse a
Moisés que ninguém poderia fazê-lo para seu próprio uso, mas somente para
oferecer ao Senhor Deus (Êx 30.34-38), pois era algo santíssimo. O incenso
nessa oferta demonstra que em todo o Seu ministério terreno Jesus nunca fez
nada para Sua própria glória, mas sempre para a gloria de Deus (Jo 7.18).
O azeite e o incenso eram dois ingredientes de suma
importância na preparação da oferta e também com um grande ensinamento
espiritual. O azeite simboliza o poder do ministério de Jesus e o incenso o
objetivo desse ministério, nos ensinando tudo que Ele fez foi feito pelo poder
do Espírito Santo e tudo foi feito para a glória de Deus. Este deve ser o
fundamento dos que querem servir e agradar a Deus: oferecer a Deus todo o nosso
ser, buscar n’Ele a capacitação necessária e ter como objetivo a glória de
Deus.
III. TRAZENDO A OFERTA AOS SACERDOTES
Deus nos ensina na Sua Palavra que devemos ofertar
ao Senhor em gratidão pelas bênçãos que Ele nos concede por Sua infinita
bondade, para a Sua casa. Os israelitas foram ensinados a levarem dos seus bens
para o Senhor. Desse modo, os sacerdotes eram também abençoados. Pela Palavra
de Deus vemos que, sempre que o povo assim procedia, a bênção do Senhor era
abundante sobre o Seu povo.
1. Entregue aos filhos de Arão. O que era trazido como oferta de
manjares ao Senhor era entregue nas mãos dos filhos de Arão (Lv 2.2). Este
sacrifício nos ensina que devemos trazer nossas ofertas para serem entregues
nas mãos daqueles que estão com essa responsabilidade na casa do Senhor. Como
foi agradável ao Senhor que assim fosse com a nação de Israel, também é
agradável a Deus que este mesmo princípio hoje seja um fundamento em Sua
Igreja. Assim como Deus abençoou o Seu povo no passado, Ele também abençoa o
Seu povo hoje.
Vivemos dias em que pessoas deixam de observar o que
diz a Palavra de Deus e passam a agir segundo seus próprios conceitos e
entendimento. A bênção consiste em fazer o que Deus estabelece através da Sua
Palavra. É muito importante que tenhamos esse pleno entendimento para que as
bênçãos de Deus sobre a nossa vida não sejam impedidas por atitudes erradas que
venhamos a tomar; ou que outras pessoas venham a interferir no que podemos
fazer para Deus em cumprimento da Sua Palavra. Deus simplesmente diz: “E a
trará” (Lv 2.2).
2. Parte da oferta era queimada. É importante observarmos este trecho
da Palavra de Deus: “e o sacerdote queimará este memorial sobre o altar; oferta
queimada é, de cheiro suave ao Senhor.” (Lv 2.2). Tudo o que fazemos para Deus
deve ser como essa oferta queimada sobre o altar. Nada pode impedir ou tirar o
galardão pelo que fazemos para o Senhor. O serviço do salvo feito para o Senhor
nesta vida está diante de Deus. As orações, os jejuns, a evangelização, a
contribuição, tudo está sobre o altar e terá a sua perfeita recompensa, o
galardão que está nas mãos do Senhor, para dar a cada um segundo as suas obras
(Ap 22.12).
Para todo aquele que tem a experiência do novo
nascimento, servir a Deus é um deleite e não um peso; obedecer a doutrina da
Palavra de Deus é um prazer e o faz com alegria porque na verdade está fazendo
por agradecimento a quem fez tudo por nós. Para aqueles que não nasceram de
novo, tudo se torna um fardo, tudo é motivo para murmuração. O que é queimado
deixa de ser visto, por isso, nada deve ser feito para ser ovacionado pelos
homens; não devemos esperar aplausos e elogios, pois Jesus condenou os que
assim o fazem (Mt 6.1). O cristão tem que ter fé para saber o que é oferecido
ao Senhor não nos torna mais pobre, muito pelo contrário só nos enriquece.
3. Parte da oferta era dos sacerdotes. Não era tudo para os sacerdotes, mas
somente o que lhes era permitido pelo Senhor (Lv 2.3). Assim como existe a
responsabilidade do ofertante, também existe a do sacerdote em atentar para o
que diz o ritual do sacrifício, pois a oferta não pode ser profanada.
Aprendemos com isso que tudo deve ser feito conforme estabelecido pelo Senhor,
para que seja sempre para a Sua glória. O texto de Levítico 2.3 diz: “E o que
sobejar...”, porque tudo é oferecido primeiramente para o Senhor. No entanto,
aqueles que O servem também são abençoados. Assim, aprendemos que o sacerdote
come do que é oferecido no altar (1ª Co 9.13).
Arão e seus filhos estão junto ao altar ministrando
o sacrifício conforme o mandamento do Senhor, tipificando Cristo e Sua Igreja
ministrando para engrandecimento do Senhor. Assim como parte da oferta também
pertencia aos filhos de Arão, do mesmo modo a Igreja deve em tudo procurar ter
o ministério como teve o Senhor Jesus. Sabemos da impossibilidade de sermos
iguais ao nosso Mestre, mas devemos nos esforçar para fazer o melhor para Deus.
À Igreja são concedidos dons e ministério para o seu crescimento (Ef 4.11-12).
Tudo deve ser feito para edificação do Corpo e não para promoção pessoal, como
alguns pensam.
IV. PREPARANDO A OFERTA
A oferta devia ser preparada em casa e levada aos
sacerdotes, ensinando-nos que o culto começa em casa, junto com a nossa
família, mas Deus tem um lugar escolhido por Ele onde devemos levar as nossas
ofertas. No Antigo Testamento era o tabernáculo; mais tarde, no templo de
Salomão. Hoje a Igreja tem os seus locais de culto e o cristão tem o dever e a
obrigação de estar presente para adorar ao Senhor.
1. Uma oferta sem fermento e mel. O fermento, juntamente com o mel, não
era permitido na oferta de manjares (Lv 2.11). Não deveria haver nada que
azedasse, nada que fizesse a massa levedar. O fermento tem a capacidade de
fazer a massa crescer, deixando a inchada. O fermento é símbolo da corrupção (apodrecimento).
Jesus alertou os Seus discípulos a que se guardassem do fermento dos fariseus e
dos saduceus (Mt 16.6). A Igreja também deve se resguardar de toda a influência
que o fermento possa produzir (1ª Co 5.8). O mel, do mesmo modo que o fermento,
era usado para levedar, especialmente na preparação do vinagre. Os intérpretes
associam, geralmente, o mel aos desejos da carne, que podem, de fato, ser
prazerosos, mas contêm em si elementos de corrupção e são destrutivos à vida
espiritual.
Essa oferta simbolizava o homem perfeito, Jesus
Cristo, em Seu ministério terreno. Em Cristo não há sabor de azedume. Em Seus
ensinos, nos milagres por Ele realizados, no convívio com os pecadores, nada n’Ele
demonstra algo susceptível de fazer inchar. A Sua Palavra podia, por vezes, ser
enérgica e penetrante, mas nunca era áspera, o Seu caráter e o Seu
comportamento mostraram sempre a realidade de quem andava na presença de Deus.
2. A oferta cozida no forno ou na
caçoula. A oferta podia ser cozida de três maneiras: no forno, na caçoula e na
sertã. Esses três modos de cozer sugerem os tipos de sofrimento que Jesus
enfrentou durante o Seu ministério, como também as experiências que o salvo
enfrenta durante a sua vida. Essa é uma oferta que agrada a Deus e é chamada
“cheiro suave”, porque eu ministério terreno e suportou todo tipo de
sofrimento, enfrentando oposição, perseguição e incompreensão por sempre fazer
a vontade do Pai.
Jesus suportou dois tipos de sofrimento neste mundo:
interno e externo. Esses sofrimentos são simbolizados pelo bolo sendo preparado
no forno, que se encontra fora do olhar humano, e o bolo na caçoula e na sertã,
que por todos é visto. Quando disseram que Ele expulsava demônios por Belzebu,
foi um sofrimento que Ele sentiu em Seu âmago. Quando lhe esbofetearam, foi um
sofrimento visto por todos. O bolo no forno é aquecido a uma temperatura maior
do que na caçoula ou na sertã. Os sofrimentos do coração são mais duros de
suportar do que os externos. Tudo isso Jesus enfrentou e nós de uma ou de outra
maneira iremos experimentar.
2.1. Forno. É uma construção de tijolo, pedra ou de
metal, em forma de câmara e com uma abertura ou porta, cujo interior é aquecido
com matérias combustíveis (carvão, lenha etc.) e que se destina a cozer pães ou
carnes.
2.2. Caçoula. É um recipiente, geralmente de barro
ou metal, mais largo que alto, usado para cozinhar alimentos; sertã: é uma assadeira
de ferro ou de barro que destina para assar.
3. A oferta com sal. O sal era obrigatório na oferta de
manjares (Lv 2.13). O sal tem muitos símbolos na Bíblia. Era considerado uma
preciosidade entre as nações da região do Oriente da Antiguidade. Proporcionava
sabor às oferendas, que em parte seriam dadas aos sacerdotes; preserva da
corrupção; símbolo da perpetuidade (“aliança de sal” Nm 18.19; 1ª Cr 13.5).
Portanto, ao ofertarmos a Deus, devemos fazê-lo
reconhecendo que nossa comunhão com o Senhor não é ocasional e temporária, mas
eterna e incorruptível. Sua presença na oferta de manjares aponta para a
santidade de Cristo, indicando a reconciliação concedida por Deus ao homem na
morte de Cristo (Lv 2.13).
Que ofereçamos, constantemente, o nosso melhor a
Deus, sempre com um coração grato e acompanhado de louvor e oração, como
resultado de uma vida purificada pelo sangue de Jesus Cristo, pela Palavra de
Deus e ação do Espírito Santo.
Levítico 3.1-3; 17 “E, se a sua oferta for
sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha
diante do Senhor. 2- E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará
diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes,
espargirão o sangue sobre o altar, em roda. 3- Depois, oferecerá do sacrifício
pacífico a oferta queimada ao Senhor: a gordura que cobre a fressura e toda a
gordura que está sobre a fressura. 17- Estatuto perpétuo será nas vossas
gerações, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura, nem sangue algum
comereis.”
Das
cinco ofertas prescritas no livro de Levítico, a mais excelente em
voluntariedade era a pacífica, pois tinha como objetivo aprofundar a comunhão
entre Israel e Deus. Ao aproximar-se do Senhor, com tal oferta, o crente do
Antigo Testamento manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo
era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (Sl 103.1-2).
Adoramos
a Deus com ofertas pacíficas quando nos apresentamos diante d’Ele com o
propósito de render-lhe graças por todas as bênçãos recebidas. Com tal atitude,
honramos o Senhor com um culto racional, agradável e vivo.
Com características distintas, as ofertas apresentam
aspectos do ministério e da obra que Jesus realizou. A oferta pacífica tem por
objetivo demonstrar o que o adorador alcança tendo comunhão com Deus.
I. DEFINIÇÃO DE OFERTA PACÍFICA
Pacífico. A expressão “oferta pacifica” no hebraico significa shelem, do
verbo “shalom” e significa “ser
completo, estar em paz, fazer paz”. Era também chamada de “oferta de paz” ou de “ofertas
de comunhão”. Josefo (historiador judeu do primeiro século), também chamava-a
de “ofertas de agradecimento” (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 487). Tais termos
denotam que esta oferta não era para pacificar a Deus, mas era apresentada pelo
ofertante que já estava em comunhão com Deus. Era
a festa de comunhão daqueles que andavam em harmonia com o Senhor, e com o
próximo. Em Cristo, Deus e o pecador se encontram em paz. Toda a obra de Cristo
em relação a paz do crente está aqui tipificada (Lv 3.1-17, 7.11-33). A oferta
pacífica representa a comunhão com Deus, pois Cristo trouxe a paz (Cl 1.20),
proclamou a paz (Ef 2.17), e Ele é a própria paz do cristão (Ef 2.14).
A
palavra sacrifício no hebraico zebah sheleimim poderia ser
traduzido para “o sacrifício da unidade ou inteireza”. Inteireza dá ideia de um
relacionamento íntimo ou comunhão entre Deus e o homem; estar perto de Deus.
Zebah, significa algo que foi morto, ou abatido, ou seja,
sacrifício de uma vítima morta.
Sheleimim, é um derivado da raiz slm que significa ser completo,
ser cheio, ou estar em harmonia.
A
oferta era de inteira dedicação, da parte do ofertante, e da paz com Deus a
quem as oferecem. A palavra também significa saúde e prosperidade, alguma coisa
inteira e íntegra (2º Cr 16.9).
Nesta
oferta, podia se oferecer “gado” (Lv 3.1); ou “gado miúdo” (Lv 3.6) tais como:
“cordeiro” (Lv 3.7) ou “cabra” (Lv 3.12); podendo ser “macho ou fêmea” (Lv 3.1,7,12),
desde que fosse “sem defeito” (Lv 3.1,6). O ofertante tinha de impor a mão
sobre a cabeça da sua oferta (Lv 3.2,8,13), matar o animal e apresentar ao
sacerdote os pedaços a serem oferecidos (Lv 3.3,4,9,10,14,15). Em seguida, o
sacerdote ministrante os queimava no altar (Lv 3.5,11,16). A outra parte da
carne fazia parte da refeição (Lv 7.14,15,16). Quanto a “gordura” e ao
“sangue”, estes dois, não poderiam jamais ser comidos, mas oferecidos ao Senhor
como oferta queimada (Lv 3.16,17).
II.
TIPOS DE OFERTA PACÍFICA
1.
Havia três tipos de ofertas pacíficas (de comunhão). As ofertas de louvor, as ofertas oferecidas em
cumprimento de um voto e as ofertas voluntárias. Para todos os três tipos,
bois, ovelhas e cabritos de qualquer espécie poderiam ser oferecidos (Lv
3.1,6,12).
1.1 Ações de graças. O primeiro tipo era oferecido por benefícios
recebidos de Deus. A dádiva de ações de graças no hebraico “tôdâ” representava o reconhecimento do
ofertante quanto às misericórdias de Deus para com ele (Lv 7.12-21).
Ofertas
por gratidão eram apresentadas como agradecimento pelo livramento de
enfermidades (Sl 116.17), da aflição (Sl 107.22) ou da morte (Sl 56.12), resposta
de oração; curas ou por uma bênção recebida (Bíblia de Estudo NVI Vida).
Embora
todas as coisas pertençam a Deus em última análise, seu relacionamento com o
crente exige que este último transfira a Deus uma certa proporção daquelas
coisas que foram confiadas a ele (1ª Cr 29.14). Esta exigência remove o
relacionamento espiritual de um nível puramente verbal, e exige esforço do participante
humano para sua dedicação ser posta em prática.
Juntamente
com a oferta de ações de graças vários tipos de “bolos asmos”, “coscorões
ázimos”, e, “bolos de flor de farinha” deviam ser apresentados (Lv 7.12,13), um
dos quais era a porção do Senhor e era dado ao sacerdote oficiante (Lv 7.14).
Nesta oferta o adorador não tinha licença de deixar qualquer parte da carne do
animal sacrificial para outro dia, mas, sim, era-lhe exigido que a comece na
ocasião em que foi oferecida (Lv 7.15).
Oferta
pacífica como um ato de gratidão (ação de graças) (Lv 7.12-15; 22.29; 2º Cr
29.31; Jr 17.26).
A.
Esta oferta era para reconhecer Jesus; confessar Jesus; Confiar e amar o
Senhor.
As
gorduras, somente eram queimadas, e as carnes eram consumidas pelos sacerdotes
e pelo povo, numa ceia de aliança solene, à qual os pobres eram convidados (Dt
12.18), que prenunciava a paz que seria trazida aos homens pela obra de Cristo
(Cl 1.20), e comemorada na Ceia do Senhor (1ª Co 10.16).
B.
Era oferecido por benefícios recebidos de Deus. O Salmo 107.22 fala de tal sacrifício feito depois da
libertação de situações de perigo.
1.2. Oferta pacífica associada a um
voto (Lv 11.16,17). Esta oferta é
chamada no hebraico “neder” era feita
para cumprir um voto (Lv 7.16; 22.21). O sacrifício do seu voto “oferta votiva”
(que se oferece em cumprimento de um voto), era prometido a Deus na esperança
de receber ajuda divina (Sl 66.13,14; 116.1-19). Um voto é “um juramento ou um
compromisso de caráter religioso, e também uma transação qualquer entre o homem
e Deus, de acordo com a qual o indivíduo dedica a si mesmo ou o seu serviço ou
alguma coisa valiosa a Deus (Gn 28.20; Nm 6.2; 1º Sm 1.11).
Oferta
pacífica associada a um voto referente a um favor passado ou futuro, ou seja,
“em cumprimento a uma promessa feita a Deus em troca de algum favor especial
solicitado em oração; por exemplo, proteção durante uma viagem perigosa”.
1.3. Oferta voluntária. A oferta “voluntária” (Lv 7.28-30) ou oferta “movida”
(Lv 7.30), no hebraico “nedãbâ”
consistia em um ato de homenagem e obediência ao Senhor num caso em que nenhum
voto tinha sido feito, mas que o ofertante desejava voluntariamente ofertar ao
Senhor: “as suas próprias mãos trarão [...]” (Lv 7.30-a). Esse tipo de oferta
exprimia devoção, agradecimento e dedicação. E também podia ter a forma de uma
oferta queimada (Lv 22.17-20). Ver Lv 7.16 e 22.18-23 quanto às ofertas
voluntárias, com esse propósito.
Os
animais não podiam ter defeito, exceto no caso da oferta voluntária, em que
animais com um membro mais curto ou mais comprido eram permitidos (Lv 22.23).
As ofertas de comunhão também eram oferecidas em ocasiões de grande solenidade
e alegria pública.
A
refeição do sacrifício pacífico, era mais do que só desfrutar boa comida e
comunhão com pessoas queridas. Também expressava com alegria as ações de graça
do adorador pelo fato de estar em paz com Deus e em comunhão com o Senhor.
Para
uma oferta voluntária ou uma que era feita para cumprir um voto, o ofertante
tinha licença de usar um dia adicional para completar a festa, e, nesta ocasião
provavelmente convidaria amigos para participarem da refeição (Dt 12.12).
Especificamente qualquer carne que permanecia depois daquele tempo tinha de ser
queimada, mais provavelmente como uma medida higiênica (Lv 7.17). O
descumprimento desta ordem consistia em pecado resultando em morte (Lv 7.18).
III.
CARACTERÍSTICAS DA OFERTA PACÍFICA
No
Livro de Levítico há instruções detalhadas sobre quando as ofertas pacíficas
eram comidas (Lv 7.15-17), quem poderia comê-las (Lv 7.20,21), o que podia ser
comido (Lv 7.24-26) e, quais porções pertenciam a quem (Lv 7.31-35).
1. O sacrifício era dividido em três partes.
1.
Uma parte para o sacerdote.
2.
Outra para o ofertante.
3.
Outra parte para o Senhor, para consagração.
No
ritual esta oferta era quase idêntica à oferta de holocausto onde tudo era
queimada ao Senhor (cap. 1). Nas outras três, o sacerdote tirava uma parte para
si e seus filhos. Na oferta pacífica o adorador reunia-se ao sacerdote na
refeição sacrificial daquilo que restava. Nas outras ofertas – manjares, pecado
e sacrilégio – só o sacerdote participava da refeição sacrificial (conf. 7.11-38).
1.1.
Se a oferta for voto ou voluntaria. “Mas
a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no dia
do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã.” (Lv 7.15).
A
oferta pacifica era um voto ou uma oferta voluntária, também podia ser comida
no dia seguinte. “E, se o sacrifício da sua oferta for voto, ou oferta voluntária,
no dia em que oferecer o seu sacrifício se comerá; e o que dele ficar também se
comerá no dia seguinte.” (V. 16).
Era
manifestamente impossível a um homem consumir sua oferta, caso esta fosse um
novilho ou um bode, ou um cordeiro, em um dia só́. Era-lhe, portanto,
permitido, e mesmo ordenado pedir a outros que compartilhassem da refeição.
“Nas
tuas portas não poderás comer… nenhum dos teus votos, que houveres votado, nem
as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão; mas o comeras
perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher o Senhor teu Deus, tu, e teu
filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro
das tuas portas: perante o Senhor teu Deus te alegraras em tudo em que puseres
a tua mão. Guarda-te, que não desampares ao levita todos os teus dias na
terra.” (Dt 12.17-19).
1.2.
Este era um traço que distinguia a oferta pacifica. Devia ser comida no mesmo dia, e ser compartilhada;
devia ser comida “perante o Senhor”, e “te alegrarás”. Era uma refeição de
regozijo, em comum, e a esse respeito diferia de todas as outras ofertas.
Abaixo,
destacaremos algumas características da oferta de paz que a diferencia das
outras:
1.2.1.
Uma oferta queimada ao Senhor. Levítico 8.16 “Moisés pegou também toda a gordura que cobre as vísceras,
o lóbulo do fígado e os dois rins com a gordura que os cobre, e os queimou no
altar.”
A
oferta pacífica era “oferta queimada ao Senhor”, no entanto, apenas parte da
oferta deveria ser queimada (Lv 3.3,4,9,10,14,15). A especificação é que a
“gordura, os rins e o redenho” deveriam ser oferecidos para o Senhor (Lv
3.3,4).
A parte
de Deus era queimada sobre o altar (Lv 3.14-17). As
melhores partes eram queimadas ao SENHOR, veja seguir:
1.2.2. A gordura, os rins e o fígado. Lv 3.4-5 “E ambos os rins, e a gordura que está sobre eles, e junto aos
lombos, e o redenho que está sobre o fígado com os rins, tirará. E os filhos de
Arão queimarão isso sobre o altar, em cima do holocausto, que estará sobre a
lenha que está no fogo; oferta queimada é de cheiro suave ao SENHOR.”
1.2.3.
Estes três elementos estão intimamente ligados. A gordura, os rins e fígado estão intimamente ligados
veja:
Levítico
3.4 “Os dois rins com a gordura que os cobre e que está perto dos lombos, e o
lóbulo do fígado, que ele removerá junto com os rins.”
A.
O fígado é responsável pelo metabolismo do corpo. Responsável pelos nutrientes.
Responsável
pela filtragem do sangue. Ele tira as toxinas do sangue e manda para os rins.
B.
Os rins filtram o sangue e manda para fora. A Bíblia fala muito de coração, mas no original é o
rim.
C.
A gordura. O fígado, também
é responsável pela gordura. Ela armazena a gordura do corpo. Levítico 9.19 “Mas
as porções de gordura do boi e do carneiro, a cauda gorda, a gordura que cobre
as vísceras, os rins e o lóbulo do fígado.”
A
gordura é a energia do corpo, por isso ela é importante. Estes elementos são
queimados ao Senhor, e isto sobe como cheiro suave a Ele.
2.
Uma oferta que o sacerdote ministrante se alimentava. Algumas ofertas, apesar de serem oferecidas ao
Senhor, serviam de alimento para os sacerdotes (Lv 2.3,10). Deus, como sempre,
se preocupou com o sustento daqueles que vivem exclusivamente para a obra.
Falando especificamente da “oferta pacífica” como havia muitos sacerdotes,
aquele que ministrava esta oferta era quem deveria comer dela, como uma
recompensa pelo seu trabalho (Lv 7.14,31,32,34-35).
3.
Uma oferta que o ofertante se alimentava com sua família. Na oferta pacífica apenas uma parte era queimada ao
Senhor (Lv 3.5,11,16), enquanto que a outra parte o adorador reunia-se ao
sacerdote na refeição sacrificial, daquilo que restava. Portanto, este era o
único sacrifício em que o ofertante tinha licença de participar (Lv 7.14,15).
Era uma confraternização;
o restante do animal era comido pelos sacerdotes que se achavam em turno, pelo
ofertante e pelas pessoas por este convidadas (as envolvidas na reconciliação),
nas dependências do templo.
Toda
família se reunia no átrio para festejar a paz que havia sido realizada entre
Deus e o homem, e entre o homem e o seu próximo. A marca distintiva da oferta
de paz, era a comida em comum, na qual prevaleciam o gozo e a alegria.
A
oferta pacifica era uma oferta de comunhão em que tomavam parte Deus, o sacerdote
e a pessoa. Era uma refeição em comum, tomada no recinto do templo, em que
predominavam a alegria e o contentamento, e os sacerdotes e o povo entretinham
conversa. Não era uma ocasião em que se efetuava a paz, antes uma festa de
regozijo pela posse da mesma. Era geralmente precedida de uma oferta pelo
pecado ou uma oferta queimada. Fizera-se expiação, espargira-se o sangue, o
perdão havia sido concedido e assegurada a justificação. Para isto celebrar, o
ofertante convidava seus parentes chegados e seus servos, bem como os levitas,
para comerem com ele.
“Nas
tuas portas não poderás comer”, era o mandamento, mas só́ “no lugar que
escolher o Senhor teu Deus” (Dt 12.17-18). E assim se reunia toda a família
dentro das portas do templo para celebrar de maneira festiva a paz que se
estabelecera entre Deus e o homem, e entre o homem e homem.
4.
Uma oferta que os pobres podiam participar e outros convidados. Além do sacerdote oficiante, o adorador, os membros
de sua família; as pessoas pobres que fossem convidadas podiam também
participar “E vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos,
e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está
dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança” (Dt 12.12).
IV. UMA OFERTA PARA COMUNHÃO
Nesta oferta o adorador também colocava a mão na
cabeça do animal quando era degolado (Lv 3.2), simbolizando a comunhão com a
vítima que morria sobre o altar. As entranhas e gordura do animal eram
colocadas sobre o altar para serem queimadas. Nessa oferta o adorador podia
comer do sacrifício, mas a porção mais excelente era oferecida ao Senhor, o
único que podia apreciá-la.
1. A comunhão do adorador. A comunhão é o propósito de Deus com
as Suas criaturas, que se tornaram Seus filhos pela obra consumada por Jesus
(Jo 1.12). Essa comunhão só pode acontecer com quem tem a vida de Deus e essa
vida nos é concedida através do novo nascimento, que vem com a fé e o
arrependimento por ter ofendido a santidade de Deus, aquele que cura e restaura.
Para o adorador, a comunhão com Deus é a certeza de poder estar na presença de
Deus sem ser consumido.
Para o adorador, a comunhão com Deus lhe concede o
deleite que a presença do Senhor proporciona, uma experiência maravilhosa que
todo salvo conhece. A intensidade dessa comunhão está tipificada neste
sacrifício pacífico com todo o ritual que foi estabelecido na lei que Moisés
recebeu do Senhor. No Novo Testamento a comunhão do salvo é caracterizada pelo
culto que foi instituído por Jesus: a Ceia do Senhor (1ª Co 11.23-25). Uma
ordenança que a Igreja deve realizar até que o Senhor volte, pois é o culto que
caracteriza a comunhão do Corpo com a Cabeça, que é Cristo. É o modo simples do
adorador dizer que permanece em comunhão com o Senhor, participando da Ceia,
que, além de demonstrar comunhão, também é comemoração.
2. Comunhão com Deus. A comunhão com Deus não podia ser
alcançada na oferta de manjares, pois não havia o derramamento de sangue. Era
uma oferta que representava o ministério terreno de Jesus, como vimos na lição
passada, mas, nesta oferta (Lv 3.2), o sangue derramado sobre o altar permitia
que a comunhão fosse alcançada, proporcionando ao homem todos os privilégios
que a presença do Senhor concede. A comunhão deve ser vista pela Igreja com a
mesma intensidade que Moisés se expressou: “Se a tua presença não for conosco,
não nos faças subir daqui” (Êx 33.15).
A expressão “subir” que Moisés usa falar da presença
de Deus é bem sugestiva, pois a comunhão com Deus consiste em o homem sair da
sua posição inferior e chegar às alturas em que Deus habita. Jesus, no Seu
ministério terreno, estava com os Seus discípulos, andando com eles, comendo,
ensinando, fazendo milagres, mas, com a Sua morte, ressurreição e o
derramamento do Espírito Santo, esta comunhão avança ao ponto de habitar neles.
O salvo agora é morada do Pai e do Filho através do Espírito Santo (Jo 14.23).
Uma comunhão que leva ao relacionamento alicerçado no amor (1ª Jo 1.3).
3. Comunhão de toda a família sacerdotal. Na oferta pacífica os filhos de Arão
tinham a responsabilidade de espargir o sangue ao redor do altar (Lv 3.8). A
família sacerdotal atuava para a comunhão do adorador. Aquele que se chegava ao
altar para ofertar ao Senhor tinha os sacerdotes para oficiar, a fim de que o
mesmo ali permanecesse e fosse agradável a Deus. Uma bela figura da atividade
da Igreja para que os pecadores sejam aceitos diante do Senhor com a mensagem
do Evangelho, que apresenta o valor precioso do sangue de Jesus, que nos
permite participar da comunhão como sacerdotes (1ª Pe 2.9).
Arão e seus filhos alimentavam-se do peito e da
espádua direita – o peito e a espádua do animal são tipos emblemáticos de amor
e de poder – afeição e força (Lv 7.31-32). Dois atributos que sustentam a
comunhão da família sacerdotal no santuário estão representados na lei do
sacrifício pacífico e nos ensinam o que sustenta a Igreja, simbolizada nos
filhos de Arão, que são a afeição e força. A força representa o poder de nos
manter nessa perfeita comunhão com o Senhor, como Ele se expressa em João
17.21, e a afeição é fundamentada no sentimento sublime que é o amor (1ª Jo
4.16). Assim, também, todos os discípulos de Cristo podem desfrutar do amor de
Jesus e do amor de Jesus e do Seu poder.
V. UMA OFERTA DE GRATIDÃO
Essa oferta estava ligada diretamente ao desejo do
ofertante em agradecer a Deus, como reconhecimento das bênçãos recebidas e das
necessidades supridas por Deus (Lv 7.29). A gratidão deve ser constante na vida
da Igreja.
1. Gratidão pelas necessidades supridas. Deus é o provedor de todas as
necessidades do homem e a gratidão é uma maneira de reconhecer esse ato do
Criador. Satisfazer a necessidade não depende da quantidade do suprimento
disponível, mas da bênção do Senhor repousar sobre o suprimento. Cinco pães e
dois peixes provaram ser mais do que suficientes para alimentar os quase cinco
mil homens, além das mulheres e crianças, que O seguiam no deserto, porque Ele
abençoou o alimento (Mt 14.19-21).
O ato do ofertante trazer o sacrifício demonstra a
gratidão pelo que o Senhor tinha lhe concedido para seu sustento e de sua casa,
e ele traria a oferta de “suas próprias mãos” (Lv 7.30). A gratidão é uma
atitude pessoal dos que reconhecem que tudo nos é concedido pela bondade do Senhor:
O salmista aconselha como Israel deveria entrar no santuário do Senhor: “Entrai
pelas portas dele com louvor, e em seus átrios, com hinos; louvai-o e bendizei
o seu nome.” (Sl 100.4). Deus proveu ao adorador do Antigo Testamento a
possibilidade desse culto acontecer estabelecendo a oferta pacífica.
2. Gratidão pelas orações respondidas. Ter a oração respondida só é alcançada
pelas pessoas que servem a um Deus Vivo, pois um deus morto não tem capacidade
de ouvir e responder. A Bíblia fala do deus que tem ouvido, mas não ouve (Sl
115.6). Servimos a um Deus que ouve e tem a capacidade para responder. A
Palavra de Deus estimula fortemente a prática da oração (Sl 4.3; 65.2; 1ª Ts
5.17; Tg 5.16). O apóstolo Tiago, por exemplo, conclui o seu livro com um incentivo
à oração (Tg 5.13-18). Devemos ser sempre gratos a Deus em nossas orações.
Para termos as nossas orações respondidas, devemos
tornar tudo conhecido diante do Senhor pela súplica. É essencial ser cheio do
Espírito Santo para tornar tudo conhecido de Deus com ações de graça. Tudo o
que enfrentamos devemos apresentar ao Senhor, senão, quando vier a primeira
dificuldade, não saberemos o que fazer. O fardo ficará cada vez mais pesado e
acabaremos não suportando a pressão. Mas, se lançarmos sobre o Senhor, não
ficaremos ansiosos, descansaremos nas Suas gloriosas promessas e seremos gratos
pelas respostas às nossas orações (2ª Pe 5.7).
3. Gratidão pela revelação de Deus. O salmista Davi assim se expressa:
“Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.” (Sl 36.9). A
luz que ilumina o nosso entendimento para compreendermos a mensagem da Palavra
de Deus. Essa luz ilumina todo o Velho Testamento e nos revela esse grandioso
ensino dos sacrifícios, que se cumpriram em Jesus Cristo. O escritor aos
Hebreus fala que eram sombras dos bens futuros (Hb 10.1). Essa revelação se dá
pela presença dessa luz em nossa vida, que nos leva a um brado de exaltação,
como fez Paulo escrevendo à igreja em Roma (Rm 11.33).
O pecador deve ter gratidão e reconhecer tudo que
Deus fez por intermédio de Seu Filho Jesus Cristo. Deus proporcionou o caminho
para que o pecador pudesse se voltar para o Senhor e se assentar na Sua mesa
para se alimentar do que Ele preparou para Seus filhos. Encontramos isso na
parábola contada por Jesus sobre o filho que decidiu partir para uma terra
distante. Quando voltou, seu pai o recebeu, vestiu-o com o melhor vestido e
providenciou um banquete (comunhão). Assim, Deus vestiu o primeiro casal no
Éden, pois vestes de folhas não eram suficientes, pois sem derramamento de
sangue não há remissão de pecados (Hb 9.22). Somente a vestimenta dada por Deus
(túnicas de peles, tipificando o sacrifício de Jesus) proporciona a condição
necessária para restaurar a comunhão do ser humano com o Senhor.
VI. UMA OFERTA DE PAZ
Na oferta pacífica, assim que o sangue era
derramado, Deus e o adorador podiam estar em feliz e pacífica comunhão. O que
Jesus veio trazer se encontra apenas no Reino de Deus (Rm 14.17). O mundo tenta
promover essa paz, mas todos os meios empregados para que isso aconteça têm se
mostrado completamente inúteis e frustrantes. No entanto, em Jesus, isso é
alcançável para o homem.
1. Paz interior. A paz interior é consequência direta
da comunhão do homem com Deus e isso fica demonstrado neste sacrifício, no qual
o ofertante e Deus têm a sua parte na oferta. A paz interior do homem é a
certeza de posse das bênçãos que a salvação proporciona ao homem; a integridade
de sua relação com Deus, que é restabelecida e garantida; e a certeza de que
nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). A
tradição judaica afirma que este sacrifício acompanhava a oferta da expiação em
tempos de grande alegria (2º Sm 6.17), e também em tempo de maior necessidade
(Jz 20.26).
A paz interior que o homem alcança pelo sacrifício
pacífico que Jesus fez por nós não está sujeita a situações externas que
venhamos a enfrentar. Eles ofereciam a oferta nos tempos de grande alegria como
nos dias de grandes tribulações, porque a paz não está alicerçada em situações
exteriores do dia a dia, mas na obra que Jesus consumou. Esta obra, sim, uma
obra perfeita que foi do agrado do Pai e traz ao homem a tão necessária paz
para a sua existência. Numa sociedade que cada vez mais se afasta de Deus e um
mundo cheio de conturbações, temos as doces palavras de Jesus: “para que em mim
tenhais paz” (Jo 16.33).
2. Paz com o próximo. Deus criou o homem para viver em paz
com o seu semelhante e não para promover a guerra, mas Jesus estabeleceu um
princípio para que a paz aconteça (Mt 10.34). Significa que, para haver a paz,
seu princípio básico é consequência do relacionamento de obediência do homem
para com Deus. Uma paz onde a pureza fica em segundo plano não é aprovada por
Deus (Tg 3.17).
Deus estabelece uma ordem: “pura, depois pacífica”
(Tg 3.17), e esta ordem não pode ser alterada. Se em busca da paz abandonarmos
a pureza, certamente não estaremos agradando a Deus. Essa pureza só é alcançada
através do sangue de Jesus, e não existe outra maneira de conseguir essa
pureza. Os que procuram se afastar de Cristo para serem agradáveis ao próximo,
estão fugindo dos propósitos divinos. Na oferta pacífica podia ser apresentado
ao sacerdote o pão levedado (Lv 7.13), mas o sacerdote que recebesse o pão
teria que derramar o sangue no altar (Lv 7.13-14).
3. Paz com Deus. Ter paz com Deus é estar em Sua
presença, com temor e tremor; para nela poder permanecer. Ter paz com Deus é o
filho pródigo poder retornar para casa e ser recebido pelo pai, como na
parábola que Jesus contou. A provisão para a festa da reconciliação foi feita
pelo pai, assim como Deus o fazia para o sacrifício pacífico. A festa ocorria
no lugar escolhido por Deus (Dt 12.5-7, 17-18). Estes detalhes ilustram bem a
bênção da paz com Deus. O apóstolo Paulo, escrevendo a epístola aos Romanos,
enfatiza que temos “paz com Deus” como resultado da nossa justificação pela fé
(Rm 5.1). É a tranquilidade proporcionada a partir da reconciliação com Deus
(Rm 5.11). Tal ação partiu do próprio Deus. Que bela expressão de amizade e de
comunhão restaurada Deus mostrava através do sacrifício pacífico.
Por intermédio de Jesus Cristo a inimizade foi
removida, desapareceu a separação e a comunhão é possível (Rm 5.10; Ef 2.3; Cl
1.21).
VII.
A TIPOLOGIA DO CULTO LEVÍTICO COM A PESSOA DE JESUS
Ali,
Deus, deu as instruções sobre o cerimonial de Levítico que representa todos os
detalhes da obra de Jesus Cristo na cruz. As cinco ofertas são descritas nos
capítulos 1 a 7 de Levítico e explicam tudo que foi realizado no Calvário. Há
quem diga que não existe nenhum livro do AT que nos faça melhor compreender o
NT que o de Levítico. Não há em toda a Bíblia nenhum livro que nos conduza mais
diretamente à cruz que o de Levítico. Ele é chamado por alguns de o “Evangelho
do Antigo Testamento”. Vejamos a tipologia com o sacrifício de Cristo:
1.
A oferta de holocausto tipificava o sacrifício de Cristo. A primeira oferta descrita em Levítico é o holocausto
(Lv 1.3-5). O termo hebraico é “Olah”, que significa “fazer subir”. O
sentido geral da oferta é que ela subia para Deus como cheiro suave e era
totalmente queimada. Em Levítico 1.3-5 observa-se: “sacrifício queimado e
voluntário” para que fosse aceito. As exigências de Deus quanto aos animais que
eram aceitos para os sacrifícios estão reiteradas em Levítico 22.18-20-25 e
indicam que estes sacrifícios deveriam ser “fisicamente perfeitos” apontando
para perfeição de Cristo. Em Levítico 1.8-9, fala das ofertas queimadas de
aroma agradável. São assim chamadas porque tipificam Cristo em Suas próprias
perfeições e em Sua devoção afetuosa para com a vontade do Pai.
2.
A oferta de animais tipificava a obediência perfeita de Cristo. O novilho que é um “tipo” de Cristo como servo
paciente e sofredor (Hb 12.2,3), obediente até a morte (Is 53.1-7; At 8.32-35),
as aves são naturalmente símbolos da inocência (Is 38.14, 59.11, Mt 23.37, Hb
7.26), e estão associados com a pobreza (Lv 5.7; 12.8), pois Ele por amor a nós
se tornou pobre (Lc 9.58). Esse caminho voluntário para a pobreza começou quando
se esvaziou de Sua glória e terminou no sacrifício através do qual nos tornamos
ricos (2ª Co 8.9; Fp 2.6-8, Jo 17.5).
3.
A oferta de manjares tipificava o sofrimento perfeito de Cristo. Muitas são as características dessas ofertas (Lv
2.1-16; 6.14,23). Para se obter uma farinha de qualidade, era necessário um
esmagamento do trigo. Isto faz lembrar o sofrimento de Jesus na cruz. O fogo
usado nesta oferta descreve a prova de seu sofrimento até a morte (Mt 27.45,46,
Hb 2.18) e o incenso aponta para a fragrância de sua vida diante de Deus. A
ausência de fermento neste sacrifício tem a ver com sua atitude para com a
verdade (Jo 14.6). O azeite que era colocado por cima aponta para unção do
Espírito Santo (Jo 1.1-32, 6.27), e o sal explicita a pungência da verdade de
Deus àquilo que impede a ação do fermento e simboliza a eterna e incorrupta
aliança com Deus.
4.
A oferta pacífica tipificava a paz de Cristo. O termo “pacífico” traduzido é “shelami” do
verbo “shalom” e significa “ser completo, estar em paz, fazer paz”. Por
outro lado, podia reafirmar a comunhão com Deus. Era a festa de comunhão
daqueles que andavam em harmonia com o Senhor, e com o próximo. Em Cristo, Deus
e o pecador se encontram em paz. Toda a obra de Cristo em relação a paz do
crente está aqui tipificada (Lv 3.1-17, 7.11-33). A oferta pacífica representa
a comunhão com Deus, pois Cristo trouxe a paz (Cl 1.20), proclamou a paz (Ef
2.17), e Ele é a própria paz do cristão (Ef 2.14).
5.
A oferta pelo pecado tipificava a substituição de Cristo. A oferta pelo pecado simboliza Cristo levando o
pecado do homem (Lv 4.1-35), isto é, Cristo ocupando absolutamente o lugar do
pecador (Is 53; Sl 22, Mt 26.28, 1ª Pe 2.24), Ele foi “feito pecado pelo
pecador”. As ofertas pelo pecado são expiatórias, substitutivas e eficazes (Lv
4.12,29,35). A oferta pelo pecado é queimada fora do arraial e tipifica o
aspecto da morte de Cristo fora da cidade.
Cristo, como sacrifício pacífico, estabelece a paz
da consciência e satisfaz todas as necessidades da alma. No sacrifício pacífico
os sacerdotes viam que podiam oferecer um cheiro suave para Deus e também
render uma porção substancial para si mesmos, da qual podiam alimentar-se em
comunhão.
Levítico 4.3; 13; 14 “Se o sacerdote ungido
pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado, que pecou, um novilho
sem mancha, ao Senhor, por expiação do pecado. 13- Mas, se toda a congregação
de Israel errar, e o negócio for oculto aos olhos da congregação, e se fizerem,
contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que se não deve fazer, e forem
culpados. 14- E o pecado em que pecarem for notório, então, a congregação
oferecerá um novilho, por expiação do pecado, e o trará diante da tenda da
congregação.”
O pecado impede o relacionamento de Deus
com o homem, mas o amor de Deus fez com que Ele oferecesse o Seu Filho para
morrer pelo homem e assim Deus pode restaurar essa comunhão.
I. O PECADO DO SACERDOTE
O pecado deturpou a criação e ao homem
ficou impossível fazer o que é agradável a Deus. O homem ficou impossibilitado
de fazer qualquer coisa que Deus ordenasse. A lei foi dada para mostrar essa
incapacidade do homem.
1. O pecado do sacerdote (Lv 4.3-7). Se o sacerdote
pecasse, o texto bíblico afirma que deveria ser levado para o sacrifício da
expiação um novilho (Lv 4.3). O pecado do sacerdote afetava toda a congregação
e desse modo era exigido para o sacrifício um novilho, que era o maior animal
para oferta. A missão do sacerdote em poder se aproximar de Deus em benefício
do povo também aumentava a sua responsabilidade perante o Senhor. A grande
responsabilidade do sacerdote comprometeria toda a congregação, caso algum
pecado estivesse sobre ele. A excelência do ministério vem acompanhada de
grandes responsabilidades.
Assim comentou Russel N Champlin: “Quando
um sacerdote pecava, escandalizava o povo todo, por ser o homem que,
supostamente, ensinava os outros. (Ver o paralelismo no Novo Testamente (2ª Co
6.3; Tiago 3.1, onde lemos que os líderes receberão juízo mais severo: “O sacerdote
que pecasse trazia pecado sobre todos, por ser um representante de todos”.
O sacerdote que pecou devia trazer um
novilho (sem defeito, por expiação do pecado), na frente da porta da tenda. perante
o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho
perante o Senhor. O sacerdote tinha que molhar o seu dedo no sangue, e daquele
sangue devia espargir sete vezes perante o Senhor diante do véu do santuário. Também
o sacerdote por daquele sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático,
perante o Senhor que está na tenda da congregação; e todo o restante do sangue
do novilho era derramado à base do altar do holocausto...” (Lv 4.3-7). A nossa
comunhão com Deus é restabelecida depois de o pecado ser confessado e de sermos
purificados pelo sangue de Jesus.
Mas o couro do novilho, e toda a sua
carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas, e o seu esterco.
Enfim, o novilho todo levará fora do arraial a um lugar limpo, onde se lança a
cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha; onde se lança a cinza se queimará.
(Lv 4.11, 12).
Isso nos faz lembrar as palavras do
escritor aos Hebreus, que nos diz que para nos santificar através de Seu
sangue, Ele entregou sua vida “fora da parta” (Hb 13.13). Dessa forma, devemos
nos achegar a Cristo por meio de um arrependimento sincero e cheio de fé. Nada
do legalismo judaica, ou da religiosidade estéril de nossos dias. A cruz de
Cristo é o altar espiritual para onde devemos nos dirigir, é onde os remidos se
reúnem e oferecem sacrifícios espirituais vivos e agradáveis ao Senhor (Hb 13.15).
2. O pecado da congregação contra
um mandamento ou por ignorância (Lv 13.21). No caso de a congregação cometer
algum tipo de sacrilégio, isso tornava impossível a habitação de Deus no
arraial, pois o fundamento da habitação de Deus no meio do seu povo é a
santidade.
O sacrifício pelo pecado deveria ser
oferecido fora do arraial, isto é, fora dos limites do acampamento. Uma clara
referência a morte de Jesus, que foi crucificado fora dos limites de Jerusalém.
A santidade de Deus exige que o padrão
vivido seja o que foi estabelecido por Ele. Como Seu povo, devemos com
humildade nos submeter aos Seus preceitos e estatutos. O Senhor exigia pureza
no acampamento de Israel, como encontramos em Deuteronômio 23.13-14. Deus quer
do Seu povo pureza que alcance o espírito, a alma e o corpo (1ª Ts 5.23).
Quando isso acontece, Ele se faz presente, para alegria do Seu povo.
Sendo a assembleia o local público de
adoração, era necessário que todo o povo estivesse limpo cerimonialmente para a
adoração ao Senhor Deus. Na obra realizada por nosso Senhor Jesus Cristo na
cruz do Calvário, este ato foi feito de uma vez e para sempre, conforme Hebreus
9.11-12.
3. O sacrifício apresentado era o
mesmo.
Se o pecado fosse cometido pelo sacerdote, ou fosse cometido pela congregação,
perante o Senhor tinha a mesma consequência e a oferta para o perdão do pecado
era idêntica e o rito era o mesmo (Lv 4.1-21). O sangue era espargido sete
vezes diante do véu do santuário, colocado sobre as pontas do altar de ouro,
que era o altar de incenso, e todo o resto de sangue era derramado à base do
altar de cobre, que ficava no pátio do tabernáculo, onde era oferecido o
sacrifício. No pátio o israelita podia estar presente para participar,
colocando a mão sobre a cabeça do animal. Assim precisava ser feito, pois o
pecado do sacerdote, ou de toda a congregação, tinha a ver diretamente com a
presença de Deus no meio do povo.
O pecado do sacerdote, ou de toda a
congregação, era de tal alcance que o ritual precisava ser seguido conforme
estabelecido por Deus, pois o sangue espargido diante do véu tem relação com a
presença do Senhor, o sangue colocado sobre as pontas do altar de incenso
restabelecia a adoração e o sangue derramado na base do altar de sacrifício
tinha a adoração e o sangue derramado na base do altar de sacrifício tinha a
ver com a consciência do ofertante. Da mesma forma o couro do novilho, e toda a
sua carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas, e o seu
esterco. Enfim, o novilho todo levará fora do arraial a um lugar limpo, onde se
lança a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha; onde se lança a cinza se
queimará. (Lv 4.11, 12).
O pecado do sacerdote ou de toda a
congregação precisava ser expiado nessas três esferas, pois o pecado impede a
presença de Deus no meio do povo, a adoração fica impedida e a consciência do
ofertante culpada, mas o sacrifício restabelecia essas três situações. Tudo
isso encontramos em Jesus Cristo.
II. O PECADO DO PRÍNCIPE
O pecado de um líder de Israel diante de
Deus era considerado grave e se tornava mais conspícuo do que o pecado de
qualquer outra pessoa do acampamento de Israel. Ele não tinha a
responsabilidade de um sacerdote, mas era um líder em Israel; havia sido
levantado por Deus como uma liderança perante o povo e deveria receber mais
grave condenação.
1. O alcance do pecado do príncipe. Todo o pecado que
o homem comete é contra Deus, pois Ele é quem estabelece o padrão que devemos
viver. O salmista assim se expressa diante de Deus em sua penitência: “Contra
ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos parece mal, para que
sejas justificado quando falares e puro quando julgares.” (Sl 51.4). O pecado
do príncipe não poderia alcançar o véu do santuário ou mesmo o altar da
adoração, mas tinha a ver com a sua consciência e atingia também o povo. Quando
um líder comete pecado, a tristeza vem sobre o povo por causa da queda do seu
líder.
O pecado do homem levou Cristo a cruz, mas
Cristo nos leva a Deus. Todos os tipos que podemos estudar no livro de Levítico
apontam para a obra perfeita que Jesus realizou ao morrer na cruz, para
glorificar a Deus e tomar o lugar do homem. A libertação do pecado e a
purificação dos pecados foi realizada por Jesus e é eterna, não precisando que
mais obra seja feita para salvação do homem (Hb 9.14-15). Toda a malignidade do
pecado foi anulada pelo sacrifício do antítipo que é Jesus Cristo e ao homem
basta apenas crer nesta obra e guardar em seu coração a Palavra de Deus.
2. A oferta pelo pecado do
príncipe.
A oferta que o príncipe tinha que trazer quando obrasse contra algum mandamento
do Senhor deveria ser um bode (Lv 4.23). Um animal sem mancha e todo o ritual
exigido por Deus deveria ser seguido. Mesmo sendo um príncipe dentre o povo,
não tinha nenhuma autoridade para mudar o que fora estabelecido pelo Senhor.
Caso procedesse de acordo com as instruções do Senhor, o resultado alcançado
era paz no coração, pois, quando o homem obedece aos mandamentos do Senhor e guarda
os seus estatutos, a paz é alcançada (Lv 4.24).
Deus sabe o que é necessário para que o
homem esteja em Sua presença sem nenhum temor. Na verdade, somente Ele pode nos
revelar o que é necessário. Deus deseja toda a paz para o homem e ter comunhão
com o homem, a excelência da Sua criação. Para que isso aconteça, dependemos de
Deus e da Sua natureza. Quando Jesus realizou a obra da cruz, temos o ato.
Quando nos deu o Seu Espírito Santo, passamos a ter a Sua natureza, pois
produzimos o fruto do Espírito e Deus alcança o seu objetivo maior, que é a Sua
habitação no homem (1ª Co 6.19).
3. Uma responsabilidade inferior à
do sacerdote.
O príncipe não tinha acesso ao santuário e nem tinha a autorização para queimar
incenso no altar de ouro, como tinha o sacerdote. Então a sua responsabilidade
espiritualmente era menor em apresentar o povo a Deus. Mas o pecado cometido
sempre ofenderá a santidade de Deus. Mas o pecado cometido sempre ofenderá a
santidade de Deus. Sendo assim, apesar da responsabilidade ser menor, um
sacrifício também era necessário e as leis que foram entregues a Moisés pelo
Senhor traziam a solução para o pecado que fosse cometido pelo príncipe (Lv
4.24).
Devemos descansar sobre a perfeita e
suficiente obra realizada por Jesus, isto é, Seu nascimento, ministério, morte,
ressurreição e ascensão. Tudo isso permite ao homem que crê uma paz que
descansa sobre um fundamento perfeito e inabalável (1ª Co 3.11). Jesus concede
ao homem uma consciência perfeitamente purificada, que descansa sobre a grandiosa
obra da remissão de todos os nossos pecados, sejam de nosso conhecimento ou de
ignorância. Jesus se ofereceu a si mesmo para cumprimento da vontade de Deus na
expiação do pecado em completa abnegação, tomando todas as consequências do
pecado do homem e levando sobre si todo o castigo que nos traz a paz (Is 53.5).
III. O PECADO DE UMA PESSOA DO POVO
Para o pecado cometido arrogantemente não
havia sacrifício prescrito (Nm 15.30). Para que um pecado fosse expiado, era
necessário que fosse cometido por ignorância ou involuntário, algo que fosse
proibido pela lei do Senhor e que involuntariamente viesse a ser cometido pelo
homem (Lv 4.27-35).
1. Uma cabra fêmea como oferta. Por mais que o
homem se esforce, é impossível cumprir a lei, pois a carne está enferma (Rm
8.3). Isso significa que logo quebraria um ou mais desses inúmeros preceitos.
Sendo assim, os sacrifícios pelo pecado eram constantes e intermináveis. No
caso de qualquer pessoa do povo pecar, poderia trazer uma cabra fêmea como oferta
(Lv 4.28). O pecado sempre ofenderá a Deus, mas nas ofertas trazidas temos uma
gradação que está relacionada com a responsabilidade que cada um ocupa perante
o Senhor. Que verdade maravilhosa é ilustrada por este ato cerimonial dos
diversos animais apresentados sendo relacionados com a ocupação no acampamento
do Senhor Deus pelos respectivos ofertantes. O sacerdote podia também comer da
carne do sacrifício oferecido por uma pessoa, porque o sangue da oferta não era
levado para dentro do santuário (Lv 6.26).
Deus, quando dá a lei ao homem, é para que
o homem trabalhe para Ele e torne-se agradável e aceito diante d’Ele. No
entanto, isso é impossível de acontecer, pois o homem está incapacitado de
cumprir a lei por causa do pecado. Sendo assim, Deus nos concede a graça, que é
Deus trabalhando para que o homem possa estar na Sua presença, sendo aceito e
agradável a Ele. Nós somos levados a Deus através de Jesus Cristo, que
ressuscitou de entre os mortos e tirou os nossos pecados, segundo s perfeição
da Sua obra. Uma cabra fêmea poderia ser apresentada apenas por uma pessoa
comum do povo e não por um príncipe, a congregação ou o sacerdote, porque,
quanto maior for o privilégio, maior é a responsabilidade.
2. Um ato pessoal. Quando o
ofertante oferecia um animal sem mancha, que era uma figura de Jesus Cristo, e
também no momento em que ele colocava a mão sobre a cabeça do animal, ele se
identificava com o animal oferecido e, através da vítima, oferecia-se a si
mesmo a Deus (Êx 29.10). Uma pessoa que ouvisse uma blasfêmia e não denunciasse
(Lv 5.1), uma impureza cerimonial (Lv 5.2), tocasse em uma pessoa com fluxo ou
lepra (5.3), ou juramento falso (Lv 5.4); necessário era confessar (Lv 5.5) e
oferecer a sua oferta, que poderia ser uma cabra (Lv 5.6) ou duas rolas ou dois
pombinhos para o que fosse pobre (Lv 5.11).
Não atentar para os detalhes do
sacrifício, e trazer um animal com defeito perante o Senhor (Ml 1.8), era
atentar contra a perfeição do antítipo, que é Cristo, e se identificar com o
animal que estava sobre o altar. Uma pessoa que trouxesse um animal com mancha
para o altar do Senhor estava dizendo que Deus poderia aceitá-lo com os seus
defeitos, sem a necessidade de expiação. Ele estaria se identificando com o
animal defeituoso ao colocar a mão sobre a sua cabeça. Hoje isso está
representando em todos aqueles que procuram se justificar perante o Senhor com
suas próprias obras e apresentam sacrifícios segundo o seu coração, como se
isso pudesse satisfazer a santidade de Deus.
3. Uma provisão divina. Apesar das
diferenças de animais oferecidos sobre o altar, de acordo com a
responsabilidade exercida por cada um no acampamento de Israel, todos eles eram
provisões da parte de Deus para perdão dos pecados e consequente comunhão com o
Seu povo. Somente Deus pode prover a salvação para o homem (Gn 3.21). Uma
provisão necessária ao homem para que o propósito eterno de Deus se cumpra e
que estará plenamente consumado na eternidade.
Ao trazer o sacrifício, o ofertante estava
dizendo que tinha cometido um pecado não proposital (quer por fraqueza, quer
por negligência). Sua presença ali indicava que aceitava os mandamentos do
Senhor e que humildemente pedia o Seu perdão e a Sua misericórdia. Esse
simbolismo apontava para Cristo, aquele que, mesmo sem pecado, “se fez pecado”
para nos tornar aceitos perante o Senhor. Em Cristo Jesus temos a provisão
perfeita de Deus para a remissão do pecado do homem.
Em sua ignorância e arrogância, o homem
pensa em agradar a Deus se apresentando diante d’Ele com seus trapos de imundícia
(Is 64.6). No entanto, através da justiça de Deus em Cristo Jesus, temos livre
acesso à Sua presença e lá podemos permanecer (Rm 5.1-9-11).
Levítico
5.15-16; 19 “Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância
nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, por expiação, um carneiro
sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o
siclo do santuário, para expiação da culpa. 16- Assim, restituirá o que ele
tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará
ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por
ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado. 19- Expiação de culpa é; certamente se fez
culpada ao Senhor.
Através da Sua
graça Deus perdoa a todos os pecadores, desde que o homem se arrependa. Sua
santidade não deixa passar nenhum pecado, mas em Cristo proveu o meio para que
a Sua santidade fosse satisfeita.
I.
CULPADO NAS COISAS SAGRADAS
Na oferta pela
culpa havia a necessidade de uma restituição, diferenciando este sacrifício dos
demais. Na oferta pela culpa uma reparação é exigida por Deus, seja ela para o
santuário ou para o próximo. O texto bíblico revela a necessidade de uma
reparação: “Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas...” (Lv
5.16).
Pecados ocultos: ouvir e não denunciar uma
blasfêmia, tocar em algo morto ou em imundícia humana, jurar fazer o mal.
1.
Pecando por ignorância nas coisas sagradas. Pecar por
ignorância é cometer um delito, mas não ter a certeza total que cometeu um
pecado. Para que não tivesse dúvida em sua consciência, traria o que foi
exigido por Deus para alcançar a paz acerca dessa questão. O animal era
estimado pelo sacerdote conforme o ciclo do santuário. O siclo do santuário
equivale a vinte óbolos (Êx 30.13). Um óbolo equivale a 0,57 gramas de prata.
Depois de avaliado o animal era oferecido como expiação para perdão do pecado.
Era acrescentado na restituição o valor de vinte por cento. Esses eram os
direitos que estavam ligados às coisas sagradas de Deus.
Além da
restituição completa era necessário acrescentar um quinto (ou vinte por cento)
do que tirou das coisas sagradas (Lv 5.16). Este procedimento aponta para um
dos aspectos do sacrifício de Jesus Cristo. Como é um pecado cometido por
ignorância, não podemos realmente compreender como ofendemos a santidade de
Deus diariamente, mas o que Jesus realizou na cruz também abrangeu esta parte.
Com o crescimento na vida espiritual, muitas ofensas deixam de ser praticadas,
mas não alcançaremos a perfeição neste corpo.
2.
Pecando contra algum de todos os mandamentos. A não
obediência a um mandamento do Senhor, mesmo que seja por não conhecer o
mandamento, não torna a pessoa inocente (Lv 5.17). Este fato nos ensina que
somente Deus tem a capacidade para avaliar o que é certo e o que é errado. O
homem não tem esta capacidade e mesmo assim pensa ter. Quantos hoje estão
guiando a sua vida pelo “eu acho que isto é certo”, “eu acho que isto não tem
problema”, ou “todo mundo está fazendo, eu posso fazer também”? Para agradar a
Deus, devemos fazer o que Ele estabelece.
Somente a
santidade de Deus pode estabelecer o padrão quando os direitos de Deus estão em
causa. Uma pessoa poderia transgredir uma lei do santuário sem se aperceber
(ignorância nas coisas sagradas), mas uma mentira, jurar falsamente, enganar o
próximo, cometer um ato violência, não pode ser ignorância, mas é desobedecer
aos mandamentos do Senhor. O sacrifício realizado por Jesus cuidou dessas duas
áreas na vida do ser humano: a culpa pelo pecado de ignorância e, também, dos
pecados conhecidos.
3.
Restituição perante o Senhor. No ritual o
transgressor confessava o pecado, restituía o valor envolvido, pagando um
acréscimo de um quinto (vinte por cento) em siclos de prata, e sacrificava um
carneiro ao Senhor (Lv 5.15-16). A essência é a obra da expiação realizada para
perdão do pecado do ofensor à lei de Deus. Essa obra de expiação pelo pecado do
homem foi realizada por Jesus, que derramou o Seu sangue inocente para atender
à justiça de Deus. O escritor aos Hebreus afirma: “E quase todas as coisas,
segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há
remissão.” (Hb 9.22).
O sacrifício da
culpa abrangia vários tipos de pecado e estava incluso reter o que pertencia a
Deus, como dízimos e ofertas, a consagração das primícias e outras obrigações
que o israelita tinha perante o Senhor, e também proceder de maneira a não
contrariar o que o Senhor tinha estabelecido. Mesmo no caso de a pessoa não ter
a certeza de ter pecado contra o Senhor Deus, os mais escrupulosos traziam,
também assim, uma oferta pela culpa. Esse sentimento estava presente no coração
daquele que tinha o prazer de buscar a comunhão com o Senhor, de ter paz no seu
coração para consigo e também com Deus.
II.
CULPADO NEGANDO AO SEU PRÓXIMO
Ofensas
causadas às pessoas em questões de bens pessoais ofendem a lei de Deus, que
deixa de forma bem clara como deve ser o relacionamento com o próximo (Lv
19.18). Jesus foi enfático a respeito desse mandamento no Seu ministério (Mt
22.39), e também os apóstolos (1ª Jo 4.20).
1.
Prejuízos causados ao próximo. As instruções
do Senhor também tratavam acerca dos prejuízos causados ao próximo em questões
de propriedades que dizem respeito ao logro (algo que alguém deixou em depósito
de outrem), roubo, ou ganho injusto por extorsão (agiota). A não devolução de
algo achado quando se conhece o dono e outras semelhantes são situações mais
próximas de atos de pecados conscientes e voluntariosos que precisavam ser
confessados para que se tornassem conhecidos (Lv 6.1-7). Essas ações eram
puníveis (Êx 22.7-13), pois pecar contra o próximo, dentro do concerto dado por
Deus ao povo de Israel, era pecar contra o próprio Deus.
Um grande
problema em todas as épocas na sociedade é a ganância do homem. O desejo de
possuir torna o ser humano frio, desumano e insensível para com o próximo.
Paulo afirma que: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males;
e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e transpassaram a si mesmos com muitas
dores.” (1ª Tm 6.10). Para vencer esta avareza, que a Palavra de Deus
classifica como idolatria, somente com amor ao próximo. A situação atual do
mundo é um exemplo do que o homem sem a graça de Deus no coração é capaz de
realizar.
2.
Reparando o dano. No pecado contra o próximo era necessário primeiro
fazer a reparação do dano para poder depois trazer a oferta perante o altar. A
Palavra de Deus não se contradiz, por isso Jesus ensinou aos Seus discípulos
que antes da oferta o dano deve ser reparado (Mt 5.23-24). O transgressor,
antes que pudesse ser perdoado, deveria fazer a restituição apropriada. A
penalidade visava inculcar nos transgressores a importância da honestidade e
responsabilidade no convívio social. Trazer a oferta, mas não restituir ao
próximo não expiaria o pecado do transgressor. Há situações que não basta
apenas orar, é preciso antes pagar o que se deve.
Desde que o
pecado defraudou alguém, necessário é que haja restituição para a parte ofendida.
A característica distinta das ofertas pela culpa era o pagamento de restituição
com acréscimo, conforme determinava a lei, sem se importar se esta fosse para
Deus ou para uma pessoa humana. “O carneiro das ofertas pela culpa não fazia
parte da restituição, mas era a expiação pelo pecado, diante de Deus” (F. Duane
Lindsey). A oferta da culpa ilustra a grande seriedade e gravidade do pecado e
a eficácia do sacrifício de Cristo, que deu satisfação e plena reparação ao
nosso favor diante de Deus.
3.
A necessidade da oferta pela culpa. Quando Jesus
purificou os leprosos, mandou que eles se apresentassem ao sacerdote (Mt 8.4;
Lc 17.14), porque havia a necessidade de oferecer a oferta pela culpa para que
os mesmos fossem declarados limpos. Jesus veio para cumprir a lei, e, se era
essa a exigência da lei, precisava que fosse cumprida. A profanação do
nazireado também exigia a expiação da culpa: “Então separará os dias do seu
nazireado ao Senhor, e para expiação da culpa trará um cordeiro de um ano” (Nm
6.12).
Deus exige um
comportamento honroso entre os seus semelhantes, uma existência com ética nos
relacionamentos sociais, uma existência com liberalidade. Quando assim não
acontece, um encargo precisa ser acrescentado. Este é o sacrifício da oferta
pela culpa. Este sacrifício nos ensina que alcançamos o perdão da culpa quando
observado o que está contido no texto bíblico: reconhecimento do pecado seguido
pelo arrependimento, restauração do dano e finalmente o sangue espargido no
altar (Lv 6.7).
III.
A LEI DA EXPIAÇÃO DA CULPA
A lei da
expiação da culpa, assim como a lei da expiação do pecado, estabelecia que o
sacrifício poderia ser comido pelo sacerdote. Para tocar nessas ofertas deveria
ser santo (Lv 6.27). Da mesma forma, todos os que estão unidos a Cristo Jesus,
pela fé, são santos.
1.
Uma mesma lei. A Palavra de Deus afirma que assim como era a lei
da expiação do pecado, assim também seria a lei da expiação da culpa (Lv 7.7).
Esses dois sacrifícios apresentam a santidade de Cristo de maneira enfática.
Essa era uma oferta que todo homem de família sacerdotal estava autorizado a
comer (Lv 7.6), mas deveria consumir em local sagrado, pois era uma oferta
santíssima (Lv 6.29). A exigência feita pelo Senhor é que estivesse limpo para
poder comer (Nm 18.11).
Na lei da
expiação da culpa, que é como na lei da expiação do pecado (Lv 7.6-7), o
Espírito Santo de maneira maravilhosa enfatiza a santidade do sacrifício, que é
tipo da obra realizada por Jesus. Como estes dois sacrifícios estão
relacionados com o pecado do homem, fica enfatizado a santidade da oferta, pois
Jesus levou os pecados da humanidade, mas não se contaminou (1ª Pe 1.19). Tomou
os pecados do Seu povo e sofreu a pena deles na cruz. Está cumprido todas as
exigências de Deus e todas as necessidades dos homens. Tudo Jesus realizou.
2.
Fartura no lar. A responsabilidade no Antigo Testamento de ensinar
a Palavra de Deus ao povo estava sob a incumbência dos sacerdotes e levitas (2º
Cr 17.7-8). Já em casa, essa responsabilidade era dos pais (Dt 6.7). Um povo
mais esclarecido traria mais oferta, pois teria maior conhecimento da lei e,
evidentemente, de suas transgressões; um povo com pouco conhecimento nem
saberia que havia desobedecido a lei. A fartura sobre o altar estava ligada
diretamente ao conhecimento que o povo tivesse da lei. Quanto mais ensino, mais
fartura para o sacerdote. Boca aberta ensinando a Palavra de Deus, provisão
pelos sacrifícios trazidos ao santuário.
Esse princípio
permanece no Novo Testamento como era em Israel nos tempos antigos. Quanto mais
a Palavra de Deus é ensinada na igreja, mais fartura teremos no santuário. Essa
fartura se manifesta na igreja, na esfera em que ela se encontra. Uma fartura
que sustenta os seus ministros como também gera riqueza na igreja e essa
riqueza não é ouro ou prata, mas uma riqueza espiritual, que manifesta a graça
de Deus, Sua glória, a excelência do fruto do Espírito na vida dos crentes e as
manifestações dos dons espirituais. Onde prevalece o espiritual o material é
acrescentado pelo Senhor (Mt 6.33).
3.
Gordura e sangue para o Senhor. Todo o sangue
e toda a gordura deveriam ser oferecidos ao Senhor, sendo proibido ao homem
comê-los (Lv 7.2-3). Isso deveria ocorrer em todos os sacrifícios nos quais
animais eram oferecidos sobre o altar. Na dieta do povo de Israel eram
elementos proibidos: “Estatuto perpétuo será nas vossas gerações, em todas as
vossas habitações: nenhuma gordura, nem sangue algum comereis.” (Lv 3.17). No
Novo Testamento, a carne ritualmente impura, de animais sufocados e o sangue
foram proibidos no primeiro concílio da Igreja (At 15.20).
O sangue fala
da redenção do homem efetuada na cruz por Jesus. O sangue foi oferecido a Deus
pelos nossos pecados e o homem não tem capacidade de participar, por isso é
proibido dele comer, pois foi oferecido a Deus. A gordura também era proibida
ao homem comer no Antigo Testamento e alguns órgãos (Lv 7.3-5). A gordura
simboliza a glória que só pode ser dada a Deus. Tudo realizado por Cristo foi
para a glória de Deus (Jo 17.1). O sangue e a gordura simbolizavam o
relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho.
Os tipos do
Antigo Testamento nos ajudam a entender a dimensão do sacrifício de Jesus
Cristo realizado na cruz do Calvário. Como atendeu a exigência da santidade de
Deus e como alcançou o homem no seu estado miserável de pecado e como o alçou
até a presença do glorioso Deus.
O significado
de Levítico 6 trata da lei das ofertas. Na seção conhecida como “a lei das
ofertas”, os regulamentos adicionais eram principalmente para o benefício dos
sacerdotes oficiantes. Esses regulamentos já foram tratados na discussão dos
capítulos anteriores.
A seção a
seguir (Levítico 6.1-30) é um complemento ao capítulo 1-6.7, que contém os
regulamentos dirigida aos sacerdotes relacionados ao ritual dos vários
sacrifícios. Embora os capítulos atuais listem as ofertas em uma ordem
ligeiramente diferente dos capítulos anteriores, as mesmas cinco categorias são
tratadas: a oferta queimada (Lv 6.8-13; ver 1.1-17); a oferta de cereais (Lv 6.14-23;
ver 2.1-16); a oferta pelo pecado (Lv 6.24-30; 4.1; 5.13); a oferta pela culpa
(Lv 7.1-10; Lv 5.14; 6.7) e a oferta de paz (Lv 7.11-38; ver Levítico 3.1-17).
I.
PECADOS VOLUNTÁRIOS CONTRA O SENHOR E CONTRA
O PRÓXIMO
Quando o pecador negar devolver o penhor,
roubar, extorquir, mentir quando achar algo perdido, jurar falsamente (Lv
6.1-7).
1.
Culpado negando ao seu próximo. Ofensas
causadas às pessoas em questões de bens pessoais ofendem a lei de Deus, que
deixa de forma bem clara como deve ser o relacionamento com o próximo (Lv
19.18). Jesus foi enfático a respeito desse mandamento no Seu ministério (Mt
22.39), e também os apóstolos (1ª Jo 4.20).
Se alguém diz:
Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão,
ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este
mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1ª Jo 4.20-21).
2.
Prejuízos causados ao próximo. As instruções
do Senhor também tratavam acerca dos prejuízos causados ao próximo em questões
de propriedades que dizem respeito ao logro (algo que alguém deixou em depósito
de outrem), roubo, ou ganho injusto por extorsão (agiota). A não devolução de
algo achado quando se conhece o dono e outras semelhantes são situações mais
próximas de atos de pecados conscientes e voluntariosos que precisavam ser
confessados para que se tornassem conhecidos (Lv 6.1-7). Essas ações eram
puníveis (Êx 22.7-13), pois pecar contra o próximo, dentro do concerto dado por
Deus ao povo de Israel, era pecar contra o próprio Deus.
Um grande
problema em todas as épocas na sociedade é a ganância do homem. O desejo de
possuir torna o ser humano frio, desumano e insensível para com o próximo.
3.
Reparando o dano. No pecado contra o próximo era necessário primeiro
fazer a reparação do dano para poder depois trazer a oferta perante o altar. A
Palavra de Deus não se contradiz, por isso Jesus ensinou aos Seus discípulos
que antes da oferta o dano deve ser reparado (Mt 5.23-24). O transgressor,
antes que pudesse ser perdoado, deveria fazer a restituição apropriada. A
penalidade visava inculcar nos transgressores a importância da honestidade e
responsabilidade no convívio social. Trazer a oferta, mas não restituir ao
próximo não expiaria o pecado do transgressor. Há situações que não basta
apenas orar, é preciso antes pagar o que se deve.
Desde que o
pecado defraudou alguém, necessário é que haja restituição para a parte
ofendida. A característica distinta das ofertas pela culpa era o pagamento de
restituição com acréscimo, conforme determinava a lei, sem se importar se esta
fosse para Deus ou para uma pessoa humana. “O carneiro das ofertas pela culpa
não fazia parte da restituição, mas era a expiação pelo pecado, diante de Deus”
(F. Duane Lindsey). A oferta da culpa ilustra a grande seriedade e gravidade do
pecado e a eficácia do sacrifício de Cristo, que deu satisfação e plena
reparação ao nosso favor diante de Deus. (Revista do professor)
Portanto, se
trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te
primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. (Mt 5.23,24).
4.
A necessidade da oferta pela culpa. Quando Jesus
purificou os leprosos, mandou que eles se apresentassem ao sacerdote (Mt 8.4;
Lc 17.14), porque havia a necessidade de oferecer a oferta pela culpa para que
os mesmos fossem declarados limpos. Jesus veio para cumprir a lei, e, se era
essa a exigência da lei, precisava que fosse cumprida. A profanação do
nazireado também exigia a expiação da culpa: “Então separará os dias do seu
nazireado ao Senhor, e para expiação da culpa trará um cordeiro de um ano” (Nm
6.12).
Deus exige um
comportamento honroso entre os seus semelhantes, uma existência com ética nos
relacionamentos sociais, uma existência com liberalidade. Quando assim não
acontece, um encargo precisa ser acrescentado. Este é o sacrifício da oferta
pela culpa. Este sacrifício nos ensina que alcançamos o perdão da culpa quando
observado o que está contido no texto bíblico: reconhecimento do pecado seguido
pelo arrependimento, restauração do dano e finalmente o sangue espargido no
altar (Lv 6.7).
II.
A LEI DO HOLOCAUTO (Lv 6.8-13)
1.
A lei do holocausto. Cristo, o sumo sacerdote da nova aliança, ofereceu o
derradeiro holocausto em Seu corpo; ele estava inteiramente consagrado a Deus,
sofrendo a morte pelo pecado e provocando a morte do crente para o pecado (Rm
6.2-7). Bíblia de Genebra.
2.
As vestes do sacerdote. Os versos 10 e 11 dão a seguinte
ordem: O sacerdote tinha a obrigação de limpar as cinzas do altar, depois de
ter oferecido um holocausto, usava, para isso, vestes especiais, calças e
túnica de linho, laváveis, que se usavam tão-somente para o contato direto com
o altar. “Quando removia as cinzas pela manhã, deixava-as ao lado altar,
trocava suas vestes, colocando suas roupas normais de sacerdote, e depois
removia as cinzas para algum lugar “limpo” (e não para um depósito de lixo, que
seria considerado impuro), fora do arraial. (Bíblia Shedd). Eis uma pergunta
para nós: com que vestes eu tenho ministrado o sacrifício? com quais vestes
temos orado, nos encontrado com Deus?
3.
O fogo deveria queimar continuamente no altar. O verso 12 diz: “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará;
mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o
holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.”
O holocausto
deveria queimar sobre o altar “toda a noite, até pela manhã”, e o verbo, de
igual modo, revela uma ação continua: “arderá”. O fogo do altar arderá nele. A noite
toda o sacrifício era queimado, pela manhã, cedinho o sacerdote devia remover
as cinzas e colar mais lenha para que o fogo continuasse a arder no altar de sacrifício.
“nele
a cada manhã”. O sacrifício arde no altar de noite, até pela manhã
(e o sacrifício somos nós), e quando chega a manhã, o sacerdote acenderá lenha
(e o sacerdote também somos nós), a cada manhã (isto é, todos os dias). Se isto
tem lições para nós, decerto quer nos ensinar sobre uma real vida com Deus. “Quando
acordo, ainda estou contigo” (Sl 139.16).
Ensinos espirituais. O fogo do altar,
aceso ininterruptamente, era o fogo aceso pelo próprio Deus e representava a
Sua presença. Quando pensamos em nossa própria vida como um altar, o Fogo é a
presença do Espírito Santo, que não pode ser apagado (1ª Ts 5.19).
II. AS DEMAIS OFERTAS (Lv 6.14-18)
1. Oferta de Manjares. Oferecida por um
dos filhos de Arão, encher a mão de flor de farinha (1/10 de flor farinha),
azeite e incenso, e queimar sobre o altar. O restante podia ser comido por Arão
e seus filhos no lugar santo. É proibido pôr fermento.
O ritual
adicional da oferta de carne (veja a nota em Levítico 2.1). A maior parte deve
ser dada aos sacerdotes, e eles e os homens de suas famílias devem comê-lo sem
acrescentar fermento. Com pães ázimos sem fermento será comido (Lv 6.16). Não é
apenas o mais sagrado em si, mas todo aquele (ou melhor, tudo) que toca as
ofertas será santo. O toque da oferta transmite o caráter de santidade à coisa
tocada, que deve, portanto, ser tratada como santa.
Assim como a
oferta de manjares representava os frutos da obediência, ela também prenunciava
a vida de Cristo em perfeita obediência e gratidão a Deus. Bíblia de Genebra.
2. Oferta para Consagração dos
Sacerdotes (Lv 6.19-23).
Todo
varão (v 18). Esta expressão se restringe aqui aos homens que
serviam no culto do tabernáculo. Antes de atingirem a idade de 30 anos, os
homens não podiam entrar no lugar santo (Nm 4.3, 23, 30, 39). (Bíblia Shedd).
A oferta de carne do sumo sacerdote em sua
instituição. Não era para farinha não cozida, mas na forma de uma panqueca,
feita com um décimo de um efa de farinha. Metade dela foi queimada pela manhã,
e outra metade no sacrifício da tarde, nenhuma sendo reservada para consumo
pelos sacerdotes. Essa oferta de carne, tendo sido oferecida pela primeira vez
na consagração de Arão, seria posteriormente oferecida na consagração de cada
sumo sacerdote sucessor, a expressão que Arão e seus filhos queriam dizer aqui
os sumos sacerdotes sucessivos e por estatuto perpetuo.
3. Ritual
adicional da oferta pelo pecado (Lv 6.24-30). A carne das ofertas pelo pecado deve ser comida pelos sacerdotes e pelos
homens de suas famílias no lugar santo, isto é, dentro dos arredores do
santuário, com exceção das ofertas pelo sumo sacerdote e pela congregação, do
que ... o sangue é trazido para o tabernáculo da congregação para
reconciliar-se com ele no lugar santo, que seria queimado no fogo fora do
arraial; se
os respingos de sangue caíssem em suas vestes deviam ser lavados; o vaso de barro
na qual a oferta foi cozida devia ser quebrado, o vaso de cobre lavado.
Levítico
6.9-10, 12 “Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do
holocausto: O holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela
manhã, e o fogo do altar arderá nele. 10- E o sacerdote vestirá a sua veste de
linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne, e levantará a cinza,
quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao
altar. 12- O fogo, pois, sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o
sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o
holocausto, e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.”
No Antigo
Testamento os sacerdotes eram responsáveis por manter o fogo aceso na Casa do
Senhor, no Tabernáculo. Aquele fogo simbolizava a presença de Deus (Lv 9.24).
Nosso Deus se manifesta com fogo (Êx 3.2,6; Ap 4.5). Na Nova Aliança todos
somos sacerdotes (1ª Pe 2.9; Ap 1.6), e temos a responsabilidade de manter
aceso o fogo do céu no altar da nossa vida. O altar sempre aceso significa que
tudo deve ser colocado sobre ele. Não pode existir na vida do cristão nada tão
valioso que não possa ser colocado sobre o altar para ser queimado em oferta ao
Senhor.
I.
O ALTAR É LUGAR DE ENTREGA
A instrução do
Senhor para que o altar ficasse sempre aceso caracteriza que tudo ali era
colocado era para ser queimado, isto é, para ser entregue a Ele. O altar é uma
figura da cruz, onde Jesus passou pelo fogo do juízo divino. O altar é um lugar
de entrega de um animal sem defeito e do derramamento de sangue; o lugar onde
algo valioso é entregue ao Senhor para ser queimado em adoração a Ele. Esses
sacrifícios repetitivos sobre o altar aceso são tipos do sacrifício único feito
por Jesus Cristo.
1.
Entregar no altar o que tem valor. A exigência de
Deus para que a oferta fosse sem mancha demonstra que devemos trazer apara o
altar de Deus o que é melhor, isto é, algo de valor. Ao exigir que Isaque fosse
oferecido em sacrifício e não Ismael, Deus exige de Abraão o filho que lhe era
mais querido. Todos que desejam agradar a Deus no altar devem aprender com
Abraão. Mesmo depois da promessa se cumprir com o nascimento de Isaque, o mais
importante é Deus e não Isaque, e se for necessário oferecer Isaque em
holocausto, será feito, pois é a vontade do Senhor.
Colocar a
oferta sobre o altar aceso é querer oferecer ao Senhor por completo, tendo em
vista que tudo será consumido pelo fogo. Esse princípio bíblico permeia a vida
dos que agradaram a Deus em todas as épocas, de não valorizar nesta vida nada
acima d’Ele. Na época do profeta Elias, após anos sem orvalho e sem chuva, ele
se apresentou no Monte Carmelo e levantou o altar, colocando sobre este algo de
grande valor: água (1Rs 18.34-35). Quando é oferecido ao Senhor o que é valioso
para o homem, Deus reconhece e tem prazer nesta oferta. Este é o grande
privilégio da Igreja, que pode colocar sobre o altar aceso o que realmente
agrada a Deus. E hoje, somente a Igreja pode oferecer este sacrifício a Deus.
2.
Altar aceso é a lei do holocausto. Deus
estabelece que o fogo sobre o altar deveria arder durante todo o dia e toda a
noite (Lv 6.12). Durante a travessia do deserto o cuidado com o fogo durante a
noite deveria ser maior, pois no deserto, à noite, a temperatura diminui
bastante e pode fazer com que o fogo venha a se apagar. Em tempo de frieza é
mais difícil manter o fogo aceso e a Igreja deve observar este detalhe para que
a temperatura espiritual não diminua no meio do povo de Deus. Jesus fala sobre
o esfriamento do amor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos
esfriará.” (Mt 24.12).
Conforme a
noite começa e os raios solares se vão, começa a esfriar. Deus quer um altar
aceso durante o dia e também durante a noite. Já vivemos o adiantado da hora.
Jesus disse que a noite vem (Jo 9.4), e com a noite vem as dificuldades, como a
falta de luz (Jo11.10). A frieza espiritual tem tomado conta de muitas vidas e
contemplamos o reflexo desse fato nas nossas reuniões, em que muito
entretenimento é oferecido com intuito de atrair os crentes para o culto,
quando deveria ser um prazer estar na igreja para adorar ao Senhor. Há
movimentos que, com o intuito de atrair as pessoas, oferecem milagres, vendem
indulgências e talismãs, e prometem bens meramente terrenos. Resultado de um
altar que se apaga lentamente devido ao fato da noite ter chegado.
3.
No altar Deus cheira o suave cheiro. O holocausto
era uma oferta de cheiro suave ao Senhor e esse bom cheiro hoje é oferecido a
Deus por uma Igreja separada deste mundo, consagrada ao Senhor e santificada
pelo sangue de Jesus, pela ação da Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Deus
nunca ficou sem testemunhas na terra em todas as épocas e hoje também tem os
fiéis, que perseveram em meio a todas as adversidades, e estes colocam sobre o
altar aceso uma oferta que Deus recebe, uma oferta de cheiro suave (1º Rs
19.18).
Toda pessoa que
quer agradar a Deus tem que conhecer a cruz. Sem o conhecimento da cruz tudo
que é oferecido a Deus é proveniente da carne e de modo nenhum pode agradar a
Deus (Rm 8.8). Pessoas que não conhecem a cruz são meramente religiosas no seu
caráter. Julgam-se capazes de oferecer a Deus alguma coisa do seu labor, da sua
capacidade natural, desconhecendo a si próprio e desconhecendo a Deus. Toda
oferta que agrada a Deus deve ser em Cristo oferecida. Somente assim Deus pode
cheirar o suave cheiro da oferta colocada sobre um altar que arde.
II.
O ALTAR É LUGAR DE ADORAÇÃO
Deus criou o
homem para que O adorasse. Jesus disse que Deus procura verdadeiros adoradores
(Jo 4.23). Um leproso ouviu de longe, como ordenava a lei, o Sermão do Monte e
a ação da Palavra em seu interior agiu tão forte que ele entendeu que uma lepra
não poderia impedi-lo de cumprir o propósito pelo qual fora criado por Deus.
Assim, se aproximou de Jesus e O adorou: “E eis que veio um leproso e o adorou,
dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” (Mt 8.2).
1.
O altar de bronze. Havia o altar de bronze (cobre) que ficava no pátio
do tabernáculo (Êx 27.2; 40.6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário
(Êx 30.1, 6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário (Êx 30.1, 6). O
altar para sacrifício era o de bronze, onde o fogo deveria arder continuamente.
Nesse altar de bronze eram oferecidos os sacrifícios cruentos no altar de ouro
era queimado o incenso aromático pela manhã e tarde. Em ambos altares o cheiro
era agradável a Deus, isto é, Deus aceitava a adoração.
“Alguns
estudiosos supõem que os sacerdotes, por turnos, pusessem a intervalos os
pedaços do sacrifício sobre o altar, garantindo assim que sempre houvesse algo
queimando. Mas considerando-se que o combustível era somente a lenha, o
sacrifício ficaria requeimando durante a noite inteira, sem nenhuma ajuda. No
entanto, parece que na época do segundo templo, ficar alimentando as chamas
fazia parte da prática dos sacerdotes” (R. N. Champlin). É no altar de bronze
que o nosso ego desaparece e tudo que está relacionado com a carne é destruído.
Renunciamos a nossa vida pela vida de Deus (Gl 2.20).
2.
Uma oferta de fé. A fé é essencial para a adoração do ofertante no
altar. Se aproximar do altar sem fé é apenas formalismo; é procurar encontrar o
Senhor Deus e entende-lo pela razão humana. O escritor aos Hebreus, ao fazer
menção dos primeiros atos de adoração registrados na história humana (as
ofertas oferecidas a Deus por Caim e Abel – Gn 4.1-7), enfatiza que Abel foi
movido pela fé (Hb 11.4), diferentemente de Caim. Foi também pela fé que Abraão
ofereceu Isaque (Hb 11.17). Não basta apenas ofertar (Hb 11.6).
Aprendemos pela
Palavra de Deus a importância de ofertarmos ao Senhor não simplesmente para
cumprir uma ordenança ou liturgia, ou um mero formalismo ritual, mas movidos
pela confiança, convicção, certeza concreta (Hb 11.1), que se expressa em ação,
como demonstrado por Abel, Abraão e outros.
3.
Um altar de adoração. Quando uma oferta é trazida ao altar do Senhor tem
também o sentido da adoração. Quando o profeta Elias restaurou o altar de
Israel e Deus enviou fogo do céu para consumir a oferta (1º Rs 18.38), o povo
adorou ao Senhor (1º Rs 18.39). O altar da adoração deve estar levantado nas
nossas igrejas, nas nossas famílias e nas nossas vidas. Deus é adorado no céu
pelos seres que lá habitam e também deve ser adorado por todos aqueles que na
terra professam o Seu Santo Nome. A adoração só deve ser dada a Deus. Jesus
disse que somente Deus deve ser adorado (Mt 4.10).
Um altar aceso
continuamente significa uma adoração continuada, uma adoração que não para e
que não esteja sujeita a situações que o adorador venha passar. A adoração da
Igreja não é afetada pelas crises desta vida, pelas enfermidades ou pelas
tempestades que possam advir. Adorar a Deus é grande privilégio a nós concedido
e por essa razão o inimigo de nossas almas tenta de todas as maneiras atrair
essa adoração para a pessoa dele. Mas o Espírito Santo na vida do crente, na
vida da Igreja, leva o povo de Deus a adorar somente ao Senhor. Abel adorou a
Deus oferecendo o sangue e a gordura sobre o altar. O sangue manifesta a
excelência da vida e a gordura a excelência inerente à pessoa de Cristo, Sendo
Deus Espírito, os seus adoradores devem adorá-Lo em espírito e em verdade. Isso
é possível, pois Deus nos deu a Sua natureza através do Espírito Santo.
III.
O ALTAR É LUGAR DE ALEGRIA
A alegria é uma
das características do fruto do Espírito (Gl 5.22). Alegria faz parte do
caráter dos que se aproximam de Cristo, reconhecendo a obra por Ele realizada. Sua
morte e ressurreição nos deu esta alegria por termos comunhão com Deus e pelas
gloriosas promessas que estão para se cumprir na vida de todos os que
permanecerem fiéis, perseverando até o fim (Mt 24.13).
1.
Alegria pelo perdão. O perdão é necessário porque o homem pecou contra
Deus. Sendo o pecado uma ofensa à santidade de Deus, somente Ele pode conceder
o perdão. O Homem sem Deus procura de muitas maneiras se justificar perante o
Senhor, mas nenhuma delas consegue conceder alegria ao homem, pois não lhe dá a
certeza de ter alcançado o perdão. Fazer obras meritórias, meditação
transcendental, praticar a mendicância e outras formas criadas pelas religiões
não tem como conceder a certeza do perdão. Essa alegria só é alcançada quando
contemplamos Cristo, que foi sacrificado por nós. Por essa razão, Davi orou
pedindo: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito
voluntário.” (Sl 51.12).
O perdão só
pode ser dado porque com Ele está o perdão (Sl 130.4). O perdão concede ao
penitente: alegria imediata, alívio da consciência culpada e restauração da
comunhão com Deus. Davi não pediu a Deus segurança do reino, um exército mais
forte, mais riqueza, mas, sim “alegria da salvação”. O perdão liberta o homem
de todo o tipo de escravidão, dá um novo motivo de vida. Uma pessoa perdoada é
uma pessoa alegre, que tem motivos para viver, e não apenas viver, mas viver
uma vida com abundância (Jo 10.10).
2.
Alegria pela presença de Deus. O altar é
lugar de encontro entre Deus e o homem. O pecador, ao ouvir a voz de Deus, teme
e se esconde (Gn 3.10), mas no altar tem uma vítima que toma o lugar do
pecador, que muda o medo em alegria (Nm 10.10). O pecador pode entrar pelo
átrio da casa do Senhor com alegria: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu
nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios.” (Sl 96.8).
Na presença do
Senhor há fartura de alegria (Sl 16.11). Para o salvo a presença do Senhor é
uma busca constante e incessante, para poder desfrutar do que há de mais
precioso. O salmista se alegra pelo convite que lhes é feito, de ir à casa do
Senhor (Sl 122.1). Todos os que vivem uma vida totalmente entregue para Deus, e
têm como fundamento da vida cristã a obra que Jesus realizou, Sua morte e
ressurreição, sempre terão uma mensagem de alegria (Mt 28.8).
3.
Alegria por ser o altar de Deus. O salmista se
alegra por se chegar ao altar de Deus: “Então irei ao altar de Deus, do Deus
que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.” (Sl
43.4). A tradução livre do texto “aminha grande alegria” é “a alegria da minha
alegria”, como encontramos nos rodapés de algumas Bíblias. O salmista está
dizendo que, quando vai ao altar de Deus, ele encontra uma alegria que alegra a
alegria dele.
Existe a
alegria humana (natural) e a alegria que é uma das características do fruto do
Espírito (espiritual). A alegria natural está na alma, mas a alegria espiritual
só tem os que nasceram de novo, pois ela está no espírito do homem. Quando nos
aproximamos do altar de Deus, somos inundados pela presença do Espírito Santo e
tomados pela Sua alegria, que supera qualquer dificuldade que este mundo possa
oferecer. É a alegria do Espírito alegrando a alegria da alma.
Temos de
empreender todos os esforços para que o altar esteja aceso continuamente, para
que a qualquer momento que dele nos aproximarmos possamos oferecer a nossa
oferta de cheiro suave ao Senhor. Seja no calor do dia, ou no frio da noite,
que esta chama esteja sempre acesa.
Este capítulo trata do ritual da oferta
pela culpa e das ofertas pacíficas, como o último capítulo tratou do ritual da
oferta queimada, da oferta de carne e da oferta pelo pecado.
I. A LEI DA OFERTA PELA CULPA. LEVÍTICO
1. Ritual adicional da oferta pela culpa (7.1-10). Deve-se
notar que o sangue da oferta pela culpa não deve ser colocado nas pontas do
altar, como era a regra na oferta comum pelo pecado, mas lançado contra a parte
interna do altar, como na oferta queimada e oferta de paz. A garupa em Levítico
7.3 deve ser traduzida como cauda, como em Levítico 3.9.
Conter um preceito geral ou nota sobre a
porção dos sacerdotes na oferta pelo pecado, pela oferta pela culpa, pela
oferta queimada e pela oferta de carne. O sacerdote oficiante deveria ter a
carne da oferta pela culpa e da oferta pelo pecado (exceto a gordura queimada
no altar), e a pele da oferta queimada e das ofertas de carne cozida (exceto o
memorial queimado no altar), enquanto as ofertas de carne de farinha e de grãos
ressecados, que poderiam ser mantidos por mais tempo, seriam propriedade do
corpo sacerdotal em geral, todos os filhos de Arão ... um tanto quanto o outro.
As peles das ofertas de paz foram retidas pelo ofertante ('Mishna, Sebaeh', 12,
3).
II. A LEI DAS OFERTAS PACÍFICAS
1. Ritual adicional da oferta de paz (Lv
7.11-21).
Existem três tipos de ofertas de paz: 1. Ofertas de agradecimento (Lv 7.12-15).
2. Ofertas
oferecidas em cumprimento de um voto. 3. Ofertas votivas e ofertas voluntárias
(Lv 7.16-18).
Destes, as ofertas de agradecimento foram
feitas em memorial agradecido pelas misericórdias passadas; as ofertas votivas
foram feitas em cumprimento de um voto previamente feito, de que tal oferta
deveria ser apresentada se uma condição de terreno fosse cumprida. As ofertas
voluntárias diferem das ofertas votivas por não terem sido previamente
prometidas, e das ofertas de agradecimento por não terem referência a nenhuma
misericórdia especial recebida. A oferta de agradecimento deve ser comida pelo
ofertante e seus amigos, no mesmo dia em que foi oferecida; as ofertas votivas
e voluntárias, inferiores à oferta de agradecimento em santidade, no mesmo dia
ou no dia seguinte. A razão pela qual um tempo mais longo não foi concedido
provavelmente foi que, quanto mais a refeição foi adiada, menos um caráter
religioso seria associado a ela. A necessidade de um consumo rápido também
afastou a tentação de agir de má vontade em relação àqueles com quem o banquete
poderia ser compartilhado, e também impediu o perigo de a carne se corromper. Se
alguma carne permanecesse até o terceiro dia, seria queimada com fogo; se
comido naquele dia, não deve ser aceito ou imputado àquele que ofereceu, isto
é, não deve ser considerado como sacrifício de doce sabor a Deus, mas uma
abominação (literalmente, um fedor), e quem o comeu suportar sua iniquidade,
isto é, deve ser culpado de uma ofensa, exigindo, provavelmente, uma oferta
pelo pecado para expiá-la. O presente de pão que acompanha o sacrifício de
animais consistia em três tipos de bolos sem fermento e um bolo de pão
fermentado, e um de toda a oferta, ou seja, um bolo de cada tipo, deveria ser
oferecido por ser levantado e depois dado para o padre oficiante, os demais
bolos fazem parte da refeição festiva do ofertante. Se alguém participasse de
um banquete em uma oferta de paz enquanto estivesse em um estado de impureza
levítica, ele seria separado do seu povo, isto é, excomungado, sem permissão
para recuperar a comunhão imediata, oferecendo uma oferta pelo pecado. São
Paulo juntou-se a uma oferta votiva (At 21.26).
III. DEUS PROÍBE COMER GORDURA E SANGUE
1. Não comereis gordura (Lv 7.22-27). Esta ordem repetida com
frequência baseia-se na explicação de que “toda gordura é do Senhor” (Lv 3.16).
A gordura de animais mortos naturalmente ou caçados por predadores poderia ser
usada para outros propósitos, mas não como alimento (Lv 7.24).
2. Não comereis sangue (v. 26). Esta expressão se
refere ao ato de comer carne cujo sangue não foi drenado (1º Sm 14.33). A razão
dessa proibição é dada em 17.11 e Gn 9.4. [Bíblia de Genebra].
Desde que o derramamento de sangue
representava perda de vida (Gn 9.4), e que o sangue assim derramado era usado
somente para a expiação, nunca se podia comer ou beber. Esta proibição se
referia somente ao uso do sangue como alimento, e não deve ser considerada uma
lei contra a transfusão de sangue, o que é uma operação médica para salvar
vidas. Se queremos atribuir-lhe algum sentido espiritual, seria apenas o de
ilustrar a santidade do sangue de Cristo, derramado em nosso favor para que
tenhamos a plenitude da vida mediante Seu sacrifício supremo. (Bíblia Shedd).
IV. CONTINUAÇÃO DO RITUAL DAS OFERTAS DE
PAZ
1. A porção do sacerdote (Lv 7.28-34 – Cf.
Lv 3.1). A igual dignidade das ofertas pacíficas com as outras ofertas, é
justificada pelo mandamento de que o ofertante a traga com suas próprias mãos,
embora possa ter sido considerado apenas a parte constituinte de uma festa e,
portanto, enviado pela mão de uma pessoa, o servo.
2. Oferta movida (Lv 6.30-36). A parte da oferta que
os sacerdotes moviam era deles. O movimento de ida e volta para o altar
simbolizava a oferta do sacrifício a Deus e seu retorno aos sacerdotes. Estas
ofertas ajudavam a manter o sacerdotes que cuidavam da casa de Deus. O Novo
Testamento ensina que os ministros deveriam ser mantidos pelas pessoas a quem
eles servem (1ª Co 9:10). Nós devemos dar generosamente àqueles que ministram por
nós. (Application Study Bible).
O peito e o ombro direito deveriam ser
agitados e levantados (para “levantado” não significa apenas “retirado”, como
alguns já disseram). A ondulação consistia no sacerdote colocando as mãos sob
as do ofertante que segurava a peça a ser acenada e movendo-as lentamente para
trás e para frente diante do Senhor, de e para o altar; o levantamento foi
realizado levantando lentamente as peças levantadas para cima e para baixo. Os
movimentos foram feitos para mostrar que as peças, embora não fossem queimadas
no altar, ainda eram consagradas de maneira especial ao serviço de Deus. O
ombro direito era provavelmente a perna traseira, talvez o quadril. A palavra
hebraica é geralmente traduzida como “perna” (Dt 28.35; Salmos 147.10).
“Esta é a porção de Arão … e de seus
filhos” (v. 35).
A ênfase no capítulo 7 é sobre a parte que pertencia aos sacerdotes. Deus
ordenou uma provisão liberal para o Seu ministério e pretendia que cada
israelita compreendesse a responsabilidade de mantê-lo. Isso mantinha o
sacerdócio em elevada estima entre o povo. Muito do que era doado revertia aos
sacerdotes.
3. Ofertas preparadas no fogo Lv 7.35 -
38).
A oferta da consagração se referia à oferta apresentada na cerimônia em que os
sacerdotes foram introduzidos no cargo (8.22). (Application Study Bible).
Deus deu a Seu povo muitos rituais e
instruções a seguir (v. 38). Todos os rituais em Levítico deveriam
ensinar valiosas lições ao povo. Entretanto, com o passar do tempo o povo se
tornou indiferente a estes rituais e começou a perder contato com Deus. Quando
os rituais (louvor, adoração, e Palavra de Deus) de sua igreja começarem a
parecer secos, tente redescobrir o significado e propósito originais atrás
deles. Seu louvor será revitalizado. (Application Study Bible).
Levítico 8.1-13 “O Senhor disse a Moisés:
2- Traga Arão e seus filhos, suas vestes, o óleo da unção, o novilho para a
oferta pelo pecado, os dois carneiros e o cesto de pães sem fermento; 3- e
reúna toda a comunidade à entrada da Tenda do Encontro. 4- Moisés fez como o
Senhor lhe ordenou, e a comunidade reuniu-se à entrada da Tenda do Encontro. 5-
Então Moisés disse à comunidade: Foi isto que o Senhor mandou fazer; 6- e levou
Arão e seus filhos à frente e mandou-os banhar-se com água;7- pôs a túnica em
Arão, colocou-lhe o cinto e o manto, e pôs sobre ele o colete sacerdotal;
depois a ele prendeu o manto sacerdotal com o cinturão; 8- colocou também o
peitoral, e nele pôs o Urim e o Tumim; 9- e colocou o turbante na cabeça de
Arão com a lâmina de ouro, isto é, a coroa sagrada, na frente do turbante,
conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. 10- Depois Moisés pegou o óleo da
unção e ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e assim os consagrou. 11- Aspergiu
sete vezes o óleo sobre o altar, ungindo o altar e todos os seus utensílios e a
bacia com o seu suporte, para consagrá-los. 12- Derramou o óleo da unção sobre
a cabeça de Arão para ungi-lo e consagrá-lo.13- Trouxe então os filhos de Arão
à frente, vestiu-os com suas túnicas e cintos, e colocou-lhes gorros, conforme
o Senhor lhe havia ordenado.”
Levítico 9.1,23,24 “E aconteceu, ao dia
oitavo, que Moisés chamou a Arão, e a seus filhos, e aos anciãos de Israel. 23-
Então entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois saíram e
abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. 24- Porque o
fogo saiu de diante do Senhor e consumiu o holocausto e a gordura sobre o
altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre suas faces.”
Neste capítulo, veremos como se deu a
chamada dos filhos de Levi para o ministério sacerdotal. Entre outras
perguntas, responderemos a estas: Quem eram os levitas? E por que a sua chamada
foi necessária? Veremos ainda como eles deveriam exercer o seu ofício.
À semelhança dos levitas, nós também fomos
chamados a trabalhar na expansão do Reino de Deus. Nesse sentido, atuamos como
nação santa, profética e sacerdotal, proclamando o Evangelho e intercedendo
tanto pelos crentes quanto pelos que ainda não creem. Que o Espírito Santo nos
ajude neste estudo.
Nos sacrifícios e no sacerdócio temos uma
figura do Senhor Jesus Cristo. Ele é perfeito sacerdote. Como sacerdote está
diante de Deus para interceder por todos que foram alcançados pelo seu
sacrifício.
I. LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
Em primeiro lugar, vejamos quem foi Levi.
Depois, constataremos quão zelosos foram os seus descendentes e como se deu a
sua vocação ao ofício sagrado.
1. O nascimento de Levi. Ao dar à luz a
Levi, declarou Lia: “Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo, porque três
filhos lhe tenho dado” (Gn 29.34). Por isso, a esposa desprezada de Jacó foi
impulsionada a dar o nome de Levi ao seu terceiro filho. E, de fato, os levitas
sempre estiveram ligados ao Senhor. Foi assim que o menino passou a ser contado
entre os patriarcas das doze tribos de Israel (At 7.8).
2. O zelo dos levitas. Levi, pelo que
inferimos do texto sagrado, sempre teve uma postura zelosa e conservadora em
relação à honra da família, haja vista o episódio envolvendo o estupro de sua
irmã, Diná (Gn 34.25-31). Mais tarde, após a saída de Israel do Egito, os
levitas juntaram-se a Moisés no combate à idolatria gerada pelo bezerro de ouro
(Êx 32.26-28). Eram homens da maior firmeza (2º Cr 26.17).
3. A vocação sacerdotal dos
levitas.
Não foi sem motivo que o Senhor escolheu a tribo de Levi como o berço de Moisés
e Arão (Êx 6.14-27). De um lar tão piedoso, saíram homens e mulheres de
comprovada piedade. Aliás, tinha o Senhor uma aliança particular com Levi e sua
descendência (Ml 2.4,5).
Tendo em vista o caráter santo e
distintivo da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm
3.45). Nesse processo, o Senhor apresentou os levitas como resgate de toda a
nação de Israel. Ao invés de cada família entregar o seu primogênito ao serviço
divino, a tribo de Levi foi apartada das demais para dedicar-se inteiramente a
Deus (Nm 3.12). Os levitas, pois, foram concedidos como dons a Israel, assim
como os obreiros de Cristo foram entregues com o mesmo objetivo à Igreja (Ef
4.8-12).
4. Acidades dos levitas. Quarenta e oito
cidades destinadas para os levitas, por Moisés e Josué (Nm 35.1-8; Js 21). A
tribo de Levi não recebeu qualquer parte da terra de Canaã como herança (Nm
18.20-24; 26.62; Dt 10.9; 18.1,2; Js 18.7). Para compensá-los por isso, eles
recebiam os dízimos dos israelitas para seu sustento (Nm 18.21), e quarenta e
oito cidades lhes foram destinadas, da herança das outras tribos. Dessas
cidades os sacerdotes receberam treze (Js 21.4) e seis eram cidades de refúgio,
para as quais os homens que acidentalmente matassem alguém podiam ir em busca
de proteção (Nm 35. 9-34; Dt 4.41-43).
II. O SUMO SACERDOTE
O sumo sacerdote de Israel teria de ser,
obrigatoriamente, descendente de Arão, ungido, vitalício e servo de Deus.
1. Descendente de Arão. Deus em sua
soberana vontade escolheu Arão e seus filhos para exercerem o ministério
sacerdotal. Não foi uma escolha por mérito da família de Arão.O sumo sacerdote era o principal
representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). Por essa razão, o
Senhor exigia que ele proviesse de uma tribo específica, a de Levi, e de uma
família ainda mais específica, a casa de Arão (Êx 6.16-23). Assim, duplamente
separado, tinha condições de apresentar-se como a maior autoridade espiritual
da nação; era o símbolo da plenitude espiritual requerida pelo Deus de Israel
(Sl 133.1-3).
Constituído a favor dos homens nas coisas
concernentes ao Altíssimo, o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados
do povo (Hb 5.1). Portanto, ele fazia a intermediação entre o povo de Israel e
o santíssimo Deus. Era sua responsabilidade também instruir o povo santo (Lv
10.10,11).
2. O sumo sacerdote Arão. Por sua infinita
graça, Deus separou uma família para que estivesse perante ele para interceder
pela nação de Israel. O grande privilégio de Arão e seus filhos também trouxe
uma grande responsabilidade perante Deus e diante da nação.
O sumo sacerdote foi escolhido para
servir. Da mesma forma o próprio Jesus também veio ao mundo para servir (Mt 20.28).
Serviu com a sua vida e com sua morte.
Ele se fez nossa justiça (2ª Co 5.21);
Ele se fez nosso advogado (1ª Jo 2.1);
Ele se fez nosso confessor (1ª Jo 1.9,10);
Ele se fez nosso intercessor (Hb 7.25);
Ele se fez nosso precursor (Hb 6.20);
Nossa garantia de entrar no céu pela sua
morte (Fp 2.8).
2. Ungido para o ofício. O Senhor
determinou que o sumo sacerdote fosse ungido a fim de dignificá-lo como
ministro extraordinário do culto divino (Êx 28.41; 29.1-7). Sob a unção divina,
teria condições de tornar a nação israelita propícia diante do Santíssimo Deus
(Hb 5.1).
Moisés ungiu o tabernáculo e em seguida
Arão (Lv 8.10, 12). Observemos que Arão foi ungido antes do sacrifício ser
realizado. Um tipo do Senhor Jesus Cristo, que foi ungido no início do Seu Ministério
(Lc 4.18), e antes de morrer na cruz. Todo israelita precisava de um sacerdote
para poder chegar a presença de Deus, assim, em Cristo todo salvo tem a ousadia
para chegar diante do Senhor. A unção sobre Arão era a aprovação e confirmação
de Deus para que ele tivesse autoridade para exercer o ministério sacerdotal em
favor de todos os crentes (Hb 7.21).
3. Vitalício no cargo. A vitaliciedade
do sumo sacerdócio está patente na história da família de Arão. Antes de este
morrer, Moisés o desvestiu das roupas sacerdotais, para vesti-las em Eleazar,
seu filho (Nm 20.23-29). Mais tarde o mesmo Eleazar seria substituído por seu
filho Fineias (Js 24.33; Jz 20.28). Todavia, no tempo do Novo Testamento, a
vitaliciedade já não era observada (Jo 11.49-51). Ao que tudo indica, havia um
rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc 3.2).
4. Servo de Deus. Apesar da
importância do cargo, o sumo sacerdote não era considerado infalível, nem
estava acima da Lei de Deus. Sua obrigação era servir o altar e conservar-se
puro, a fim de que o nome do Senhor fosse exaltado entre os filhos de Israel
(Êx 28.43). O capítulo três de Zacarias descreve a dignidade do sumo sacerdote
constituído sobre Israel.
5. Duas qualificações são
necessárias para um verdadeiro sacerdócio.
6.1. O sacerdote deve ser compassivo,
manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado
involuntário e por fraqueza (Hb5.2; 4.15; cf. Lv 4; Nm 15.27-29).
6.2. Deve ser designado por Deus (Hb 5.4-6).
Cristo satisfaz ambos requisitos. Cristo aprendeu pela experiência o sofrimento
e o preço que com frequência se paga pela obediência a Deus num mundo corrupto
(Hb 12.2; Is 50.4-6; Fp 2.8). Ele se tornou o Salvador e sumo sacerdote
perfeito, porque seu sofrimento e morte na cruz ocorreram sem pecado. Por isso,
Ele estava qualificado em todos os sentidos (Hb5.1-6), para nos prover a eterna
salvação. (Bíblia de Estudo Pentecostal.
III. A CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA
1. O senhor Deus convoca toda a
congregação.
Para a realização do ato de consagração dos sacerdotes, Moisés convoca toda a
congregação à porta da tenda da congregação (Lv 8.3), como o Senhor lhe
ordenara. Todos eles foram lavados com água, símbolo da Palavra de Deus, e
depois os vestiu. Uma simbologia perfeita do que acontece com os que hoje são
chamados para o serviço do Mestre, pois são purificados pela lavagem da Palavra
de Deus e vestidos com as vestes da salvação. Toda a congregação assistiu à
cerimônia daqueles que estariam incumbidos do privilégio de responderem pelos
interesses mais importantes perante o Senhor (Lv 8.5).
2. As vestes dos filhos de Arão. Os filhos de Arão
também foram vestidos (Lv 8.13), mas não eram vestes iguais a de Arão. Todos
aqueles que oficiavam no templo precisavam estar vestidos com as indumentárias
corretas que o serviço exigia. Chegar para servir ao Senhor no templo sem as
roupas próprias para o serviço desse sacerdote. Podemos também dizer que todos
que servem ao Senhor devem se portar adequadamente, isto é, com moral e ética
ilibada e sem se descuidar da vida espiritual.
As vestes dos sacerdotes durante o serviço
eram: a túnica, que representava o recato e o decoro, pois a finalidade era
cobrir todo o corpo; o cinto, que pode representar a prontidão, verdade,
caráter, disciplina, força, justiça, firmeza, fidelidade e integridade; e a
tiara simboliza a proteção, a salvação. Essas qualidades devem também fazer
parte da vida do cristão que, como um intercessor, sempre pode chegar perante o
Senhor em favor de alguém, ou para si mesmo. Todo o cuidado deve ser dado às
vestes para que não sejam manchadas com o que não tem o selo da aprovação do
Senhor. Tudo que não tem a sanção divina deve ser prontamente rejeitado.
Cada parte do vestuário de Arão tinha um
particular interesse para os israelitas (Lv 8.7-9). As roupas do sacerdote, que
eram em número de sete (o peitoral, o éfode, o manto, a túnica bordada, a
mitra, o cinto e os calções), têm o seu significado em Jesus. Como os
israelitas olhavam para Arão e podiam admirar cada peça da indumentária do
sacerdote, assim também podemos olhar para Jesus e ver n’Ele como essas vestes
satisfazem as nossas necessidades espirituais. O peitoral (Êx 28.23-29) e as
ombreiras (Êx 28.10-12), que tinham os nomes das tribos de Israel, eram levados
para dentro do santuário toda vez que Arão oficiasse no santuário. Assim Jesus
leva em Seu peito os nomes de cada um dos Seus remidos diante de Deus. Como uma
tribo grande ou uma pequena ocupa o mesmo lugar no ombro e no coração do
sacerdote, assim também acontece com a Igreja: todos os membros têm lugar no
peito e no ombro de Jesus; pois são amados e sustentados por Ele.
3. O sacrifício de Arão. Mesmo sendo
escolhido para ser o sumo sacerdote, Arão era pecador e necessário era o
sacrifício para que pudesse estar diante de Deus pela nação de Israel: “Então
fez chegar o novilho da expiação do pecado; e Arão e seus filhos puseram as
suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do pecado.” (Lv 8.14). Sabemos
que pelo pecado do sacerdote era necessário um novilho (Lv 4.4). E para começar
o seu ofício, Arão precisou ter os seus pecados expiados. Toda pessoa que
queira servir a Deus tem que ter a experiência da regeneração: “Não pelas obras
de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou
pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” (Tt 3.5).
“Em seguida trouxe o novilho para a oferta
pelo pecado, e Arão e seus filhos puseram-lhe as mãos sobre a cabeça.” (Lv
8.14).
4. A consagração dos filhos de
Arão. Arão
e seus filhos separados para o sacerdócio em Israel são uma figura de Cristo e
sua igreja. A responsabilidade de Arão era superior a de seus filhos, mas os
filhos de Arão também eram sacerdotes. A igreja de Cristo é chamada de
sacerdócio real (1ª Pe 2.9). O sacerdócio da igreja é junto com Cristo, assim
como o dos filhos de Arão era com seu pai.
Enquanto a santificação é uma separação, a
consagração tem o sentido de entrega a Deus. Em (Lv 27.28-30) vemos de forma
bem clara que tudo que é consagrado ao Senhor passa a pertencer ao Senhor.
Todavia, nenhuma coisa consagrada, que
alguém consagrar ao Senhor de tudo o que tem, de homem, ou de animal, ou do
campo da sua possessão, se venderá nem resgatará; toda a coisa consagrada será
santíssima ao Senhor.
Toda a coisa consagrada que for consagrada
do homem, não será resgatada; certamente morrerá. Também todas as dízimas do
campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao
Senhor. (Lv 27.28-30).
Os sacerdotes eram consagrados ao Senhor (pertenciam
ao Senhor), como nós hoje:
Porque fostes comprados por bom preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus. (1ª Co 6.20).
5. O sangue nos sacerdotes. Após o sacrifício
do animal. Arão e seus filhos estão juntos. Que bela figura de Jesus se
identificando com os Seus após ter morrido e ressuscitado. Após a morte e
ressurreição de Jesus, a Igreja pode ser morada de Deus, habitação do Espírito
Santo. O sangue foi aplicado em Arão como também em seus filhos. O sangue que
foi derramado à base do altar era imprescindível em todo o sacrifício pelo
pecado (Lv 8.15). A consagração de Arão junto com seus filhos foi com o sangue
do carneiro (Lv 8.23), significando que tudo que é oferecido a Deus ou útil
para o serviço a Deus tem como fundamento o sangue do sacrifício.
6. O segundo carneiro da
consagração (Êx 29.19-35). Era necessário que outro animal inocente fosse morto.
Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “parte do sangue era colocada
primeiramente na orelha direita, no dedo polegar da mão direita e no dedo
polegar do pé direito”. O restante do sangue deveria ser derramado sobre o
altar. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado (Hb 9.22). Tudo
apontava para o Calvário, onde Cristo derramou seu sangue por nós.Depois mandou trazer o outro carneiro, o
carneiro para a oferta de ordenação, e Arão e seus filhos colocaram as mãos
sobre a cabeça do carneiro. Moisés sacrificou o carneiro e pôs um pouco do
sangue na ponta da orelha direita de Arão, no polegar da sua mão direita e no
polegar do seu pé direito. (Lv 8.22,23).
7. O azeite nos sacerdotes.
Óleo de oliva
Fazia parte da oferta de manjares (Lv 2.1),
era usado como combustível para as lâmpadas (Mt 25.3,4). A beleza produzida
pelo óleo pode sublinhar o seu uso na vida religiosa, porque os objetos
consagrados ao serviço de Deus eram ungidos com óleo. O profeta (1º Rs 19.16),
o sacerdote (Lv 8.12) e o rei (1º Sm 16.13; 1º Rs 1.34) eram ungidos com óleo
por serem separados, ou consagrados ao serviço de Deus. O uso ritual era tão
importante que se considerava ofensa, levando à excomunhão, usar o óleo santo
da unção para fins comuns (Êx 30.32,33) e a pessoa que tivesse recebido tal
unção devia ser obedecida (1º Sm 24.6).
O profeta falava ao povo da parte de Deus,
o sacerdote representava o povo diante de Deus e o rei estabelecia a lei de
Deus.
A palavra para “unção” é Maseiah, e
o Messias é, portanto, “o ungido”. Jesus reuniu em si mesmo a tripla função de
profeta, sacerdote e rei.
Muito simbolismo é envolvido nisto. O Óleo
parece ter sido reconhecido como um dom de Deus; a oliveira que cresce num
lugar rochoso produzirá abundância de Óleo. O óleo é, pois, associado com o dom
de Deus e com o derramamento do Espírito feito por Deus. Jesus disse que o
Espírito de Deus estava sobre Ele porque o Senhor o havia ungido (Is 61.1; Lc 4.16-21).
Após o sacrifício oferecido no altar e o
sangue ser colocado sobre Arão e seus filhos (orelha, mão e pé) o sangue e o
azeite podem ser espargidos sobre eles. Antes Arão foi ungido sozinho, mas
agora ele pode estar junto dos seus filhos. Após Sua morte e ressurreição Jesus
pode se identificar com os Seus. Jesus veio para buscar o que se havia perdido
e conceder ao homem desfrutar do que Ele sempre gozou junto com o Pai: “E por
eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na
verdade.” (Jo 17.19).
A santificação dos filhos de Arão
aconteceu junto com o seu pai. A santificação da Igreja não acontece fora de
Cristo. Todos os meios de purificação da alma que o homem inventa são
totalmente inúteis diante de Deus. A santificação é oferecida por Deus ao homem
através da obra que Jesus realizou e para que o homem possa dela desfrutar
precisa ser um com Jesus Cristo. Toda a perfeição que o homem busca só é
encontrada em Jesus. O homem só pode estar na presença de Deus com vestes
santas, vestes dadas por Deus, para que não se esconda como fez Adão.
8. Qual era o significado da unção
de Arão como sumo sacerdote? O sumo sacerdote tinha deveres especiais
que nenhum outro sacerdote tinha. Só ele podia entrar Santo dos Santos no
Tabernáculo no Dia da Expiação anual para expiar os pecados da nação. Portanto,
ele estava no comando de todos os outros sacerdotes. O sumo sacerdote era um
retrato de Jesus Cristo, que é nosso Sumo Sacerdote (Hb 7.26-28). (Bíblia de
Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD - pág.212).
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote
santo, inocente, imaculado, separado dos pecados e feito mais sublime do que os
céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia
sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo;
porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui
sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois
da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” (Hb 7.26-28).
IV.
A GLÓRIA E O FOGO DO SENHOR
Após a consagração de Arão e seus filhos,
Deus faz através de Moisés uma promessa: “porquanto hoje o Senhor vos aparecerá”
(Lv 9.4). Tudo o que temos estudado no livro de levítico até agora se resume
muito bem nessa promessa. Deus quer um povo santo para que possa conviver no
meio dele.
1. Comendo na tenda da congregação. Arão e seus
filhos deveriam ficar sete dias na porta da tenda da congregação. Eram os dias
necessários para a consagração deles. Deveriam se alimentar naquele local e
fazer tudo o que fora ordenado, pois se assim não fizessem morreriam (Lv
8.35-36). Assim, aprendemos os princípios bíblicos sobre o cuidado, seriedade,
zelo e preparo para o exercício do ministério. Os detalhes aqui apresentados
não são exigidos hoje para os obreiros da Igreja, porém os princípios
permanecem (At 6.1-3; 1ª Tm 3.1-13; Tt 1.5-9).
A passagem bíblica de Levítico 8.31 ensina
para a Igreja de Jesus que, como Arão e seus filhos, estamos também nos
alimentando do que há na tenda (a Palavra de Deus), e não podemos buscar outro
alimento, porque se assim o fizermos morreremos.
Devido o ministério sacerdotal ser
consagrado a Deus (pertencer a Deus), em todo tempo eles eram sustentados por
Deus.
O Pr. Antônio Gilberto faz uma observação
interessante sobre o assunto:
Os verdadeiros ministros da igreja são
chamados e vocacionados pelo Senhor. O ministério pastoral não é simplesmente
um cargo ou uma forma de se alcançar status seja ele qual for. Muitos querem
viver da obra e não para ela. Quem exerce o santo ministério sem a direta
chamada do senhor (o dono da obra) é um intruso e está profanando a obra de
Deus. (Pr. Antônio Gilberto - Revista CPAD – 1º Trimestre 2014 - página 80).
2.
Fogo do Senhor. Quando tudo é feito conforme Deus diz que deve ser
feito, então acontece o que encontramos em Levítico 9.24: “o fogo saiu de
diante do Senhor e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar”. Essa foi a
confirmação de que Deus aprovou tudo o que fora feito. Ele mesmo acendeu o
altar de Israel e agora a responsabilidade dos sacerdotes era manter o fogo
aceso. A regra é simples: Deus acende o fogo no altar e aos Seus servos compete
mantê-lo aceso. Infelizmente, o altar de Israel se apagou. Deus acendeu o fogo
da Igreja no dia do Pentecostes. Como estamos hoje?
Com a
manifestação poderosa do Senhor queimando a oferta que estava sendo oferecida
sobre o altar, o povo se prostrou com júbilo em adoração a Deus. Era um alarido
que o povo manifestava, pois estava no seu lugar. O sacerdote Arão, seus
filhos, os sacrifícios, o sangue do perdão, a unção, a tenda ungida, tudo para
glória de Deus e alegria do Seu povo; assim, o Senhor se manifestou de modo
grandioso, com fogo saindo da Sua presença. Deus hoje quer se manifestar de
modo semelhante na vida de cada um dos Seus filhos, para que também venhamos
nos prostrar em júbilo na Sua presença.
V. DIREITOS E DEVERES
Os descendentes de Levi, principalmente os
da casa de Arão, deveriam observar estes direitos e deveres: viver do altar,
santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.
1. Viver do altar. Já que os
sacerdotes dedicavam-se ao ministério do altar, desse mesmo altar deveriam
viver (Lv 7.35). Portanto, não tinham eles direito a qualquer herança
territorial entre os seus irmãos, porque a sua herança e porção era o Senhor
(Nm 18.20). Moisés, porém, divinamente instruído, destinou-lhes cidades
estratégicas por todo o Israel (Nm 35.8). Algumas delas serviam também como
refúgio aos que, acidentalmente, matavam alguém (Nm 35.6).
2. Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu
ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de
santidade e pureza. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa
de ouro, em sua mitra, na qual estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Êx 28.36).
Caso o sacerdote profanasse o seu ofício, seria punido com todo o rigor (Lv
10.1-3).
3. Tornar-se uma referência
espiritual e moral.
Os sacerdotes, por serem responsáveis pela aplicação da Lei de Deus, tinham a
obrigação de ser uma referência espiritual, moral e ética para os filhos de
Israel (Ml 2.1-10). Os filhos de Eli, em consequência de seu proceder,
tornaram-se um péssimo exemplo aos israelitas. E, por causa disso, Deus os
matou (1º Sm 2.25). Andemos, pois, em santidade e pureza diante do Senhor, pois
Ele continua a exigir santidade de todo o seu povo (1º Pe 1.15).
O sacerdócio levítico era glorioso; seus
membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o Senhor Jesus
Cristo é superior ao sacerdócio levítico, pois é eterno (Sl 110.4; Hb 7.13-17).
Quanto a nós, somos uma nação santa, profética e sacerdotal, pois recebemos a
incumbência de proclamar o Evangelho e interceder pelos que perecem (1ª Pe
2.9). Portanto, sirvamos ao Senhor com todo o nosso ser, para que, através de
nossa vida, venha o Reino de Deus a este mundo que jaz no Maligno.
Temos em Cristo um Sumo Sacerdote perfeito
que entrou uma vez o santuário celeste com o seu próprio sacrifício, realizando
uma perfeita redenção e outorgando a todos os que creem a ousadia para entrar e
permanecer na presença de Deus.
FOGO ESTRANHO
DIANTE DE DESUS
Levítico 10.1-11 “E os filhos de Arão,
Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e
puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR,
o que lhes não ordenara. 2- Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu;
e morreram perante o SENHOR. 3- E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR
falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei
glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se. 4- E Moisés chamou a
Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai, tirai
vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial. 5- Então, chegaram
e levaram-nos nas suas túnicas para fora do arraial, como Moisés tinha dito. 6-
E Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as
vossas cabeças, nem rasgareis vossas vestes, para que não morrais, nem venha
grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de
Israel, lamentem este incêndio que o SENHOR acendeu. 7- Nem saireis da porta da
tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da
unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés. 8- E falou o SENHOR a
Arão, dizendo: 9- Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis,
quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto
perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para fazer diferença entre o
santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e para ensinar aos filhos de
Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”
O
livro de Levítico diz respeito aos levitas e é um verdadeiro manual sobre as
atribuições e responsabilidades dos sacerdotes de Israel. Orientações quanto ao
que deveriam fazer e o que estavam proibidos de fazer, a fim de demonstrarem o
zelo do Senhor e honrarem a Sua santidade diante do povo.
Nesta
lição, baseada no capítulo 10 de Levítico, destaca um caso fatídico de
descumprimento por parte de dois sacerdotes das regulamentações já
estabelecidas por Deus, e o castigo divino que se seguiu imediatamente.
Estudemos e reflitamos atentamente, pois há muitas lições que se aplicam também
a nós, Igreja do Senhor!
I.
OS PRIVILÉGIOS DE NADABE E ABIÚ
Jesus
disse que: “a quem muito é dado, muito será cobrado, e a quem muito foi
confiado, mais se lhe pedirá” (Lc 12.48b). Então avaliemos as dádivas
concedidas pelo Senhor aos dois filhos do sumo sacerdote Arão, para que então
compreendamos o peso da responsabilidade deles diante dos demais levitas bem
como de toda a congregação de Israel, e o porquê daqueles irmãos terem pago com
a própria vida pela irreverência que demonstraram.
1.
Ascendência levítica.
1.1.
Nadabe e Abiú procediam da tribo de Levi, a única tribo de Israel a qual Deus
escolheu para oficiar no culto.
1.2.
Uma tribo de líderes espirituais, cujos filhos homens foram consagrados ao
Senhor para o serviço no tabernáculo e, posteriormente, no templo.
1.3.
Era a tribo modelo por assim dizer, a tribo que Deus chamou para ser referência
espiritual para as demais.
1.4.
Estes irmãos nasceram numa família privilegiada por Deus! (Quantos hoje que
nascem num “lar evangélico”, recebendo desde a mais tenra idade educação
espiritual de boa qualidade, mas colocam tudo isso a perder tão logo alcançam a
juventude? Ignoram para seu próprio prejuízo a criação que receberam junto à
pais-pastores, mães de oração, irmãos músicos na casa do Senhor…).
2.
Ascendência arônica.
2.1.
Nadabe e Abiú eram sobrinhos de Moisés e filhos de Arão, a quem Deus escolheu
para encabeçar o sacerdócio de Israel. Não a outros, mas à família de Arão foi
que Deus entregou o ofício sacerdotal, e tanto Nadabe como Abiú, além de seus
outros dois irmãos Eleazar e Itamar, teriam, cada um por sua vez, o direito ao
posto de sumo sacerdote, visto que este mais elevado cargo religioso seria
passado de pai para filhos, por ordem de nascimento. Ou seja, se já eram
levitas e sacerdotes, Nadabe e Abiú tinham diante deles um futuro ainda mais
promissor! (Quantos de nós hoje temos uma “carreira que nos está proposta” (Hb
12.1), mas preferimos trocar as glórias do porvir pelo prazer efêmero do
pecado?)
3.
Participara da glória de Deus.
3.1.
Nadabe e Abiú viram ou tomaram conhecimento de muitas manifestações sublimes do
poder de Deus:
A.
Das pragas que caíram sobre o Egito ao maravilhoso livramento dos primogênitos
hebreus por causa do sangue aspergido nas portas.
B.
Viram a mão poderosa do Senhor fazendo o mar Vermelho dividir-se em duas
bandas, entre as quais uma multidão de judeus passou a pés enxuto; nas mesmas
águas do mar Vermelho viram o exército egípcio perecer afogado.
C.
Viram o monte Sinai fumegar e tremer diante da maravilhosa manifestação divina
na qual os mandamentos foram entregues a Moisés.
D.
Viram sinais e maravilhas operados no deserto.
3.2.
Todas estas manifestações divinas que requeriam uma resposta reverente por
parte dos adoradores de YHWH. Deus revelou-se grandioso, poderoso e temível (Dt
28.58), e não teria por inocente ao culpado. (Semelhante advertência está posta
aos cristãos em Hebreus 6.4-6, quanto aos que receberam e viveram maravilhosas
experiências com Deus, mas que desprezaram tudo indo após o pecado e a
apostasia conscientemente. Há uma linha que quando ultrapassada não é possível
mais voltar).
II.
FOGO ESTRANHO NO ALTAR
1.
O incenso era coisa santíssima.
1.1.
As regulamentações quanto ao altar do incenso, que ficava no primeiro cômodo
interno do tabernáculo, o lugar Santo, estão no capítulo 30 do livro do Êxodo.
Nos versículos 7 a 10 e 34 a 38 o Senhor dá a Moisés instruções quanto às
responsabilidades de quem deveria oferecer regularmente este incenso e que
essências deveriam ser usadas. E destaca-se: “O incenso lhes será santíssimo”
(v. 36b, NVI).
1.2.
O uso desse superlativo, “santíssimo”, deveria servir para inspirar temor e
profunda reverência naqueles que ministrariam culto ao Senhor no tabernáculo.
Os irmãos Nadabe e Abiú, e qualquer outro oficial do culto jamais poderiam
alegar inocência, ignorância ou desatenção, pois as orientações eram claras e
objetivas!
2.
Fogo estranho – que é isso? O texto bíblico, porém, revela a imprudência daqueles
irmãos:
“E
os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram
neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o
SENHOR, o que não lhes ordenara” (Lv 10.1).
Discute-se
a natureza deste “fogo estranho” oferecido pelos sacerdotes filhos de Arão, mas
entre as respostas mais prováveis estão:
2.1.
O incenso não foi feito de acordo com as instruções de Moisés (Êx 30.34-38).
2.2.
O fogo não era proveniente do fogo que estava queimando no altar do holocausto,
ou seja, trouxeram fogo de fora (Lv 16.12).
2.3.
A oferta foi feita no momento errado (Êx 30.7,8).
2.4.
Parece que Nadabe e Abiú estavam embriagados, daí o porquê das orientações
quanto à proibição da ingestão de vinho logo em seguida a morte deles (Lv
10.8-10).
2.5.
Os filhos teriam assumido uma função que naquele momento cabia exclusivamente
ao seu pai, o sumo sacerdote Arão (se assim o for, desonraram também o próprio
pai, agindo com impaciência e atrevimento).
2.6.
Nadabe e Abiú foram mortos por terem entrado na presença de Deus com “fogo
estranho” em seus incensários. O que seria o “fogo estranho”? Simplesmente as
suas próprias obras. O incensário devia ser aceso, usando‑se para isso brasas
tiradas do próprio altar do sacrifício. Nadabe e Abiú acenderam seus
incensários com fogo que eles mesmos produziram, e foram mortos. O acesso à
presença de Deus só pode ser através do altar; através do sacrifício de Cristo.
Qualquer
que tentar ter acesso à presença de Deus com base em suas próprias obras não
subsistirá. As brasas tinham que ser tiradas do altar onde o cordeiro havia
sido queimado. A adoração e o louvor, e as orações, que hoje oferecemos a Deus
como incenso de aroma suave, só podem entrar na Sua presença se forem
produzidas em nós pelo sacrifício de Cristo; pelo fogo que um dia consumiu a
oferta: o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
2.7.
O texto bíblico não revela objetivamente o que era o fogo estranho, mas fato é
que aquela era uma oferta corrompida, maculada pela desobediência, imprudência,
irreverência e desonra. Era um braseiro que não tinha conexão com o fogo
legítimo de Deus no altar do holocausto. Christopher Wright comenta:
“O
hebraico (zarâ) significa ‘estranho’, ‘vindo de fora’. Talvez tenham
tirado [o fogo, isto é, as brasas] de fora do santuário e não do altar, como
que dizendo: ‘Qualquer fogo serve’”
2.8.
Para quem pensa que se pode adorar a Deus de toda maneira – “cada um tem seu
jeito de adorar”, dizem alguns modernistas – o texto de Levítico 10 é um
chamado à atenção. O Deus que disse a Moisés: “tira as sandálias dos pés porque
o lugar que estás é santo” (Êx 3.5), e que deve ser adorado na beleza de sua
santidade (Êx 28.36; 1º Cr 16.29), não tolerará que os adoradores se aproximem
dele com irreverência. É preciso oferecermos a Deus um “culto racional” (Rm
12.1), com entendimento, com discernimento, para que não sejamos condenados
pelo Senhor por banalizar o sagrado e trata-lo como coisa comum.
3.
A adoração deve ser do jeito que Deus quer e determinou. Jesus disse: “que o Pai procura aqueles que o adorem
em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24). Ou seja, nossa adoração deve partir do
mais profundo do nosso ser, e não tornar-se cumprimento de meros ritos
formalistas irrefletidos; e deve ser conforme a verdade de Deus, não segundo
invenções de nossa mente. Deus deve ser adorado do jeito que Ele quer e merece,
não do jeito que bem entendermos, com brincadeiras, irreverência ou misturando
elementos de cultos pagãos com o culto santo do Senhor!
4.
Os falsos ministros de hoje. Que será que o Senhor está preparando para aqueles
que transformaram a igreja em circo, o púlpito em picadeiro, os ministrantes em
palhaços ou comediantes e o culto em verdadeiro show de humor?
Que
será que Deus fará aos que hoje transformaram o púlpito num verdadeiro balcão
de negócios? Que será que Deus fará aos que colocam políticos descrentes para
falarem ao rebanho do Senhor no culto do Senhor, tomando tempo e espaço na
adoração da igreja? Que será que o Senhor, santo e poderoso, fará aos que usam
e abusam de falsas profecias em nome do Senhor, dizendo e prometendo coisas que
o Senhor não disse, alimentando falsas esperanças de pessoas leigas e
sofredoras? Há muita gente hoje oferecendo “fogo estranho” no altar do Senhor.
Mas “Deus não se deixa escarnecer. O que o homem plantar, isso também colherá!”
(Gl 6.7).
III.
LUTO NO SANTO MINISTÉRIO
1.
Fogo contra fogo. Vejamos
que ironia: Nadabe e Abiú foram oferecer ao Senhor “fogo estranho” (v. 1), mas
do Senhor saiu o fogo verdadeiro que os consumiu! (v. 2). Fogo contra fogo! O
falso não prevaleceu diante do verdadeiro; o estranho não prevaleceu contra o
autêntico; a imitação não prevaleceu diante do original!
2.
Os sacerdotes levaram um “foguinho”, mas Deus respondeu com um “incêndio” (v.
6). Este é o Deus que
é “fogo consumidor” (Dt 9.3; Hb 12.29).
Digno
de reverência. Wright explica a natureza desse fogo do Senhor, para que não
pensemos também que se tratou de uma grande fogueira descontrolada que tomou
conta do tabernáculo (o que teria causado um incêndio geral naquela tenda):
2.1.
“Foi provavelmente algo como a descarga elétrica de um relâmpago em vez de um
grande incêndio, visto que suas túnicas [de Nadabe e Abiú] não foram
destruídas, mas transformadas em mortalhas (v. 5)”.
2.2.
Se o fogo do Senhor manifesto a Moisés em Horebe queimava, mas não consumia a
sarça (Êx 3.2), aqui o fogo do Senhor consumiu os sacerdotes, mas não as suas
roupas nem o tabernáculo. O corpo foi atingido e derrubado ao chão, mas ao que
parece as roupas sacerdotais ficaram intactas! Somente Deus pode atingir o mal
com tal precisão.
3.
Julgamento muito pesado?
3.1.
Para quem julgar demasiado o juízo de Deus contra aqueles dois irmãos pelo
“simples fato” de oferecerem fogo estranho, deve-se novamente lembrar que o
castigo é sempre proporcional não apenas ao erro cometido, mas também leva-se
em conta a posição ocupada por aquele que errou e o grau de revelação que ele
recebeu de Deus.
3.2.
Precisamos saber que, um mesmo pecado cometido por um ignorante e por um
biblista terá punições diferenciadas, porque este sabia a vontade de seu Senhor
e não a fez, enquanto aquele era ignorante dela. Tal proporção no julgamento é
explicada pelo próprio senhor Jesus (Lc 12.47,48).
Por
esta razão é que Tiago, irmão de Jesus, adverte: “Meus irmãos, muitos de vós
não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).
3.3.
Os que receberam de Deus maiores privilégios, receberão de Deus maiores
cobranças. Em virtude disso, como podem tantas pessoas cobiçarem posições
elevadas na obra de Deus, quando não foram vocacionadas para tal posto? Por que
há disputa nalgumas igrejas por cargos de liderança? Por que há pastores
disputando rebanhos? Enquanto crentes continuarem encarando cargos como troféus
e recompensas, ao invés de responsabilidades e vocação divina, continuaremos a
ver “fogo estranho” sendo oferecido no altar do Senhor. Mas ele não deixará
isto impune! O julgamento começará pela casa de Deus (1ª Pe 4.17).
3.4.
O comentarista Christopher Wright destaca assim a gravidade do pecado de Nadabe
e Abiú: “É como se um pastor cristão, ao celebrar a Ceia do Senhor, inserisse
rituais ou objetos associados ao ocultismo”. Não é difícil ver sincretismo
religioso em muitos cultos ditos “evangélicos” hoje em dia, onde são
incorporadas crenças e práticas pagãs. Objetos de superstição, crendices
oriundas de religiões não-cristãs e discursos em nada conectados à boa
ortodoxia estão sendo oferecidos em muitas igrejas para perdição dos ouvintes e
dos próprios falsos mestres (2ª Pe 2.1).
Exemplo?
Darei alguns: igrejas celebrando casamentos gays, ordenação de pastores
homossexuais e pastoras lésbicas, líderes religiosos reclamando legalização de
aborto e liberação da maconha, outros há que defendam relações sexuais entre
jovens solteiros, e já há quem esteja deixando de cantar “Deus cuida de mim na
sombra das suas asas” para cantar junto com os ímpios “O acaso vai me proteger
enquanto eu andar distraído”.
Que
Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e a proteja contra o falso fogo, nem que
tenha que enviar fogo do céu outra vez para remover os que banalizam o
verdadeiro culto ao Senhor! (Quem achar isso impossível nos dias da graça,
lembrem-se do casal Ananias e Safira – Atos 5).
4.
O lamento é proibido para que a santidade de Deus seja exaltada.
4.1.
Tão firme foi o castigo divino e tão séria era a lição que se deveria extrair
daquele fatídico episódio, que Deus, através de Moisés, proibiu Arão e seus
outros filhos, Eleazar e Itamar, de prantearem a morte dos filhos mais velhos,
sob pena de também morrerem caso desobedecessem a ordem para não manifestarem
luto (vs. 6,7).
4.2.
Parece insensível que o luto fosse proibido aos parentes? É que neste momento,
as lágrimas e o luto demonstrariam um sentimento de perca maior pelos filhos do
que pela glória e a santidade de Deus que foram ofendidas pelos sacerdotes
Nadabe e Abiú. Deus estava querendo ensinar uma nova lição a Arão e a todos os
levitas: o pecado dos líderes causa maior dano à santidade de Deus e à Sua
reputação no meio do povo, do que o dano que é causado à família destes líderes
quando eles são punidos por Deus. O amor a Deus acima de todas as coisas (Dt
6.5), inclusive da própria família, é novamente ressaltado, e agora não de modo
teórico, mas prático! Foi uma lição amarga, mas necessária.
4.3.
Foi por não aprender esta Lição, que o sacerdote Eli veio a morrer logo após a
morte de seus filhos, também sacerdotes como Nadabe e Abiú, devido eles estarem
tratando com desrespeito as ofertas e os sacrifícios. O próprio Deus o
confrontou: “Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos,
que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos
engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?” (1ª Sm
2.29).
4.4.
Jesus também nos ensina que o amor a Ele deve estar acima do nosso apego à
família: Lucas 14.26 “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e
mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode
ser meu discípulo”.
4.5.
Muitas vezes pecamos por excesso de condescendência, quando a compaixão
leva-nos à frouxidão. O profeta Samuel quase escorregava nesse erro, quando
Deus então lhe sacudiu: “Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado,
para que não reine sobre Israel” (1ª Sm 16.1).
Não
raro hoje, muitos pais estão querendo ter mais dó de seus filhos do que Deus
tem por eles; muitos líderes querem ter mais compaixão de seus liderados do que
Deus tem por eles. Esta Lição extraída de Levítico 10 deve levar-nos a refletir
seriamente: Deus é bom e amoroso, tanto quanto santo e zeloso!
O
luto
1.
O povo de Israel teve a permissão de lamentar esta grande tragédia, mas Arão e
seus dois filhos restantes foram proibidos de mostrar as marcas normais de
luto: descobrir a cabeça e soltar os cabelos ou rasgar as roupas. Não deviam
dar a Israel a aparência de questionamento ou lamentação por causa do
julgamento de Deus. Moisés os lembrou de que o azeite da unção do Senhor estava
sobre eles. O serviço de Deus não pode ser detido por questões pessoais. O
incêndio seria ‘o fogo que o Senhor Deus acendeu.
2.
Privação pessoal, negação ou insultos a si próprio muitas vezes caracterizavam
os ritos de luto. Os ornamentos eram tirados (Êx 33.4-6); os enlutados rasgavam
suas vestes como símbolo de pesar (Gn 37.34). Frequentemente, o rasgar as
roupas e vestir-se com sacos representavam pesar e humildade (1º Rs 21.27; Et
4.1; Jr 4.8). Pó ou cinzas eram colocados sobre a cabeça. A barba e os cabelos
da cabeça eram arrancados (Ed 9.3) ou cortados (Is 15.2; Jr 7.29). Observava-se
o jejum (2º Sm 1.12; Ne 1.4; Zc 7.5). Algumas práticas de luto eram
expressamente proibidas a Israel, provavelmente por serem ritos pagãos. Os
israelitas não se cortavam nem podiam fazer ‘marca alguma’ em suas testas em
homenagem aos mortos (Lv 19.28; Dt 14.1). As regras para os sacerdotes eram
particularmente mais severas (Lv 21.1-5, 10-12) (Dicionário Bíblico Beacon.
7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 277) e (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 1129).
Nenhum
de nós é perfeito e impecável – tais atributos são exclusivos de Deus.
Entretanto, não podemos agir com atrevimento comparecendo ao Senhor para
dar-lhe culto sem antes corrigirmos nosso coração diante dele. Jesus nos
ensina, por exemplo, que se tivermos algo contra nosso irmão, devemos nos
reconciliar com ele antes de oferecermos nossa oferta a Deus (Mt 5.23,24).
Ainda mais quando somos conhecedores da Palavra, não podemos acalentar pecados,
pois Deus dará a cada um segundo as suas obras (Rm 2.6). Sendo assim, que sirva
para nós também o que Jesus disse a igreja de Éfeso: “Lembra-te, pois, de onde
caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a
ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).
Lv
10.8 “E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus
filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que
não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para
fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e
para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem
falado pela mão de Moisés.”
1ª
Tm 3.1-3 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente
obra deseja. 2- Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma
mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3- não
dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado,
não contencioso, não avarento.”
Na
lição anterior estudamos sobre o fogo estranho que os filhos do sumo sacerdote
Arão apresentaram ao Senhor e foram fulminados ali mesmo, diante do altar do
incenso. Nesta lição estudaremos sobre o vinho o qual pressupõe que Nadabe e
Abiú, estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente
a glória divina. Portanto guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros
vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um
exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio.
Neste
tópico estudaremos “o uso do Vinho” e a Bebida forte (Lv 10. 8-11; Pv 20.1). Em
Levítico, essa é a única ocasião em que Deus fala diretamente a Arão, portanto
deve tratar-se de uma ordem importante. Não era permitido aos judeus beber
vinho ou bebida forte, mas foram advertidos da bebedice e do pecado que, com
frequência, a acompanha (Pv 20.1; 23.20,29-31; Is 5.11; Hc 2.15). Os que servem
ao Senhor têm de ser um exemplo para os outros e estar cheios do Espírito, não
de vinho (Ef 5.18). Eles devem evidenciar a diferença entre o santo e o profano
por meio dos ensinamentos e do exemplo (veja Ez 22.26; 42.20; 44.23; 48.14-15).
O Novo Testamento segue essa mesma abordagem (Rm 14.14-23).
Nas
Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como
bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc
10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos,
torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi.
I. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA
1. O AT e o vinho fermentado. O vinho fermentado (alcoólico) no hebraico é chamado
de “yayin”, palavra comum para vinho
envelhecido e, portanto, intoxicante. O uso deste vinho sempre foi motivo para
práticas ilícitas (Gn 9.20-29; 19.31-38). Por isso, o sacerdote deveria
afastar-se da bebida alcoólica (Lv 10.9-11). O AT mostra oito casos de
embriaguez com esta bebida que terminaram em desastre familiar: Noé (Gn 9.21);
Ló (Gn 19.32-35); Nadabe e Abiú (Lv 10.1-11); Nabal (1ª Sm 25.36,37); Urias (2º
Sm 11.13); Amnon (2º Sm 13.28); Belsazar (Dn 5.1-3); e Assuero (Et 1.1-10).
Salomão descreve os efeitos físicos imediatos desta bebida como: brigas,
ferimentos, ais e tristezas (Pv 23.29-35). Em outro lugar, se refere ao vinho
como produzindo pobreza (Pv 21.17), violência (Pv 4.17), alvoroço (Pv 20.1), e
falta de santidade (Dn 1.8). Isaías adiciona que ele engana a mente (Is 28.7),
inflama uma pessoa, e conduz ao esquecimento de Deus (Is 5.11, 12), e ainda
associa o vinho com a aceitação de suborno (Is 5.22,23). Amós combina-o com a
profanação (Am 2.8) (STAMPS, 1995, p. 241).
2. O AT e o vinho não fermentado. Outra palavra é “tirosh”,
com o significado de “vinho novo”, refere-se à bebida exclusivamente não-fermentada
ou suco novo da uva (Dt 11.14; Pv 3.10; Ec 9.7; Jl 2.24). Esta palavra aparece
cerca de 38 vezes no AT sempre referindo-se ao vinho não-fermentado, onde “tem
benção nele” (Is 65.8). Nas Sagradas Escrituras, este tipo de vinho, com o pão
e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). A Bíblia faz uma referência
quanto ao uso deste vinho pelos sacerdotes (Is 25.6; 27.2). Em sua oferta de
manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de
him de vinho (Êx 29.40; Lv 23.13; Nm 15.10). Vários textos que se referem a “tirosh” como o produto da vide (Mq 6.15;
Is 65.8; Pv 3.10; Jl 2.24; Mq 6.15; Os 9.2). Só um texto sugere que “tirosh” pode produzir fermentação (Os
4.11). (STAMPS, 1995, p. 241).
3. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador,
e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho,
bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se
vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca
trouxe-lhe sérios problemas familiares.
O
álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da
História Sagrada (Ez 14,14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos
seus efeitos (Pv 20.1; 23.31).
4. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as
filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram
relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se
entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de
Cristo não pode cair nessa situação.
5. O vinho como instrumento de
corrupção. Para encobrir o
seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de
batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já
grávida (2º Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança
ficaria na conta de Urias, o heteu.
A
que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel
usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes
devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo.
II. O OBREIRO “NÃO DADO AO VINHO”
(1ª Tm 3.3)
Esta
expressão (gr. me paroinon, formada
de me, que significa “não”, e parainon,
palavra composta que significa literalmente “ao lado do vinho”, “perto de
vinho” ou “com vinho”).
Em
1ª Timóteo 3.3, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado
ao lado do vinho” ou “esteja com vinho”. Noutras palavras, não deve beber vinho
embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os
ébrios (Mt 24.49).
1.
A abstinência do vinho.
1.1.
Pela liderança do Antigo Testamento.
A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e
juízes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7). Era, também, a regra para todos que
buscavam o mais alto nível de consagração a Deus (Lv 10.8-11; Nm 6.1-5; Jz
13.4-7; 1º Sm 01.14,15; Jr 35.2-6; Pv 23.31).
1.2.
No deserto, os israelitas não bebiam vinho (Dt 29.6). Não usavam vinho na Páscoa (Êx 12.8-10), pois o vinho
fermentado contém fermento, e o fermento era proibido. Mais tarde, introduziram
o vinho na cerimônia. Isso não foi ordenado por Deus.
Os
sacerdotes não podiam beber quando estavam servindo no templo (Lv 10.8-10).
Será que os cristãos de hoje, os sacerdotes do Novo Testamento (1ª Pe 2.5,9),
deveriam ter um padrão tão baixo quando servimos ao Senhor todos os dias?
Encontramos
no Antigo Testamento alguns caso de embriaguez e as consequências dela.
Vejamos
esses exemplos de Embriaguez.
a.
Noé – Gn 9.20,21;
b.
Ló – Gn 19.30-38;
c.
Nabal – 1º Sm 25.36;
d.
Elá – 1º Rs 16.8-10;
e.
Bem-Hadade – 1º Rs 20.16-21;
f.
Efraim – Is 28.7;
g.
Belsazar – Dn 5;
h.
Nínive – Na 1.10.
1.3.
Os profetas do Antigo Testamento bradavam contra as bebidas fortes. Habacuque 2.15 amaldiçoa os que dão bebida para o
companheiro. (veja Isaías 5.11-22).
1.5.
Amós condena os judeus desocupados que bebem vinho em vasilhas porque os
cálices são muito pequenos (6.3-6).
1.4.
Pela liderança e os liderados do Novo Testamento. Aqueles que dirigem a igreja de Jesus Cristo
certamente não devem adotar um padrão aquém do que vai aqui. Além disso, todos
os crentes da igreja são chamados sacerdotes e reis (1ª Pe 2.9; Ap 1.6) e, como
tais, devem viver à altura do mais alto padrão de Deus (Jo 2.3; Ef 5.18; 1ª Ts
5.6; Tt 2.2).
O
pastor deve ensinar a abstinência total? O que a Bíblia ensina? Existem 626
versículos na Bíblia que falam contra a embriaguez e a ingestão de bebidas
alcoólicas (Pv 29.1; 23.29-35; Is 5.11-14,22,23; 28.3,7; Os 3.1; 4.11; 7.5; Am
2.8; Ef 5.18; Gl 5.21; (Lv 10.8-11; Pv 31.4,5).
O
Novo Testamento, ensina claramente que nosso corpo é o templo do Espírito
Santo, e não deve ser contaminado (1ª Co 6.12-20). O apóstolo Paulo também
avisou que a pessoa não pode se expor ao perigo da tentação usando
descuidadamente a liberdade; a evasão deliberada habitualmente é a melhor
defesa (1ª Co 10.1-12). Beber moderadamente apresenta para alguns a tentação de
beber excessivamente; portanto, “aquele que pensa que está firme, cuidado que
não caia”. O crente deve fugir da tentação. Além do mais, o exemplo de um
crente que bebe pode ser tropeço para um irmão fraco. “E assim, pela
consciência perecerá o irmão fraco, por quem Cristo morreu” (1ª Co 8.11).
Os
japoneses têm um provérbio: “Primeiro o homem toma um drinque; depois o drinque
toma um drinque; a seguir, o drinque toma o homem”. Qual é o rumo certo a
adotar? Recuse o primeiro drinque e continue recusando-o pelo resto da vida. O
indivíduo começa bebendo socialmente, depois diariamente e, por fim, se toma um
alcoólatra. Embora se esforce para abandonar o vício, a bebida o prende como se
ele estivesse algemado.
Paulo
aconselha: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que
teu irmão não tropece, ou que se escandalize, ou que se enfraqueça” (Rm 14.21).
Mais vale a preservação de uma alma imortal do que todo o prazer que os homens
possam desfrutar bebendo. Convém que os crentes se abstenham completamente do
álcool.
1.5.
A recomendação da abstinência total.
“Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e
se escoa suavemente (Pv 23.31)”.
“Não
olhes para o vinho, quando se mostra vermelho...”. Estas palavras não sugerem moderação, mas abstinência
total de bebidas inebriantes. É impossível que alguém sofra as consequências da
embriaguez e os tormentos do alcoolismo a não ser que beba.
2.
Cheio do Espírito Santo. “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef
5.18).
O
apóstolo Paulo, escrevendo para um povo muito dado ao vinho e que venerava
“Baco” (o “deus do vinho” para os gregos) ou “Dionísio” (o “deus do vinho” para
os romanos), Paulo aconselha os crentes em Cristo, dizendo: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. O
crente em Jesus Cristo substitui o vinho pelo gozo do Espírito (Gl 5.22). Em Eclesiastes
10.19, Salomão disse que “o vinho alegra a vida”. O crente, porém, substitui a
alegria momentânea do vinho pela alegria permanente do Espírito Santo (At
13.52).
2.1.
Não vos embriagueis com vinho. A
declaração de Paulo no versículo 18, demonstra que a plenitude do Espírito
Santo depende do modo como o crente corresponde à graça que lhe é dada para
viver em santificação.
Isso
quer dizer que a pessoa não pode estar “embriagada com vinho” e, ao mesmo
tempo, “cheia do Espírito”. Paulo adverte todos os crentes a respeito das obras
da carne; que os que cometem tais coisas “não herdarão o reino de Deus” (Gl
5.19-21; Ef 5.3-7). Além disso, “os que cometem tais coisas” (Gl 5.21) não
terão a presença interior do Espírito Santo, nem a sua plenitude. Noutras
palavras, não ter “o fruto do Espírito” (Gl 5.22,23) é perder a plenitude do
Espírito (Ef 5.18; At 8.21).
2.2.
Enchei-vos do Espírito. “Enchei-vos”
(imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de “ser enchido
repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a
renovação constante (Ef 3.14-19; 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimentos repetidos
do Espírito Santo.
O
cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4),
mas também deve renovar-se no Espírito repetidas vezes, para adoração a Deus,
serviço e testemunho (At 4.31-33).
Experimentamos
enchimentos repetidos do Espírito Santo quando mantemos uma fé viva em Jesus
Cristo (Gl 3.5), estamos repletos da Palavra de Deus (Cl 3.16), oramos, damos
graças e cantamos ao Senhor (1 Co 14.15; Ef 5.19,20), servimos ao próximo (Ef
5.21) e fazemos aquilo que o Espírito Santo quer (Rm 8.1-14; Gl 5.16; Ef 4.30;
1ª Ts 5.19).
Alguns
resultados de ser cheio do Espírito Santo são:
A.
Falar com alegria a Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19);
B.
Dar graças (Ef 5.20);
C.
Sujeitar-nos uns aos outros (Ef 5. 21).
Paulo
adverte os cristãos de não fazerem nada que leve seus irmãos tropeçarem (Rm 14.19-21;
1ª Co 8.13). Paulo contrasta o encher-se do Espírito e o embriagar-se (Ef 5.18)
e, em Gálatas 5.21, enumera a embriaguez como uma obra da carne.
Pedro
ensina os cristãos a se “abster (em) das paixões carnais, que fazem guerra
contra a alma” (1ª Pe 2.11), e, já que a embriaguez é uma concupiscência da
carne (Gl 5.21), a abstinência total é a melhor maneira de obedecer a essa
admoestação. Como a pessoa começa a vida de embriaguez? Ao tomar o primeiro
drinque.
3.
Uso medicinal do vinho. Primeira a Timóteo
5.23 refere-se ao uso medicinal do vinho em uma época em que os médicos não
tinham remédios modernos. Dizer que temos o direito de tomar álcool, porque é
usado em alguns remédios, é tão razoável quanto dizer que podemos usar morfina,
ou algum outro narcótico, porque o dentista ou o cirurgião a usa em seus
pacientes.
O
vinho indicado por Paulo a Timóteo era curativo, ou seja, para purificação e
tratamento da água.
III.
JESUS E O MILAGRE DO VINHO
João
2.7-10 “Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em
cima. 8- E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. 9- E,
logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se
bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala
ao esposo. 10- E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já
têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
1.
O vinho de Jesus não era fermentado (Alcoólico). O que lemos em João 2.1-10, não dá a entender que o
vinho que Cristo fez era embriagante. Era vinho novo, e vinho novo nunca
embriaga. Não dá a entender que o Senhor fez álcool, o qual é produto de morte
e de corrupção. Ele produziu um vinho novo, não contaminado por fermentação.
Não fez uma bebida para alguém se embriagar, mas livrou a festa do desastre
quando a supriu como um refresco sadio, puro e sem álcool.
1.1.
O vinho como metáfora de Jesus. Em
outro lugar, Jesus usou o vinho como metáfora para indicar coisas novas. Por
exemplo, em Mateus 9.17 Jesus usou o vinho novo e os odres novos para falar de
uma coisa nova que Ele estava fazendo.
2.
O tipo de vinho do milagre de Jesus, o “Vinho Bom” (Jo 2.10). No relato do milagre do vinho, é mencionados dois
tipos de vinho: o bom e o inferior. Notemos que o adjetivo grego traduzido
“bom” (Jo 2. 10), é kalos, que
significa “moralmente excelente ou apropriado”.
O
vinho “bom” era o vinho mais doce, vinho este que podia ser bebido livremente e
em grandes quantidades sem causar danos (Isto é, vinho cujo conteúdo de açúcar
não fora destruído através da fermentação). Já o vinho “inferior” era aquele
que fora diluído com muita água.
O
escritor romano Plínio afirma expressamente que o “vinho bom”, chamado sapa,
não era fermentado. Sapa era suco de uva fervido até diminuir um terço do seu
volume a fim de aumentar seu sabor doce.
IV.
MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO
Tendo
em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo
Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho.
1.
Recomendações aos ministros. O candidato ao
Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo
vinho (1ª Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a
alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas
alcoólicas (Pv 31.4).
2.
Recomendações à Igreja. A recomendação
quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do
Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o
verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo
(Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem
ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo.
3.
Ministros usados pelo Espírito Santo.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os
discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas,
após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e
operavam no poder de Deus (At 2.40,41).
Na
sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o
Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10).
Quanto
ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se
de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse
firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor.
Portanto,
fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de
que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou.
Lembremo-nos de Nadabe e Abiú.
A
FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES
Levítico
13.1-6 “Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: 2- O homem, quando na
pele da sua carne houver inchação, ou pústula, ou empola branca, que estiver na
pele de sua carne como praga de lepra, então, será levado a Arão, o sacerdote,
ou a um de seus filhos, os sacerdotes. 3- E o sacerdote examinará a praga na
pele da carne; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais
profunda do que a pele da sua carne, praga da lepra é; o sacerdote, vendo-o, o
declarará imundo. 4- Mas, se a empola na pele de sua carne for branca, e não
parecer mais profunda do que a pele, e o pelo não se tornou branco, então, o
sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias. 5- E, ao sétimo dia, o
sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer, parou, e a praga
na pele se não estendeu, então, o sacerdote o encerrará por outros sete dias.
6- E o sacerdote, ao sétimo dia, o examinará outra vez; e eis que, se a praga
se recolheu, e a praga na pele se não estendeu, então, o sacerdote o declarará
limpo: apostema é; e lavará as suas vestes e será limpo.”
A
presente lição falará sobre o sacerdote, uma importante figura do AT;
pontuaremos detalhadamente suas múltiplas tarefas; veremos que o sacerdote
levítico é uma figura do ministério pastoral na função de liderança e das
atribuições que lhe foram dadas por Deus.
1.
Homens escolhidos e separados pelo Senhor para o serviço no Tabernáculo.
2.
Ser sacerdote era ser honrado pelo Senhor mediante uma nobre missão, pois
servir a Deus é um grande privilégio.
3.
Mas além da honra e do privilégio, havia as responsabilidades e as muitas
exigências.
4.
O sacerdócio exigia sacrifícios, pois a função mais importante era conduzir o
povo segundo a Lei, em santidade e justiça. Essa era uma tarefa das mais
difíceis, pois por diversas vezes os hebreus apostataram da fé.
5.
Contudo, os sacerdotes também exerciam outras funções, que exigia discernimento
e muita sabedoria.
6.
Ele tinha que ter consciência do que era puro e impuro, certo ou errado, santo
e profano, pois deveriam ser o mais alto referencial da nação no que tange a
Palavra de Deus, à instrução e à administração da justiça (Ml 2.4-7).
7.
Na Nova Aliança, não é diferente, pois o Senhor continua a exigir de nós,
sacerdotes Seus, que tenhamos um padrão de santidade e justiça.
No
Sermão do Monte, o código de ética do Reino de Deus, Jesus nos adverte quanto a
sermos “sal” e “luz” desse mundo (Mt 5.13,14).
I.
QUEM ERA O SACERDOTE
1.
Em português, “sacerdote” vem do latim sacer,
“sagrado”, “consagrado” (CHAMPLIN, 2004, p. 13).
2.
Eram os descendentes diretos de Arão que, normalmente, desempenhavam o ofício
superior do sacerdócio.
3.
Os sacerdotes eram ordenados a seu ofício e às suas funções mediante um
elaborado ritual (Êx 29; Lv 8).
4.
Era preciso ser homem sem defeito físico (Lv 21.16-21).
5.
Devia casar-se com uma mulher de caráter exemplar (Lv 21.7).
6.
Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar coisas imundas (Lv 21.1;
22.5).
7.
Eles usavam vestimentas especiais, em sinal de seu ofício, e cada peça de seu
vestuário ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êx 29; Lv 8).
8.
Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, primogênito dos animais
e porções de vários sacrifícios (Nm 18).
II.
AS MÚLTIPLAS TAREFAS DO SACERDOTE LEVÍTICO
O
sacerdote levítico tinha diversas funções. Vejamos algumas:
1.
Função clínica em relação à lepra.
Os procedimentos clínicos:
1.1.
Se o sacerdote diagnostica prontamente que o caso é lepra, o indivíduo é de
imediato declarado imundo (3).
1.2.
Se o sacerdote tem dúvidas, ele ordena o isolamento do enfermo por sete dias
(4).
1.3.
Se a praga não se espalhou nos sete dias, ele determinava a manutenção do
isolamento por mais sete dias (5).
1.4.
Se a doença não se espalhou, o sacerdote o declarará limpo. O homem lavará as
suas vestes e será limpo (6).
1.5.
Se a mancha na pele se espalhar, o sacerdote o declarará leproso (7, 8).
1.6.
Se houver na pele um tumor branco, e os pelos do lugar estiverem brancos
também, e houver uma ferida aberta no lugar, então era um caso crônico de
doença contagiosa (10,11).
1.7.
Tornando a carne viva e mudando-se em branca, ou se a ferida se tornou branca,
será declarado limpo (16,17).
2.
O leproso era isolado (Lv 13.46). Ele
devia rasgar as roupas, cobrir o lábio superior (“bigode”), gritar “Imundo,
imundo!” sempre que alguém se aproximasse dele e permanecer fora do acampamento
até que morresse ou fosse curado.
Deus
feriu o rei Azarias (Uzias) com lepra, e ele teve de habitar "numa casa
separada", literalmente, uma "casa desocupada" isolada de todo o
resto do povo (2º Rs 15.5). Foi lançado aos mortos!
3.
A gravidade da lepra. A verdadeira lepra
(“hanseníase”) afeta a pele e as terminações nervosas. À medida que se espalha,
produz nódulos e úlceras. Em seguida, o tecido se contrai e os membros ficam
deformados. O que começa com uma ferida espalha-se e transforma todo o corpo
numa massa de decomposição e de feiura.
3.1.
Sintomas. Os sinais e
sintomas mais frequentes da hanseníase são:
-
Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do
corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil
(ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e
dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
-
Área de pele seca e com falta de suor, com queda de pelos, especialmente nas
sobrancelhas; sensação de formigamento.
- Dor e sensação de choque, fisgadas e
agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés;
diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de
nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés; caroços (nódulos)
no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; febre, edemas e dor nas
juntas; entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz; ressecamento
nos olhos.
3.2.
Os israelitas não conheciam a cura para a lepra. Assim, se a vítima era curada, tratava-se de uma
dádiva da graça e misericórdia de Deus. “Havia muitos leprosos em Israel nos
dias do profeta Eliseu”, disse Jesus, “e nenhum deles foi purificado, senão
Naamã, o sírio” (Lc 4.27). “Ao Senhor pertence a salvação!” (Jn 2.9). Se não
somos salvos pela graça de Deus, então não temos salvação, pois ninguém merece
ser salvo.
4.
Fluxos anormais e normais (Lv 15.1-15, ARC). A palavra-chave do capítulo 15 de Levítico é “fluxo” e
aparece vinte e três vezes. Significa, simplesmente, a eliminação de um
líquido, quer seja da água na natureza ou de um fluido do corpo humano.
4.1.
Fluxos masculinos anormais (vs. 1-15). Este capítulo
aborda a impureza causada pelas emissões dos órgãos sexuais: (a) emissão
masculina de longo prazo (p. ex., gonorreia: vs. 2-15); (b) emissão masculina
de curto prazo (vs. 16-18); (c) emissão feminina de curto prazo (menstruação,
vs. 19-24); (d) emissão feminina de longo prazo (vs. 25-30). É surpreendente
que processos perfeitamente naturais como o contato sexual (v. 18) ou a
menstruação pudessem tornar alguém imundo (isto é, incapaz de adorar). Mas
todos esses casos envolvem a perda de fluidos do corpo (sangue ou sêmen), e
qualquer perda de “fluidos da vida”. (Bíblia de Genebra).
Podia
ser qualquer coisa, desde diarreia até doenças venéreas, como gonorreia.
Qualquer coisa que o homem acometido desse mal tocasse ou sobre a qual cuspisse
seria imunda. Além do mais, aqueles que fossem contaminados ao tocar nele
deviam lavar a si mesmos e suas roupas e eram considerados imundos até o
pôr-do-sol. Os vasos de barro que tocasse deviam ser quebrados, e os de madeira,
lavados. A possibilidade de infecção era levada extremamente a sério.
Assim como poderia estar no corpo, a lepra poderia
estra presente na roupa (Lv 13.47), como também nas casas (Lv 14.34). Traçando
um paralelo com os nossos dias, R. K. Harrison afirma que, em todas as áreas da
nossa vida, a busca da santidade, sob orientação do Espírito Santo, é
obrigatória para o cristão crescer verdadeiramente na plenitude de Jesus
Cristo.
III. LEPRA NAS VESTES E NAS CASAS
Assim como poderia estar no corpo, a lepra poderia
estra presente na roupa (Lv 13.47), como também nas casas (Lv 14.34). Traçando
um paralelo com os nossos dias, R. K. Harrison afirma que, em todas as áreas da
nossa vida, a busca da santidade, sob orientação do Espírito Santo, é
obrigatória para o cristão crescer verdadeiramente na plenitude de Jesus
Cristo.
1. Uma veste contaminada. A lepra na veste são fungos que podem
estar presentes em tecidos. São “mofos ou míldios”, segundo Russel Norman
Chaplin. Esses fungos podem provocar reações nos seres humanos se em contato ou
mesmo ignorados. Ao sacerdote cabia o exame da roupa e somente ele podia
declarar se a roupa estava limpa ou imunda (Lv 13.50-51). Ao tratar das
vestimentas, o princípio exposto em todo o livro de Levítico permanece:
santidade por parte do povo de Deus. Vemos, assim, que Deus estava atento em
cada área da vida do povo de Israel e fazia distinção clara entre o que era
limpo e o que era impuro (Lv 13.59). O princípio comum nas Sagradas Escrituras,
isto é, Deus usando o físico e material para significar e ensinar o que é moral
e espiritual, é bastante presente no livro de Levítico.
Interessante notar a linguagem utilizada pelo
apóstolo Paulo sobre tirar as vestes do velho homem e se vestir do novo homem
(Cl 3.8-10; Ef 4.22, 24). Assim comentou Mattew Henry: “Ele (o pecado) não só
corrompe a consciência do pecador; além disso, também mancha tudo o que este
tem e faz. E os que colocam suas roupas a serviço de seu orgulho e luxúria
podem acabar manchados pela lepra. Porém, os mantos de justiça nunca são
furtados nem comidos pela traça.”
2. Uma casa contaminada. A lepra na casa é diferente das
situações anteriores, pois já trata de estarem na terra de Canaã (Lv 14.34).
Considerando casa como figura de uma congregação, devemos observar algumas
situações que podem atingir toda a comunidade; e o sacerdote deve estar atento
quanto a qualquer coisa suspeita que possa aparecer. O apóstolo Paulo, em suas
cartas às igrejas, também procurava abordar o que não estava de acordo com os
mandamentos do Senhor, procurando corrigir e instruir cristãos, como
encontramos na epístola aos Gálatas, quando o apóstolo enfatizou o perigo de
introduzir a guarda da lei como necessária para a salvação.
Também pode-se aplicar este ensino da lepra na casa
no sentido do que temos dentro do nosso lar que desagrada a Deus. É possível
termos no convívio íntimo da nossa casa o que pode trazer declínio espiritual e
a consequência ser o impedimento da presença do Senhor em nossa casa. Quando o
profeta Eliseu perguntou o que a viúva tinha em casa, a sua resposta abriu
caminho para ela receber o milagre (2º Rs 4.2).
3. Sangue e azeite no purificado. No ritual de purificação o sacerdote
deveria pegar do sangue do sacrifício da expiação da culpa e colocar na orelha
direita, no polegar da mão direita e no dedo do pé direito. Também deveria
fazer o mesmo com o azeite (Lv 14.14-15). Esse ato deveria ser feito no dia
oitavo. O leproso devia manter-se tranquilo e ver o sacerdote fazer todo o cerimonial
que fora ordenado por Deus. O ato de adoração mediante o qual o leproso era
declarado limpo era comunitário, pois o leproso, além de não poder se curar,
não poderia declarar a si próprio limpo. O próprio Senhor Jesus Cristo, quando
purificava os leprosos, ordenava-lhes que fossem ao sacerdote e apresentassem a
devida oferta para servir de testemunho (Mt 8.3-4; Lc 17.14).
Que simbolismo maravilhoso é poder com os olhos
espirituais contemplar o ensino destes dois capítulos e ver como o crente
desfruta deste privilégio através do que Jesus realizou com a Sua morte e
ressurreição e o derramamento do Espírito Santo sobre a Sua Igreja. Jesus
ressuscitou e hoje podemos ter o sangue e o azeite em nossas orelhas, mãos e
pés. Andamos neste mundo, mas, com a ajuda do Espírito Santo, vencendo o pecado
e agradando a Deus. O cristão não foi destinado a viver no isolamento
espiritual, pois é dentro da comunhão do corpo de Cristo, Isto é, a Igreja, que
a fé cresce e os indivíduos amadurecem espiritualmente.
IV.
FUNÇÕES E DEVERES DOS SACERDOTES
Função
cerimonial. As várias responsabilidades do sacerdócio dividiam-se em duas
categorias básicas:
1.
Em relação ao culto.
1.1.
Os sacerdotes deviam oficiar em sacrifícios e ofertas.
1.2.
Examinavam todos os animais sacrificiais para verificar se eram saudáveis e sem
defeitos (Lv 22.17-21).
1.3.
Eles supervisionavam o cuidado do Tabernáculo e, mais tarde, do Templo (Nm
3.4).
1.4.
Eles estabeleciam o valor de todas as mercadorias que eram dedicadas a Deus (Lv
27).
1.5.
Eles anunciavam o início de todas as festas religiosas (Lv 25.9).
2.
O serviço no templo.
2.1.
Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo
um símbolo das funções sacerdotais.
2.2.
Arrumavam os pães da proposição a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8).
2.3.
Cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite
2.4.
Aprontar o pão e as ofertas sacrificiais (Nm 3.5-9).
2.5.
Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12).
2.6.
Limpavam as cinzas desse altar (Lv 6.10,11).
2.7.
Ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44).
2.8.
Abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27).
2.9.
Aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima
sacrificial.
2.10.
Sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de
festividades especiais (Lv 25.9).
3.
Em relação à santidade. Eles deviam
distinguir entre o santo e o profano (Lv 10.10).
4.
Em relação ao ensino.
4.1.
Tinham o dever de atuar como mestres da lei (Lv 10.10,11).
4.2.
Os sacerdotes deviam ensinar o povo e lembrá-lo dos mandamentos do Senhor.
4.3.
Usavam o Urim e Tumim para transmitir a resposta de Deus a questões expostas
pelos líderes da nação (Nm 27.21).
5.
Em relação às enfermidades.
5.1.
Os sacerdotes deviam diagnosticar males que tornavam adoradores cerimonialmente
impuros.
5.2.
Oferecer ritual de purificação para aqueles que fossem recuperados.
6.
Em relação a área jurídica.
Atuavam
como um tipo de suprema corte, reunida para ouvir os casos difíceis (Dt 17.11).
7.
Em relação à área militar.
Acompanhavam
o exército, para exortar a confiança em Deus (Dt 20.1-4).
O
principal foco da vida sacerdotal era lidar com as enfermidades morais do povo
e trazê-lo, mediante os sacrifícios determinados, a uma experiência de
aceitação diante de Deus (Lv 1.3), por meio da expiação (Lv 1.4) e do perdão
(Lv 4.31).
V.
FUNÇÕES JURÍDICAS
1.
Proteção a família. Administravam o
juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm
5.15-31). A questão aqui não se tratava de adultério comprovado, pois leis
concernentes a esta condição eram claras e prescreviam a pena de morte (Lv
20.10). Este regulamento relacionava-se com situações em que não se podia
comprovar a infidelidade (Nm 5.13,29) ou em que a conduta da esposa despertava
suspeitas (Nm 5.14). O sacerdote não poderia julgar precipitadamente, mas
orientado por Deus procurar a solução para este problema (Nm 5.16).
2.
Função penal. O sacerdote agia
como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 33.7-11).
Agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto
aos casos apresentados (Dt 17.8-12; 19.17). Os sacerdotes eram reconhecidos
como os principais servidores judiciais: “Então se achegarão os sacerdotes,
filhos de Levi; pois o SENHOR teu Deus os escolheu para o servirem, e para
abençoarem em nome do SENHOR; e pela sua palavra se decidirá toda a demanda e
todo o ferimento” (Dt 21.5).
3.
Função mediadora. O sacerdote tinha
como função principal representar o homem diante de Deus, com dons e
sacrifícios (Êx 28.38; 30.8; Hb 5.1; 8;3). Isto ele fazia continuamente por
meio dos sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44), e no Dia da Expiação
(Lv 16.1-34; Nm 29.7-11). Ele também representava Deus diante do povo, quando
este queria consultar ao Senhor, deveriam ir ao sacerdote que usando Urim e
Tumim lhes fazia saber a vontade divina (Nm 27.21; Dt 33.8). Esses objetos eram
pequenos seixos, guardados no peitoral das vestes sumo sacerdotais de Israel.
Um deles indicava “sim”, e o outro, “não”. Ao que se presume, o sumo sacerdote
metia a mão no peitoral, e tirava uma das pedras. Isso determinava o “sim”, e outro,
“não” a qualquer pergunta importante que se fizesse (Js 7.14; 14.2; 18.6; 1º Sm
14.42; 1º Cr 6.54; 1º Cr 35.7,8; 26.13) (CHAMPLIN, 2004, p. 271).
4.
Função docente. A função original
de um sacerdote era dar instruções por inspiração divina (Ne 8.1-8; Ez 44.23).
Ele devia ensinar com a Lei: “A lei da verdade esteve na sua boca”; com a sua
própria vida: “e a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz
e em retidão”; e, conduzir o povo no caminho do Senhor: “e da iniquidade
converteu a muitos” (Ml 2.6). As pessoas deveriam buscar o conhecimento da Lei,
pela boca do sacerdote “porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos” (Ml
2.7). Em seus dias, o rei Josafá, restituiu aos sacerdotes e levitas a função
docente de ensinar ao povo a Lei do Senhor (2º Cr 17.8-9).
VI.
O SACERDOTE LEVÍTICO UMA FIGURA DO MINISTÉRIO PASTORAL
No
hebraico, “raah”, palavra que figura
por setenta e sete vezes, tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm
27.17; 1º Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36; 31.10; Ez
34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7) (CHAMPLIN, 2004,
p. 104). Muitas passagens, no AT, se referem aos líderes do povo de Deus como
pastores que agem sob a supervisão de Deus (Nm 27.17; 1º Rs 22.17). No NT, o pastor
é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. Assim como o
sacerdote é “o anjo do Senhor” (Ml 2.7) para Israel; o pastor é “o anjo da
igreja” (Ap 2.1). Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar
conta delas (Hb 13.17).
1.
A necessidade de um pastor para a igreja. Assim como era necessário na Antiga Aliança um
sacerdote sobre o povo de Israel, o pastor é essencial ao propósito de Deus
para sua igreja (At 20.28). O NT nos ensina que embora a igreja seja chamada de
“sacerdócio real”, dentre o povo, Deus escolheu pessoas e lhes deu dons de
liderança: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). A
igreja que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo
a mente do Espírito (1ª Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças
destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de
Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2ª Tm 1.13,14). Membros da
igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1ª
Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas
(2ª Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão
nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo
o propósito da piedade (1ª Tm 4.6,7).
2.
O pastor e as suas muitas atribuições.
Sua missão é múltipla e polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como
ensinador (2ª Tm 4.2), conselheiro (2ª Co 8.10), pregador (1ª Co 2.2),
evangelizador (Mt 28.19), missionário (At 15.35), profeta (1ª Tm 4.1), juiz de
causas complexas (At 15.1-31), fazer às vezes de psicólogo, conciliador (Fp
4.2; Fl 1.10-19), administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos
humanos sob seus cuidados, na igreja local (1ª Co 4.1; Tt 1.3; Tt 1.5); é
administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos
monetários, da igreja local (1ª Co 16.1-7; 2ª Co 9.1-14). Algumas outras atribuições
do pastor são:
2.1.
Cuidar da sã doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11).
2.2.
Ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1ª Ts 5.12; 1ª
Tm 3.1-5).
2.3.
Ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8).
3.4.
Esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb
12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31:
salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas
doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são
ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo
10.11-16; 1ª Pe 2.25; 5.2-4).
3.
Os pastores mestres. O ensino,
acompanhado do evangelismo, faz parte do original Grande Comissão de Cristo à
sua igreja (Mt 28.20). Tanto os apóstolos como os profetas eram mestres, e
nenhum pastor pode ser um verdadeiro pastor se não for apto para ensinar (1ª Tm
3.2,11). É interessante destacar que a frase “pastores e mestres” em Efésios
4.11 no original grego não consta o artigo “e”, razão pela qual alguns supõem
que isso salienta uma única “categoria” - pastores e mestres seriam aspectos da
mesma função. Inferimos que o pastor também deve ser mestre, pois boa parte do
seu trabalho é o ensino (CHAMPLIN, 2005, p. 601).
Deus
separou a tribo de Levi para as tarefas no templo. E, dessa tribo separou a
família de Arão para exercer o sacerdócio, função esta que tinha diversas atribuições
e que prefigura o ministério pastoral no NT. Deus, por meio de Cristo,
providenciou pastores a fim de liderar, instruir e edificar a Sua igreja aqui
na terra.
Lv
16.12-13 “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de
diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá
dentro do véu. 13- E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem
do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não
morra.”
Ap
5.6 “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e
entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e
sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7- E
veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. 8- E, havendo
tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se
diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso,
que são as orações dos santos. 9- E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és
de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; 10-
e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a
terra.”
Nesta
lição falaremos de um dos móveis que estava no lugar santo do tabernáculo: o
altar de incenso. Destacaremos detalhes a respeito deste utensílio e sua
finalidade; trataremos ainda sobre o incenso e o seu devido uso; por fim,
finalizaremos mostrando que há um altar de incenso no céu, para onde vão as
orações dos santos.
No
Antigo Testamento, o incenso era a oferenda mais preciosa e excelente que se
podia oferecer ao Senhor. Ali, no limiar do lugar Santíssimo, o sacerdote
entrava, com temor e tremor, para adorar a Deus com um incenso preparado
exclusivamente àquela ocasião.
Hoje,
o sacrifício mais sublime que devemos oferecer ao Senhor são as orações,
súplicas e ação de graças. Por esse motivo, o Senhor Jesus recomenda-nos a
entrar em nosso quarto, fechar a porta, e, no segredo de nossos aposentos,
oferecer clamores e ação de graças ao Pai Celeste (Mt 6.6-13).
I.
O ALTAR DE OURO - UM IMPORTANTE UTENSÍLIO DO TABERNÁCULO
Deus
revelou como deveria ser o tabernáculo com os seus móveis a Moisés no monte (Êx
25.9,40; 26.30). No entanto, para fabricação destes móveis, Deus capacitou,
pelo Espírito Santo, a Bezalel e a Aoliabe (Êx 31.1-6). Um destes móveis
construídos foi o altar de incenso (Êx 30.1). Abaixo destacaremos
especificamente algumas coisas a respeito do altar de ouro. Vejamos:
1.
O Lugar Santo. No Lugar Santo,
ficavam três mobílias: o candelabro, à esquerda de quem entrava; a mesa dos
pães da proposição, à direita; e, no limiar, entre o Lugar Santo e o
Santíssimo, bem em frente ao véu que os separava, estava o altar do incenso (Êx
26.35).
Há
algo muito importante que devemos considerar. Embora o altar de incenso
estivesse no Lugar Santo, era considerado também parte da mobília do Santo dos
Santos juntamente com a arca da aliança (Hb 9.1-10).
2.
O altar do incenso. Deus mostrou a
Moisés que este altar deveria ser:
1.1.
De madeira de acácia (Êx 30.1).
1.2.
Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a
“45 cm de largura e 90 cm de altura” (Êx 30.2).
1.3.
Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3).
1.4.
Deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2).
1.5.
Duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o tabernáculo,
quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27).
1.6.
Uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b).
3.
Localização (Êx 30.6). Diferente do
altar do holocausto que ficava no pátio do tabernáculo, o altar de incenso
ficava no interior deste, precisamente no “lugar santo”, em frente ao véu que
dava acesso ao santíssimo lugar: “E o porás diante do véu que está diante da
arca do testemunho, diante do propiciatório…” (Êx 30.6). O altar do incenso
relacionava-se mais estreitamente com o lugar santíssimo do que com os demais
móveis do lugar santo. É descrito como o altar “que está perante a face do
Senhor” (Lv 4.18). A localização deste utensílio era tão próxima do Lugar
Santíssimo, que fez o escritor aos hebreus considerá-lo como pertencente a este
(Hb 9.3,4).
4.
A cerimônia. O incenso só
podia ser queimado com as brasas do altar de bronze (Lv 16.12). E, já de posse
destas, o sacerdote aproximava-se do altar de ouro para queimar o incenso no
altar de ouro. Dessa forma, a nuvem do incenso cobria o propiciatório,
mostrando à Casa de Israel o favor divino (Lv 16.13).
Observemos
que, antes de achegar-se ao altar de ouro, o sacerdote tinha de passar,
necessariamente, pelo altar de bronze. Isso significa que, sem o sangue de
Cristo, jamais teremos acesso ao trono da graça (Hb 9.12).
5.
Finalidade (Êx 30.7-10). O altar de ouro
foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx
30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de
sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era
purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx
30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no
tempo aprazado (Êx 30.7,8). Era neste altar que Deus se encontrava
particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b).
II.
O INCENSO SAGRADO PARA SER QUEIMADO NO ALTAR DE OURO
O
incenso era feito de uma substância aromática que, quando era queimada, exalava
um odor agradável.
1.
Quem podia oferecer o incenso (Lv 2.2). Somente os sacerdotes estavam habilitados para a
queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8). Com a multiplicação do
número de sacerdotes, havia uma escala para a queima do incenso (Lc 1.9-a).
Quando o rei Uzias intentou queimar incenso, assumindo a função sacerdotal, foi
ferido com lepra pelo Senhor (2 Cr 26.19). Aqueles que tentaram usurpar a
função sacerdotal da oferenda de incenso foram punidos com a morte, como o caso
de Corá, Datã e Abirão (Nm 16.31-33), ou com doenças, como Uzias (2Cr 26.19), e
até mesmo os sacerdotes que ofereceram incenso indevidamente foram mortos (Lv
10.1,2). Enquanto o sacerdote entrava no Lugar Santo para queimar o incenso, o
povo ficava do lado de fora do tabernáculo ou do templo em oração (Lc 1.9-b).
2.
O tempo da queima do incenso (Êx 30.7,8). Haviam tarefas diárias no tabernáculo para o
sacerdote, e uma delas era a queima do incenso, que deveria ocorrer pela manhã
(Êx 30.7), e novamente à tarde (Êx 30.8). No Dia da Expiação, o sumo sacerdote
oferecia o incenso composto em um incensário sobre a Arca (Lv 16.12,13).
3.
A composição do incenso (Êx 30.34-36).
O incenso destinado ao altar de ouro não podia ser usado indistintamente; era
de uso exclusivo do Senhor (Êx 30.38). O incenso que era oferecido ao Senhor
era composto de ingredientes especiais, a saber: “estoraque, e onicha, e
gálbano” (Êx 30.34). Estas especiarias aromáticas deviam ser moídas junto com
incenso para ser queimado no altar de ouro, coisa santíssima era (Êx 30.36). A
receita do perfume não constituía nenhum segredo. Todavia, se alguém o
reproduzisse para uso profano seria punido severamente.
4.
Advertências acerca do incenso (Êx 30.37,38). O povo de Israel, foi orientado a não reproduzir o
incenso do culto levítico, pois este era santo, ou seja, separado
exclusivamente para o Senhor (Êx 30.37), e aquele que tentasse fabricar essa
especiaria para cheirar, deveria receber como punição a morte: “o homem que
fizer tal como este para cheirar, será extirpado do seu povo” (Êx 30.38). Outra
forma condenável de queimar incenso também era quando o povo o fazia a outros
deuses e não ao Senhor (Jr 44.5,8,15,17; Os 2.13).
IV.
O ALTAR DE OURO E O INCENSO E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Quando
Deus ordenou a Moisés que construísse o tabernáculo conforme o modelo que lhe
foi mostrado no monte (Êx 25.9,40; 26.30), o escritor aos hebreus disse que o
tabernáculo terrestre é uma figura do tabernáculo celeste (Hb 8.5). O apóstolo
João confirmou essa interpretação, no livro do Apocalipse, quando foi
arrebatado ao céu viu um altar de incenso perante o Senhor: “E veio outro anjo,
e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito
incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro,
que está diante do trono” (Ap 8.3). Tradicionalmente, o incenso é o símbolo da
oração, do louvor (Lv 16.12,13; Sl 141.2; Lc 1.9,10). Como o incenso é colocado
no altar pelo homem, e ao queimar, sobe até Deus. Da mesma forma, nossas
orações começam em nosso coração e ascendem aos céus até Deus. Abaixo
destacaremos algumas aplicações sobre o incenso na vida cristã:
1.
Quem pode oferecer o incenso. Na Antiga Aliança
apenas os descendentes de Arão estavam habilitados para a queima do incenso na
presença do Senhor (Êx 30.7,8; Lv 1.9). Na Nova Aliança a igreja é chamada de
“o sacerdócio real…” (1ª Pd 2.9). E, cada crente foi feito sacerdote (Ap 1.6;
5.10). Portanto, podemos entrar na presença de Deus para lhe oferecer incenso
que é o louvor e a oração que sobem a Sua presença como cheiro suave (Sl
141.2).
2.
O tempo da queima do incenso. O incenso deveria
ser queimado pela manhã pela tarde (Êx 30.8). Isso nos ensina que a oração deve
ser uma prática diária, sem cessar (Lc 18.1; Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1ª Ts
5.17).
3.
A composição do incenso. Cada uma das
especiarias que compunha o incenso sagrado (Êx 30.34-35) nos transmite verdades
espirituais acerca da adoração e da oração. Vejamos:
3.1.
O estoraque. O estoraque era
uma resina extraída sem precisar fazer incisão, ou seja, um corte. Ela brotava
do arbusto espontaneamente.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor que prestamos a Deus deve ser voluntário e não
forçado (Sl 54.6; 119.108).
3.2.
A onica ou onicha. Uma substância
extraída de certos tipos de moluscos, e que emite um aroma forte e penetrante,
quando queimado. O mar Vermelho exibe várias espécies desse molusco.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor não podem ser superficiais (Is 29.13; Jl 2.13),
mas devem partir do mais profundo da nossa alma (Sl 42.1; 103.1,2; 130.1).
3.3.
O gálbano. O gálbano é um
arbusto do deserto. Para ser extraído suas folhas deviam ser moídas e
quebradas.
Aplicação:
A adoração, a oração e o louvor deve brotar de um coração quebrantado e
contrito (Sl 34.18; 51.17).
4.
Advertências acerca do incenso.
As restrições quanto ao uso do incenso sagrado nos transmitem as seguintes
lições:
4.1.
Não podemos adorar a nós mesmos. A
palavra “autolatria” é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que
significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo,
“autolatria” significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é
conhecido como “egolatria”. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como:
Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14), o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21)
e Herodes (At 12.21-23).
4.2.
Não podemos adorar a ídolos. No Decálogo, os
dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à idolatria (Êx 20.3,4;
Dt 5.6-8). Esta ordem foi repetida em outras ocasiões (Êx 23.13,24; 34.14-17;
Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2º Rs 17.35,37,38). O Senhor Deus ordenou
também a destruição dos ídolos das nações que habitavam na terra de Canaã (Êx
23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3). A Palavra de Deus nos revela que quem oferece
sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2º Cr 11.15;
Sl 106.37; 1ª Co 10.20,21).
4.3.
O louvor e a adoração pertencem unicamente ao Senhor. O louvor como forma de adoração deve ser prestado
unicamente a Deus (Lv 22.29; Dt 10.21; Sl 150.6; Is 42.8). A Bíblia aponta
diversos motivos devemos louvar ao Senhor. Vejamos alguns:
(a)
Sua majestade (Sl 96.1,6).
(b)
Sua glória (Sl 138.5).
(c)
Sua excelência (Sl 148.13).
(d)
Sua grandeza (Sl 145.3).
(e)
Sua bondade e Suas maravilhas (Sl 107.8).
(f)
Sua fidelidade (Sl 89.1).
(g)
Sua longanimidade e veracidade (Sl 138.2).
(h)
Sua salvação (Sl 18.46).
(i)
Suas maravilhosas obras (Sl 89,5).
(j)
Suas consolações (Sl 42.5).
(l)
Seus juízos (Sl 101.1).
(m)
Seus conselhos eternos (Sl 16.7).
(n)
Sua proteção (Sl 71.6).
(o)
Seu livramento (Sl 40.1-3).
(p)
Porque Ele é digno (Sl 145.3).
(q)
por sua resposta às orações (Sl 28.6).
(r)
porque Ele perdoa pecados (Sl 103.1-3).
(s)
Porque Ele é bom (Sl 106.1).
(t)
porque é bom louvar ao Senhor (Sl 92.1).
V.
AS ORAÇÕES DOS SANTOS
As
orações dos santos, qual incenso precioso, são inimitáveis em seus efeitos. Eis
por que não podemos relaxar quanto à nossa comunhão com Deus.
1.
A receita para uma oração perfeita: nosso incenso. O Senhor Jesus, no Sermão da Montanha, entregou a
seus discípulos o modelo de uma oração perfeita (Mt 6.9-13). Ele exorta-nos
também a não imitarmos os gentios e hipócritas, pois estes imaginam que, pelo
seu muito falar, serão ouvidos (Mt 6.7).
Portanto,
fechemo-nos em nosso quarto, e, ali, no lugar santíssimo, falemos com o Pai
Celeste (Mt 6.5,6). E, dessa forma, entraremos com ousadia e confiança no trono
da graça (Hb 4.16). Pode haver incenso mais excelente do que a oração dos
santos? Além do mais, todas as nossas súplicas chegarão aos céus por intermédio
do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
Nossas
orações sobem a presença de Deus e são depositadas na presença de Deus como
incenso. Tal verdade deve nos motivar a buscarmos intensamente ao Senhor, pois
Ele está atento às orações dos santos.
2.
A oração como sacrifício ao Senhor.
O salmista, conhecendo perfeitamente a simbologia do incenso sagrado, assim
orou ao Senhor: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o
levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141.2). Quando nos
dedicamos integralmente ao Senhor, toda a nossa vida torna-se uma oferenda a
Deus (Ef 5.2; Fp 2.17; 2ª Tm 4.6).
3.
A oração dos santos na Grande Tribulação. No período da Grande Tribulação, logo após o
Arrebatamento da Igreja, haverá um grande número de mártires (Ap 9.9-17). Todos
estes, apesar da perseguição do Anticristo, atuarão como fiéis testemunhas de
Jesus Cristo. As orações desses santos serão recebidas nos céus como incenso de
grande valor (Ap 5.8; 8.3).
Ninguém
pode deter o poder de um santo que, no oculto de seu quarto, roga a intervenção
do Santo dos Santos (Tg 5.16). Irmãos, “Orai sem cessar” (1ª Ts 5.17).
Zacarias,
pai de João Batista, ao ser escolhido para queimar o incenso sagrado na Casa de
Deus, teve uma experiência que retrata ricamente por que o incenso, na Bíblia,
simboliza a oração dos santos. Foi ali, no lugar Santíssimo, se levarmos em
consideração Hebreus 9.2, que teve a sua oração respondida (Lc 1.5-23). Sua
experiência com o Senhor foi completa. Ele viu o anjo, ouviu deste o anúncio
profético sobre a vinda do Messias, e, finalmente, sua velhice foi consolada
com a promessa de um filho, que seria o precursor do Filho de Deus.
Levítico
16.16-18 “Assim, fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos
filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e,
assim, fará para a tenda da congregação, que mora com eles no meio das suas
imundícias. 17- E nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele
entrar a fazer propiciação no santuário, até que ele saia; assim, fará expiação
por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel. 18- Então
sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por ele; e tomará do
sangue do novilho e do sangue do bode e o porá sobre as pontas do altar ao
redor.”
O dia da
expiação era considerado o maior de todos os dias no calendário judaico. Neste
dia o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo, levando sangue para fazer
sacrifício por si mesmo e pelo povo.
I.
O QUE SIGNIFICA EXPIAÇÃO
A palavra
“expiação” (heb. kippurim, derivado de kaphar, que significa
“cobrir”) comunica a ideia de cobrir o pecado mediante um “resgate”, de modo
que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido (note o
princípio do “resgate” em Êx 30.12; Nm 35.31; Sl 49.7; Is 43.3).
O Dia da
Expiação (Lv 23.27-28), também conhecido como Yom Kippur ou Dia do
Perdão, era o mais solene dia sagrado de todas as festas e festivais
israelitas, ocorrendo uma vez por ano no décimo dia de Tishrei, o sétimo mês do
calendário hebraico. Naquele dia, o sumo sacerdote devia realizar rituais elaborados
para expiar os pecados do povo. Descrito em Levítico 16.1-34, o ritual da
expiação começava com Aarão, ou sumos sacerdotes subsequentes de Israel,
entrando no Santo dos Santos. A solenidade do dia foi sublinhada por Deus
dizendo a Moisés para advertir a Arão que não entrasse no Santo dos Santos
sempre que quisesse, somente neste dia especial uma vez por ano para que não
morresse (v. 2). Esta não era uma cerimônia a ser tomada de ânimo leve, e as
pessoas deviam entender que a expiação pelo pecado deveria ser feita da forma
que Deus instruíra. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e
de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes
do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos
seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava
sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode
expiatório (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no
Lugar Santíssimo, para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o
propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada
pelos israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia
expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o
sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava
sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando
isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem
aniquilados no deserto (16.21, 22).
(1) O Dia da
Expiação era uma assembleia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava
diante do Senhor (16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do
pecado e o fato de que a obra divina da expiação era eficaz somente para
aqueles de coração arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30;
29.7).
(2) O Dia da
Expiação levava a efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não
expiados durante o ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da
mesma maneira.
II.
ENTRANDO NO LUGAR SANTÍSSIMO
Deus em Sua
perfeita sabedoria, e sabendo que nenhum dos Seus propósitos pode ser impedido,
nos revela, através das figuras dos sacrifícios do Antigo Testamento, que se
cumpriram na pessoa amada de Seu Filho Jesus Cristo, como tudo será alcançado
na eternidade. No dia da expiação de seus sacrifícios, temos o passo a passo de
como Deus alcança a Igreja, Israel e, por fim, as nações na eternidade (Ap
21.24).
1.
A ordem de Deus para Arão. Deus orienta Arão, através de Moisés,
que ele não poderia entrar no santuário em todo o tempo, para que não morresse
(Lv 16.2). Era necessário que Arão fizesse um sacrifício para entrar no
santuário, pois Deus aparecia numa nuvem sobre o propiciatório. Se não observado
o que Deus determinara, Arão morreria. A observância da liturgia deste dia
deveria ser seguida fielmente e nenhuma novidade podia ser acrescentada, não
era um dia para inovações. Neste capítulo, santuário é o Lugar Santíssimo, onde
ficava a arca e o propiciatório, e o Lugar Santo é chamado de tenda da
congregação (Lv 16.16).
A presença de
Deus é algo maravilhoso para o ser humano, mas as regras para que isto aconteça
devem ser observados, para que a bênção não se transforme em maldição. Se
alguma novidade fosse acrescentada ou alguma coisa fosse omitida, o dia da
expiação seria um dia para se lamentar a morte do sacerdote e não agradecer
pelo pecado ter sido expiado. Hoje a Igreja deve procurar observar o que Deus
diz em Sua Palavra e rejeitar todas as inovações que são contrárias as
Escrituras, que tem surgido com aparência de piedade, mas são uma verdadeira
afronta aos mandamentos divinos e apenas atraem uma grande multidão; o seu
objetivo não é glorificar a Deus, mas exaltar o homem. Temos o dever e a obrigação
de honrar a Palavra de Deus.
2.
O sacerdote banhava a sua carne. Era necessário
o sacerdote tomar um banho antes de vestir as roupas que oficiaria o ritual do
dia da expiação. A higiene, que era feita pelo sacerdote em tomar o banho, a
fala da pureza necessária para quem quer se aproximar do Senhor, e este banho é
uma figura do que a Palavra de Deus faz na vida do salvo. Paulo fala dessa
doutrina quando escreve a Tito, o que torna este ato no dia da expiação uma
ilustração do que acontece na vida espiritual: “Não pelas obras de justiça que
houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da
regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou
sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt 3.5-6). O Espírito Santo usa a
Palavra para a pureza do crente.
A Bíblia diz
que as cerimônias e os sacrifícios estabelecidos na lei são “sombra dos bens
futuros” (Hb 10.1). Jesus, no que concerne ao Seu ministério, Sua morte e Sua
ressurreição, quando empreende a perfeita obra da expiação, é pessoalmente puro
e imaculado, como nos afirma o apóstolo Pedro (1ª Pe 1.19). O próprio Senhor
Jesus afirmou que se santificou pelos Seus (Jo 17.19). O salvo pode contemplar
o seu Senhor em toda a Sua santidade, por Ele ser santificado pela verdade da
palavra de Deus e se aproximar da Sua presença.
3.
As vestes para entrar no santuário. Arão tinha que
vestir roupas de linho para entrar no santuário, a túnica, ceroulas, um cinto e
uma mitra (Lv 16.4), que eram vestes santas. O sumo sacerdote tirava as suas
vestes suntuosas e se vestia como os demais sacerdotes. As roupas dos demais
sacerdotes lemos em Levítico 8.13. O linho representa a justiça de Cristo e
retrata a pureza e o estado de limpeza cerimonial exigida por Deus para que o
sumo sacerdote pudesse se aproximar da Sua presença, simbolizando na arca do
concerto, no propiciatório sobre a arca e na sua glória ali presente. Tudo isso
para hoje podermos entender, pela revelação do Espírito Santo, quão grande foi
a obra que Jesus fez para nos conceder o privilégio de termos a glória de Deus
em nossa vida.
Quando o sumo
sacerdote Arão despede-se de suas maravilhosas vestes e se adorna com as roupas
de linho, como os demais sacerdotes, é como sombra do que Jesus fez, como escreve
Paulo aos filipenses: “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens.” (Fp 2.7). Jesus veio como homem para
realizar a obra da expiação. Foi um ato de humilhação (Fp 2.8), pois se
esvaziou de toda a Sua glória e como um de nós andou neste mundo para morrer na
cruz. Como depois Arão voltava a vestir as suas pomposas vestes, também Jesus
hoje está revestido de glória e de honra. Este ato de despir-se só era
necessário durante a cerimônia do dia da expiação, e foi o que Jesus também
realizou, quando se fez carne.
III.
A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO
1. A
necessidade da expiação surgiu do fato que os pecados de Israel (16.30), caso
não fossem expiados, sujeitariam os israelitas à ira de Deus (cf. Rm 1.18; Cl
3.6; 1ª Ts 2.16). Por conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um
sacrifício de amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não
tivessem sido expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que
findava. Dessa maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano
precedente, afastaria a ira de Deus contra ele e manteria a sua comunhão com
Deus (16.30-34; Hb 9.7).
2. Porque Deus
desejava salvar os israelitas, perdoar os seus pecados e reconciliá-los consigo
mesmo, Ele proveu um meio de salvação ao aceitar a morte de um animal inocente
em lugar deles (o animal que era sacrificado); esse animal levava sobre si a
culpa e a penalidade deles (17.11; cf. Is 53.4,6,11) e cobria seus pecados com
seu sangue derramado.
IV.
A EXPIAÇÃO DO SANTUÁRIO
Arão entrava no
santuário com um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto
(Lv 16.3). Ele não tinha permissão de entrar no Lugar Santíssimo com
frequência, por isso, havia a necessidade de ser purificado antes de oferecer
sacrifício pelo povo (Lv 16.2).
1.
A expiação pela sua casa. Arão realizava o sacrifício por si e
pela sua casa (Lv 16.11). Deus em Seu cuidado com o sumo sacerdote ordena que
um novilho seja oferecido como sacrifício para expiação, e, como Arão tinha que
entrar no Lugar Santíssimo, era também necessário encher o local com fumaça.
Arão tomava o incensário, cheio de brasa do fogo do altar, com os punhos cheios
de incenso aromático. Todo esse ritual era essencial que fosse realizado, pois,
qualquer desvio, a morte viria sobre o oficiante. Deus provê toda a segurança
para os que se achegam a Ele, porém, deve ser feito da maneira como Ele
determina, e este princípio permanece em nossos dias. Não podemos ver a obra de
Deus de modo diferente. O ensino bíblico exige que obedeçamos ao que diz a
Palavra de Deus, para nossa segurança e bênção para a nossa família.
O sangue do
sacrifício era espargido sobre a face do propiciatório para a banda do oriente
sete vezes (Lv 16.11). Todo esse belo ritual era perante o Senhor (Lv 16.13). O
fogo que era trazido para dentro do santuário e aceito pelo Senhor era fogo do
altar onde o sangue era derramado, pois, Deus não aceita outro fogo em Sua
presença. Vivemos dias nos quais muitos estão trazendo fogo estranho à presença
de Deus. O sangue sobre o propiciatório tornava o ofertante propício a Deus,
isto é, permitia que o homem se aproximasse de Deus. Era necessário ser
espargido sete vezes, que é o número da perfeição espiritual. Assim como Arão
fazia expiação por si e pela sua casa, hoje, da mesma forma, Deus quer abençoar
as famílias (Lv 16.11).
2.
A expiação pelo povo. Para expiação pelo povo um bode deveria ser
degolado (Lv 16.15). Em todos esses detalhados rituais o sacerdote entrava
sozinho na presença de Deus no Lugar Santíssimo, simbolizando o sacrifício da
Nova Aliança que Jesus fez por nós, estando sozinho quando fez a expiação pelos
pecados do mundo. A segurança do oficiante não estava em seus sentimentos, mas
em cumprir o que Deus estabelecera e assim sempre será no nosso relacionamento
com Deus. A nossa segurança não está no que achamos ou pensamos, mas em
obedecer ao que o Senhor estabelece para ser feito através da Sua bendita
Palavra.
A expiação pelo
povo era efetuada pelo sacrifício do bode da expiação (Lv 16.15), e também pelo
bode vivo que era enviado ao deserto (Lv 16.21). Esses dois bodes representam
dois aspectos das obras que Jesus fez pelo homem, em perdoar os seus pecados e
levar sobre si os nossos pecados, como nos ensina a Palavra de Deus (1ª Pe
2.24).
3.
A expiação pelo santuário. Era também necessário fazer expiação
pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel (Lv 16.16). Os
pecados ou atos involuntários do povo contaminavam o santuário que estava no
meio deles, o que impedia a habitação do Senhor no acampamento de Israel. Em
toda a liturgia realizada pelo sumo sacerdote há um grande ensino para a Igreja
acerca de como o Senhor trabalha para a purificação de todas as coisas.
Esse ato era
repetido anualmente, pois o sangue de bodes e bezerros não pode purificar a
consciência do homem das obras mortas (Hb 9.11-14). Em todo o ritual do dia da
expiação, o incenso era oferecido ao Senhor dentro do Lugar Santíssimo,
simbolizando o bom odor do sacrifício que é oferecido a Deus, tipificando o
sacrifício de Jesus Cristo aceito por Deus. Agora não há mais a necessidade de
repetir o sacrifício anualmente porque Jesus realizou uma obra perfeita e
eterna (Hb 9.11).
V.
O HOLOCAUSTO APÓS A EXPIAÇÃO
O holocausto é
um sacrifício de adoração e Deus deve ser adorado em todas as circunstâncias e
em todos os momentos de nossa vida. Após a liturgia, era preparado o holocausto
pelo sumo sacerdote e pelo povo (Lv 16.24), para fazer expiação por si e pelo
povo.
1.
As vestes depois do sacrifício. Para realizar
todo o ritual do dia da expiação Arão despia das suas vestes e vestia as vestes
santas de linho, mas, após a realização de toda a liturgia necessária do dia da
expiação, ele se banhava e tornava a vestir os seus vestidos magnificentes (Lv
16.23-24). Com os seus vestidos chegava perante o Senhor com o holocausto por
si e pelo povo. Uma perfeita figura do que Jesus fez e faz diante do Senhor
Deus. Ele se apresenta ao Pai após a obra da redenção por Ele efetuada (Jo
20.16-17).
Segundo o
comentarista M. Ryerson Turnbull, o sacerdote se vestia, não nas roupagens
brilhantes e multicores do seu ofício, mas numa simples vestimenta do mais puro
linho branco. O branco simboliza pureza absoluta. A ausência de adornos na
vestimenta de linho significava humilhação pelo pecado (Êx 33.5-6). Em Sua
oração, Jesus disse que se santificaria para que Seus discípulos fossem
santificados (Jo 17.19). Após consumada a obra, Ele recebe a glória que tinha
antes (Jo 17.5).
2.
O homem que levou o bode emissário. Aquele que
levava o bode emissário (bode expiatório), para poder voltar a entrar no arraial,
precisava lavar os seus vestidos e banhar a sua carne, pois estivera em contato
com o animal que simbolicamente levava o pecado do povo. Ele se tornava
cerimonialmente impuro por levar o animal para o deserto (Lv 16.26).
Segundo Russell
Norman Champlin: “Nos dias do segundo templo, tal homem precisava ficar na
última cabana, a pouco mais de um quilômetro e meio de Jerusalém, até o
pôr-do-sol, quando então podia voltar ao convívio social”. O pecado é um mal
que o mais simples contato contamina o homem e o torna impossibilitado de
permanecer no acampamento do Senhor: Este homem que leva o bode para o deserto
é um exemplo da malignidade do pecado e o quanto o mesmo aborrece a Deus. Na
sua purificação, necessária para a sua entrada no arraial, podemos agradecer a
Deus por ter realizado tudo para que pudéssemos retornar para o acampamento, e
desfrutar da Sua grandiosa presença em nossa vida pelo Seu Espírito que Ele nos
concedeu.
3.
Um estatuto perpétuo. No dia da expiação, em que eram feitos sacrifícios
pela classe sacerdotal e também pelos leigos, vemos a universalidade do pecado.
Os sacrifícios do dia da expiação tornavam abundantemente claros como Deus
detesta o pecado, que traz consigo o desespero e a morte para o homem. Deus
estabelece esta cerimônia como um estatuto perpétuo: o sacrifício da expiação
para que o israelita tivesse sempre a consciência do pecado e como este afeta o
relacionamento entre Deus e o homem. A obra de Cristo tem para o cristão este
caráter de ser uma obra perpétua.
Agora, com o
sacrifício do dia da expiação e estabelecendo-o como um estatuto perpétuo, Deus
está providenciando para o Seu povo uma condição para que o pecado seja expiado
e, consequentemente, ele fala sobre um sábado de descanso (Lv 16.31). Deus
descansou no sétimo dia, pois o pecado não havia ainda entrado no mundo e este
“sábado de descanso” é uma profecia que Deus um dia estabelecerá um sistema
onde o pecado não mais existirá.
VI.
CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO
1.
Jesus o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No NT, o autor de Hebreus realça o
cumprimento, no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação (ver Hb 9.6; 10.18)
1.1. O fato de
que os sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles
eram provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria
para remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28;
10.10-18).
1.2. Os dois
bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação
consumados por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e
sacrificial de Cristo pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm
3.24-26; Hb 9.11, 12, 24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando
os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a
culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb
9.26).
1.3. Os
sacrifícios no Dia da Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não a
remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a
expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que
remove o pecado de modo permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como sacrifício
perfeito (Hb 9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm
3.25,26; 6.23; Gl 3.13; 2ª Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que
afasta a ira de Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura nossa comunhão
com Ele (Rm 5.6-11; 2ª Co 5.18,19; 1ª Pe 1.18,19; 1ª Jo 2.2).
1.4. O Lugar
Santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação,
representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após
sua morte e, com seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono
de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28).
1.5. Visto que
os sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo
pecado e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de
sacrifícios de animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18).
Permaneçamos
nos mandamentos do Senhor para o nosso próprio bem e para que o nome do nosso
Deus seja glorificado. Temos essa responsabilidade sobre os nossos ombros, pois
somente a Igreja do Senhor é o povo cujo pecado foi expiado e encontrou
salvação na pessoa de Jesus Cristo.
Levítico 23.4-6; 25.8 “Estas são as solenidades do
Senhor, as santas convocações, que convocareis no seu tempo determinado: 5- No
mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor. 6- E, aos
quinze dias deste mês é a Festa dos asmos do Senhor: sete dias comereis asmos.”
25.8 “Também contarás sete semanas de anos, sete
vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão
quarenta e nove anos.”
Desde a queda do homem, Deus trabalha para que o ser
humano obtenha a libertação do pecado, para servi-Lo e adorá-Lo, pois é o
grande propósito do Senhor Deus para o homem.
I. FESTAS: DA PÁSCOA AO PENTECOSTES
Estudaremos as quatro primeiras festas: Páscoa,
Festa dos Asmos, Primícias e Pentecostes; fazendo a aplicação a momentos que
marcaram as histórias de Israel e da Igreja e como seu cumprimento se realizou
na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Elas nos ensinam o que o nosso
Deus faz para alcançar a comunhão com o Seu povo.
1. A Páscoa e a Festa dos Asmos. A Páscoa tem o seu cumprimento no
sacrifício de Jesus na cruz do Calvário e o apóstolo Paulo afirma: “Alimpai-vos
do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem
fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” (1ª Co 5.7).
Sabemos que o fermento é símbolo do pecado na Bíblia e nessas duas festas o
fermento não podia ser achado nas casas dos judeus, simbolizando a santidade
representada nessas duas festas. Na Páscoa temos a pessoa de Jesus morrendo e
na Festa dos Asmos temos uma figura do cristão se oferecendo a Deus (1ª Co
15.31).
A palavra Páscoa no hebraico é “pasach”, significa
“saltar por cima”, “passar sobre”. Nesta festa a família estava ao redor do
cordeiro, que tinha que ser assado. Conforme tudo o que Deus falava a Moisés. A
nação de Israel deveria comemorar a Páscoa anualmente, pela libertação do
Egito, e depois seguia-se a Festa dos Asmos, onde uma oferta queimada também
era oferecida diariamente ao Senhor durante sete dias (Lv 23.8). A Páscoa
deveria ser comida apressadamente, com ervas amargosas e pães asmos (Êx
12.8-12), significando que o salvo deve estar sempre pronto para sair deste
mundo para ir ao encontro do Senhor. Na Páscoa, Deus estabeleceu um novo início
para Israel (Êx 12.2), como também quando aceitamos a Cristo passamos a ser uma
nova criatura (2ª Co 5.17).
2. A Festa das Primícias. Esta era uma festa para ser
comemorada quando eles estivessem em Canaã (Lv 23.10). Um molho das primícias
da colheita deveria ser trazido ao Senhor e dessa maneira eles seriam aceitos
diante de Deus (Lv 23.11). Esse molho era uma oferta de movimento e era a
colheita da cevada, que era anterior à colheita do trigo. Essa festa é o
símbolo da ressurreição de Jesus Cristo que, após morrer e ressuscitar, nos
tornou aceitos diante do Senhor Deus. Com a Sua morte e ressurreição Jesus
Cristo torna o homem, que crê na obra que Ele realizou, agradável perante Deus.
Eles não tinham terra no Egito e nem no deserto, mas
esta festa os vê na Terra Prometida que o Senhor os deu. A Igreja não tem
herança aqui na Terra, mas recebeu como herança do Senhor todas as bênçãos
espirituais (Ef 1.3). Tudo nos foi dado por graça e não por mérito. As bênçãos
nos foram dadas pelo mérito do Senhor Jesus Cristo. Este propósito de Deus para
com a Igreja se tornou possível através de Sua própria graça para Seu louvor e
glória (Ef 1.6).
3. A Festa de Pentecostes. Era celebrada cinquenta dias depois
da Páscoa. Esta festa também era chamada de Festa das Semanas (Êx 34.22).
Pentecostes vem da palavra grega “pentekosté” que significa
“quinquagésimo”. Nesta festa dois pães eram trazidos para oferta de movimento.
Esta festa tem o seu cumprimento na história humana no dia de Pentecostes com o
derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, no seu início. Os dois pães
apresentados são um simbolismo dos judeus e gentios, que são unidos através do
Espírito Santo para formarem a Igreja do Senhor. Esta era uma festa de
agradecimento a Deus pelo início da colheita do trigo.
A Festa de Pentecostes é a festa em que era
permitido o fermento na preparação dos pães (Lv 23.17). Na oferta movida eram
oferecidos os pães com os dois cordeiros. O texto nos diz que eram santidade ao
Senhor para o sacerdote (Lv 23.20).
II. FESTAS - DAS TROMBETAS À DOS
TABERNÁCULOS
As festas em Israel eram oportunidades de adoração
coletiva. Todo o povo era convocado a deixar, nos dias estabelecidos, as
atividades regulares do dia a dia, a fim de se dedicar exclusivamente à
adoração a Deus e à celebração do que Ele tinha feito por eles. O povo não
deveria se esquecer que pertencia ao Senhor Deus e, assim, deveria cultivar
constantemente comunhão com Ele.
1. A Festa das Trombetas. A festa das Trombetas ainda terá o
seu cumprimento na história da nação de Israel, pois representa a convocação da
nação: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês,
tereis descanso, memória de jubilação, santa convocação.” (Lv 23.24). Havia
duas trombetas, que deveriam ser tocadas em algumas situações, e uma delas era
para o ajuntamento da congregação (Nm 10.3). Quando da ocasião do
arrebatamento, o som da trombeta estará presente (1ª Ts 4.16), ou seja, Jesus
levando a Sua Igreja e Deus voltando a trazer Israel para os Seus propósitos e
trabalhando a conversão da nação (Rm 11.26).
As três últimas celebrações eram comemoradas no
sétimo mês. A Festa das Trombetas dava início à sequência dessas três últimas,
que no nosso calendário equivale aos meses de setembro e outubro. Esta festa
também tem o seu sentido simbólico, pois a nação de Israel, por causa do seu
abandono ao Senhor Deus, foi espalhada entre as nações do mundo. A
incredulidade de Israel os levou à dispersão, mas Deus os ajuntará novamente em
sua terra nos últimos dias, quando se cumprirão as profecias dos profetas do
Antigo Testamento, que profetizaram a respeito dessa época, quando o povo
voltará para a terra da promessa (Is 60.8-9).
2. O Dia da Expiação. Na lição anterior estudamos sobre a
liturgia referente a este dia e algumas de suas aplicações simbolicamente na
vida da igreja, mas ela aponta, também, para a conversão nacional de Israel,
quando o pecado da nação será expiado e toda a nação se converterá ao Senhor.
Esta conversão é relatada pelo profeta Ezequiel. Será a conversão nacional dos
israelitas que viverem quando Jesus Cristo voltar com a Sua Igreja para reinar
neste mundo. O profeta Ezequiel teve esta visão em suas profecias, relatadas no
livro de sua autoria: “E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito
entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.”
(Ez 37.10).
O Dia da Expiação apresenta dois simbolismos
bastante importantes: a nação de Israel será reunida e também será purificada.
O remanescente de Israel que sobreviverá ao período da grande tribulação se
converterá e aceitará o Messias, Jesus Cristo, e se cumprirá a profecia que o
próprio Jesus proferiu já nos dias finais do Seu ministério terreno: “Porque eu
vos digo que, desde agora, me não vereis mais, até que digais: Bendito o que
vem em nome do Senhor.” (Mt 23.39).
2.3. A Festa dos Tabernáculos. Esta era a última das festas anuais
de Israel e lembra a nação as bênçãos que lhe foram concedidas no passado (Lv
23.43). A Festa dos Tabernáculos era um período de alegria e regozijo para a
nação, que assim podia festejar, pois era logo após ao dia da expiação, que
representava o dia do perdão nacional. Aprendemos que aqueles que desejam a paz
e alegria sem a santidade não alcançarão os seus objetivos.
Nesta festa o povo habitava sete dias em tendas (Lv
23.42), que os levava a lembrar das tendas que habitaram durante a travessia do
deserto por quarenta anos. Esta festa era uma comemoração da última colheita em
que a nação descansava, apontando profeticamente para o descanso milenar
(reinado de mil anos de Cristo na terra). Deus nos ensina por meio dessas
festas que Ele deseja ter uma íntima relação com o Seu povo e, para os que lhe
obedecem, Ele tem bênçãos físicas como também espirituais e essas bênçãos devem
ser celebradas diante do Senhor com alegria e gratidão.
III. O ANO DO JUBILEU
O termo em hebraico “yowbel” (Lv 25.10), que
é traduzido por jubileu tem o significado, entre outros, de “chifre de carneiro”.
O ano do jubileu (marcado pelo sopro das trombetas, de acordo com o Strong’s
Dictionary), era o ano da libertação, o ano em que cada um tornava à sua
possessão e à sua família (Lv 25.10). Era um ano em Israel de liberdade na
terra a todos os seus moradores.
1. Resgatado por um parente. O texto afirma que, se alguém,
empobrecendo, vendesse alguma porção da sua possessão, seu parente mais próximo
poderia resgatar a propriedade. Se a pessoa não tivesse resgatador, e sua mão
alcançasse o que bastava para o resgate, também podia efetuar o pagamento. O
valor do preço do resgate era calculado conforme o número de anos desde o
jubileu. Este resgate era para o caso de propriedades e de pessoas que fossem
vendidas (Lv 25.8-55).
É importante observar o que se encontra no texto de
Levítico 25.19-22, que fala do descanso da terra no ano sétimo, pois foi
mencionada a não observância deste mandamento para o estabelecimento dos
setenta anos do cativeiro babilônico (2Cr 36.21). No sexto ano, a bênção viria
por três anos (Lv 25.21). Serviria para sustentar no ano sexto, sétimo e
oitavo. No ano oitavo, eles voltavam a plantar e colhiam no ano nono.
2. O resgatador tinha que ter condição de
pagar o resgate. Para que o resgate fosse realizado pela própria pessoa ou por um parente
seu, teria que ter o suficiente para pagar o preço exigido pelo resgate que era
calculado com os anos que faltassem para o ano do jubileu. No livro de Rute
podemos encontrar em detalhes como era realizado este preceito na nação
israelita (Rt 2.20; 3.12-13; 4.1-12). A Bíblia detalha neste capítulo as várias
situações que poderiam acontecer entre o povo e como procedia o resgate em cada
situação. Havia situações em que uma propriedade não seria resgatada no ano do
jubileu, como o caso de casas em cidades muradas, que só poderiam ser
resgatadas no primeiro ano (Lv 25.29).
O homem pecou e tornou-se escravo do pecado e do
diabo e, de sua própria mão, nunca alcançaria a condição para ser livre dessa
escravidão ou algum parente seu poderia pagar esse resgate (Sl 49.7-8). Jesus,
ao fazer carne, se tornou o nosso parente e pagou o alto preço do nosso resgate
com o Seu próprio sangue, o sangue de um cordeiro imaculado, rasgando a cédula
que nos era contrária e nos tornou livres da escravidão do pecado e daquele que
tinha o império da morte (Cl 2.14; 1ª Pe 1.18-19).
3. O resgatador tinha que querer fazer o
resgate. O resgatador não apenas precisava ter condição de pagar o resgate, mas
também tinha que desejar fazê-lo. Essas condições eram necessárias para ser
resgatador. Tudo isso se cumpriu na pessoa de Jesus! Ele, e somente Ele, pode
realizar a maravilhosa obra de salvação do homem. Ele mesmo disse que veio
buscar e salvar o homem (Lc 19.10). O ano do jubileu era o ano do toque da
trombeta: aconteceu com o crente alcançando a libertação, acontecerá também com
a nação de Israel e, na eternidade, com toda a criação (Ap 21.24).
No livro de Rute havia um resgatador que tinha a
prioridade em relação a Boaz, mas, temendo ser prejudicado, recusou fazê-lo (Rt
4.6). Esse resgatador pode ser comparado à lei, que nada pode fazer pelo homem
pecador, já Boaz é uma figura de Cristo, que pode resgatar o homem por meio da
graça. Alei só é útil para quem não peca, mas onde o pecado existe, a lei diz
“morrerá”; já a graça é capaz de perdoar o pecador e conduzir o homem até a
presença de Deus. Rute resgatada é uma figura da Igreja, uma gentia que alcança
a bênção através de um judeu (Jo 4.22).
Deus estabeleceu preceitos e normas para Israel
viver uma vida socialmente agradável e também que a terra viesse a produzir o
melhor para eles, mas Israel se afastou do Senhor. Hoje a Igreja tem a promessa
de bênçãos espirituais, devemos com fé tomar posse do que nos é dado pelo
Senhor Jesus.
Êx
34.18-29 “A Festa dos Pães Asmos guardarás; sete dias comerás pães asmos, como
te tenho ordenado, ao tempo apontado do mês de abibe; porque no mês de abibe
saíste do Egito. 19- Tudo o que abre a madre meu é; até todo o teu gado, que
seja macho, abrindo a madre de vacas e de ovelhas; 20- o burro, porém, que
abrir a madre, resgatarás com um cordeiro; mas, se o não resgatares,
cotar-lhe-ás a cabeça; todo primogênito de teus filhos resgatarás. E ninguém
aparecerá vazio diante de mim. 21- Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia,
descansarás; na aradura e na sega descansarás. 22- Também guardarás a Festa das
Semanas, que é a Festa das Primícias da sega do trigo, e a Festa da Colheita no
fim do ano. 23- Três vezes no ano, todo macho entre ti aparecerá perante o
Senhor Jeová, Deus de Israel; 24- porque eu lançarei as nações de diante de ti
e alargarei o teu termo; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para
aparecer três vezes no ano diante do SENHOR, teu Deus. 25- Não sacrificarás o
sangue do meu sacrifício com pão levedado, nem o sacrifício da Festa da Páscoa
ficará da noite para a manhã. 26- As primícias dos primeiros frutos da tua
terra trarás é casa do SENHOR, teu Deus; não cozerás o cabrito no leite de sua
mãe. 27- Disse mais o SENHOR a Moisés: Escreve estas palavras; porque, conforme
o teor destas palavras, tenho feito concerto contigo e com Israel. 28- E esteve
Moisés ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem
bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos.
29- E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas
tábuas do Testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que
a pele do seu rosto resplandecia, depois que o SENHOR falara com ele.”
Nesta
lição, veremos informações sobre a Festa da Páscoa como o seu nome, sua data,
seus participantes bem como os elementos desta cerimônia judaica e sua
aplicabilidade para a Igreja hoje. Estudaremos também sobre a quarta festa de
Israel que é Pentecostes onde pontuaremos informações sobre o seu nome, o seu
objetivo, e a sua comemoração para o povo judeu com sua correlação com a noiva
de Cristo.
Sem
a Páscoa não pode haver Pentecostes. E, sem o Pentecostes, a Páscoa perde a sua
eficácia. Isso significa que duas são as experiências indispensáveis ao
discípulo de Jesus: a salvação e o batismo com o Espírito Santo.
I.
A FESTA DA PÁSCOA
1.
O nome da festa. A palavra
portuguesa “Páscoa” é usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico,
é chamada “Pêssach”, que significa: “saltar por cima”, ou “passar por
sobre”. Esse nome surgiu em face do registro bíblico de que o anjo da morte, ou
anjo destruidor, passou por sobre as casas marcadas com o sangue do cordeiro
pascal, e matou os primogênitos do Egito: “E aquele sangue vos será por sinal
nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não
haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êx
12.23 ver Dt 6.20-25).
2.
A data da festa. O nome hebraico do
mês que aconteceu a primeira Páscoa foi em Abibe, que significa “espigas
verdes”.
Corresponde
à Março-Abril em nosso calendário. Durante o Exílio babilônico foi substituído
pelo nome Nissã que significa “começo, abertura” (Ne 2.1). Ainda hoje o ano
civil começa no outono, com a Festa das Trombetas (Lv 23.24; Nm 29.1), chamado
“Rosh hashanah” que significa “cabeça do ano”, “ponta do ano”, ou
“início novo” (ano novo).
3.
Os participantes da festa. O registro bíblico
nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia familiar: “Falai a toda a congregação
de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo
as casas dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx 12.3). Quando a família
fosse pequena demais deveria unir-se a outra. De acordo com a tradição judaica,
a expressão “pequena demais” significava com menos de dez pessoas. Eles deviam
calcular quanto cada um poderia comer e assim determinar se deviam se reunir
com alguma outra família (Êx 12.4). O estrangeiro também poderia participar
desde que fosse circuncidado (Êx 12.43-49).
4.
Os elementos da festa. Os participantes
da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão.
Conforme
o registro bíblico, a festa da Páscoa deveria ser preparada com os seguintes
elementos: um cordeiro ou cabrito, pães asmos, ervas amargas e o sangue do
cordeiro que deveria ser aplicado na verga e nos umbrais da porta. Cada um dos
componentes desta celebração tinha um sentido literal e espiritual (Êx
12.24-27).
II.
ELEMENTOS EXIGÊNCIAS PARA A FESTA DA PÁSCOA TIPOLOGIA
1.
Cordeiro. Este animal
deveria ser: macho, de um ano, e sem mancha (Êx 12.5). Os hebreus deveriam
avaliar o cordeiro durante quatro dias (Êx 12.3,6).
Este
cordeiro substituiria o primogênito de cada família dos hebreus (Êx 12.12,13) e
dos animais (Êx13.1,2,12-15 ver Mt 27.45-50).
2.
Sangue. Os hebreus
deveriam sacrificar o cordeiro no décimo quarto dia no período da tarde (Êx
12.6) e colocar o sangue na verga e nos umbrais da porta (Êx 12.7).
O
sangue no umbral e nas vergas das portas serviria como sinal para livramento
(Êx 12.12,13). O Sangue representa a expiação (Hb 9.22; 11.28).
3.
Pães asmos. Os pães asmos é
um pão assado sem fermento e feito somente de farinha de trigo e água (Êx
12.8).
A
farinha amassada sem ter recebido o fermento simboliza pureza (Mt 16.11; Mc
8.15).
4.
Ervas amargas. A tradição
judaica menciona alface, escarola, chicória, hortelã e dente-de-leão (Êx 12.8).
As
ervas amargas deveriam ser comidas para recordar a opressão do Egito (Êx 1.14;
12.8).
III.
APLICABILIDADE DA FESTA DA PÁSCOA PARA A IGREJA
Embora
a celebração da festa da Páscoa seja uma ordenança divina para aos judeus (Êx
12; Nm 9.2,4; Dt 16), ela tem um profundo significado para o cristão por
representar a obra de Cristo para a nossa redenção, pois as festas de Israel
eram “sombras das coisas futuras…” (Cl 2.17). Observemos algumas similaridades
entre a Páscoa e Cristo:
1.
O significado profético da páscoa.
Assim como um cordeiro foi sacrificado no dia da páscoa para a libertação dos
judeus no Egito, Cristo foi sacrificado para a libertação dos nossos pecados:
“…Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); “…pelo seu sangue nos
libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5); “...Cristo, nosso cordeiro pascal, foi
imolado” (1ª Co 5.7). Há uma perfeita identificação entre o pecado do crente e
a oferta pelo pecado (Jo 3.14 ver Jo 1.29).
2.
O poder profético do sacrifício de Cristo. Este era o método usado por Deus, desde os tempos de
Adão, para perdoar os pecados:
2.1.
O sangue deveria ser derramado: “Porque a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11).
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez (oferta pelo) pecado por nós…” (2ª
Co 5.21). Por isso: “…sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”
(Hb 9.22). No tempo do AT o sangue dos animais apenas cobria os pecados, no NT
o sangue de Cristo tira o pecado do mundo (Jo 1.29; Hb 10.10-12).
IV.
A PÁSCOA JUDAICA JESUS CRISTO
Vejamos
alguns detalhes do cordeiro pascoal e Cristo:
1.
A perfeição do cordeiro (Êx 12.5).
Jesus
é comparado a um cordeiro (Is 53.4; Jo 1.29; At 8.32-35). O Messias nasceu e
viveu uma vida imaculada e irrepreensível (1ª Pd 1.19; 2.22; Hb 7.26).
2.
O exame do cordeiro (Êx 12.3,6).
Jesus
foi examinado pelos religiosos (Mt 22 15-46); pelo sumo sacerdote (Jo 18.29),
por Herodes (Lc 23.7-11), por Pilatos (Jo 18.28; 19.4,6), e pelo soldado ao pé
da cruz (Lc 23.47).
3.
O sacrifício do cordeiro (Êx 12.6,23; 12.8).
Jesus
foi morto pelos judeus (Mc 15.11-14; At 2.23,36); e o seu sangue foi derramado
para livrar a todos os homens da ira divina (Rm 3.25; 5.1; 1ª Ts 1.10).
V.
A FESTA DE PENTECOSTES
Das
sete festas comemoradas por Israel, três eram realizadas no primeiro mês
(Abibe) do calendário judaico: Festa da páscoa (Êx 12.5; Lv 23.4-5; Dt 16.1);
Festa dos pães asmos (Êx 12.8,18; 13.7; Lv 23.6-8); e, Festa das primícias (Lv
23.9-14).
A
celebração destas três festas é realizada entre os dias 14 e 22 do primeiro
mês. A festa da páscoa (14 de Abibe) é um dia antes dos pães asmos (15 de
Abibe) e dois dias antes das Primícias (16 de Abibe) (Lv 23.4-6). A Festa dos
Pães Asmos era a continuação da Festa Páscoa (Lc 22.1) e durante essas duas,
ainda tinha entre elas a Festa das Primícias. As três últimas festas eram
realizadas no sétimo mês (Tishrei): Festa das trombetas (Lv 23.23-25); Festa do
dia da expiação (Lv 23.26-32); e, Festa dos tabernáculos (Lv 23.33-44) e uma
festa era realizada “no meio” (no mês de Sivan) que é a Festa de pentecostes
(Lv 23.15-22) onde é celebrada durante sete semanas (49 dias) contadas a partir
do primeiro dia depois da “páscoa”, ou seja, no 50º dia. Era uma festa
abrangente sem acepção de grau parentesco, raça, nação, idade, sexo ou status
social (Dt 16.9-11,14).
1.
O nome da festa. Esta festa é
chamada “shavuot” que quer dizer “semanas” (Dt 16.16). Esta festividade
possui alguns nomes diferentes:
1.1.
Festa das semanas que se refere a sete semanas após a oferta das primícias (Êx
34.22; Dt 16.10; 2ª Cr 8.13).
1.2.
Festa da colheita referindo-se à conclusão das colheitas de grãos (Êx 23.16), e
por fim.
1.3.
Festa de pentecostes referindo-se ao período de cinquenta dias após a oferta
das primícias que acontecia junto com a festa dos pães asmos (Lv 23.16-18).
2.
O objetivo da festa. A festa de
pentecoste era uma festa basicamente agrícola que era celebrada no fim da
primavera, quando a nova colheita de trigo era colhida (Êx 23.14-16). Como
podemos ver, esta festa segue o mesmo princípio da Festa das Primícias que é o
de agradecer a Deus por tudo que Ele tem providenciado, reconhecendo a sua
bênção (Dt 16.10).
3.
A comemoração da festa. A Bíblia nos
mostra que no dia da festa todas as atividades normais deviam ser suspensas a
fim de que o povo se reunisse para uma “santa convocação” (Lv 23.21). Além do
caráter de agradecimento, a festa tinha um propósito caridoso, pois as
necessidades dos pobres e estrangeiros também deveriam ser lembradas nessa
ocasião (Lv 23.22).
VI.
APLICABILIDADE DA FESTA DE PENTECOSTES PARA A IGREJA
Jesus
foi sacrificado durante a Festa da Páscoa (Mt 26.2; Mt 27.15), foi sepultado
durante a Festa dos pães asmos (Mt 26.17; Mc 14.1,12; Lc 22.1), ressuscitou na
Festa das Primícias (Mc 5.16), e cinquenta dias depois, no dia da Festa de
Pentecostes, veio o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos (At 2.1-4
ver Jl 2.28,29).
1.
O alcance da festa. Pentecostes fala de uma promessa:
1.1.
Segura “derramarei o meu Espírito” (Lc 24.49; At 1.4; 2.17).
1.2.
Abundante “sobre toda a carne” (At 2.4,39; 10.44).
1.3.
Abrangente pois ela quebra toda acepção racial: “toda a carne”, sexual: “filhos
e filhas”, etária: “jovens e velhos”, e social: “servos e servas” (Jl 2.28,29).
1.4.
Atual “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os
que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). Um dos
propósitos desta festa era também a aproximação de todos que estavam distantes:
“Todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1); “Todos foram cheios do Espírito
Santo” (At 2.4); “Todos os que estão longe; tantos quanto…” (At 2.39); e “Todos
os que criam estavam juntos” (At 2.44).
2.
A abrangência da festa. Na Festa das
Primícias era movido perante o Senhor um molho (feixe) de espigas de trigo (Lv
23.9-11), já na Festa de Pentecostes eram movidos perante o Senhor dois pães de
trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da Igreja, que seria formada de judeus e
gentios, formando, assim, um só corpo (Ef 2.14; Jo 11.52). O feixe de espigas
fala da união, mas os pães vão além, pois eles falam de unidade (Ef 4.3). Em um
feixe de espigas, os grãos estão simplesmente presos às espigas, porém isolados
uns dos outros, mas, em um pão é diferente: o trigo é o mesmo, mas os grãos
passaram por um multiforme processo e formam agora um todo, um corpo único. O
derramamento pentecostal fez isso na formação da Igreja em Atos 2.
3.
A colheita da festa. Após sua
ressurreição Jesus ficou na terra por 40 dias quando foi ascendido ao céu e dez
dias depois na Festa de Pentecostes, no 50º dia depois da páscoa, cumpriu-se a
promessa do “derramamento do Espírito Santo” (Jl 2.28,29; At 1.4,5; 2.1), e
durante a festa de Pentecostes os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo
(do hebraico “Ruah Kadosh” e do grego “Hagios Pneumathos”) e logo
após, os apóstolos colheram os primeiros frutos de (At 2.37-41).
Concluímos
que assim como a Festa da Páscoa para o judeu lembra o livramento físico da
escravidão do Egito, para os cristãos existe uma recordação do livramento
espiritual do reino das trevas, e assim como a Festa de Pentecostes para Israel
era para entregar ao Senhor os primeiros frutos da colheita, para a igreja fala
também da primeira “colheita” com a conversão dos gentios e do derramamento do
Espírito Santo.
Levítico 27.1-4, 32 “Falou mais o Senhor a Moisés,
dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando alguém fizer
particular voto, segundo a tua avaliação serão as pessoas ao Senhor. _3- Se for
a tua avaliação dum varão, da idade de vinte anos até à idade de sessenta, será
a tua avaliação de cinquenta ciclos de prata, segundo o ciclo do santuário. 4-
Porém, se for fêmea, a tua avaliação será de trinta ciclos. 32- No tocante a
todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o
dízimo será santo ao Senhor.”
A santidade de Deus exige disciplina e padrões que o
homem deve honrar e obedecer. No passado, para Israel, e no presente, para a
Igreja, esses padrões são essenciais para viver em santidade, conforme Deus
ordena.
I. VOTOS E DÍZIMOS
O voto particular de uma pessoa era opcional e
voluntário e de caráter muito especial. Uma vez votado, o israelita não poderia
deixar de cumprir o voto. Já o dízimo não era opcional e sim uma determinação
da parte do Senhor, que deveria ser obedecida pelo israelita com prazer, por
poder contribuir para a obra do Senhor.
1. Os votos. O voto era algo de suma importância e
poderia ser feito em agradecimento por bênçãos recebidas, como também por
necessidade de receber um favor da parte do Senhor. O voto deveria ser feito
com entendimento, para que pudesse ser cumprido o que votou, procurando evitar
votos precipitados. Salomão assim afirma: “Quando a Deus fizeres algum voto,
não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o.
Melhor é que não votes do que votes e não pagues.” (Ec 5.4-5). O voto poderia
ser com respeito a uma pessoa, um animal, uma casa ou campo. Tudo o que fosse
dedicado a Deus deveria ser trazido ao sacerdote e poderia ser resgatado,
conforme estabelecido pela lei.
O voto a Deus era uma prática comum entre o povo de
Israel (Gn 28.20; Nm 30.2-16; 1º Sm 1.11; 2º Sm 15.8). Talvez um dos votos mais
lembrados e debatidos seja o de Jefté (Jz 11.30-40). Existem duas correntes de
interpretação: a que ele sacrificou a filha e outra que defende a manutenção da
virgindade dela para sempre, ou seja, ela não pode constituir família e viveu
uma vida de castidade. No Novo Testamento não há orientação específica
concernente à prática do voto, contudo alguns princípios são permanentes:
cuidado para não usar a prática do voto com intuito de barganhar com Deus; Deus
não se agrada de votos precipitados e promessas não cumpridas (Ec 5.4-6); o
voto não é obrigatório para alcançarmos o favor de Deus (Mt 7.9-11; Tg 1.5);
que todo o nosso ser seja oferecido em “sacrifício vivo, santo e agradável” (Rm
12.1-2).
2. As bênçãos pela obediência. O desejo de Deus sempre é de abençoar
o Seu povo, mas a obediência é uma exigência divina para que isto ocorra (Lv
26.3). As bênçãos se multiplicariam sobre o povo e a abundância estaria
presente na existência de Israel; mas, se o povo se afastasse do Senhor, então
o castigo viria com graus de intensidade, como um aviso para que se voltasse
para Deus. Essas bênçãos decorrentes da obediência levariam o homem a dizimar
como um ato de reconhecimento de que tudo o que recebera era uma dádiva da
parte do Senhor.
Essas bênçãos que foram prometidas no capítulo vinte
e seis do livro de Levítico, Israel as alcançará na sua plenitude na
dispensação do milênio, período em que Israel, período em que Israel estará
convertido ao Senhor como nação. Todas as bênçãos tinham o seu fundamento em só
adorar a Deus (Lv 26.1), guardar o sábado (Lv 26.2), reverenciar o local da
habitação de Deus (Lv 26.2) e obedecer a Palavra de Deus (Lv 26.3). Essa aliança
de bênçãos foi dada a Israel, que Deus prometeu abençoar nesta terra.
3. Os dízimos. O termo dízimo, do hebraico “ma’
aser ou ma’ asar (no plural) e no feminino ma’ asrah”, tem o
sentido de décima parte, pagamento de uma décima parte. Nos dias de Moisés, o dízimo passou a exercer
importante papel na vida religiosa do povo israelita (Dt 26.1-15). Desta forma,
não só a Casa de Deus era suprida, como também mantida a tribo levítica,
responsável pelo sacerdócio.
Foi somente após a saída dos israelitas do Egito que o
dízimo passou a ser praticado por imposição legal. A lei que Moisés recebeu de
Deus previa que o dízimo tivesse uma destinação social. Além de atender as
necessidades dos levitas em seu cumprimento dos trabalhos no Santuário, destinava-se
também a ajudar os estrangeiros, órfãos e viúvas (Dt 14.22-29) As leis do dízimo abrangiam todos os produtos
agrícolas. Ao dar o dízimo ao Senhor (a décima parte de tudo o que era
colhido), os israelitas reconheciam que a terra pertencia a Deus e que
usufruíam seus benefícios apenas por causa da bênção divina. O dízimo deveria
ser desfrutado na presença do Senhor, a não ser que o indivíduo tivesse de
percorrer uma longa distância para chegar ao local escolhido por Deus. Nesse
caso, o dízimo podia ser trocado por prata e usado para comprar comida e bebida
em Jerusalém.
É uma doutrina da Palavra de Deus e muito questionada por aqueles que não
servem ao Senhor, mas aceita com alegria por todos aqueles que, com um coração
sincero, servem a Deus e são alcançados pela Sua benevolência e liberalidade.
Tudo que o cristão faz para o Senhor deve ser feito com prazer. Portanto,
contribuir com o dízimo é um grande privilégio que o Senhor concede aos Seus
filhos.
II. DÍZIMOS NO ANTIGO TESTAMENTO
O dízimo é a parte do Senhor e foi dado para aqueles
que exercem o ministério na casa do Senhor: “E eis que aos filhos de Levi tenho
dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo seu ministério da tenda da
congregação.” (Nm 18.21). O dízimo também é dar honra a Deus.
1. Abraão dizimou. A primeira menção do dízimo na Bíblia
foi quando Abraão se encontrou com Melquisedeque (Gn 14.20), depois de ser
abençoado por ele (Gn 14.19). É importante observar a sequência dos fatos:
primeiro Abraão é abençoado, depois ele dizima. Assim acontece com os que
servem a Deus.
Abraão é o pai da fé, foi um homem possuidor de
muitas riquezas, mas não se tornou um avarento, não tendo assim nenhuma
dificuldade de entregar o seu dízimo. Abraão acabara de libertar Ló porque era
um homem livre de toda a avareza, como ficou demonstrado diante do rei de Salém
e ao recusar as riquezas de Sodoma e Gomorra. Quem tem as riquezas de Deus não
tem dificuldade de agradar ao Senhor que o enriqueceu.
2. O voto de Jacó. Jacó neto de Abraão, certamente ouvira
seu pai Isaque o que seu avô fizera diante do rei de Salém e num momento de
encontro com Deus faz um voto (Gn 28.20-22). É nítido que neste episódio, Jacó
está tendo uma experiência com Deus em um momento marcante em sua vida. Notar
que a expressão “dízimo” aparece no final do relato: Deus se revela, fala com
ele e lhe faz promessas. A seguir vem a reação de Jacó: ele declara a grandeza
e majestade de Deus e só então faz um voto. Porém, antes de mencionar o dízimo,
ele declara: “O Senhor será o meu Deus”. O dízimo surge como consequência do
Senhor ser o seu Deus.
3. A bênção de ser dizimista. É importante sabermos que a prática de
dizimar não era restrita a Israel no antigo Oriente Médio. Existia entre os
gregos, egípcios e mesopotâmicos, entre outros, conforme citações da literatura
arcadiana. Em tais culturas, os dízimos eram pagos a deuses ou a templos,
fazendo parte, assim, da piedade religiosa, conforme comentário de R. N.
Champlin. Portanto, pelos relatos acerca de Abraão e Jacó nos tópicos acima, o
dízimo não foi estabelecido em Israel pela lei mosaica. A lei deu conteúdo e
forma à prática do dízimo (Lv 27; Nm 18; Dt 12, 14, 26).
A partir dos textos bíblicos mencionados,
encontramos orientações básicas quanto ao ato de dizimar; como observou J. G.
S. S. Thompson (citado no Dicionário Internacional de Teologia do Antigo
Testamento): 1 – Dízimo de quê? De todos os bens e frutos do trabalho (Lv
27.30-34); 2 – Dízimo a quem? Levitas e sacerdotes (Nm 18.21-32); e 3 – Onde
entregar? No lugar que o Senhor escolheu (Dt 12.1-14; 14.22-29). Quando há um
despertamento e restauração de comprometimento a partir das Escrituras,
resulta, entre outras coisas, em retorno às contribuições financeiras e
participação com bens materiais para a manutenção dos serviços religiosos (Ne
9.38; 10.28-29, 33-39; 2º Cr 31.2-6). Porém, não havendo liderança e ensino, há
abandono e desprezo, também, na aplicação dos bens e das finanças em relação ao
serviço religioso (Ne 13.10-12).
III. DÍZIMOS NO NOVO TESTAMENTO
Por ser uma questão difícil
de ser tratado, não vou trazer nenhuma ênfase a respeito do dízimo neste
estudo, e também dizer que não sou contra as contribuições que é feita a igreja
em nossos dias. Apenas trazer alguns conceitos, pois estamos tratando do livro
de levíticos.
Não encontramos no Novo Testamento tantos
textos que mencionam a prática de dizimar como no Antigo Testamento, conforme
visto nos tópicos anteriores. Talvez, por esta causa, muitos consideram que não
é uma prática legítima para a Igreja.
Esta
dúvida ocorre, porque no Novo Testamento não fica tão claro, quanto no Antigo
Testamento sobre esta obrigatoriedade.
Pela Bíblia, fazendo uso
de uma exegese séria e profunda nos textos do Novo Testamento, constatamos que
não existe uma definição de quantidade para aquilo que depositamos no altar do
Senhor (Ex: 10 %). Usa-se como parâmetro a décima parte, no entanto, não é uma
obrigação metódica, pois as ofertas eram segundo as posses de cada um e se
trata de uma doação à igreja de ofertas agradáveis, que devem ser usadas na
manutenção do templo, missões, meios de comunicações, mas, principalmente no
auxílio aos irmãos mais carentes, ligados ou não à denominação.
1. O tempo da graça. Logo no primeiro livro do Novo
Testamento, há o registro das palavras de Jesus sobre o dízimo (Mt 23.23).
Lucas também registrou (Lc 11.42). Jesus censura os escribas e fariseus pelo
fato de estarem desprezando a misericórdia, o juízo e a fé.
Se utilizarmos dessas passagens para dizer que Jesus está
obrigando o dízimo no Novo Testamento, precisamo analasiar a luz das escrituras
que na verdade Ele ainda esta na Velha Aliança quando citou essas palavras,
também Ele cumpriu toda ali. Neste caso, podemos claramente entender que ao
finalizar Seu comentário, Jesus diz que eles deveriam continuar dando o dízimo
e, inclusive, não se omitirem de praticar os demais mandamentos da lei (o mais
importante dela – o amor, juízo, misericórdia e a fé). Porém, aí vem a seguinte
pergunta: A quem Jesus estava dirigindo Suas Palavras e qual o teor destas
palavras? Sem dúvida compreendemos que Jesus se dirigia aos escribas e
fariseus, e não a cristãos (como muitos afirmam); tanto, que Jesus não os
tratou pelos seus próprios nomes, mas pelo título da sua religião. Esses
homens, vivendo o judaísmo regido pela lei, confiavam na sua própria justiça e
capacidade, no que tange à guarda da lei. Apresentavam-se a Jesus nas condições
de perfeitos, ostentando hipocritamente grande santidade e confiança nas suas
próprias obras de justiça; enquanto isso não aceitavam a autoridade divina de
Jesus.
Observa-se que
a tendência dos fariseus era permanecer debaixo da lei, desconhecendo a Graça
de Cristo. E mesmo não existindo no homem a capacidade para guardar a Lei, Deus
não proíbe ninguém de entrar por esse caminho, quando a pessoa faz questão de
estar debaixo da Lei; mas nesse caso, então, exige dela a perfeição na prática
de toda a Lei. “Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só
ponto, tornou-se culpado de todos” (Tg 2.10).
Antes de
contribuirmos precisamos entender e desconhecer a Graça de Cristo que
significa: “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mt 9.13).
Esta passagem
é uma advertência solene contra os perigos da presunção (soberba), confiança na
justiça própria, e contra o formalismo que confia no batismo ou a ceia, no
sábado e nos dízimos como garantia em si mesmo da salvação daqueles que o
recebem.
Em Lucas
16.15, Jesus disse-lhes: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos
homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é
elevado, perante Deus é abominação”.
2. O caminho da prosperidade. Conforme o homem se ocupa com as
coisas de Deus, Deus cuida em abençoar a sua vida (Sl 37.4). Sabemos que a
prosperidade espiritual é a bênção que Deus deseja para a Sua Igreja e essa
prosperidade é acompanhada com o prazer de servi-Lo, ter saúde, ter a bênção
sobre a sua família, desfrutar da comunhão com o Senhor e de contentamento,
conforme o apóstolo Paulo escreve a Timóteo: “Tendo, porém, sustento, e com que
nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.” (1ª Tm 6.8). Como servimos a um
Deus abençoador, temos sido agraciados com bem mais do que merecemos. Por essa
razão, devemos abrir mais as nossas mãos para a obra do Senhor.
O cristão foi chamado por Deus para ser uma bênção e
nessa chamada também está incluso ser uma pessoa próspera. Deus quer dar aos
Seus filhos todos os tipos de experiência (Fp 4.12), para que o seu coração não
fique apegado às coisas materiais, mas que saiba dela desfrutar nesta vida, sem
ser um empecilho para a sua vida espiritual. Ser abençoado por Deus é um bem
que não tem preço, como gratidão devemos ser liberais na nossa contribuição ao
Senhor (Fp 4.19).
3. Semeando muito. A lei da semeadura é simples: quem
planta muito colhe muito e quem planta pouco colhe pouco (2ª Co 9.6). Nessa lei
também temos que observar a qualidade da semente, pois quem planta com semente
ruim colherá o fruto do que plantou (Gl 6.7). Temos que ter uma boa semente e
plantar com abundância para colher um fruto bom e com abastança. O diabo quer
nos distrair, fazendo com que gastemos o nosso dinheiro e deixemos de investir
no Reino de Deus, mas os que investem no Reino de Deus estão fazendo o correto,
como nos ensina Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a
ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros
no céu, onde nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.”
(Mt 6.19.20).
Atentemos para o texto que se encontra na epístola
de Paulo aos Gálatas: “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus
bens com aquele que o instrui.” (Gl 6.6). As contribuições que são trazidas à
casa do tesouro são para sustento da obra do Senhor e para aqueles que exercem
o seu ministério na casa do Senhor. Sejamos gratos a Deus por todas as bênçãos
que Ele tem concedido e pelas que ainda virão.
4. O
sistema adotado pela igreja Primitiva era baseado no amor ágape e voluntária
(Atos 2.44-45). O livro de Atos 3.32-35, não é um livro doutrinário, mas é um livro
repleto de informações doutrinárias. As ênfases sobre a doutrina da igreja são
feitas a partir da história, e consequentemente pela prática. Lucas não
intenciona em seu relato julgar se a prática da igreja de Deus é correta ou
não, mas a coloca a prática da igreja primitiva como padrão a ser seguido.
Portanto, o que vemos em Atos não é um guia para a doutrina da igreja, mas para
o exercício efetivo da vontade de Deus por meio da igreja. Isso está em acordo
com Ef 3.10 que o objetivo da Igreja é fazer a multiforme sabedoria de Deus
conhecida em todos os lugares segundo o eterno propósito de Deus que
estabeleceu em Cristo Jesus.
A Igreja Primitiva é exemplo
de uma comunidade que sabe como investir seu dinheiro, pois investe em pessoas.
Uma igreja que cultiva a verdadeira comunhão cristã não permitirá que nenhum de
seus membros passe necessidade. Eis o que testemunha o autor sagrado diz:
“Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas
propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha
necessidade” (At 2.44,45). Não se tratava de um comunismo cristão, mas dá
autêntica comunhão que o Espírito Santo nos esparge na alma. O comunismo só
espalha o medo, a miséria e o ateísmo. A igreja de Cristo não precisa dessa
ideologia para socorrer os seus membros; ela tem o amor de Deus. No capítulo 4
e verso 33 de Atos, o doutor Lucas escreve dizendo: “Não havia pessoas
necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam,
traziam o dinheiro da venda.”
O que podemos
ver que ninguém era mais rico que os outro; isso não é uma doutrina bíblica
pois eles genuinamente amavam e cuidavam do bem-estar uns dos outros e ansiavam
“vender os seus bens sempre que houvesse uma necessidade e humildemente
colocavam o dinheiro diante dos apóstolos”. De certa maneira, eles tentavam
livrar-se dos bens que poderiam impedir o progresso de sua fé e que poderiam
ser destruídos, além de armazenar riquezas para si próprios no céu (Mt 6.19-21,
33). Havia paz e harmonia – cada um estava social, física e espiritualmente
contente, pois eles tinham estabelecido suas prioridades de maneira certa.
4.1.
Repartindo os bens materiais. Dizimo, décima parte de tudo aquilo que é devolvido ao
Senhor, quer em dinheiro, quer em produtos ou bens segundo a Lei ensinava. Mas
nos textos de Atos 4.32-35, entendo que a graça está acima da Lei. A igreja
Primitiva vendia seus bens e propriedades e traziam tudo aos apóstolos, ou
seja, eles não estavam presos em bens matérias, pois aqui tudo perece! Porém a
Lei era apenas 10%, mas na graça? Como já disse que o livro de atos não é um
livro doutrinário, mas um exemplo deixado pela igreja Primitiva.
“Porque todos
os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora
vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos.
A igreja
primitiva contribuía voluntariamente e com um profundo amor. Não era estipulado
um valor, mas os cristãos vendiam e traziam valor todo, ou seja, na lei era
apenas 10%, mas na graça é tudo do Senhor.
Na graça tudo
pertence ao Senhor, porém devemos contribuir: 1. Voluntariamente; 2. Com amor;
3. |Alegria; 4. E segundo o que propomos em nosso coração.
“Ninguém dizia
que as coisas que possuíam eram somente suas” porque se eles podiam oferecer-se
totalmente a Deus em primeiro lugar (2º Co 8.5), então quaisquer bens materiais
que tinham também pertenciam a Deus e ao grupo. Eles os usavam para mostrar seu
verdadeiro amor uns para com outros e para intensificar a propagação da
mensagem do Cristo ressurreto dentro do grupo e para o mundo (v. 32b).Eles
mostravam uma atitude generosa em relação a sua riqueza material; todos
repartiam uns com os outros tudo o que tinham. Ninguém reivindicava
egoisticamente nada para si mesmo.
É interessante
observar que o produto do que eles tinham vendido era distribuído “de tempo em
tempo... para satisfazer as necessidades coletivas dos membros do grupo”.
O livro de Levítico nos ensina como Deus é santo e
quer que Seus filhos sejam santos assim como Ele é, e que também devemos ser
voluntários em ofertar para a Sua casa, para sustento dos que são chamados por
Ele para servir na sua obra, manutenção do templo local e auxílio dos mais
necessitados.
Levítico 20.1-10 “Falou mais o SENHOR a
Moisés, dizendo: 2- Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos
de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der da sua semente a
Moloque, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com pedras. 3- E eu
porei a minha face contra esse homem e o extirparei do meio do seu povo,
porquanto deu da sua semente a Moloque, para contaminar o meu santuário e
profanar o meu santo nome. 4- E, se o povo da terra de alguma maneira esconder
os olhos daquele homem que houver dado da sua semente a Moloque e o não matar,
5- então, eu porei a minha face contra aquele homem e contra a sua família e o
extirparei do meio do seu povo, com todos os que se prostituem após ele,
prostituindo-se após Moloque. 6- Quando uma alma se virar para os adivinhadores
e encantadores, para se prostituir após eles, eu porei a minha face contra
aquela alma e a extirparei do meio do seu povo. 7- Portanto, santificai-vos e
sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. 8- E guardai os meus estatutos e
cumpri-os. Eu sou o SENHOR que vos santifica. 9- Quando um homem amaldiçoar a
seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá: amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o
seu sangue é sobre ele. 10- Também o homem que adulterar com a mulher de outro,
havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e
a adúltera.”
Nesta lição estudaremos a definição
etimológica da palavra santidade, bem como seu conceito exegético; veremos a
santidade na vida do sumo sacerdote, em Israel e no livro de Levítico;
pontuaremos a Trindade como base da santidade na Bíblia, e por fim,
concluiremos mostrando a natureza da santidade.
O livro de Levítico foi entregue a Israel
para que este, separando-se de entre todos os povos da Terra, viesse a adorar,
a servir e a santificar-se a Deus.
A santidade, por conseguinte, tanto
naquele tempo quanto hoje, continua a ser a marca distintiva dos filhos de
Deus.
Veremos que a nação Israel, através das
leis e ordenanças levíticas, tinha a obrigação de apresentar-se a Deus e ao
mundo como a nação santa, zelosa e servidora por excelência. Que aprendamos,
com os israelitas, a adorar e a servir ao Senhor na beleza de sua santidade.
O tema principal de Levítico é a
santidade. A natureza Divina exige santidade do Seu povo; Deus é perfeito, Ele
não tem falha nem erro algum. Santidade é a pureza perfeita de Deus, que não
tem mancha alguma de pecado. A santidade deve ser mantida diante de Deus, e ela
só pode ser alcançada através de uma adequada expiação. Depois de um cativeiro
que durou 400 anos, os judeus receberam uma influência egípcia pagã e
politeísta, o conceito de Deus tinha sido distorcido. Moisés redige este Livro
para fornecer instruções e leis a fim de orientar o povo pecador, mas redimido,
em seu relacionamento correto com um Deus que é caracterizado por Sua natureza
santa. E de fato, os termos “santo” ou “sagrado” aparecem mais de cem vezes
neste livro, mais vezes do que em qualquer outro livro da Bíblia. Há uma ênfase
em Levítico na necessidade de santidade pessoal em resposta a um Deus santo. O
pecado deve ser expiado através da oferta de sacrifícios próprios (capítulos
8-10). Outros temas abordados no livro são dietas (alimentos puros e impuros),
o parto e doenças que são cuidadosamente regulamentadas (capítulos 11-15). O
capítulo 16 descreve o Dia da Expiação, neste dia um sacrifício anual é feito
pelo pecado cumulativo de todas as pessoas. Além disso, o povo de Deus deve ser
discreto na sua vida pessoal, moral e social, em contraste com as práticas atuais
e pagãs ao seu redor (capítulos 17-22). Dito isto, convido-o a pensarmos
maduramente a fé cristã.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA SANTIDADE
1. Definição etimológica. No AT o adjetivo
“santo” e seus derivativos ocorrem mais de 900 vezes na Bíblia (TYNDALE, 2015,
pg. 1656), o livro inteiro de Levítico, é devotado ao assunto desta palavra,
ficando clara a importância dada pelas Escrituras a esta doutrina. A palavra no
hebraico para santidade significa: “cortar, separar”. Basicamente santidade é:
“o corte para separação”. Pode-se dizer ainda que santidade é: “o estado de
corte e separação do que é impuro; é a característica do que é consagrado
exclusivamente a Deus” (Lv 20.24-26). O princípio de corte ou separação no AT é
aplicado em termos gerais em relação a Deus (Lv 19.2), a objetos (Êx 30.28,29),
e a pessoas (Lv 8.12). Levítico tem o objetivo singular de convocar o povo de
Deus para a santidade pessoal (Lv 20.26). A palavra “santo” é usada em Levítico
mais do que nos outros livros da Bíblia.
Embora em Levítico o termo seja utilizado
mais para coisas e lugares, é também empregado para descrever o Senhor e, com
certa frequência, o povo do Senhor é instruído a ser santo (Lv 11.44; 19.2;
20.7) (ELISSEN, 2010, pp. 38,39).
2. Definição exegética. No AT o conceito
de santidade é expresso por três palavras principais: O verbo qadash
aparece com o sentido de “separar, consagrar, santificar”. Na primeira
ocorrência do termo em Gênesis 2.3 significa “declarar algo santo, estado
daquele que é reservado exclusivamente para Deus” (Êx 13.2; 20.8). O
substantivo “qodesh” tem o significado de “separação, consagração,
santidade”. É empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço
exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8;
Êx 28.2, 38). Já o adjetivo “qadosh” é o vocábulo mais difundido entre
os estudantes das Escrituras Sagradas e aponta para o que é: “santo, sagrado”
(HOLLOMAN, 2003, p. 25).
II. O LIVRO DE LEVÍTICO E A
SANTIDADE
O livro de Levítico servia de uma espécie
de código de santidade, com inúmeras leis pessoais, rituais e cerimoniais, cuja
finalidade é promover e tipificar a santidade. Ali são tratadas todas as
questões de moralidade prática e pessoal, e não apenas questões cerimoniais.
Lendo Levítico espera-se que o povo de Deus seja honesto e veraz (Lv 19.11,36),
respeitoso aos seus pais (Lv 19.3), respeitoso aos idosos (Lv 19.32), tratando
os servos com justiça e equidade (Lv 19.13), amando ao próximo (Lv 19.33,34),
mostrando-se generoso para com os pobres (Lv 19.10,15), ajudando aos
fisicamente incapacitados (Lv 19. 14), mostrando-se sexualmente puro (Lv
18.1-30; 20.1-21) e evitando as superstições (Lv 19.26,31; 20.6).
1. O Sumo sacerdote e a santidade. Ouro na Bíblia
sempre fala de pureza e santidade, nas vestimentas sacerdotais da Antiga
Aliança com toda sua tipologia, vamos encontrar um símbolo da Santidade de Deus
(Êx 40.13; Lv 16.4,32). O Sumo Sacerdote “kohen gadol” além de roupas
especiais, deveria ter sempre uma lâmina (uma testeira como uma espécie de arco
ou tiara) de ouro puro na testa, com a inscrição “Santidade ao Senhor” do
hebraico “Qodesh Elohim” por cima da mitra (um tipo de chapéu), atada
com um cordão azul, exatamente como Deus ordenou a Moisés (Êx 28.36; 39.30-31)
para lembrar Arão de seu chamado à santidade. Essa coroa era usada todos os
dias pelo Sumo Sacerdote que devia levar uma vida de acordo com o que estava
escrito nela. Uma vez por ano, no Dia do Perdão “Yom Kippur”, ele
entrava no Santíssimo para orar por ele mesmo e por toda a nação.
2. Israel e a santidade. O povo de Israel
devia santificar-se para o Senhor (Êx 19.6; Lv 11.44; 19.2; Dt 7.6; 14.2,21; 2º
Cr 29.5), tomando-se uma nação santa (Êx 19.6; Lv 20.26); um povo santo (Is
62.12; 63.18; Dn 12.7); uma raça santa (Ed 9.2; Is 6.13); uma comunidade de
santos (Sl 16.3; 34.9); um reino de santos (Êx 19.6), uma congregação santa (Nm
16.3), o culto era santo (Lv 23.2), os sacerdotes eram santos (Lv 8.12,13),
suas vestimentas eram santas (Lv 16.4,32), as ofertas eram santas (Lv 22.12),
as festas eram santas (Lv 23.2,4), a terra de Canaã era santa (Êx 3.5; 15.13),
o acampamento de Israel era santo (Lv 10.4); a cidade de Jerusalém era santa
(Ne 11.1), a convocação era santa (Êx 12.16); o descanso era santo (Gn 2.3; Êx
16.23); havia dias santos (Ne 8.11); as ofertas eram santas (Lv 2.3;10); o
monte de Sião era santo (Sl 99.9; Is 11.9); os profetas eram santos (Lc 1.70;
At 3.21; 2ª Pe 1.21), o tabernáculo e o templo eram santos (Êx 38:24; Lv
1.17,18; 1º Cr 29.3; Sl 5.6) e as coisas contidas no tabernáculo e no templo
eram santas (Êx 29.38; 30:27; 40:10; Nm 5.9; 1º Sm 21.4; 1R 7.51; 2º Cr 29.33).
III. A TRINDADE COMO BASE DA
SANTIDADE NA BÍBLIA
Santidade é expressamente atribuída nas
Escrituras, a cada pessoa da Trindade, ao Pai (Jo 17.11), ao Filho (At 4.30), e
ao Espírito Santo (Sl 51.11; Is 63.10; Jo 14.26). Vejamos:
1. A santidade do Pai. A Bíblia
mostra-nos que o próprio Deus é santo (Lv 20.26; 1º Sm 2.2; 6.20; Jo 17.11; 1Pe
1.15). Ele é a essência absoluta da santidade, pois ela é perfeita e
inspiradora (Sl 99.3). A santidade de Deus fala acerca de sua “excelência
moral”, bem como do fato de que ele está livre de todas as imperfeições (Hc
1.13), ela é incomparável (Êx 15.11; 1Sm 2.2), é exibida em seu caráter (Sl
22.3; Jo 17.11), em Seu Nome (Is 29.23; 57.15; Ez 36.23), em Suas Palavras (Sl
60.6), em suas obras (Sl 145.17) e em seu reino (Sl 47.8; Mt 13.41). Sua
santidade deve ser imitada (Lv 11.44; 1ª Pe 1:15,16), magnificada (Is 6.3; Ap
4.8), requer um serviço santo (Js 24.19; Sl 93.5) e uma vida santa (Hb 12.14).
2. A santidade do Filho. Cristo é pioneiro
no caminho que conduz à salvação (Hb 2.10). Aquele que é santo conduz o seu
povo à santidade. Em doze trechos do NT o Filho é descrito como santo. Em nove
dessas vezes, é empregado o termo grego “hagios” (Mc 1.24; Lc 1.35;
4.34; Jo 6.69; At 3.14; 4.27,30; 1ª Jo 2.20). Cristo foi prometido como o santo
Filho de Deus (Lc 1.35). Até um demônio, em Cafarnaum, reconheceu que Cristo é
o Santo de Deus (Mc 1.24; Lc 4.24). Ele é o Santo por meio de quem os crentes
são ungidos (1Jo 2.20). Ele é o Senhor das igrejas, e também aquele que é santo
e verdadeiro (Ap 3.7). Foi escolhido para a sua missão messiânica pelo Pai, por
causa de sua santidade superior (Hb 1.9). Foi tentado, mas não revelou nenhuma
falha moral (Hb 4.15).
3. A santidade do Espírito Santo. O nome Espírito
Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma hagios”.
Assim como Deus é santo (1ª Pe 1.16) e
Jesus é santo (At 2.27), o Espírito também o é (Sl 51.11; Is 63.10,11; Mt
1.18,20; 3.11; Lc 1.35; Jo 14.26; 1ª Ts 4.7-8). É chamado de Espírito Santo
porque Sua obra principal é a santificação (Jo 3.5-8, 16.8; Rm 15.16; 1ª Co
6.11; 2ª Ts 2.13; 1ª Pe 1.1,2). Um adjetivo muito comum, para indicar o
Espírito de Deus, é “santo”, e no AT este título ocorre três vezes (Sl 51.11;
Is 63.10,11). Porém, no NT, a expressão “Espírito Santo” ocorre por mais de 90
vezes. Para algumas referências neotestamentárias sobre o Espírito Santo é Ele
quem batiza (Mt 3.11); quem enche e santifica a Igreja (At 2.4); quem derrama o
amor de Deus em nosso coração (Rm 5.5); é o nosso Mestre (1ª Co 2.13); somos o
templo que Ele santifica (1ª Co 3.17); Ele é o inspirador das Santas Escrituras
(2Pe 2.21); e nos ajuda em oração (Jd 20).
IV. A NATUREZA DA SANTIDADE
A Bíblia mostra claramente a necessidade
de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef
4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à
santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN,
2002, pg. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar
que: “…sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de
Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A
palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:
1. Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo
exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1ª Pe
1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4);
significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a
Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real
que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1ª Pe 1.15-16).
2. Santidade é separação. A palavra
descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é
“separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa
aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou
pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço,
ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo”
(2ª Co 6.14,15; 2ª Tm 2.21).
3. Santidade é consagração. No sentido de
viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada
ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer
impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a
nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de
Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a
santificação é viver uma vida de consagração (2ª Co 6. 16b). A santificação é
praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2ª Co 3.18; 7.1; 2ª Pe
3.18), é a santificação vivencial (2ª Co 7.1; Hb 12.14).
4. Santidade é dedicação. Santificação
inclui tanto a separação “de”, como dedicação “a” alguma coisa; essa é a
condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos
participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus
por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de
Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos
serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos
homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço
divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2ª Co
6. 17,18).
4. Santidade é purificação. Embora o
sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a
ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado.
Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que
lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2ª Co 7.1) Sendo assim, entendemos
que pureza é uma condição de santidade. A santidade é a marca característica de
um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria
ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é
dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós
(1ª Ts 4.3).
Para um cristão cuja vida é consagrada a
Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas
coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em
todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo
Pedro: “… em toda a vossa maneira de viver” (1ª Pe 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts
5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até
mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória
de Deus, como afirma o apóstolo Paulo em 1ª Coríntios 10.31.
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Pr. Elias Ribas