TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

QUEM DOMINA A SUA MENTE





TEXTO ÁUREO
Filipenses 2.5 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”

VERDADE PRÁTICA
Os substantivos “mente”, “sentimento” e “entendimento” pertencem à esfera do intelecto, que permite à pessoa aprender, desejar, pensar e agir.

LEITURA BÍBLICA
Filipenses 4.4-9. “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos. 5 Seja a vossa equidade (atitude) notória a todos os homens. Perto está o Senhor. 6 Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. 7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. 8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. 9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.”

INTRODUÇÃO. Na sequência do estudo sobre batalha espiritual, analisaremos a mente e que papel desempenha na luta contra as hostes espirituais da maldade.
- A mente humana é o campo da batalha espiritual.

- Quem nasceu de novo é nova criatura, e assim a vida cristã é norteada pelo Espírito Santo. Isso significa que nós, como cristãos, não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. A presente lição é uma reflexão introspectiva sobre a nossa maneira de viver, as nossas atitudes e as nossas decisões, e se realmente Jesus é o Senhor de nosso pensamento.

I. SOBRE A EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
1. A importância da união (1.27 – 2.4). Filipos era uma colônia do Império romano e uma das principais cidades da Macedônia.

- Paulo esteve na cidade por ocasião de sua segunda viagem missionária e ali fundou a primeira igreja europeia. Isso aconteceu na casa de uma empresária chamada Lídia, vendedora de púrpura. O apóstolo deixou a cidade por causa das pressões locais, mas o relacionamento entre ele e os filipenses continuou. Cerca de dez anos depois, Paulo escreveu de Roma a esses irmãos, por volta do ano 62 ou 63 d.C.

- Paulo foi preso em Roma (At 28.30), onde anunciava o Evangelho mediante as cadeias (1.13). Nesse contexto, a igreja de Filipos enviou uma oferta por intermédio de Epafrotito (4.18). Então Paulo escreve esta epístola aos filipenses, para lhes agradecer a oferta enviada.

- Os cidadãos viviam como romanos, respeitando as leis de Roma e pagando impostos a César. Eles gozavam da segurança e dos benefícios de serem cidadãos romanos, ainda que vivessem a uma grande distância de Roma. Semelhantemente, os cristãos filipenses eram uma “colônia” do céu. Quando Paulo escreveu “vivei de um modo digno” (v. 27), ele estava lhes dizendo para “viverem como cidadãos” de sua cidade capital: o céu:
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fl 3.20).

2. Um cidadão tem que manter um certo perfil. Como o resto do mundo saberia que os filipenses eram romanos? Eles viviam como romanos. Como o mundo saberia que eles eram cidadãos do céu? Eles teriam que viver como santos: em união, amor e serviço. O Império Romano era forte, mas no fim caiu. A unidade da cidadania cristã é parte de “um reino inabalável” (Hebreus 12.28).

3. A doutrina. O objetivo da carta não era solucionar problemas doutrinários nem de relacionamentos entre os filipenses, pois eles haviam amadurecido rapidamente.

- Acontece que, naquela ocasião, Epafrodito relatou a Paulo algumas coisas que estavam acontecendo na igreja de Filipos, dentre as quais, as rixas e discórdias existentes naquela comunidade (2.3-4), sobretudo entre duas mulheres: Evódia e Síntique (4.2).

- Enquanto Paulo estava preso por amor ao Evangelho, alguns crentes de Filipos se devoravam com discussões tolas, e faziam a obra do Senhor por vanglória ou partidarismo. Isso ainda acontece hoje. Há tanto o que ser feito. Há tantas pessoas para serem evangelizadas. Ainda que muitos se entreguem completamente ao Evangelho, como Paulo, há outros que estão sempre causando intrigas e se preocupando com mesquinharias.

- Um dos propósitos estava vinculado à amizade e ao amor recíproco do apóstolo (Fp 1.7-9; 4.1). Os problemas referentes às heresias eram periféricos. O apóstolo trata desse assunto mais como precaução. Paulo menciona os legalistas no capítulo 3, mas não era algo agudo na Igreja, visto que em Filipos nem sequer havia sinagoga (At 16.13). Isso mostra que a população judaica não era significativa na cidade. Note que seus habitantes consideravam-se romanos (At 16.21). Não havia nada de muito grave na igreja que o apóstolo precisasse corrigir.

4. O relacionamento. Havia entre os filipenses alguns problemas que são próprios da natureza humana e comuns nas igrejas ainda hoje (Fp 1.27; 2.3,14). É possível que o pedido do apóstolo para ajudar as irmãs Evódia e Síntique indique algum problema de desentendimento entre elas (Fp 4.2). O apóstolo pede que haja unidade e harmonia entre os crentes, tendo por base a humildade e o exemplo de Cristo. O apelo paulino é para que haja entre os filipenses “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.5).

5. O ensino. Filipenses é uma epístola prática, e os pensamentos teológicos aparecem casualmente, como no parágrafo teológico por excelência, no capítulo 2.5-11, e no lar celestial prometido aos cristãos, no final do capítulo 3. O sentimento de gozo e regozijo dominava os crentes de Filipos, e este é um dos temas da carta: a alegria. A Igreja de Filipos é um exemplo a ser seguido por todos; isso porque havia nela o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.

II. SOBRE A MENTE NO CONTEXTO BÍBLICO

1. O que é a mente. Mente” é a palavra grega “nous” (νους), é um substantivo que significa a mente, intelecto, mente entendimento (divina ou humana, em pensamento, sentimento ou vontade).

2. A mente como faculdade psicológica. A mente é a sede das emoções e sentimentos, do modo de pensar e sentir, disposição, inclinação moral, equivalente ao coração (Rm 1.28; 12.2; 1ª Co 1.10; Ef 4.17,23; Cl 2.18; 1ª Tm 6.5; 2ª Tm 3.8; Tt 3.5); firmeza ou presença de espírito (2ª Ts 2.2); indicando coração, razão, consciência, em oposição aos apetites carnais (Rm 7.23,25).

3. A mente como forma de pensar. A mente aparece também no Novo Testamento como uma maneira ou forma especial de pensar. A ideia nesse caso é de disposição e de atitude, tanto no sentido negativo: “estando cheio de orgulho, sem motivo algum, na sua mente carnal” (Cl 2.18 — Nova Almeida Atualizada); como positivo; “armai-vos também vós com este pensamento” (1ª Pe 4.1). Assim, ter “a mente de Cristo” (1ª Co 2.16) significa pensar como Ele.

- Pelo que se verifica, portanto, do significado das palavras nas línguas originais das Escrituras, temos que a mente é a própria individualidade do ser humano, a sua alma, pois é a alma que tem como faculdades o intelecto ou entendimento, os sentimentos e emoções como também a vontade, o “eu” interior.

- Deus criou o homem como um ser racional, dotado de intelecto, tendo, inclusive, mandado que desse nome aos animais (Gn 2.19,20), como que fazendo o ser humano descobrir que ele era dotado de inteligência e que poderia criar palavras e, com seu intelecto, dominar os demais seres terrenos.

- Deus deu ao homem, também, a capacidade de sentir, ter emoções. Tratava-se de um ser sensível, pois fora feito à imagem e semelhança de Deus, Deus que é, também, um ser sensível, um ser dotado de sentimentos.

- Por fim, Deus deu ao homem a vontade, pois foi feito um ser moral, que tem, portanto, a capacidade de escolher entre o bem e o mal, de fazer escolhas.

4. Espírito. O substantivo grego pneuma, traduzido geralmente por “espírito”, é usado ainda de forma metafórica como modo de ser, atitude, forma de pensar: “se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão” (Gl 6.1). É uma atitude ou modo de ser que reflete a forma como uma pessoa encara ou pensa sobre um assunto. Essa expressão é usada em contraste entre o divino e o meramente humano (Mc 2.8; At 17.16; 1ª Co 2.11; 5.5; Cl 2.5).

5. Coração. O coração aparece em toda a Bíblia como o centro da vida física, espiritual e mental; emotiva e volitiva. É a fonte de vários sentimentos e afeições, como alegria e tristeza (Pv 25.20; Is 65.14). O coração é a sede do pensamento e da compreensão (Dt 29.4; Pv 14.10). Seu uso metafórico aparece como a fonte causativa da vida psicológica de uma pessoa em seus vários aspectos, mas a ênfase especial nos pensamentos significa o “homem interior” (Mt 22.37; 2ª Co 9.7; Rm 2.5). Esse sentido aparece também no Antigo Testamento: “guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).

- A outra palavra traduzida por “mente” é “kilyah” “כליה...”, (um rim (como um órgão essencial); (figurado) a mente (como o “eu” interior): - rins, coração” É a palavra encontrada nos salmos.
Sl 7.9 “Tenha já fim a malícia dos ímpios; mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo Deus, provas os corações e os rins.”
Sl 26.2 “Examina-me, SENHOR, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração.”

III. AS CARACTERÍSTICAS DO HOMEM QUE TEM A MENTE DE CRISTO

1ª Coríntios 2.16 “Pois quem conheceu a mente do Senhor; para que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”.

- Esse versículo faz parte de um texto em que o apóstolo dos gentios fala aos crentes de Corinto que a mensagem do Evangelho não repousa na sabedoria humana. Porque?

1. Ele entende as coisas do Espírito de Deus - 1ª Co 2.14 “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

- O homem natural não tem a mente de Cristo. O homem natural não é capaz de compreender a verdade do Evangelho.

2. Ele tem discernimento espiritual - 1ª Co 2.15 “Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém”.

- Ele é espiritual não porque possui algo de especial em si mesmo, mas porque recebeu o Espírito Santo.

- O apóstolo Paulo chama os salvos de “homens espirituais” e afirma que tais pessoas tudo discernem espiritualmente e de ninguém é discernido (1ª Co 3.15) e a característica destas pessoas é que elas possuem a mente de Cristo (1ª Co 3.16).

3. Alimenta-se do alimento sólido - 1ª Co 3.1-2 “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. 2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais”.
Hb 5.11-14 “Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. 12 Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. 13 Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. 14 Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.”

4. Ele conhece as Escrituras - Mt 22.29 “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”.
2ª Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
Jo 5.39 “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.”
Mt 28.19-20 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”
Os 4.6 “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.”
2ª Pe 3.18 “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade.”

5. Está num processo contínuo de crescimento na graça e conhecimento - Lc 2.40 “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”.

6. Ele tem a mente renovada pela Palavra de Deus - Rm 12.2 “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
1ª Co 2.16 “Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”.

- A mensagem do Evangelho é a mensagem do arrependimento e arrependimento é “mudança de mente”, “mudança de modo de viver”, “mudança de mentalidade”, “mudança de atitudes”. O Evangelho é um convite para deixarmos a “mente cega” para termos a “mente iluminada”.

7. Ele nasceu de novo - Jo 3.3-6 “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”

- O ensino de Jesus a Nicodemos, onde é dito que para ver e entrar no reino de Deus é necessário antes “nascer de novo” e “nascer da água e do Espírito”, como também que há uma diferença entre os que são “nascidos da carne” e os “nascidos do Espírito” (Jo 3.3,5,6), nascidos estes que são como o vento, que assopra onde quer e ouvimos a sua voz, não sabendo donde vem nem para onde vai (Jo 3.8).

- Assim sendo, logo verificamos que, para ter a “mente de Cristo”, faz-se necessário nascer de novo, nascer do Espírito. A salvação em Jesus Cristo não é um mero assentimento intelectual e, sim, um renascimento espiritual (1ª Pe 1.21) que se dá na vida do pecador arrependido.
1ª Pe 1.3 “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Ef 2.5-6 “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6 E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus.”

8. Renunciar ao domínio da velha natureza - 2ª Co 5.17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

9. Manifesta os frutos do Espírito - Gl 5.22-23 “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei”.

10. Ele é maduro, perfeito, adulto - 1ª Co 13.11b. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino...”.
1ª Co 2.15 “Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém”.

11. Ele já crucificou a carne com sua paixão e concupiscência - Gl 5.24 “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências”.

12. Ele é homem cheio do Espírito - 1ª Co 14.18 “Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós”.

13. Prega a palavra de Deus não com sabedoria humana - 1ª Co 2.13 “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais”.
1ª Co 3.19 “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles”.

14. Ele é um ungido de Deus - 2ª Co 1.21 “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus”.

15. Ele anda no Espírito, anda na sua vontade - Gl 5.16, 25 “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. 25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”.

16. Anda pela fé no nome de Jesus Cristo - 2ª Co 4.18 “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”.

17. Ama a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como ele mesmo - 1ª Co 13.4-7 “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. 5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

18. Gozar de plena comunhão com Ele - Rm 8.16O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”

19. Prega no poder o Espírito Santo - 1ª Ts 1.5 “Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós”

20. O homem espiritual é um cidadão do céu - Fl 3.20 “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”
- Ele é peregrino neste mundo - João 17.16 Não são do mundo, como eu do mundo não sou.”

21. Abandonar a forma leviana de pensar, própria do mundo (Fp 4.8). “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

22. Viver em humildade - Mt 11.29. “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”

23. Ser iluminado - Ef 5.14 “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.

24. Ser a luz do mundo Mt 5.14,16 “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

25. O homem espiritual, portanto, é aquele que ama a Deus e amar a Deus nada mais é que guardar a Palavra do Senhor, fazer o que Ele manda.
Jo 14.23,24 “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. 24 Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.”
15.12-14 “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. 14 Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.”

IV. SENTIMENTO DE CRISTO
Fl 2.5 “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.”
- O sentimento que norteava a vida dos irmãos filipenses era de alegria e de comunhão. É isso que deve prevalecer na vida cristã em todos os lugares e em todas as épocas.

- A palavra sentimento no grego é φρονεῖτε φρονέω que significa: ter o entendimento, sentir, pensar, ter uma opinião própria, pensar por si mesmo), um sentimento que surgiu voluntaria e livremente em Cristo.

- A palavra sentimento vem do Latim SENTIMENTUM, é o ato ou efeito de sentir.
Ter capacidade para sentir e amar.
- Sensação psíquica, tal como as paixões, o pesar, à mágoa, o desgosto ser comovido, sensação; sensibilidade.
Faculdade de compreender; intuição; percepção. Pesar; paixão; desgosto.

1. Ter a mente de Cristo é ter os sentimentos de Cristo. O apóstolo Paulo afirma que devemos ter o mesmo sentimento de Cristo Jesus e que sentimento era este?

1.1. O sentimento de humildade, que fez com que Jesus Cristo Se humilhasse, deixando a Sua glória para Se fazer homem e, como homem, fazer-Se servo e ser obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2 6-8).

- No contexto em que descreveu o “esvaziamento” de Cristo. Paulo está a incitar os crentes de Filipos a nada fazer por contenda ou por vanglória, mas por humildade, considerando os outros superiores a si mesmo e não atentando cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp 2.3,4).

- Humildade é despojar-se de si mesmo, das virtudes que você acha que têm ou realmente têm, dos direitos, das glórias e honrarias.

1.2. Sentimento de obediência. Ter a mente de Cristo é viver para os outros, é considerar os outros, entregar-se aos outros em obediência a Deus, a ponto, inclusive, de morrer pelos outros, de se fazer maldito para o bem dos outros, que foi o que Cristo fez por nós, sem o que não nos teria salvado.

- Ora, tendo sido criado à imagem e semelhança de Deus e feito para viver em comunhão com o seu Criador, o homem deveria sempre formar uma unidade com o seu Senhor, agindo de acordo com Ele, a fim de que tivesse os pensamentos de Deus, os sentimentos de Deus e fizesse a vontade de Deus.

1.3. Sentimento de amor.
Jo 13.34-35 “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. 35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
Jo 15.12-14 “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. 14 Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.”

1.4. Sentimento de compaixão.
- O Evangelho registra que Jesus, em suas andanças “por todas as cidades e povoados”, ao ver as multidões, tinha compaixão delas “porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor” (Mt 9.35-38). Pouco adiante, Mateus volta a registrar: “Quando Jesus saiu do barco e viu tão grande multidão, teve compaixão deles e curou os seus doentes” (Mt 14.14). Jesus mesmo expressa verbalmente esse sentimento por ocasião da segunda multiplicação de pães e peixes: “Tenho compaixão desta multidão” (Mt 15.32).

- Porque Jesus não só enxergava, mas também se compadecia do sofrimento alheio, muitos clamavam e gritavam diante dele: “Filho de Davi, tem misericórdia de nós”. É o caso dos dois cegos (Mt 9.27), da mulher cananéia cuja filha estava endemoninhada e sofrendo muito (Mt 15.22), do homem cujo filho também estava endemoninhado e era jogado ora no fogo ora na água para ser morto (Mc 9.22), do cego Bartimeu, que pedia esmola numa rua de Jericó (Mc 10.47).
- A compaixão de Jesus pelo sofrimento alheio ia muito além do mero sentimento. Ele se entregava ao ministério de aliviar os outros de suas dores. O povo lhe trazia “todos os que estavam padecendo vários males e tormentos: endemoninhados, epiléticos e paralíticos” e ele os curava (Mt 4.23-25).
  
1.5. O sentimento de alegria.
- “Regozijai-vos” é uma saudação grega, mas aqui Paulo exorta os filipenses e todos os cristãos à alegria. O apóstolo acrescenta: “sempre, no Senhor”. O Senhor Jesus é a fonte inesgotável de gozo e alegria, e isso dá à saudação um sentido complemente novo. Como resultado desse estado de graça está o bom relacionamento do cristão com as demais pessoas. O termo “equidade” (v.5) é a tradução do adjetivo grego epieikés, “compreensivo, bondoso, benigno”. A Almeida Revista e Atualizada traduz por “moderação”. Essa deve ser a atitude de quem tem a mente de Cristo em relação às pessoas que nos rodeiam. É o que Deus espera de todos nós. A expressão “perto está o Senhor” (v.5) diz respeito à vinda de Jesus que se aproxima (Ap 1.3; 22.10) e nos inspira a essa moderação.

1.6. Nossa gratidão a Deus.
- Os filipenses viviam num clima de perseguição religiosa. Paulo estava na prisão. Mas nada disso era problema suficiente para roubar a alegria dos crentes: “a alegria do SENHOR é a vossa força” (Ne 8.10). Mesmo nas dificuldades, quem tem uma mente guiada por Cristo não se desespera; antes, as suas petições são levadas à presença de Deus “pela oração e súplicas, com ação de graças” (v.6).

1.7. A paz de Deus.
- O termo noema, “pensamento, mente”, diz respeito à faculdade geral de julgamento para tomar decisões, no sentido de bem ou mal, certo ou errado. A ideia dessa palavra é de entendimento da vontade divina concernente à salvação (2ª Co 10.5).

- Esse noema pode se corromper (2ª Co 11.3) e se tornar endurecido (2ª Co 3.14), a ponto de impedir a iluminação do evangelho de Cristo (2ª Co 4.4). Mas a paz de Deus na vida cristã está acima de todos os bens que uma pessoa pode adquirir e sobrepuja a todo entendimento, pois vai além da razão humana. Ela excede “os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (v.7).

CONCLUSÃO. O nosso comportamento na vida diária, no lar, na Igreja, no trabalho e na sociedade reflete o que há em nosso coração, e isso mostra por si só quem domina a nossa mente. Há pontos na fé cristã que são inegociáveis, e quem é dominado pelo Espírito não abre mão de sua fé nem cede um milímetro sequer de sua fidelidade a Deus. É esse espírito que domina a mente dos crentes fiéis em Cristo Jesus.

O PERFIL DE UMA IGREJA QUE TEM A MENTE DE CRISTO

Atos 2.42-47 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. 44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. 46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, 47 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

I. PERSEVERAVAM NA DOUTRINA

- Perseveravam é continuar; ficar permanecer.
- Doutrina no grego didache que significa: ensino, aquilo que é ensinado, ensino a respeito de algo, o ato de ensinar, instrução, fazer uso do discurso como meio de ensinar.

II. PERSEVERAVAM NA COMUNHÃO

A palavra “comunhão” vem do grego “koinonia”; do latim comunicare, comunicar.

- Segundo o dicionário estrongs comunhão é: fraternidade, associação, comunidade, comunhão, participação conjunta, relação, intimidade; oferta dada por todos, coleta, contribuição, que demonstra compromisso e prova de comunhão.

- Comunhão é orar, servir e ajudar em união. E também significa crescer, morrer e ir para o céu em união. É tudo o que fazemos juntos como família de Deus.

- Comunhão com Deus e comunhão uns com os outros são coisas que caminham unidas. É um intimo relacionamento entre duas pessoas.

- Comunhão com Deus.
Relacionamento que o crente passa a manter com Deus mediante o sacrifício de Jesus Cristo no Calvário.

- Comunhão entre os santos. [Do latim comunio sanctorum]. É o vínculo espiritual e social estabelecido pelo Espírito Santo entre os que recebem a Cristo como seu Único e Suficiente Salvador. Tendo como base o amor, esse vínculo faz com que os crentes sintam-se ligados num só corpo, do qual Cristo é a cabeça (Ef 4.1-16).

- Comunhão é: 1. Uma só alma. 2. um só amor. 3. As magoas são perdoadas. 4. Os muros de separação são derrubados.

Não haverá comunhão se não tivermos prazer gosto pelas verdades da Palavra de Deus.

III. PERSEVERAVAM NO PARTIR DO PÃO
- Certamente trata-se da ceia do Senhor. Ao participarem do pão e do cálice, lembravam-se de Cristo crucificado e da Sua vinda como Rei.

IV. PERSEVERAVAM NA ORAÇÃO
- A oração é um diálogo (do gr. Di-logo), conversa entre duas pessoas.
- A oração traz intimidade com Deus.
- A Igreja primitiva deixou-nos o exemplo da oração.
- A oração é o incenso que oferecemos ao Senhor (Lc 1.9; Ap 5.8).
- Muitos hoje estão vivendo uma vida de sequidão porque não oram mais. Não há milagres, mudanças, porque há falta de oração. (2ª Cr 7.14).

1. A oração traz.
- Cura - Tiago 5.14-15 “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.

- Santificação - 1 Timóteo 4.5 “Porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”.
- É uma ordenança - Colossenses 4.2 “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças”.

- Devemos orar sem cessar - Efésios 6.18 “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.

Ef 6.18 - “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.

V. EM CADA ALMA HAVIA TEMOR

1. Temor é o princípio da sabedoria.
1.1. Respeito, por Deus e pelos outros. É honrar a Deus como criador.
1.2. É responsabilidade com a obra de Deus.
1.3. Temor é sentir nojo pelo pecado.
1.4. Há exemplos de pessoas que perderam o temor e brincaram com Deus.
1.5. Sansão brincou com Deus e perdeu a plenitude do Espírito.
1.6. Saul desobedeceu a Deus o Espírito se retirou dele.
1.7. E ainda hoje há muitos que estão brincado com Deus. Tomando a ceia em pecado.
Sl 128.1 - “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos”!

VI. UNIDADE NO CORPO
“Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (v. 44).
- Não existe unidade sem comunhão ou vice versa.
- Unidade [do gr. henotes] - unanimidade, consentimento mútuo.
- Um só corpo (a Igreja); Uma só cabeça (Cristo).
- Apesar de a igreja primitiva ser formada de judeus, gregos e bárbaros e de suas diferença culturais e étnicas tinham unidade.

- Cada membro, neste corpo, tem uma função específica, (Ef 4.11), mas trabalham pelo bem comum.
Ef 4.11-16: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas (propósito) ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14 para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”.

Sl 133.1 - “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”.

VII. A IGREJA PRIMITIVA PRATICAVA A OBRA SOCIAL
“Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, á medida que alguém tinha necessidade” (v. 45).

1. No N.T. não encontramos nem uma ordenança que nos manda jejuar, mas a prática da assistência social é uma teologia do Velho e do Novo Testamente. Muitos crentes jejuam para receberem benção, mas quando alcançam esquecem dos necessitados.

2. A obra social é maior que o jejum.

3. O profeta Isaías escreve sobre o verdadeiro jejum bíblico (Is 58.1-10).

4. A verdadeira religião é - Tiago 1.27: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”.

- Visitar no grego episkeptomai – significa: 1. Cuidar ou preocupar-se, inspecionar, examinar com os olhos.
1a) a fim de ver como ele está, i.e. visitar, ir ver alguém.
1a1) o pobre e aflito, o doente.
1b) tomar em consideração a fim de ajudar ou beneficiar.
1b1) ser responsável por, ter cuidado de, prover para: de Deus.
1c) procurar por (olhar em torno), selecionar (alguém para escolher, empregar, etc.).

VIII. AMOR A CASA DE DEUS
V. 46. “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa....”.

1. Unânimes: [do grego homothumadon] que significa: com uma mente, de comum acordo, com uma paixão.

1.1. A palavra unânimes é usada 10 de suas 12 ocorrências no livro de Atos. Ajuda-nos a entender a singularidade da comunidade cristã.

1.2. Homothumadon é um composto de duas palavras que significam “impedir” e “em uníssono”. A imagem é quase musical; um conjunto de notas é tocado e, mesmo que diferentes, as notas harmonizam em grau e tom. Como os instrumentos de uma grande orquestra sob a direção de um maestro, assim o Santo Espírito harmoniza as vidas dos membros da igreja de Cristo.

2. Davi tinha prazer de na casa de Deus. Sl 122.1: “Me alegrei quando me disseram vamos à casa do Senhor”.

- Davi tinha prazer, a igreja primitiva tinha prazer e sabiam que na casa do Senhor eram abençoados e Deus lhes respondia.

- Quando o crente perde o prazer de vir à casa de Deus tem algo errado.

2.3. Na casa de Deus Ana orou e Deus lhe abençoou.

2.4. Josafá buscou socorro e Deus lhe socorreu.

2.5. Tem compromisso com Deus e Sua obra.

2.6. Não existe comunhão se deixarmos a casa do Senhor por qualquer coisa.

IX. ADORAÇÃO - TINHAM O VERDADEIRO LOUVOR
V. 47. “Louvando a Deus e contando com simpatia de todo o povo...”

1. Louvor [do grego aineo], significa: elogiar, honrar, engrandecer.

- Louvar é expressar o amor de Deus em nossas vidas. É agradecer e engrandecer aquele que merece toda honra e louvor. Não estamos aqui para agradar uns aos outros, mas para adorar ao Senhor Criador do universo na beleza da Sua santidade.

- O louvor nos aproxima de Deus, nos enche da plenitude do Espírito e um crente cheio da plenitude os demônios se sujeitam.

- Louvar com instrumentos, com cânticos, com salmos, com palmas com coreografia etc.

- Quando Saul se encontrava perturbado pediu a seus servos que:
Sm 16.17: “Disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que saiba tocar bem e trazei-me”.

X. UMA IGREJA SIMPLES
“...e contando com simpatia de todo o povo...”

A palavra simpatia no grego aphelotes, significa simplicidade, singeleza.

Simples como uma pomba.

Conclusão. Ter a mente de Cristo é pensar como Jesus pensava, Jesus pensava só na Palavra, Ele vivia, pensava e agia de acordo com a Palavra de Deus. Portanto nós Cristãos podemos e temos que ter a mente de Cristo, pois esta é a vontade de Deus para todos os filhos Dele.

- Ter a mente de Cristo não exige sacrifício nosso, pelo contrário é um prazer para nós, pois isto se adquire tendo intimidade com o Senhor, e esta intimidade vem através da nossa entrega total as coisas de Deus.

- Podemos verificar na Palavra de Deus que Jesus possuía características que vinham da Palavra, pois Ele próprio é a Palavra de Deus, é o verbo (Palavra) que se fez carne.


Pr. Elias Ribas

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE NOSSO ADVERSÁRIO SE RETIRE



Tiago 4.7 “Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós”.

INTRODUÇÃO. Sujeição é uma característica do que não se rebela, que acata, recebe e obedece.
A igreja deve estar sujeita a Cristo e Sua Palavra assim como a esposa a seu marido:
Efésio 5.24: “Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos”.

I. HUMILHAR
Tg 4.6: “Todavia, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes”.
Mt 11.28: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas”.
Mt 5.3: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”.
Fl 2.3: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”.
Mt 23.11: “O maior dentre vós será vosso servo”.
João 13.15-16: “Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.    16 Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou”.

II. PURIFICAR
Tg 4.8: “Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações”.
1ª Co 5.7: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.
Ef 5.26: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”.
1ª Tm 1.5: “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida”.

IV. ESTAR FIRMADO NA FÉ
1ª Pedro 5.8: “Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar”.
1ª Tm 1.19: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé”.
Ap 3.11: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.
2ª Tm 4.7: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.

V. OBEDIÊNCIA
 1. A Palavra.
Mateus 7.24-27: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. 25 E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. 26 Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27 E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda”.

2. A verdade.
1ª Pe 1.22: “Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro”.

III.DEIXAR JESUS SER O ÚNICO JUIZ DE TUA VIDA
V. 12: “Há um só legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir; tu, porém, quem és, que julgas ao próximo”?
João 7:24: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”.
Mateus 7.1-5: “Não julgueis, para que não sejais julgados. 2. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 4. Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5. Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.
Lucas 6.37-38: “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. 38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”.
Romanos 2.1-3: “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. 2. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. 3. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus”?

CONCLUSÃO. Para o Diabo fugir de vós é necessário sujeira a Deus com:
1. Fé.
2. Humildade.
3. Com obediência.
4. Limpos; lavados; purificado; e acima de tudo não julgues os outros.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO


TEXTO ÁUREO
“Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. (Tg 4.7)

VERDADE PRÁTICA
O Senhor Jesus provou na tentação do deserto que o Diabo não é invencível.                    
    
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 4.1-10 “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? 2 Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis. 3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. 4 Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. 5 Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? 6 Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes. 7 Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. 8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração. 9 Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza. 10 Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.”

INTRODUÇÃO. Nesta lição aprenderemos sobre a expressa necessidade de se resistir um inimigo em comum à fé cristã, a saber, o Diabo; inicialmente pontuaremos algumas informações sobre a epístola do apóstolo Tiago; destacaremos à luz desta carta que o crente deve também resistir os prazeres da carne e do mundo, e por fim, elencaremos razões pelas quais devemos resistir a Satanás e como isso pode ser feito.

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Autoria. O autor desse livro se identifica na saudação inicial como Tiago (Tg 1.1). Seu nome no grego é “Yakobos” é uma transliteração do conhecido nome hebraico do Antigo Testamento “Jacó”. A maioria dos estudiosos da Bíblia aponta este Tiago como o meio irmão do Senhor Jesus Cristo (Mt 13.55; Mc 6.3; Gl 1.19). Ele era chamado de “o Justo”, por causa de sua estrita aderência à santidade cerimonial judaica e de sua austera maneira de viver. A tradição diz que sofreu martírio por apedrejamento, pelas mãos do sumo sacerdote judeu Anano em 61 d.C. (CHAMPLIN, 2004, p. 426).

2. Destinatários. A única indicação direta no livro que possivelmente sugere quem foram os leitores encontra-se no prefácio: “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na dispersão, saudações” (Tg 1.1).

Tradicionalmente a frase, “às doze tribos”, era usada para indicar toda a nação judia (At 26.7). Mas considerando que toda a nação judia, por mais espalhada que estivesse na Diáspora (dispersão), não poderia ser considerada como existindo fora da Palestina, parece indicar que o significado da frase é simbólico. Tiago estava escrevendo a toda a igreja, considerada como o Novo Israel (Gl 3.7-9; 6.16; Fp 3.3), dispersa por um mundo estranho e hostil (1ª Pe 1.1,17; 2.11; Fp 3.20; Gl 4.26; Hb 12.22; 13.14) (MOODY, sd, p. 03).

3. Curiosidades acerca dessa epístola. É muito provável que ela tenha sido o primeiro livro do NT a ser escrito. Embora contenha apenas duas referências nominais a Cristo, há nela mais alusões aos ensinos de Jesus do que todas as demais do NT. A carta de Tiago possui fortes semelhanças com o Sermão do Monte e outras pregações de Jesus (Tg 1.22 e Mt 7.21,26; Tg 2.10 e Mt 5.19; Tg 2.13 e Mt 5.7; Tg 3.18 e Mt 5.9; Tg 4.5 e Mt 6.24; Tg 4.12 e Mt 7.1; Tg 5.2 e Mt 6.19; Tg 5.12 e Mt 5.34,37). É bom conferir também a posição semelhante de Jesus e Tiago em relação a pobres e ricos (Lc 6.24s; 16.19-25). O autor é considerado como o profeta Amós do NT por tratar com firmeza a injustiça e as desigualdades sociais (Tg 2.1-9; 5.1-6).

II. O CRISTÃO RESISTINDO OS PRAZERES DA CARNE
Uma palavra usada com frequência pelo apóstolo Tiago nesta epístola é o verbo resistir (Tg 4.6,7; 5.6), entre outros o termo usado é: “anthistemi”, que quer dizer: “colocar-se contra, opor-se, batalhar contra”, mostrando a necessidade do cristão não se deixar vencer pelos inimigos da caminhada cristã que geram lutas e conflitos (Tg 4.1). Pelas palavras, o apóstolo deixa claro que havia divisões e disputas carnais entre os crentes. Ele nos fala sobre alguns desses conflitos que estavam acontecendo no seio da igreja e que devem ser resistidos.

1. Conflitos pessoais (Tg 4.1). Tiago nos mostra que a fonte dos conflitos exteriores surgem de dentro do próprio homem (Tg 4.1-b) veja também (Mt 15.18,19; Mc 7.20-23; Gl 5.20). A palavra “prazeres” não significa necessariamente paixão sensual; nesse caso, é apenas cobiça. A cobiça está em operação nos membros do corpo e estimula a carne e gera problemas” (WIERSBE, 2008, p. 765). A carne é a natureza caída, isto é, as paixões, os desejos e apetites desordenados que nela residem (1ª Co 10.13; Tg 1.14,15; Gl 5.16-21). Paulo exorta-nos a entregar os membros de nosso corpo ao Espírito Santo, a fim de não cumprimos os desejos da carne (Rm 6; Gl 5.16-26; Ef 4.22-30).

2. Conflitos interpessoais (Tg 4.1,2). As causas das guerras e contendas não são meramente econômicas ou intelectuais, mas morais. Como não havia nenhuma guerra civil nessa época, Tiago parece considerar principalmente a ideia de “brigas pessoais e ações judiciais, rivalidades e facções sociais e controvérsias religiosas” (BRUCE, 2009, p. 2157).

Em Tiago 4.1 a expressão “guerra” no grego “polemos” refere-se a “querelas e rixas”, enquanto “contendas” no grego “machai” traduz-se como “conflitos e batalhas”. O apóstolo tinha em mente não as guerras entre as nações mas as discussões e divisões entre os próprios cristãos. A Bíblia exorta-nos a viver em comunhão, unidade e diante de possíveis questões e desentendimentos praticar o perdão (Sl 133; 2ª Co 13.11; Ef 4.2; Fp 2.1-4; Cl 3.13).

III. O CRISTÃO RESISTINDO O MUNDO
Tiago assim adverte: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). O apóstolo não faz referência aqui ao adultério físico, mas sim ao espiritual. Todo o conceito está baseado na ideia do Antigo Testamento que apresenta ao Senhor como o marido de Israel e a Israel como a esposa do Senhor (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2). Neste mesmo sentido espiritual o Novo Testamento fala de “geração má e adúltera” (Mt 12.39; 16.4; Mc 8.38). Esta figura foi introduzida no pensamento cristão com o conceito da Igreja como esposa de Cristo (2ª Co 11.2; Ef 5.24-28; Ap 19.7; 21.9). “Esta forma de expressão pode ofender a sensibilidade contemporânea, mas a figura de Israel como esposa de Deus, e da Igreja como esposa de Cristo têm em si mesmo algo de precioso. Significa que desobedecer a Deus é como quebrar os votos do matrimônio” (MOODY, sd, p. 118).

A Bíblia diz qual deve ser o comportamento do cristão em relação ao mundo:
1. Não ganhar o mundo às custas da alma (Mt 4.8-10; Mt 16.26).

2. Não ser do mundo (Jo 15.19; 17.14,16).
3. Ser crucificado para o mundo (Gl 5.24; 6.14).
4. Brilhar como a luz no mundo (Mt 5.13-16; Fp 2.15); (e) negar os desejos mundanos e viver justamente (Tt 2.12; Tg 1.27).
5. Não ser amigo do mundo (Tg 4.4).
6. Escapar da corrupção do mundo (2ª Pe 1.4; 2.20).
7. Não amar o mundo nem as coisas que há nele (1ª Jo 2.15-17).
8. Ser como Cristo no mundo (1ª Jo 4.17).
9. Vencer o mundo com a fé (1ª Jo 5.4-5).
10. Não se conformar com o mundo (Rm 12.1,2).


IV. O CRISTÃO RESISTINDO O DIABO
1. A identidade do inimigo. Embora Tiago tenha anteriormente enfatizado a tendência maligna da própria pessoa como responsável pelo pecado (Tg 1.14), aqui ele admite a atuação de um ser maligno sobre-humano como agente externo do mal (Tg 4.7). Sobre esse adversário Pedro afirmou: “…porque o diabo, vosso adversário… (1ª Pe 5.8; ver Tt 2.8), adversário do grego: “antidikos” de “anti”, “contra” e “dike”, uma causa ou demanda legal, traz a ideia de um opositor um inimigo (Lc 18.3).

A palavra “diabolos” é usada na Septuaginta (versão grega do AT) como tradução do termo “Satanás”, assim, esses dois títulos, têm significados idênticos (Ap 20.2), e sugerem que um dos propósitos básicos do inimigo, é separar o homem de Deus (2ª Co 11.3).

2. As estratégias do inimigo. O apóstolo Paulo asseverou que: “precisamos ficar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego “metodeia”, que significa: “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas, ele pesquisa meticulosamente (Jó 1.7; 2.2) em busca de nossos pontos vulneráveis (Zc 3.1,3), e não hesita em buscar brechas em nossa vida espiritual “…anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pd 5.8), ele age insistentemente para nos levar a pecar contra Deus (Gn 39.10; Ne 6.4,5,13), não desistindo facilmente (Mt 4.1-11; ver Lc 4.13).

3. As armas de resistência ao diabo. Satanás não é para ser temido, mas resistido de modo que qualquer que seja o poder que diabo possa ter, o cristão pode estar absolutamente certo de que recebeu a capacidade para vencer tal poder, condicionados a algumas atitudes.

3.1 Sujeição e comunhão com Deus (Tg 4.7,8-a). A ordem do verbo “sujeitai-vos” exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de alguém. Para manter-se firme diante do diabo, o crente precisa estar prostrado diante do Senhor. A única maneira eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões da nossa própria carne, é nos rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1ª Pe 5.8,9). Esta segunda ordem: “chegai-vos a Deus…” (Tg 4.8-a) indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa reciprocidade de Deus: “…ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).

3.2. Santidade e humildade (Tg 4.8,10). A santificação posicional ocorre no ato da salvação quando fomos purificados pelo poder da palavra (At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, o Senhor espera de todo cristão uma purificação pessoal (santificação progressiva), prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; 2ª Co 7.1; 1ª Ts 4.3; Hb 12.14). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp 2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura: “humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10); “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” (1ª Pe 5.6).

3.3. Fidelidade e prudência (1ª Pe 5.8,9). Na batalha contra o diabo devemos estar munidos do escudo da fé: “tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16), para resisti-lo firmemente: “ao qual resisti firmes na fé” (1ª Pe 5.9), não podemos acreditar nas mentiras de Satanás nem dar crédito às suas falsas promessas (Gn 3.4,5). Sobre essa batalha Pedro também advertiu: “Sede sóbrios e vigiai …” (1ª Pd 5.8), as palavras sobriedade e vigilância mostram o equilíbrio e a prudência que devem reger os soldados dessa guerra contra o diabo. Precisamos agir como o governador Neemias, que, em tempo de ameaças, colocou metade de seus homens empunhando as armas e a outra metade trabalhando (Ne 4.16), precisamos manter os olhos abertos.

CONCLUSÃO. Apesar dos ataques de Satanás contra os servos de Deus, temos em Cristo a graça necessária para resisti-lo, certos de que, em conservarmos a nossa vida diante do Senhor, o diabo não poderá nos vencer, antes, fugirá de nós.

FONTE DE PESQUISA
1. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
2. LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.
3. MOODY, D. L. Comentário Bíblico de Tiago. PDF.
4. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. GEOGRÁFICA.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

POSSESSÃO DEMONÍACA E A AUTORIDADE DO NOME DE JESUS




Texto Áureo
“E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.” (Lc 10.17)

Este texto áureo é importantíssimo, porque encerra algumas verdades:

Nada podemos fazer contra as hostes malignas, a não ser em nome de Jesus. Não há meio termo, prática, fórmula, objeto sagrado que possa fazer isso por nós. É só através de seu nome. Do contrário, podemos até ser envergonhados como os filhos de Ceva (At 19.14ss).

Em decorrência disso, a expulsão de demônios não pode glorificar o homem. Ninguém pode se engradecer ou creditar qualquer mérito a si mesmo, neste particular.

Jesus não reprovou a alegria por conta da libertação de oprimidos. Isso é possível, só não podem se tornar alvo de teatro ou chacota, muito menos de simonia (compra e venda do sagrado).

A sujeição de demônios ao poder de Cristo é resultado da pregação da Palavra de Deus. Jesus não enviou, a priori, os setenta para expulsar demônios. Leia os versículos iniciais do capítulo 10 e entenderás isto. À medida que pregavam milagres ocorriam e demônios eram expulsos. Não somos exorcistas profissionais.

O fato de que demônios são expulsos não pode se sobrepor à salvação. O próprio Jesus disse que no último dia, muitos dirão: “Em teu nome expulsamos demônios!”, mas não poderão entrar no reino de Deus (Mateus 7.22,23).

Verdade Prática
O relato do endemoninhado gadareno mostra a soberania absoluta de Jesus Cristo sobre o Diabo e seus demônios.

Marcos 5.2-20 “E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo, 3 o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender. 4 Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar. 5 E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes e pelos sepulcros e ferindo-se com pedras. 6 E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. 7 E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes. 8 (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.) 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. 10 E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província. 11 E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. 12 E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. 13 E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil) e afogou-se no mar. 14 Os que tratavam dos porcos fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então o povo saiu para ver o que tinha acontecido. 15 Aproximando-se de Jesus, viram o endemoniado, o que antes estava dominado pela legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram. 16 Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoniado e também falaram a respeito dos porcos. 17 E começaram a pedir com insistência que Jesus se retirasse da terra deles. 18 Quando Jesus estava entrando no barco, aquele que antes estava possuído pelos demônios pediu com insistência que Jesus o deixasse ficar com ele. 19 Jesus, porém, não o permitiu; ao contrário, ordenou-lhe: — Vá para a sua casa, para os seus parentes, e conte-lhes tudo o que o Senhor fez por você e como teve compaixão de você. 20 Então ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.”

Objetivos Específicos
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

1) Destacar a possessão demoníaca e sua harmonização na narrativa bíblica.

É preciso enfatizar a realidade desta possessão, destacando rapidamente as razões que levam à isso, tais como: pecado, distanciamento de Deus, envolvimento com rituais espirituais demoníacos, heresias, etc. Para Jesus aquele cenário era muito mais uma arena de luta de que uma plácida discussão filosófica ou teológica.

2) Conceituar legião demoníaca.

Enfatize que legião romana era um grupo de até 6.000 soldados. Sendo que no tempo de Augustus (27 a.C. – 14 d.C) esse número chegava a 6.826 homens. Sendo 6.100 soldados a pé e 726 montados em cavalos. Esta formação favorecia o deslocamento do exército. A legião era a mais rápida força de guerra de sua época, atuando com escudo e espadas curtas, a chamada infantaria, e funcionava dividida em coortes (vide imagem abaixo).

Na frente iam os soldados mais jovens, no meio os adultos e logo atrás os mais velhos. Para escapar das flechas os soldados ensaiavam uma formação que unia todos os escudos, tornando-a impenetrável ao exército inimigo, chamada testudo. Além das espadas levavam a balista que atirava pedras e o scorpio que jogava flechas. Há duas palavras chave para o sucesso da legião: disciplina e estratégia. A legião demoníaca, por sua vez, possui um conjunto ilimitado de armas para atacar por todos os lados.

Atenção! Isto não quer dizer que aquele homem tinha 6.000 demônios. Qualquer grande quantidade de soldados era por vezes chamada de legião.

3) Expor o poder de Jesus sobre os demônios.

Exponha rapidamente (uma vez que será desdobrado mais adiante) o poder de Cristo sobre os demônios. “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.16,17). Então, toda a criação está subordinada voluntária ou involuntariamente a Cristo.

4) Analisar o comportamento dos porqueiros e do povo.

Exponha rapidamente (uma vez que será desdobrado mais adiante) o comportamento negativo dos porqueiros e do povo para os quais era mais importante que aquele homem continuasse como escravo do Diabo.

INTRODUÇÃO. O relato do endemoninhado gadareno encontra-se também em Mateus e Lucas, com algumas variações. O fato revela informações sobre a possessão demoníaca e o poder absoluto de Jesus sobre todo o reino das trevas. É o prenúncio da vitória final de Cristo sobre Satanás e seus anjos. E não somente isso, mas também uma prova viva de que podemos confiar em Jesus.

É indispensável contextualizar porque Jesus havia chegado em Gadara. Lendo o capítulo 4 de Marcos vamos entender que sua intenção inicial era atravessar o Mar da Galileia e chegar na outra margem. Este mar está, em média, 210 m. abaixo do nível do mar Mediterrâneo. A maior profundidade da sua água é de cerca de 48 m. De Norte a Sul, esta massa de água tem o comprimento aproximado de 21 km, com uma largura máxima de 12 km. Dependendo da estação, as águas cristalinas do mar da Galileia variam de cor, desde o verde até o azul, e a temperatura média da água oscila entre 14°C em fevereiro e 30°C em agosto. Sua fonte primária de alimentação é o rio Jordão. Na Bíblia é chamada de lago de Genesaré, Quinerete ou mar de Tiberíades.

O mar da Galileia é praticamente cercado por colinas e montes, exceto pelas planícies que beiram o Jordão. Sua região norte é ocupada por uma massa de grandes rochedos de basalto. No Sul da cidade de Tiberíades, na margem ocidental, existem fontes quentes de enxofre, há muito famosas por suas propriedades medicinais. É navegável em toda sua extensão e há muitos pescadores em suas águas. Como está numa região de depressão são comuns tempestades e mudanças atmosféricas radicais. Foi o palco de grandes preleções de Jesus e suas margens testemunharam grande parte de seu ministério terreno.

Mas agora retornemos a Marcos 4. Jesus está cansado e dorme, quando no Mar da Galileia levanta-se um grande temporal. As águas revoltas ameaçam inundar o barco e os discípulos, boa parte deles homens experimentados na pesca, estão atemorizados. Gritam por Jesus para que os socorra. O Mestre primeiro os repreende pela falta de fé, depois ordena que o mar se aquiete e o vento se cale. O termo grego para a bonança que se seguiu – galênê (Marcos 4.39) – descreve um mar tão calmo que se podia olhar em suas águas como um espelho!

Essa calma, porém, lhes levou para o lado sudeste do lago. Observem! Não era para onde Jesus queria ir. Tanto que mal tocou na praia e liberto o endemoninhado, fez-se ao mar e foi pra outro lugar. Ele queria passar ali somente para libertar aquele homem e torná-lo um missionário! O primeiro a evangelizar o que hoje é a Jordânia!

I. A POSSESSÃO MALIGNA
1. Harmonização nas narrativas. Mateus afirma que foram dois endemoninhados (Mt 8.28). Mas Marcos e Lucas registram apenas um (Mc 5.2; Lc 8.27). Os pormenores descritos em Marcos são de um só, razão pela qual a narrativa está concentrada nele. Marcos e Lucas registraram apenas o mais violento e o mais feroz deles. O outro detalhe é que Mateus apresentou apenas um resumo do episódio, pois a sua ênfase é a autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos. Mateus omite o fato de o porta-voz dos demônios se identificar como “legião” e também o desejo de o gadareno, após sua libertação, seguir a Jesus.

Muitas explicações já foram tentadas para harmonizar estas narrativas. Nos casos desta natureza devemos sempre levar em conta a perspectiva do narrador. Cada um dos evangelistas escreve com um objetivo, um destinatário, um estilo. A inspiração plenária das Escrituras (2ª Tm 3.16) não exclui a personalidade do escritor e sua cosmovisão (1ª Co 7.12). A partir desta premissa o escritor escolhe o que deseja enfatizar na narrativa ou até omiti-la. Mateus escolheu os dois endemoninhados, enquanto Marcos e Lucas enfatizam o mais agressivo e interativo.

Mas não só isso: escolheu encolher seu relato! Enquanto usa seis versículos para descrevê-lo, Marcos usa 19 e Lucas 14. João nem a menciona! O famoso diálogo de Jesus com o gadareno é notavelmente omitido por Mateus. Isso não o desmerece. É fruto da sua intenção de destacar o relato para os judeus. A ênfase, portanto, deve ser na história como um todo.

Muitos críticos da Palavra de Deus adoram dar relevo a tais discrepâncias. Eles esquecem que estas aparentes disparidades conferem autenticidade ao texto sagrado, pois mostram que houve total espontaneidade dos escritores em relatar a história como a compreendiam. Norman Geisler relata em seu livro Não tenho fé suficiente para ser ateu, que o Novo Testamento possui cerca de 5.700 manuscritos e mais de 9.000 outros materiais em línguas antigas, além de fragmentos dos mais diversos. Já Josh McDowell em suas palestras relata encontrar fragmentos de Marcos datados por volta do ano 150 d.C., em máscaras mortuárias egípcias, exatamente com o texto que temos hoje.

2. A opressão. Os demônios aparecem como agentes de Satanás causadores de males, dando às suas vítimas características típicas, como força sobre-humana (Mt 8.28; 17.15; At 19.16), poder de adivinhar (At 16.16) e conhecimento sobrenatural (v.7). Eles atacam suas vítimas e, ao possuí-las, dominam suas faculdades mentais, levando-as à demência (Mt 4.24; 17.15) e às vezes incapacitando-as de falar e de ver (Mt 9.32; 12.22).

Confesso nunca ter percebido que Mt 12.22 fala de um home cego pela ação demoníaca. Acrescentei esse conhecimento com a lição. Mais uma vez entra em cena o famoso ensinando e aprendendo… Assim, além da cegueira mental e espiritual, historicamente observada pela ação maligna no mundo (2ª Co 4.4), temos um caso de cegueira física. Isso mostra que na progressão da possessão não sofrem somente a alma e o espírito, mas o corpo. Não à toa vemos, por exemplo, verdadeiros zumbis na prostituição e nos vícios em geral, destruindo a criação divina. Afinal, o inimigo veio para roubar, matar e destruir (João 10:10). O outro lado da questão é quão real é a opressão e a possessão no mundo!? Não obstante a atmosfera religiosa de Israel, ela estava por toda parte.

3. Um quadro estarrecedor. O endemoninhado gadareno vivia nos sepulcros, desnudo, e era tão violento que nem mesmo os grilhões e as cadeias podiam detê-lo. Corria pelos montes e desertos e se feria com pedras. O fato de procurar viver nos sepulcros já era uma demonstração de sua total anomalia. O comportamento violento e sobrenatural do gadareno, para sua própria destruição, e para a perturbação de seus vizinhos, revela a natureza destruidora de Satanás.

II. A LEGIÃO DEMONÍACA
 1. Uma legião. Jesus perguntou como o espírito imundo se chamava, ao que ele respondeu: “Legião é o meu nome, porque somos muitos” (v.9). Uma legião romana era constituída por 6.000 soldados. Ainda que o número de demônios não seja exato, ou que Legião seja uma identidade, eles eram muitos. Eles são numerosos e poderosos, organizados e batalham sob uma mesma bandeira, a de Satanás.

Como já falamos, o termo legião não quer dizer, a priori, que o endemoninhado tinha 6.000 demônios. Esta explicação está no próprio texto – “porque somos muitos”. Infelizmente, alguns expositores insistem em dramatizar essa conta… Outro senão é que demônios são seguidores do pai da mentira (Jo 8:44), logo não é impossível que na ocasião tenha afetado poder se referindo a um número elevado com a finalidade de impressionar.

Quanto à organização Paulo utiliza mais um termo de guerra quando fala dos dominadores deste mundo tenebroso: kosmokratóras (Ef 6.12). Ele tomou a palavra emprestada das mesas de estratégia do império, nas quais os generais se reuniam para decidir os rumos das batalhas.

2. Expulsar e não dialogar. Alguns procuram estabelecer diálogo com os demônios porque Jesus perguntou ao espírito imundo qual era o seu nome. Isso é visto com frequência nos movimentos neopentecostais pela mídia televisiva. “Expulsai os demônios” (Mt 10.8). Esta é a ordem que recebemos do Senhor, e não de manter diálogo com eles. O Diabo é o pai da mentira (Jo 8.44). Ninguém deve acreditar nem ficar impressionado com as declarações dos demônios, porque eles são mentirosos. Isso ocorreu porque o demônio era obrigado a confessar publicamente quem era o responsável pela miséria do gadareno.

É deplorável o teatro em torno das expulsões de demônios como já falamos. Igrejas neopentecostais e até pentecostais abusam de rituais e entrevistas com demônios e toda uma parafernália para dar visibilidade a tais situações. Além de ser um verdadeiro show de horrores ainda tripudiam sobre a escravidão espiritual das pessoas. É um comportamento que deve ser veementemente repudiado por líderes sérios.

3. A presença de Jesus. O poder e a presença de Jesus incomodam o reino das trevas. O espírito imundo perguntou: “Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mt 8.29). Isto mostra que a presença de Jesus é um tormento para o reino das trevas e também que esse encontro serviu como prenúncio da condenação final do Diabo e seus anjos (Mt 25.41).

III. O PODER DE JESUS
 1. Os demônios sabem quem é Jesus. O relato da possessão do gadareno e de sua libertação é uma amostra do poder absoluto de Jesus até sobre todo o reino das trevas. Os próprios demônios sabem quem é Jesus (At 19.15) e conhecem a sua procedência: “Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus” (Mc 1.24). Eles têm medo de Jesus e estremecem diante dEle (Tg 2.19). Jesus veio para desfazer as obras do Diabo (1ª Jo 3.8). Os demônios sabem que há um tempo determinado para o juízo divino sobre as hostes infernais e temem por isso.

Causa-nos verdadeiro espanto o tratamento dos demônios neste episódio a Jesus. Tanto Marcos quanto Lucas registram que o endemoninhado veio e adorou a Cristo. Não só isso reconheceram que tem poder para fazê-los perecer no Inferno onde serão atormentados dia e noite. Vieste nos atormentar antes da hora? Foi a expressão de pavor diante de Jesus! Por outro lado, é simplesmente terrível que demônios reconheçam sua autoridade enquanto seres humanos o ignorem!

2. A soberania de Jesus. Nessa passagem, vemos que aqueles demônios, ou pelo menos o porta-voz deles, suplicando, pediram três coisas: que Jesus não os mandasse para outra região (v.10), que não os mandasse para o abismo antes do tempo (Mt 8.29), e que lhes permitisse entrar na manada de porcos que passava pelo local na ocasião (vv. 11,12). Os demônios não são nada diante do Senhor Jesus. Marcos parece mostrar Satanás e seus demônios como inconvenientes, e não como seres todo-poderosos diante de Jesus (Mc 1.23-26, 34; 3.11). O inimigo de nossa alma não pode fazer o que quer (Jó 1.12; 2.4-5). Os demônios fizeram esses pedidos porque não podiam resistir ao poder de Jesus.

Neste ponto cabe-nos chamar a atenção para uma distinção entre a vontade diretiva de Deus e sua vontade permissiva. Na primeira ele determina e as coisas acontecem. Na segunda ele permite que suas criaturas exerçam seu livre arbítrio ainda que isso contrarie sua vontade. Entretanto, ao final de tudo sua vontade diretiva entrará em ação.

Não podemos imaginar que Jesus tenha condescendido com o mal. Há ainda situações em que males permitidos redundam em glória a Deus. Foi nesta intenção que os demônios infestaram a manada de porcos.

Preste atenção a outro detalhe: eram dois mil porcos. Como foi a divisão (se é que existiu)? 6.000 demônios / 2.000 porcos = 3 demônios pra cada porco? Essas contas não se sustentam à luz da lógica. Portanto, devemos relevá-las e não perder tempo com elas. Assim como um só anjo feriu 185.000 assírios para cumprir uma determinação divina, um só demônio poderia pôr a perder aquela manada.

Por fim, lembre-se que os porcos não permaneceram vivos. O cálculo de Jesus é que estariam perdendo de qualquer forma.

3. A libertação do oprimido. A extraordinária libertação do gadareno logo chamou a atenção do povo. Muita gente se reuniu para ver o que havia acontecido, pois a cura repentina do endemoninhado era algo espantoso. Encontraram o homem em perfeito juízo, vestido e junto com Jesus (Lc 8.34-36). Glorificamos a Deus quando vemos pessoas oprimidas pelo maligno sendo libertadas pelo poder de Jesus. Ele nos delegou essa tarefa (Mt 10.8; Lc 10.19,20).

No Novo Testamento endemoninhados são curados, não apenas libertos. Jesus promovia uma reabilitação completa. Geralmente, pessoas que estão possessas se alheiam da família, da vida, do trabalho, da convivência rotineira com as outras pessoas. Precisam retornar a isso. Tanto Marcos quanto Lucas revelam os detalhes dessa reabilitação: a) Estava assentado tranquilamente; b) Vestido como os demais e c) Em perfeito juízo (Mc 5.15; Lc 8.35). Logo em seguida, ele pede para seguir Jesus, mas este lhe recomenda voltar e reencontrar os seus.

Por vezes, as igrejas promovem libertações, mas as dores da alma permanecem. Noutras os libertos nem trataram seus antigos laços e já estão dando testemunho pra lá e pra cá. Tais pessoas precisam de acompanhamento, de discipulado e desfazer completamente as circunstâncias que ocasionaram sua possessão.

IV. OS PORQUEIROS
 1. O local do acontecimento. Segundo Mateus, o fato aconteceu na “província dos gadarenos” (Mt 8.28); no entanto, Marcos e Lucas falam da província ou terra “dos gerasenos” (Mc 5.1; Lc 8.26, Nova Almeida Atualizada). Gadara situava-se a oito quilômetros do lago de Genesaré, nome alternativo do mar da Galileia; e Gerasa, a atual Jeras, na Jordânia, ficava a cerca de 50 quilômetros. Ambos os territórios faziam parte da região de Decápolis, a leste da Galileia (Mc 5.20). Segundo o historiador Josefo, o território de Gadara se estendia até o lago da Galileia. Moedas daquele tempo trazem o nome de Gadara com o desenho de um barco impresso.

O texto traz a palavra chôran, que significa região, distrito, portanto engloba toda a área onde Jesus estava. Há uma outra localidade mais favorável ao relato do despenhadeiro. É a moderna Kursi. O único lugar com uma parede rochosa íngreme ao longo da costa oriental do Mar da Galileia. Recentemente foi encontrada uma placa em hebraico que denuncia a presença judaica na região desde tempos remotos. Ainda que na época de Jesus era uma população mista que ali habitava.

2. Sobre a manada de porcos. A população de Decápolis era mista, composta por judeus e gentios. A criação de porcos não era permitida aos judeus; por isso, é provável que o porqueiro fosse gentio. O prejuízo foi grande, já que eram dois mil porcos (v.13). Os porcos não resistiram à opressão e se precipitaram por um despenhadeiro, afogando-se no lago (Lc 8.33). A tradição judaica dizia que demônios e porcos são uma boa combinação. Os judeus consideravam os demônios e os porcos como pertencentes à mesma ordem, e os porcos eram considerados o lar dos espíritos imundos. Essa tradição parece ser expressa quando os demônios pediram para entrar na manada de porcos.

3. O estranho pedido do povo. Jesus foi convidado a se retirar da terra dos gadarenos por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16,17). Os porcos valiam mais que a vida humana, na concepção daquela gente. Essa estranha recepção causa-nos tristeza e espanto: como o herói é convidado a se retirar? Hoje não é diferente. Há os que substituem Jesus por qualquer coisa. É muito comum “coisificar” as pessoas e personificar as coisas. Para alguns hoje em dia, os animais valem muito mais do que o ser humano. Os noticiários mostram diariamente como muitos governantes tratam os imigrantes de modo inferior aos animais. Esse espírito já existia nos tempos do Novo Testamento (Lc 13.15,16). Na passagem que estudamos, aquela população rejeitou Jesus.

É comum a pregação do Evangelho trazer prejuízo aos interesses alheios. Os leitores já devem ter ouvido falar de queda no consumo de álcool e drogas. Dia desses ouve um crítica ao fato de que pessoas estavam se convertendo e os passistas de determinada escola de samba estavam rareando. Em Atos 16 uma moça que adivinhava foi liberta e deu um enorme prejuízo a seus manipuladores. Mais adiante vamos encontrar os ourives de Éfeso preocupados com a queda na venda de ídolos (At 19.24).

Uma linha de interpretação é que os endemoninhados eram parte da mentalidade gadarena. Personificavam o pecado da região e eram o alter ego dos demais. Também eram tidos como um problema insolúvel, que consumira o investimento em grilhões, sem sucesso. Até que a liberdade proporcionada por Cristo bateu-lhes a porta e mudou-lhes completamente a História.

CONCLUSÃO. A possessão demoníaca é um fenômeno estarrecedor que só pode ser contido pelo poder de Jesus. O Senhor Jesus manifestou seu poder sobre toda a natureza, sobre o vento, sobre o mar, sobre a morte, sobre as enfermidades, sobre o poder das trevas. Os demônios estremecem diante dEle. O poder de Satanás é muito limitado diante do poder de Jesus. Todos nós precisamos de Jesus, da comunhão com Ele, para dEle receber poder e assim expulsar os demônios, pois Ele nos deu essa autoridade (Lc 10.19,20).

Panoplian é o termo utilizado para a armadura de Deus em Efésios 6.11. Haviam dois tipos de armadura a elekoi, usada pela maioria dos soldados e a panoplian usada pelos oficiais. E por que Paulo usa especificamente esse termo? Essa armadura continha o brasão do império romano. Levantar contra um oficial significava não apenas ir contra ele, mas contra César e, por conseguinte, contra todo o império.