TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

MINHA FAMÍLIA NOS PLANOS DE DEUS



Texto 1ª Samuel 1.1-28: “Houve um homem de Ramataim-Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efrateu. 2 E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o da outra Penina. E Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha. 3 Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli. 4 E sucedeu que no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas. 5 Porém a Ana dava uma parte excelente; porque amava a Ana, embora o SENHOR lhe tivesse cerrado a madre.”

INTRODUÇÃO. A história desta família nos traz lições incríveis, pois revelam a fé de um homem temente a Deus e as virtudes de uma mulher que verdadeiramente era temente a Deus.
Ana é a primeira mulher de Elcana, segundo a tradição o homem tinha permissão de ter outra mulher, caso a primeira não tivesse filhos. E para continuar sua descendência, chega Penina na família. Normalmente, a chegada de uma outra mulher, diminui o amor da primeira, principalmente porque a mulher só tinha valor na sociedade se gerasse filhos.

Porém, Ana é uma mulher que consegue se sobressair sobre Penina, mesmo sem ter filhos. A chegada de Samuel não foi o que provou o valor de Ana, mas sim o fato de ela continuar sendo muito amada por seu marido, ainda que não tivesse filhos, durante anos, conquistando-o com seu jeito de ser. Nessa mensagem, vamos conhecer as virtudes de Ana, que garantiram para ela o amor do esposo, a benção do sacerdote, a resposta de Deus!

I. OS PERNOSNAGEM DO TEXTO

Significado dos Nomes no hebraico.
1. Elcana significa: “que Deus criou”, ou “que Deus adquiriu”, “possessão de Deus”.
2. Ana: Significa: “graciosa” ou “cheia de graça”.
3. Penina significa: “pérola”; “pedra preciosa” ou ainda “joia”.
4. Samuel significa: שמואל (Shmu'el)
שמעו -> Shm'u, traduz-se como “ouviram”
אל -> 'El, traduz-se como “Deus”.
Juntando os dois ficaria “Ouviram Deus”, mas interpreta-se como “Deus ouviu” já que אל (El, Deus em hebraico) é singular e não plural.
- Aquele a quem Deus ouve ou ouvido por Deus.
5. Eli significa: Yawe ou Yahu; Eterno; Altíssimo; Criador. O sacerdote que possuía mais elevação do santuário de Silo.

II. UMA FAMÍLIA PIEDOSA

1. Elcana um homem temente a Deus.
V. 3 “Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli.”

Morava na cidade de Rama cf. vs. 1 e 19.

“ E toda a congregação dos filhos de Israel, se ajuntou em Siló, e ali armaram a tenda da congregação, depois que a terra foi sujeita diante deles” Js 18:1

- Siló era o mais importante local de culto de toda a Palestina, ficava a 38 quilômetros ao Norte de Jerusalém, na região de Efraim. Multidões concorriam a Siló para adorar, sacrificar a Deus e consultar os sacerdotes, dentre eles Eli e também ao profeta Samuel. A arca da Aliança permaneceu nessa cidade por mais de um século, no talmude está escrito que na verdade, foram 369 anos de permanência da Arca da Aliança em Siló.

- Conquanto vivesse num ambiente ímpio, fica evidente que a espiritualidade de Elcana era viva. Mesmo que Hofni e Fineias fossem corruptos, ele era fiel em sua adoração e em oferecer sacrifícios. O mesmo ocorreu com Ana e Simeão nos dias de Cristo (Lc 2:25-38) e deve ser verdade em todos os tempos. A aliança com Cristo não deve depender das obras dos outros. CBASD, vol. 2, p. 481.

III. ANA E PENINA AS DUAS MULHERES DE ELCANA

- Elcana era casado com duas mulheres: Ana, que significa “graciosa, graça, favor” e Penina, que significa “pérola”.

- Segundo a Bíblia, Elcana - pai de Samuel - teve duas esposas: Ana e Penina. A poligamia era comum nos tempos do Antigo Testamento. Pelo o fato de Ana ser estéril, Elcana provavelmente se casou com Penina com o objetivo de ter descendentes. Com isso Penina teve filhos e filhas.

1. Ana era mulher de Elcana da tribo de Levi. Elcana significa “que Deus criou”, ou “que Deus adquiriu”.

2. Ana era a mulher mais amada.
V. 4-5 “E sucedeu que no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas. 5 Porém a Ana dava uma parte excelente; porque amava a Ana, embora o SENHOR lhe tivesse cerrado a madre.”

3. Ana é uma mulher encantadora por si só. Algumas mulheres só conseguem ser atraentes se estiverem bem vestidas e maquiadas. Porém, Ana, andava triste e ainda assim estava linda o bastante para ter o amor do seu esposo. O que significa que Ana tinha qualidades que superavam Penina com todos seus filhos juntos. Filho é necessidade naquele tempo, porém as qualidades de Ana superavam isso.

IV. OS PROBLEMAS QUE ANA ENFRENTOU

1. Ana era estéril. V. 2 “E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o da outra Penina. E Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha.”

Ela não podia ter filhos. V. 6b “Porquanto o Senhor lhe havia cerrado a madre”.
- Se a primeira mulher, a amada, fosse estéril, o homem poderia casar-se com uma segunda. - A lei judaica faz menção desses casos em Deuteronômio 21.15. A esterilidade era considerada um castigo de Deus – era desonra para a mulher não ter filhos.

2. Ela era insultada e humilhada por sua rival Penina. V. 6 “E a sua rival excessivamente a provocava, para a irritar; porque o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.”

- A Penina irritava Ana, porque tinha filhos enquanto Ana não os tinha.

- Significa que Penina valorizava o “ter” e não o “ser”. E por isso Elcana amava Ana, porque enquanto Penina apenas tinha, Ana era!

- Irritava fazia chacota e zombava porque Ana era estéril.

V. 7 “E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana subia à casa do SENHOR, a outra a irritava; por isso chorava, e não comia.”

- Penina era um espinho na vida de Ana.

3. Ela era atribulada de espírito. Vs. 15a “Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito.”

4. Ela era cheia de ansiedade e vivia aflita. Vs. 16b “Porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. Ana era uma mulher cheia de problemas como vocês mesmo puderam ver. Mais ela não se entregou, ela lutou e não desistiu do seu sonho.”

V. AS VIRTUDES DE ANA

Ana não murmurava, mas mantinha sua humildade.

1. Ana não exigiu nada do seu marido. Não pediu para ele orar junto com ela. Não exigiu dele fé para crer no milagre. Não exigiu que ele repreendesse Penina, mesmo sabendo que ele o faria porque a amava. Não coloque a culpa na fraqueza do marido ou ausência dele, busque ao Senhor você, o marido é santificado pela esposa. 1ª Co 7.14.

2. Ana não respondia Penina, não retrucou, não ofendeu, mas suportou calada. Não dê lugar ao diabo. Ef 4.27. Não desconte seus problemas nos outros, nem nos inimigos (Rm 12.21).

E toda vez Penina irritava a Ana:
- Ana estava calada diante das irritações de Penina. Sl 46.10 “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra.”

A Penina na tua vida pode ser:
1. Na família. O marido ou esposa.
2. O filho problemático. (na droga, no roubo, etc.)
3. Na saúde. Enfermidades que assolam tua vida.
4. Financeira.

3. Ana era uma mulher de fé. Conforme verso 7, todo ano eles subiam para adorar ao Senhor.

4. Ana serve a Deus de coração.
- Ela não deixava de subir a casa do Senhor no ano seguinte, para adorar ao Senhor.
- Ela vem a casa do Senhor adorar, mesmo que com a inimiga ao seu lado.

- Ana não tinha pressa em sair da casa do Senhor (V. 12). Ana fazia longas orações na casa do Senhor, não tinha pressa de sair da presença de Deus. Estamos vivendo um tempo onde o círculo de oração mais circula do que ora.

5. Ana era fervorosa, agradecida e generosa.

6. Ana fez um voto ao Senhor, prometendo devolver o que mais queria, isso é gratidão e generosidade. Se contentou em apenas gerar o menino, humildade! A resposta de Deus foi imediata. Pois o sacerdote a abençoou, no verso 17.

V. 11 “E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao SENHOR o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.

7. Areação de Eli perante a oração de Ana.

Vs. 14-19: “E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. 15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR. 16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porquê da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. 17 Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. 18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste. 19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu a Ana sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela.”

Enquanto Ana orava com perseverança, Eli, o sacerdote, a observava. Ele havia reparado que Ana só movia os lábios, e não saía de sua boca nenhuma voz audível, concluindo então que ela estava embriagada.

Quando Eli pediu que Ana se apartasse do vinho, ela o respondeu dizendo ser uma mulher angustiada que estava ali derramando sua alma ao Senhor, falando com o coração sobre o seu desgosto. Ana também disse ao sacerdote que não era uma “filha de Belial”, expressão que significava uma pessoa maldosa e sem valor (1º Sm 1.14-16).

Diante disso, Eli a compreendeu e disse: “Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste” (1º Sm 1.17). Ana então partiu dali, e seu semblante já não era mais triste.

8. Ana era submissa. Ela disse: “Meu Senhor”. Submissa, obediente, temente a Deus. O que significa que não importa o que fazem com você, mas importa muito como você reage (Hb 13.7).

9. Ana creu na palavra do sacerdote; ainda que o sacerdote Eli não era um exemplo, pois ninguém é perfeito.

10. Ela colocou sua fé em ação. V. 18 “E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.”

A prova é que não ficou mais triste, e ainda se levantou de madrugada junto com seu esposo para adorar ao Senhor.

8. O Senhor é fiel naquilo que promete.
V. 19-20 “E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu a Ana sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela. 20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR.”
Samuel “Deus ouviu”.

- Ela era estéril e após orar ao Deus de Israel, teve sua madre aberta para conceber não apenas um, mas seis filhos.

VI. HARMONIA NA FAMÍLIA

1. Elcana consentiu com o voto de sua esposa.
V. 21-23 "E subiu aquele homem Elcana com toda a sua casa, a oferecer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 22 Porém Ana não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o SENHOR, e lá fique para sempre. 23 E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos; fica até que o desmames; então somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou."

- Elcana foi profundamente tocado pela consagração de sua esposa e de todo o coração se uniu a ela em seu desejo.

V. 22 Quando o menino for desmamado. De acordo com 2 Macabeus 7.27, as mães hebreias costumavam desmamar seus filhos aos três anos de idade. Como Samuel ficaria para sempre na presença do Senhor, é provável que Ana tenha prolongado o período de desmamar para uma idade mais avançada, de 4 a 6 anos. Bíblia Shedd.

...e lá fique para sempre. Ana dedicou Samuel ao Senhor. Depois que ele foi desmamado, foi levado ao tabernáculo para servir sob a tutela do sacerdote Eli.

2. Mesmo quando criança, Samuel recebeu sua própria túnica. Então uma vestimenta normalmente reservada a um sacerdote enquanto ele ministrava diante do Senhor na tenda de reunião em Siló. Pois era onde a arca da aliança era mantida (1ª Sm 2.18; 3.3). Tradicionalmente, os filhos do sacerdote sucederiam o ministério de seu pai. Entretanto os filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram iníquos porque eram imorais e mostravam desprezo pela oferta do Senhor (1ª Sm 2.17, 22).

3. Depois que Deus lhe concedeu a vitória, Ana cumpriu o voto que fez.
Após receber a benção, ela o levou a casa do Senhor como prometeu. Mas também levou mais uma oferta ao Senhor além do menino. Isso é uma mulher mais do que agradecida a Deus.

Vs. 24-28 "E, havendo-o desmamado, tomou-o consigo, com três bezerros, e um efa de farinha, e um odre de vinho, e levou-o à casa do SENHOR, em Siló, e era o menino ainda muito criança. 25 E degolaram um bezerro, e trouxeram o menino a Eli. 26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR. 27 Por este menino orava eu; e o SENHOR atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. 28 Por isso também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao SENHOR foi pedido. E adorou ali ao SENHOR.”

Para fazer o que prometera (1.11). Ana desistiu daquilo que ela mais queria – seu filho – e o apresentou a Eli para que servisse na casa do Senhor. Ao dedicar seu único filho a Deus, Ana estava dedicando sua vida e seu futuro inteiros a Deus. Porque a vida de Samuel pertencia a Deus, Ana, na verdade, não estava desistindo dele. Na verdade, ela estava o devolvendo a Deus, que é quem havia concedido Samuel a Ana no começo. Estes versos ilustram o tipo de ofertas devemos dar a Deus. [Life Application Study Bible Kingsway].

Para lá ficar para sempre. “Por isso também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver...
Ana quis dizer que Samuel seria nazireu durante toda a vida…Um fragmento do livro de 1ª Samuel encontrado na quarta caverna de Khirbet Qumran, publicado em 1954, declara especificamente que Samuel era nazireu. CBASD, vol. 2, p. 483.

V. 27 Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu Lhe fizera [Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor…].
A tradução literal do versículo seria: “A respeito deste menino, eu me interpus, e o Senhor me deu o pedido que pedi a Ele, e também me encontro obrigada ao pedi-lo ao Senhor.” Ana reconhecia com exultação que sua dádiva para Deus fora, antes de tudo, uma dádiva dEle para ela. CBASD, vol. 2, p. 484.

CONCLUSÃO. A família é um projeto de Deus. E quando Deus tem um projeto Ele é fiel em cumprir. Não importa o deserto, barreiras e as dificuldades que você está passando... não importas as Peninas que você tem que enfrentar. Põe tua fé em ação. Não deixe de adorar o Senhor.
O segredo da vitória é adorar aquele que vive e reina para sempre. Amém!

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL



1º Samuel 2.22-25
22- Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação. 23- E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço de todo este povo os vossos malefícios. 24- Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; fazeis transgredir o povo do SENHOR. 25- Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o SENHOR, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar.

1º Samuel 3.10-14
10- Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. 11- E disse o SENHOR a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que ouvir lhe tinirão ambas as orelhas. 12- Naquele mesmo dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado contra a sua casa; começá-lo-ei e acabá-lo-ei. 13- Porque já eu lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu. 14- Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada a iniquidade da casa de Eli com sacrifício nem com oferta de manjares.

INTRODUÇÃO. Nesta lição veremos a definição do termo degenerar; pontuaremos a corrupção moral e espiritual de Israel; estudaremos sobre a mensagem de juízo para Israel vinda da parte de Deus; e por fim, analisaremos o castigo divino a nação por causa de sua degeneração.

- O tema desta lição é a degeneração da liderança sacerdotal da casa de Eli. Veremos que os filhos deste não corresponderam aos propósitos divinos, e enveredaram pelo caminho do pecado, o que os fez deturpar as características do sacerdócio (Lv 21.6,7). Assim, Deus agiu de modo punitivo para com os filhos de Eli, pois eles, tendo conhecimento das leis divinas, não andaram por elas, mas degeneraram-se, abandonando as virtudes do verdadeiro sacerdócio. Quando Deus escolhe alguém para executar uma missão, deve este alguém observar rigorosamente a vontade divina.

I. DEFINIÇÃO DO TERMO DEGENERAR

1. Definição do verbo degenerar. O verbo “degenerar” significa: “mudar para um estado ou condição qualitativamente inferior; declinar, estragar. Mudar para pior; ocasionar ou adquirir maus hábitos ou práticas; corromper-se; deturpar; apodrecer; depravar; estragar” (HOUAISS, 2001, p. 928).

- Enquanto a palavra regenerar fala de uma mudança para melhor, degenerar é uma mudança para pior; é um movimento regressivo e não progressivo. A degeneração é entendida como a alteração de algo. É mudar para uma condição ou estado de inferioridade.

- Lendo Jeremias 2.21, o texto usa a palavra degenerado em relação a Israel como povo de Deus, pois de uma vide excelente vieram a ser uma planta amarga. Esse é o sentido de “pikrían” que aparece na Septuaginta (versão da Bíblia do hebraico para o grego). Na Vulgata Latina (versão da Bíblia do grego para o latim) aparece como adjetivo “právus” para referir-se a algo disforme, defeituoso, depravado (GOMES, 2019, p. 67).

II. A DEGENERAÇÃO MORAL E ESPIRITUAL DE ISRAEL

1. Situação do povo. O período dos juízes que se estende até aos dias de Samuel, foi um período de oscilações espirituais na vida do povo de Israel. Quando estavam em paz e prosperidade davam as costas para o Senhor e adoravam os ídolos (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1), quando se viam em aperto clamavam ao Deus verdadeiro (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 10.10). A idolatria estava enraizada no meio do povo escolhido (1º Sm 7.3,4).

2. Situação dos líderes. Deus nomeou homens a fim de que eles pudessem conduzir o povo de Israel nos caminhos e na vontade do Senhor. No entanto, quando os líderes se desviavam o prejuízo era ainda maior. Vejamos como estava os líderes no período inicial do livro de 1º Samuel:

2.1. Eli era conivente com os erros de seus filhos. Eli Era descendente de Arão e Itamar, tornou-se sumo sacerdote no centro da adoração em Siló. Eli esteve a frente do povo como juiz e sacerdote por pelo menos quarenta anos (1º Sm 4.18), e viveu até aos 98 anos de idade (1º Sm 4.15). Seu nome significa: “O Senhor é exaltado”, e a despeito da confiança e da fé que ele tinha no Senhor, ele não foi bem-sucedido na formação de sua família. Seus dois filhos, que eram sacerdotes, pecavam contra o Senhor, no entanto, Eli se restringiu apenas a uma repreensão verbal e nada mais (1º Sm 2.22-26). Eli não honrou o seu chamado e estimou mais os filhos do que a Deus (1º Sm 2.28,29). Eli foi:

a) Um pai ausente, que não tinha tempo para os filhos (1º Sm 4.18).

b) Um pai omisso, que não abriu os olhos para ver os sinais de perigo dentro do seu lar (1º Sm 2.22-24; 29-34; 3.11-12,17-18).

c) Um pai conivente (1º Sm 2.29; 3.13); e, d) um pai passivo ao fatalismo (1º Sm 3.18).

2.2. Hofni e Finéias pecavam contra Deus. Os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram chamados por Deus para o sacerdócio (1º Sm 1.3). No entanto, por causa do seu mau comportamento, foram chamados de filhos de Belial: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial” (1Sm 2.12-a). Esta expressão hebraica é usada para descrever pessoas desprezíveis e blasfemadoras do hebraico “gadaph” (Dt 13.13; Jz 19.22; 1º Sm 25.25; Pv 16.27). Paulo usa Belial “belliyya ́al” com o um sinônimo de Satanás (2ª Co 6.15). É dito também que eles “não conheciam ao SENHOR” (1Sm 2.12-b), ou seja, não possuíam qualquer conhecimento do verbo hebraico “yadá” íntimo e pessoal de Deus. Vejamos quais foram os pecados destes homens que os fizeram desprezíveis:

a) Pecados de ordem cúltica (1º Sm 2.12-17). A lei descrevia com precisão as porções dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes (Lv 3.3-5; 7.28-36; 10.12-15; Dt 18.1-5), mas os dois irmãos tomavam para si toda a carne que queriam e, ainda, as partes de gordura que pertenciam ao Senhor (Lv 7.28-36). Chegavam até a pegar a carne crua para assá-la e não ter de comê-la cozida. Eles “desprezavam a oferta do Senhor” (1º Sm 2.17) e “pisavam os sacrifícios do Senhor” (1º Sm 2.29).

b) Pecados de ordem moral (1º Sm 2.22,23). Além dos pecados de ordem cúltica (cerimonial; Relativo a culto (ex.: reunião cúltica)), o registro bíblico também diz que os filhos de Eli cometiam imoralidade sexual com alguns mulheres que ficavam a porta do templo.

c) Pecados de ordem pessoal (1º Sm 2.25). É forte a expressão “O Senhor os queria matar”. Lendo os textos de Números 15.30, Josué 11.20, Provérbios 15.10, logo se entende claramente o porque de Deus querer matar esses dois filhos de Eli. O texto esclarece que eles se colocaram em rebeldia e oposição a Deus, visto que esse é literalmente o sentido da expressão “filhos de Belial”. O procedimento pecaminoso, imoral, corrupto, incluindo o sacrilégio, resultou de uma deliberação própria dos filhos de Eli. Podemos dizer que sua rebelião foi algo idiossincrático, ou seja, algo pessoal, interno, característico do comportamento, do modo de agir ou da sensibilidade e individualidade de alguém (Jz 21.25; 1º Sm 2.17).

III. QUANDO NÃO VALORIZAMOS O QUE DEUS NOS DEU

1. Eli e seus filhos não valorizaram a chamada divina.
Segundo o relato bíblico, Eli era avançado em idade; tinha 98 anos (1º Sm 4.15). Seus dois filhos, Hofni e Fineias, por seu turno, também não valorizaram a posição que Deus lhes dera; degeneraram-se, transformando a Casa do Pai em lugar de imoralidades sexuais (1º Sm 2.22). Entretanto, devemos ponderar um ponto sobre o sacerdote Eli. Não se tem menção de abusos cometidos por ele; seu principal erro foi não corrigir os pecados de seus filhos; ele já não tinha autoridade sobre estes. Foi um pecado por omissão e complacência. Logo, o Senhor não demoraria em derramar a sua ira sobre a Casa de Eli (1º Sm 3.12).

2. Fazendo uma troca.
- Os filhos de Eli trocaram o Senhor pelos prazeres da vida – o apóstolo Paulo menciona os que são mais amigos dos prazeres do mundo do que de Deus (2 Tm 3.4). Para freá-los, pois o que faziam era por demais escandaloso, foi preciso uma ação do próprio Deus (1 Sm 2.25; 4.10.11).

- Não barganhe a posição que o Pai lhe concedeu; valorize o seu ministério, glorificando o Altíssimo e cumprindo a sua vontade. Os que se mantiverem fiéis serão grandemente honrados por Ele junto ao trono divino (Mt 25.21).

3. As consequências para quem peca contra Deus.
- Quando o homem comete um crime contra outro homem, aqui na Terra, há os tribunais humanos para julgá-lo, como Paulo nos lembra em Timóteo (1º Tm 1.9). Entretanto, para os pecados dos filhos de Eli, não haveria tribunal humano, pois eles pecaram direta e deliberadamente contra Deus. Como eles não se arrependeram, o juízo divino era inevitável. A ira de Deus se acenderia contra eles.

- Os que estão à frente do rebanho do Senhor devem ser exemplo em tudo. É preciso ser íntegro no ensino, incorruptível, reverente, digno e santo (Tt 2.7). Devemos ser conscientes de que Deus não tolera o pecado, principalmente, aos que ensinam e estão em posição de liderança (Tg 3.1).

IV. A MENSAGEM DE JUÍZO PARA ISRAEL

- Numa época em que era bem raro ouvir a voz de Deus, Samuel ouviu clara e reverentemente o Altíssimo (1º Sm 3.10). Nessa experiência, o jovem profeta recebeu uma séria e urgente comunicação divina: uma mensagem contra a casa de Eli, o seu mestre. Tal experiência mostra que Deus não faz acepção de pessoas, ou seja, não se importa com a idade de alguém quando a questão é fazer a vontade divina (1º Sm 3.15-18).

- Diante do quadro caótico de grande parte do povo e da liderança de Israel, Deus falou uma mensagem de juízo. Veio um homem de Deus a Eli e lhe revelou o que Deus iria fazer para punir os transgressores. Notemos:

1. Contra os sacerdotes. Na mensagem profética Deus lembrou a Eli o que ele tinha feito de bom ao povo de Israel e ao próprio Eli chamando-o para exercer o sacerdócio. No entanto, apesar desse tamanho privilégio Eli não deu o devido valor a sua vocação e tratou com desdém as coisas sagradas (1º Sm 2.27-29). Deus prometeu punir Eli e seus descendentes, fazendo com que morressem precocemente antes de completar a idade de exercerem o sacerdócio que era aos 30 anos (Nm 4.3,23,30,35,39,43,47; Lc 3.23). O homem de Deus profetizou a destruição da família de sacerdotes de Eli por causa de sua desobediência ao Senhor (1º Sm 2.31-33). Mais tarde esta mensagem foi confirmada por meio de Samuel (1º Sm 3.11-14). Como sinal do cumprimento desta mensagem, o homem de Deus disse que Hofni e Finéias morreriam no mesmo dia (1Sm 2.34). O juízo também foi cumprido no massacre em Nobe (1º Sm 22.11-19), e quando a herança sacerdotal foi transferida para a família de Zadoque no reinado de Salomão (1º Rs 2.26,27,35).

2. Contra o povo. Além de repreender o sacerdote Eli e seus filhos com uma dura mensagem de juízo, o homem de Deus também disse o que aconteceria com o povo: “E verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de fazer a Israel” (1º Sm 2.32).

IV. O CASTIGO PELA DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL

1. Escassez de manifestação. Samuel foi levantado em um tempo onde não havia atividade profética, provavelmente porque havia poucos israelitas fiéis que dariam ouvidos à Palavra de Deus: “... não havia visão manifesta” (1º Sm 3.1). Observamos o quanto o povo daquela época estava longe de Deus (Jz 21.25), as pessoas faziam o que parecia bem aos seus olhos justamente por não terem ensinamentos corretos, não havia dedicação e muito menos zelo pela Palavra do Senhor, esqueceram dos princípios que um dia receberam. O estado espiritual do povo era o mesmo que o do sacerdote “sem visão” (1º Sm 3.2).

2. Sentença pronunciada. Eli recebera uma sentença por meio de um profeta desconhecido: Deus iria punir os seus filhos (1º Sm 2.31). Prontamente, Eli aceitou a sentença que vinha da parte de Deus. Agora era a vez do menino Samuel. Ele não poderia mudar a mensagem, pois o que Deus lhe havia entregue estava na mesma direção do que entregara ao profeta desconhecido. Sim, Deus havia sentenciado a casa de Eli: viria morte e destruição sobre ela (1º Sm 3.12).

- Esta sentença seria executada por intermédio da invasão dos filisteus à terra do povo de Deus. Ali, além de muita matança, houve a captura da Arca da Aliança, símbolo da presença divina no meio do povo. Os filhos de Eli foram mortos. E, ao saber disso, e principalmente de que a Arca havia sido levada, Eli caiu e quebrou o pescoço; de imediato, sua nora entrou em trabalho de parto. Logo após, deu o nome ao seu filho, “Icabode”, a glória de Israel se foi, a fim de marcar a tragédia que se abateu contra aquela casa (1º Sm 4.18-22). Em seguida, ela morreu.

3. Derrota nas batalhas. A punição pelos pecados de Eli e sua família aconteceu de duas maneiras: a destruição quase total de uma família sacerdotal e a humilhação de uma nação inteira. Mas ainda ficaram descendentes e parentes de Eli, os quais, mais à frente foram mortos por Saul. Nessa ocasião o Tabernáculo tinha sido transferido para Nobe, e o sumo sacerdote era Aimeleque, bisneto de Eli. Por achar que este tinha ajudado Davi a fugir, Saul mandou matar ele e todos os demais sacerdotes, em número de oitenta e cinco. Só escapou Abiatar (1º Sm 22.6-23), que mais tarde tornou-se sumo sacerdote, durante o reinado de Davi, mas foi destituído por Salomão, cumprindo-se a profecia do homem de Deus em Siló (1º Sm 2.35,36; 4.2; 1º Rs.2.27).

4. A desgraça da família de Eli. A desgraça sobre a casa de Eli veio como uma grande avalanche. Seus filhos, Hofni e Fineias, bem como a sua nora, morreram. Além disso, 85 sacerdotes pereceram. No reinado de Salomão, Abiatar (um sacerdote da linhagem de Eli) foi expulso e, a partir daí, a casa de Eli passou a ser preterida (1 Rs 1.7,8; 2.27,35).

- As predições do profeta desconhecido e de Samuel se cumpriram na totalidade, ainda que levassem aproximadamente 130 anos para seu desfecho. Isso nos mostra que o pecado contra Deus tem a sua sentença, o seu juízo. O Novo Testamento corrobora tal assertiva. Veja o caso da igreja em Tiatira (Ap 2.23). A Bíblia revela que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23).

4.1. Morte dos líderes. Houve diversos prenúncios da punição divina a Eli e seus filhos, aos quais ele não deu a devida atenção, e por isso o desastre atingiu não somente sua família, mas a todo o povo de Deus. O próprio Eli os avisou que um pecado cometido contra o Senhor não permitiria intercessão (1º Sm 2.22-25). Depois Deus usou o menino Samuel para dizer a Eli que estava prestes a enviar um castigo terrível sobre ele e seus filhos (1º Sm 3.1-21). Eli respondeu a Samuel: “Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos” (1º Sm 2.18). Cumprindo as profecias divinas, Eli, seus filhos e uma de suas noras, morreram todos no mesmo dia (1Sm 4.12-22).


4.2. A perda do ministério sacerdotal. Deus havia dado o sacerdócio a Arão e a seus descendentes para sempre, e ninguém poderia tomar deles essa honra (Êx 29.9; 40.15; Nm 18.7; Dt 18.5). Porém, os servos de Deus não podem viver como bem entendem e esperar que o Senhor os honre, “porque aos que me honram, honrarei” (1º Sm 2.30). O privilégio do sacerdócio continuaria sendo da tribo de Levi e da casa de Arão, mas Deus o tomaria da linhagem de Eli (1º Sm 2.36). No tempo de Davi, havia pelo menos dois descendentes de Eleazar para cada descendente de Itamar (1º Cr 24.1-5), de modo que a família de Eli foi, aos poucos, desaparecendo. Eli era descendente de Arão pela linhagem de Itamar, o quarto filho de Arão, mas Deus abandonaria essa linhagem e se voltaria para os filhos de Eleazar, o terceiro filho de Arão e seu sucessor com o sumo sacerdote (ver 1º Rs 2.26,27,35). Os nomes de Eli e de Abiatar não aparecem na lista de sumos sacerdotes israelitas em 1Crônicas 6.3-15. Ao confirmar Zadoque com o sumo sacerdote, Salomão cumpriu a profecia proferida pelo homem de Deus quase um século e meio antes.

4.3. A perda da arca do Senhor. A tragédia também atingiu toda a nação quando os israelitas foram derrotados pelos filisteus, e estes tomaram a Arca da Aliança (1Sm 4.11), símbolo da presença de Deus no meio do povo. Por isso, a mulher de Finéias, que morreu ao saber da notícia e enquanto dava à luz um menino, deu-lhe o nome de Icabode, que significa “Foi-se a glória de Israel” (1º Sm 4.19-22).

V. III. AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

1. O preço do pecado.
O pecado sempre traz consequências. A Bíblia revela alguns exemplos sobre isso:
1.1. A expulsão de Adão e Eva do Paraíso, a morte física e espiritual (Gn 3.1-7,23; Rm 5.12).

1.2. Acã e sua família perderam a vida (Js 7.24,25).

1.3. Ananias e Safira foram mortos (At 5.1-11). Como vimos, as consequências do pecado são trágicas. Eli tinha conhecimento do pecado de seus filhos, mas sua covardia era visível. Por causa de sua omissão e da irreverência de seus filhos, sua família foi tirada do sacerdócio. É bom lembrar que Eli não era somente pai, mas principalmente, sacerdote. Por isso, cabia-lhe a responsabilidade paternal e judicial; nisso ele falhou.

- A Palavra de Deus nos mostra que, se os filhos não forem bem encaminhados, no caminho do Senhor (Pv 29.15), se tornarão uma vergonha aos seus pais e, se persistirem no erro, sofrerão consequências gravíssimas. Portanto, além de orarmos por nossos filhos, precisamos conduzi-los à comunhão com Deus (Dt 6.4-9), para, enfim, dizermos: “eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24.15).

2. Os males da falta de repreensão.
- Provérbios 15.10 diz que aquele que aborrece a repreensão morrerá. De acordo com o hebraico, a palavra repreensão (heb. towkachath) quer dizer correção, censura, punição, castigo. Nesse sentido, o próprio Deus aplica a sua repreensão: “Porque o SENHOR repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem” (Pv 3.12). Por não atentar para ela, a casa de Eli padeceu. Muitos já não acreditam no juízo de Deus. Ele é justiça! Ele é Santo!

3. Pecados voluntários e deliberados.
- O apóstolo João disse que há pecados pelos quais não se deve orar (1º Jo 5.16). Esse tipo de pecado gera morte. Nesse caso, é impossível que a pessoa se renove para o arrependimento. Entretanto, a Bíblia revela que o que confessa o pecado e o deixa, alcança misericórdia. Mas não houve misericórdia para os filhos de Eli, pois eles não se humilharam, não se quebrantaram na presença de Deus. Eles pecaram voluntária e deliberadamente; zombaram do Senhor.

- Como seguidores de Jesus Cristo, tenhamos temor e tremor. O pecado voluntário e deliberado leva à morte eterna (Hb 10.26). [EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4: A Degeneração da Liderança Sacerdotal – CPAD Adultos].

CONCLUSÃO.
- O pecado tem o seu salário. O pecado tem as suas consequências. Por isso, se andarmos segundo a Palavra de Deus, se formos fiéis aos seus mandamentos e se procedermos com sinceridade e verdade, Deus nos confirmará em sua presença.

- Devemos vigiar para não termos o mesmo final triste e penoso de Eli e seus filhos. Precisamos fazer como Samuel fez, honrar ao Senhor e servi-lo com fidelidade.
FONTE DE PESQUISA

1. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
2. JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
3. GOMES, OSIEL, A Degeneração da Liderança Sacerdotal, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
4. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
5. TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
6. WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL



TEXTO ÁUREO
“Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.” (1º Sm 3.10).

VERDADE PRÁTICA
A verdadeira chamada divina capacita o crente fiel a ser um porta-voz autêntico da Palavra de Deus.

LEITURA BÍBLICA
1º Samuel 3.1-10 “E o jovem Samuel servia ao SENHOR perante Eli. E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta. 2- E sucedeu, naquele dia, que, estando Eli deitado no seu lugar (e os seus olhos se começavam já a escurecer, que não podia ver) 3- e estando também Samuel já deitado, antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do SENHOR, em que estava a arca de Deus, 4- o SENHOR chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui. 5- E correu a Eli e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu, torna a deitar-te. E foi e se deitou. 6- E o SENHOR tornou a chamar outra vez a Samuel. Samuel se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei eu, filho meu, torna a deitar-te. 7- Porém Samuel ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do SENHOR. 8- O SENHOR, pois, tornou a chamar a Samuel, terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então, entendeu Eli que o SENHOR chamava o jovem. 9- Pelo que Eli disse a Samuel: Vai-te deitar, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, SENHOR, porque o teu servo ouve. Então, Samuel foi e se deitou no seu lugar. 10- Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição, veremos que o ministério profético do Antigo Testamento não se caracterizava pela adivinhação nem pela mera predição do futuro, mas tinha como principal objetivo levar a todos a ter um firme compromisso com Deus. Sua essência é anunciar a totalidade da mensagem divina. Por isso, Jeremias foi bem categórico: “O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade … diz o SENHOR” (Jr 23.28).

- Na aula desta semana seus alunos serão estimulados a pensarem com muita seriedade a respeito do chamado de Deus para a vida deles. O Senhor requer responsabilidade no serviço da sua obra. Ele espera que seus servos realizem a sua obra com comprometimento e sem superficialidade.

- Deus chamou Samuel quando não havia mais pessoas dispostas a serem usadas por Deus para mostrarem ao povo o caminho certo que deveriam seguir. “A palavra do Senhor era de muita valia” nos dias de Samuel. Semelhantemente, nos dias atuais, ouvimos muitas pessoas utilizarem o nome de Deus e afirmarem terminantemente que “Deus falou”. Infelizmente, muitos pensam estar ouvindo a voz de Deus quando na verdade estão ouvindo a voz do próprio coração. Isso não significa que Deus deixou de falar ou esteja em silêncio, como esteve nos dias de Samuel. Mas é preciso discernir a voz do Senhor para que tenhamos a intimidade e comunhão verdadeira com o seu santo Espírito.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA

1. No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabi”, que vem da raiz verbal “naba”. Essa palavra significa: “anunciador”, e por extensão, “aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento intuitivo”. Os termos hebraicos “roeh” e “hozeh” também são usados e significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”. Todas as três palavras aparecem em 1º Cr 29.29. “Nabi” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento, alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1º Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1º Rs 1.8; 2º Rs 3.11; Ed 5.1; Sl 74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).

2. No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece por cento e quarenta e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1º Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1º Pe 1.10; 2ºPe 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteía”, “profecia”, é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1º Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1º Ts 5.20; 1º Tm 1.18; 4.14; 2º Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor de”; e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).

3. A menção de “profeta” no livro.
- A primeira menção feita a um “profeta” no livro está registrada em 1º Samuel 2.27-36. Aqui, vemos que o profeta era caracterizado como homem de Deus, título que lhe trazia grande responsabilidade. O profeta não é um adivinhador, mas o porta-voz de Deus. Ali, Samuel se dirigiu à casa de Eli, dizendo que este seria substituído por um sacerdote fiel − Zadoque. Esse acontecimento antecipava como seria o ministério de Samuel, o profeta do Senhor por excelência.

4. Samuel e os demais profetas.
- Samuel foi o primeiro profeta depois de Moises. Estes dois profetas se destacaram como grandes líderes espirituais do povo de Deus na Tanakh.

- Num dia em especial, contrariando a agenda monótona de Moisés, Deus lhe chama. O chamado de Deus para Moisés estava casado com o propósito divino de libertar Moisés tanto da culpa quanto da situação de escravo hebreu.

- Deus incumbiu Moisés de estender aos israelitas o que ele mesmo recebera de Deus: a oportunidade de recomeçar sua vida do modo como Deus se agrada.

- Samuel, a escutar a voz de Deus e de Moisés que foi atraído por uma visão sobrenatural, Samuel não conseguiu discernir a voz do Senhor da voz de uma pessoa comum, porque era menino e precisou da ajuda do sacerdote Eli que discerniu que era o Senhor.

- Ao ouvir a Voz divina e diferente de Moisés que encontrou diversas desculpas para não obedecer ao que ouviu, o menino Samuel ouviu com atenção e obedeceu com destreza ao que Deus lhe ordenara. Deus compartilhou com Samuel o que seu coração sentia com relação à casa de Eli. Deus que não achou em Eli, Ofni ou Fineias espaço no coração para falar, encontrou no garoto Samuel alguém disponível para ouvir e disposto para obedecer.

- Em Samuel nós aprendemos que Deus chama porque tem grande desejo de compartilhar conosco o que vai em seu coração. Em Moisés aprendemos que Deus chama o homem porque quer libertá-lo (Sl 99.6; Jr 15.1; At 3.22-24; At 13.16-20).

- Com Samuel deu-se o início à prática de os profetas ungirem reis. Segundo o texto bíblico, o próprio Samuel comunicou as palavras de Deus a Saul, de que este seria rei.

- Segundo os estudiosos, foi com Samuel que teve início o movimento profético formal em Israel. E com Elias, ele se desenvolveria ainda mais. A partir do ministério de Samuel, surgiram os profetas da corte – os que atuavam junto aos reis. Alguns desses profetas não apenas aconselhavam os soberanos, mas também eram seus escrivães. Por exemplo, Samuel, Natã e Gade fizeram alguns registros reais.

II. DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT

- Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305).

Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:

1. O profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2º Rs 17.13). “No Antigo Testamento, este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p. 84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista também é visto como o último representante deste movimento (Mt 11.13)” (ANDRADE, 2006, p. 305). O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como:

A. Ungir reis (1º Sm 9.16; 16.12- 13; 1º Rs 19.16).
B. Aconselhar reis (1º Sm 10.8; 21.18; 2º Sm 12; 2º Rs 6.9-12).
C. Ser consultado pelas pessoas (1º Sm 9.8- 10; 1º Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon sagrado não estão a mercê de julgamento humano (2Pe 1.21).

2. O profeta no Novo Testamento. Sobre a figura do profeta no NT, Donald Stamps (2012, p. 1814) afirma: “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo”. Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1º Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT:

2.1. Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At 

2.14-36; 3.12-26; 1º Co 12.10; 14.3).

2.2. Exercia o dom de profecia (At 13.1-3).

2.3. Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).

III. DIFERENÇAS ENTRE O DOM DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

1. Dom de profeta (permanente). A palavra “ministro” (1ºCo 3.5; 4.2; 2ºCo 3.6; 6.4) significa um servo de Deus que ocupa um “ministério” (1ºCo 4.1,2; 2º Co 6.3), que é um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (2º Co 5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1º Tm 3.15). Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas constituíam o ministério da Palavra de Deus, impulsionado por inspiração profética. Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação”, que são evidências da operação do verdadeiro espírito da profecia (1Co 14.3). Observamos, assim, que o simples uso do dom de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).

2. Dom de profecia (esporádico). “Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1º Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem como a Palavra nos orienta que faça” (1º Co 14.29; 1º Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113).

IV. O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL

- O registro de Atos 3.24 está escrito: “E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias”, indicando que Samuel foi o primeiro de uma nova ordem ou linhagem de profetas.

1. O tempo do chamado. Assim como o profeta Jeremias foi chamado para exercer o ministério profético ainda muito jovem (Jr 1.1-6), a convocação de Deus para a vida de Samuel se dá no momento de sua tenra idade (1º Sm 3.4). Por essa época, provavelmente Samuel já era um adolescente; mas o texto sagrado nada revela sobre a idade dele por ocasião da visita divina. O termo hebraico “na’ar” empregado aqui (1º Sm 3.1), pode falar de uma criança de qualquer idade, desde um infante recém-nascido (1º Sm 4.21) até um homem de 40 anos (ver 2º Cr 13.7). Fávio Josefo disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade (CHAMPLIN, 2001, p. 1136). Era aos 12 anos que um menino israelita se tornava filho da lei, passando a ser considerado pessoalmente responsável por obedecer e seguir aquele documento (Lc 2.39). Portanto, fica claro no chamado de Samuel, que as escolhas de Deus para o serviço sagrado são baseadas em sua soberania, e não estão restritas a status, capacidade ou mesmo idade (1º Sm 16.11-13; Am 7.14,15; Mc 3.13).

2. O contexto espiritual do chamado. Este era um período de declínio espiritual na nação de Israel (Jz 21.25). Além do exemplo negativo dos filhos do sacerdote Eli (1º Sm 2.17,22-24) naqueles dias a revelação de Deus era algo raríssimo: “E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” (1º Sm 3.1) de modo que, assim como suas reiteradas manifestações eram consideradas um sinal de favor e aprovação (Os 12.10), pouca frequência destas revelações era um sinal de desaprovação por parte do Senhor (Sl 74.9; Lm 2.9; Ez 7.26; Am 8.11).

- Em outra tradução a vai dizer que a Palavra de Deus era mui rara; as visões não eram frequentes...”. O Senhor estava retendo Sua santa Palavra, pois Ele estava muito irado por causa da maldade e imoralidade dos líderes espirituais. Naqueles dias, a Palavra de Senhor era como se fosse uma lâmpada quase apagada, ou seja, as travas estavam prevalecendo e o sumo sacerdote Eli não se importava com isso.

- Quando há omissão do ensino na casa de Deus, cada um segue seu próprio caminho; isso não é muito diferente em nossos dias onde os cultos estão sendo trocados por shows e espetáculos, entristecendo o Espírito Santo. É em meio a esta realidade que:

2.1. Samuel ouve a voz de Deus. “o SENHOR chamou a Samuel...” (1º Sm 3.4).

2.2. A presença de Deus é revelada. “Então, veio o SENHOR e ali esteve...” (1ºSm 3.10).

2.3. Samuel recebe a mensagem de Deus. “E disse o SENHOR a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel” (1º Sm 3.11). O jovem profeta é levantado por Deus em tempos de crises, para mudar aquele ambiente hostil (1º Sm 3.21).

3. O reconhecimento do chamado. O crescente reconhecimento, entre o povo de Israel, de que o Senhor estava com Samuel e fazia dele o Seu porta-voz, está indicado no seguinte texto: “E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”. “E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do SENHOR” (1º Sm 3.19,20).

- Desde Dã até Berseba é a típica maneira de descrever “a extensão e a amplitude da terra” (cf. Jz 20.1). Dã estava no extremo norte, Berseba era o ponto mais ao sul.

- Tradicionalmente, Dã marcava a fronteira do extremo norte de Israel, ao mesmo tempo que Berseba assinalava o extremo sul. Isto posto, a expressão “desde Dã até Berseba” tornou-se proverbial, indicando toda a extensão do território de Israel.

- Todos quantos são chamados por Deus, têm o atesto da escolha Divina (Êx 3.12; 4.1-9; 15-17; 2º Rs 2.12-15; Js 1.5,17; 3.7; Jr 1.17-19; Ag 2.23; Mc 16.20; At 5.12; 14.3; Hb 2.4).

V. SAMUEL, UM PROFETA OBEDIENTE À VOZ DE DEUS

1. A desobediência de Eli. A desobediência do sacerdote Eli levou à destruição de seu ministério e sua família. Seu exemplo nos mostra que a falta de comprometimento com a Palavra de Deus e o exercício superficial do ministério resultam em morte e decadência espiritual (1º Sm 2.27-36). O maior pecado de Eli foi ter desprezado a Deus em seu ministério. Ele já não repreendia seus filhos, mas permitia que pecassem descaradamente e ainda encobria o que faziam (3.13,14). Esse comportamento de Eli trouxe graves consequências para sua vida em vários sentidos (4.11-17).

2. O chamado de Samuel. Deus escolheu Samuel para anunciar a sua mensagem em tempos difíceis. O período dos juízes foi um tempo conturbado para a nação de Israel, pois várias vezes o povo se distanciava de Deus e se voltava para a idolatria (cf. Jz 2.16-19). Por conta disso, Deus permitiu que o sofrimento e as guerras se levantassem a fim de que os israelitas se arrependessem de seus pecados (2.20-23). Neste tempo, Deus usou o jovem Samuel para anunciar tudo o que havia determinado que se cumprisse à casa de Eli. Ali iniciava o ministério profético de Samuel. Depois de um tempo, ele ainda foi juiz sobre a nação e usado por Deus para ungir dois reis sobre a casa de Israel (cf. 1º Sm 10.1; 16.13). Samuel teve um ministério excelente porque confiou no Senhor e fez a sua vontade.

3. Um chamado para tempos difíceis. Deus chamou Samuel em tempos difíceis quando a palavra do Senhor era de muita ralia (1º Sm 3.1). A realidade de Samuel não é diferente da nossa, pois assim como nos dias de Samuel os que exerciam o ministério na Casa de Deus não o faziam com seriedade, há muitos ainda hoje que não fazem a obra de Deus com comprometimento e responsabilidade. Deus espera de seus “despenseiros”, isto é, daqueles que Ele instituiu como administradores da sua obra, que exerçam o serviço de maneira honesta e sem interesse (cf. 1º Co 4.2). Não foi fácil para o jovem Samuel, naquela ocasião, ter que anunciar a morte e decadência do principal sacerdote de Israel. Mas Deus o capacitou para que Ele exercesse o seu chamado com afinco e obtivesse o êxito esperado.

VI. O DESENVOLVIMENTO DO MINISTÉRIO DE SAMUEL

1. O crescimento profético de Samuel.
- Se os filhos do sacerdote Eli praticavam pecados abomináveis, o jovem Samuel crescia com integridade diante de Deus e do povo. Sempre houve em Ana, sua mãe, um cuidado especial para que seu filho estivesse envolvido com a obra de Deus. Ela orou por ele e o entregou aos cuidados de Eli. Este, observando a dedicação de Ana e seu comprometimento, orou por ela, rogando a Deus a bênção para a sua casa (1º Sm 2.20,21). É maravilhoso dedicarmos a Deus o que temos de mais precioso, pois suas recompensas são certas.

2. A formação profética de Samuel.
- Samuel aprendeu com Eli. Ele foi formado pelo velho sacerdote, assim como Paulo aprendeu aos pés de Gamaliel (At 22.3) e Timóteo com Paulo (2ª Tm 3.10). Deus chamou Samuel quando ele tinha cerca de 12 anos (1º Sm 3.1-4), ou seja, a mesma faixa-etária de Jesus quando foi levado a Jerusalém por seus pais (Lc 2.42). Assim, sob os cuidados de Eli, Samuel era forjado por Deus para o ministério profético.

- Muitos hoje não querem mais aprender com os mais experientes, pois julgam-se importantes e desprezam o aprendizado aos “pés de alguém”. Paulo e Timóteo, por exemplo, orgulhavam-se de ter aprendido com seus mestres. Mas, além de disposição para aprender, precisamos de disposição para ouvir a voz de Deus. Isso só é possível por meio de uma vida de oração e busca fervorosa pelo Senhor (Is 55.6). Deus quer falar conosco!

3. A disciplina de Samuel.
- Ainda jovem, Samuel já se mostrava disciplinado. Ao ouvir uma voz que o chamava pelo nome, pensando que fosse a de Eli, por três vezes dirigiu-se a ele com todo respeito e temor (1º Sm 3.4,5). Essa postura apontava que ele era o homem certo para ouvir a Palavra do Senhor. Por não ter uma experiência pessoal com Deus, ainda não sabia como responder ao chamado divino; por isso, Eli o orientou. Desde então Samuel passou a receber visões de Deus e orientações sobre sua Palavra.

- Se os nossos filhos servirem a Deus com a disposição de Samuel, educados pela sua família na presença do Pai, eles influenciarão de maneira impactante a sua geração (cf. Mt 5.13-16).

VII. O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA ATUALIDADE

1. O dom da profecia.
- O dom de profecia, disponível a todos os crentes, manifesta-se de forma sobrenatural e momentânea; encoraja, exorta e consola a Igreja; edifica de forma coletiva e individual o povo de Deus (1ª Co 12.7-11; 1ª Tm 4.14).

- O dom de profecia é uma dádiva de Deus à sua Igreja. É maravilhoso saber que o Pai ainda fala diretamente com o seu povo.

2. O ministério de profeta no Novo Testamento.
- O emprego do termo “profeta”, no Novo Testamento, refere-se a determinados indivíduos chamados por Deus, a fim de entregar revelações específicas à Igreja; suas mensagens eram proclamadas com autoridade sobrenatural e reconhecidamente divina.
- Veja-se, por exemplo, o caso de Ágabo (At 11.28; 21.10).

- Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas eram impulsionados extraordinariamente pelo Espírito Santo, para o exercício desse ministério. Não podemos confundir o ministério profético com o dom de profecia.

3. Onde estão os profetas?
- Alguns profetas também eram usados para predizer o futuro, como Ágabo em duas ocasiões (Atos 11.28; 21.11). Ele saiu de sua casa na Judeia para levar as mensagens de Deus. Em consequência da primeira, foi levantada uma oferta para ajudar a igreja em Jerusalém durante uma fome prevista e acontecida. Na segunda, a igreja foi avisada a respeito da prisão do apóstolo Paulo. Em nenhuma delas estava envolvida alguma nova doutrina. Nem foram dadas instruções quanto ao que a igreja devia fazer. Isto era assunto dos membros, mediante o Espírito Santo. Nunca houve algo semelhante à adivinhação, no ministério desses profetas.

- Hoje, o Senhor continua a falar à sua Igreja por meio do ministério profético. Ainda temos homens que, à semelhança de Àgabo, transmitem enunciados proféticos de maneira sobrenatural e extraordinária.

- Os que são usados regularmente pelo Espírito no exercício do dom de profecia na congregação, também são chamados profetas (1º Co 14.29,32,37). A Bíblia adverte contra os falsos profetas que alegam ser usados pelo Espírito Santo, mas devem ser submetidos à prova (1º Jo 4.1). (HORTON, Stanley. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp.290-91). [ Escola Dominical ] Lição 3: A Chamada Profética de Samuel 4° trimestre de 2019 – CPAD | Classe: Adultos

- Todavia, eles não possuem autoridade canônica da Bíblia Sagrada – a única regra infalível de fé e prática reconhecida pela Igreja de Cristo. Toda locução profética é passível de julgamento à luz da Bíblia Sagrada (1ª Co 14.29).

- A profecia é uma necessidade premente nos dias de hoje (1ª Co 14.5).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

CONCLUSÃO.
Onde estão os crentes usados por Deus para falar extraordinariamente ao seu povo? Nestes últimos dias, precisamos de obreiros fiéis que busquem os dons do Espírito. Entretanto, estejamos vigilantes. Como já dissemos, todo enunciado profético tem de passar, necessariamente, pelo crivo da Bíblia Sagrada.

FONTE DE PESQUISA
1. ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
2. BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
3. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
4. EBD 4° Trimestre 2019 Lição 3 - A Chamada Profética de Samuel
5. HORTON, Stanley. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
6. RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
7. SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
8. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Elabora pelo pastor e Dr. em teologia Elias Ribas
Blumenau SC


terça-feira, 8 de outubro de 2019

A HISTÓRIA EM APENAS UMA PALAVRA HEBRAICA



O dilúvio e a arca são ótimos símbolos de salvação para aqueles que acreditam em Deus. Para entender essa ideia, devemos nos aprofundar na versão em hebraico. No texto original, encontramos um verbo em particular כפר “k.p.r” (expiar) que compartilha a mesma raiz utilizada para “Yom Kipur”, o dia do Perdão. Este verbo é utilizado para expressar a ideia de "cobrir com betume" e “expiar por um pecado”. Assim, esta simples instrução prática de Deus soa quase como um depoimento teológico em hebraico. Entendendo o hebraico, fica claro que a história de Noé se trata essencialmente de uma história de redenção e expiação.