TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

PECADO DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR.”

VERDADE PRÁTICA
Somente o revestimento da graça divina, na força e no poder do Espírito Santo, pode livrar-nos do pecado – a ofensa premeditada contra Deus.

LEITURA BÍBLICA
2 Samuel 11.1-18
1 - E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem para a guerra, enviou Davi a Joabe, e a seus servos com ele, e a todo o Israel, para que destruíssem os filhos de Amom e cercassem Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém.2 - E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no t erraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. 3 - E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? 4 - Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. 5 - E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pejada estou. 6- Então, enviou Davi a Joabe, dizendo: Envia-me Urias, o heteu. E Joabe enviou Urias a Davi. 7 - Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como ficava Joabe, e como ficava o povo, e como ia a guerra. 8 - Depois, disse Davi a Urias: Desce à tua casa e lava os teus pés. E, saindo Urias da casa real, logo saiu atrás dele iguaria do rei. 9- Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor, e não desceu à sua casa. 10 - E o fizeram saber a Davi, dizendo: Urias não desceu à sua casa. Então, disse Davi a Urias: Não vens tu de uma jornada? Por que não desceste à tua casa? 11 - E disse Urias a Davi: A arca, e Israel, e Judá ficam em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados no campo; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida e pela vida da tua alma, não farei tal coisa. 12 - Então, disse Davi a Urias: Fica cá ainda hoje, e amanhã te despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. 13 - E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou; e, à tarde, saiu a deitar-se na sua cama, como os servos de seu senhor; porém não desceu à sua casa. 14 - E sucedeu que, pela manhã, Davi escreveu uma carta a Joabe e mandou-lha por mão de Urias. 15 - Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra. 16- Aconteceu, pois, que, tendo Joabe observado bem a cidade, pôs a Urias no lugar onde sabia que havia homens valentes. 17 - E, saindo os homens da cidade e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu. 18 - Então, enviou Joabe e fez saber a Davi todo o sucesso daquela peleja.

INTRODUÇÃO.
- Uma das coisas mais importantes da narrativa bíblica é sua imparcialidade ao contar a história dos personagens bíblicos, tanto destacando seus acertos e feitos heroicos quanto seus erros. Nesta lição, introduziremos o assunto definindo a palavra pecado; destacaremos alguns falhas cometidas por Davi, o homem segundo o coração de Deus; elencaremos quais os passos que deu e que o levaram a queda espiritual; pontuaremos as subsequentes atitudes erradas para tentar reparar o seu erro, e, por conseguinte quando confrontado pelo profeta quais as atitudes certas que tomou a fim de se reconciliar com Deus; e por fim, finalizaremos falando a respeito das atitudes de Saul e de Davi ante o seu pecado.

- A Bíblia não se limita a descrever as façanhas de seus heróis, mas revela igualmente seus pecados, erros e fragilidades. Homens como Noé, Abraão e Jacó cometeram graves faltas na caminhada espiritual (Gn 9.20,21; 20.1-6; 27.19), e a Bíblia não as esconde.  Davi, embora ungido do Senhor, deu lugar ao Diabo, e veio a cometer dois gravíssimos pecados. Por isso, Jesus nos alerta e orar e a vigiar constantemente (Mt 26.41).

I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PECADO

- A palavra “pecado” segundo o dicionário significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2160). Teologicamente pode ser definido como “transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado e cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1º Jo 3.4). No grego o termo “hamartia” sugere a ideia de “fracassar”, “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”. Porém, o termo também sugere alguém que erra o alvo propositadamente; ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente (CABRAL, 2008, p. 302).

II. SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. O homem segundo o coração de Deus. A expressão um homem segundo o seu coração fala de alguém que procura agradar ao Senhor. A Bíblia declara que Davi era esse homem (1º Sm 13.14).

- Davi era rei que agradava a Deus, porque em tudo priorizava a Sua vontade. Davi sabia esperar; seu coração sentia segundo os sentimentos do Senhor. Ele não se apressava, não agia precipitadamente, não frustrava os planos divinos nem buscava sua própria vontade; mas agia consciente e moderadamente (Fp 4.5). O líder segundo o coração de Deus tem intimidade com o Pai. O Senhor quer nos dar pastores segundo o seu coração (Jr 3.15).

2. Davi era o escolhido de Deus, mas deu lugar ao Diabo. Davi era o escolhido de Deus, mas, infelizmente, cometeu pecados graves; não foi um exemplo de perfeição absoluta como líder espiritual nem como homem público. A grande diferença entre Davi e Saul foi o arrependimento. O Salmo 51 revela a confissão de Davi, sua súplica por perdão e seu rogo por renovação espiritual. Ele não escondeu as suas transgressões; confessou-as e buscou o perdão.

- Enquanto o nosso corpo não for plenamente redimido lutaremos contra a tentação e o pecado. Mas chegará o dia que o que é “mortal se revestirá de imortalidade e o que é corrupto, de incorruptibilidade” (1ª Co 15.54). Enquanto isso, trilhemos o caminho da santidade, da oração, da leitura da Bíblia e da fuga da aparência do mal (1ª Ts 5.22; 4.12). Deixo, porém, este alerta: é possível, sim, termos uma vida irrepreensível tanto diante de Deus quanto diante dos homens.

III. O AMBIENTE EM QUE DAVI PECOU

1. Criando um ambiente propício ao pecado. O texto inicia dizendo que Davi não partiu para guerra, quando deveria ter ido (1º Sm 11.1). A indolência do rei era o primeiro passo que lhe preparava para a queda, pois quanto mais tempo desocupado, mais chance de ser tentado. Davi não pecou apenas por ter visto Bate-Seba, mas porque seu olhar foi pecaminoso; ele não procedeu como Jó, que fez concerto com os seus olhos para não pecar (Jó 31.1). No lugar de andar ocioso pelo palácio, Davi deveria ter fugido da aparência do mal.

- Ser tentado não é pecado, mas ceder à tentação é. Jesus foi tentado, mas não cedeu à tentação; repreendeu o Diabo com as Escrituras (Mt 4.1; Hb 2.18). A tentação pode vir tanto de fora (do mundo e do Diabo) quanto de dentro de nós (Tg 1.14).

2. Os meios que contribuem para a prática do pecado. Em geral, quando uma pessoa começa a desejar o pecado, ela aprofunda esse desejo, fecha-se para as coisas de Deus, levando o Espírito Santo a retirar-se dela. Assim foi com Davi. Ele indaga sobre a mulher que se banhava e, por meio de seus poderes reais, ordenou que a buscassem (2º Sm 11.4). Ele mandou buscá-la, mesmo sabendo que se tratava de uma senhora casada.

- Nada mais podia detê-lo no caminho do pecado, mesmo a informação de que Bate-Seba era mulher de um dos seus oficiais mais fiéis. Nessas condições, Davi já estava longe de Deus. Todas as ações descritas no texto mostram que ele abriu a porta do coração para o pecado e não desviou os olhos da vaidade (Sl 119.37).

- Frente ao mau exemplo de Davi, e de acordo com as Escrituras, o cristão deve fugir do pecado e resguardar-se em Cristo, pois somente nEle é que se consegue vencer os ataques do Maligno.

IV. A BÍBLIA REGISTRA AS FALHAS DE DAVI

- Embora a Bíblia destaque as muitas qualidades de Davi (1º Sm 16.18), e acrescente dizendo que ele foi chamado o “homem segundo o coração de Deus” (1º Sm 13.14; At 13.22); ela não oculta ou encobre as suas falhas, evidenciando assim sua imparcialidade e também um dos seus objetivos que é de ensinar as gerações futuras através dos erros cometidos pelos personagens bíblicos, até os mais célebres, a fim de que não caiamos na mesma situação (Rm 15.14; 1Co 10.11). Podemos notar algumas destas falhas cometida por Davi:
A. Tentou conduzir a arca com animais e não com os levitas (2º Sm 6.1-10);
B. Adulterou com a mulher de Urias (2º Sm 11.1-5);
C. Planejou a morte de Urias (2º Sm 11.6-17); e,D. numerou o povo (recenseamento) de maneira puramente orgulhosa (1º Cr 21.1 ver ainda 2º Sm 24.1).

V. O ADULTÉRIO E O HOMICÍDIO DE DAVI

1. Pecado gera pecado. No Salmo 42.7, é dito que um abismo chama outro abismo. A prática pecado gera mais pecado. Ao tomar ciência de que Bate-Seba estava grávida, Davi engendra um plano.

- Para esconder a gravidez adulterina de Bate-Seba, Davi força Urias a deitar-se com a esposa, a fim de se lhe atribuir o filho ali gerado. Ele fez isso por duas vezes, porém, sem sucesso (2º Sm 11.8,10). Em outra tentativa ele se dispõe a embriagá-lo, mas, mesmo assim, Urias não foi para casa (2º Sm 11.13). O oficial se revela um soldado fiel, honrado, leal, contrastando com as atitudes do próprio rei Davi.

- Por fim, Davi revela sua face mais cruel: escreve uma carta, e ordena que Urias a entregue a Joabe; na carta, o rei ordena ao general que coloque o valente soldado num front temerário, imprudente e belicamente infrutífero.

- Uma das faces do pecado é a dissimulação; leva-nos a situações inimagináveis. Atentemos, pois, para o que o apóstolo disse: “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

2. O homicídio de Davi. O pecado de Davi vai tomando grandes proporções. O rei entrega Urias nas mãos de Joabe que, por seu turno, coloca-o à frente de uma peleja suicida. Esse ato não matou apenas Urias, mas também outros soldados (2º Sm 11.17). Ao ser informado da morte de seu fiel oficial, Davi se manifestou de modo brando, impassível e calculista, afirmando que tais coisas ocorrem na guerra − a espada ora devora de um lado, ora do outro (2º Sm 11.25).

- Davi plantou uma grande injustiça e colherá uma grande amargura. Ele sentirá o peso da espada, enviada da parte de Deus, sobre sua casa. O pecado destrói, transtorna e desfigura espiritualmente uma pessoa. O homem segundo o coração de Deus agora fazia a vontade do Diabo.

3. Davi e seu comandante. Experiente em guerra, Joabe sabia que o pedido de Davi era uma trama maldosa. Ali, a máscara de Davi cai diante de Joabe. Este não o verá mais como um rei santo, mas como alguém de caráter duvidoso, que acabara de fazer um pedido sujo. Joabe era um assassino, pois havia tirado a vida de Abner (2º Sm 3.26,27). Davi acabara de se igualar ao seu comandante.

- O rei de Israel não era mais o rei-modelo, espiritual e excelente. Joabe, não somente poderia blasfemar de Davi, como não mais poderia ser repreendido pelo rei a respeito de Abner (2º Sm 3.28,29).

- A história de Davi e seu comandante, Joabe, nos mostra que os servos do Senhor devem proceder fielmente em tudo para que o nome de Cristo não seja blasfemado.

4. A tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu pecado. Em seu atoleiro pecaminoso, depois de sete dias de luto, imediatamente Davi tomou Bate-Seba como esposa. Ele pensava afastar quaisquer suspeitas de um relacionamento extraconjugal.

- É importante dizer que Bate-Seba teve grande participação no pecado de Davi. Ela não se resguardou; mostrou-se pecaminosamente. Era uma mulher ambiciosa, cheia de planos. Isso pode ser comprovado pelo texto de 1º Reis 1.11-31.

- Tudo poderia ter passado despercebido perante o povo e logo esquecido, mas o autor sagrado o contraria dizendo: “Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2º Sm 11.27).

- Deus é onisciente, Ele sabe de tudo. Os que pecam às ocultas, pensando que Ele não vê, enganam-se; as Escrituras declaram que “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4.13; cf. Sl 33.13,14; 90.8; 139.11,12).

VI. OS PASSOS QUE LEVARAM DAVI AO MAIS HORRENDO PECADO

Davi estava vivendo um dos melhores momentos de sua vida e de seu reinado tais como:
A. Tinha um exército respeitado (2º Sm 8-10).
B. As fronteiras haviam sido ampliadas (2º Sm 5.6-12).
C. Tinha uma linda casa nova (2º Sm 5.11).
D. Planejava para construir o templo do Senhor (2º Sm 7).

- Porém, como acontece geralmente com todas as pessoas, a queda de Davi não foi repentina, mas gradual, pois algumas brechas começaram a se abrir em sua vida espiritual. Vejamos:

1. A ociosidade. A pessoa que estar ociosa é o mesmo que desocupada; inativa; preguiçosa; indolente; com ausência de disposição; falta de empenho; preguiça. Como o reinado estava consolidado, possivelmente Davi achou que não havia necessidade de ir à batalha com seu exército. Mas, o maior erro dele não foi ficar em Jerusalém. Além de ficar no palácio desocupadamente, o rei foi passear no terraço da casa real em plena guerra (2º Sm 11.1,2). As maiores tentações que o crente enfrenta, não são aquelas que lhe sobrevêm quando ele está à frente da peleja, e sim, quando está vivendo ociososamente e isto o torna vulnerável. A Bíblia exorta a fugir da aparência do mal (1ª Ts 5.22), e vigiar para não cairmos em tentação (1ª Co 10.12,13).

2. A cobiça. A cobiça é o mesmo que ganância; cupidez; avidez; ambição; inveja e desejo desmedido por aquilo que é do outro. Enquanto passeava, Davi viu Bate-Seba que estava se banhando (2º Sm 11.2). Ao vê-la, Davi a cobiçou, pois era uma mulher muito formosa (2º Sm 11.2,3). O pecado da cobiça leva o homem à perder o domínio próprio e ficar sob o domínio da carne (Tg 1.14,15 ver Jó 31.1). Foi isto que aconteceu com Davi. Ele procurou saber quem era aquela mulher e lhe informaram que era a mulher de Urias, ou seja, era uma mulher casada, e não era lícito possuí-la. Mas ele não se conteve e mandou trazê-la. O décimo mandamento: “não cobiçarás” (Êx 20.17), vai contra a própria raiz do pecado, o coração pecaminoso e o desejo perverso. Cristo aborda a responsabilidade sobre o pecado do pensamento, pois toda ação humana começa no seu coração, inclusive comparou o desejo de pecar ao próprio ato em si (Mt 5.28; Mc 7.21-23).

3. O adultério. Mesmo sabendo que aquela mulher era casada, Davi a possuiu e adulterou com ela, sem pensar nas consequências do seu erro (2º Sm 11.4). Davi ficou “cego” e transgrediu o mandamento de Deus ao tomar a mulher de outro homem (Êx 20.14,17). A palavra adultério vem do latim, adulterium, que tem o sentido de “dormir na cama alheia”. É a relação sexual entre pessoa casada, com outra que não é o seu cônjuge” (RENOVATO, 2013, p. 69). O sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.7), tem como objetivo a abstenção de toda impureza da carne e ainda exorta para conservação do leito sem mácula, isto é, o amor conjugal e a coabitação. Ele visa proteger o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Esta prática nociva se constitui num pecado contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo (Gn 39.9; 1Co 6.18; Rm 13.9).

IV. TENTATIVAS ERRADAS DE RESOLVER O PECADO

1. Ocultando o pecado. Ocultar é o mesmo que esconder; encobrir; disfarçar; dissimular. Assim que Davi pecou, procurou encobrir o seu erro. No entanto, sua atitude pecaminosa embora feita as ocultas foi vista pelo Senhor: “esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do SENHOR” (2º Sm 11.27) e no devido tempo viria à luz: “Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante” (2º Sm 12.12). O pecado é mal, e ocultá-lo é mais mal ainda (Sl 32.1-5; Pv 28.13).

2. Enganando seu leal escudeiro. Enganar é iludir; induzir ao erro; lograr; calotear; engrolar. A primeira tentativa de Davi foi mandar buscar Urias. Após saber como estava a guerra e o exército, mandou que Urias fosse para sua casa e coabitasse com a sua mulher. Seu intento era que ele deitasse com Bate-Seba, para que ele não descobrisse que foi traído. Porém, Urias era tão leal ao rei e aos seus companheiros que não quis se dar ao luxo de estar em casa com sua esposa, enquanto os homens estavam à frente da peleja. Por isso, ele se deitou à porta da casa real com os servos do rei, e não foi para sua casa (2º Sm 11.6-11). Dessa forma, o primeiro plano de Davi foi frustrado e ele partiu para o segundo plano cumprindo o que a Bíblia nos diz que um pecado gera outro (Sl 42.7). Quando soube que Urias não havia ido para sua casa, Davi o convidou para o palácio e juntos comeram e beberam; e Davi, propositalmente o embebedou, para que ele se esquecesse de suas responsabilidades militares, pelo menos por uma noite. A estratégia de Davi falhou mais uma vez, pois, mesmo embriagado, Urias não foi para sua casa, mas permaneceu na corte dormindo com os servos do rei (2º Sm 11.12,13).

3. Planejando a morte do marido traído. Planejar é esboçar; projetar; desenhar; preconceber algo; traçar; arquitetar. Como Davi não conseguiu consumar seu intento, fazendo com que Urias fosse para casa para dormir com Bate-Seba, para encobrir o pecado de adultério, Davi tomou uma medida ainda mais drástica. Escreveu uma carta para Joabe chefe do seu exército pelas mãos do próprio Urias, para que Joabe colocasse Urias à frente da peleja, para que morresse (2º Sm 11.14,15). Joabe, então cumpriu o mandado do rei, colocou Urias à frente da peleja e ele morreu. Este plano funcionou! Ao saber da morte de Urias, Davi trouxe Bate-Seba para o palácio e a tomou por mulher. A Palavra de Deus nos diz que: “... esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (2º Sm 11.27).

V. TOMANDO A DECISÃO CORRETA ANTE O PECADO

- Deus enviou o profeta Natã para repreender a Davi. O profeta contou uma história que fez com que o rei reconhecesse o seu erro (2º Sm 12.1,4). Ao ouvir a parábola, Davi lhe interrompeu dizendo: “Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso” (2Sm 12.5). Nessa ocasião, o profeta lhe diz: “Tu és este homem” (2º Sm 12.7). Aquelas palavras fizeram com que a ira de Davi se transformasse em pesar. Notemos suas reações:

1. Confissão (2º Sm 12.13). Quando confrontado pelo profeta Natã por causa do seu pecado, Davi com sinceridade confessou: “Pequei contra o SENHOR” (2º Sm 12.13). No salmo 51 encontramos a oração de Davi diante do Senhor confessando o seu pecado: “Contra ti, contra ti somente pequei...” (Sl 51.3).

2. Quebrantamento. Quando reconheceu o seu pecado, Davi se quebrantou diante do Senhor: “e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra” (2º Sm 12.16). No salmo 51 vemos ele quebrantado dizendo: “os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

3. Arrependimento. Davi arrependeu-se amargamente da sua iniquidade e pediu a Deus que lavasse os seus pecados, e o purificasse (Sl 51.2), que lhe desse um coração puro e um espírito reto: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).

VI. DIFERENÇAS ENTRE SAUL E DAVI ANTE O PECADO

- Alguém pode perguntar porque Deus não perdoou o pecado de Saul e perdoou o de Davi. A resposta para este questionamento encontra-se na forma como cada um dos personagens reagiu quando confrontado pela palavra de Deus. Notemos:

SAUL
- Pecou e tentou justificar o seu erro (1º Sm 13.11,12).
- Tentou aplacar a ira de Deus com sacrifícios (1º Sm 15.20-22).
- Entristeceu o Espírito Santo e não procurou se consertar, antes se apostatou (1º Sm 16.23).

DAVI
- Pecou e confessou o seu erro (Sl 51.1-4).
- Reconheceu que o quebrantamento e não os sacrifícios agradavam a Deus (Sl 51.16,17).
- Entristeceu o Espírito Santo e buscou a renovação e pediu misericórdia (Sl 51.10,11).

CONCLUSÃO.
- O registro do pecado de Davi revela a perfeita justiça de Deus e de sua Palavra. As Escrituras mostram que a prática do pecado é sempre desastrosa. Portanto, evitemos a ociosidade, desenvolvamos os dons úteis à obra de Deus. Confessemos o nosso pecado, pois quem o oculta, torna-o mais grave ainda. Se este for o seu caso, procure o seu pastor; peça-lhe a ajuda. Quem confessa a sua transgressão e a deixa, alcançará a misericórdia.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

TRÊS ALICERCES DO MINISTÉRIO



Josué 1.1-9:E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: 2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. 3 Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. 4 Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. 5 Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. 6 Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. 7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. 8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. 9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares”.

INTRODUÇÃO.
O que segura o nosso ministério? Em quais bases estamos alicerçados?
No preparo acadêmico?
Na formação teológica?
No carisma pessoal?
No caráter? Na força de vontade?
Quando chegam as lutas, as provações, as decepções, o que pode nos manter firmes em nosso ministério?

I. O CHAMADO DIVINO

1. Não é escolha própria.
2. Não é escolha humana (outras pessoas).
3. Não se baseia na aparência, capacidade ou habilidades pessoais.
4. É chamado divino (v.2).
5. É prerrogativa exclusiva de Deus.
6. Ele, em sua soberana sabedoria e vontade, nos vocaciona.
7. Como somos com nossas qualidades.
8. Como somos com nossos defeitos – aos quais eles modifica e aperfeiçoa.
A. Onde quer que estejamos.
B. Deus não se enganou ao nos chamar.
C. É muito mais um compromisso de Deus conosco do que nosso com Deus.

II. A FIDELIDADE DO SENHOR

1. Quando Deus diz vem, ele assume todas as implicações deste chamado.
A. Ele cuida sempre de todos os detalhes.
B. Jamais abandona ou desiste de sues escolhidos (vs. 5, 9).
C. Ele cumpre suas promessas a nosso respeito (vs. 3, 6).

2. Mesmo quando somos infiéis ao chamado ele permanece fiel.

3. Quando todos nos abandonam ou falham ele permanece fiel.
A. Cônjuge.
B. Pais ou filhos.
C. Amigos.
D. Denominação.
E. Igreja.

3. Nosso ministério está alicerçado na fidelidade de Deus e não em promessas ou compromissos humanos.

III. O PODER DE DEUS

1. Nos dá autoridade.
A. Diante do povo.
B. Perante nossos adversários.
C. Contra os poderes das trevas.

2. Nos dá poder para cumprir nosso ministério (vs. 2,6).
A. Com sinais e prodígios.
B. Com pregação eficaz.

3. Nos enche de seu Espírito Santo.

CONCLUSÃO. Nosso ministério não é baseado em títulos, fama, formação, capacidade ou habilidades pessoais. Ele tem como base o chamado divino, a fidelidade do Senhor e o seu poder. Sem isso não podemos exercer o ministério e alcançar frutos para glória de Deus.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O REINADO DE DAVI


2º Samuel 5.1-12
1 - Então, todas as tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos. 2 - E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel. 3 - Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel. 4 - Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. 5 - Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá. 6- E partiu o rei com os seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra e que falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, a menos que lances fora os cegos e os coxos; querendo dizer: Não entrará Davi aqui. 7 - Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a Cidade de Davi. 8 - Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir os jebuseus e chegar ao canal, e aos coxos, e aos cegos, que a alma de Davi aborrece, será cabeça e capitão. Por isso, se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa. 9 - Assim, habitou Davi na fortaleza e lhe chamou a Cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo até dentro. 10 - E Davi se ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos, era com ele. 11 - E Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que edificaram a Davi uma casa. 12- E entendeu Davi que o SENHOR o confirmava rei sobre Israel e que exaltara o seu reino por amor do seu povo.

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição aprenderemos sobre o estabelecimento do reinado de Davi e os principais fatos que marcaram este reino; destacaremos algumas lições práticas que podemos aprender sobre o exercício da monarquia davídica; e, por fim, veremos as similaridades entre o reinado de Davi e o reino messiânico de Cristo.

- Davi após passar pela escola preparatória, no exílio, e concluído todas as etapas de formação, com louvor, Davi é considerado apto para assumir a posição de líder máximo de todo o povo de Deus, Israel. Conquanto fora ungido para ser rei sobre Israel, quando ainda era bem jovem, Davi esperou muitos anos para vir, de fato, a sê-lo. Ele esperou, e perseverou em esperar.

- Davi tinha convicção de que era o ungido de Deus e que ocuparia o trono de Israel (cf. 1º Sm.16.1, 12,13). Sua unção não era uma promessa apenas; ele tinha sido ungido, realmente, porém, não tomou qualquer iniciativa para destituir Saul, embora pudesse. Perseguido sem trégua, refugiando-se em vários lugares, Davi esperou com paciência pelo tempo de Deus. Essa espera pode ter durado mais ou menos quatorze anos. Quando assumiu o trono de Israel, sobre as doze tribos, ele tinha 30 anos de idade - “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou” (2º Sm 5.4).

- Quem tem promessas, deve esperar com paciência. Disse Davi: “Esperei com paciência no Senhor...” (Sl 40.1). Muitas vezes queremos que as coisas aconteçam no nosso tempo, mas Deus sabe o momento certo para agir na nossa vida. Essa é uma grande lição: saber esperar o tempo certo, pois é assim que o livro de Eclesiastes 3.1-10 nos ensina.

I. DAVI É CONSTITUÍDO REI

- Davi teve uma unção e duas coroações. Primeiramente ele foi coroado para reinar sobre a tribo de Judá; por sete anos e seis meses Davi reinou somente sobre esta tribo, tendo Hebrom como sua capital.

“Então, vieram os homens de Judá e ungiram ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2º Sm 2.4).
“E foi o número dos dias que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses” (2º Sm 2.11).

- Davi aceitou ser rei de uma única tribo, até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Ele não se precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão difícil, buscava o Senhor (2º Sm 2.1).

- Sete anos e meio após a primeira coroação, Davi tornou-se rei da nação inteira (2º Sm 5.1-5); reinou sobre as doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2º Sm 5.4,5). Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território prometido a Abraão (ver Gn 15.18).
“Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá” (2º Sm 5.4,5).

- Em momento algum Davi reivindicou seu direito ao trono, e não o fez após a morte de Saul. Antes, escolheu deixar a questão nas mãos do Senhor. Se o Senhor o ungira rei, também conquistaria seus inimigos e lhe daria o reino pleno.

- O Senhor Jesus, o Davi celestial, da mesma forma, aguarda o tempo do Pai para reinar sobre todo o mundo. Hoje, apenas uma minoria da humanidade reconhece seu domínio, mas, no Dia estabelecido pelo Pai, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11). Aleluia!

1. Motivos para a escolha de Davi.
“...já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração e já lhe tem ordenado o SENHOR que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou” (1º Sm 13.14).

- Biblicamente, o que motivou Davi ser escolhido para ser o segundo rei de Israel não estava à vista de nenhuma pessoa, nem mesmo do profeta Samuel (cf. 1ºSm 16.7). Sob a ótica humana, inicialmente, Davi não seria escolhido; seu curriculum o reprovava logo de imediato: não tinha experiência militar; era o menor dos filhos de Jessé; e sua principal experiência era pastorear umas “poucas ovelhas no deserto” (1º Sm 17.28). No dia em que foi ungido por Samuel, o próprio pai de Davi apresentou a Samuel o seu curriculum: “...o menor, e eis que apascenta as ovelhas...” (1º Sm 16.11). Portanto, humanamente falando, Davi não tinha nenhum motivo aparente que o levasse a ser escolhido a tão nobre posição.

- O motivo que levou Davi ser escolhido por Deus não veio de fatores exógenos, mas do seu interior, do seu caráter, que somente Deus podia ver. Nem mesmo Samuel, que era vidente (1º Sm 9.19), enxergou qualidades atrativas em Davi; aliás, se dependesse de Samuel, tinha escolhido Eliabe, o primogênito de Jessé, o qual tinha uma aparência e uma estatura espetacular, a ponto de Samuel, por conta própria, dizer: “Certamente, está perante o SENHOR o seu Ungido” (1º Sm 16.6). Porém, foi advertido pelo Senhor: “.... - Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1º Sm.16.7).

- Está escrito que Jessé fez passar diante de Samuel os seus sete filhos; porém, Samuel disse a Jessé: “O SENHOR não tem escolhido estes” (1º Sm 16.10). Mas, quando Davi foi apresentado ao profeta, advindo do curral das ovelhas, o Senhor disse a Samuel: “Levanta-te e unge-o, porque este mesmo é [o escolhido]” (1º Sm 16.12).

- Hoje, se os líderes do povo de Deus fossem escolhidos sob a ótica dEle, a Igreja não estaria passando por tantas oscilações espirituais. Não precisa ter um padrão de espiritualidade elevado para perceber o que está ocorrendo em muitas igrejas locais: divisões; secularidade; valores morais judaico-cristãos inobservados de forma consciente e deliberada; falsas doutrinas que estão levando milhões ao abismo espiritual, etc. Tudo isso por causa de líderes, pastores e mestres, que foram escolhidos segundo a ótica humana. Estamos vivendo a síndrome de Samuel: escolher pela aparência, pelo Ter e não pelo Ser.

- O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, deu as diretrizes corretas para escolher aqueles que liderarão o povo de Deus (cf.1º Tm.3.1-13); só precisa cumprir, rigorosamente, o que está escrito aqui, nada mais!

2. Davi como pastor e chefe.
- No Antigo Testamento, o termo .pastor”, literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando e protegendo seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito acerca de Deus como “Pastor de Israel” (Gn 48.15; Sl 80.1):
1. Alimentando (Is 40.11).
2. Protegendo (Am 3.12).
3. Disciplinando (Sl 23.2).
4. E resgatando as ovelhas desgarradas (Jr 31.10; Ez 34.12) de seu rebanho.

- Essa ideia de “pastoreio” foi estendida aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a supervisão de Deus; como, por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes, os quais também foram denominados “pastores” (cf. Nm 27.17; 1ºRs 22.17; Jr 2.8; Ez 34.2). - Era frequente a reclamação de Deus contra os líderes de Israel, como esta, por exemplo:

 “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor IAVÉ: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ez 34.2).

- Deus escolheu Davi e o ungiu para ser o pastor e chefe do Seu povo, Israel. O “homem segundo o coração de Deus” foi convocado do campo onde estava cuidando do rebanho para ser ungido rei de Israel. Deus o chamou para pastorear um rebanho diferente - Seu povo, Israel (1ºSm 16.1-13; 2ºSm 5.2, Sl 78.70,71).

“Achei a Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi” (Sl 89.20).

- Davi, muito do que ele aprendeu conduzindo ovelhas, aplicou como líder do povo de Deus, Israel. Em 2º Samuel 5.2, o oráculo descreve Davi como pastor que cuidaria do povo do Senhor.

“E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2º Sm 5.2).

- Esta profecia parece referir-se à declaração de Samuel a Saul a respeito daquele que o sucederia (cf. 1º Sm 13.14), e é semelhante às palavras encorajadoras de Abigail a Davi (cf. 1º Sm 25.30).

- Um dos diversos cuidados que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É desse amor sacrificial que os pastores precisam, hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho que deve seguir.

- Jesus considerou os apóstolos como seus sucessores na missão de pastoreio da Igreja. Ele disse a Pedro:
“Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.17).

- A mesma simbologia foi perpetuada nos escritos dos apóstolos com referência aos líderes que exerciam suas funções de governo das igrejas locais.

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1º Pd 5.2,3).

- Portanto, o verdadeiro pastor cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus.

II. O ESTABELECIMENTO DO REINADO DE DAVI EM ISRAEL

1. A morte de Isbosete. Com a derrota e morte de Saul, o reino de Israel entra em crise e passa a estar sob o domínio dos filisteus. A única exceção é a tribo de Judá, que tem Davi como seu rei (2º Sm 2.4), que, naquele tempo, já estava à frente de um exército próprio de cerca de seiscentos homens.
- Abner capitão do exército de Israel, havia constituído o quarto filho de Saul chamado Isbosete, como o substituto de seu pai no trono (2º Sm 2.8-10).

- O filho de Saul, Isbaal (denominado pejorativamente na Bíblia como Isbosete – homem tolo) tenta assumir o comando das demais tribos, contando com o apoio do general de Saul, Abner, o que ele consegue por apenas dois anos - cinco anos após a morte de Saul. Como divisão não vem de Deus, logo haveria um definhamento moral e espiritual do povo e, por conseguinte, os conflitos entre as tribos de Israel.

- Davi era o rei legítimo por desígnio divino, mas como governar uma casa dividida? Em uma situação como esta, o líder precisa unificar os grupos que estão separados para que haja harmonia entre os irmãos. Davi não tentou conquistar essas tribos à força, mas colocou o assunto nas mãos de Deus.

- Davi, naquela ocasião, era o único rei ungido por Deus para governar sobre Israel (1º Sm 16.1); nenhuma promessa divina havia sobre Isbosete. A Escritura deixa claro que a profecia que prenunciava a Davi um reinado sobre toda a nação hebraica, era de conhecimento não só do filho de Jessé, mas também dos nobres e até mesmo do povo mais comum (2º Sm 5.2). Esse fato é visto na declaração de Abner em 2º Samuel 3.9,10. Sendo assim, Isbosete (que significa tolo) era realmente um tolo se deixar indicar pelo general de seu pai, Abner. O texto sagrado diz que foi Abner, capitão do exército de Saul, quem constituiu Isbosete rei sobre as tribos do Norte

“Porém Abner, filho de Ner, capitão do exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim. E o constituiu rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e sobre Jezreel, e sobre Efraim, e sobre Benjamim, e sobre todo o Israel” (2º Sm 2.8-10).

- Tendo em vista que o seu general, Abner, sabia que Davi era o legitimo rei indicado por Deus em substituição a Saul (cf. 2º Sm 3.18), então, certamente, Isbosete também sabia. Desta feita, ao assumir o trono do reino do Norte, Isbosete estava se rebelando contra o Senhor Deus de Israel. A Bíblia diz que rebelião é como pecado de feitiçaria (1ºSm 15.23). Sendo assim, o fracasso seria inevitável, pois o seu reinado não tinha aprovação divina, seu governo era ilegítimo.

- O próprio Isbosete se desentendeu com Abner, por causa de uma mulher, cujo nome era Rispa, amante de Saul (2º Sm 3.7,8); por causa disso, Abner buscou a Davi e propôs uma aliança entre as tribos do Sul e do Norte (cf. 2º Sm 3.7-21).

“Então, disse Abner a Davi: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei ao rei, meu senhor, todo o Israel, para fazerem aliança contigo; e tu reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma. - - Assim, despediu Davi a Abner, e foi-se ele em paz” (2º Sm 3.21).

Após a morte de Abner (2º Sm 3.26,27), houve consternação e confusão ao povo de Israel e a Isbosete (2º Sm 4.1). Neste ponto, dois dos capitães das tropas de Saul, chamados Baaná e Recabe, filhos de Rimom da tribo de Benjamim (2º Sm 4.2), decidiram conspirar contra Isbosete. Os dois conspiradores foram ao meio-dia, para a casa do rei (2º Sm 4.5,6). Ao encontrarem Isbosete reclinado em sua cama, mataram-no covardemente (2º Sm 4.7).

- É o fim trágico de quem se rebela e causa divisão entre o povo de Deus. Com a morte de Isbosete, o único herdeiro ao trono de Saul que restou foi um menino aleijado, chamado Mefibosete, filho de Jônatas (2º Sm 4.4).

- No entanto, essa coroação foi ilegítima, uma vez que o escolhido por Deus para ser rei era Davi (1º Sm 16.1,13; 2º Sm 3.9,10), e esta consagração não era da sua competência, visto que Abner era um capitão e não um profeta ou sacerdote (1º Sm 10.1; 1º Rs 1.39,45; 19.16; 2º Rs 9.6; 11.12).

3. Entrando em aliança com o povo.
3.1. Os anciãos de Israel procuram a Davi. Após a morte de Isbosete, todas as tribos de Israel vieram a Davi (2º Sm 5.1,3). Eles lembraram que:
2.1. Davi já havia se revelado um líder militar sob as ordens de Saul: “[…] sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel […]” (2º Sm 5.2-a; ver 1º Sm 18.30).

2.2. Estavam cientes da promessa que Deus havia feito a Davi: “[…] Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2º Sm 5.2-b).

- As qualificações para o rei de Israel encontravam-se escritas na lei de Moisés (Dt 17.14-20). O primeiro e mais importante requisito, era ser alguém escolhido pelo Senhor dentre o povo de Israel (Dt 17.15). Israel sabia que Samuel havia ungido Davi para ser rei cerca de vinte anos antes e que era da vontade de Deus que Davi subisse ao trono (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10). A nação precisava de um pastor, e Davi era exatamente a pessoa certa para este ofício (1ºSm 16.11,19; 17.15,34,35; Sl 78.70-72).

- Estando, pois, Isbosete fora de ação, Davi recebeu, finalmente, o apoio das 11(onze) tribos, sendo aclamado rei de todo o Israel (2ºSm 5.1-5). Com uma declaração de lealdade e sujeição, as onze tribos de Israel se juntaram a Judá e reconheceram Davi como rei legítimo.

“Então, todas as tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos. 2 - E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel. 3 - Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram Davi rei sobre Israel. 4 - Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. 5 - Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá.”

- A coroação de Davi foi uma grande festa, de união e de unidade entre o povo de Israel, pois Deus, naquele momento, estava consolidando a Sua promessa na vida do Seu servo Davi. Em 1º Crônicas 12.38-40 é narrado a alegria daquele momento: “Todos estes homens de guerra, postos em ordem de batalha, com coração inteiro, vieram a Hebrom para levantar a Davi rei sobre todo o Israel; e também todo o resto de Israel tinha o mesmo coração para levantar a Davi rei. 39.E estiveram ali com Davi três dias, comendo e bebendo; porque seus irmãos lhes tinham preparado as provisões. 40.E também seus vizinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulom, e Naftali, trouxeram pão sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre mulos, e sobre bois, provisões de farinha, pastas de figos, e cachos de passas, e vinho, e azeite, e bois, e gado miúdo em abundância; porque havia alegria em Israel.”
- Assim começou o reinado de Davi sobre a nação unida que duraria trinta e três anos. No total, Davi reinou quarenta anos (2º Sm 5.4).

3. Davi é ungido o rei de Israel. Abner estava morto, mas havia preparado o caminho para Davi ser proclamado rei das doze tribos (2º Sm 3.17-21). Na sequência, os líderes de todas as tribos reuniram-se em Hebrom e coroaram Davi com o seu rei. À luz do contexto, destacamos que:

3.1. Quando Davi era adolescente, havia recebido a unção de Samuel em particular (1º Sm 16.13).

3.2. Os anciãos da tribo de Judá o haviam ungido quando se tornou seu rei (2º Sm 2.4).

3.3. Nessa última reunião, porém, os anciãos de todo Israel ungiram Davi e proclamaram-no seu rei (2º Sm 5.3). Com a coroação de Davi sobre todo o Israel, o reino estava finalmente reunificado. A Bíblia diz que Davi reinou por quarenta anos, sendo que, sete anos e meio em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém (2º Sm 5.4,5).

3. Davi teve uma unção e duas coroações. Primeiramente ele foi coroado para reinar sobre a tribo de Judá; por sete anos e seis meses Davi reinou somente sobre esta tribo, tendo Hebrom como sua capital.

“Então, vieram os homens de Judá e ungiram ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2º Sm 2.4).
“E foi o número dos dias que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses” (2º Sm 2.11).

- Davi aceitou ser rei de uma única tribo, até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Ele não se precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão difícil, buscava o Senhor (2º Sm 2.1).

- Sete anos e meio após a primeira coroação, Davi tornou-se rei da nação inteira (2º Sm 5.1-5); reinou sobre as doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2º Sm 5.4,5). Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território prometido a Abraão (ver Gn 15.18).

“Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá” (2º Sm 5.4,5).

- Em momento algum Davi reivindicou seu direito ao trono, e não o fez após a morte de Saul. Antes, escolheu deixar a questão nas mãos do Senhor. Se o Senhor o ungira rei, também conquistaria seus inimigos e lhe daria o reino pleno.

- O Senhor Jesus, o Davi celestial, da mesma forma, aguarda o tempo do Pai para reinar sobre todo o mundo. Hoje, apenas uma minoria da humanidade reconhece seu domínio, mas, no Dia estabelecido pelo Pai, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11). Aleluia!

II. FATOS QUE MARCARAM O REINADO DE DAVI EM ISRAEL

1. Jerusalém como capital do reino. Um dos marcos da liderança de Davi sobre Israel, foi a mudança da capital do reino, visto que, Abner e Isbosete haviam estabelecido em Maanaim (2º Sm 2.8). A mudança para Jerusalém, foi um ato engenhoso de Davi:

1.1. Por estratégia política, já que a cidade de Jerusalém, chamada de Jebus, era habitada pelos jebuseus (Jz 19.10; 2Sm 5.6; 1Cr 11.4,5) e localizada na fronteira entre Benjamim (a tribo de Saul) e Judá (a tribo de Davi), Jerusalém não havia pertencido a nenhuma das tribos, de modo que ninguém poderia acusar Davi de favoritismo na instituição de sua nova capital.

1.2. Pela localização geográfica, construída sobre um monte rochoso, a cidade era uma fortaleza natural cercada de três lados por vales e montes, sendo assim, Jerusalém era símbolo de segurança (2º Sm 5.7-9; Sl 48.2; 50.2) (WIERSBE, 2010, p. 309). Após a conquista de Jerusalém, esta se tornou conhecida como a cidade de Davi (2º Sm 5.7,9), e ali o monarca estabeleceu sua moradia (2º Sm 5.9,11).

2. A vitória contra os inimigos. A despeito da presença de Deus manifesta na vida de Davi e a confirmação divina de seu reinado (2º Sm 5.10,12), isso não o isentou de enfrentar ataques por parte dos filisteus (2º Sm 5.17-25). Aqueles que estiveram satisfeitos em ver a nação dívida em dois reinos pequenos e hostis sob os governos de Isbosete e Davi, viram na união das doze tribos de Israel, uma séria ameaça. Ao ouvirem dizer que Davi havia sido ungido rei, os filisteus empreenderam uma batalha contra o monarca (2º Sm 5.17,18). Apesar da resistência destes inimigos (2º Sm 5.22), Davi foi vitorioso como cumprimento da promessa divina (2º Sm 5.19,24,25). Vencendo aos inimigos de Israel que estavam à sua volta: os filisteus (2º Sm 8.1; 21.15-22); os moabitas (2º Sm 8.2); os arameus e sírios (2º Sm 8.3-12); e, os edomitas (2º Sm 8.13,14), sempre com a ajuda de Deus (2º Sm 8.14).

3. A arca da aliança trazida a Jerusalém. Depois da reunificação do reino, Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, trazendo a restauração do culto ao Senhor algo que havia sido negligenciado no reinado de Saul e Isbosete. Uma vez que sua perda ocorrera durante uma das primeiras batalhas contra os filisteus (1ºSm 4.5), a determinação de Davi em recuperá-la, seguida de sua impressionante vitória contra os filisteus foi muito significativa. Essa transferência aconteceu em dois estágios: um malsucedido (2º Sm 6.1-11) e outro que obteve êxito (2º Sm 6.12-19). A Arca da Aliança para os israelitas simbolizava:

3.1. A presença visível de Deus (Êx 25.22).

3.2. Um sinal da proteção de divina (Js 3.3; 4.10).

3.3. Sua presença trazia júbilo e alegria para os israelitas (1º Sm 4.4-6; 2ºSm 6.15,21).

III. LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM O REINADO DE DAVI

1. A certeza que Deus cumpre com as suas promessas. Davi havia sido ungido para ser rei ainda muito jovem (1º Sm 16.13), mas a sua coroação não aconteceu imediatamente, entre a promessa e o cumprimento há um tempo, uma trajetória a ser percorrida. Muitos desafios Davi enfrentou até tornar-se, de fato, rei sobre todo o Israel, porém, nada pôde impedir que ele reinasse sobre as doze tribos de Israel. Como disse o Senhor a Jeremias: “…eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr 1.12). Davi teve que aprender a esperar pacientemente o tempo de Deus em sua vida (1º Sm 22.3; Sl 40.1), cofiando que Deus cumpriria a promessa que lhe havia feito, uma vez que o Senhor é fiel para cumprir com sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; Sl 33.4; 146.5,6; Is 54.10; 2º Tm 2.11-13). Sobre as promessas de Deus, a Bíblia afirma:

1.1. O Senhor é fiel para as cumprir (Hb 10.23).
1.2. Ele nunca as esquece (Sl 105.42; Lc 1.54,55).
1.3. Não hão de falhar (Js 23.14; Is 40.8).
1.4. Se cumprem no devido tempo (Jr 33.14; At 7.7; Gl 4.4).

- Diante disso, aprendemos que o homem chamado por Deus deve ser paciente e aguardar o cumprimento das promessas (Hb 6.15).

2. A necessidade de depender da direção divina. Era muito comum antes de dar um passo importante, Davi buscar a vontade do Senhor (1º Sm 23.2,4; 30.8; 2º Sm 2.1), e contra os filisteus após assumir o reinado de Israel não foi diferente. Em se tratando de guerra, Davi não era presunçoso, por isso, consultou ao Senhor para saber se deveria e como atacar os inimigos (2º Sm 5.19,23) e os derrotou utilizando exatamente as táticas fornecidas por Deus (2º Sm 5.20-21,22-25). O rei Davi foi bem-sucedido onde Saul havia fracassado, porque agiu em perfeita obediência aos planos do Senhor (2º Sm 5.25). Desse modo, aprendemos que, aos que desejam ser bem-sucedidos em todas as áreas de sua vida, precisam nos submeter a direção de Deus (Sl 16.7; 25.12; 37.23; 43.3; 48.14; Pv 2.6-8; 3.6; 16.1,9; 20.24; Is 58.11).

3. A humildade de atribuir a Deus as conquistas alcançadas. Desde muito cedo na vida de Davi, havia um reconhecimento público que ele era um instrumento para trazer vitórias nas guerras travadas pelo exército de Israel (1º Sm 18.5,6,13-15; 2º Sm 5.2). O seu reinado cresceu e se fortaleceu de maneira inimaginável (2º Sm 5.10), ganhando popularidade até mesmo entre os estrangeiros (2º Sm 5.11), de modo que seu nome se tornou notável entre os homens (1º Sm 18.30; 2º Sm 7.9; 8.13). No entanto, o rei Davi reconhecia que a razão de todas estas conquistas, se dava pela ação Deus em sua vida (1º Sm 17.37,45-47; 18.14; 23.14; 2º Sm 5.12,24; 8.14), o mérito era divino e não humano. Todos devem render ao Senhor a glória que lhe é devida (1º Cr 16.28; Sl 115.1; Is 42.8; 1ª Co 10.31; Rm 11.36; 15.18; 2ª Co 3.5; Fp 4.20).

IV. O REINADO DE DAVI UMA FIGURA DO REINO MESSIÂNICO

- Uma vez que Davi na tipologia é uma figura do Messias, o seu reinado prefigura o reino messiânico de Cristo, que será estabelecido no milênio ao final da Grande Tribulação (Ap 20.1-4). Vejamos, portanto, em ambos os reinos, algumas similaridades:

REINO DAVÍDICO
1. Jerusalém, capital do reino de Israel (2º Sm 5.7; 1º Rs 2.10; 1º Cr 13.13; 15.1).
2. Justiça como marca de sua administração (2º Sm 8.15);
3. Foi marcado pela paz em decorrência da ação divina (2º Sm 7.1);
4. Desfrutou de alegria como resultado da presença simbólica de Deus entre o povo (2º Sm 6.15,21).

REINO MESSIÂNICO
1. Jerusalém será a sede do governo mundial de Cristo (Is 2.3; 60.3; 66.2; Jr 3.17).
2. A justiça caracterizará o governo do Messias (Is 62.1,2; 33.5; Is 32.1).
3. Haverá paz como fruto do reino do Messias, o Príncipe da paz (Is 9.6; 2.4; 9.4-7; 11.6-9; 32.17,18; 33.5,6; 54.13; 55.12; 60.18; 65.25; 66.12; Ez 28.26; 34.25,28; Os 2.18; Mq 4.2,3; Zc 9.10).
4. A alegria será marca característica da era milenar (Is 9.3,4; 12.3-6; 14.7,8; 25.8,9; 30.29; 42.1,10-12; 60.15; Jr 30.18,19; 31.13,14; Sf 3.14-17; Zc 8.18,19; 10.6,7).

CONCLUSÃO.
- A biografia de Davi e sua liderança a frente da nação de Israel, é uma comprovação da fidelidade e soberania de Deus na história humana, onde encontram-se atitudes que agradam ao Senhor, para que assim como Davi, sejamos crentes segundo o coração de Deus.

FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA.
5.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.       CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl. 02. SP: HAGNOS, 2004
7.       GOMES, OSIEL, A Degeneração da Liderança Sacerdotal, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
8.       HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
9.       STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
10.   WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.