TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O NASCIMENTO DE UM LÍDER PROFÉTICO EM ISRAEL




TEXTO ÁUREO: “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.” (1ª Sm 1.20).

VERDADE PRÁTICA
O surgimento de pessoas vocacionadas, como Samuel, pode ser o resultado da oração, consagração e ensino dos pais no lar.

LEITURA BÍBLICA
1ª Samuel 1.20-28 “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR. 21-E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 22-Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que apareça perante o SENHOR e lá fique para sempre. 23-E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer a teus olhos; fica até que o desmames; tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim, ficou a mulher e deu leite a seu filho, até que o desmamou. 24-E, havendo-o desmamado, o levou consigo, com três bezerros e um efa de farinha e um odre de vinho, e o trouxe à Casa do SENHOR, a Siló. E era o menino ainda muito criança. 25-E degolaram um bezerro e assim trouxeram o menino a Eli. 26-E disse ela: Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR. 27-Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido.
28-Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver; pois ao SENHOR foi pedido. E ele adorou ali ao SENHOR.

INTRODUÇÃO. Antes de aparecer no cenário de Israel, Samuel já era consagrado diretamente ao Senhor (1ª Sm 1.11). Nesta lição, veremos que esse homem tinha tudo a seu favor para ser o que foi.
- Primeiramente, ele foi fruto de oração de sua mãe.
- Em seguida, passou toda a sua juventude sob a mentoria do sacerdote Eli, morando no Santuário Central.
- Veremos que Samuel era constante na Casa do Senhor e, por isso, foi grandemente abençoado.
- O nosso objetivo é que, a partir desta lição, você e o seu lar sejam grandemente abençoados.
- Vale a pena criar os filhos no temor do Senhor; que eles não se afastem da Casa de Deus!

- Deus levanta pessoas para o ministério. Ele vocaciona os que serão usados por Ele para fazer uma grande obra. Entretanto, uma obra desse porte requer também zelo da família que ensina o menino, ou a menina, no caminho do Senhor. É preciso que a criança cresça num ambiente em que a prática de oração é um hábito, que haja consagração sincera a Deus e ensino da Palavra no lar. Assim, ao longo dos tempos, Deus vai moldando o coração do infante para que ame as coisas dEle. Uma família que serve a Deus de todo o coração é um ambiente propício para o Pai levantar pessoas para a sua obra.
  
I. AUTORIA E DATA

1. Título e Autor.
1º e 2º Samuel receberam esse nome do personagem principal do início do Reino de Israel, Samuel; este foi profeta, sacerdote e juiz; foi a pessoa usada por Deus para fazer a transição dos juízes aos reis.

II. OS PERSIANAGEM DO TEXTO

Significado dos Nomes no hebraico.
1. Elcana significa: “que Deus criou”, ou “que Deus adquiriu”, “possessão de Deus”.
2. Ana: Significa: “graciosa” ou “cheia de graça”.
3. Penina significa: “pérola”; “pedra preciosa” ou ainda “joia”.
4. Samuel significa: שמואל (Shmu'el).
שמעו -> Shm'u, traduz-se como “ouviram”
אל -> 'El, traduz-se como “Deus”.
Juntando os dois ficaria “Ouviram Deus”, mas interpreta-se como “Deus ouviu” já que אל (El, Deus em hebraico) é singular e não plural.
- Aquele a quem Deus ouve ou ouvido por Deus.
5. Eli significa: Yawe ou Yahu; Eterno; Altíssimo; Criador. O sacerdote que possuía mais elevação do santuário de Silo.

III. CONTEXTO HISTÓRICO

Juízes 21.25. “Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.”
- O livro dos Juízes termina com o lembrete de que estes tristes acontecimentos tiveram lugar durante o período em que não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava mais reto (v. 25). Embora a mão de Deus possa ser encontrada através de toda a história dos Juízes, o fracasso humano se destaca com nítido relevo.
- A o livro do profeta Samuel foi escrito após o livro de Juízes que viveram após a morte de Sansão. No cânon hebraico, os dois livros de Samuel formam um só. É um dos livros mais cristológicos, se não o mais cristológico do AT, pois o reino de Davi, todo ele, praticamente refere-se ao reino vindouro de Cristo (ver 25.1n [“Samuel criou duas instituições: a Monarquia e o Ensino. Aquela, na pessoa de Davi, tipifica a Cristo….”]. Bíblia Shedd.

1. A cidade de Siló.
V. 3 “Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli.”

- Siló está como nome próprio, uma palavra composta da reunião de dois vocábulos: shel e loh, significando “a quem alguma coisa pertence, a quem pertence o domínio, o que tem o reino” (Strong 07886). Porém, e por muito tempo, Siló foi a denominação dada a uma região de Israel.

“ E toda a congregação dos filhos de Israel, se ajuntou em Siló, e ali armaram a tenda da congregação, depois que a terra foi sujeita diante deles” (Js 18.1).

- Siló era o mais importante local de culto de toda a Palestina, ficava a 38 quilômetros ao Norte de Jerusalém, na região de Efraim. Multidões concorriam a Siló para adorar, sacrificar a Deus e consultar os sacerdotes, dentre eles Eli e também ao profeta Samuel. A arca da Aliança permaneceu nessa cidade por mais de um século, no talmude está escrito que na verdade, foram 369 anos de permanência da Arca da Aliança em Siló.

IV. O AMBIENTE FAMILIAR DE SAMUEL

1. Onde Samuel nasceu? No capítulo um de 1º Samuel, vemos que o lar onde ele nasceu não era perfeito. Estudiosos dos costumes bíblicos afirmam que nas famílias dos homens de Deus do passado havia os mesmos problemas de hoje: conflitos e maus tratos. Poligamia, rivalidade entre irmãos e oposição entre pais e filhos também estavam presentes nas famílias daquela época. Tais fatos, porém, não anularam o projeto de Deus para a família de Samuel.

- A Bíblia diz que Elcana, pai do jovem juiz, sacerdote e profeta, era levita da família de Coate (1º Cr 6.22-28), um homem de elevada posição social e chefe da família de Zofim, que deu origem ao nome da aldeia, Ramataim de Zofim, que significa altitude ou elevação dupla, isso por causa de Ramá (elevação). Foi em Ramá que Samuel nasceu, viveu e morreu (1º Sm 1.19; 7.17; 25.1). Assim como seu pai Elcana, Samuel também era levita e vivia no território da Tribo de Efraim (1º Sm 1.1).

3. Uma família piedosa. Apesar de todas as querelas presentes na família de Samuel, há um destaque especial para o seu lado piedoso: de ano em ano subiam todos à Casa do Senhor para O adorar. Siló era o centro religioso da nação, que distava de Betel 18 quilômetros ao norte. Essa família subia para prestar culto ao Senhor dos exércitos.

- Apesar das dificuldades, pais e filhos não devem deixar de ir à casa de Deus, pois ali, Deus fala conosco! No tocante à piedade, Paulo diz que ela é proveitosa para tudo (1ª Tm 4.8). A palavra “piedade”, do grego eusebeia, remete à reverência, respeito, temor e fidelidade a Deus. Assim, se no lar existe a verdadeira piedade, não haverá desrespeito aos pais nem abandono dos filhos em sua velhice (1ª Tm 5.4).

V. AS DUAS MULHERES DE ELCANA

1. A bigamia presente. O autor do livro de Samuel pontua que Elcana tinha duas mulheres, uma prática que feria o princípio bíblico, posto que esse nunca foi o ideal de Deus para a família (Gn 2.24; Mt 19.5,6); embora fosse tolerado pela lei (Dt 21.15-17) – alguns homens na Bíblia foram polígamos, mas tiveram consequências gravíssimas: Abraão, Jacó, Gideão, Davi, Salomão. A prática comprometedora de Elcana trouxe problema para si e para a sua mulher, Ana, a quem amava, pois Penina provocava sua rival, visto que ela tinha filhos, mas Ana, não. Crê-se que o casamento de Elcana com Penina se dera por causa da esterilidade de Ana.

- Por vezes nossos lares se tornam conflituosos devido à falta de prudência e sabedoria de um dos cônjuges. Por isso, é imperioso que o esposo e a esposa saibam proceder com verdade e sinceridade, relacionando-se um com o outro em amor (Ef 4.2) e pedindo sabedoria do alto para a solução de conflitos (Tg 1.5).

2. Elcana um homem temente a Deus.
V. 3 “Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli.”

- Morava na cidade de Rama (cf. vs. 1 e 19).
- Siló ficava a 38 quilômetros ao Norte de Jerusalém, na região de Efraim.

- Conquanto vivesse num ambiente ímpio, fica evidente que a espiritualidade de Elcana era viva. Mesmo que Hofni e Fineias fossem corruptos, ele era fiel em sua adoração e em oferecer sacrifícios. O mesmo ocorreu com Ana e Simeão nos dias de Cristo (Lc 2.25-38) e deve ser verdade em todos os tempos. A aliança com Cristo não deve depender das obras dos outros. CBASD, vol. 2, p. 481.

3. Ana era estéril. V. 2 “E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o da outra Penina. E Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha.”

- Se a primeira mulher, a amada, fosse estéril, o homem poderia casar-se com uma segunda. - A lei judaica faz menção desses casos em Deuteronômio 21.15. A esterilidade era considerada um castigo de Deus – era desonra para a mulher não ter filhos.

4. Ana era mulher de Elcana da tribo de Levi. Elcana significa “que Deus criou”, ou “que Deus adquiriu”. Ele era casado com duas mulheres: Ana, que significa “graciosa, graça, favor” e Penina, que significa “pérola”.

5. Ana era a mulher mais amada.
V. 4-5 “E sucedeu que no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas. 5 Porém a Ana dava uma parte excelente; porque amava a Ana, embora o SENHOR lhe tivesse cerrado a madre.”

6. Ana é uma mulher encantadora por si só. Algumas mulheres só conseguem ser atraentes se estiverem bem vestidas e maquiadas. Porém, Ana, andava triste e ainda assim estava linda o bastante para ter o amor do seu esposo. O que significa que Ana tinha qualidades que superavam Penina com todos seus filhos juntos. Filho é necessidade naquele tempo, porém as qualidades de Ana superavam isso.

7. Penina uma rival irritante.
- Penina irritava Ana, porque tinha filhos enquanto Ana não os tinha.
V. 6 “E a sua rival excessivamente a provocava, para a irritar; porque o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.”

- Significa que Penina valorizava o “ter” e não o “ser”. E por isso Elcana amava Ana, porque enquanto Penina apenas tinha, Ana era!

- Irritava fazia chacota e zombava porque Ana era estéril.

- Penina era um espinho na vida de Ana.

VI. ANA NÃO MURMURAVA, MAS MANTINHA SUA HUMILDADE

1. Ana uma mulher humilde. Descrita no primeiro capítulo como uma mulher forte, firme, decidida, apesar de toda provocação de Penina, Ana se mostrou humilde. Penina, sua rival, fazia de tudo para que Ana se irasse (1º Sm 1.6), perdesse o controle, mas o que esta fazia era subir à Casa de Deus (1º Sm 1.9,10).

- Uma mulher cristã, espiritual, sempre busca sabedoria para proceder com prudência, como mulher piedosa (Pv 31.30). Ela evita responder aos ataques de outras, mas dirigi-se à pessoa certa, derramando o seu coração diante de Deus (1º Sm 1.12,13).

2. Ana não exigiu nada do seu marido. Não pediu para ele orar junto com ela. Não exigiu dele fé para crer no milagre. Não exigiu que ele repreendesse Penina, mesmo sabendo que ele o faria porque a amava. Não coloque a culpa na fraqueza do marido ou ausência dele, busque ao Senhor você, o marido é santificado pela esposa. 1ª Co 7.14.

3. Ana não respondia Penina, não retrucou, não ofendeu, mas suportou calada. Não dê lugar ao diabo (Ef 4.27). Não desconte seus problemas nos outros, nem nos inimigos (Rm 12.21).

4. Ana estava calada diante das irritações de Penina. Sl 46.10 “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra.”

A Penina na tua vida pode ser:
1. Na família. O marido ou esposa ou filho. O filho problemático (na droga, no roubo, etc.)
3. Na saúde. Enfermidades que assolam tua vida.
4. Financeira.
5. Na vocação do ministério.

VII. ANA ERA FERVOROSA E AGRADECIDA

1. Ana fez um voto. V. 11 “E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao SENHOR o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.

- Ana fez um voto ao Senhor, prometendo devolver o que mais queria, isso é gratidão e generosidade. Se contentou em apenas gerar o menino, humildade! A resposta de Deus foi imediata. Pois o sacerdote a abençoou, no verso 17.

- Ana pediu um filho para Deus. Nesse pedido ela fez um voto, mencionando duas promessas: primeira, se o pedido fosse atendido, ela dedicaria o seu filho como levita para sempre (1º Sm 1.22) – note que o ministério de levita durava até 50 anos (Nm 4.3); segunda, ele seria um nazireu de Deus (1º Sm 1.11) – observe que o nazireado tinha um tempo determinado também (Nm 6.2-5).

- Deus ouviu o pedido de Ana e agiu em seu favor; a expressão “lembrou-se dela” aponta para o socorro divino. Como é maravilhoso entregar tudo a Deus, levar-lhe nossas causas, pois Seu agir é certo! Deus ainda intervém!

2. Ana e sua amargura de alma.
Vs. 14-19: “E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. 15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR. 16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porquê da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. 17 Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste. 18 E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste. 19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu a Ana sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela.”

- Toda a situação na qual vivia fez com que sua alma tivesse grande amargura. Aqui, a palavra é a mesma que aparece em Êxodo 15.23 e Rute 1.20. No caso de Ana, pode ser entendida como desapontamento, frustração. No santuário, ela orava ao Senhor apenas com os lábios, o que não era comum para os hebreus. Esse ato incomum fez Eli pensar que ela estivesse embriagada.

- Ana não usou de ignorância com o sacerdote Eli. Mas com reverência, ela explicou sua dor, de modo que o sacerdote lhe respondeu: “Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste” (1º Sm 1.17). Assim, aprendemos que as nossas amarguras e ansiedades devem ser colocadas perante o soberano Senhor. Ele sabe como tratar conosco (1ª Pe 5.7).

2.1. Ana era submissa. Ela disse: “ Não, mu Senhor”. Submissa, obediente, temente a Deus. O que significa que não importa o que fazem com você, mas importa muito como você reage. Hb 13.7.

2.2. Ana creu na palavra do sacerdote; ainda que o sacerdote Eli não era um exemplo, pois ninguém é perfeito.

2.3. Ela colocou sua fé em ação. V. 18 “E disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher foi o seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.”

- A prova é que não ficou mais triste, e ainda se levantou de madrugada junto com seu esposo para adorar ao Senhor.

3. O Senhor é fiel naquilo que promete.
V. 19-20 “E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana conheceu a Ana sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela. 20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR.”

- Ela era estéril e após orar ao Deus de Israel, teve sua madre aberta para conceber não apenas um, mas seis filhos.

- O apóstolo Paulo é claro ao dizer que a incredulidade do homem não aniquila a fidelidade de Deus, ou seja, Deus é verdadeiro, fiel e imutável, mesmo que o homem não creia n’Ele Deus permanece fiel (Rm 3.3).

- O que Deus prometeu para nossa vida são promessas irredutíveis, promessas que jamais podem ser anuladas, porque a palavra do Senhor Deus, não pode perder-se no tempo, não desgasta; não volta vazia; não fica reprimida; nem oprimida, por vontade de qualquer que seja; pode até passar os céus e terra, mas tudo que Deus diz, fica garantido por toda a eternidade. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão (Mc 13.31).

- O Segredo estar em persistimos de dia e de noite, crendo, que iremos receber; ainda que Deus tenha sido tardio para cumpri-las, mesmo que tudo a nossa volta demonstre sinal desfavorável, é fundamental acreditar que elas serão realizadas; ainda que todos digam que não tem mais jeito, Deus não precisa de ninguém para agir, Deus não trabalha no cronometro humano, Deus age de acordo com a nossa fé, na medida das nossas necessidades e na hora determinada por Ele, para que, de posse da benção, não venhamos nos perder nela, e, o que era para ser benção, torne-se maldição. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? (Lc 18.07).

4. Harmonia na família. Elcana consentiu com o voto de sua esposa.
V. 21 E subiu aquele homem Elcana com toda a sua casa, a oferecer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto. 22 Porém Ana não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o SENHOR, e lá fique para sempre. 23 E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos; fica até que o desmames; então somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou.
- Elcana foi profundamente tocado pela consagração de sua esposa e de todo o coração se uniu a ela em seu desejo.

V. 21 “E subiu aquele homem...” Sempre que vamos a casa de Deus estamos subindo porque Deus é Altíssimo, mas quando estamos saindo da casa do Senhor e estamos retornando para nossos lares, então usamos a expressão descendo.

V. 22 Quando o menino for desmamado. De acordo com 2 Macabeus 7.27, as mães hebreias costumavam desmamar seus filhos aos três anos de idade. Como Samuel ficaria para sempre na presença do Senhor, é provável que Ana tenha prolongado o período de desmamar para uma idade mais avançada, de 4 a 6 anos. Bíblia Shedd.

...e lá fique para sempre. Ana dedicou Samuel ao Senhor. Depois que ele foi desmamado, foi levado ao tabernáculo para servir sob a tutela do sacerdote Eli.

- Mesmo quando criança, Samuel recebeu sua própria túnica. Então uma vestimenta normalmente reservada a um sacerdote enquanto ele ministrava diante do Senhor na tenda de reunião em Siló. Pois era onde a arca da aliança era mantida (1ª Sm 2.18; 3.3). Tradicionalmente, os filhos do sacerdote sucederiam o ministério de seu pai. Entretanto os filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram iníquos porque eram imorais e mostravam desprezo pela oferta do Senhor (1ª Sm 2.17, 22).

VIII. A DEDICAÇÃO DE SAMUEL

1. O nascimento de Samuel. O versículo 20 diz que, passado algum tempo, Ana concebeu, teve um filho, e o nomeou de Samuel, que pode significar “ouvido de Deus” (do heb. Shemu´á-el) ou “seu nome é poderoso” (do heb. Shemu-´el). Atente para o sufixo el, tanto no caso de Shemu´á-el quanto no de Shemu-´el. A ênfase aqui recai para um nome poderoso, ou seja, ao poder do Eterno, que deve ser adorado para sempre. Isso mostra que Samuel cresceu, fortaleceu-se e confiou no Deus Todo-Poderoso, como indica o seu próprio nome.

2. Ana cumpriu o voto que fez. A partir do versículo 21, nota-se que Elcana, marido de Ana, subiu à casa de Deus para, juntamente com toda a sua casa (com a exceção de Ana, que só subiria após desmamar o menino) apresentar sacrifícios anuais e cumprir o seu voto. Pelo texto da Septuaginta, Elcana cumpriu seus votos e também entregou os dízimos do produto da terra (Dt 12.26,27). Esse procedimento consistia em entregar os dízimos do produto da terra, conforme se esperava que todo levita fizesse (Nm 18.26; Ne 10.38).

- Após ser desmamado, aproximadamente três anos mais tarde, Samuel foi levado por seus pais à Casa de Deus, e entregue ao sacerdote Eli como cumprimento do voto feito por sua mãe. Assim, o casal cumpriu conforme o prometido: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo” (Ec 5.4a).

2.1. Após receber a benção, ela o levou a casa do Senhor como prometeu. Mas também levou mais uma oferta ao Senhor além do menino. Isso é uma mulher mais do que agradecida a Deus.

Vs. 24-28 E, havendo-o desmamado, tomou-o consigo, com três bezerros, e um efa de farinha, e um odre de vinho, e levou-o à casa do SENHOR, em Siló, e era o menino ainda muito criança. 25 E degolaram um bezerro, e trouxeram o menino a Eli. 26 E disse ela: Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR. 27 Por este menino orava eu; e o SENHOR atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. 28 Por isso também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao SENHOR foi pedido. E adorou ali ao SENHOR.”

2.2. Para fazer o que prometera (1.11). Ana desistiu daquilo que ela mais queria – seu filho – e o apresentou a Eli para que servisse na casa do Senhor. Ao dedicar seu único filho a Deus, Ana estava dedicando sua vida e seu futuro inteiros a Deus. Porque a vida de Samuel pertencia a Deus, Ana, na verdade, não estava desistindo dele. Na verdade, ela estava o devolvendo a Deus, que é quem havia concedido Samuel a Ana no começo. Estes versos ilustram o tipo de ofertas devemos dar a Deus. [Life Application Study Bible Kingsway].

2.3. Para lá ficar para sempre. “Por isso também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver...

- Ana quis dizer que Samuel seria nazireu durante toda a vida… Um fragmento do livro de 1ª Samuel encontrado na quarta caverna de Khirbet Qumran, publicado em 1954, declara especificamente que Samuel era nazireu. CBASD, vol. 2, p. 483.

V. 27 Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu Lhe fizera [Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor…].

3. Dedicação de Samuel. Ana lembrou a Eli de que esteve perante a sua presença, orando ao Senhor para que “se lembrasse dela”. Assim, Ana dedicou Samuel a Eli para o serviço no templo, devolvendo-o para o Deus Todo-Poderoso. Era uma dedicação irrevogável.

- Como é bom quando os pais se dedicam as coisas de Deus e, consequentemente, mostram aos seus filhos, na prática, uma vida de devoção sincera. Ao chegarem ao templo, em reverência, oram a Deus; em casa, fazem o culto doméstico; primam por viver o Evangelho de Jesus Cristo. Os filhos que crescem, vendo tal dedicação sincera, naturalmente, são estimulados a temerem a Deus e a amá-lo de todo o coração. Mostremos, portanto, reverência, humildade e honra ao Senhor nosso Deus!

CONCLUSÃO.
Com esta lição, somos estimulados a apresentar a Deus as nossas petições. Uma vez abençoados, voltarmos à sua Casa, conforme o exemplo de Ana, para agradecê-lo pelas orações respondidas. Nesse sentido, nossa vida deve ser um testemunho aberto aos nossos filhos acerca da dedicação, reverência e humildade ao Deus Todo-Poderoso. Ana teve dois privilégios: ter um filho e, além disso, vê-lo ungido por Deus para o ministério. Por intermédio de sua família, Deus pode levantar novos vocacionados.

Pr. Elias Ribas
Dr. Em teologia
Assembleia de Deus Blumenau - SC

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

CONHECENDO OS DOIS LIVROS DE SAMUEL


1º Samuel 1.1-8 “Houve um homem de Ramataim-Zo-fim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho deZufe, efrateu. 2-E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o nome da outra, Penina; Penina tinha filhos, porém Ana não tinha filhos. 3-Subia, pois, este homem da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Siló; e estavam ali os sacerdotes em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli. 4-E sucedeu que, no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções do sacrifício a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas 5-Porém a Ana dava uma parte excelente, porquanto ele amava Ana; porém o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.” 6-E a sua competidora excessivamente a irritava para a embravecer, porquanto o SENHOR lhe tinha cerrado a madre. 7-E assim o fazia ele de ano em ano; quando ela subia à Casa do SENHOR, assim a outra a irritava; pelo que chorava e não comia. 8-Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?

INTRODUÇÃO. Neste trimestre, estudaremos os livros históricos de 1 e 2 Samuel. Não há livros que despertem tanto interesse quanto estes dois livros. Além de ser um relato histórico repleto de acontecimentos, é entretecido com a biografia das três personalidades principais: Samuel, Saul e Davi, em torno dos quais os capítulos são agrupados. Milhões de crianças judias e cristãs têm-se encantado e edificado com as histórias de Ana e Samuel, Davi e Golias, Davi e Jônatas, a perseguição de Saul a Davi, a bondade de Davi para com Mefibosete e sua tristeza pela rebelião e morte de seu filho Absalão. Em âmbito doutrinário, leitores mais maduros têm estudado o pacto davídico, os paralelos entre o pecado de Davi com Bate-Seba e os acontecimentos que envolveram os filhos do rei, bem como a desobediência contumaz de Saul e o seu orgulho inveterado que o levou à desgraça.

- As qualidades bem como o caráter e a forma de liderança dos três principais personagens – Samuel, Saul e Davi – serão explorados com maior intensidade ao longo do trimestre. Que legado, no aspecto da liderança, esses homens deixaram para gerações futuras, e o que podemos tirar de lições para os líderes do povo de Deus da Nova Aliança?

A Capa da Revista mostra-nos uma Escritura e uma coroa real. Isto nos remete ao que está escrito em Dt 17.14-20, onde Deus, na Sua presciência, já previa a hipótese de Israel ter um rei, estabelecendo, então, os deveres que o rei teria diante de Deus e do povo. Um destes deveres era o de ter um traslado da lei num livro, para que pudesse lê-lo todos os dias de sua vida, para que aprendesse a temer ao Senhor e guardar todas as palavras nela contidas para que as fizesse. A coroa real, portanto, não significaria poderes ilimitados, qualidades divinas, como acontecia com as nações gentílicas, e isto desde Ninrode, o primeiro a divinizar o poder político e de onde surgiu a idolatria, mas, bem ao contrário, era a consciência de que o fato de ser rei o tornava um escolhido de Deus para governar o povo, governo este que deveria respeitar os ditames da Lei divina, pois Deus continuava o Senhor de toda a Terra, como bem disse quando propôs que Israel fosse Seu povo (Êx 19.5,6). Foi, precisamente, por não respeitar esta submissão à vontade divina que Saul foi rejeitado, enquanto que Davi, ainda que tenha cometido pecados, foi considerado um homem segundo o coração de Deus.

A grandeza de Moises e Samuel.
- Samuel foi o primeiro profeta depois de Moises. Estes dois profetas se destacaram como grandes líderes espirituais do povo de Deus na Tanakh.
- Num dia em especial, contrariando a agenda monótona de Moisés, Deus lhe chama. O chamado de Deus para Moisés estava casado com o propósito divino de libertar Moisés tanto da culpa quanto da situação de escravo hebreu.
- Deus incumbiu Moisés de estender aos israelitas o que ele mesmo recebera de Deus: a oportunidade de recomeçar sua vida do modo como Deus se agrada.
- Samuel, a escutar a voz de Deus e de Moisés que foi atraído por uma visão sobrenatural, Samuel não conseguiu discernir a voz do Senhor da voz de uma pessoa comum, porque era menino e precisou da ajuda do sacerdote Eli que discerniu que era o Senhor.
- Ao ouvir a Voz divina e diferente de Moisés que encontrou diversas desculpas para não obedecer ao que ouviu, o menino Samuel ouviu com atenção e obedeceu com destreza ao que Deus lhe ordenara. Deus compartilhou com Samuel o que seu coração sentia com relação à casa de Eli. Deus que não achou em Eli, Ofni ou Fineias espaço no coração para falar, encontrou no garoto Samuel alguém disponível para ouvir e disposto para obedecer.
- Em Samuel nós aprendemos que Deus chama porque tem grande desejo de compartilhar conosco o que vai em seu coração. Em Moisés aprendemos que Deus chama o homem porque quer libertá-lo (Sl 99.6; Jr 15.1; At 3.22-24; At 13.16-20).

I. CONTEXTO HISTÓRICO DE 1 E 2 SAMUEL

1. Anarquia política.
Juízes 21.25. “Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.”
- O livro dos Juízes termina com o lembrete de que estes tristes acontecimentos tiveram lugar durante o período em que não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava mais reto (v. 25). Embora a mão de Deus possa ser encontrada através de toda a história dos Juízes, o fracasso humano se destaca com nítido relevo.
- A o livro do profeta Samuel foi escrito após o livro de Juízes que viveram após a morte de Sansão. No cânon hebraico, os dois livros de Samuel formam um só. É um dos livros mais cristológicos, se não o mais cristológico do AT, pois o reino de Davi, todo ele, praticamente refere-se ao reino vindouro de Cristo (ver 25.1n [“Samuel criou duas instituições: a Monarquia e o Ensino. Aquela, na pessoa de Davi, tipifica a Cristo….”]. Bíblia Shedd.

2. A originalidade de Samuel.
- Conforme eu li, originalmente, os livros de 1 e 2 Samuel eram um só livro, denominado “O Livro de Samuel”. Os tradutores da Septuaginta os separaram e temos mantido essa divisão deste então.
- Antes, “O Livro de Samuel”, juntamente com o Livro de Reis e Crônicas formavam um total de três livros. Samuel e Reis são encontrados no cânon hebraico ao lado de Josué e Juízes em uma seção conhecida como “Os Profetas Anteriores”. Juntos, estes livros contém o registro histórico iniciado por Josué e a travessia do Jordão, e estendem-se até o período do exílio babilônico. Na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento hebraico, os volumes, originalmente não divididos, foram separados. Os dois livros de Samuel foram chamados de Primeiro e Segundo do Reino, e os livros de 1 e 2 Reis eram chamados de Terceiro e Quarto do Reino. Jerônimo adotou nomes similares na Vulgata Latina, a fim de chamá-los de Primeiro, Segundo, Terceiro e Quarto Reis.
- Os livros de 1 e 2 Samuel formam uma narrativa que trata da história de Israel, a partir de sua entrada em Canaã, até ao cativeiro na Babilônia (587-586 a.C.). Porém, eles não são apenas registros de fatos e de pessoas do passado, mas são a Palavra de Deus indispensável ao nosso ensino, edificação e consolação (2ª Tm 3.16).

3. Os personagens principais do livro.
- Há vários personagens importantes nestes livros, mas, dentre eles, três se destacam: Samuel, o profeta; Saul, o primeiro rei de Israel; e Davi, o segundo rei e o homem segundo o coração de Deus.

3.1. Samuel. Ele foi vocacionado por Deus para encerrar o período dos juízes e dar início à era dos reis. Sua época testemunhou a decadência do sacerdócio (representado por Eli e seus filhos) e a introdução do ministério profético. Samuel foi o último juiz e o primeiro profeta desse período (mas não o primeiro profeta das Escrituras; confira Gn 20.7), também foi quem ungiu os primeiros reis de Israel. Era levita coatita, mas não da família de Arão. Ainda assim, ao que tudo indica, serviu como sacerdote com a aprovação divina. Seu coração era puro, obediente e dedicado, enquanto dos filhos de Eli era contaminado e desobediente. Samuel mostra como Deus, o verdadeiro Rei de Israel, atendeu ao pedido do povo e delegou a soberania real primeiro a Saul e, em seguida, a Davi e a sua linhagem.

3.2. Saul. Foi o primeiro homem ungido para ser rei de Israel. Era extremamente alto, com uma notável aparência. Ele representava a imagem visual ideal de um rei, mas as tendências de seu caráter foram com frequência contrárias às ordens de Deus para um rei. Saul era o líder indicado pelo Senhor, mas isso não significava que ele seria capaz de reinar sozinho.
- Durante o seu reinado, Saul obteve os maiores sucessos quando obedeceu a Deus. Seus maiores fracassos resultaram de sua própria desobediência. Ele possuía todas as qualidades para ser um bom líder – boa aparência, coragem e atitude. Até suas maiores fraquezas teriam sido usadas pelo Senhor caso ele as reconhecesse e as entregasse nas mãos de Deus. Suas próprias escolhas o afastaram do Todo-Poderoso e o alienaram de seu próprio povo.
- Aprendemos com Saul que enquanto nossas forças e habilidades nos tornam úteis, nossas fraquezas nos conduzem à inutilidade. Nossa capacidade e talento fazem de nós instrumentos, mas nossos fracassos e negligências nos lembram que precisamos do controle do Senhor em nossas existências. Qualquer coisa que realizemos sozinhos são apenas uma sugestão do que Deus faria através de nossas vidas. Lembre-se, é Deus quem controla nossa existência.

- Em resumo, aprendemos com Saul as seguintes lições de vida:
1. Deus quer obediência do coração, não meros atos de cerimônia religiosa.
2. A obediência sempre envolve sacrifício, mas sacrifícios nem sempre envolve obediência.
3. Deus quer fazer uso de nossas forças e debilidades.
4. As fraquezas deveriam nos ajudar a lembrar as nossas necessidades da direção e ajuda de Deus.

3.3. Davi. Foi o segundo rei de Israel, escolhido por Deus. Foi citado na galeria dos Heróis da Fé em Hebreus 11. Foi descrito por Deus como o homem segundo seu próprio coração. Apesar de suas fraquezas – traidor, mentiroso, adúltero e assassino -, possuía uma fé inabalável na fiel e perdoadora natureza de Deus. Ele pecou, mas foi rápido em confessar as suas transgressões. Suas confissões eram de coração, e seu arrependimento era genuíno. Nunca negligenciou o perdão de Deus ou tomou a sua bênção como uma concessão. Em troca, o Senhor nunca lhe negou o seu perdão ou as retribuições de suas ações. Davi experimentou a alegria do perdão mesmo quando teve que sofrer as consequências amargas de seus pecados.
- Embora tenha cometido um grande pecado, Davi deliberadamente não repetiu o mesmo erro. Ele aprendeu com suas falhas porque aceitou o sofrimento que estas lhe trouxeram. Aprendemos com Davi as seguintes lições de vida:
A disposição para admitir honestamente os nossos erros é o primeiro passo para lidar com eles.

- O perdão não remove as consequências do pecado.
1. Deus deseja a nossa total confiança e adoração.
2. Poderíamos ainda falar de Ana, mãe de Samuel (1º Sm 1.1-28; 2.1-11).
3. Ao pensar nesta mulher, pense em persistência e fé. Numa época da história quando esterilidade era motivo de zombaria e ridicularização para uma mulher, Ana enfrentou um problema a mais: tornou-se alvo de chacota da parte da outra esposa do seu marido. Se você estivesse no lugar de Ana, como teria reagido?
- Ana não retrucou sua rival; pelo contrário, levou sua tristeza e sua incapacidade de gerar filhos a Deus. Orou sinceramente ao Senhor suplicando-lhe um filho. Acreditou que sua situação persistiria apenas por algum tempo.
- Ana orou sincera, especifica e sacrificialmente. Não retrocedeu no seu pedido, mesmo quando repreendida pelo sacerdote incompreensivo, e Deus recompensou a fé dela com um filho que ela deu o nome de Samuel. Quando chegou o tempo de cumprir o seu voto e entregar Samuel ao serviço do Senhor, ela o fez de coração gradecido.
- A oração mudou o curso da vida de Ana e exerceu impacto sobre toda a nação de Israel. Deus colocou o filho de Ana numa função-chave como profeta durante a vida do rei Davi, e a influência de Samuel se estendeu além da sua vida porque deu grande impulso ao movimento profético. Deus também abençoou Ana com outros filhos (1º Sm 2.21), provando-lhe novamente o seu deleite na fé e na persistência dela.
- Poderíamos ainda falar de Abigail, mulher ousada, destemida, sábia, humilde e resoluta (1º Sm 25.1-44).
- Depois da morte de Samuel, Davi mudou-se para o deserto de Parã. Ali encontrou pastores apascentando os rebanhos do rico Nabal, homem insolente, rude e contencioso. - Nabal era casado com Abigail, mulher bonita inteligente e intuitiva.
- A esposa sábia de Nabal salvou a vida miserável dele. Quando Nabal ofendeu Davi, Abigail agiu rapidamente para contornar uma situação delicada. Ofereceu uma grande festa e saiu para encontrar-se com Davi. As ações decisivas de Abigail atenderam a necessidade premente de alimentar os homens de Davi. Eles também acalmaram Davi e o impediram de vingar-se.
- Depois que retornou para casa, Abigail resguardou-se e decidiu não tratar com Nabal até que ele ficasse sóbrio. Independentemente da rudeza e do comportamento reprovável de seu marido, Abigail respondeu sincera e respeitosamente. Mais tarde, Deus mesmo vingou Davi e retirou Nabal de cena.
- Davi nunca se esqueceu desse encontro. Ele sabia se uma mulher era de Deus quando a via. Depois da morte de Nabal, Davi escolheu Abigail para ser sua esposa. A paciência e a submissão dela em tempos difíceis, bem como a sua sabedoria e as habilidades de solucionar problemas prepararam Abigail para ser uma excelente esposa para Davi. Davi valorizou a força de Abigail e sentiu-se fortemente atraído a essa líder feminina altamente capaz.

4. O propósito de 1 e 2 Samuel.
-1º Samuel descreve o momento decisivo da história de Israel, em que as rédeas do governo passaram do juiz para o rei. O Livro relata a tensão entre a expectativa do povo quanto a um rei (um soberano absoluto “como o tem todas as nações” – 1º Sm 8.5) e os padrões teocráticos de Deus, pelos quais Ele era o Rei do seu povo. O Livro mostra claramente que a desobediência de Saul a Deus e sua violação dos princípios teocráticos do seu cargo levaram Deus a rejeitá-lo e a substitui-lo como rei.

-2º Samuel continua a história profética do aspecto teocrático da monarquia de Israel. Ilustra a fundo, com exemplos do reinado de Davi e da sua vida pessoal, as condições do concerto de Israel, conforme Moisés as definiu em Deuteronômio: a obediência ao concerto resulta em bênçãos divinas; o desprezo pela Lei de Deus resulta em maldições e castigos (Dt 27-30).
- Enfim, 1 e 2 Samuel são de grande importância histórica. Entre suas lições mais importantes são as palavras de Samuel a Saul: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar” (1º Sm.15.22). Sacrifícios serviam como pedidos de perdão. É melhor fazer o certo do que pedir desculpas depois!

II. AUTORIA E DATA

1. Título e Autor.
1 e 2 Smauel receberam esse nome do personagem principal do início do Reino de Israel, Samuel; este foi profeta, sacerdote e juiz; foi a pessoa usada por Deus para fazer a transição dos juízes aos reis. Portanto Samuel exercia uma função tríplice: Juiz, sacerdote e profeta.

- Quanto a autoria dos Livros, não se sabe com exatidão quem realmente os escreveu. Sem dúvida, o profeta Samuel registrou boa parte da história de Israel nesse período; é provável que Samuel ou tenha escrito ou fornecido a informação para 1º Sm 1.1-25:1, o que engloba sua vida e ministério até sua morte no capítulo 25. Grande parte do conteúdo dos livros se refere a acontecimentos posteriores à morte de Samuel. No entanto, outros materiais haviam sido colecionados e puderam ser usados como fontes pelo autor verdadeiro. Três dessas fontes são mencionadas em 1º Cr 29.29, a saber: as “crônicas de Samuel, o vidente”; as “crônicas do profeta Natã” e; as “crônicas de Gade, o vidente”. Tanto Gade como Abiatar tinham acesso aos eventos da corte do reino de Davi, de forma que ambos são candidatos à autoria do Livro de Samuel. Abiatar era um sacerdote habituado a manter registros precisos; ele acompanhou de perto a carreira de Davi, e até passou algum tempo com este no exílio.

2. A data dos Livros. Os acontecimentos de 1º Samuel ocorreram ao longo de aproximadamente 100 anos, entre 1100 a.C. até 1000 a.C. Os acontecimentos de 2º Samuel abrangem mais 40 anos; portanto, o livro foi escrito, então, algum tempo depois de 960 a.C.

- 1º Samuel talvez tenha sido redigida por volta de 1000 a.C. A ausência de referências ao cativeiro de Israel (722 a.C.) requer, sem dúvida, que estipulemos para o Livro uma data anterior a esse acontecimento. Há quem acredite que as referências a “Israel” e “ Judá” exijam uma data posterior a 931 a.C., quando o reino se dividiu nessas duas partes. É possível, contudo, que os temos já fossem usados antes da divisão política.
- Por causa do comentário encontrado em 1º Sm 27.6 - “pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até ao dia de hoje” -, acredita-se que os dois livros devem receber uma data posterior à divisão do reino em duas partes, divisão que aconteceu logo depois do governo de Salomão em 931 a.C. Embora, com frequência, fosse traçada uma diferenciação entre Israel e Judá, e embora Davi tenha reinado em Judá por sete anos e meio antes da unificação do reino, não havia reis em Judá antes desta data.
- De qualquer forma, a afirmação relativa à duração do reinado de Davi em 2º Samuel 5.4 deixa claro que os livros não poderiam ter assumido sua presente forma antes de algum tempo depois do reinado de Davi. Referências ocasionais a condições ou marcos existentes - “até o dia de hoje” (1º Sm 5.5; 6.18; 27.6) -, parecem apontar para uma data posterior à época de Salomão, mas anterior ao exílio babilônico, provavelmente para o período da monarquia dividida, entre 931 e 721 a.C.

3. A situação espiritual. Samuel nasceu durante o período dos Juizes quando Eli era o Sumo sacerdote A situação espiritual do povo era a pior possível, antes e depois da morte do sumo sacerdote Eli. Lendo 1º Sm.7.3,4 temos uma noção da situação espiritual do povo; a idolatria imperava. Os filhos de Eli, que eram sacerdotes, praticavam os mais vis pecados (1º Sm 2.22), levando o povo a uma degradação espiritual e moral altamente preocupante. A idolatria e a imoralidade eram os pecados dominantes na nação.
- Tomamos conhecimento de Eli em 1 Samuel, quando Elcana e sua mulher Ana subiram a Siló, onde se encontrava então o tabernáculo. Deus ouviu a oração de Ana, e nasceu Samuel, que se tornaria profeta.
- No tempo em que os Juízes julgavam em Israel, o único sacerdote a oficiar no tabernáculo a que é feito referência é Eli, e seus filhos Hofni e Finéias. Finéias, filho de Eleazar, apareceu no tempo de Josué (Jos 22) e depois da morte de Josué, no episódio da guerra com Benjamim na sequência da morte da concubina do levita (Jz 19 e 20). Mas este episódio teve lugar na época anterior à opressão de Cusã-Risataim (ver anteriores mensagens sobre Juizes).

A morte de Eli. 
“Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação”.
- Eli se deixou levar pelos filhos, honrando-os mais que ao Senhor Deus. Ele não lhes aplicou a disciplina necessária, mesmo sabendo de todos os atos pecaminosos de seus filhos (1º Sm 2.23) – “E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Porque ouço de todo este povo os vossos malefícios”.
- Esse quadro desolador gerou consequências espirituais irreparáveis ao povo de Israel: religiosidade aparente, espiritualidade superficial e um sacerdócio descomprometido com Deus.
- Depois que os filisteus tomaram a Arca e, mesmo recuperando depois, os israelitas deixaram de adorar o Senhor e serviram aos deuses estranhos das nações circunvizinhas (cf.1º Sm 7.3).Eli foi sacerdote e juiz durante 40 anos.
- Enquanto isso, o Profeta Samuel assumiu a liderança do povo judeu. Ele trouxe um grande renascimento espiritual, fazendo anualmente uma ronda partindo de sua casa em Ramah, onde nascera, passando por Bethel, Gilgal e Mitzpah, julgando e instruindo o povo, e restaurando a paz, união e segurança a toda a nação judaica.
- Quando Deus levantou Samuel e ele iniciou um grande avivamento entre o povo; os israelitas estavam cultuando os deuses estranhos das outras nações, mas Samuel os exortou a livrarem-se rapidamente deles. Ele orientou o povo a promover a construção de uma unidade nacional e espiritual.
“Então, falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com todo o vosso coração vos converterdes ao SENHOR, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao SENHOR, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus” (1º Sm 7.3).
“Então, os filhos de Israel tiraram dentre si os baalins e os astarotes e serviram só ao SENHOR” (1º Sm 7.4).
- Os ídolos em nossos dias são muito mais sutis do que deuses de madeira e pedra. No entanto, são tão perigosos quanto aqueles dos cananeus. Qualquer coisa ou pessoa que ocupe o primeiro lugar em nossa vida ou que nos controla, poderá ser considerado um deus. Dinheiro, sucesso, bens materiais, orgulho ou qualquer outra coisa ou pessoa podem se tornar ídolos, se tomarem o lugar de Deus em nossa vida. Só o Senhor é digno de nosso culto e adoração, e não podemos permitir que nada venha a se igualar a Ele. Se tivermos deuses estranhos em nossa vida, deveremos pedir ao Senhor que nos ajude a depô-los deste trono e a fazer com que somente o único e verdadeiro Deus seja nossa primeira prioridade.

III. A TEOLOGIA NOS LIVROS DE SAMUEL

1. Conteúdo.
1º Samuel. Com poucas exceções, a narrativa de 1Samuel segue a sequência cronológica.
A. Capítulos 1 a 3 relatam o nascimento e a infância de Samuel e mostram a depravação dos filhos de Eli, homens que abusavam sua posição como sacerdotes.
B. Capítulos 4 a 6 registram uma crise em Israel. Deus usou os filisteus para exterminar a casa de Eli. Ao mesmo tempo, a arca da aliança (o móvel mais sagrado em Israel) foi tirada dos israelitas e passou décadas longe do local onde os israelitas adoravam ao Senhor.
C. Capítulo 7 fala do livramento de Israel das mãos dos filisteus e descreve o trabalho de Samuel como juiz em Israel.
D. Capítulos 8 a 10 descrevem o início do reino de Israel. O povo pediu um rei, rejeitando o domínio direto de Deus sobre a nação, e o Senhor lhe deu um rei do tipo que as pessoas esperavam. Saul, um homem da tribo de Benjamim, foi escolhido como primeiro rei de Israel.
F. Capítulo 11 conta a história de uma batalha que ganhou para Saul o apoio popular de Israel. Ele conduziu os israelitas na batalha contra os amonitas e livrou do poder deles a cidade de Jabes-Gileade, na Transjordânia.
G. Capítulo 12 contém o discurso de despedido de Samuel, que incentivou o povo a ser fiel ao Senhor. Ele avisou, também, das consequências que viriam sobre o povo se fosse desobediente a Deus. Esta mensagem nos lembra dos discursos finais de Moisés e Josué.
H. Capítulos 13 a 15 explicam os graves erros de Saul que seriam motivo de Deus recusar estabelecer a dinastia deste benjamita. Por causa da rebeldia e ambição egoísta deste rei, Deus avisou que daria o reino para outra família. Logo descobrimos que a dinastia permanente começaria com Davi.
I. Capítulos 16 e 17 usam três episódios para introduzir Davi, o jovem que seria o segundo rei de Israel. Ele foi ungido por Samuel, foi chamado para tocar sua harpa para acalmar o rei, e, na história mais conhecida da sua juventude, foi usado por Deus para vencer o gigante Golias.
J. Capítulos 18 a 26 relatam o período de conflito entre Saul, que foi tomado de paranoia, e Davi, que esperava com paciência o momento determinado por Deus para ascender ao trono. Em vários momentos, Saul tentou matar Davi, mas este recusou a levantar sua mão contra o rei legítimo de Israel.
L. Capítulos 27 a 31 descrevem a guerra entre os israelitas e os filisteus que levou à morte de Saul, abrindo lugar para a coroação de Davi como rei de Israel. O próximo livro, 2º Samuel, começa com o início do reinado de Davi.

2º Samuel. O livro de 2º Samuel pode ser dividido em duas seções principais: os triunfos de Davi (capítulos 1-10) e os problemas de Davi (capítulos 11-20). A última parte do livro (capítulos 21-24) é um apêndice não-cronológico que contém mais detalhes do reinado de Davi.
A. O Livro começa com Davi recebendo a notícia da morte de Saul e seus filhos. Ele proclama um tempo de luto. Logo depois, Davi foi coroado rei de Judá, enquanto Isbosete, um dos filhos sobreviventes de Saul, é coroado rei de Israel (capítulo 2). Uma guerra civil segue, mas Isbosete é assassinado e os israelitas pedem a Davi que reine sobre eles também (capítulos 4 e 5).
B. Davi muda a capital do país de Hebron para Jerusalém e depois move a Arca da Aliança (capítulos 5 e 6). O plano de Davi para construir um templo em Jerusalém é vetado por Deus, que em seguida faz a seguinte promessa a Davi: Davi teria um filho que governaria depois dele; o filho de Davi iria construir o templo; o trono ocupado pela linhagem de Davi seria estabelecido para sempre; Deus nunca iria remover a sua misericórdia da casa de Davi (2Sm.7:4-16).
C. Davi lidera Israel à vitória sobre muitas nações inimigas que os cercavam. Ele mostra também bondade à família de Jônatas ao cuidar de Mefibosete, filho aleijado de Jônatas (capítulos 8-10).
D. Infelizmente, Davi cai em pecado. Ele cobiça uma bela mulher chamada Bate-Seba, comete adultério com ela e depois tem o marido assassinado (capítulo 11). Quando o profeta Natã confronta Davi com seu pecado, Davi confessa e Deus graciosamente o perdoa. No entanto, o Senhor diz a Davi que as consequências do seu vil pecado seriam inevitáveis.
E. Surgiram muitos problemas. Um deles foi quando o filho primogênito de Davi, Amnom, violenta sua meia-irmã, Tamar. Em retaliação, o irmão de Tamar, Absalão, mata Amnom. Absalão então foge de Jerusalém ao invés de enfrentar a ira de seu pai.
F. Mais tarde, Absalão lidera uma revolta contra Davi e alguns dos antigos companheiros de Davi se juntam à rebelião (capítulos 15 e 16). Davi é forçado a sair de Jerusalém e Absalão se posiciona como rei por um curto período de tempo. No entanto, o usurpador é derrubado e - contra a vontade de Davi - é morto. Davi lamenta a morte de seu filho.
- Um sentimento geral de inquietação assola o resto do reinado de Davi. Os homens de Israel ameaçam separar-se de Judá e Davi tem que suprimir mais uma rebelião (capítulo 20).
G. O apêndice do Livro inclui informação sobre uma fome de três anos que assolou a terra (capítulo 21), uma canção de Davi (capítulo 22), um registro das façanhas dos mais valentes guerreiros de Davi (capítulo 23), assim como o censo pecaminoso de Davi e a consequente praga (capítulo 24).

Aplicação Prática.
- Qualquer um pode cair. Mesmo um homem como Davi, que verdadeiramente desejava seguir a Deus e que foi ricamente abençoado por Deus, era suscetível à tentação. O pecado de Davi com Bate-Seba deve servir como um aviso a todos nós para guardarmos nosso coração, nossos olhos e nossas mentes. Orgulho sobre a nossa maturidade espiritual e nossa capacidade de resistir à tentação com nossas próprias forças é o primeiro passo para uma queda (1º Co.10.12).
- Deus é misericordioso para perdoar até os pecados mais hediondos quando realmente nos arrependemos. No entanto, curar a ferida causada pelo pecado nem sempre apaga a cicatriz. O pecado tem consequências naturais e, mesmo depois de perdoado, Davi colheu o que havia semeado. Seu filho da união ilícita com a esposa de outro homem foi-lhe tirado (2º Sm 12.14-24) e Davi sofreu a miséria de uma ruptura no seu relacionamento amoroso com seu Pai celestial (Salmos 32 e 51). Quão melhor é evitar o pecado, em primeiro lugar, ao invés de ter que pedir perdão depois!

2. Cristo revelado.
- O Senhor Jesus Cristo é visto principalmente em duas partes de 2º Samuel:

2.1. Em primeiro lugar, a aliança davídica conforme descrita em 2º Samuel 7.16:
“Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre”.
- Esta promessa foi reiterada em Lucas 1.32,33 nas palavras do anjo que apareceu à Maria para anunciar-lhe o nascimento de Jesus:
“Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de - Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”.
- Cristo é o cumprimento da aliança davídica; Ele é o Filho de Deus da linhagem de Davi que reinará para sempre.

2.2. Em segundo lugar, Jesus é visto na canção de Davi no final da sua vida (2º Sm 22.2-51). Ele canta sobre a sua rocha, fortaleza e libertador, seu refúgio e salvação. Jesus é a nossa Rocha (1º Co 10.4, 1ª Pd 2.7-9), o Libertador de Israel (Rm 11.25-27), a Fortaleza para qual “já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta” (Hb 6.18) e o nosso único Salvador (Lc 2.11; 2ª Tm 1.10).

3. Os alicerces da Dinastia davídica.
- Quando Davi propôs no seu coração construir um Templo para que nele o Senhor Deus fosse adorado continuamente, recebeu um recado de Deus, através do profeta Natã, no sentido de que ele não poderia construir o templo, mas quem edificaria o templo seria o filho de Davi, que reinaria em seu lugar, dando início a uma dinastia que jamais teria fim. - O filho que seria o seu sucessor imediato seria Salomão.
- Por motivo dessa iniciativa de Davi, Deus o exaltou sobremaneira, prometendo-o que lhe edificaria uma casa, ou seja, escolhia a sua descendência para governar sobre o povo de Israel para sempre. O próprio Davi ficou pasmo com a promessa que Deus lhe dava, tanto que considerou a sua insignificância, reconhecendo que o Senhor lhe falava de “tempos distantes” (2º Sm 7.19). Temos, aqui, então, o que os estudiosos da Bíblia chamam de “pacto davídico”, ou seja, o pacto firmado entre Deus e Davi, segundo o qual o trono de Israel ficaria para sempre na casa de Davi, ou seja, a descendência de Davi seria, eternamente, a descendência real de Israel.
- Este pacto representava mais um passo em direção ao plano de Deus para a humanidade. Deus havia prometido salvar o homem no Éden, prometendo que um descendente da mulher haveria de vencer o mal e o pecado. Depois, com Abraão, mostrou que este Salvador viria de uma nação que seria formada pelo próprio Deus: Israel. Agora, com Davi, diz que este Salvador seria descendente da tribo de Judá, da família de Davi, a quem seria dado o governo de Israel. O Messias seria, portanto, descendente de Davi, “Filho de Davi”, o legítimo herdeiro do trono de Israel.
- A partir desse pacto o povo de Israel ficou ciente de que o Messias, aquele que viria para salvar Israel, seria descendente de Davi, daí porque a imagem do Cristo ter ficado relacionada com a imagem do Libertador político, do Rei, daquele que haveria de livrar Israel dos seus inimigos, imagem esta que se intensificou a partir do cativeiro da Babilônia, quando Israel perdeu a sua independência política, como fruto dos seus pecados, o que era explicitamente reconhecido pelas autoridades judias (cfr. Ed.9:6-9). Até mesmo os discípulos de Jesus, mesmo depois da ressurreição, não tinham deixado de associar a imagem do Messias ao do libertador político (At 1.6).
- A dinastia davídica durou cerca de 425 anos, mas será perpetuada por meio do Rei-Messias, Jesus, ”o Filho de Davi”. Pela sua vitória sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um precursor da Raiz de Jessé, Jesus Cristo.
“Porém, a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti, teu trono será firme para sempre”(2º Sm 7.16).

4. A ação do Espírito Santo nos Livros de Samuel.
- O Espírito Santo atuava com mais frequência através do sacerdócio. Sua atuação como conselheiro pode ser apreciada nas muitas ocasiões em que Davi “consultou o Senhor” através do sacerdote e do éfode.
- Sua principal ação é convencer a pessoa do pecado. Jesus explicou isso em João 16.8: “E, quando ele vier convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo”. A obra de convencer e de condenar do Espírito é claramente percebida quando o profeta Natã enfrenta Davi por causa do seu pecado com Bate-Seba e Urias. O pecado de Davi é desnudado, a justiça é feita, e o julgamento é anunciado. Isso, no quadro microcósmico de 2Samuel, ilustra o amplo ministério do Espírito Santo no mundo através da Igreja investida do poder do Espírito.

IV. SAMUEL: O DIVISOR DE ÁGUAS

1. Samuel, um servo vocacionado por Deus.
- Deus chama todo líder para ser servo, mas nem todo servo é chamado para ser líder. O líder transmite a ideia de serviço e é exemplo para outros. A vocação de Samuel para liderar o povo de Deus deu-se quando ele era menino, tendo como mentor Eli. Pode-se ver isso em 1º Samuel 3.19,20:
“Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor”.
- Certa feita, Deus falou a Samuel durante a noite, e, então, ele disse a Eli o que Deus lhe revelara (1º Sm 3.11-18). Apesar da dura mensagem dirigida a Eli, Samuel disse a verdade em amor. Esse encontro deu início a um firme padrão para Samuel. Cedo, os israelitas procuraram Samuel para que lhes desse conselho de orientação para o seu futuro; precisavam de ajuda para reconquistar a Arca da Aliança; precisavam de uma estratégia contra os inimigos, os filisteus; finalmente procuraram a permissão de Samuel para coroar um rei, semelhante as outras nações vizinhas.
- A influência do profeta continuou crescendo. Cresceu de tal maneira que, quando o rei Saul falhou na sua liderança, Samuel o removeu do trono por ordem de Deus. A autoridade que ele tinha, dada por Deus, era capaz de até mesmo afastar um rei que ocupava o trono.
- Samuel viveu tempo suficiente para dar aos israelitas dois reis. Samuel exortou, afirmou, corrigiu, profetizou, lembrou e ensinou o povo. Quando morreu, todo o Israel se ajuntou para lamentar a morte dele (1º Sm 25.1). De fato, esse foi um líder de impacto!

2. Samuel, um líder que sabia ouvir.
2.1. Todos os líderes necessitam aprender a reconhecer a voz de Deus, mesmo quando ainda jovens como Samuel. Certa noite, Samuel estava deitado no chão perto da Arca de Deus e o Senhor o chamou: “Samuel, Samuel!”. No começo, Samuel ouviu, mas não reconheceu a voz do Pai. Porém, continuou ouvindo e, depois, recebeu uma mensagem a respeito do juízo vindouro sobre o sacerdote Eli e a família deste.
- Samuel teve uma longa noite de insônia, paralisado por medo, ao pensar que devia repetir o que o Senhor lhe havia contado. Mas, Eli convenceu Samuel que seria muito mais perigoso reter a verdade do que revelar o que Deus lhe tinha dito (1ª Sm 3.17). Assim, Samuel expôs a verdade, e, por causa da sua obediência, Deus elevou o jovem a líder e a profeta entre o seu povo (1º Sm 3.20).

2.2. Samuel é um grande exemplo bíblico de liderança correta. Demonstra que o homem ou a mulher, que está apto para liderar o povo de Deus, é pessoa que aprendeu a ouvir a voz do Senhor, dar atenção às palavras dele e falar a verdade, sem importar-se com as consequências terrenas.
- Deus nunca escolheu seus líderes com base no carisma ou na eloquência deles. Pelo contrário, Ele busca aqueles que têm a coragem de ouvir e falar exatamente o que Ele lhes diz.

3. Samuel, um líder que servia com humilde e sinceridade.
- Samuel começa a liderar com aproximadamente trinta anos de idade, depois da morte de Eli. Não houve da parte desse jovem qualquer atitude de rebeldia contra o sacerdote. Ele jamais ousou apontar erros do seu líder, nem desejou seu posto, mas o servia com humildade e sinceridade, razão pela qual se firmara diante do Senhor.
- É lamentável, mas muitos, hoje, estão servindo não com bons propósitos, mas apenas desejando posição, título, fama, motivos pelos quais sempre que encontram qualquer falha no seu líder expõem-na a outros, inclusive usando meios eletrônicos, cartas, querendo a posição do outro. É bom sempre lembrar, porém, que não devemos tomar à força a capa de Elias; ela só pode cair nas mãos daqueles que servem bem (2º Rs 2.9-14); somente assim serão usados poderosamente nas mãos de Deus.

4. Samuel, um tipo de Cristo.
- Samuel foi líder de líderes, conselheiro-chefe de reis e capitães militares de Israel. Quando ele falava, todos escutavam. Como profeta de Deus, Samuel ungiu reis; como intérprete da Palavra de Deus, aconselhou e desafiou reis. Servindo como juiz nos dias imediatamente antes da monarquia de Saul, Samuel incorporou três grandes funções: profeta, sacerdote e juiz, como também o faria Jesus, mais tarde.
- Samuel foi chamado por Deus num momento de grande anarquia nacional, crise espiritual e moral do povo de Deus e da sua liderança. Ele teve que convocar o povo para promover a construção de uma unidade nacional e espiritual. Sob sua liderança, ele foi grande responsável pela transição do período dos juízes para a monarquia; é o que podemos dizer: ele foi um divisor de águas.
- Samuel foi o último juiz de Israel; com ele foi fechado o ciclo dos juízes. Ele contribuiu sobremaneira com a nação de Israel ao estabelecer os alicerces do ofício profético, preservar o sacerdócio e estruturar a base espiritual do sistema monárquico (1º Sm 3.15-21; 2.18; 8.10-22). Ele deixou um inegável legado às lideranças seguintes.

CONCLUSÃO. As muitas histórias apresentadas em 1 e 2 Samuel revelam os erros e os acertos de líderes humanos, mas, ao mesmo tempo, revelam o quanto Deus trabalha pelo seu povo. Ao ler e estudar estes dois Livros, note a transição da teocracia para a monarquia; exulte com as clássicas histórias de Davi e Golias, Davi e Jônatas, Davi e Abigail; e assista ao surgimento da influência dos profetas. Mas em meio à leitura de toda esta história e aventura, resolva participar de sua corrida como servo de Deus, do início ao fim.

FONTE DE PESQUISA

1. Bíblia de Estudo Pentecostal.
2. Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
3. Bíblia da Liderança Cristã. Sociedade Bíblica do Brasil.
4. BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA. 2ª Edição. Edição Vida Nova. São Paulo – SP.
5. CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
7. Revista Ensinador Cristão – nº 80. CPAD.
8. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
9. Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
10. Pr. Osiel Gomes. O Governo divino em mãos humana. CPAD.
11. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
12. Roberto B. Chisholm Jr. 1 & 2 Samuel. Vida Nova.
13. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Portal- EBD.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com