TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O LUGAR SANTÍSSIMO



TEXTO ÁUREO
“Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos.” (Hb 9.3).

Verdade Prática
Pelo sangue de Jesus Cristo, o véu da separação foi rasgado. E, hoje, temos liberdade e confiança para entrar ao trono da graça de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 26.31-35; Hebreus 9.1-5; Mateus 27.51
Êxodo 26.31-34: “Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará. 32 - E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro. 33 - Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo. 34 - E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho no lugar santíssimo, 35 - e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte.”

Hebreus 9.1-5: “Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre. 2 - Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. 3 - Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, 4 - que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto; 5 - e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.”

Mateus 27.51: “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.”

INTRODUÇÃO. O Lugar Santíssimo era o local mais reservado do Tabernáculo. Ele representava a plenitude da presença de Deus que habitava entre o povo de Israel. Ele nos ensina sobre nossa comunhão íntima com o Senhor. Por isso, nesta lição, estudaremos a posição do véu no Lugar Santíssimo, o propósito desse véu e a dimensão do Lugar Santíssimo, bem como a sua relação com a obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De fato, é uma lição que edificará a nossa vida.

I. O LUGAR SANTÍSSIMO

- O lugar santíssimo, que é o segundo compartimento da parte coberta do tabernáculo, também chamado de santo dos santos, e era a parte do templo onde ficava a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus. No Antigo Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, mas agora todos que creem em Jesus podem entrar na presença de Deus.

1. O Santo dos Santos era uma sala quadrada onde a Arca da Aliança era guardada. A entrada da sala era coberta por um grande véu e ninguém podia entrar lá dentro, porque, como o nome indica, era um lugar muito santo (Êx 26.33).

- O Santo dos Santos era particularmente santo porque Deus abençoava esse lugar com Sua presença. Quem entrasse no Santo dos Santos estava chegando o mais perto possível de Deus! E não existe nada mais santo que Deus.

- Uma vez por ano, no dia da Expiação, o sumo sacerdote fazia um sacrifício pelos pecados de todo o povo e entrava no Santo dos Santos para oferecer o sacrifício a Deus. Essa era uma ocasião muito solene e ninguém mais podia entrar na presença de Deus (Lv 16.15-17).

2. Jesus nosso Sumo Sacerdote. Quando Jesus veio, ele se tornou nosso sumo sacerdote. Ele entrou na presença de Deus e ofereceu sua própria vida como sacrifício por nossos pecados (Hb 9.11-12). Quando Jesus morreu na cruz, o véu que tapava a entrada do Santo dos Santos se rasgou! Agora todos podem ter acesso à presença de Deus (Mc 15.37-38).

- Quem é salvo por Jesus pode entrar no Santo dos Santos espiritual, que é a presença real de Deus. Jesus purifica dos pecados e torna cada um de seus seguidores santo, aceitável diante de Deus (Hb 10.19-20). Não há mais separação!

- Para o crente, o Santo dos Santos não é mais um lugar no templo. O Santo dos Santos é a presença de Deus em sua vida.

II. O VÉU DO LUGAR SANTÍSSIMO


Na língua hebraica o vocábulo “véu” é paroketh que advêm de uma raiz que significa “separar”. No Novo Testamento esse mesmo vocábulo é katapetasma, que representa o véu interior, ou seja, a cortina entre o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo.

1. O véu como barreira ao livre acesso à Presença de Deus.
- O véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo era muito semelhante tanto à primeira camada da cobertura do tabernáculo, onde se tinha uma cortina de linho fino torcido também com pano azul, púrpura, carmesim e, igualmente, com querubins de obra esmerada (Êx 26.1; Êx 26.31,33) quanto à entrada do tabernáculo, onde também se tinha uma coberta de vinte côvados de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador (Êx 27.16).

- Este véu seria posto sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata, com colchetes eram de ouro (Êx 26.32). O véu deveria ser pendurado debaixo dos colchetes e, no lugar santíssimo seria ser posta uma única peça, a arca da aliança (Êx 26.33).

- O fato de o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo ter as mesmas cores seja da entrada do tabernáculo seja da primeira camada de cobertura do santuário (parte coberta do tabernáculo) mostra-nos que o Evangelho é a via de acesso tanto à salvação, representada pela entrada do tabernáculo, como também pela a intimidade com o Senhor, representada pelo véu.

- A narrativa bíblica revela o significado especial do ato, de quando Jesus estava na cruz, expiando o nosso pecado. Ele ministrou intercessoriamente por nós por meio de seu sangue no “Lugar Santíssimo”, rasgando o véu da separação. A ministração de Cristo foi em favor de todo o mundo e não apenas por uma parcela especial ou étnica da humanidade (Hb 9.11-14 cf. Jo 3.16).

- O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16) e este poder é manifestado tanto na entrada do tabernáculo, pelo qual se ia até o altar de sacrifícios, onde o pecado era coberto, como também no véu que separa o lugar santo e o lugar santíssimo, pois este véu simboliza o pecado que faz separação entre Deus e os homens, tanto que foi o véu que se rasgou quando Jesus Cristo Se entregou por nós, tirando o pecado do mundo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.4).
- O Evangelho é a mensagem da salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo, salvação que não só é libertação do pecado como também entrada em comunhão com Deus.

- O fato de o teto do lugar santo ter a mesma configuração do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo reforçava, dentro do lugar santo, a ideia aos sacerdotes, que eram as pessoas que podiam frequentar o lugar santo, de que se estava diante de Deus, representado ali pela arca da aliança, que se encontrava dentro do lugar santíssimo, que era inacessível.

2. O véu tinha um bordado especial com a figura de querubins (Êx 26.31).
- O que se tinha aqui nesta cobertura do tabernáculo e no véu e que não se tinha na entrada do tabernáculo era a presença dos querubins. Tais querubins, ao contrário do que defendem os romanistas, não estavam ali para serem imagens a serem veneradas, até porque esta cobertura do tabernáculo não conseguia sequer ser vista por quem estava fora do tabernáculo e somente os sacerdotes podiam ver os querubins que se encontravam no véu, mas tais imagens não serviam, em absoluto, para veneração ou contemplação.

- Os querubins estavam ali para lembrar a todos que havia uma divisão entre Deus e os homens, pois, quando o primeiro casal pecou, o Senhor os expulsou do jardim no Éden e pôs querubins para impedir que tivessem eles acesso à árvore da vida (Gn 3.24).

- Os querubins, seres que contemplam a glória de Deus, lembram que o pecado nos destituiu da glória divina (Rm 3.23) e que não temos, por causa do pecado, direito a ter acesso ao Senhor.

- Este véu simbolizava, então, a insuficiência de toda a aliança estabelecida no monte Sinai, a falta de comunhão perfeita entre o Senhor e Israel, já que os israelitas não haviam subido ao monte após o longo sonido de buzina, que não foi sequer esperado pelos filhos de Israel, que logo se retiraram para longe (Êx 19.13; 20.18,19).

- Embora a ira de Deus fosse aplacada nos sacrifícios de animais no altar de sacrifícios e, uma vez ao ano, no dia da expiação, o fato é que o véu estava ali para revelar que os pecados eram cobertos, mas não retirados, o que somente ocorreu com o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário.

- As figuras de querubins bordadas no véu lembram ao homem que o Trono de Deus está cercado desses seres angelicais, refletindo a santidade do Altíssimo. Eles também foram esculpidos sobre o propiciatório com as asas voltadas para a Arca da Aliança com o objetivo de protegê-la (Êx 25.18).

- Havia, pois, nítida noção por parte de todos que este véu representava a separação entre Deus e a humanidade por causa do pecado, o que somente se resolveria com a morte de Jesus Cristo na cruz, que poria fim a esta situação, restabelecendo a amizade entre o Senhor e os homens.

- Por isso, o escritor aos hebreus afirma que, agora, podemos, sim, entrar no santuário (e aqui santuário é o lugar santíssimo) pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne (Hb 10.19,20).

- Embora não fosse possível entrar no lugar santíssimo, salvo o sumo sacerdote uma vez ao ano no dia da expiação (dia dez do sétimo mês), a presença de Deus era notória a todo o povo naquele lugar, no tempo da peregrinação de Israel no deserto.

- Apesar da divisão causada pelo pecado e representada pelo véu, o Senhor estava presente no meio dos filhos de Israel, inclusive os orientando em todas as suas jornadas, indicando quando deveriam marchar e quando deveriam acampar.

- Se, mesmo quando ainda o pecado estava presente, quando não havia comunhão perfeita entre Deus e os homens, o Senhor tomava cuidado em dirigir e orientar o Seu povo na sua jornada rumo a Canaã, como não crer que o Senhor também quer cuidar de nós e, assim, nos conduzir e dirigir para que cheguemos até o lar celestial?

- Não bastasse a promessa de Cristo de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20), Ele anda nos deixou o Espírito Santo para nos guiar em toda a verdade (Jo 14.16,17; 16.13), Espírito que está ao nosso lado, que foi chamado para ficar ao nosso lado e é isto que significa dizer que é Ele o “Consolador”, a palavra grega “Parácleto” (παράκλητος), que, literalmente, é aquele que é chamado para ficar ao lado, “…alguém chamado para ajudar…” (Bíblia de Estudo Palavras-chave. Dicionário do Novo Testamento, n. 3875, p. 2340).

3. O véu e o trançado de seus fios.
- O véu estava pendurado sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro. Tais colunas, em número de quatro, representam, conforme já dito, o Evangelho nas suas quatro perspectivas inspiradas pelos Espírito Santo nas Escrituras que, por sinal, estão também reproduzidas no véu, que é de azul (céu – Jesus como Filho de Deus – evangelho segundo João); púrpura (realeza – Jesus como Rei – evangelho segundo Mateus); carmesim (sofrimento – Jesus como Servo Sofredor – evangelho segundo Marcos) e linho fino torcido (justiça, perfeição – Jesus como Homem perfeito- evangelho segundo Lucas).

- As colunas, sendo de madeira de cetim e revestidas de ouro, indicam-nos a dupla natureza de Jesus, o Deus que Se fez homem (Jo 1.1-3). Ele é o grande sacerdote sobre a casa de Deus anunciado no lugar santíssimo (Hb 10.21) e Seu sacerdócio decorre precisamente desta Sua dupla natureza, pois, como Deus e homem, Ele é a “ponte” entre ambos. É o único mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (1ª Tm 2.5).

- As colunas estavam sobre quatro bases de prata e cada base de prata está a nos lembrar que o fundamento da nossa entrada no santo dos santos é o resgate de nossa alma pelo preço do sangue de Cristo (Ef 1.7; Cl 1.14; 1ª Tm 2.6; 1ª Pe 1.18,19).

- O véu era pendurado sobre as colunas por meio de colchetes de ouro. O ouro fala da divindade e nos mostra que a iniciativa tanto para a separação quanto para o restabelecimento da comunhão entre Deus e os homens está em Deus.

III. O PROPÓSITO DO VÉU INTERIOR

1. O véu era um símbolo da presença de Deus no Lugar Santíssimo.
- Ora, ninguém podia ver a Deus e continuar vivo (Êx 33.20), mas os homens podiam ver o véu que indicava a presença divina no outro lado. Em Hebreus, o véu tipifica a “carne” de Cristo, que encobria a presença divina em seu corpo (1ª Tm 6.16; Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15,16).

2. O véu: um impeditivo ao acesso à presença de Deus (Lv 16.2; Hb 9.8).
- A separação que o véu interior fazia dos dois lugares sagrados, o Lugar Santo e Lugar Santíssimo, demarcava também os lugares de atuação dos sacerdotes. No Lugar Santo, era permitida a entrada dos sacerdotes comuns; no Santíssimo, a do sumo sacerdote.

3. O véu indicava o caminho à presença de Deus.
- Sabemos que o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, não por méritos pessoais nem pela formosura do véu, senão mediante o sangue da expiação (Lv 16.15). A única função dele era expiar o próprio pecado e o do povo. Por isso, toda a orientação divina quanto à pureza do sumo sacerdote e de sua casa era rigorosa.

- Hoje, a obra expiatória de Jesus é o único meio que temos para achegar-nos à presença de Deus (Ef 2.8,9; Hb 10.19,20). Graças ao nosso amado Senhor, já não há mais separação nem muro entre nós e Deus, pois Cristo é o perfeito mediador entre Deus e os homens (1ª Tm 2.5).

IV. O LUGAR SANTÍSSIMO NO RITUAL DO DIA DA EXPIAÇÃO

1. O lugar santíssimo, como vimos, era um compartimento inacessível.
- Ninguém poderia nele entrar, a não ser o sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação, que era o dia dez do sétimo mês, chamado Tishrei ou Tishri.

- No dia da expiação, portanto, o lugar santíssimo assumia um caráter singular, pois era prevista a entrada do sumo sacerdote no seu interior para que pudesse aspergir o sangue do sacrifício em seu favor e em favor do povo, sobre a tampa da arca, o propiciatório, a fim de obter a propiciação dos pecados, ou seja, que o Senhor, em virtude dos sacrifícios efetuados, favorecesse o povo e adiasse a punição pelos pecados.

2. O ritual do dia da expiação encontra-se em Lv. 16.
- Em primeiro, o Senhor proibiu o sumo sacerdote de entrar no lugar santíssimo durante todo o tempo, somente o permitindo que o fizesse no já mencionado dia dez do sétimo mês (Lv 16.2,34).

- O motivo pelo qual o sumo sacerdote não devia entrar no lugar santíssimo em todo o tempo era porque Deus aparecia na nuvem sobre o propiciatório, ou seja, diante do significado da palavra “aparecer”, o hebraico “חָ אָ ר - rāʼāh”, (verbo que significa ver). Seu significado básico é ver com os olhos (Gn 27.1). Também pode ter os seguintes significados derivados, todos eles exigindo que o indivíduo veja fisicamente algo que é exterior a si: ver de tal maneira que a pessoa possa aprender a conhecer outra pessoa…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 7200, p.1915), ou seja, ante a pecaminosidade humana, um olhar atento do Senhor, que estava todo o tempo ali, na nuvem, sobre o propiciatório, levaria à condenação, já que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Como diz o salmista Asafe: “Tu, tu és terrível! E quem subsistirá à tua vista, se te irares?” (Sl 76.7) ou, ainda, o salmista anônimo: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130.3).

- No dia da expiação, o sumo sacerdote deveria, em primeiro, banhar a sua carne na água e, devidamente purificado, vestir a túnica santa de linho, ceroulas de linho sobre a sua carne e cingir-se com um cinto de linho, cobrindo-se com uma mitra de linho (Lv 16.4).

3. Jesus Cristo o Sumo Sacerdote.

- Naturalmente, sabemos que o sumo sacerdote é tipo de Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros (Hb 9.11) e o fato de todo o ritual se iniciar com o sumo sacerdote se banhando faz-nos lembrar o início do ministério público de Jesus, que se deu com o Seu batismo por João Batista, quando Ele começou a assumir a posição dos pecadores, a fim de cumprir toda a justiça divina (Mt 3.13-15).

- O sumo sacerdote vestir-se com todas as peças de linho de seu vestuário (ceroula, túnica, cinto e mitra) é também tipo de Cristo, pois o linho fala da justiça dos santos (Ap 19.8) e o Senhor Jesus é o Santo que veio ao mundo para nos salvar (Lc 1.35). Os discípulos de Cristo têm de ter vestes brancas, para poder andar sempre com o Senhor (Ap 3.4,5).

- Devidamente paramentado, o sumo sacerdote, então, deveria tomar da congregação dos filhos de Israel dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto e, para si, um novilho para expiação do pecado e um carneiro para holocausto (Lv 16.3,5).

- Tem-se aqui, como bem explana o escritor aos hebreus, mais uma demonstração da fraqueza da aliança do monte Sinai em relação à nova aliança estabelecida pelo Senhor Jesus. O sumo sacerdote era homem, e, portanto, fraco e pecador, devendo fazer sacrifício pelos seus próprios pecados para então fazer os sacrifícios em favor do povo. Já Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como nunca pecou, pôde se oferecer a Si mesmo, uma única vez, num sacrifício perfeito e que tirou o pecado do mundo (Hb 4.14-5.10; 8).

- O sumo sacerdote, então, oferecia o novilho da oferta pela sua própria expiação, fazendo expiação por si e por sua casa (Lv 16.6), estando, assim, devidamente santificado para poder exercer o múnus sacerdotal em favor do povo.

Os dois bodes. Em seguida, o sumo sacerdote, então, tomava os dois bodes e os punha perante o Senhor, à porta da tenda da congregação, lançando sortes sobre eles, sendo que um seria o bode emissário e o outro, o bode expiatório. O bode que fosse sorteado pelo Senhor, ou seja, o bode expiatório, seria oferecido para expiação do pecado do povo e o outro bode seria apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, devendo, então, ser enviado ao deserto (Lv 16.7-10).

- Ambos os bodes tipificam o Senhor Jesus, não podendo, em absoluto, ser admitida a interpretação trazida por Ellen Gould White de que o bode emissário representaria Satanás e o bode expiatório, o Senhor Jesus. O texto sagrado é claro ao dizer que ambos os bodes eram para expiação do pecado e quem levou os pecados da humanidade sobre Si foi o Senhor Jesus (Is 53.4,12; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.19-21; Cl 1.14; Hb 2.17; 10.12; 1ª Pe 3.18; 1ª Jo 2.2; 3.5; 4.10).

- O bode expiatório tipifica o Senhor Jesus morrendo em nosso lugar, dando a Sua vida para nos salvar, pagando o preço da nossa redenção com o Seu sangue (Jo.10.18). O bode emissário tipifica o Senhor Jesus que, assumindo a nossa posição e os pecados sobre Ele, a ponto de Se ter feito pecado (2ª Co 5.21), causando o único momento de separação d’Ele com o Pai, que O fez exclamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34), justificou-nos, de modo imputou Sua justiça sobre nós, enquanto assumia nossas culpas n’Ele, tornando-nos “ficha limpa” nos céus (Rm 4.6,8; 2ª Co 5.19).

- Em seguida, tendo oferecido o sacrifício por si, o sumo sacerdote deveria tomar o incensário cheio de brasas de fogo do altar de sacrifícios e, com os punhos cheios de incenso aromático moído, deveria meter o incensário para dentro do véu, a fim de que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, ou seja, a tampa da arca da aliança que estava no lugar santíssimo, devendo fazer isto para que não morresse (Lv 16.12,13).

- Aqui, vemos, claramente, a tipificação da oração intercessória de Cristo em nosso favor, que é a razão pela qual podemos ter acesso à presença de Deus e porque nossas orações chegam à presença do Senhor nos céus (Ap 8.3,5). O Senhor Jesus, ao morrer por nós e tirar o pecado do mundo, passou a ser o grande sacerdote sobre a casa de Deus (Hb 10.21), estando, com todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18), a interceder por nós à direita do Pai (Is 53.12; Rm 8.27,34).

- Ao mesmo tempo, ao se determinar que o lugar santíssimo deveria estar cheio de incenso para só então o sumo sacerdote poder ali entrar, impedindo-o, portanto, de ter plena visão da arca da aliança e do propiciatório, que era a tampa da arca, mais uma vez se reforçava o fato de não se ter, ainda, plena comunhão entre Deus e os filhos de Israel e de ser necessário que se mantivesse a nuvem, a escuridade (Êx 20.21; 24.18), para que não houvesse a morte do sumo sacerdote, já que os pecados ainda não haviam sido removidos, o que somente ocorreria com a morte de Cristo na cruz do Calvário.

- Lembremos que, antes da morte de Cristo, quando o Senhor leva sobre Si os pecados da humanidade, durante Seu sacrifício, as trevas tomaram conta do mundo, embora fosse meio-dia (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc 23.44), a revelar que, antes da morte do Senhor Jesus, estávamos em circunstância de escuridade.

- Feito o sacrifício em seu favor, o sumo sacerdote deveria tomar do sangue do novilho e, com o seu dedo, espargia sobre a face do propiciatório para a banda do oriente e perante o propiciatório espargia sete vezes do sangue com o seu dedo (Lv 16.14).

- Depois, o sumo sacerdote fazia o sacrifício do bode expiatório e trazia o sangue dele também para o lugar santíssimo, fazendo com o sangue o que havia feito com o sangue do novilho sacrificado pelos seus próprios pecados. Durante todo este ritual, ninguém poderia ficar no tabernáculo, nem mesmo no pátio (Lv 16.15-17).

- Em seguida, o sumo sacerdote deveria ir até o altar e fazer expiação por ele e tomar do sangue do novilho e do sangue do bode o punha sobre as pontas do altar ao redor, espargindo sobre dele com o seu dedo sete vezes e o purificava das imundícias dos filhos de Israel e santificava. Depois de santificar todas estas peças, expiando o santuário, deveria pegar o bode vivo, pôr ambas as mãos sobre a cabeça do animal, confessando todas as iniquidades dos filhos de Israel, determinando que o bode fosse enviado ao deserto por um homem designado para isso, homem que ficaria imundo por ter feito tal trabalho. De igual maneira, as peles, a carne e o esterco dos animais mortos para expiação do pecado seriam queimados com fogo (Lv 16.19-27).

- Após isto, o sumo sacerdote vinha à tenda da congregação, despia-se das vestes de linho, deixando-as ali, banhando sua carne em água no lugar santo e vestindo as suas vestes e, então, preparava o seu holocausto e o holocausto do povo, os sacrifícios dos carneiros que haviam sido tomados para tanto.
- No dia da expiação, o povo de Israel deveria jejuar e não exercer quaisquer atividades, pois é dia de humilhação e de adoração a Deus, tendo em vista que se deve pedir perdão pelos pecados cometidos durante o ano, pecados que eram cobertos. Até hoje esta data é uma das principais da nação judaica, o chamado “Yom Kippur”, o “Dia do Perdão”.

- Em todo este ritual, fica evidente que o lugar santíssimo é o lugar da presença de Deus e que o Senhor tem de ter aplacada a sua ira diante dos pecados cometidos, pecados estes que, embora cobertos, não são removidos.

V. COMO ERA O LUGAR SANTÍSSIMO?

1. O Lugar Santíssimo tinha o formato quadrangular.
- O Lugar Santíssimo é conhecido também como o “Santo dos Santos”. Um lugar quadrangular, na forma de um cubo, que media dez côvados de altura, dez de largura e dez de comprimento.

- É importante destacar, aqui, que as medidas do Lugar Santíssimo, no sistema decimal, possuem números diferenciados, uma vez que pesos, medidas e valores hebraicos são obscuros, e o resultado sempre produz algumas pequenas diferenças numéricas. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, um côvado equivalia à medida de dois palmos ou ao tamanho de nosso antebraço, o equivalente, portanto, a 45 centímetros. Era menor que o Lugar Santo. O Lugar Santíssimo tipificava o Trono de Deus em Israel.

2. O lugar continha apenas um mobiliário.
A Arca da Aliança. A Arca da Aliança tipificava a plenitude da presença de Deus: Sua santidade, glória e majestade. Ali, Deus habitava entre o seu povo!

- No Novo Testamento, essa imagem revela o que Paulo escreveu aos efésios: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).

Para nós, o tabernáculo e seus móveis sagrados tipificam o Senhor Jesus. Logo, podemos destacar o seguinte: os tecidos que constituíam o véu que demarcava o Lugar Santo e o Santíssimo é símbolo do caráter santo e pleno de nosso Senhor. Assim, a cor azul aponta para a sua divindade; a púrpura, para a sua realeza; a branca, para sua santidade; o carmesim, para a sua obra expiatória por toda a humanidade. Ainda, o escritor aos Hebreus traz uma imagem forte e viva do véu, juntamente com seus fios trançados, que representava, na “carne” de Cristo, a união da natureza humana e divina de nosso Senhor: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19,20).

3. O que podemos aprender por Trono de Deus e a importância do Lugar Santo?
O Lugar Santo era a antessala do Lugar Santíssimo; o que mostra o caráter santo da presença de Deus representada na Arca da Aliança, porque o Deus Santo e glorioso ali estava.

Não percamos de vista a dimensão da santidade e da glória de Deus. Sejamos santos e não desprezemos o sacrifício de nosso Senhor Jesus (Hb 10.26,27). Cuidado! A Palavra de Deus nos alerta que o nosso adversário “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pe 5.8). Vigiemos! Temamos ao Deus santo e glorioso!


VI. O LUGAR SANTÍSSIMO: A ASSOCIAÇÃO AO ESPÍRITO E AO AMOR

- Por fim, como fizemos tanto em relação ao pátio quanto em relação ao lugar santo, devemos ainda atender à associação que alguns estudiosos fazem do tabernáculo com a tricotomia do ser humano, associado o pátio ao corpo; o lugar santo, à alma e o lugar santíssimo, ao espírito.

1. O espírito é a parte do ser humano que faz o relacionamento com Deus.
- Como ensina o pastor Elienai Cabral, comentarista deste trimestre: “…O espírito do homem não é simples sopro ou fôlego, é vida imortal (Ec 12.7; Lc 20.37; 1ª Co 15.53; Dn 12.2). O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que ‘corpo, alma e espírito não são outra coisa que a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus’…” (A tricotomia do homem. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/22/a-tricotomia-do-homem.html Acesso em 14 fev. 2019).

- “…O espírito é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal, embora receba impressões do corpo e da alma, também é capaz de receber conhecimentos diretamente de Deus e de manter com Deus uma comunhão espiritual que ultrapassa os raciocínios da alma. Ela nos torna conscientes de Deus.…” (GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O que é cada um? Disponível em:  2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br- http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html Acesso em 14 fev. 2019).

- Como é o espírito que faz a ligação com Deus, é ele quem possui a “consciência”, esta voz de Deus em nós, que nos permite discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. É o espírito, ademais, que nos faz confiar em Deus, a ter fé, esta fé que se desenvolve em nós e nos faz ser agradáveis ao Senhor (Hb 11.6). É em nosso espírito que o Espírito Santo vem habitar quando cremos no Senhor Jesus (Jo 14.17).

- Ora, o lugar santíssimo, como temos visto, é o compartimento do tabernáculo em que estava a presença de Deus, seja pela arca da aliança, seja pela nuvem e coluna de fogo. Só por isso, vemos, claramente, que se trata de tipo do espírito humano, espírito que, quando o homem está em pecado, por se manter separado de Deus, está totalmente inativo, sem qualquer uso.

2. Há, também, os que associam cada parte do tabernáculo a uma das três virtudes teologais, ou seja, os bons hábitos infundidos pelo Espírito Santo na vida do salvo.

- O espírito recebe o amor de Deus, que é derramado pelo Espírito de Deus em nós (Rm 5.5).

- O amor de Deus, também conhecido como “amor ágape” é, conforme o apóstolo Paulo nos ensina, a maior de todas as virtudes teologais, o “caminho mais excelente” (1ª Co 12.31), a maior de todas as virtudes (1ª Co 13.13). O capítulo 13 de 1ª Coríntios descreve este amor divino, este amor incondicional, que nos faz semelhantes a Deus, que nos torna filhos de Deus, pois a característica do discípulo de Cristo é ter o amor (Jo 13.35), até porque Deus é amor (1ª Jo 4.8).

- Como ensina o pastor Abraão de Almeida, “…ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as virtudes, o crente entra no Lugar Santíssimo. Esta terceira divisão do Tabernáculo corresponde à terceira maior dimensão do nosso desenvolvimento espiritual…”.

- A festividade judaica associada ao lugar santíssimo é a Festa dos Tabernáculos que, não por acaso, era celebrada pouco depois do dia da expiação, mais precisamente, cinco dias depois. “…nesta festa eram sacrificados 70 novilhos (o que corresponde a 7 x 10, significando plenitude de trabalho e frutificação). Também eram sacrificados 98 cordeiros (ou 2 x 7 x 7, entrega total e voluntária). Eram ainda imolados 14 carneiros (2x7, uma plena visão da obra de Cristo e de nossos hediondos pecados). Morriam ainda sete bodes, indicando morte plena, pelo poder de Deus, do velho Adão, pois o bode tipifica o pecador, como em Mateus 25.33 (…) O apóstolo Paulo menciona a morte do velho homem em seu poderoso testemunho …Gálatas 2.20…” (ALMEIDA, Abraão de. p.77).

CONCLUSÃO.
Nesta lição, percorremos o Lugar Santíssimo. Ele representa a presença santíssima e gloriosa de Deus no meio do seu povo. Esse lugar, especial e único do Tabernáculo, mostra o que o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Perfeito, fez ao rasgar o véu da separação. Diferentemente daqueles dias, onde o Lugar Santo não era aberto a todas as pessoas, hoje, por meio da obra de Cristo, podemos entrar ao trono de Deus com ousadia e confiança.

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD, 2009.
2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
3. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
4. Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento. CPAD
5. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
6. CABRAL, Elienai. A tricotomia do homem.
7. GOMES, Rodrigo. Corpo, alma e espírito. O que é cada um? Disponível em: 2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br
8. http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html Acesso em 14 fev. 2019).

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 16 de maio de 2019

A CHAMADA DIVINA



Mt 11.28: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobre carregados, (oprimidos) e eu vos aliviarei”.

Mt 4.18-22: “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; 22 E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no”.

INTRODUÇÃO. Erwin Lutzer define chamado como “uma convicção interior, dada pelo Espírito Santo e confirmada pela Palavra de Deus e pelo Corpo de Cristo”.

I. O QUE É CHAMADO DIVINO
Chamada do lat. Clamare, significa chamar em alta voz; ou gritar. Conclamação feita por Deus para os homens (sem quaisquer exceções), aceitável.

A palavra vocação tem origens gregas no verbo καλεω - kaleo e suas variações (o substantivo klêsis e o adjetivo kletós).

Ambas provêm do verbo grego kaleo que significa “chamar ou convocar”.

O Sentido de o verbo chamar no grego kaleo, e significa chamar em voz alta, mas usado em uma variedade de aplicações, diretamente ou não.

Kaleo significa: convidar, chamar (para fora), (quem, qual) nome (foi [chamado]).

A Bíblia apresenta algumas variações:

O verbo kaleo significa eu chamo, nomeio, convoco: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (eklêthete)” (Ef 4.1).

O substantivo klêsis significa vocação, chamado, convite: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação (klêsin)” (1ª Co 1.26). O adjetivo kletós significa chamado, convocado: “de cujo número sois também vós, chamados (kletòi) para serdes de Jesus Cristo” (Rm 1.6).

Segundo Lothar Coenen, em artigo no Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento:

- Cento e quarenta e oito (148) vezes o termo kaleo surge no Novo Testamento Grego 148 vezes.
- 11 A palavra klêsis.
- Paulo usa kaleo 29 vezes;
- Oito vezes Klêsis;
- Sete kletós;
Esses termos quase sempre são empregados com o sentido de vocação procedente da parte de Deus. É o Senhor dirigindo-se ao homem, convocando-o para a salvação e para o serviço do seu reino. É o Pai dizendo em tom soberano (e não apelativo): Venha, filho! Assim, o sentido original da vocação divina não soa nas Escrituras como um gentil convite da parte do Deus misericordioso e amável, ao qual o homem pode ou não atender, mas como um chamado, uma convocação, uma intimação irrecusável.

1. Vocação é o chamado divino dirigido ao homem. Todo ser humano é, de alguma forma, vocacionado. Os eleitos são especialmente chamados para receber a salvação que lhes é oferecida em Cristo Jesus, para agregar-se à igreja de Deus e para colocar-se inteiramente à sua disposição, servindo-o em algum tipo de missão que Ele mesmo determinará.

II. TIPOS DE CHAMADA

Existem vários tipos de chamada: 1) Chamada Universal; 2) Chamada Ministerial; 3) Chamada Especifica. Vejamos:

1. Chamada universal.

1.1. Primeiro lugar Ele nos chama para o evangelho.

O convide de Jesus não é seletivo, mas para todos os homens. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Deus chama o homem para desfrutar de uma porção especial no Seu evangelho.

Is 55.1-3 “Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. 3 Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi”.

A chamada universal é extensiva a todas as pessoas indistintamente. Todas as pessoas são convidadas para a salvação e chamadas para o arrependimento (1ª Tm 2.3-5).

Jo 3.16-18: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.

1ª Jo 2.2: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”
2ª Pe 3.9: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
At 17.30: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam.”
Ap 22.17: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida.”

1.2. As pessoas que atendem ao chamado para o arrependimento e a salvação, também atendem aos seguintes chamados:

A. Chamados para o seu reino (1ª Ts 2.12).
B. Chamados a liberdade (Gl 5.13).
C. Chamados para ser filhos de Deus (Rm 9.26).
D. Chamados para ser irmãos de Cristo (Hb.2.11).
E. Chamados para a sua maravilhosa Luz (1ª Pd 2.9).
F. Chamados para as Bodas do Cordeiro (Ap 19.9).
G. Chamados pelo Senhor nosso Deus (At 2.3).

III. AS TRÊS FASES DE UMA CHAMADA MINISTERIAL

A chamada ministerial pode ser dividida em três fases: 1. Vinde. 2. Ficai. 3. Ide.

1. Vinde. Em Mt 4.18-19, Jesus observando a Pedro e André, disse-lhes: “VINDE após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.

Primeiro, Jesus nos chama para aprendermos com Ele. “Vinde a mim...e aprendei de mim...” (Mt 11.28-29), esse foi o convite de Jesus extensivo a todos. Ninguém pode ser chamado para o ministério, se primeiro, não nascer de novo. Nicodemos era um mestre da Lei, porém, não havia ainda nascido de novo (Jo 3.1-10).

2. Ficai. Em Lc 24.49, Jesus disse aos seus discípulos: “Ficai na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”.
Esse “ficai”, fala da preparação que o obreiro precisa ter. Antes de ir, o obreiro deve ficar em Jerusalém. Jerusalém simboliza o nosso lugar de preparação, até que sejamos revestidos de poder e capacitados para exercermos o nosso ministério.

2.1. O obreiro chamado por Deus precisa investir na sua educação e desenvolver a sua aptidão para o ensino da Palavra de Deus (1ª Tm 3.2).

A. Paulo aconselhou a Timóteo se aplicar a leitura (1ª Tm. 4.13).

B. O obreiro chamado por Deus deve se aplicar a leitura da Palavra de Deus e de outros bons livros (2ª Tm.4.13).

C. Em Ef 6.15, Paulo afirma que devemos calçar os pés com os sapatos da preparação do Evangelho da Paz. Para pisarmos em serpentes e escorpiões é preciso estarmos calçados (Lc 10.19).

D. O obreiro não pode sair por aí descalço, é preciso estar bem calçado, e revestido de toda a armadura de Deus.

3. Ide. A terceira fase da chamada ministerial é IDE. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). Para ir é preciso já estar preparado.

3.1. Entre o VINDE e o IDE deve haver um bom período de preparação. Os discípulos permaneceram três anos e meio aprendendo aos pés do Mestre dos mestres. Paulo permaneceu um bom tempo se preparando (Gl 1.15-18).

3.2. Na fase do IDE, o obreiro chamado por Deus já deve ter o selo da aprovação divina (1ª Tm 2.15). Tendo já a aprovação divina de seu ministério, o homem chamado por Deus deve então obedecer o seguinte IDE: “IDE, portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28.19).

IV. CHAMADA MINISTERIAL

1. Chamada ministerial. A chamada ministerial é uma espécie de “segunda chamada”.

1.1. A primeira chamada é para o arrependimento e a salvação.

1.2. A segunda chamada é a convocação do Senhor da seara ás pessoas escolhidas para o exercício da obra de Deus.

1.3. A primeira chamada é para todos, porém, a segunda chamada é para um grupo seleto. Quando Deus escolheu a nação de Israel para ser o seu povo peculiar, Ele chamou todas as 12 Tribos (Gn 49.28; Êx 19.4-6). Porém, dentre as 12 Tribos, Ele escolheu e chamou para o Santo Ministério, apenas a Tribo de Levi (Nm 1.47-54; 17.1-8).

1.4. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, todos os homens chamados por Deus precisavam ser qualificados. Existe um ditado que diz: “Deus não chama os capacitados, porém, capacita os que Ele chama”.

Vejamos:

A. Moisés se achava incapaz, mais era capacitado, e Deus o capacitou ainda mais (Êx 4.1-12). Um homem formado em todas as ciências do Egito não poderia ser incapaz (At 7.22).

B. Os homens escolhidos para ajudar Moisés precisavam ser qualificados e capazes – Êx 18.21.

C. Os 70 Anciãos auxiliares de Moisés precisavam ter as qualidades de lideres – Nm 11.16-17.

D. Em 1º Crônicas 9.13, havia 1.700 homens capazes para a obra do Ministério da Casa de Deus.

E. Os Engenheiros e Arquitetos, do Tabernáculo precisavam ser qualificados – Êx 31.1-11 e 36.1.

F. Os Arquitetos e Engenheiros do Templo de Salomão precisava ser qualificados – 2º Cr 2.13-14.

G. Os primeiros obreiros consagrados na Igreja Primitiva precisavam ser qualificados – At 6.3-5.

H. Em 1ª Timóteo 3.1-13, estão todas as qualificações exigidas nas pessoas chamadas para o Ministério.


2. Chamada especifica. A chamada especifica é uma escolha nominal do Senhor, com o objetivo de enviar e escolher pessoas para uma missão ou obra especial.

- Em Mc 3.13, está escrito que Jesus “Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”.

2.1. Você é vocacionado. Você não nasceu por acaso, não existe apenas por existir. Há um propósito divino na sua passagem pela terra. Como já dizia Salomão, “O Senhor fez todas as coisas para determinados fins” (Pv 16.4).

- Jesus chama os que Ele quer, e não os que nós queremos. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, ela veio do alto. Jesus subiu ao monte para chamar os seus discípulos, para revelar a eles que, a sua chamada partiu do alto, partiu do Monte. Em Êx.19.20, está escrito que “Descendo o Senhor para o cimo do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu”.

2.2. Chamados para sermos embaixadores. A nossa chamada deve ser valorizada, porque, ela veio do alto, ela veio do Senhor. A chamada ministerial precisa ser valorizada, porque, nós fomos constituídos como “embaixadores em nome de Cristo”.

2ª Co 5.20 “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.”

O significa a palavra embaixador? No grego πρεσβεύω presbeuo. Significa ser um embaixador; emissário, mensageiro; agir como representante (no sentido figurado, pregador do evangelho (Ef 4.11; 6.20).

Embaixador, sugere a ideia de alguém enviado no lugar de seu Senhor ou Rei e autorizado com a sua autoridade. O Ministro do Evangelho é um Embaixador que está autorizado a agir em Nome de Cristo.

O Embaixador de Cristo é um cidadão do céu (Fp 3.20-21) enviado a homens rebeldes, no lugar do seu Rei, Cristo, com o objetivo de oferecer as condições de paz que o Evangelho oferece. A honra e a glória do seu Rei e Senhor dependerão de suas palavras e comportamento. Por isso, a chamada ministerial precisa ser muito valorizada.

2.3. Chamados para proclamar as virtudes do evangelho. 1ª Pe 2.9-10 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo de Deus...”.

2.4. Chamados para ser colunas. Os 12 Apóstolos foram chamados nominalmente e escolhidos para uma missão especial e especifica de serem as colunas principais da Igreja (Gl 2.9; Ef 2.20 e Ap 21.14).

- Paulo foi chamado de forma especifica para levar o Nome do Senhor perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel (At 9.1-15). Paulo foi designado por excelência como o “Apóstolo dos Gentios” (1ª Tm.2.7).

- Barnabé e Saulo foram chamados nominalmente pelo Espírito Santo para uma obra especifica (At 13.2-4).

- Bezaleel e Aisamaque foram chamados nominalmente por Deus para a obra especifica do Tabernáculo (Êx 31.1-11).

- Em Gn 6.13, Noé foi chamado de forma especial e para uma obra especifica de construir a Arca.

- Em Gn 12.1-3, Abraão foi chamado de forma especial e para uma missão especifica de todas as famílias da terra serem abençoadas por sua causa.

- Em Gn 28.12, Jacó foi chamado de forma especial e com a missão especifica de ser o progenitor das 12 Tribos que formariam a nação de Israel.

- Em Gn 41.38-43, José foi chamado de uma forma especial e para uma missão de governar o Egito e administrar uma crise mundial.

- Em Êx 3.7-10, Moisés foi chamado com uma missão especial de libertar o povo de Israel do Egito.

- Em Nm 27.18-23, Josué foi chamado com a missão especial de introduzir o povo de Israel na Terra Prometida.

- Em 1º Sm 3.1-10, Samuel foi chamado de forma especial para realizar uma grande obra em Israel.

- Em 1º Sm.16 13, Davi foi chamado de uma forma especial e escolhido pelo próprio Deus para ser o maior rei da História de Israel.

- Em 1º Rs 19.19, Eliseu foi chamado de forma especial para suceder o profeta Elias.

- Em Is 6.8-9, Isaías foi chamado de forma especial para ser o maior profeta evangélico do Antigo Testamento.

- Em Jr 1.5, Jeremias foi chamado por Deus desde o ventre de sua mãe para ser o profeta das nações.

- Em Ez 2.1-8, Ezequiel foi chamado por Deus para uma missão especial de ser um atalaia de Deus.

- Em Am 7.15, Amós foi chamado de forma especial para profetizar ao povo de Israel.

- Em Jn 1.2, Jonas foi chamado para uma missão especial de pregar para os ninivitas.

- Em Gl 1.15-16, Paulo foi chamado desde o ventre materno para uma missão especial de tornar o mistério de Deus conhecido entre os gentios.

V. A CHAMADA PARA O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SUAS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

1. Chamada é um ato soberano do Senhor (Sl 105.26; Is 43.13; Sl 78.70-72).

2. Ele é quem escolhe, nomeia, capacita e põe obreiros na Igreja (Jo 15.16; Ef 4.8- 12; 1 Co 3.3-9; 12.8; Jr 3.15).

3. Ele é quem envia trabalhadores para a sua seara (Mt 9.37,38; Lc 10.2; Mt 20.1-14).

4. Ele chama a quem quer (Mc 3.13,14; 1ª Sm 16.11-13).

O nosso chamado, portanto, não é uma escolha pessoal, uma profissão religiosa, mas uma chamada irresistível para servir ao Senhor em Seu nome e para a Sua glória. Gosto muito do pensamento: “Deus não chamou homens extraordinários para um trabalho comum, mas homens comuns para um trabalho extraordinário”.

VI. A CONVICÇÃO DA CHAMADA

1. O obreiro deve ter a convicção da sua chamada.

2. O obreiro verdadeiramente chamado pelo Senhor sente o peso da responsabilidade e, se pudesse, escaparia dela.

1ª Co 9.16 “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (outras ref. Jn 1.12; Jr 1.1-9).

3. O obreiro verdadeiramente chamado por Deus, tem o seu ministério confirmado a cada dia. “O Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1ª Pedro 5.10; Sl 37.23).

3.1. E o importante, nesse caso, é o que o Senhor diz acerca desse obreiro, e não o que as pessoas pensam ou falam dele (At 14.6-20; Jó 1.8; Mt 11.19; 17.5).

3.2. Deus faz questão de demonstrar que está com quem verdadeiramente chamou (Nm 17), dando testemunho dele (Is 41.8; Nm 12.3; Jr 6.12; At 13.22; Dn 10.11; Lc 7.28; At 9.15).

VII. VALORIZANDO A CHAMADA MINISTERIAL

1. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 3.7-8, Paulo afirma que, se o ministério da Antiga Aliança se revestiu de glória, “como não será de maior glória o ministério do Espírito!”

2. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 4.1, Paulo afirma que “tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos”.

3. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 5.18, Paulo afirma que Deus nos deu o “ministério da reconciliação”.

4. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Co 6.3, Paulo afirma que não devemos dar nenhum motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja censurado.

5. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em Cl 4.17, Paulo aconselhou a Arquipo, dizendo: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires”.

6. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 1ª Tm 1.12, Paulo afirma que devemos ser gratos a Jesus Cristo, por nos ter designado para o ministério.

7. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Tm 4.5, Paulo aconselhou a Timóteo cumprir integralmente o seu ministério.

8. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em 2ª Tm 4.11, Paulo valorizou a chamada ministerial de João Marcos.

9. A chamada ministerial deve ser valorizada, porque, em Hb.8.6, está escrito que Jesus teve um Ministério Excelente! Devemos também procurar desenvolver um ministério excelente.

Pr. Elias Ribas
Dr. Em teologia

terça-feira, 14 de maio de 2019

O LUGAR SANTO



LEITURA BÍBLICA
Êxodo 25.23,30,31; 26.31-37; 30.1,6-8

25.23,30,31:
23 - Também farás uma mesa de madeira de cetim; o seu comprimento será de dois côvados, e a sua largura, de um côvado, e a sua altura, de um côvado e meio, 30 - E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face continuamente. 31 - Também farás um castiçal de ouro puro; de ouro batido se fará este castiçal; o seu pé, as suas canas, as suas copas, as suas maçãs e as suas flores serão do mesmo.

26.31-37:
31 - Depois, farás um véu de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará. 32 - E o porás sobre quatro colunas de madeira de cetim cobertas de ouro, sobre quatro bases de prata; seus colchetes serão de ouro. 33 - Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo. 34 - E porás a coberta do propiciatório sobre a arca do Testemunho no lugar santíssimo, 35 - e a mesa porás fora do véu, e o castiçal, defronte da mesa, ao lado do tabernáculo, para o sul; e a mesa porás à banda do norte. 36 - Farás também para a porta da tenda uma coberta de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador, 37 - e farás para esta coberta cinco colunas de madeira de cetim, e as cobrirás de ouro; seus colchetes serão de ouro, e far-lhe-ás de fundição cinco bases de cobre.

30.1,6,7,8:
1 - E farás um altar para queimar o incenso; de madeira de cetim o farás. 6 - E o porás diante do véu que está diante da arca do Testemunho, diante do propiciatório que está sobre o Testemunho, onde me ajuntarei contigo. 7 - E Arão sobre ele queimará o incenso das especiarias; cada manhã, quando põe em ordem as lâmpadas, o queimará. 8 - E, acendendo Arão as lâmpadas à tarde, o queimará; este será incenso contínuo perante o SENHOR pelas vossas gerações.

INTRODUÇÃO
Nesta lição falaremos sobre a parte interior do tabernáculo ou da tenda, chamada de lugar santo; pontuaremos detalhadamente os utensílios pertencente a este lugar; e finalizaremos destacando que cada móvel pertencente ao lugar santo aponta para uma atribuição de Cristo Jesus.

I. INFORMAÇÕES SOBRE O LUGAR SANTO
Todo o tabernáculo junto com os seus utensílios eram sagrados. No entanto, no tabernáculo propriamente dito, havia um lugar chamado de “lugar santo” (Êx 26.33). Este espaço media cerca de cinco metros de largura e de altura e dez metros de comprimento (CONNER, 2015, p. 52).

1. A primeira parte do tabernáculo. Internamente a tenda, estava dividida em duas partes: lugar santo e lugar santíssimo. O escritor aos hebreus chama de “primeiro tabernáculo” e “segundo tabernáculo” (Hb 9.6,7).

2. Um lugar de acesso restrito aos sacerdotes. O acesso ao tabernáculo era cheio de restrições. O povo comum só podia entrar até o pátio. Somente os sacerdotes podiam entrar até o “lugar santo”; já no santíssimo só entrava o sumo sacerdote, uma vez por ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7).

3. Um lugar com três utensílios importantes. No lugar santo haviam três móveis, a saber: o castiçal, a mesa com os pães e o altar de incenso, todos de ouro, embora somente o castiçal fosse completamente de ouro (Êx 30.27; 31.8).

II. O CANDELABRO E A SUA MANUTENÇÃO

1. Descrição. Em hebraico a palavra que indica o candeeiro, castiçal, candelabro ou simplesmente lâmpada que era usado no tabernáculo e posteriormente no templo de Jerusalém é “menorah” (Êx 25.31-40; 37.17-24; Zc 4.2-5,10-14).

Notemos algumas informações importantes sobre este utensílio:
1.1. Era totalmente de “ouro puro e batido” bem como os seus utensílios (Êx 25.31,36,39; 31.8; 37.24; 39.37).

1.2. Tinha sete hásteas com sete lâmpadas; uma localizada na coluna central, e três saindo de cada lado em braços separados (Êx 25.37; 37.17-22; Nm 8.2).

1.3. Seu peso era cerca de um talento (cerca de 40 a 50 kg), e segundo a tradição judaica media 1,5 metro de altura por 1,0 metro de largura de uma extremidade a outra.

1.4. Era formado de uma única peça de ouro, pelo que não havia partes separadas ou emendadas (Êx 25.31; 37.17).

A coluna ou talo central do candelabro era decorada com quatro cálices esculpidos em forma de flores de amendoeira, alternando-se entre botões e flores e cada uma das hastes laterais tinha três cálices, alternando-se da mesma forma entre botões e flores (Êx 25.31-36; 37.17-22); e, (e) uma das principais finalidades do candeeiro era trazer luminosidade na parte interior do Tabernáculo (Êx 27.20,21; Lv 24.1-4).

2. O castiçal e a sua manutenção. Arão e seus filhos deviam preparar as lâmpadas cada vez que oferecessem incenso no altar de ouro: “manhã e tarde” (Êx 30.7,8). Para que as lâmpadas permanecessem acesas era ordenado que trouxessem “azeite puro” (Êx 27.20; Lv 24.1,2). O sacerdote tinha duas tarefas diárias que não podiam ser esquecidas: manter aceso o fogo sobre o altar (Lv 6.12,13) e manter acesas as lâmpadas do candelabro dentro da tenda durante todo o dia, sendo assim, a luz não podia ser apagada em momento algum. A expressão “continuamente” aparece por três vezes (Lv 24.2-4). Era função do sacerdote: (a) aparar os pavios, retirando a parte queimada, e, (b) manter o suprimento de azeite (Êx 27.21; Lv 24.3; Nm 8.1-3). Arão usava cortadores de pavio e apagadores para cumprir suas funções sacerdotais (Êx 37.23,24) (HENRY, 2010, p. 427).

III. A MESA DOS PÃES E A SUA MANUTENÇÃO

1. Descrição. A mesa com os pães da proposição era feita de:
A. Madeira de acácia ou cetim.

B. Tinha dois côvados de comprimento (100 cm), um côvado de largura (50 cm) e, um côvado e meio de altura (75 cm), revestida ao redor com ouro puro e uma moldura de ouro em volta (Êx 37.10-12). Para a ministração na mesa da proposição, Deus estabeleceu a fabricação de alguns utensílios, que deveriam ficar sobre ela (Êx 25.29). Os pratos serviam para colocar os pães; as colheres eram cálices para colocar o incenso sobre os pães, identificando-o como sacrifício (Lv 24.7). As galhetas (tigelas) e as taças (copos), eram para armazenar e despejar o vinho (não alcoólico) em oferta de libação. Todos estes utensílios eram feitos de ouro puro (BEACON, 2010, p. 208). A parte superior da mesa descansava sobre uma armação, e em volta dela havia uma coroa ou moldura de ouro, projetando-se sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela. Na mesa havia ainda, uma argola em cada esquina para permitir que ali fossem introduzidos os varais, a fim de transportar a mesa (Êx 25.23-28).

2. A mesa e a sua manutenção. Os coatitas eram responsáveis de assar os pães da proposição de “sábado em sábado”, bem como de transportá-los quando o tabernáculo mudava (Nm 4.7; 1Cr 9.32; 23.28,29). Cada pão era feito de farinha finíssima, ou seja, a farinha de trigo da melhor qualidade. Os sacerdotes comiam dele no Lugar Santo, quando era trocado no sábado (Lv 24.7-9).

IV. O ALTAR DO INCENSO E SUA MANUTENÇÃO

1. Descrição. Deus mostrou a Moisés que este altar deveria ser:
A. De madeira de acácia (Êx 30.1).

B. Com um formato “quadrado” ou “quadrangular” e precisas medidas que equivalem a “50 cm de comprimento, 50 cm de largura e 100 cm de altura” (Êx 30.2).

C Forrado de “ouro puro” completamente (Êx 30.3); (d) deveria ter “quatro pontas”, uma em cada canto (Êx 30.2); (e) duas argolas nos cantos, para receber os varais e ser transportado junto com o tabernáculo, quando necessário (Êx 30.4; 37.25-27); e, (f) uma moldura (coroa) desenhada a volta do altar e abaixo desta (Êx 30.3-b).

2. O altar do incenso e a sua manutenção. O altar de ouro foi construído para que unicamente nele se queimasse incenso ao Senhor (Êx 30.7,8). Neste, não poderia ser oferecido incenso estranho nem ofertas de sangue, nem libações (Êx 30.9). Somente uma vez no ano, o altar do incenso era purificado com sangue de um sacrifício oferecido no altar do holocausto (Êx 30.10). Os sacerdotes tinham acesso ao altar de ouro para oferecer incenso no tempo aprazado (Êx 30.7,8).

Era neste altar que Deus se encontrava particularmente com a pessoa que, dia a dia, oferecia o incenso (Êx 30.6-b).

V. OS MÓVEIS DO LUGAR SANTO APONTAM PARA CRISTO JESUS

1. O castiçal aponta Jesus como a luz do mundo. O castiçal no seu formato prefigura o Messias. Assim como o castiçal tinha sete braços (Êx 25.31-36); do Messias procederia o Espírito com Suas sete virtudes: “E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do SENHOR” (Is 11.2). O castiçal também prefigura Cristo na sua função iluminadora. O profeta Isaías anunciou que a vinda do Messias traria luz ao mundo (Is 9.2; 60.1-2). Por ocasião do nascimento de Jesus, o evangelista Mateus afirmou que a profecia de Isaías se cumpriu: “O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou” (Mt 4.16). O apóstolo João afirmou o seguinte acerca de Jesus: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1.5). O apóstolo ainda declara em João 3.19-20: “... a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz...”. O próprio Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12 ver 9.5).

2. A mesa dos pães aponta para Jesus como o pão vivo. Os pães da proposição também apontam tipologicamente para o Senhor Jesus Cristo.

2.1. Sua perfeição moral. Como o pão da proposição não tinha em sua composição o fermento (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 419), que em alguns textos bíblicos é um símbolo da corrupção moral (Mt 16.11; Mc 8.15; 1ª Co 5.6-8; Gl 5.9), serve como figura da pureza de Jesus (Lc 1.35; 2ª Co 5.21; Hb 4.15; 1ª Pd 1.18,19).

2.2. Seu sofrimento. Para a preparação do pão da proposição, foi usada da melhor farinha obtida de grãos inteiros do trigo. Para que esse trigo se tornasse adequado, ele tinha que ser triturado até se tornar pó finíssimo. O Senhor Jesus Cristo, como trigo, foi moído (Is 53.7,10), sendo Ele o nosso pão da vida (Jo 12.24). Não menos importante, para o pão servir de alimento precisava ser assado (Lv 24.5). Sendo também esse processo uma alusão ao intenso sofrimento do Filho de Deus no Calvário (Mt 3.11; Lc 3.16; Hb 9.14; 12.29).

2.3. Sua provisão. Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.48), que se fez carne para morrer por nossos pecados (Jo 6.38,51), que sustenta os homens também no âmbito espiritual (1ª Pd 2.9; Ap 1.6). O pão da proposição prefigura “o grão de trigo” (Jo 12.24), que foi sujeitado ao fogo do julgamento divino em lugar dos homens (Jo 12.32,33). Cristo é o nosso pão espiritual, descido do céu (Jo 6.33,38,50,58), que provisionou a toda humanidade (Jo 3.16) através da fé em sua morte e ressurreição (Ef 2.8; 1ªPd 1.21), a vida eterna: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47; ver 6.54-58).

3. O altar do incenso aponta para a intercessão de Jesus. Somente os sacerdotes estavam habilitados para a queima do incenso na presença do Senhor (Êx 30.7,8), pois eles eram mediadores entre Deus e o povo (Hb 5.1). Cristo, como nosso sacerdote eterno (Sl 110.4; Hb 6.20), que está a destra do Pai (Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.12), intercede por nós (Rm 8.34; Hb 7.25). É em seu nome que oramos e obtemos a resposta (Jo 14.13,14; 16.24). Por sua morte na cruz, fomos feitos sacerdotes (1ª Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10), e com isso podemos comparecer a presença de Deus por meio da oração e sermos atendidos segundo a Sua vontade (1 Jo 5.14), em tempo oportuno (Hb 4.16).

CONCLUSÃO. Cristo é retratado no lugar santo por meio dos utensílios que nele estão: o castiçal aponta para Cristo como a luz do mundo; a mesa dos pães remete-nos a Cristo como o pão da vida; e, por fim, o altar do incenso fala-nos da contínua intercessão de Cristo pelos Seu povo.

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD, 2009.
2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
3. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
3. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
4. GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
5. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.