TEOLOGIA EM FOCO

sábado, 19 de janeiro de 2013

OS FILHOS DE DEUS



I. A LEI ERA TUTORA ATÉ A VINDA DO MESSIAS

“Digo, pois, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que Ele é o Senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo Pai. Assim, também nós, quando éramos menores estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo. Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob lei. Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração, o Espírito de Seu Filho, que clama: – Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.1-7).

Essa declaração tem o peso de Lc 23.46 (4.6). Jesus usou essa declaração para expor toda a intimidade que desfrutava com Deus por ser Seu Filho. Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração, podemos retornar aos primeiros versículos.

O apóstolo apresenta escravos (4.1) e tutores e curadores (4.2) para dizer que durante a idade tenra de Jesus, Ele foi educado por outros e depois somente Deus educou a Cristo, fazendo Dele o grande galardoador da nossa esperança.

Na plenitude dos tempos (4.4) (quando o tempo de Deus estava maduro), Cristo veio ao mundo humano, nascido de mulher e sob a lei (4.4). A lei foi nos dada primeiramente para que pudéssemos entender o valor e a extensão da graça por intermédio da adoção (4.5). Resultado: Não somos escravos, mas Filhos de Deus e herdeiros de todas as bênçãos celestiais (4.7 = Ef 1.3).

Paulo nos convida a entender essa intimidade que a filiação com Deus nos proporciona. Entendendo essa filiação e o teor dessa declaração; Não são os filhos da carne que são filhos de Deus (Rm 9.8), mas os da promessa, os eleitos, é que são contados como descendência: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Por quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Rm 11.6-7).

Paulo relembra a seus leitores que um dia, o cristão estava debaixo da lei, mas agora debaixo da graça. Pela redenção, os homens se tornam filhos de Deus, adotados pela família d’Ele e herdeiros das riquezas de Deus na terra e no céu (Rm 8.16-17).

Cristo nasceu se submeteu a lei judaica para resgatar-nos do seu poder. E hoje não vivemos mais sob a lei, mas na lei do Espírito de vida em Cristo Jesus.

Deus nos remiu e depois nos adotou como filhos. Isso significa que a remissão de nossos pecados somos transformados de escravos a condição de filhos. Como escravos éramos apenas criaturas de Deus. O apóstolo ensina que todo o crente em Jesus tem o Espírito Santo (Gl 3.2-5). Esse Espírito desperta em nós a consciência dessa filiação; isso nos leva à um relacionamento mais íntimo com Deus clamando por “Aba Pai” (v.6). “Aba” é uma palavra aramaica que corresponde em nossa cultura à “papai”; a mesma palavra que Jesus usou no Getsêmani (Mc 14.36).

Quando Paulo diz “éramos menores”, quer dizer, quando estávamos debaixo de tutores e curadores, ou seja, debaixo do “aio”, e éramos iguais ao escravo, mas vindo o Filho de Deus nos resgatou da maldição da lei, isto é, nos libertou e nos tirou desse jugo pesado. Paulo refere-se também ao homem sem Deus, sujeito aos rudimentos do mundo; Mas quando o cristão recebe Cristo como seu Salvador, passa a ser filho por adoção, e está liberto dos rudimentos do mundo. A missão do Senhor Jesus neste mundo foi libertar-nos da escravidão de Satanás, dos rudimentos do mundo, de sorte que não somos mais escravos, mas filhos por adoção e sendo filhos herdeiros de Deus Pai. Antes de Cristo, a observância da lei dependia em grande parte do esforço humano. Esta foi à falha que provocou a tristeza de Deus. Ao apresentar Cristo como o fim da lei, o Novo Testamento cumpre a profecia de Jeremias quando diz:

“Vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito, porque eles invalidaram a minha aliança, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daquele dias, diz o Senhor. Porei a minha lei no seu interior, e escreverei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor. Pois lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais lembrarei dos seus pecados” (Jr 31.31-34).

Comentado esta profecia, o autor da Epístola de Hebreus registra: “Quando ele diz: Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hb 8.13). Por isso Jesus afirma: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11.13). O que Jesus está dizendo é que a lei e os profetas acabaram em João Batista, pois João foi o último profeta do velho concerto.

A lei surgiu somente “por causa da transgressão”, longe de ser portadora do Espírito e vida. Ela é uma babá do pecador, devendo vigiá-lo e obrigá-lo a obedecer (3.22, 24; 4.1-3), para que seja possível uma convivência relativamente regulamentada entre os pecadores (Rm 13.3).

A lei oferece um remédio paliativo contra o pecado, porque Deus prevê culto e expiação para os delitos. Mas Paulo não quer nem saber da lei como meio de salvação. Ele ignora, embora a conheça e saiba que seus adversários – com a alusão ao calendário litúrgico – destacam precisamente essa vertente ao calendário da lei. Ele reage em tom polêmico: a lei foi desde o início dada por Deus como uma babá e nada mais.

II. A LEI ERA UM RUDIMENTO FRACO

“Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.8-11).

Muitos desses gálatas se converteram dos ídolos e do paganismo ao cristianismo. Isso significa que eles foram libertos da escravidão pagã, dos rudimentos desse mundo. Com a intromissão dos judaizantes, eles se submeteram aos rituais judaicos. Saíram da escravidão pagã e agora estavam na escravidão da lei, observando os rituais da lei, crendo assim seriam melhor aceitos por Deus.

O apóstolo Paulo mostra que eles desceram de nível espiritual, deixando a condição de filhos e retornado a condição de escravo. O que pensavam ser um progresso espiritual, era na verdade uma recaída.

Paulo tem a compreensão que o Judaísmo, ainda que tenha vindo de Abraão, passando por Moisés e os Profetas, agora já não tem mais valor. Paulo descreve esse período como “rudimentos fracos e pobres”.

Por isso o apóstolo menciona o valor transitório dos ritos judaicos e diz que se eles agora conhecem a Deus, por que estão voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres da lei, tais como: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.10).

Os crentes da Galácia foram conduzidos ao ritualismo dos judaizantes. “Dias” se refere ao sábado bem como aos dias de festa. “Meses” e tempos dizem respeito a observâncias mais longas, como as celebrações entre a Páscoa e o dia de Pentecostes. São uma referência à celebrações como as mencionadas com sarcasmo por Isaías (Is 1.14). “Tempos” indicam as celebrações festivas, e “anos”, provavelmente indicam o Ano do Jubileu, o qüinquagésimo ano no qual os escravos deveriam ser libertos e as terras devolvidas aos seus primeiros proprietários (Lv 23 a 25). Os judeus comemoravam todas essas festas para agradar a Deus. Paulo colocou essa observância ritual na mesma categoria dos festivais pagãos, nos quais a observância de acontecimentos foi distorcida em ritual legalista.

Guardar dias, meses, tempos e anos (4.10) revela a facilidade com que os judeus guardavam a lei e as tradições. Neste cenário saudosista, Paulo questiona se o seu trabalho evangelístico não foi em vão (4.11). O apóstolo, sabiamente percebeu que o judaísmo foi estabelecido para que a compreensão de Cristo fosse mais profunda.

A preocupação de Paulo determinava que o zelo pode ser mal orientado. O zelo que tinham pela lei os estava deixando cegos para a liberdade e a verdade encontradas em Cristo. Mas, considerando o falso ensino que havia no meio deles, o apóstolo tem um bom motivo para estar perplexo com a condição espiritual dos gálatas (Gl 4.17, 18). E esta tem sido a preocupação das lideranças de hoje com suas ovelhas.

Jesus e Seus discípulos foram acusados pelos fariseus de estarem trabalhando no sábado por colherem espigas, entendendo eles que essa atitude era de desrespeito à lei (Êx 31.15). Como defesa, Jesus lembrou-lhes que Davi quando se viu em necessidade e teve fome, comeu os pães da proposição da Casa de Deus, já que este alimento era para os sacerdotes e os que com ele estavam (Mc 2.25,26). Jesus não declarou abertamente a inocência de Davi e de Seus discípulos, mas ao contrário, lembrou aos que O acusavam o significado do sábado para o homem e que Ele, Jesus, estava acima disso. As necessidades humanas, às vezes, podem anular a observância cerimonial do sábado.

Esta é a razão do apóstolo Paulo afirmar que o pecado e a lei mantém as pessoas em escravidão. O propósito da lei era tornar conhecido a nós o modo como poderíamos agradar a Deus e receber d’Ele a vida (Rm 7.7-12). Agora, diz o apóstolo, “não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.15). E o próprio Jesus acrescentou: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2.27, 28).

Os judaizantes exigem o cumprimento de todos os mandamentos da lei. E isso opõe ao evangelho. Paulo exorta os cristãos, portanto, ao não cumprimento da lei judaica, vendo unicamente a chance de eles se salvarem se crerem independentemente da lei. A observação da lei é inclusive prejudicial para a salvação, porque é algo similar a idolatria.

II. PAULO FICA PERPLEXO

“Sede qual eu sou; pois também eu sou como vós. Irmãos, assim vos suplico. Em nada me ofendestes. E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que é feito, pois, da vossa exultação? Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar. Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?¶ Os que vos obsequiam não o fazem sinceramente, mas querem afastar-vos de mim, para que o vosso zelo seja em favor deles. É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco” (4.12-19).

Paulo teve uma enfermidade em sua 2ª Viagem Missionária e passou pela Galácia (4.13; At 16.6). Ele está reconhecendo a maneira carinhosa como foi recepcionado, o cuidado com a sua vida e a amizade que nasceu daquele cuidado (4.14-15). A animosidade presente faz Paulo se sentir um inimigo (4.16) tal qual Cristo disse aos seus discípulos sobre o resultado do evangelho = inimizade (Mt 10.34). Ele alerta os gálatas a que tomem cuidado com “amigos” que querem afastá-los do Evangelho, os que querem trazer o judaísmo para dentro da igreja (4.17).

Os fariseus eram aproveitadores, que procuravam agradar os irmãos da Galácia, na tentativa de persuadi-los a adotar a religião judaica. Eles não estavam preocupados com o bem estar espiritual desses irmãos, antes queriam ser adulados pelos gálatas: “para que vós tenhais zelo por eles”.

Paulo procura mostrar aos Gálatas o verdadeiro sentido do zelo (no gr. zhlo zelos - defender algo), e a responsabilidade que ele tem com Seu Senhor. Pois sua missão como ministro, é de preparar e apresentar a igreja como uma virgem pura a seu marido.

Podemos discernir a procedência ou finalidade de qualquer ensino e prática pesando-os nas Escrituras (2ª Co 13.8). Uma das características das heresias é a apropriação de passagens bíblicas interpretadas erradamente, muitas vezes baseadas em supostas revelações. Nenhuma revelação pode anular a Bíblia Sagrada.

Os falsos mestres podem declarar que a revelação bíblica é verdadeira e, ao mesmo tempo, afirmar que possuem revelação extra-bíblica ou conhecimento de igual autoridade às Escrituras, e válidos para a igreja inteira. Esses falsos ensinos, geralmente envolvem a fé cristã num sincretismo de outras religiões e filosofias. Resulta daí os seguintes erros:

A. A suposta nova “revelação” é colocada no mesmo nível de autoridade que a revelação bíblica apostólica original.

B. Os falsos mestres alegam ter uma compreensão mais profunda ou exclusiva da supostas “revelações ocultas” nas Escrituras. Muitas vezes dizem ter uma grande responsabilidade com Deus e seu trabalho é especial e Deus exige santidade para esse trabalho. E assim colocam a igreja em um jugo de servidão.

O judaísmo nos tempos apostólico foram os que mais atacaram a fé da igreja cristã nos primeiros dois séculos. Mesmo com a riqueza escrita da Palavra de Deus eles preferem seguir suas opiniões em vez da Verdade. Sejamos sóbrios e vigiemos!

IV. COMO AMA QUE CRIA SEUS FILHOS

“Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito” (Gl 4.19-20).

Paulo se angustia por não estar presente para exortar seus irmãos, mas tem que fazer isso por carta (4.20) e isso o angustia a ponto de sentir dores de parto, no aguardo que Cristo Se forme e nasça, verdadeiramente, na vida deles (4.19).

Muitos cristãos recentes da Galácia retornaram aos falsos ensinamentos e perderam a alegria da salvação. Profundamente angustiado, Paulo chamou os crentes da Galácia de “meus filhos”; comparou o relacionamento dele com os gálatas e uma mãe com dores de parto, que aguarda ansiosamente pelo nascimento do filho – uma experiência de profunda dor, porém íntima. “Pais espirituais” amam as pessoas a quem eles conduziram a Cristo assim como uma mãe ama seu filho.

Pr. Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenua - SC


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ



A carta aos Gálatas é o mais antigo testemunho da mensagem da justificação por parte do apóstolo. Por isso, as teses sobre a justificação adquirem uma importância em sua parte central.

É surpreendente que a idéia de justificação, em sua forma tipicamente paulina, tinha como base a teologia, eleição e a teologia da cruz e, em momentos centrais, isso só ocorre, nas cartas anteriores a Gálatas, somente em passagens típica que contenham afirmações tradicionais, e muito esporadicamente.

Na questão sobre a origem da mensagem da justificação, também se deve deixar de considerar que Paulo somente recorre a ela em contextos altamente polêmicos contra os judaizantes, ou seja, em Gálatas e Filipenses, antes de desenvolvê-la aos romanos, também com uma apresentação mais objetiva.
A visão de conjunto de Gálatas mostra que seus textos sobre a justificação se restringe ao discurso contra Pedro em Gl 2.14-21. O discurso contra Pedro, com isso, assume a tarefa de introdução e apresentação dos pontos decisivos contra o legalismo.

O que Paulo afirma sobre a justificação do pecador em concreto? Afirma algo que não pode surpreender o leitor de Gl 3s, a justificação acontece “sem lei” (Rm 3.21). É uma reiteração de Rm 3.20, 28.

1. A lei não justificou o homem diante de Deus.

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor” (2.16-18).

Paulo descreve o crente justificado como tendo sido crucificado com Cristo (v.20), como sendo espiritualmente vivo (Rm 7.4, 6), como alguém que vive em Cristo (Gl 2.20; Jo 14.20; Cl 1.27), que vive uma vida de fé (Gl 2.20; Rm 1.17); e que sabe quem tornou essa vida possível. Paulo aponta, então, que a justificação pelas obras (“a lei”) é oposta a justificação pela graça mediante a fé. Ele também afirma que demais obras são, no final das contas obras (Gl 4.19-31). Se a salvação pode ser conquistada, então Deus está meramente dando o que é conquistado ou merecido, o que declara a graça nula e invalida; e nesse caso, Cristo teria morrido em vão. Ninguém jamais foi salvo guardando a lei. Paulo, assim como todos os crentes, teve de morrer para si mesmo (Rm 7.6).

2. A justificação precisa ser recebida pela fé.

Assim também, somente pela fé, vive um cristão (Cl 2.6-7; Gl. 3.2-9). A união com Cristo pela fé inicia com aqueles que crêem no domínio do Espírito, onde a verdadeira liberdade reina (2ª Co 3.17). É o espírito que ilumina a lei à luz de Cristo, desse modo, transformando a perversão do legalismo em liberdade genuína. Tornando-se membros do corpo de Cristo, aos crentes é concedida a possibilidade de obedecer às ordens do Mestre.

O legalismo exige que seus seguidores obedeçam a um código externo, mas o perfeccionismo é baseado em uma compreensão deturpada do significado prático da justificação.

De forma realística, a justificação pela fé transforma muito mais do que a condição de culpado do crente diante de Deus. Ela o ressuscitou da morte com Cristo para um compromisso contínuo de fé com o Senhor, que orienta suas decisões pelo Espírito Santo. Pela virtude deste relacionamento, Paulo escapara das limitações da lei para estar sob as exigências legais de Cristo (1ª Co 9.21).

Paulo envereda pelo caminho prático do Evangelho: Obras é o resultado da fé. A vida cristã é dinâmica e cheia de obras e frutos (Gl 5.22-23), o verso 16 está em concordância com Rm 1.17, que, aliás, foi o texto que trouxe Lutero para o Evangelho de Jesus. Se não é pelas obras da Lei que somos justificados (2.17), a circuncisão não pode ser um mandamento de Cristo. O apóstolo tem em mente que o período da dispensação da Graça chegou e que não somos merecedores da salvação. Nada que venha da parte do homem pode ser aproveitado para que se torne merecedor da salvação. A parte que cabe ao homem é somente crer no sacrifício de Cristo e arrepender-se de seus pecados (2.16-17). O homem possuidor desse entendimento não pode, em hipótese alguma, retornar à prática que o tornava escravo da Lei e transgressor da mesma (2.18).

A lei para Paulo foi boa para o levá-lo ao entendimento, mas uma vez que o entendimento o alcançou, a lei não tem mais função para ele, ela foi um “AIO” (Gl 3.24). Cristo, como seu SENHOR, tem primazia sobre as suas vontades, a ponto de confundir se é ele Paulo que vive ou Cristo que vive em seu lugar. O autor desta epístola nos convida a confundir pessoas com o nosso viver santo, como sendo a vida do próprio Cristo (2.20). A Lei veio como aio para compreensão da JUSTIÇA e se a Lei ainda vigorar, a morte de Cristo foi é vã (2.21).

Negar a eterna segurança do crente é desafiar o caráter eterno da grandeza da graça divina, e admitir que o próprio Filho de Deus, no qual nós estamos firmes pudesse cair.

Mas quando você toma a decisão de crer no Senhor Jesus Cristo, você entra em um sistema que depende inteiramente de Deus. É por isso que Ef 2.8-9 diz que é pela graça que você é salvo através da fé e não por você mesmo, é presente de Deus, não por obras para que nenhum homem se gabe.

Graça significa que depende inteiramente de Deus. Graça significa que Deus não está se expondo desnecessariamente quando dá a você algo, independente do seu mérito, independente da sua habilidade, independente de suas obras. Portanto graça se torna a questão principal na doutrina da eterna segurança.

Da mesma forma, vamos considerar Rm 11.6: “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça”.

A justificação pela fé, que ás assusta até aos crentes em Jesus, pela maneira simples de o homem ser salvo pela graça de Deus, pois a tendência humana é complicar o que Deus simplificou, revela uma entrega total e irrestrita a Deus. Não se trata de uma fé intelectual e superficial, mas algo que torna a pessoa em nova criatura por um milagre de Deus – o novo nascimento (2ª Co 5.17), produzindo frutos de arrependimento como decorrência da salvação (Gl 5.22).

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não” (Gl 2.17).


Pr. Elias Ribas

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A VERDADEIRA FUNÇÃO DA LEI


I. DEFINIÇÃO

Do lat. legale + ismo. Tendência a se reduzir à fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas. A palavra traduzida lei (gr. nomos; hb. torah) significa ensino ou instrução.

Legalismo: Relativo à lei: pessoa que pugna pela observância da lei, isto é, briga, combate, batalha, luta pelo cumprimento da lei.

O povo de Deus, desde os tempos da criação, é um povo que vive debaixo de normas e orientações divinas. Essas normas foram anotadas e transmitidas oralmente. Com o povo de Israel, o Senhor mandou que Moisés escrevesse os mandamentos, os juízos e os estatutos, que reunissem a lei do Senhor. Os dez mandamentos são um conjunto de normas espirituais, éticas e morais, para o povo que Deus escolheu para representá-lo entre todas as nações do mundo, como Sua propriedade peculiar, reino sacerdotal e povo santo (Êx 19.5-7).

II. O TESTAMENTO

“Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa (Gl 5.15).

Aliança e testamento são palavras que estão muito ligadas. A palavra grega usada aqui é diatheke, no hebraico b’rith, que significa testamento, pacto, aliança.

A idéia primária de “pacto”, num termo bíblico teológico, é uma aliança entre Deus e o homem. O apóstolo lembra que todo mundo honra o testamento feito pelo mais simples dos homens. Jamais ousaria alguém anular, acrescentar ou modificá-lo. Se o testamento ou mesmo aliança confirmado no contexto humano ninguém pode mudar, quanto mais no plano divino? Deus jamais deixaria de honrar esse testamento e jamais permitiria alguém acrescentar o legalismo a essa promessa.

III. A POSTERIDADE DE ABRAÃO

“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: e às posteridades, como se falando de muitas, porém como de uma só: E a tua posteridade, que é Cristo. E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança provém da lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão” (Gl 3.16-18).

A lei foi um parêntese (Do Sinai até o Calvário). Abraão está antes do SINAI e seu descendente: JESUS CRISTO conquistou tudo no Calvário (3.16). Israel está entre Abraão e Jesus e a Igreja está depois de Jesus como a grande beneficiária desse ato de amor e espera-se que a IGREJA viva pela Fé. Ente Sinai e o Calvário, período em que a Lei vigorou, a promessa não foi, de forma alguma, revogada (3.17) e Cristo declara isso em Mt 5.17.

Deus deu a promessa da justificação pela fé a Abraão e a lei para uma vida correta a Moisés. A palavra grega “epangelia” (lit. promessa imutável) é usada nove vezes no capítulo 3. As mesmas promessas de aliança feitas a Abraão para justificação dele são feitas a todos das gerações seguintes, que crêem pela fé.

Isaque era em si incapaz de trazer as bênçãos a todos os povos, portanto Cristo é a verdadeira Semente, em que as promessas têm seu cumprimento. A lei dada a Moisés quatrocentos e trinta anos depois da promessa, não pode invalidar a promessa que Deus fez com Abraão, todavia a lei veio depois da promessa.

A primeira afirmação aos Gálatas, Paulo explica que o princípio da fé é mais importante do que a lei Mosaica. A lei mosaica é à sombra da graça de Deus aos homens. Nossa herança, ou seja, nossa salvação vem da graça, e não da lei.

IV. A LEI VEIO POR CAUSA DA TRANSGRESSÃO

1. A lei é pecado? (Rm (7.7). Agora contamos com ajuda do apóstolo Paulo e, com muita alegria, que estamos livre da lei.

Todavia, temos de perguntar: A lei veio de Deus através de Moisés? (Jo 1.17). Ela não condena o pecado?

Antes que se levante conceito errôneo sobre a visão paulina da lei, o apóstolo pergunta: A lei é pecado? A resposta é dada imediatamente: “De modo nenhum!” Então, ele começa a segunda seção.

2. A lei veio revelar o pecado (Rm 7.7). O apóstolo disse que não conheceu pecado senão pela lei. Isso, ele já havia dito antes: “Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). O apóstolo afirma ainda que a lei serviu como um holofote para trazer à tona o pecado: “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.20-21).

Por conseguinte, Paulo atribui a lei uma função terapêutica. Ou seja, a lei serviu para mostrar a causa do pecado e o remédio para curá-lo. Esse remédio, logicamente, não é a lei, mas o sangue de Jesus (Rm 3.24-26).

3. A lei veio provocar o pecado. Paulo declara que a lei despertou nele toda a concupiscência: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” (Rm 7.8-9).

a. Infância. No verso, ele diz: “Outrora, sem a lei, eu vivia”.

b. O bar mizvah. “Mas vindo o mandamento”, uma referência ao bar mitzvah, expressão aramaica que significa “filho do mandamento”. É a maioridade espiritual do judeu, cerimônia religiosa em que o menino faz pela primeira vez a leitura pública da Torah – Lei de Moisés -, ao completar 13 anos. Os judeus dizem que a partir, o menino passa a ser responsável diante de Deus. A passagem de Lucas 2.42 diz respeito ao bar mitzvah de Jesus.

c. O pecado foi ativado. Tendo passado por esse rito judaico confessa o apóstolo “Reviveu o pecado, e eu morri”. A lei provoca o pecado. Todos sabem que as proibições tendem a desperta o desejo (v.8).

4. A lei veio condenar o pecado. Dos dez mandamentos, o apóstolo não tomou o quarto que para os sabatistas é um dos mais importantes, mas sim o último. “Não cobiçaras (Êx 20.17). Esse mandamento era o qu mais incomodava Paulo, pois refletia algo interior; não era meramente uma ação exteriorizada. Ele estava mostrando que o pecado não consiste apenas em atos exteriores, mas no se passa no interior do homem (Mt 5.27-28). Um exemplo é a cobiça.

V. A SANTIDADE DA LEI

1. O problema é o pecado. “E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou” (Rm 7.10-11).

O apóstolo viveu uma contradição tremenda quando professava o Judaísmo. O mandamento foi ordenado para a vida (Lv 18.5; Rm 10.5), porém, diz ele: “achei eu que era para a morte” (v.10), por causa do pecado. Confessa Paulo “o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou” (v. 11). Essa passagem faz-nos lembrar da queda de Adão: A serpente me enganou (Gn 3.13). Há uma ligação dessa experiência pessoal do apóstolo com o episódio do Éden. Isso portanto representa a experiência de todo o homem.

2. A lei é santa. Paulo responde a pergunta do v. 7: “A lei é pecado?” Depois dessa demonstração até o v. 11, ele conclui: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7.12).

Neste sentido comentou o Dr. F. F. Bruce: “O vilão da peça é o pecado. O pecado agarrou a oportunidade que teve quando a lei me mostrou o que era certo e o que era errado, sem me dar poder para o primeiro e evitar o último”. A lei não promoveu condições para o homem ser salvo.

Embora o mandamento fosse santo, bom e justo, era inadequado, porque não consegui transmitir vida espiritual nem força moral (Gl 3.21; Rm 3.8; Hb 7.18-19).

3. A queixa dos judeus não é justa.

O criminoso no cárcere, pode culpar o sistema legal que o levou à prisão, mas o culpado de ele estar na cadeia são os seus próprios atos, e não a lei. Essa analogia se aplica com relação à lei e ao pecado. Isso é o que os judeus ainda não entenderam. Por essa razão os judeus não conseguem simpatizar-se com o apóstolo Paulo. Dizem eles que João Batista nasceu judeu e morreu judeu. Jesus nasceu judeu e morreu judeu, porém Paulo, nasceu judeu e morreu cristão.

Estamos casados como o nosso primeiro marido: a lei. O apóstolo porém, trouxe-nos uma noticia céu: o nosso contrato de casamento fora dissolvido, pois morremos com Cristo (Rm 7.4). A lei não tem mais domínio sobre nós. Estamos livres dela para servir na liberdade do Espírito, a outro Senhor – aquEle que morreu por nós. Que cada crente reconheça essa liberdade a fim de produzir frutos para Deus.

VI. O FIM DA LEI

Talvez em nenhuma outra passagem da Escritura o objetivo da lei esteja tão explicado como na carta aos Gálatas. O apóstolo Paulo pergunta:

“Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.” (Gl 3.19-20).

A segunda afirmação de Paulo, limita o tempo em que a lei deveria agir assim, foi adicionada até que Cristo viesse”. O descendente é Cristo, que veio para finalizar a lei; “Porque o fim da lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

A lei foi adicionada (interpolada, introduzida, alterada), para que os judeus reconhecessem as transgressões. “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

No mesmo capítulo 3 de Gálatas versos 21, 22 Paulo faz a seguinte pergunta:

É porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem” (Gl 3.21-22).

A lei não é contrária às promessas de Deus, mas foi adicionada por Deus devido às transgressões dos homens. A promessa foi feita a Abraão e a lei por Moisés, e a graça por Cristo.

Aqui abrange os textos citados em prol do argumento de que a lei é secundária, dada para encerrar todos sob o pecado e de que a fé é primária porque concede vida.

Se considerarmos que os adversários tenham um conceito tipicamente judaico da lei, sua tese seria que a lei era válida absolutamente antes de existir o mundo e para sempre (cf. 3.2). A lei, contudo foi tardiamente “acrescentada” e não está destinada a permanecer. Deus quer que ela, desde Moisés até à pregação da fé, realize sua função coercitiva dos pecadores. Ela não possui outra incumbência, e esta somente por um tempo determinado.

Segue duas outras afirmações, que devem ser consideradas conjuntamente: A lei foi dada por anjos e pelas mãos de um mediador, Moisés. De qualquer modo, os anjos são espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14). Paulo não poderia encontrar as promessas de Deus (como as de Gl 3.6-9) na lei, nem poderia, mais tarde, em Gl 5.14, considerar o amor, num sentido especial, também como cumprimento da lei. O certo é que a mediação dos anjos (próximos a Deus) significa que não se liga diretamente a Deus:

“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.5-6).

A lei não tem essa proximidade por que tal caso, Deus como testador direto das promessas, teria podido complementar seu primeiro testamento com a lei. Não sendo Deus o autor direto da Torá, também essa não pode complementar a promessa feita a Abraão. Por causa da multiplicidade dos anjos, também se torna necessário um único mediador (3.20). Também aqui a posição da revelação, e Deus, naturalmente, fala diretamente com Moisés (cf. Êx 34).

Paulo confirma essa ausência de proximidade com outro argumento: Deus fala diretamente com Abraão (Gl 3.6-9), e os cristãos, por meio do Espírito, têm proximidade imediata com Deus (Gl 4.6). Essa filiação divina produzida pelo Espírito não necessita mais de babá, provém, para os crentes, unicamente do Espírito de Cristo prometido a Abraão. Diante dessa relação direta com Deus, a lei simplesmente oferece muito pouco aos cristãos. Não é por acaso que Paulo desenvolve essa temática da proximidade evangélica no início, em Gl 3.1-5 e no final, em 4.1-7. Agora esta claro que o evangelho e o Espírito levam a filiação e garantem a salvação dos justos. A lei surgiu diante da pessoa como exigência externa (3.23s; 4.1-3). O evangelho, como suporte do Espírito, leva até o Pai de Jesus Cristo, partindo diretamente de dentro.

VII. FRAQUEZA E INUTILIDADE DA LEI

As leis dadas a Moisés no Antigo Testamento não foram capazes de salvar ninguém, por isso foi invalidada. Note o que Paulo diz aos Gálatas:

“porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3.21).

Os israelitas, porém, eram incapazes de cumprir a lei, razão pela qual Cristo a cumpriu por eles. Porque a lei estava enferma:

“Portanto o que fora impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (Rm 8.3).

Embora concedida por Deus, a lei (o código escrito) era impotente para permitir que as pessoas atingissem suas exigências, pois tinha de depender da natureza pecaminosa para realizá-las.

A semelhança da carne: a natureza humana de Jesus era real, mas sem pecado (ver Fl 2.7-8; Hb 2.17; 4.15; 1ª Pe 2.22).

A carta aos Gálatas é o escrito que para nós hoje constitui a primeira declaração mais ampla do apóstolo sobre a questão da lei. Na polêmica sobre a lei, o apóstolo nega que esta tenha alguma relação com aliança de Abrão e com o Espírito; assim, a lei nunca teve, segundo seu julgamento, o objetivo de proporcionar vida (Gl 3.21; cf. Rm 11.14). Deus estabelece desde o princípio uma diferença entre lei e evangelho. Assim sendo, em Gl 3s a aliança de Abraão, Cristo, o evangelho e o Espírito constituem uma unidade, enquanto a lei não tem absolutamente nada a ver com essas grandezas. Para isso, a lei surge demasiadamente tarde e deve ceder lugar, com Cristo, para a fé. Ela desde o início foi promulgada por Deus aos anjos, para servir de “tutor” para os pecadores.

VIII. A LEI NOS SERVIU DE AIO

“De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo para que pela fé fôssemos justificados. Mas depois que a fé veio já não estamos debaixo do aio. Porque todos são filhos de Deus pela fé em Cristo. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.24-29).

A lei de Deus nunca teve o propósito de justificar pecadores. Como “aio”, (gr. paidagogos), a lei foi dada como padrão para revelar a iniqüidade e a imperfeição humana.

O “aio” representa uma função única nas antigas famílias gregas e romanas. O aio, ou paidagogos, “tutor”, não era mestre, mas o guia e guardião que disciplinava a criança. No mundo romano, um escravo de confiança da família era encarregado de tomar conta do menino entre seis e dezesseis anos; levá-lo á escola e trazê-lo de volta para sua casa, supervisionando sua conduta. Semelhantemente, a Lei exercia apenas um papel disciplinar, servindo de aio para conduzir-nos a Cristo. Isso mostra a sua inferioridade em relação ao Evangelho. Sua função terminou com a vinda do Messias (Gl 3.25). Agora, somos livres da Lei, mas dependentes da graça de Deus.

Paulo descreve o poder do Evangelho em contraste com a lei. A lei conduziu Israel ao Messias, e Ele os tirou dessa maldição. Somos justificados pela fé, ficamos livres da lei, tornamo-nos filhos de Deus, somos um em Cristo, as divisões desaparecem, e somos também herdeiros da promessa, descendentes de Abraão. Depois que a fé veio não estamos mais debaixo do aio, ou seja, debaixo da lei.

A lei mosaica funcionou como tutor do povo de Deus até que viesse a salvação pela fé em Cristo. Agora que Cristo já veio, acabou a função da lei como supervisora. Por isso, já não se deve buscar a salvação através das provisões do Antigo Concerto, nem pela obediência às suas leis ou sistema de sacrifícios.

“E por isso é mediador de um Novo Testamento, para que, intervindo a morte para a remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hb 9.15-17).

A salvação agora tem lugar de conformidade com as provisões no Novo Concerto, a saber: a morte expiatória de Cristo, Sua ressurreição gloriosa e o privilégio de sermos chamados filhos de Deus por adoção. Na velha aliança não houve morte, e por isso não deixou de ter valor, mas no Novo Testamento houve morte, por isso tem validade.

A lei continua sendo o mestre, mas somente Cristo é o Salvador. A lei determina as justas exigências de Deus e revela que todas as pessoas são culpadas por serem incapazes de cumprir perfeitamente todas as exigências da lei. Aqueles que crêem em Cristo não são mais considerados culpados, mas são contados como justificados perante de Deus.

A Lei impediu que a Fé fosse vivida na sua plenitude, para Paulo essa fé estava latente e haveria de revelar-se (3.23) em Cristo Jesus. O que nos justifica perante Deus é a Fé (3.24) e não o cumprimento da Lei. AIO significa Pedagogo ou alguém que educa até um determinado momento, após adquirirmos maturidade espiritual (Experimentar a fé) o AIO pode ser dispensado (3.25).

O sacrifício de Jesus e a fé que é contemplada diante do seu ato Vicário transforma todos, exatamente todos “UM EM CRISTO” (3.28). Cristo é o unificador de todas as raças, é aquele que destruiu a muralha da desigualdade tornando todos iguais perante Deus. Paulo finaliza o capítulo lembrando que todos que são descendentes de Deus em Cristo, são participantes naturais da Promessa feita a Abraão (3.29).

IX. O BATISMO EM CRISTO

“Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.3-5).

A Bíblia fala aqui do batismo espiritual, através do qual somos imersos no corpo de Cristo que é a Igreja (Rm 6.3-5). É um batismo mediante “a fé no poder de Deus (v.12), e não mediante a água. No pecado, o homem é considerado morto para Deus. Na conversão, ele é regenerado (2ª Co 5.17), passa pela “circuncisão de Cristo” e, ao mesmo tempo, é batizado em Cristo. Esse batismo espiritual é confirmado mediante a profissão de fé, quando da realização do batismo em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esse batismo espiritual é uma representação do novo nascimento espiritual (Jo 3.3-5), em que Deus justifica pela fé o pecador arrependido anulando toda sentença de condenação (2.14) e dando-lhe vitória sobre as forças do mal (2.15).

O apóstolo faz uma analogia: “Sepultados com ele na morte pelo batismo” significa que estamos identificados com Cristo na sua morte. D mesma maneira, fomos ressuscitados com Ele na sua ressurreição (Rm 6.9-10).

Diante disso, vem a conclusão: “considerai-vos como mortos para o pecado; mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.11).

Pr. Elias Ribas
Igreja Ev Assembléia de Deus



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A SUPERIORIDADE DO EVANGELHO



Neste capítulo, Paulo está indignado por saber que o entendimento sobre a morte e a ressurreição de Jesus Cristo foi removido da mente dos Gálatas. Se a lei estava prestes a ser restabelecida na Igreja, a morte de Cristo não havia surtido efeito naquela comunidade. As palavras de Paulo são duras. Ele, que no passado foi grande defensor da lei e que percebeu ser ela um grande empecilho para enxergar a graça de Jesus, se vê agora fazendo o papel oposto: Mostrar que a graça é superior à lei. Quando Paulo apresentou o Evangelho àquela igreja, a igreja creu na sua pregação, agora distante, ouviu rumores sobre “Outro Evangelho”, Paulo confronta os irmãos.

I. INSENSATOS GÁLATAS

Este juízo Paulino a respeito dos adversários em Gálatas nos leva a perguntar qual era a posição adotada pelos judaizantes.

Os judaizantes entenderam a eleição especial a Israel, e isto de um modo bem determinado: o principal é a idéia da eleição divina de Abraão e a sua descendência, o povo das doze tribos como prolongamento genealógico do patriarca. Gentios podem, excepcionalmente, por meio da circuncisão, e a guarda da lei, ser incorporados neste contexto, portanto, como prosélitos (cristãos). Por essa razão, Paulo argumenta severamente com os Gálatas:

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós, (Paulo estava irado, irritado com aquela Igreja. Vamos entender), recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Terá sido em vão que tantas cousas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” O que nós devemos seguir e viver? (Gálatas 3.1-5).

O apóstolo Paulo ficou perplexo com a rapidez com que os crentes gálatas haviam se desviado da fé. Eram filhos da fé de Paulo, foram evangelizados e doutrinados pelo apóstolo. Tão depressa se desviaram para seguir a estranhos, e o pior, um evangelho contraditório.

Paulo começa a defesa de seu evangelho relembrando aos Gálatas de que sua vida cristã, que teve início com Cristo crucificado e foi certificada pelo Espírito Santo, estava completamente separada da lei. Eles seriam tolos de abandonar o caminho de Deus e tentar alcançar a perfeição por seus próprios esforços.

Paulo se lembra dos tempos obscuros do legalismo (período de obras mortas (3.2)). “Começar no Espírito e aperfeiçoar na carne” (3.3), para o Apóstolo Paulo não é um aperfeiçoamento, mas retrocesso; voltar para as obras da lei.

Esse evangelho, cuja ação é questionada, como dom espiritual dos Gálatas (cf. a mesma argumentação em 2.7-9, não foi ele que os libertou da lei? Vocês querem agora concluir carnalmente o que iniciaram espiritualmente? Paulo explica aos Gálatas que sua obediência a lei significa uma recaída na situação que eles há muito haviam superado. A lei, por sua vez, não pode modificar o Evangelho dado por Cristo.

Paulo finaliza esta passagem revelando que o Espírito Santo, que opera milagres, que dá entendimento e que foi concedido mediante a Fé, está isento do cumprimento da lei (3.5). Ainda hoje, há algumas igrejas que têm introduzido práticas legalistas.

Foi muito difícil para a Igreja primitiva, constituída a princípio de judeus, aceitarem também que a porta da fé foi aberta aos nós gentios. Todos os pactos, a adoção de filhos, as alianças, as promessas e etc..., foram dados ao povo judeu: “Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa” (Rm 9.8).

Deus trouxe uma revelação bem clara ao apóstolo Pedro, através daquele lençol que descia do céu, com todo tipo de animais, que para os judeus eram imundos (At 10.9-48), que nós gentios também fomos feitos um com eles (Ef 2.14).

A Bíblia Viva contém a seguinte leitura deste versículo:

“Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente”? Paulo estava fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?

“Quem vos fascinou” (v.1). O verbo no original para “fascinar” é baskaino, e só aparece em todo Novo Testamento nesta passagem. Na literatura grega clássica da época tem o sentido de “enfeitiçar”. Os gálatas receberam o Espírito Santo quando creram na mensagem que Paulo pregou, e não pelas obras da lei. Era uma experiência extraordinária do poder transformador de Deus na vida deles. Como agora podiam trocar essa experiência verdadeira cristã por um evangelho espúrio e contrário ao que o apóstolo pregou? Estava agora estupefato com a insensatez (loucura) dos gálatas. Não podia crer que essa gente pudesse ser iludida, como se fosse mentira (Jo 8.44).

Os LEGALISTAS são como feiticeiros do mal, desviando os olhos de suas vítimas da cruz para a lei. Entretanto, os gálatas não têm desculpa, pois Paulo lhes deixou bem claro o significado da cruz. Os judeus consideravam Abraão como seu pai e fonte de suas bênçãos espirituais. Eles acreditavam que a simples ascendência física de Abraão os tornava justo. Paulo mostra que Abraão agradou a Deus pela fé e não por realizar obras da lei, uma vez que a lei não existia na época de Abraão. Ele também insiste que os verdadeiros filhos de Abraão, e herdeiros da bênção prometida, são aqueles que vivem pelo princípio da fé. Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11), e da lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a lei mal diz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir.

O legalismo está fundamentado no uso inadequado da lei. Quando abraçamos o legalismo, abrimos a porta para a feitiçaria entrar nas nossas vidas. O legalismo libera uma feitiçaria, um fascínio demoníaco que se manifesta através da manipulação, da dominação e da intimidação, que roubam nossa sensibilidade e bom senso em relação ao Evangelho.

Ao invés de desenvolver uma comunhão entre os irmãos, o legalismo faz com que os líderes ajam com extrema severidade e sem misericórdia. Na igreja a pessoa legalista se irrita por questões insignificantes e amorais, fazendo com que a igreja se distraia do seu real propósito, e assim por diante.

Qual é o fruto do legalismo? Morte. Por isso, produzir fruto é uma questão de relacionamento e não esforço. Na verdade, o legalismo destrói o relacionamento e a unidade do corpo.

Que intrigante e curioso é esta passagem de gálatas 3. O Apóstolo Paulo chamando uma Igreja, pessoas ditas evangélicas, chamando Ò Gálatas insensatos! Ora, parece uma postura arrogante e provocativa do Apóstolo. A impressão que se tem é que ele estava provocando aquelas pessoas, sendo arrogante, mas não, esta passagem nos mostra o quanto isso indignava Paulo. Ver os gentios que eram selos do seu apostolado vivendo debaixo das obras da lei. Isto indignava o coração desse Apóstolo. Alguém pode me perguntar:

“Uma Igreja que se diz cristã, evangélica pode se tornar insensata, eu achei que todos os lugares que tem placa dizendo igreja são bons. São lugares de Deus, vivem corretamente o evangelho, pode uma igreja se tornar insensata, porque Paulo está dizendo isto a uma igreja, vocês são insensatos, pode uma igreja se tornar ignorante espiritualmente, viver algo que não está correto?”

Claro que pode, tanto pode que isto estava acontecendo com Gálatas, veja o que estava sucedendo; quem é que estava querendo confundir a vida dos gentios, você pode ver.

“Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão” (Gl 3.4).

Será que já não basta o que pessoa sofre no mundo, já não basta o que pessoa sofreu antes de chegar a Igreja. Paulo disse Gálatas, olha, será que foi em vão o que vocês já sofreram, ou no mundo, ou na lei, ou onde quer que seja, vocês são selo do meu apostolado, vocês estão na graça e agora se submetendo as obras, aos sacrifícios. Aquele, pois que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós. Por ventura o faz por obras da lei ou pela pregação da fé. E eu termino lhe perguntando, então, você acha que Deus faz milagres como, pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Porque diz a palavra que Deus faz milagres entre vós pela pregação da fé em nome de Jesus.

A fé nos diz que nós já fomos curados, restaurados, perdoados, a fé nos diz que já somos mais que vencedores, e podemos todas as coisas naquele que nos fortalece, a fé.

Nenhum crente é salvo por mérito ou porque praticou alguma boa obra ou porque observou algum principio da lei, ou porque segue as tradições humanas de seus líderes. Todos os crentes em Jesus foram justificados, isto é, aceito por Deus, mediante a fé em Jesus (Tt 3.5).

II. ABRAÃO O PAI DA FÉ

1. O Exemplo de Abraão – 3.6-14

“É o caso de Abraão que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o Evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os da fé são benditos com o crente Abraão. Todos das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer, para fazê-las” (Gl 3.6-10).

A apresentação de Abraão não é por acaso. Ele representa um personagem do Velho Testamento e é considerado o PATRIARCA DOS JUDEUS, mas Paulo diz que “Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado por justiça” (3.6). Ser filho de Abraão (3.7), não é ser descendente sanguíneo, mas crer como ele creu, ou seja, uma filiação que procede da fé, não do sangue. Em Abraão, Deus preanunciou o Evangelho aos gentios (3.8), demonstrando a universalidade e o papel missionário do Evangelho. Abraão é o Pai da Fé (3.9). A Lei foi criada para condenação, pois o que tropeça na Lei é maldito (3.10), a justificação vem pela Fé.

Isso mostra que Paulo vivia os conceitos da nova religião cristã revelada. Paulo defendia essa doutrina no seu dia a dia tanto como dos gentios como dos judeus. Aqui ele busca uma figura do Antigo Testamento, as Escrituras dos Judeus, para fundamentar sua teologia. Ele prova que Abraão foi justificado pela fé:“E creu ele no SENHOR, e foi imputado isso por justiça” (Gn 15.6).

O patriarca Abraão correspondeu com a exigência da fé e Deus o aceitou nessa base. O argumento do judaísmo, baseado em Gênesis 17, afirma que as bênçãos divinas foram prometidas a Abraão e aos seus filhos. Para se tornar semente de Abraão e ser incluído na sua linhagem, era necessário ser circuncidado. Mas o apóstolo Paulo diz que não; o que importa não é ser filho da carne, mas do Espírito, pela fé. Os filhos da promessa, ou seja, aos filhos de Abraão que haviam começado na lei do Espírito estavam voltando-se para a lei mosaica, acabaram na carne e por isso Paulo faz a seguinte pergunta:

“Aquele que vos dá o Espírito e opera maravilhas faz pelas obras da lei, ou pelas obras da fé?” (Gl 3.5).

Abraão nada mais fez para ser aceito por Deus senão exercer a sua fé. Como agora na dispensação da graça os legalistas querem ser justificados pelas obras da lei?

Os falsos mestres judaizantes diziam que só podia alguém ser aceito por Deus se fosse filho d Abraão.

Os judaizantes diziam que filho de Abraão, no sentido espiritual, é todo aquele que apresentar semelhança espiritual com ele, cuja vida seja moldada pela fé. Assim, “os que são da fé são filhos de Abraão” (v. 7). Por isso que o apóstolo Paulo não se cansava de dizer que o verdadeiro israelita é o cristão, independente de sua etnia (Rm 4.12-17; 9.8, 30-32).

Quando recebemos Jesus Cristo em nossa vida, deixamos de ser gentios: (Ef 2.11-22).

A circuncisão como exigência da lei não deve ser vista isoladamente do conjunto entre aliança e lei. Com a observância da lei, o povo responde à aliança de Deus, aceitando-se o principio da Torá.

O discurso de Paulo na sinagoga de Antioquia diz:

“Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” (At 13.38-39).

Posto que a ressurreição e o perdão dos pecados por Cristo tivessem sido proclamados por Pedro (2.32, 36, 38; 3.15, 19; 5.30, 31; 10.40, 43), há este tempo ninguém tinha pregado tão explicitamente que os homens podiam ser justificados tão somente na base da fé. Obter pela fé posição com Deus que pudesse fazer entrar o indivíduo na posse da segurança da salvação significa que as obras da lei eram inúteis e desnecessárias. Isto significa um avanço novo e ousado na verdade a respeito de Cristo. Acima de tudo, marcou um novo começo no pensamento teológico da Igreja, depois dos acontecimentos desta jornada é que saiu a doutrina paulina da justificação pela fé. Por isso, já não se deve buscar a salvação através das provisões do antigo concerto, nem pela obediência às suas leis e ao sistema de sacrifícios. A salvação agora, tem lugar de conformidade com as provisões no novo concerto, a saber, a morte expiatória de Cristo, a sua ressurreição gloriosa e o privilégio subseqüente de pertencer a Cristo Jesus (Gl 3.27).

Convém analisar a posição de Paulo aos romanos para compreender o sentido dessa seção:

“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rm 4.3-5).

Creu Abraão em Deus. A salvação pela fé, e não pelas obras (pela guarda da lei), não é uma doutrina peculiar do NT; é um ensino característico do VT. Paulo retrocede no tempo, para além de Moisés, e toma Abraão como exemplo de fé. Abraão tinha fé em Deus, cultivava um dedicado e leal relacionamento com seu Deus, cria nas promessas (vv.20, 21; Gn 12.1-3; 15;5-6) e havia em obediência ao Senhor (Gn 12.1-4; 22.1-19; Hb 11.8-19; Tg 2.21-22).

A Abraão, a fé foi “imputada” por justiça. “Imputar” no gr. logizomai, significa creditar na conta da pessoa. A fé que Abraão tinha era uma fé genuína, pela qual ele perseverava, cria, confiava, obedecia, fortalecia-se e dava glória a Deus (vv. 16-21). Esse tipo de fé que nos torna filhos de Deus. Isso significa que a fé salvífica do cristão é tida como equivalente à justiça no tocante ao seu efeito.

Paulo fala seis vezes, em Rm 4, de “imputar” ou “atribuir a justiça” ao crente, e, em cada caso Paulo afirma claramente que é a “fé” do crente que lhe é contada ou imputada como “justiça” (vv. 3, 5, 6, 9, 11, 22).

Imputar a fé do crente como justiça não é, porém resultado exclusivo da nossa fé em Cristo ou da nossa entrega a Ele; é acima de tudo, um ato de graça e misericórdia divina (v.16).

Quando Deus vê o coração do crente voltado para Cristo com fé, Ele lhe perdoa, graciosamente, os pecados, imputa-lhe a fé como justiça e aceita-o como seu filho (vv. 5-8).

Na ilustração que Paulo deu a justiça no capítulo 4, ele não declara em parte alguma que a justiça de Deus ou de Cristo é, na realidade, imputada ou comunicada ao crente. Devemos tomar cuidado para não descrever a justificação como decorrente da guarda da lei do AT por Cristo, e daí comunicada por Ele, ao crente. Se a justificação fosse pelos méritos da guarda da lei, transferido ao homem, então não se trata do mesmo tipo de fé que Abraão (v.12), e isso por sua vez, anula a promessa (v. 14) e torna a salvação um resultado do mérito, e não da graça (v. 16). Paulo declara enfaticamente que a justificação e a retidão não decorre da lei (v. 13), mas da misericórdia, graça, amor e perdão de Deus (vvs. 6-9), e que a fé de Abraão (sua crença, sua dedicação a Deus, sua forte confiança e inabalável firmeza em Deus e nas suas promessas), lhe é atribuída como justiça, pela misericórdia e graça de Deus (vv.15-22).

“Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão” (Rm 4.13-15).

O direito de estar diante de Deus vem somente pela fé. Abraão recebeu à promessa de Deus pela fé, muito antes que a lei de Moisés fosse enviada. A salvação não é obtida mediante a observação da lei. O legalismo muda o foco do poder de Deus, transferindo-o para a habilidade de alguns indivíduos em observar a lei. Com a lei surgiu um crescimento de consciência de pecado e ira de Deus. Por meio da fé é que se concretiza a promessa de Deus (2ª Co 4.6).

Os verdadeiros herdeiros de Abraão são os que recebem a promessa de Deus pela fé, assim como Abraão. Todos os que têm fé em Jesus Cristo são herdeiros da promessa de Deus. Os verdadeiros descendentes de Abraão não são aqueles que estão debaixo da lei, mas aqueles que têm fé (Rm 4.16-25).

A essa afirmação, segundo Paulo, deve acrescentar-se ainda: os que seguem a lei não são somente pecadores, eles também esperam algo falso da lei, pois o próprio Deus estabeleceu na Escritura que somente o que é justo, a partir da fé, alcançará a vida (3.11). Essa citação de Hc 2.4 coincide com a palavra de Deus a Abraão em Gn 15.6 = Gl 3.16. Desse modo, a própria lei indica que para obter a salvação falta ir por cima e para além dela própria. Os judaizantes esperam da lei algo que ela não pode dar. Com isso, Paulo tem o caminho livre para conceber a descendência de Abraão, para quem vale a promessa divina, em sentido exclusivamente cristológica (Gl 3.16), para encontrar o caminho da salvação, na comunidade cristã da fé.

2. FÉ OU OBSERVÂNCIA DA LEI?

1. A extensão da maldição.

“Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição, (claro se eu sou gentio e há uma verdade para eu viver, há um evangelho, há uma revelação, e eu vivo debaixo das obras da lei, eu estou debaixo de maldição), porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las. Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fazer estas coisas por ele viverá” (Gl 3.10-12).

Aqui se contrapõe, de início, os que seguem a fé e os que seguem a lei, e estes últimos que constroem sua vida a partir das obras da lei; estão sob maldição, sob a morte (3.13; 1ª Co 15.56), porque nunca conseguiram cumprir todos os preceitos da lei (Gl 3.10).

Se Paulo estivesse exigindo o cumprimento da lei para os Gálatas, estaria nesse sentido conduzindo os cristãos ao pecado, pois pela lei vem o conhecimento do pecado.

Todos os que olham unicamente para as próprias obras como mandamentos de Deus estão, de fato, debaixo da maldição. Aqueles que confiam insensatamente nas obras acreditam que têm dentro de si a capacidade de praticar tudo o que Deus mandar. Todavia, não há maneira humanamente possível de obedecer à lei completamente e o tempo todo. A lei não pode justificar ou salvar; ela pode somente condenar (Dt 27.26). Não é a obra humana, mas a obra de Cristo que salva.

Jesus assumiu os nossos pecados na cruz, Ele se fez pecado por nós (Rm 8.3; 2 Co 5.21) Paulo tirou a expressão “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” de Deuteronômio 21.23. A morte no madeiro era sinal externo da maldição na legislação judaica. Isso, obviamente serve também para morte de cruz ou cruz de Cristo. Às vezes os escritores do Novo Testamento usam a palavra “madeiro” para designar a cruz de ou a cruz de Cristo (At 5.30; 1ª Pe 2.24).

O apóstolo mostra que a maldição foi removida quando Cristo a tomou sobre si, e isso permitiu aos gentios retornarem a fé. Portanto, a “benção de Abraão” (v. 14) significa a justificação pela fé e a posse do Espírito Santo.

Jesus nunca pecou, nunca conheceu pecado, era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que estão no céu” (Hb 7.26).

Paulo não diz que Jesus é maldição, mas que se fez maldição por nós, para remir da maldição da lei.

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldito por nós, porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Para que a benção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé nós recebemos a promessa do Espírito.

Abraão experimentou a Fé, Jesus experimentou a Fé. Moisés introduziu a Lei e a sua interpretação errada criou um caos que foi enxergado por Cristo. Paulo então diz: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (3.13) porque assumiu o caos espiritual do mundo “tonando-se Ele próprio MALDIÇÃO” ao escolher para Si a CRUZ que era nossa (3.13). O Amor demonstrado por Jesus Cristo na Cruz criou uma ponte para que a benção de Abraão chegasse até nós (3.14).

Porque a pessoa acaba por não conseguir praticar toda a lei, nunca ninguém conseguiu cumprir toda lei, por isso nunca aperfeiçoou ninguém, a pessoa fazia tudo certo, tropeçava em alguma coisa, está tudo anulado, ela estava sempre debaixo de maldição e morte.

A confiança em si mesmo traz a queda; a confiança em Deus traz a vida. Estas palavras são citadas três vezes no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.1; Hb 10.38). O homem foi e sempre será salvo pela graça mediante a fé. Todavia, no VT, Deus já alertava o Seu povo através do profeta Habacuque: “... mas o justo viverá pela fé” (2.4).

Do texto bíblico, e à luz de todo o contexto, percebe-se que a lei, embora ordenada para o bem, não conseguiu justificar ninguém, mas mostrou ao homem suas transgressões e culpas e o levou a conhecerem sua miséria e impotência e, partindo daí, a se humilharem diante de Deus, arrependerem-se e serem salvos mediante a fé. Todavia, em si mesma, a lei não tinha poder algum para levar o homem ao Criador:

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3.11).

Disse Paulo: “O justo vivera pela fé” Não da Lei, não da religiosidade, não das experiências meramente místicas, mas sim, da fé, que foi entregue pela graça de Deus (Ef 2.8). Sem graça não há fé e sem fé não há salvação.

Mas algumas “igrejas” dizem que não, que o justo tem que viver pelas obras, pois não está vivendo conforme a verdade do evangelho.

Não, estou sendo verdadeiro, é evidente, pela lei ninguém é justificado, o justo viverá pela fé, e diz o: Versículo 13:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito; Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”.

Cristo nos resgatou da lei, Ele pagou o preço por nós, Ele sofreu por nós, Ele cumpriu a lei em nosso lugar, Ele deu fim à lei. Jesus nos livrou e nos resgatou fazendo o sacrifício dos sacrifícios.

Jesus disse para que o meu povo não tenha mais que se sacrificar, Eu vou fazer o sacrifício dos sacrifícios, Eu vou dar a minha vida, Eu vou derramar o meu sangue e vou morrer e vou ressuscitar, ninguém vai conseguir fazer um sacrifício desses. Eu vou fazer um sacrifício, Eu vou me tornar maldição para que o meu povo não viva mais, debaixo de sacrifícios. Ele fez a obra das obras! O que os altares fazem? Trazem a lei com os sacrifícios para a vida das pessoas. Jesus nos resgatou da maldição da lei, e os altares aí fora, trazem lei e obras para a vida das pessoas. É por isso que o evangelho ainda não se tornou o que deveria ser.

Esta persuasão não vem daquele que vos chama! Amado, Deus lhe chamou para viver a verdade, você está aqui para viver a verdade, você não vai ser nunca mais enganado na vida! A graça de Deus está no seu coração! Um pouco de fermento leveda toda massa, então, isso se chama rebelião contra Deus e rebelião é pior que feitiçaria, a pessoa que se mete nas obras da lei que Cristo nos resgatou de lá, mas os altares jogam para a vida das pessoas. Fazer isto, é desprezar a obra de Cristo é anular o que Ele fez na cruz.

“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl 5.4).

Estão desligados de Cristo! A tradição diz que eu tenho que carregar a minha cruz, não é isso que dizem? É, estão baseados em quê? Vamos ver.

Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes:

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).

E aí você pergunta: “cadê a minha cruz?”

Jesus estava no cumprimento da lei. Nesse momento da história, Jesus ainda não tinha carregado a cruz por nós.

“Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas, não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17-18).

Versículo 18 “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra”.

Então, para que Jesus desse fim à lei, ele tinha que cumprir toda lei. Quando Jesus disse: carregue a sua cruz e me segue, ele estava ali judeu na carne falando a outros judeus, no cumprimento da lei.

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).

Tudo tinha que ser cumprido! Mas você se lembra o que ele fez na cruz? Vamos relembrar:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, (eu não tenho mais que carregar a cruz), fazendo-se ele próprio, (Ele já estava ele mesmo, ele próprio fazendo-se o que?), maldição em osso lugar, (então, ele foi o seu substituto, o meu substituto, ele carregou a cruz em seu e em meu lugar, para que nem você, nem eu tenhamos mais que carregar a cruz), maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”. Continua dizendo que “Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido” (Gl 3.13-14).

“Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento” (Rm 10.2).

As pessoas não entendem isso, elas têm zelo por Deus, elas querem carregar a cruz, elas chegam à Igreja e dizem: me dá a cruz mais pesada, eu quero a mais pesada, eu quero sofrer como sofreu Jesus; eu quero andar de joelho pagar promessas etc. Eu vim para esta Igreja para viver a minha via crucis! Você veio para cá para viver sua via crucis, carregando a cruz? Bom Jesus disse carrega a sua cruz, você tem que se negar, carregue bem, mas ele não tinha carregado ainda a cruz por você, diz que no nosso lugar, no meu lugar ele já carregou a cruz.

A preocupação de Paulo determinava que o zelo pode ser mal orientado. O zelo que tinham pela Lei os estava deixando cegos para a liberdade e a verdade encontradas em Cristo. Mas, considerando o falso ensino que havia no meio deles, o apóstolo tem um bom motivo para estar perplexo com a condição espiritual dos gálatas (Gl 4.17, 18). E esta tem sido a preocupação das lideranças de hoje com suas ovelhas.

“Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Rm 10.3).

Então, se ele já carregou a cruz, se ele já se fez maldição no nosso lugar, eu tenho que entender isso, e eu não posso estabelecer a minha justiça própria, eu tenho que me sujeitar o que vem de Deus.

“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

Você crê na justiça que vem de Deus, você crê que Cristo já carregou a cruz no seu lugar, você crê que não há mais maldição na sua vida, e que a benção de Abraão chegou a você. Então, você não tem que carregar a cruz de nada, você é um abençoado, ele carregou de uma vez por todas! Amados, viver carregando um fardo, uma cruz não lhe torna mais santo ou mais amado por Deus. Eu quero a cruz mais pesada eu quero andar uma milha de joelhos para que Deus me ame mais, isso não torna você mais amado ou santo, porque Hebreus 7.19 “(Pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus”.

Esse sacrifício, esse fardo, esse jugo, a cruz, as obras, isso não aperfeiçoa ninguém, isto não lhe torna mais amado por Deus ou mais santo. Mas graças a Deus, que há uma esperança superior, que é a graça. Porque estamos vivendo a palavra da graça, não há mais cruz para carregar.

“Mas, porque que não há mais cruz”?

Porque Jesus já fez isso por nós, mas ele falou, ele estava no cumprimento da lei. Jesus judeu era carne, falando a outro judeu, ele não tinha carregado ainda a cruz no nosso lugar.

“Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre” (Hb 10.14).

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus, (então, tem que ter fé, por isso que o justo viverá pela fé.

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1).

Você tem que ter fé que Cristo já carregou a cruz por você, você tem que ter fé que Cristo já perdoou os seus pecados, já lhe aperfeiçoou para sempre, e que o sangue de Jesus já lhe lavou do alto da cabeça às plantas dos pés, que não há mais condenação para sua vida, que a salvação está garantida, é um eleito de Deus, um predestinado do Senhor, uma ovelha de Cristo, que a benção de Abraão chegou a sua vida, você tem que ter fé que Ele quebrou a maldição na cruz do calvário, você tem que ter fé nisso.

Paulo os chama de “insensatos”, mas no versículo 10 de “malditos”. Paulo passa a mostrar à luz das Escrituras Sagradas, usadas pelos judaizantes, a maldição dos legalistas. Maldição é o contrário de benção. Todos aqueles, pois que são das obras da lei no verso dez, mostra que a maldição não se restringe apenas aos judaizantes. O Espírito Santo está mostrando que esta maldição é extensiva a todos os que procuram se justificar pelas obras da lei, ou aqueles que usam as tradições obrigatórias e primárias as Escrituras.

“E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora a lei não é fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Gl 3.11-12).

Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11) e da lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a lei maldiz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir. A lei do Velho Testamento não vem da fé (13). Para que ninguém se glorie. Cristo cumpriu a lei e através da sua morte livrando-nos desta maldição.

Através da fé, recebemos os benefícios fornecidos por sua morte, incluindo a justificação (v. 11) e a promessa do Espírito.

O apóstolo apresenta outra realidade que os Gálatas deviam conhecer e com ela podiam repudiar os judaizantes. As duas passagens do Antigo Testamento; “O viverá da fé” (Hc 2.4), e “o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Lv 18.5), no vv. 11 e 12, mostram a superioridade do evangelho.

As duas declarações são antagônicas e excludentes entre si mesmas.

A primeira diz que você não precisa fazer nada; Deus já fez; só a fé é suficiente; é pela fé que o justo vive; entretanto, a outra declaração afirma que você precisa fazer algo para viver. Isso neutraliza a graça de Deus e a glória de Cristo é transferida para o homem.

Se não tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da justificação dos pecados pela graça.

Então, o tema da mensagem é: pelas obras da lei ou pela pregação da fé. Eu estou mostrando que é pela pregação da fé. “O homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé. Também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado?” (Gl 2.17).

Se eu estou numa Igreja e aceito que o pseudo Pastor me chame de pecador, então, Cristo foi ministro do pecado, ele não ministrou o perdão na cruz, ele não trouxe justificação, ele não nos redimiu de nada, ele estava ali na cruz e disse: eu estou aqui para torná-los pecadores, Não! Estou aqui mentindo por alguns instantes, foi isso que Jesus fez? Eu vou dar o meu sangue, eu vou dar a minha vida, sabe eu já vim lá do trono, desci do trono, deixei o trono vazio me fiz carne, escolhi o ventre de Maria, incubadora, nasci judeu na carne, raiz de Davi, cumpri a lei, sofri, carreguei cruz, espinho, cuspida, chibatada, para agora aqui, olha vocês vão continuar a ser pecadores! Foi isso? Seria uma perda de tempo. O que os altares estão dizendo às pessoas, pregação de hoje, Jesus perdeu tempo, você tem que pagar o preço! Vai pagar caro quem está fazendo isso com o povo de Deus, escravizando, obrigando as ovelhas a viverem como judeus.

O Cristão é ministro do pecado? Certo que não! Em outras palavras, Paulo está dizendo, Gálatas, então mais a frente eu vou chamar vocês de insensatos, vocês vão crer ou não no que Cristo fez? Então você está se submetendo à justiça que vem de Deus, não é a sua própria, não é o seu joelho, não é o lápis enfiado no joelho, rótula cheia de pés aparecendo porque passou a noite toda ralando no milho, não.

Paulo está dizendo vocês vão fazer porque Cristo fez, então, para que ele fez? Esta é a minha pergunta ao sistema legalista, então, para que Jesus fez, se eu tenho que fazer de novo?

Onde é que vocês lavam o pecado dos outros?”

Na cruz do calvário! Glórias a Deus por isso! É pela fé que eu tenho que crer que o sangue de Jesus me lavou dos pecados, porque se não funcionasse, ele foi ministro do pecado, então, se ele não trouxe perdão, ele foi ministro do pecado, onde é que diz isto:

“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1ª Co 1.17).

Claro, eu fiz a circuncisão, guardo sábado, eu não como carne de porco, e por isso eu vou ser salvo! Eu estou anulando a cruz de Cristo.

“Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).

O que Deus aniquilou? O pecado.

“Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).

Aperfeiçoou para sempre, aqueles que hoje vivem uma vida reta porque creem nisto.

“E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito”. “Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei”. “Acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre (porque ele aniquilou o pecado)”. Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (Hb 10.15-18).

Então, se Cristo já aniquilou o pecado, já nos lavou não há oferta pelo pecado, eu não tenho que lhe colocar em um batistério, nem jogar água benta na sua cabeça, batismo por aspersão, por imersão, batiza, não, não há batismo aqui das águas, para remissão de pecados não! Precisamos entender que o batismo é uma ordenança de Jesus (Mt 28. 18-20), um ato publico de fé (At 2.41; 8.14-17).

“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro. (O que ele carregou?), os nossos pecados, (mas a tradição diz que quando você mergulha na água é como se você estivesse morrendo sendo sepultado com Cristo e ressuscitando com ele, ah! Isto tem que ser pela fé, não é nas águas de um batistério, eu tenho que acreditar que fui sepultado, morri e ressuscitei com Cristo, pela fé. Ah! Porque me batizam e dizem agora você está limpo, não é agora, então a água vai levar o seu pecado embora. Porque a pessoa não foi transformada no seu interior, ela está vivendo de símbolos, de rituais. Água não lava ninguém, até lava, mas a sua carne, não lava de pecados! “Para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1ª Pd 2.24).

Então, pela fé eu estou morto para o pecado, porque ele tomou sobre si todos os nossos pecados e enfermidades.

“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” Tirou ou não tirou o pecado, tirou! Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1ª Jo 3.5-6).

Vamos entender que a pessoa que está na igreja que não largou a vida velha, não é culpa de não ter passado pelas águas ou do irmão ao lado, é porque ela não O viu nem O conheceu, ela se convenceu e não se converteu. Quando você se converte, o seu velho homem é crucificado, você é revestido de Deus, é revestido do homem novo, segundo Deus. Aí você recebeu a palavra, a fé, o perdão, a justificação.

“Mas Jesus foi batizado”.

Sim Jesus foi batizado. O batismo do qual Jesus se batizou, era um ritual judaico da tribo dos Essênios. Só essa tribo batizava. Quem fazia parte dessa tribo era João Batista.

Eu lhe pergunto, Jesus foi batizado ele mesmo não batizava, ele mandava os discípulos a pregarem a Palavra. Jesus foi batizado, quantos pecados Jesus tinha? Nenhum! Então, o batismo não lava ninguém de pecado, Jesus não tinha pecado. Jesus foi batizado, porque ele veio cumprir a lei, e Ele nos trouxe a graça.

Jesus derramou o seu sangue, e ele tomou sobre si, ele aniquilou o pecado, isto é entendido somente pela fé:

“E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mt 3.6).

Em Mateus diz:

“Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará (então a partir de Cristo ele vos batizará com que?), com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11).

“No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

João disse, este Cordeiro de Deus vai tirar todo pecado pelo seu sangue. Eu não preciso seguir os rituais judaicos, porque o sangue de Jesus vai lavar vocês. Então, ele tira o pecado ou as águas tiram o pecado? Ele. Se águas tirassem o pecado chamaríamos Cristo de pecador, porque ele foi batizado no cumprimento da lei. E o ladrão da cruz foi batizado? Não! “Mas Jesus lhes disse: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).

“É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim”. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água” (Jo 1.30-31).

“Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1.5).

“Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gentios obedecerem a Deus, pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus” (Rm 15.18).

Aparentemente, isso significa que Paulo falara sobre coisas que Cristo fez através dele, por palavra e ações, isto é, pela proclamação da verdade, por sua demonstração em milagres e respostas poderosas à oração e em seu próprio exemplo de vida semelhante a Cristo. A pregação de Paulo foi confirmada por sinais e prodígios perante os olhos daqueles que o ouviam:

“Por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo” (Rm 15.19).

“E ele nos contou como vira o anjo em pé em sua casa e que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar Simão, por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa. Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio. Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (At 11.13-16).

Como, pela palavra, diz que eles acreditaram na palavra e foram batizados pelo Espírito Santo.

Quando nós ouvimos a palavra e recebemos Jesus como Senhor e Salvador, somos batizados.

“Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;” (Ef 1.13).

Então, você ouve o evangelho, você crê, recebe a Jesus, batizado você está. Você precisa usar o sábado como meio de salvação? O sábado é o selo ou é o Espírito Santo que nos sela?

Amados, todos nós que recebemos Jesus e cremos na verdade e o confessamos como Senhor e salvador, fomos batizados, selados, revestidos, ungidos, cheios do Espírito Santo.

Escrevo detalhadamente para lhe mostrar o que é obra da lei, o que é pregação da fé. Na graça de Cristo não há obras, não há maldição, não há sacrifícios tudo nosso está baseado na graça e é através da pregação. A palavra é viva e eficaz (Hb 4.12)

Eu digo, Igreja de Cristo não é para continuar sofrendo! É por fé e graça e não por sacrifícios!

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gl 3.1).

Quero apenas saber se receberam pela lei ou pregação da fé? Sai dessa lei, sois assim insensatos, começaram no Espírito agora caíram da graça.

Pr. Elias Ribas

pr.eliasribas2013@gmail.com