TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 15 de agosto de 2020

O CUIDADO AO FALAR DA RELIGIÃO PURA

 

Tiago 1.19-27 “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. 20 - Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus. 21 - Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas. 22 - E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23 - Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; 24 - Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. 25 - Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. 26 - Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã. 27 - A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.”

 INTRODUÇÃO

Vivemos num tempo em que, para muitos, há uma grande distância entre o dizer e o fazer, pregar e praticar, falar e dar o exemplo. Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: “Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso cristianismo”. Que Deus nos ajude a viver na prática a Palavra de Deus, para não cairmos no descrédito daqueles que nos rodeiam.

I. NO RELACIONAMENTO COM OS OUTROS

1. Pronto para ouvir (v. 19b). A Bíblia dá mais valor a quem sabe ouvir do que a quem sabe falar. Quando falamos, sempre nos arriscamos a errar. E isso é natural. Mas, quando ouvimos, sempre podemos aprender com nossos interlocutores, tanto o que é certo quanto o que é errado. A Bíblia manda o filho ouvir a instrução de seu pai (Pv 1.8); ouvir as palavras dos sábios (Pv 22.17); e diz que é melhor “ouvir a repreensão do sábio do que a canção do tolo” (Ec 7.5).

2. Tardio para falar (v. 19c). Tiago recomenda que todo homem deve ser “tardio para falar”. Aqui, há muita sabedoria, por trás desse pedacinho de frase. O velho adágio popular diz: “Quem muito fala, muito erra”. E a Bíblia assevera solenemente: “...o homem de entendimento cala-se”(Pv 11.12). E mais: “Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio” (Pv 17.28).

3. Tardio para irar-se (v. 19c). Por causa da ira, amizades são perdidas; muitos ficam doentes, deprimidos; acidentes ocorrem; crimes são perpetrados; e tantos outros males. A Bíblia tem razão, quando diz que todo o homem seja “tardio para se irar”. Ela, no seu realismo sábio, ensina: “Trai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). Jesus, no templo, virou mesas, expulsou os cambistas e não pecou. Moisés, ao ver a idolatria com o bezerro de ouro, quebrou as tábuas da lei, puniu os idólatras e não pecou.

II. NO RELACIONAMENTO COM DEUS

1. Pronto para ouvir a Palavra de Deus. Muitos só querem ser ouvidos em suas prédicas. Mas é importante saber ouvir a Palavra. “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus” (Jo 8.47). Ouvir, aqui, não é um mero escutar; é dar ouvidos, prestar atenção, com o objetivo de obedecer e praticar. Quem assim faz é comparado por Jesus a um homem prudente” (Mt 7.24), enquanto o que ouve e não pratica é comparado a um “homem insensato” (Mt 7.26b). Em Pv. 8.33, lemos: “Ouvi o ensino, sede sábios...”. 

2. Rejeitando toda imundícia (v. 21). Aqui, imundícia é sinônimo de pecado, iniquidade, pensamentos maus, mentiras, adultérios, enganos, etc. Paulo ensina que devemos nos despojar do “velho homem” (Ef 4.22), deixando a mentira (Ef 4.25), e que devemos tirar de nós “toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia” (Ef 4.3 1). Hoje, talvez o esgoto principal pelo qual a imundícia entra nos lares é a TV, com suas novelas imundas, filmes pornográficos, e a Internet, através da qual muitos estão degradando suas mentes e a de seus filhos. É melhor cumprir o que diz o Sl 101.3 que diz: “Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim.”

3. Recebendo a Palavra com mansidão (v. 21). Tiago falava para crentes. Exortava-os a receber a palavra com mansidão (v. 2l). Por quê? Certamente, havia alguém que não recebia a mensagem com alegria. Hoje, acontece a mesma coisa. Quando o pastor exorta, com base na Bíblia, combatendo os pecados, as atitudes ilícitas, há quem fique irado, e até procure mudar de igreja. É o espírito de carnalidade dominando.

3.1. A verdadeira religião está centrada na Palavra de Deus. E as evidências de um cristão verdadeiro são:

a) A Palavra produz o Novo nascimento. O verdadeiro cristão nasce da Palavra de Deus. A Palavra é a divina semente, quando aplicada ao nosso coração pelo Espírito Santo, acontece o milagre do novo nascimento. Recebemos, portanto, uma nova natureza. “Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.3-5).

Este versículo não somente promete ao crente a sua entrada no céu após a morte, como também indica a realidade “presente”, de possuir uma “nova vida”. Note que Jesus declara que aos que creem já receberam esta nova vida. Já passamos da morte para a vida. “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11).

b) Somos gerados pela Palavra. “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).

A natureza da regeneração: “Ele nos gerou”.

O instrumento da regeneração: “pela palavra da verdade”.

O autor da regeneração: “Ele”.

A causa suprema da regeneração: “segundo o seu querer”.

O propósito da regeneração: “para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”.

c) A Palavra traz santificação. “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra” (Ef 5.26).

O primeiro passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. A Palavra simboliza a água. Ela serve para limpar algo que está sujo, por isso o mestre Jesus diz aos Seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).

d) O novo nascimento não é obra humana, mas divina. “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Por isso Jesus diz a Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito” (Jo 3.6).

Este novo nascimento não é a relação física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1ª Pe 1.23).

Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre.

3.2. O verdadeiro cristão acolhe a Palavra (1.21): “...pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal...”

O apostolo Paulo nos ensina que o novo nascimento envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).

III. CUMPRIDORES DA PALAVRA

1. Não somente ouvintes (v. 22). Quem ouve a palavra de Deus e não a cumpre, como já vimos, é comparado por Jesus a “um homem insensato” (Mt 7.26). Tiago compara tal pessoa a um homem que se olha no espelho e, ao sair, não mais se lembra dos detalhes do seu rosto natural (vv. 23,24). No tempo do apóstolo, os espelhos não tinham a nitidez e o brilho de hoje; eram feitos de metal. Quem ouve a Palavra e não a cumpre e não fixa seu sentido em sua mente está perdendo tempo.

2. Atentando bem para a lei da liberdade (v. 25). Fomos chamados à liberdade cristã. Isto é: liberdade da servidão do pecado, para seguirmos a Cristo e servi-Lo de todo coração. Diante disso, Paulo nos exorta, dizendo que não devemos usar da liberdade para dar ocasião à carne (Gl 5.13). E desta forma que devemos cumprir a Palavra de Deus, com liberdade para fazermos o que agrada a Deus, e não aos homens ou a nós mesmos.

3. Sendo fazedor da obra (v. 25). Tiago fala do cumpridor da Palavra como um “fazedor da obra” de Deus, sendo, assim, “bem-aventurado no seu feito”. E muito importante que pratiquemos a Palavra:

3.1. No lar. O verdadeiro crente é aquele que dá testemunho da fidelidade a Deus em casa, no trato com a esposa, com os filhos, com os vizinhos. E um teste difícil, mas genuíno, eficaz e incontestável.

3.2. Na igreja. Aqui, não é tão difícil cumprir a Palavra em termos exteriores. Só Deus conhece os corações. Mas, no templo, as pessoas, em geral, têm “cara de santo”. E indispensável que guardemos o nosso pé quando entrarmos na casa de Deus (Ec 5.la).

3.3. Em todos os lugares. Seja na escola, quartel, consultório, escritório, comércio, rua, ônibus, carro particular, ou em outra qualquer parte.

IV. A RELIGIÃO PURA E IMACULADA

De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD), a palavra religião vem do latim religionis, que, por sua vez, deriva do verbo religare, que tem o sentido de “ligar outra vez”. Por trás desse conceito latino há a ideia de que o homem separou- se ou está separado de Deus e, através da verdadeira religião, o homem pode reatar sua ligação com Ele. Com base na Bíblia, porém, quem liga ou religa o homem com Deus não é religião, mas Jesus Cristo, o único “mediador entre Deus e os homens” (lª Tm 2.5). Tiago emite três características da “religião pura e imaculada para com Deus, o pai”, que são:

1. Saber refrear a língua (v. 26). Para alguém ser um verdadeiro religioso precisa saber dominar a língua. Do contrário, “a religião desse é vã”. É o tipo de religiosidade sem valor, sem vida, sem poder, sem salvação, visto que a pessoa é conhecida pelo que expressa com a língua, pois Jesus disse que “da abundância do coração fala a boca” (Lc 6.45). Daí a importância do fruto do Espírito, que abrange a temperança (cf. Gl 5.22).

2. Visitar órfãos e viúvas (v. 27). A verdadeira religião atende ao “homem integral” (corpo, alma e espírito), valorizando “o amor genuíno pelos necessitados” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Órfãos e viúvas, no texto, representam, também, todos os necessitados, os famintos, os carentes físicos e emocionais. São os que não têm o mínimo para comer; os meninos de rua, as crianças abusadas sexualmente; os párias, os injustiçados de todos os tipos. A igreja que quer praticar a “religião pura e imaculada” precisa cuidar do corpo, também, tanto quanto da alma e do espírito.

Jesus pregou a maior mensagem, mas multiplicou o pão duas vezes, alimentando os famintos. Os discípulos, queriam que a multidão “se virasse”, mas o Mestre lhes ordenou: “...dai-lhes vós de comer” (Mt l4.16b).

3. Guardar-se da corrupção do mundo (v. 27). Tiago usou uma dialética perfeita. Emitiu uma tese: o que é ser religioso; seguiu-a de uma antítese: quem não sabe refrear a sua língua está enganado e, por fim, chegou à síntese: o verdadeiro religioso interessa-se pelo sofrimento alheio (religião prática) ao mesmo tempo em que cuida do espírito, zelando pela santidade, “guardando-se da corrupção do mundo”. Não adianta ser caridoso, filantropo, equilibrado no falar e não ser um crente santo. O caminho do inferno está cheio desse tipo de gente. Para o céu só vão os que zelam pela santificação (cf. Hb 12.14).

V. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)

1. Os pobres na Igreja do primeiro século. Do ponto de vista social, a pobreza exclui o ser humano dos direitos básicos necessários à sua subsistência. Não é difícil reconhecer que a Igreja do primeiro século era constituída por duas classes sociais: a dos pobres e a dos ricos, tendo evidentemente mais pobres em sua composição. Uma vez que não podemos fazer acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11), os pobres daquela época, que foram gerados pela Palavra e inseridos no corpo de Cristo - a Igreja - tinham motivos de alegrar-se no Senhor, pois além do novo nascimento, eles eram acolhidos pela igreja local (Gl 2.10).

2. Os ricos na Igreja Antiga. Por vezes, os ricos são identificados na Bíblia como judeus proprietários de muitos bens e que negligenciavam as obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição (Lv 19.10; 23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1ª Tm 6.9,17-19). Por cuja razão, e pelas suas atitudes, eles eram frequentemente repreendidos pelas Escrituras (Am 3.10; Pv 11.28; 1ª Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e a postura de senhores poderosos, que pensam poder comprar as pessoas a qualquer preço. As Escrituras são claras em afirmar que o Reino de Deus não pode ser comprado por dinheiro algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-se um filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode encontrar maior dificuldade para desprender-se de suas riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É imprescindível que os mais abastados compreendam que após entregarem-se a Cristo, obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres submetem-se. Aqui, torna-se ainda mais clara a verdade bíblica: para Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11).

3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais. A igreja local deve receber a todos no espírito do Evangelho, isto é, como membros da família de Deus, pois através da salvação em Cristo, independentemente da condição social, todos têm a Deus como Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc 8.21). Somos coerdeiros, juntamente com Cristo, de uma herança eterna (1ª Pe 1.4), pertencentes à santa família de Deus (Ef 2.19) e cidadãos de um reino imutável (Hb 12.28). Na família de Deus há lugar para todo ser humano justificado por Cristo. Portanto, o irmão pobre e o irmão rico não devem se envergonhar de suas condições sociais. Se o Evangelho alcançou seus corações, o rico saberá biblicamente o que fazer com a sua riqueza. E o pobre, de igual forma, como viverá sua pobreza. O importante é que Cristo em tudo seja exaltado!

III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)

1. A falsa religiosidade. Apesar de algumas pessoas se considerarem religiosas por frequentarem um templo, as Escrituras revelam o significado da verdadeira religião. Ela reprova todo o ativismo religioso feito em “nome de Deus”, mas em detrimento do próximo. Aqui, a língua do crente tem um papel importante. Tiago diz que é possível enganar o próprio coração quando deixamos de refrear a nossa língua. Ora, o coração é a sede dos desejos, dos sentimentos e das vontades. E a boca só fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). É incompatível com o Evangelho, viver a graça de Deus sem mergulhar no Reino d'Ele. Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa. Não podemos ser como a pessoa capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e depois despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz.

2. A verdadeira religião (v. 27). A religião pura, santa e imaculada, de acordo com o autor sacro, é suprir a necessidade do próximo: “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações”. O problema hoje é que a nossa atenção, quase sempre, está voltada para o prazer pessoal. Temos os olhos fechados para os necessitados que na maioria das vezes cultuam a Deus, assentados, ao nosso lado. Lembremo-nos da vida de Jesus Cristo! Ele não apenas olhou para os marginalizados, mas foi até eles e os acolheu em amor (Mt 25.35-45). A religião que agrada a Deus é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.

3. Guardando-se da corrupção (v. 27). Além de recomendar a obrigatoriedade de visitarmos os órfãos e as viúvas, a Epístola de Tiago menciona outro aspecto da verdadeira religião: guardar-se da corrupção do mundo. A religião falsa está mergulhada no egoísmo, na corrupção e nos interesses maléficos do sistema pecaminoso. A igreja deve manter-se longe da corrupção. Estamos no mundo, mas não fazemos parte do seu sistema! O Evangelho nada tem com os seus valores e preceitos. Portanto, não flerte com o modo corrupto de viver do mundo (Tg 4.4). Amemos e desejemos o Evangelho de todo o nosso coração.

CONCLUSÃO

Praticar a Palavra é algo difícil, porém, sublime. A Bíblia é o código de Deus para o homem. Nela, de um lado, encontramos o amor e a bondade divinos. De outro, os preceitos, os estatutos e as normas, através das quais os interesses humanos, egoístas e carnais são contrariados e condenados. Mas, com a ajuda do Espírito Santo, podemos viver a Palavra em nossa vida diária.

Pr. Elias Ribas

Assembleia de Deus

Blumenau - SC

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O POVO DE DEUS DEVE SEPARAR-SE DO MAL

 

LEITURA BÍBLICA

Esdras 2.59 “Também estes subiram de Tel-Melá e Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer, porém não puderam mostrar a casa de seus pais e sua linhagem, se de Israel eram. 60 - Os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinquenta e dois. 61 - E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome. 62 - Estes buscaram o seu registro entre os que estavam registrados nas genealogias, mas não se acharam nelas; pelo que por imundos foram rejeitados do sacerdócio.”

Esdras 4.2 “Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos mandou vir para aqui. 3 - Porém Zorobabel, e Jesua, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós, sós, a edificaremos ao SENHOR, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.”

Esdras 6.2 “E em Acmetá, no palácio que está na província de Média, se achou um rolo, e nele estava escrito um memorial, que dizia assim: 3 - No ano primeiro do rei Ciro, o rei Ciro deu esta ordem: Com respeito à Casa de Deus em Jerusalém, essa casa se edificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes; a sua altura, de sessenta côvados, e a sua largura, de sessenta côvados,  4 - Com três carreiras de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova; e a despesa se fará da casa do rei.

INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos estudar os preparativos que os judeus fizeram para pôr os alicerces da nova forma de vida que eles iniciaram em Jerusalém depois dos anos no cativeiro em Babilônia. Ali eles viveram espalhados pelo vasto território daquele reino, e agora iriam viver uma vida comunitária, conforme os ritos da lei.

Os filhos de Judá tiveram que tomar sérias decisões para não serem absorvidos pela cultura dos povos que ocupavam suas redondezas. Levemos em consideração também o meio usado pelos líderes judaicos para se comprovar a filiação dos repatriados. Se tal medida não fosse tomada, até mesmo a genealogia estaria comprometida. Como povo de Deus, devemos manter a nossa identidade como servos de Deus e preservar o nosso nome no Livro da Vida, afastando-nos de qualquer mundanismo que possa comprometer a nossa comunhão com o Salvador. Fazendo assim não seremos envergonhados no grande Dia do Cordeiro.

 

I. SOMENTE OS JUDEUS RETORNARIAM A JUDA

Para uma pessoa ser considerada apta para fazer parte do grupo que iria transferir-se para Jerusalém, exigia-se que desse prova de sua linhagem, que provasse ser realmente de Israel. Na primeira triagem foram excluídas 652 pessoas. Até alguns filhos de sacerdotes cujos nomes não foram achados nos registros das genealogias, foram rejeitados como imundos (Ed 2.59-62).

Os judeus mestiços, nascidos de casamentos mistos, durante o cativeiro em Babilônia, não fariam parte do grupo de judeus que retornariam a Judá. Somente aqueles que comprovassem a sua ascendência puramente judaica fariam parte daquele grupo. Deus não aceita mistura do seu povo com o povo do mundo. Não pode haver comunhão da luz com as trevas.

A história de Israel registrava uma amarga experiência neste sentido. Quando os Israelitas, libertados pela mão do Senhor, se preparavam para ir a Canaã, um grande povo de “mistura”, não israelita, queria acompanhá-los. Foi exatamente essa gente que durante o trajeto pelo deserto foi fonte inspiradora de murmuração (Nm 11.4).

A Bíblia diz: “Estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida” (Mt 7.14). Não é lucro, e, sim, grave prejuízo, alguém querer facilitar a entrada de “mistura de gente”, dando maior ênfase à QUANTIDADE do que à QUALIDADE. Jesus disse: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7).

Qual era a significação teológica da restauração da comunidade judaica, conforme está apresentada em Esdras e Neemias? Este primeiro, toma a forma de listas genealógicas extensas (Ed 2.1-70; 8.1-14; Ne 7.5-65), cujo propósito era pelo menos duplo: (1) legitimar aqueles que voltaram, identificando-os com os ancestrais tribais, e (2) demonstrar  por essa ligação que o exílio, embora traumático e terrivelmente destruidor, não cortara a linhagem da promessa que originou-se em Abraão e continuaria para sempre. Havia nestas listas as linhagens dos sacerdotes, levitas e outros funcionários religiosos (Ed 2.36-54; 8.1-14; Ne 7.39-56), pois o reino teocrático, como reino de sacerdotes, era um povo de adoradores que expressava a vassalagem na forma relacionada ao culto.

As genealogias dão a entender que a mesma nação que fora desarraigada tão violentamente da terra da promessa voltaria. E ainda que não fossem as mesmas pessoas, eram os seus descendentes, castigados e de número muito reduzido. Neemias conhecia muito bem o penhor do Senhor dado a Moisés (Dt 30.2-4) que, mesmo que o desobediente fosse exilado nos confins da terra, Ele os ajuntaria e os traria de volta ao lugar habitado pelo seu nome (Ne 1.8-10). Neemias também sabia que seria quase como um novo começo, pois o povo restaurado seria apenas um remanescente (nis’arîm, Ne 1.3). É de tal começo humilde que Esdras também sabia que a comunidade restaurada tinha de surgir novamente (Ed 9.15)” (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, p. 214).

II. OS JUDEUS NÃO ACEITARAM A AJUDA DOS SAMARITANOS

1. Quem eram os samaritanos. Os samaritanos eram uma mistura de gente, na sua maioria de origem pagā. Este povo apareceu depois do ano 721 a.C., quando o reino de Israel foi derrotado pelo exército de Sargão II e as dez tribos do Norte levadas cativas para a Assíria. Por ordem do rei da Assíria foram trazidos povos de Babel, de Cuta, de Ava, de Hamate, de Sefarvaim, e habitaram cidades de Samaria em lugar dos sacerdotes; e tomaram Samaria em herança, e habitaram em suas cidades (2º Rs 17.24).

Posteriormente, o rei da Assíria enviou-lhes um sacerdote dos israelitas para ensinar ao povo da terra o temor de Deus. Assim, os samaritanos temiam o Senhor, mas também serviam a seus deuses (2º Rs 17.33). Aceitaram o ensino do sacerdote israelita, mas não deixaram a idolatria (2º Rs 17.34-41). Representam muito bem uma vida na carne, da qual a idolatria é uma expressão (Gl 5.20).

2. Os samaritanos ofereceram cooperação aos judeus. Quando os judeus começaram a construção do Templo, os samaritanos ofereceram-se para cooperar (Ed 4.1). Os judeus, porém, rejeitaram firmemente a proposta (Ed 4.1-3). Igualmente quando da construção dos muros, a cooperação dos samaritanos foi recusada (Ne 6.2,3).

Esta atitude é bíblica, pois a Bíblia manda que nós devemos nos afastar daqueles que não tem a sã doutrina (1ª Tm 6.3-5: Tt 3.10; 2ª Jo 10,11). Igualmente devemos nos afastar daqueles que tem uma vida irregular (2ª Pe 3.17; 1ª Tm 6.20-21; 2ª Ts 3.6,14) como também daqueles que causam divisões (Rm 16.17,18; 2ª Pe 2.10,13,18; Jd 12,18,19).

3. Os samaritanos procuraram aparentar-se com os judeus. Casaram com as filhas dos judeus, e deram filhas aos judeus em casamento. Alguns caíram nesta armadilha (Ed 9.1,2). Este assunto é tão sério e importante que merece um estudo em separado, o que iremos fazer na lição número 12.

4. Os samaritanos tornaram-se inimigos dos judeus:

4.1. Os samaritanos invejaram os judeus. Antes de os judeus terem chegado a Jerusalém, os samaritanos tinham uma certa liderança na região. Quando os Judeus chegaram e começaram a sacrificar ao único Deus verdadeiro e a adorá-lo, então a atenção dos habitantes da região passou para os judeus, e os Samaritanos perderam a sua posição privilegiada, e encheram-se de inveja (Jo 11.47; 12.19). Isto sempre foi assim. Os fariseus tinham inveja de Jesus, os sacerdotes tinham inveja da Igreja, etc. (At 5.17,13,45; 17.5).

4.2. Os samaritanos imaginaram que se conseguissem associar-se aos judeus gozariam do mesmo prestígio que estes. Quando os judeus não aceitaram nada da parte dos samaritanos, o ódio velado transformou-se em inimizade declarada.

5. A restauração da adoração. O remanescente do povo era mais que apenas uma entidade étnica ou nacional — era o povo vassalo do Senhor eleito e redimido por Ele para servi-Lo como luz para as nações. Nessa função, eles tinham de modelar os propósitos soberanos e salvíficos divinos e mediá-los para o mundo. Isto está de acordo com o tema central do concerto mosaico em que Israel tem de assumir a responsabilidade de ser um reino sacerdotal e um povo santo (Êx 19.4-6).

A demonstração mais clara do caráter teocrático da comunidade foi o compromisso fiel ao concerto e a pratica dos seus termos, uma pratica indissoluvelmente ligada ao sistema de adoração nacional com lugares santos, pessoas santas e tempos santos. Era Israel em adoração que melhor modelava o domínio do Senhor sobre todos os aspectos da vida humana. Da mesma maneira que a destruição do Templo e de seus ministérios sinalizava o verdadeiro começo do exílio, assim a reconstrução e renovação dos seus ministérios efetivaria o restabelecimento do povo de Deus ao papel de redenção. A comunidade sem adoração não tinha a função efetiva.

Não é surpreendente, então, que o primeiro evento da vida pós-exílica de Judá fosse a celebração da Festa dos Tabernáculos, uma celebração que obviamente precedeu a reconstrução do Templo (Ed 3.1-7). Como foi adequado que a Festa dos Tabernáculos, que comemorava a provisão de Deus para o povo no deserto do Sinai, fosse agora a ocasião de alegrar-se pelo cuidado divino durante os 70 anos do deserto exílico na Babilônia. Dezesseis anos depois, tendo se concluído a construção do templo, o povo comemorou novamente a provisão graciosa do Senhor em um grandioso e esplendoroso culto de dedicação na virada do ano através da observância da Páscoa (6.16-22)” [ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, p. 214].

III. DEUS EXIGE SANTIDADE DO SEU POVO

Em toda a história do povo de Deus, observa-se que Ele, para manifestar-se no meio do seu povo, exige plena santidade. Deus espera que seu povo esteja sempre em comunhão com Ele, vivendo separado do mal.

1. Retornando do cativeiro, Israel separou-se do mal (2ª Co 6.17; 7.1). Por isso a bênção de Deus os acompanhou, e eles conseguiram concluir a construção do Templo e reconheceram que “DEUS FIZERA ESTA OBRA” (Ne 6.16).

2. Deus exige santificação de seu povo para poder operar no meio dele. Quando Josué se preparou para passar o Jordão, ele disse ao povo: “SANTIFICAI-VOS porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós” (Js 3.5).

3. O anjo do Senhor visita o acampamento israelita. Antes de iniciar a conquista de Canaã, Josué recebeu a visita de um anjo. Josué então lhe perguntou: “Que diz meu Senhor ao seu servo?” E a resposta que recebeu foi: “Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo!” (Js 5.13-15).

4. Israel é derrotado pela pequena cidade de Ai. Quando Josué, com o rosto em terra, perguntou ao Senhor o porquê daquela derrota, o Senhor respondeu: “SANTIFICAI-VOS para amanhã” (Js 7.11.13). “Anátema há no meio de vós, Israel; diante dos vossos inimigos não podereis suster-vos, até que tireis o anátema do meio de vós” (Js 7.13). O pecado descoberto, foi desarraigado, e então disse a Josué: “Levanta-te e sobe a Ai. Olha que te tenho dado na tua mão o rei de Ai, e seu povo e a sua cidade, e a sua terra” (Js 8.1).

5. A santidade aqui é a pureza moral.

“Elpisate é um imperativo aoristo que estabelece e resume o curso que os cristãos devem seguir. Em vista de nossa identidade como cristãos, nós somos os eleitos de Deus, estrangeiros em nossa sociedade. Desta maneira, nossas esperanças, nossas expectativas, não devem estar concentradas em nada que este mundo possa oferecer. Riqueza, fama, aceitação, até mesmo sobrevivência — tudo isto é sem significado quando comparado com a herança que será nossa quando Cristo vier. Se não esperarmos por nada aqui, se todas as expectativas estiverem fixas na Segunda Vinda, então nada que aconteça pode nos levar a agir de maneira que possa implicar negação de nosso Senhor. ‘Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver’ (Cl 1.15). A santidade aqui é a pureza moral. Assim como a atitude de fixar nossa esperança na graça que será nossa nos fortalece para vivermos na sociedade como estrangeiros, fixar a nossa esperança nele nos separa do poder daquelas ‘concupiscências que havia em [nossa] ignorância’ (1.14)” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.521).

IV. DEVEMOS MANTER UMA VIDA DE SEPARAÇÃO DO MAL

1. Os judeus mantiveram-se separados dos samaritanos. Se os judeus tivessem aberto a porta para uma união com os samaritanos, estes, provavelmente, ter-se-iam mostrado afáveis e pacíficos no início, mas teriam perturbado a união que havia entre os judeus. Teriam participado do culto dos judeus, e afastado a presença do Senhor, uma vez que Deus não se une à idolatria. Vale a pena manter a separação com o mundo.

2. A Bíblia mostra exemplos de servos de Deus que duvidaram se valia a pena manter a linha de separação do mal.

2.1. O salmista Asafe escreveu no Salmo 73: “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração e lavado as minhas mãos na inocência (Sl 73.13). Ficou profundamente perturbado, mas Deus o ajudou a encontrar a resposta. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles” (v.17). O salmista ficou tranquilo: “Todavia estou de contínuo contigo, tu me seguraste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com teu conselho e depois me receberás cm glória” (vv.23,24). Asafe entendeu que valia a pena servir ao Senhor.

2.2. Malaquias respondeu aos que diziam ser inútil servir o Senhor (MI 3.15), dizendo: “Há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome. E eles serão meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve” (Ml 3.16,17). Vale a pena servir ao Senhor!

3. Devemos viver conforme a vontade do Senhor. “Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1ª Pe 4.2). Qual seria então a vontade de Deus para conosco? A Bíblia diz: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1ª Ts 4.3). Já observamos que santificação significa uma vida que se abstém das coisas que não agradam a Deus, conforme a Palavra: “Apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo” (2ª Co 6.17), e: “Aperfeiçoando a vossa santificação no temor de Deus” (2ª Co 7.1). Devemos sempre muito desejar ser-lhe agradáveis (2ª Co 5.9), andando dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo (Cl 1.11), guardando seus mandamentos, e fazendo o que é agradável à sua vista (1ª Jo 3.22).

4. Bênçãos acompanham os que vivem conforme a vontade de Deus! Deus garante, aos que assim vivem, plena vitória contra os ataques do Diabo. O crescimento espiritual deles está garantido (CI 1.6,10). O Espírito Santo tem plena liberdade para atuar em suas vidas, e eles tornam-se preparados para serem usados por Deus em sua obra (2 Tm 2.19-21). E, acima de tudo, aqueles que vivem segundo a vontade de Deus, estão preparados para o arrebatamento! ALELUIA! VALE A PENA VIVER NA VONTADE DE DEUS! (Hb 12.15; 15.5,23).

5. Os cristãos são chamados a cooperar com os propósitos e o poder santificadores de Deus. Tem de haver a disposição de abandonar os caminhos malignos e impuros; de ser separado de tudo que pode impedir o desenvolvimento da vida semelhante à de Cristo. A santificação não é a separação de um eremita ou recluso, pois Jesus se misturou com os pecadores. Todavia, em seu caráter e padrão, Ele estava ‘separado’ dos pecadores. (Hb 7.26). O desejo do Senhor para seus seguidores é que continuem envolvidos no mundo ao mesmo tempo e que permanecem livres de seus malefícios.

O sucesso na vida cristã, em grande extensão, depende de nossa disposição em nos entregarmos a Deus em total sacrifício de nós mesmos. O cristão que leva a santidade a sério é considerado um ‘escravo’ da justiça; um ‘sacrifício vivo’ para Deus; um utensílio doméstico puro” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 490).

Eurico Bergstén. Lições bíblicas 3º Trimestre de 2020. A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias. CPAD – Rio de Janeiro RJ.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE

 

LEITURA BÍBLICA

Tiago 1.5 “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada.”

Tiago 3.13-18 “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria. 14 - Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. 15 - Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. 16 - Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa. 17 - Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. 18 - Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos os ensinamentos da Palavra de Deus acerca da importância da sabedoria divina para o nosso viver diário. Tiago inicia a temática em tom de exortação, enfatizando a necessidade da sabedoria divina como condição básica de levar a igreja a viver a Palavra de Deus com alegria, coerência, segurança e responsabilidade. E isso tudo sem precisar fugir das tribulações ou negar que o crente passa por problemas. A nossa expectativa é que você abrace o estilo de vida proposto pelo Santo Espírito nesta carta. Não fugindo da realidade da vida, mas enfrentando-a com sabedoria do alto e na força do Espírito Santo.

Tiago em sua epístola procura nos mostrar a respeito da sabedoria em seu aspecto global. Desta forma ele revela-nos a existência de dois tipos de sabedoria: A divina e a terrena. Ao estabelecer a diferença entre cada uma delas, o apóstolo exorta-nos a nos empenharmos na conquista da verdadeira sabedoria, a divina, que procede do alto.

Quantas e quantas vezes, no nosso dia a dia, precisamos ter sabedoria para tomarmos decisões, para decidirmos problemas, para darmos uma palavra de conforto, para darmos uma resposta sábia, para encararmos as dificuldades do dia a dia. Na verdade, a cada minuto de nossa vida temos que tomar decisões e, muitas vezes, elas são realmente muito difíceis, e para tudo isso precisamos da sabedoria divina, ela é um tesouro que não está exposto e não é tão fácil de se conseguir. Ela está escondida, esperando para ser descoberta. Quanto mais a buscamos, mais queremos e precisamos buscá-la, e mais experimentamos a satisfação de sermos felizes, mesmo nas adversidades.

A sabedoria do alto gera amor, bondade, benignidade e humildade. Ela não estimula o crente a tornar-se soberbo ou arrogante em relação ao próximo, mas nos dá limites. Faz-nos saber até onde podemos ir. Ainda que elevemos a nossa cultura, a língua e tantos outros conhecimentos, nós não temos o direito de nos mostrarmos altivos, os donos da verdade, pois de fato não o somos. A sabedoria do alto nos dá bom senso! Quantos cheios de sabedoria não mais a demonstram no relacionamento com o outro? Teoricamente são sábios, mas relacionalmente imaturos. A sabedoria do alto não gera coração soberbo, mas um coração humilde!

I. A NECESSIDADE DE PEDIRMOS SABEDORIA A DEUS (Tg 1.5)

1. A sabedoria que vem de Deus. Tiago fala da sabedoria que vem do alto para distingui-la da humana, de origem má (Tg 3.13-17). Irrefutavelmente, a sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o homem alcança o discernimento da boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 2.10-19; 3.1-8,13-15; 9.1-6; Rm 12.1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos efeitos das suas reações. Enfim, a Palavra de Deus nos orienta a vivermos com prudência. Todavia, quando nos achamos em meio às aflições é possível que nos falte sabedoria. Por isso, o texto de Tiago revela ainda a necessidade de o crente desenvolver-se, adquirindo maturidade espiritual.

2. Deus é o doador da sabedoria. O texto bíblico não detalha a maneira pela qual Deus concede sabedoria. Tiago apenas afirma que o Altíssimo a dá. Juntamente com a súplica pela sabedoria que fazemos ao Pai em oração, a epístola fornece riquíssimos ensinamentos (v. 5):

2.1. O Senhor é que dá sabedoria. Jesus ensina que o Pai atende às orações daqueles que o pedirem (Mt 7.7-8).

2.2. O Senhor dá todas as coisas. Neste sentido, dizem as Sagradas Escrituras: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?” (Rm 8.32 cf. Jó 2.10).

2.3. O Senhor dá a todos os homens. Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.1,9).

2.4. O Senhor dá liberalmente. É de graça! Nosso Deus não vende bênçãos apesar de pessoas, em seu nome, “comercializá-las”.

2.5. O Senhor dá sem lançar em rosto. A expressão é sinônima do adágio popular “jogar na cara”. O Pai Celeste não age dessa forma.

3. Peça a Deus sabedoria. Ainda no versículo cinco, Tiago estimula-nos a fazermos as seguintes perguntas: Falta-nos sabedoria espiritual? Sentimental? Emocional? Nos relacionamentos? Caso ache em si falta de sabedoria em alguma área, não desanime! Peça-a a Deus. Nós temos a necessidade de pedirmos a Ele, pois o Altíssimo é o doador, pois é Ele quem dá liberalmente. E mais: não lança em rosto! Ouça as Escrituras e ponha em prática este ensinamento. Fazendo assim, terás sabedoria do alto.

O texto afirma: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente”. Observe os seguintes pontos:

3.1. Necessidade. A oração “se algum de vocês necessita de sabedoria” é a primeira parte de uma declaração fatual numa frase condicional. O autor está dizendo ao leitor: “Sei que você não vai admitir, mas você necessita de sabedoria”. Tiago trata de um problema delicado, pois ninguém quer ouvir que é tolo, que comete erros e precisa de ajuda. O ser humano é, por natureza, independente. Quer resolver seus próprios problemas e tomar suas próprias decisões. O teólogo do século 18, John Albert Bengel, colocou de modo um tanto sucinto: “A paciência está mais no poder de um homem bom do que a sabedoria; a primeira deve ser exercitada, e esta última deve ser pedida”. É preciso que o ser humano supere o orgulho para admitir que precisa de sabedoria. Mas a sabedoria não é algo que ele possui. Ela pertence a Deus, pois é sua divina virtude. Qualquer um que admita a necessidade de sabedoria deve ir até Deus e pedir-lhe. Tiago apela para o leitor e ouvinte individualmente. Escreve: “se algum de vós”. Tiago dá ao leitor a chance de se examinar, de chegar à conclusão de que precisa de sabedoria e de seguir o seu conselho para que a peça a Deus.

3.2. Pedido. O crente deve pedir sabedoria a Deus. Tiago deixa implícito que Deus é a fonte de sabedoria. Ela lhe pertence. O Novo Testamento afirma que o cristão recebe sabedoria e conhecimento de Deus (ver, por exemplo, 1ª Co 1.30). É verdade que fazemos uma distinção entre sabedoria e conhecimento quando dizemos que o conhecimento sem sabedoria é de pouco valor. Donald Guthrie observa que “se a sabedoria é o uso correto do conhecimento, a sabedoria perfeita pressupõe conhecimento perfeito”. Para tornar-se maduro e íntegro, o crente deve pedir a Deus sabedoria. Deus deseja oferecer sabedoria a qualquer um que pedir com humildade. O reservatório de sabedoria de Deus é infinito e ele “a todos dá liberalmente”.

3.3 Dádiva. Deus não faz acepção. Ele dá a todos, não importa quem seja, pois Deus deseja dar. É uma característica de Deus. Ele dá continuamente. Toda vez que alguém chega até Ele com um pedido, Ele abre seu reservatório e distribui sabedoria gratuitamente. Assim como o sol continua a dar sua luz, Deus continua dando sabedoria. Não podemos imaginar um sol que deixe de dar luz, muito menos pensar em Deus deixando de dar sabedoria. A dádiva de Deus é gratuita, sem juros, sem o pedido de que se pague de volta. Ela é grátis.

Além disso, Deus dá “e não lança em rosto”. Quando pedimos a Deus por sabedoria, não devemos temer que Ele expresse desprazer ou nos reprove. Quando chegamos até Ele com a fé como a de uma criança, Ele jamais nos manda de volta vazios. Temos a segurança de que, quando pedimos por sabedoria, ela nos “será dada”. Deus não decepciona aquele que pede com fé. Quem pede tem que fazê-lo sem dúvida de nenhuma espécie. Tem que estar seguro tanto do poder como do desejo de Deus em dar. O maior empecilho para as respostas à oração não é Deus, mas a nossa incredulidade.

4. A sabedoria é espiritual. “Embora Paulo não tenha pregado de acordo com a sabedoria do mundo, todavia ele pregou a sabedoria oculta de Deus que só pode ser discernida quando Deus dá ao homem a direção e a ajuda do Espírito Santo (1ª Co 2.7-14). Deus deseja que o homem tenha e conheça sua sabedoria (Tg 1.5). Ela é espiritual e consiste no conhecimento de sua vontade (Cl 1.9; Ef 1.8,9). Ela é ‘do alto’ e é contrastada com a sabedoria terrena e humana deste mundo, que pode até ser inspirada pelos demônios (Tg 3.13-17; cf. Cl 2.23; 1ª Co 3.19,20; 2ª Co 1.12). A sabedoria de Deus deve ser revelada ou ‘dada’ aos homens (Rm 11.33,34; 2ª Pe 3.15; Lc 21.15). Isto pode ser conferido pela Palavra de Deus e pelo ensino humano dela (Cl 3.16; 1.28; Ap 13.18; 17.9). Como no caso da sabedoria (heb. hokma) do livro de Provérbios, ela permite que o crente saiba como agir em relação às outras pessoas, e aproveitar ao máximo as suas oportunidades espirituais (Cl 4.5)”. [PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009, p. 1712].

5. A sabedoria doada por Deus. A sabedoria deste mundo é orgulhosa, vaidosa e soberba. Geralmente esta sabedoria conduz os homens a não darem nenhum crédito às coisas de Deus e a ridicularizarem a sua palavra. Ela exalta a autossuficiência humana, coloca o homem no centro de todas as coisas, fazendo deste a autoridade suprema em tudo. Esta sabedoria o próprio Deus a qualifica como loucura: “porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: ele apanha os sábios na sua própria astúcia” (1ª Co 3.19).

A sabedoria doada por Deus é:

5.1. Pura. Vai contra os conceitos mundanos.

5.2. Pacífica. Não traz contendas.

5.3. Moderada. É sóbria, equilibrada.

5.4. Tratável.

5.5. Cheia de misericórdia. Não olha só para si, mas consola e edifica as pessoas.

5.6. Imparcial. Não é injusta.

5.7. Sem hipocrisia. Tem uma aliança com a verdade. Onde há a sabedoria de Deus existe paz.

II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA HUMILDE (Tg 3.13)

1. A sabedoria colocada em prática. Tiago conclama os servos de Deus, mais notadamente aqueles que exercem alguma liderança na igreja local, a demonstrarem sabedoria divina através de ações concretas (Dt 1.13,15; 4.6; Dn 5.12). A sabedoria é a virtude que devemos buscar e cultivar em nossos relacionamentos neste mundo (Mt 5.13-16). O tempo do verbo “mostrar”, utilizado por Tiago em 3.13, indica uma ação contínua em torno da finalidade ou do resultado de uma obra. Desta maneira, a Bíblia está determinando uma atuação cristã que promova as boas obras no relacionamento humano.

2. A humildade como prática cristã. Instruída pela Palavra de Deus, a humildade cristã promove as boas obras na vida do crente (Tg 1.17-20; cf. Mt 11.29; 5.5). Quem é portador dessa humildade revela a verdadeira sabedoria, produzindo para si alegria e edificação (Mt 5.16). A fim de redundar em honra e glória ao nome do Senhor Jesus, a humildade deve ser uma virtude contínua. Isso a torna igualmente uma porta fechada para o crente não retornar às velhas práticas. O homem natural, dominado pelo pecado, não tem o temor de Deus nem o compromisso de viver para a honra e glória d’Ele. Porém, o que nasceu de novo e, portanto, “ressuscitou com Cristo”, busca ajuda do alto para viver em plena comunhão e humildade com o seu semelhante (Cl 3.1-17).

3. Obras em mansidão de sabedoria. Vivemos em um tempo onde as pessoas se aborrecem por pouca coisa, onde tudo é motivo para desejar o mal ao outro. Vemos descontrole no trânsito, o destempero na fila, a pouca cordialidade com o colega de trabalho e coisas afins. Parece que as pessoas não convivem espontaneamente com as outras. Apenas se toleram! Nesse contexto, o ensino de Tiago é de sobremodo relevante: “Mostre, pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (v.13). Amor, cordialidade e solidariedade são valores éticos absolutos reclamados no Evangelho. A sabedoria deve ser colocada em prática como uma ação concreta através da humildade.

4. As ações revelam as origens da sabedoria (3.13-18). O retrato que Tiago nos oferece daquilo que é considerado como ‘sabedoria’ para maioria das pessoas é bastante perturbador, mas precisamos ser cuidadosos para não entendermos erroneamente. Ele não está sugerindo que não exista qualquer coisa boa na humanidade (lembremos de seu aviso de que fomos ‘feitos à semelhança de Deus’ (3.9). O problema com essa sabedoria ‘terrena, animal e diabólica’ é que tem sua origem na alma humana. Sendo assim, participa dos desejos divididos dos ‘inconstantes’; é capaz de fazer o bem (‘bendizer a Deus e Pai’ - 3.9), mas também de muitas vezes levar a ‘toda obra perversa’. Quando nossa ‘sabedoria’ é simbolizada pela ‘mansidão’ (v. 13), que reconhece que sua principal origem está em Deus (1.5, 21) e não em nós mesmos (como resultado de nossa ‘egoísta ambição’, (vv. 14, 16) então os bons desejos existentes dentro de nós, por termos sido criados à semelhança de Deus, unem-se à Sua vontade em uma vida correta, e de bom trato (v. 13).

Tiago se volta às qualidades que simbolizam o ‘bom trato’ nos versos 17 e 18. A lista de características e virtudes que Tiago nos oferece aqui é semelhante à descrição que Paulo faz do ‘fruto do Espírito’ (Gl 5.22,23; cf. Tg 3.17). Tanto Paulo como Tiago enfatizam que essas características devem ser a consequência natural de uma vida renovada por Deus.

O que há de particular interesse nessa lista de Tiago é o número de termos que expressam diretamente ações ao invés de simples qualidades. Aqueles que têm em si mesmos a sabedoria que vem da Palavra que foi neles ‘enxertada’ (1.21), não são apenas ‘amantes da paz’, mas também ‘pacificadores’. São atenciosos com os seus semelhantes e não procuram apenas satisfazer sua ambição egoísta. São submissos à vontade de Deus ao invés de serem ‘atraídos e engodados pela sua própria concupiscência’ (veja 1.14). Seus atos são misericordiosos (cf. 2.12, 13), são imparciais e sinceros e não como aqueles que demonstram favoritismo (2.1, 9). O resultado de viver de acordo com a ‘sabedoria que vem do alto’ é uma safra de virtudes (cf. 2.21-23)”. [STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição, RJ: CPAD, 2004, p. 1680].

III. O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18) 

1. Administrando a sabedoria. A sabedoria mencionada por Tiago assinala a vontade de Deus para a vida do crente. Uma vez dada por Deus, tal sabedoria constitui-se parte da natureza do crente. É resultado do novo caráter lapidado pelo Espírito Santo. É um novo pensar, um novo sentir, um novo agir. Deus dá ao homem essa sabedoria para que ele administre as bênçãos, os dons e todas as esferas de relacionamentos da vida humana. Quando Jesus de Nazaré expressou “assim brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5.16), Ele estava refletindo sobre o propósito divino de o crente viver a inteireza do Reino de Deus diante dos homens.

2. Sabedoria verdadeira e a arrogância do saber. Há pessoas orgulhosas que, por se julgarem sábias, não admitem serem aconselhadas ou advertidas. Sobre tais pessoas as Escrituras são claras (Jr 9.23). Entre os filhos de Deus não há uma pessoa que seja tão sábia que possa abrir mão da necessidade de aconselhar-se com alguém. O livro de Provérbios descreve que há sabedoria e segurança na multidão de conselheiros, pois do contrário: o povo perece (11.14). O rei Salomão orou a Deus pedindo-lhe sabedoria para entrar e sair perante o povo judeu (2º Cr 1.10). Disto podemos concluir que lidar com o povo sem depender dos sábios conselhos de Deus é um pedantismo trágico para a saúde espiritual da igreja. Portanto, leve em conta a sabedoria divina! É um bem indispensável para os filhos de Deus. Para quem sente falta de sabedoria, Tiago continua a aconselhar: “peça-a a Deus”.

3. Atitudes a serem evitadas. “Onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (v.16). Aqui o autor da epístola descreve o resultado de uma “sabedoria” soberba e terrena. Classificando tal sabedoria, Tiago utiliza dois termos fortíssimos, afirmando que ela é “animal” e “diabólica”. Animal, porque é acompanhada por emoções oriundas de um instinto natural, primitivo, irracional e carnal, sendo por isso destituída de qualquer preocupação espiritual. Diabólica, porque o nosso adversário inspira pessoas a transbordarem desejos que em nada se assemelham aos que são oriundos do fruto do Espírito, antes, são sentimentos egoísticos, que se identificam com as obras da carne (2ª Tm 4.1-3; Gl 5.19-21). Atitudes que trazem contenda, facções, divisão, gritarias e irritabilidade devem ser evitadas em nossa família, em nossa igreja ou em quaisquer lugares onde nos relacionarmos com o outro. O Senhor nos chamou para paz e não para confusão. Vivamos, pois uma vida cristã sábia e em paz com Deus!

O valor da verdadeira sabedoria reflete a humildade; a arrogância, o orgulho, a soberba e a altivez à sabedoria terrena e diabólica.

CONCLUSÃO

Após estudarmos o tema “sabedoria humilde” é impossível ao crente admitir a possibilidade de vivermos a vida cristã em qualquer esfera humana sem depender da sabedoria do alto. A sabedoria divina não só garante a saúde espiritual entre os irmãos, mas da mesma maneira, a emocional e psíquica. Ela estabelece parâmetros para o convívio social sadio ao mesmo tempo em que nos previne para que não caiamos nos escândalos e pecados que entristecem o Espírito Santo. Ouçamos o conselho de Deus. Que possamos viver de forma sóbria, justa e piamente (Tt 2.12).

A vida cristã consiste em semear e em ceifar. Aliás, toda vida é assim, e ceifamos exatamente o que semeamos. O cristão que segue a sabedoria de Deus semeia a humildade, não a arrogância; semeia a paz, não a guerra. A forma de vivermos permite que o Senhor promova algo de bom na vida de outros. Por conseguinte, só os sábios são humildes e só os humildes são sábios. As pessoas humildes são aquelas que percebem que o mundo não termina nem acaba em si. São aquelas que percebem que o centro do mundo não está em si. São, pois, aquelas que não olham para si. São aquelas que olham para fora de si. Até o mais alto quis descer até ao mais baixo. É o sábio Deus nos ensinando a humildade.

Somos o que vivemos, e o que vivemos é o que semeamos. Se vivermos segundo a sabedoria de Deus, semearemos a humildade e colheremos a exaltação divina (Mt 23.12 Lc 18.14). Se vivermos segundo a sabedoria do mundo, semearemos pecado e guerra e colheremos “confusão e toda espécie de males” (3.16 - NVI).

FONTE DE PESQUISA

1. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.

2. Bíblia online João F. Almeida Corr. e Revis, Fiel - Biblia.com.br

3. Barclay, William. Comentário do Novo Testamento — Tradução: Carlos Biagini;

4. De Oliveira, Raimundo. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. 1º Trimestre de 1989. CPAD. Rio de Janeiro RJ.

5. SWINDOOL, Charles R. Vivendo Provérbios: Sabedoria divina para os desafios da vida moderna. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2013.

6. SILVA Eliezer de Lira e. Fé e Obras - Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica 3º Trimestre de 2014. Lições Bíblicas CPAD Rio de Janeiro RJ.

7. STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição, RJ: CPAD, 2004.

8. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. Rio de Janeiro RJ.

9. PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, Rio de Janeiro RJ.

10. Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento - Tiago e Epistolas de João. Cultura Cristã.


terça-feira, 4 de agosto de 2020

NEEMIAS RECONSTRÓI OS MUROS DE JERUSALÉM


LEITURA BÍBLICA

Neemias 1.1-4 “As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza, 2 - que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e acerca de Jerusalém. 3 - E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo. 4 - E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.”

Neemias 2.1-9 “Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu tomei o vinho e o dei ao rei; porém nunca, antes, estivera triste diante dele. 2 - E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isso senão tristeza de coração. Então, temi muito em grande maneira, 3 - e disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo? 4 - E o rei me disse: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus 5 - E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a edifique. 6 - Então, o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo.  7 - Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, deem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me deem passagem até que chegue a Judá; 8 - como também uma carta para Asafe, guarda do jardim do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei, mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim. Deus sobre mim. 9 - Então vim aos governadores dalém do rio, e dei-lhes as cartas do rei. E o rei tinha enviado comigo chefes do exército e cavaleiros.”

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos como os muros de Jerusalém foram levantados, e como Deus levantou o homem certo para executar esta obra. A obra era de Deus, o qual, como dono da obra, providenciou tudo que era necessário para a sua realização, desde a autorização do rei para o envio de Neemias, até os recursos para custear a construção.
- A reconstrução do templo de Jerusalém é resultado de um avivamento espiritual.

I. DEUS RESPONDE ÀS ORAÇÕES DE NEEMIAS

1. Deus envia emissário a Neemias. Deus enviou emissário para informar Neemias acerca da situação reinante em Jerusalém. Esta pessoa foi Hanani, irmão de Neemias (Ne 1.2). Hanani contou como os judeus, que haviam retornado a Judá após o cativeiro, estavam em grande miséria. Muros fendidos, e portas queimadas a fogo, eram símbolo de miséria e de desprezo, e faziam dos moradores da cidade vítimas fáceis de assaltantes (Ne 1.3).

2. Neemias, angustiado, jejua e ora. Deus despertou em Neemias uma profunda angústia pela situação de seu povo, que morava em Judá. Neemias começou a jejuar e a orar. A oração inicial de Neemias está registrada em Neemias 1.5-11. Iniciou seu período de oração no mês de quisleu (dezembro), e Deus, que ouve as orações, fez a resposta chegar no mês de nisā (março) (Ne 2.1).

3. Deus responde às orações de Neemias. Como resposta às orações de Neemias, Deus despertou o rei para assumir a responsabilidade do empreendimento. Neemias era copeiro do rei. Certo dia ele apresentou-se diante do rei com semblante triste. Interrogado acerca do motivo de sua tristeza, Neemias relatou a situação da cidade de Jerusalém e de seu povo que ali vivia (Ne 2.2-3). Por inspiração de Deus, o rei perguntou a Neemias: “Que me pedes agora?” (Ne 2.4). Neemias orou ao Deus do céu para que pudesse responder ao rei dentro da direção de Deus. Em um momento, Neemias teve sua chamada para ir a Jerusalém confirmada, e respondeu ao rei: “Peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a edifique” (Ne 2.5).

4. Deus despertou o rei a atender o pedido de Neemias. Neemias recebeu carta do rei dirigida aos governadores da região e ainda uma carta com ordem para que o necessário para a construção fosse dado a Neemias. Tudo segundo a boa mão de Deus sobre Neemias (Ne 2.8). Deus é verdadeiramente o Deus daquilo que é impossível aos homens.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Deus trabalha por intermédio de seu povo para realizar até mesmo tarefas consideradas humanamente impossíveis. Ele costuma moldar as pessoas com características de personalidade, experiências e treinamento de modo a prepará-las para o seu ministério, e essas pessoas não costumam sequer ter ideia do que Deus tem reservado para elas. Deus preparou e posicionou Neemias para realizar uma dessas tarefas ‘impossíveis’ da Bíblia. Neemias era um homem comum em uma posição especial. Ele estava seguro na condição de bem-sucedido copeiro do rei Artaxerxes, da Pérsia. Neemias possuía pouco poder, mas grande influência.

Setenta anos antes, Zorobabel havia planejado a reconstrução do Templo de Deus. Treze anos haviam se passado desde o retorno de Esdras a Jerusalém, que havia ajudado o povo em suas necessidades espirituais. Agora Neemias era necessário.

Do início ao fim Neemias orou pedindo a ajuda de Deus. Ele nunca hesitou em pedir que Deus se lembrasse dele, encerrando sua autobiografia com as seguintes palavras: ‘Lembra-te de mim, Deus meu, para o bem’. Durante a ‘impossível’ tarefa, Neemias demonstrou uma capacidade de liderança incomum. Os muros ao redor de Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde, a despeito da resistência e da oposição dos inimigos. Até mesmo os inimigos de Israel admitiram, de má vontade e com temor, que Deus estava com esses construtores. Não apenas isto, mas Deus trabalhou através de Neemias para realizar um despertamento espiritual entre o povo judeu.

Talvez você não tenha as habilidades específicas de Neemias ou até mesmo pense que está em uma posição onde nada pode fazer para Deus; mas existem duas formas através das quais você pode ser útil ao Senhor. Primeiro, seja uma pessoa que fala com Deus. Permita que Ele entre em sua vida e compartilhe-a com Ele — suas preocupações, seus sentimentos e seus sonhos. Segundo, seja uma pessoa que anda com Deus. Coloque em prática aquilo que você aprende nas Escrituras Sagradas. Deus pode ter uma missão ‘impossível’ para realizar através de sua vida” [Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 670].

II. NEEMIAS CHEGA A JERUSALÉM (Ne 2.7-11).

1. Neemias faz levantamento da real situação dos muros. Saiu à noite na companhia de poucos homens, sem dizer a ninguém qual era seu objetivo em Jerusalém (Ne 2.12-16).

2. Neemias declara sua intenção de reedificar os muros. Tendo-se inteirado da verdadeira situação dos muros de Jerusalém, Neemias convocou os judeus, os nobres, os magistrados e todos os que faziam a obra, a juntos reedificarem os muros, para que não mais estivessem em opróbrio, declarando-lhes como a mão de Deus lhe fora favorável, como também as palavras do rei. Então disseram todos: “Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem” (Ne 2.17-18).
Com a bênção de Deus e a permissão do rei, Neemias chegou até a cidade de Jerusalém.

SUBSÍDIO BÍBLICO

“Embora Neemias tivesse chegado como governador, com plena autoridade do Império Persa, não fez nada durante três dias e nem contou a ninguém os planos que Deus lhe confiara.

Sem dúvida, ele estava esperando em Deus, ao invés de precipitar-se, confiando na sua própria capacidade. Passou, então a fazer uma inspeção cautelosa e cuidadosa nos danos causados nos muros pelos samaritanos e, por certo, calcular as despesas. É muito importante observar que, em vez de criticar os judeus pelos seus problemas e tristezas, ele queria ver esses problemas como eles viam. Daí, ele nada fala, enquanto não compreendesse a situação segundo a sua perspectiva, sentindo o que eles sentiam” [Bíblia de Estudo Pentecostal. 1ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.731].

III. NEEMIAS INICIA O LEVANTAMENTO DOS MUROS

1. O plano de Neemias. Ver capítulo 3. Neemias dividiu a tarefa de construção em partes, tendo cada parte uma porta. Simultaneamente, lado a lado, haveria pessoas encarregadas de levantar o muro ao longo de toda a sua extensão, muitas delas edificando o pedaço do muro que ficava em frente à sua própria casa. Havia também grupos encarregados de levar entulho, trazer material, etc. O coração do povo se inclinou a trabalhar (Ne 4.6). E logo já era possível notar que os muros cresciam e as roturas começavam a ser tapadas (Ne 4.7).

2. A tática de Neemias. A tática de Neemias de engajar todos os judeus na obra de edificação do muro é um exemplo muito importante a ser seguido pelas igrejas em seu trabalho de evangelização. Neemias tinha um plano que aproveitava todos os que quisessem trabalhar, designando a cada um à sua função. Assim também o pastor da igreja deve, na direção do Espírito Santo, orientar os crentes a entregarem-se a Deus para realizarem a obra do Senhor. Trabalhar para o Senhor enche o coração dos crentes de grande alegria.

3. A união dos judeus ficou ameaçada. Apesar da boa organização, a união necessária para a realização daquela grande obra estava ameaçada. Surgiu um problema entre os pobres e os ricos. Neemias tomou conhecimento do problema e sabiamente o resolveu, e a obra prosseguiu. Este tópico será retomado na lição número 8.

Neemias, cheio de fé e coragem inicia o levantamento dos muros.

SUBSÍDIO BÍBLICO

“Neemias convocou uma assembleia com os líderes judeus. Ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhes a autoridade como governador, mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu uma resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente. Levantemo-nos e edifiquemos. Assim, foi preparado o cenário para um notável feito a ser realizado” [Comentário Bíblico Beacon. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp. 514-15].

IV. O LEVANTAMENTO DOS MUROS PROVOCOU GRANDE OPOSIÇÃO

1. O início da obra. Iniciada a edificação dos muros, Sambalate e Tobias indignaram-se grandemente, e usaram várias estratégias para fazerem parar a obra. Todavia, Neemias e seus liderados, ajudados pelo Senhor, conseguiram vencer todos os obstáculos que se levantaram, e trabalharam sem cessar até à conclusão do muro. As diferentes formas de ataque dos inimigos dos judeus, e como Neemias conseguiu vencê-los, será assunto da Lição 9 deste trimestre.

2. O muro foi concluído (Ne 6.15). Esta vitória teve grande repercussão. Até os inimigos tiveram de reconhecer que “O NOSSO DEUS FIZERA ESTA OBRA” (Ne 6.16).

Os inimigos se levantaram para impedir a construção dos muros.

SUBSÍDIO BÍBLICO

“Os inimigos do pequeno remanescente dos judeus opunham-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Neemias e o povo foram alvos de zombaria, de ameaça de uso da força, de desânimo de medo. O capítulo três do livro de Neemias revela como se pode vencer a oposição à obra de Deus.

(1) A zombaria foi vencida pela oração e determinação.

(2) A ameaça da força foi vencida pela oração e apropriadas medidas de segurança.

(3) O desânimo e o medo foram vencidos pela fé dos dirigentes piedosos, pelo seu incentivo” (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.733).

V. O MURO FOI SOLENEMENTE INAUGURADO

1. Inauguração do templo. Para a dedicação dos muros foram convocados todos os levitas, a fim de dedicarem os muros com alegria, com louvores, com canto, com saltério, com alaúdes e com harpas (Ne 12.27). Purificaram-se os sacerdotes e os levitas, e logo purificaram todo o povo, e as portas, e o muro (Ne 12.30).

2. O louvor e Adoração. O ato de dedicação incluiu duas procissões ao longo dos muros, as quais pararam diante da Casa de Deus, onde houve sacrifícios (Ne 12.30,38,40). A alegria de Jerusalém era tão grande, que o som da festa podia ser ouvido de longe (Ne 12.43).

3. Os inimigos se levantaram para impedir a construção dos muros.
“Os inimigos do pequeno remanescente dos judeus opunham-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Neemias e o povo foram alvos de zombaria, de ameaça de uso da força, de desânimo de medo. O capítulo três do livro de Neemias revela como se pode vencer a oposição à obra de Deus.
(1) A zombaria foi vencida pela oração e determinação.
(2) A ameaça da força foi vencida pela oração e apropriadas medidas de segurança.
(3) O desânimo e o medo foram vencidos pela fé dos dirigentes piedosos, pelo seu incentivo” [Bíblia de Estudo Pentecostal. 1ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 733].

VI. OS MUROS TRAZEM ENSINO SIMBÓLICO IMPORTANTE

1. A Bíblia fala da salvação como um muro. “Aos teus muros chamarás salvação, e às tuas portas louvor” (Is 60.18). E ainda, “Uma forte cidade temos, a quem Deus pôs a salvação por muro e ante muros” (Is 26.1).

2. A salvação traz o avivamento. O muro da salvação fala da divina proteção que beneficia aqueles que se abrigam dentro dele. Observamos que o levantamento dos muros foi resultado de um despertamento. O crente despertado sente uma imperiosa necessidade de conservar-se dentro dos muros de salvação, onde ele é protegido pela excelente grandeza do poder de Deus. E pode dizer como Paulo: “Eu sei em quem tenho crido, e estou certo que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (2ª Tm 1.12).

3. O muro da salvação é uma permanente linha divisória entre o reino de Deus e o reino deste mundo. Fronteiras deste mundo foram muitas vezes alteradas, porém a fronteira entre o reino da Luz e o reino das Trevas continua inalterada. A Bíblia diz: “Eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3.6). O reino de Deus e o reino deste mundo são inteiramente irreconciliáveis. “Que comunhão tem a luz com as trevas?” (2ª Co 6.14). “Ninguém pode servir […] a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).

O fato de o muro da salvação ser uma divisa entre o reino de Deus e o mundo, não significa que há uma “proibição” pela qual o crente não tem “direito” de fazer o que quer. O crente é livre! Todavia, a mesma linha divisória representada pelo muro da salvação, passa também DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO! Por isso Paulo escreveu: “A não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6.14). E podemos, assim, fazer nossas as palavras de Paulo: “O que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo!” (Fp 3.7). Finalmente, a salvação transforma o crente de tal forma que ele começa a querer aquilo que o Senhor quer, e passa a orar: “Seja feita a TUA vontade” (Mt 6.10). O segredo de uma vida cheia do Espírito Santo é: “Quem crer em mim COMO DIZ A ESCRITURA, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38).

CONCLUSÃO
- O resultado da conclusão da obra foi muito maior do que poderiam imaginar Neemias e o povo judeu. Ao saberem todos os gentios que a obra fora concluída em prazo tão exíguo, abateram-se em seus próprios olhos, porque reconheceram que Deus fizera aquela obra (Ne 6.16).

- Sem ir ao vale do Ono, sem temer pela sua própria vida, sem se distrair com as diversas artimanhas do inimigo, Neemias concluiu a obra e a conclusão da obra, a realização da vontade do Senhor trouxe a paz que se prometia na descida ao vale do Ono e, mais do que isto, trouxe a glorificação do nome do Senhor, pois foram os gentios que reconheceram que a obra se fez por Deus e não pelos judeus nem tampouco por Neemias.

- É isto que temos de entender enquanto estamos sobre a face da Terra fazendo a obra do Senhor. Não podemos titubear, nem deixar nos enganar pelo inimigo de nossas almas, que sempre está a se opor ao que fazemos para Deus. Temos de prosseguir realizando aquilo que Deus nos mandou, sem vacilação, numa constante vigilância, com amor e dedicação, em oração e meditação nas Escrituras. Quando a obra se concluir, os homens saberão que foi Deus quem o fez e o glorificarão por causa de nossas boas obras.

- Muitos, no entanto, não compreendem esta situação e se embaraçam com as coisas desta vida, inquietam-se com os movimentos do inimigo e deixam de fazer a obra de Deus que, desta maneira, não é concluída.

- Deus é quem faz a obra, Ele é que será glorificado, mas depende de nossas mãos para que ela se realize. Sem que nos disponhamos a realizar a obra, ela não se fará e o nome do Senhor não será glorificado.

- Muitos, ainda, diante da pressão externa, atemorizam-se e fogem, deixando de fazer a obra. Nestes casos, também, a obra não será feita e o resultado é que o nome do Senhor também não é glorificado.
- Outros, por fim, no meio da obra, dela se desviam, passam a trabalhar contra ela, por amor do dinheiro e seduzidos pelas ofertas apresentadas pelos inimigos. Estes, além de não poderem impedir a obra de ser realizada, em vão buscarão uma glória própria, pois a obra de Deus somente permite a glorificação do Senhor.

- Todos têm se unido contra Deus e o Seu Cristo (Sl 2.1-3) e parece mesmo que não há mais condições para que a Igreja, que é o corpo de Cristo, possa subsistir. No entanto, diz-nos o texto sagrado, que “Aquele que habita nos céus Se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na Sua ira, e no Seu furor os confundirá” (Sl 2.4,5). Estamos, ainda, no tempo da graça, não é momento ainda da manifestação da ira divina, que somente se iniciará com o arrebatamento da Igreja.

- Assim, o que nos resta a fazer? O salmista mesmo responde: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que Se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se inflamar a Sua ira; bem-aventurados todos aqueles que n’Ele confiam” (Sl 2.10-12).

- Diante desta grande “conspiração” do inimigo contra nós, os que estamos a edificar, com o Senhor Jesus, a Sua Igreja, sejamos prudentes e aprendamos com o Senhor Jesus. Sirvamos a Ele e O adoremos, cumprindo a Sua vontade e, assim como Neemias e os judeus concluíram a obra da reedificação de Jerusalém, também concluiremos as nossas tarefas e alcançaremos a bem-aventurança eterna por termos confiado no Senhor. Amém!


BERGSTÉN Eurico. Neemias reconstrói os muros de Jerusalém. Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2020 - CPAD.