I.
SÃO FRACOS NA FÉ
Os cristãos em Roma tinham dificuldades de distinguir o certo do errado, então Paulo os
escreve dizendo:
“Acolhei ao servo que é débil na fé, não, porém, para
discutir opiniões. 2 Um crê que
tudo pode comer, mas o débil come legumes. 3 Quem come não despreze o que come; e o que não come não julgue o
que come, porque Deus acolheu. 4
Quem és tu que julgas o servo alheio? 5
Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um
tenha opinião bem definida em sua própria mente. 6 Que distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come
para o Senhor come porque a Deus, porque dá graça a Deus; e quem não come e dá
graças a Deus. 10 Tu, porém,
porque julgas teu irmão? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. 15 Se, por causa de comida, o teu
irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua
comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu” (Rm 14.1-6, 10, 15, 20).
Uma das
características marcantes do ensino de Paulo é que ele sempre relaciona
doutrina e dever, fé e conduta. No texto decorrente ele não apresenta aos seus
leitores uma ética pessoal ou individual, mas estabelecer uma nova comunidade
que Cristo estabeleceu com Sua morte e ressurreição.
Paulo acreditava que
estes irmãos poderiam ser ascetas, irmão que teriam vindo do paganismo. Tal
ascetismo poderia explicar a razão por que os fracos se abstinham da carne.
Outra possibilidade é que os fracos seriam os legalistas, irmãos judeus (essênios),
convertidos ao cristianismo.
Certos crentes de Roma estavam divididos entre si, no tocante a uma
questão importante: alguns estavam resolvidos a comer somente legumes, ao passo
que outros comiam, além de legumes, todos os demais alimentos, inclusive carne.
Em função disto, Paulo dirige-se a ambos com palavras sábias e precisas a
respeito de um assunto que os dividia – a ingestão de certos alimentos tidos
como imundos. Paulo declara que o ato de comer, em si, não é problema moral,
mas a nossa atitude pessoal sobre o que se come, pode levar ao injusto
julgamento de uns com os outros.
[...]
Segundo o professor Dunn, as tensões em Roma aconteciam “entre aqueles que
se consideravam parte de um movimento essencialmente judaico – e conseqüentemente,
viam-se obrigados a observar os costumes característicos e distintivos a um
judeu – e aqueles que compartilhavam a compreensão de Paulo sobre um evangelho
que transcendia a particularidade judaica”. Outra marca era observância do
sábado. Assim o comer alimentos impuros e o violar o sábado encontrava-se no
mesmo nível como as duas grandes marcas que denotavam a deslealdade com à
aliança. Portanto conclui James Dunn, caracterizar Romanos 14-15 como “uma
discução de ‘coisas não-essenciais’.... é perder a centralidade e a natureza
crucial da questão da auto-compreensão do cristianismo primitivo” [STOTT. P
432].
Um ponto interessante
a ser destacado, no texto em estudo, é a diferença entre vários tipos de
crentes na igreja em Roma.
Isto significa que há, entre os filhos de Deus, diferentes
níveis de conhecimento e de fé. Há os crentes meninos, os maduros, os carnais,
os espirituais, os fracos, os fortes etc (Ef 4.14; 1ª Co 3.11; 1ª Co 8.11).
A igreja de Roma enfrentava um conflito entre os cristãos fracos e
os fortes (1ª Co 8.7). Os fortes são os que conhecem a Palavra de Deus; os
fracos ainda não alcançaram o verdadeiro entendimento das coisas espirituais.
Um crê que pode comer
de tudo, pois a liberdade que Cristo lhe proporciona libertou-o de
escrúpulos desnecessário com relação á comida; já outro, cuja fé é fraca, come
apenas legumes. Isso acontece com certeza, não por ele ser vegetariano por
princípios ou questões de saúde, mas porque o único jeito de provar ou garantir
que ele nunca come carne impura segundo os ensinamentos que recebera da lei.
Como é que esses
cristãos devem considerar um ao outro? Aquele que come de tudo (forte) não
deve desprezar o que não come (que, em face de seus escrúpulos, é fraco), e
aquele que não come de tudo (o fraco) não deve condenar aquele que come (que é
forte em virtude de sua libertação).
Um dos problemas nas igrejas de hoje é: “os crentes fortes não
suportam os fracos porque estão errados, e os fracos não suportam os fortes por
que acham estar certos”.
É importante esclarecer que a “fraqueza” que Paulo refere
não é uma franqueza de vontade de caráter, mas de fé; “débil na fé”, em outra
tradução diz “fracos na fé”. Paulo procura mostrar que na igreja existem
crentes fortes e crentes fracos.
São crentes
vulneráveis, sensíveis, cheio de indecisões e escrúpulos. O que farta ao
fraco não é força de vontade, mas liberdade de consciência.
A expressão “fraco na
fé”, segundo Paulo, “atesta a falta ou incapacidade de compreender o
princípio fundamental da fé e da justificação”, ou seja, a imaturidade. Os
fracos na fé consideravam a observância e as abstenções de alimentos e boas
obras, seriam necessárias para a salvação. Mas na carta aos Gálatas (1.8-9) Paulo
emite um anátema solene contra qualquer um que ouse distorcer dessa forma o evangelho
da graça.
Alguns
achavam que comer carne era pecado, outros não. No tocante ao que comemos
não irá afetar a nossa salvação. Paulo procura mostrar aos romanos que existem
irmãos que são débeis na fé, porque ainda não receberam um alimento sólido.
Os reformadores do
século XVI chamaram essas coisas de adiaphora, “questões de indiferença”,
quer se tratasse de costumes e cerimônias, crenças secundárias que não faziam
parte do evangelho ou do credo cristão.
A santidade
não é algo visível, mas depende em primeiro lugar da conduta e mudança
interior. Não se pode avaliar um irmão pela comida ou pelo vestuário.
[...] Não temos, hoje
em dia, a mesma necessidade de discernimento. Não devemos exaltar as coisas
não essenciais, essencialmente questões de costumes e rituais, ao nível do
essencial, fazendo delas testes de ortodoxia e condição para a comunhão.
Tampouco podemos subestimar questões teológicas ou morais fundamentais como se
elas não importassem ou fossem apenas culturais. Paulo fazia distinção clara
entre essas coisas; e nós deveríamos fazer o mesmo [STOTT. P 433].
Quando o homem aceita
a Cristo, sente imediatamente a necessidade de crescer no conhecimento da
fé que abraçou e de desenvolver-se na salvação conforme nos ordena a Bíblia (Hb
5.11-14). Muitos infelizmente negligenciam a busca pelo crescimento espiritual.
E a falta de conhecimento suscita uma infinidade de barreiras que acabam por
comprometer o seu crescimento espiritual. O problema crucial é quando estas
pessoas conseguem um lugar de destaque na igreja.
O cristão deve agir
de acordo com sua própria consciência, que deve estar alinhada com a
Palavra e iluminada pelo Espírito Santo.
Paulo não está
tentando dissimular ou disfarçar aquilo que esses irmão e irmãs são. Eles
são fracos na fé, imaturos, incultos e até equivocados. Mas nem por isso
devemos ignorá-los, mas ensiná-los com um alimento sólido para que tenham um
amadurecimento na fé. Implica o calor e a bondade que marcam o verdadeiro amor.
Aquele que recebe alimentação sólida irá crescer e abandonar as tradições seculares.
“Não, porém, para
discutir opiniões”. Convém refletirmos o princípio da aceitação sem
discutir assuntos controvertidos. No original “diakriseis” pode significar discussões, debates, discórdia ou
julgamento; já “dialogismoi” pode
referir-se a opiniões, escrúpulos ou conflitos íntimos e ansiosos da
consciência.
Paulo chega a deixar
transparecer certo sarcasmo quando justapões: “Não destrua o reino de Deus
por causa da comida: “Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que
nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera;
para esse é impura. O Reino de Deus não é comida e nem bebida, mas justiça,
paz, e alegria no Espírito Santo. Não destrua a obra de Deus por causa da
comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer
com escândalo” (Rm 14.14, 17,
20).
Para Paulo, nada
(que não seja colocado na Palavra como pecado) é imundo em si mesmo (cf Mc
7.14-23; Tt 1.15).
A discussão na igreja
de Roma nos dias de Paulo era entre os irmãos que ainda estavam apegados na
lei de Moisés. Todavia, nos dias de hoje ainda existem igrejas que se apegam as
tradições judaicas como doutrina. São “líderes espirituais” que seu estilo
ascético de conduzir a igreja demonstra a falta de humildade e, uma falsa
sabedoria que por sua vez provoca discórdias no meio da igreja, destruindo
assim o reino de Deus.
Paulo diz que a fé
vem pela pregação da Palavra ( Rm 10.17) e sem fé é impossível agradar a
Deus. A Palavra acrescenta a nossa fé. É por isto que Paulo escreve aos romanos
dizendo: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é
aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rm 14.22).
Tudo que você comer,
beber ou vestir, vem de Deus e devemos fazer com ações de graça e para
engrandecer Sua glória: “Portanto, quer, comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a Glória de Deus” (1ª Co 10.31).
O que o apóstolo desejava, em outras palavras, é que os cristãos
romanos não julgassem uns aos outros por causa dessas coisas, mas se aceitassem
mutuamente conforme Cristo ensinara. Cristo nos aceita do modo que somos. Paulo
ensina que judeus e gentios devem amar uns aos outros, como também Cristo nos
amou (Rm 15.7).
Somos imperfeitos. Se desejarmos, de fato, crescer e alcançar a
perfeição exigida pela Palavra de Deus devemos acrescentar diariamente á nossa
fé a virtude, e á virtude o conhecimento (2ª Pe 1.5).
Ora, se ainda não chegamos á estatura de varões perfeitos, como
poderemos julgar nossos irmãos por causa de coisas insignificantes como
acontecia os crentes romanos?
Somos membros de uma
família. Como filhos de Deus, devemos cuidar uns dos outros e nos amarmos
com amor que nos concede o Pai (1ª Jo 3.1). A Bíblia nos ensina que somos um só
corpo: o corpo de Cristo (1ª Co 12.27) que está sendo edificado (Ef 4.12-15).
Portanto acima de nossos direitos e desejos está o bem comum, o cuidado dos
outros e o crescimento da Igreja do Senhor.
II.
FALSOS ENSINOS
COM RESPEITO AOS ALIMENTOS
“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos
tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a
ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que tem
cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência
de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos
fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é
bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de
Deus e pela oração, é santificado. Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom
ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina
que tens seguido” (1ª Tm 4.1-6).
O verdadeiro
cristão dá ênfase às doutrinas de Deus e não as coisas secundárias, com respeito
alimentação e vestiário, pois muitas vezes traz mais divisão do que edificação.
“Não vos deixe envolver por doutrinas várias e
estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não
com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam” (Hb
13.9).
Na carta de Tito,
porém ele diz: “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro
para os contaminados e infiéis; antes, o seu entendimento e consciência estão
contaminados” (Tt 1.10-15).
O cristão idôneo
sabe que tudo foi Deus quem o criou. Sendo Deus o Criador, tudo é puro e
perfeito desde que comemos com moderação.
“Porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que
rejeitar, sendo recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e
pela oração, é santificada. Propondo estas coisas aos irmãos, será bom ministro
de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens
seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo
em piedade” (1ª Tm 4.4-7. RC).
Realmente os
grupos não eram homogêneos; havia certa sobreposição. Somos todos irmãos, e
não juízes. Isto não significa, porém, que não podemos julgar as questões
surgidas entre nós. Este julgamento, no entanto, tem de ser conduzido conforme
o recomendado por: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”
(Jo 7.24). Aliás, escreve o apóstolo aos Coríntios que os santos hão de julgar
os anjos (1ª Co 6.3). Mas que todo julgamento neste mundo deve ser segundo a
reta justiça.
“Todos
compareceremos perante o tribunal de Deus (Rm 14.10). Portanto, já que Deus
é o Juiz e nós estamos entre os julgados, deixemos de julgar uns aos outros,
pois assim evitaremos extrema insensatez de tentar usurpar a prerrogativa de
Deus e antecipar o dia do juízo.
O objetivo maior de
todo o crente deve ser o crescimento do Reino de Deus e a edificação da
Igreja. Tudo o que o cristão vier a ser, ou a fazer, deve objetivar o
desenvolvimento do corpo de Cristo, nunca para o seu prejuízo. Toda sua conduta
deve ser guiada pelo amor aos demais irmãos.
III. FALSOS
IRMÃOS
“E isto por causa dos falsos
irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e
reduzir-nos à escravidão” (Gl 2.4; outra
ref. 2ª Co 11.26).
Paulo chama os tais
pregadores de falsos irmãos, pois estavam se intrometendo no meio da igreja
para tirar a liberdade daqueles que tinham recebido a Cristo segundo a verdade,
para uma vida de servidão humana, isto é, colocar um jugo severo sobre os seus
seguidores.
Eram falsos, porque
estavam dissolvendo o evangelho da graça num outro evangelho (Gl 1.6). Um evangelho
de mistura com as crenças e ritos judaicos.
“Espreitar a nossa
liberdade” significa: espionar, observar, indagar, espiar. Paulo aqui refere--se
aos fariseus que estavam observando e espionando a vida dos outros, por
exemplo: o que você come e o que você veste. Esquece que Jesus mandou primeiro
tirar a trave do seu olho e deixar o argueiro do irmão (Mt 7.3). Existem certos
crentes que estão sempre espionando os outros para acusarem.
IV.
SÃO
INSENSATOS
“Ò insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não
obedecerdes á verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já
representado como crucificado? 2. Só queria saber isto de vós: Recebeste o
Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3. Sois vós tão insensatos
que, tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne? 4. Será em vão que
tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. 5. Aquele, pois, que
vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou
pela pregação da fé? 10. Todos aqueles, pois que são das obras da lei estão
debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”
(Gl 3.1-5, 10).
Para os judaizantes
convertidos em Roma, Paulo os chamou de fracos na fé, mas os judaizantes da
Galáxia ele chama de falsos irmãos e insensatos (loucos).
O apóstolo Paulo
ficou perplexo com a rapidez com que os crentes gálatas haviam se desviado da
fé. Eram filhos da fé de Paulo, foram evangelizados e doutrinados pelo
apóstolo. Tão depressa se desviaram para seguir a estranhos, e o pior, um
evangelho contraditório.
Paulo começa
a defesa de seu evangelho relembrando
aos gálatas de que sua vida cristã, que teve início com Cristo crucificado e
foi certificada pelo Espírito Santo, estava completamente separada da lei. Eles
seriam tolos de abandonar o caminho de Deus e tentar alcançar a perfeição por
seus próprios esforços.
A Bíblia Viva contém
a seguinte leitura deste versículo: “Gálatas insensatos! Quem foi o
feiticeiro que os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso? Em
outras palavras: “Vocês enlouqueceram? Quem roubou a sua mente”? Paulo estava
fora de si. Quem havia hipnotizado os gálatas antes completamente despertos?
“Quem vos
fascinou” (v.1). O verbo no original para “fascinar” é
baskaino, e só aparece
em todo Novo Testamento
nesta passagem. Na literatura grega clássica da época tem o sentido de
“enfeitiçar”. Os gálatas receberam o Espírito Santo quando creram na mensagem
que Paulo pregou, e não pelas obras da lei. Era uma experiência extraordinária
do poder transformador de Deus na vida deles. Como agora podiam trocar essa
experiência verdadeira cristã por um evangelho espúrio e contrário ao que o
apóstolo pregou? Estava agora estupefato com a insensatez (loucura) dos
gálatas. Não podia crer que essa gente pudesse ser iludida, como se fosse
mentira (Jo 8.44).
Os fariseus são
como feiticeiros do mal, desviando os
olhos de suas vítimas da cruz para a lei. Entretanto, os gálatas não têm
desculpa, pois Paulo lhes deixou bem claro o significado da cruz. Os judeus
consideravam Abraão como seu pai e fonte de suas bênçãos espirituais. Eles
acreditavam que a simples ascendência física de Abraão os tornava justos. Paulo
mostra que Abraão agradou a Deus pela fé e não por realizar obras da lei, uma
vez que a lei não existia na época de Abraão. Ele também insiste que os
verdadeiros filhos de Abraão, e herdeiros da bênção prometida, são aqueles que
vivem pelo princípio da fé. Paulo apresenta as alternativas da fé (v. 11), e da
lei (v. 12) como formas de justificação. Entretanto, ao invés de justificar, a
lei mal diz (v. 10), pois faz exigências que ninguém pode cumprir.
O legalismo está fundamentado no uso inadequado da
lei. Quando
abraçamos o legalismo, abrimos a porta para a feitiçaria entrar nas nossas
vidas. O legalismo libera uma feitiçaria, um fascínio demoníaco que se
manifesta através da manipulação, da dominação e da intimidação, que roubam
nossa sensibilidade e bom senso em relação ao Evangelho.
Ao invés de desenvolver uma comunhão entre os irmãos, o legalismo faz com que os
líderes ajam com extrema severidade e sem misericórdia. Na igreja a pessoa
legalista se irrita por questões insignificantes e amorais, fazendo com que a
igreja se distraia do seu real propósito, e assim por diante.
Qual é o fruto do legalismo? Morte. Por isso, produzir
fruto é uma questão de relacionamento e não esforço. Na verdade, o farisaísmo
destrói o relacionamento e a unidade do corpo.
“Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que
por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo
conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres,
aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.8-11).
Paulo
adverte aos cristãos da Galácia que
estavam deixando o evangelho retornando os rudimentos pobres e fracos da lei.
Ele declara que: voltar ao legalismo não seria melhor que voltar para a
adoração pagã? Deus condena os pagãos como também condenou os fariseus
seguidores da lei.
Nenhum
crente é salvo por mérito ou porque praticou alguma boa obra ou porque
observou algum principio da lei, ou porque segue as tradições humanas de seus
líderes. Todos os crentes em Jesus foram justificados, isto é, aceito por Deus,
mediante a fé em Jesus (Tt 3.5).
Paulo os
chama de “insensatos”, mas no Versículo 10 de “malditos”. Paulo passa a mostrar
à luz das Escrituras Sagradas, usadas pelos judaizantes, a maldição dos
legalistas. Maldição é o contrário de benção. Todos aqueles, pois que são das
obras da lei no verso dez, mostra que a maldição não se restringe apenas aos
judaizantes. O Espírito Santo está mostrando que esta maldição é extensiva a
todos os que procuram se justificar pelas obras da lei, ou aqueles que usam as
tradições obrigatórias e primárias as Escrituras.
“E é evidente que, pela lei, ninguém será
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora a lei não é fé,
mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Gl 3.11-12).
O apóstolo
apresenta outra realidade que os gálatas deviam conhecer e com ela podiam
repudiar os judaizantes. As duas passagens do Antigo Testamento; “O justo
viverá da fé” (Hb 2.4), e “o homem que fizer estas coisas por elas viverá” (Lv
18.5), no vv. 11 e 12, mostram a superioridade do evangelho.
Se não
tivéssemos a posição firme do apóstolo Paulo, colocando a lei no seu devido
lugar e explicando a superioridade do evangelho, o cristianismo, além de não
ser religião distinta do judaísmo, não poderia ensinar a verdade da
justificação dos pecados pela graça.
V. SUBMETEM
O POVO AOS SEUS COSTUMES
“Portanto, ninguém vos julgue
pelo comer, ou pelo beber, ou pelos dias de festas, ou lua nova, ou sábado” (Cl
2.16).
[...] As duas
primeiras palavras provavelmente se referem às regras judaicas sobre
alimentação do Antigo Testamento, que os colossenses eram pressionados a
observar como necessidade para a salvação pelos falsos mestres. E, ainda hoje,
existem ministros que se intrometem na alimentação dos irmãos outros usam o
sábado, usos e costumes como meio de salvação. São ministros débeis na fé, por
falta de maturidade, instrução e conhecimento da Palavra de Deus.
Os falsos
mestres, a quem o apóstolo se refere, estavam envolvidos com o legalismo
judaico: circuncisão (Cl 2.11), preceitos dietéticos e guardas de dias (Cl
2.16). Há também várias referencias ao gnosticismo (Cl 2.18-23).
O verbo grego paralogizomai, que quer dizer
“enganar, seduzir com raciocínios capciosos”, descreve com precisão a perícia
dos falsos mestres na exposição de suas heresias. O nosso cuidado deve ser
continuo para não nos tornarmos presas desses doutores do engano.
A guarda de dias de
festas sagradas, ao lado dos sacrifícios requeridos na lei mosaica foram,
com justiça, observados antes da vinda de Cristo. Eram parte do culto e dos
sacrifícios na Antiga Aliança, como “sombra das coisas celestiais” (Cl 2.17; Hb
8.5), ou “uma alegoria para o tempo presente” (Hb 9.9), ou ainda “a sombra dos
bens futuros e não a imagem exata das coisas (Hb 10.1), isto é, realidade
prefigurada por eles, temo-la em Cristo. Tendo a Cristo, temos tudo o que
carecemos. O cristão não precisa, pois, ficar preso a tais ordenanças, que eram
sombra, ou tipos de Cristo, o antítipo, ou a realidade trazida à história. A
vida do crente em Cristo é liberta de qualquer calendário escravizante,
inclusive da guarda dos sábados, que era um concerto especial de Jeová com seu
povo (Êx 31.13; Dt 5.12; Ez 20.12). Os cristãos guardam o domingo apenas como
dia de descanso semanal. Nesse dia, o primeiro da semana, O Senhor Jesus (que é
também o “Senhor do sábado”, Lc 6.5) ressuscitou (Mc 16.1-8). Os cristão
primitivos conheciam esse dia como “o dia do Senhor” (Ap 1.10). A própria
palavra “domingo” significa “dia do Senhor” [RENOVATO. Lições bíblicas – 3º
Trimestre 2004].
1. Cristo é o árbitro
do nosso coração. Paulo ao escrever sua carta aos romanos diz que somos
justificados mediante a fé e temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo (Rm 5.1). Quando você é salvo lavado no sangue e justificado, passa a
estar em paz com Deus. A paz de Deus provém de caminhar em obediência à vontade
de Deus, pois Ele é o nosso arbitro: “Seja
a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em
um só corpo; e sedes agradecidos” (Cl 3.15). “E a paz de Deus, que excede todo
o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fl
4.7).
É o Espírito Santo que é o nosso árbitro, pois é Ele quem fala em nossos corações. Nem
Jesus como homem julgou a humanidade, mas disse: “Se alguém ouvir as minhas
palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o
mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem
quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último
dia” (Jo 12.47-48).
2. . Palavra é o Seu Árbitro: Guardar é a palavra chave e significa: “Agir como árbitro”. A paz de Deus
que excede todo entendimento agirá como árbitro.
A finalidade do árbitro é a de declarar as condições do jogo. Assim sendo, a paz de Deus deve agir
como árbitro para dizer-nos se estamos certos ou errados. Quando a paz de Deus
o deixa, é hora de parar e examinar a situação. Sabemos que é parte da promessa
de Deus de guiar-nos continuamente, Ele nos dá a orientação para manter-nos na
direção certa em nossa caminhada Cristã. Falamos de termos uma convicção
interior do que Deus quer que façamos; da necessidade desta convicção estar em
linha com as Escrituras; da confirmação profética para dar-nos direção;
sabedoria dos conselhos de pessoas devotadas a Deus; de circunstâncias
confirmadoras; do árbitro da paz de Deus; e finalmente, da provisão de Deus.
3.
Intrometem-se, julgam e policiam a vida dos outros. “Portanto, por que é
que você, que só come verduras e legumes, condena o seu irmão? E, você, que
come de tudo, por que despreza o seu irmão? Pois todos nós estaremos diante de
Deus para sermos julgados por ele” (Rm 13.10 – NTLH).
Não temos o direito
de julgar os outros e condená-los, por um código humano. Todo o julgamento
compete ao Senhor. Por isso Paulo diz: “Cada um dará conta de si mesmo” (Rm
14.12, 13), ou seja, iremos um dia comparecer diante do Tribunal de Deus. Deus
constitui ministros para pregar o Evangelho, e não para serem “donos” do
Evangelho. O verdadeiro ministro é um servo da Igreja de Cristo e não o dono da
Igreja.
A religião
farisaica dos tempos de Jesus usava o critério do julgamento humano, e
Jesus é claro ao dizer para os fariseus:
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o
critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão,
porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?” (Mt 7.1,
4).
“Não julgueis”.
A palavra utilizada no original grego é Krino, e o significado, juiz. No
texto original, a forma usada indica que Seus ouvintes precisavam parar de
julgar. Para nos darmos bem com os outros, precisamos parar de julgar. (v. 1a).
Os escribas e os fariseus seguiam Jesus por onde quer que
Ele fosse na tentativa de achar alguma falha para acusá-Lo (Lucas
6.1–7). Por esta razão Jesus traz este assunto sobre o julgamento.
Sendo assim, no
Sermão do Monte, Jesus fez muitas referências a eles, direta e
indiretamente. Em Mateus 5.20, Ele disse: “… se a vossa justiça não
exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino
dos céus”. Jesus ensina a Seus discípulos, que a justiça dos fariseus estava
baseada em religiosidade e não em atos de fé e de amor. Na última parte do
capítulo 5, Cristo contrastou o Seu ensino com as tradições relativas à lei;
essas tradições foram perpetuadas pelos fariseus. Na primeira parte do capítulo
6, Jesus falou de hipócritas que tocavam trombetas quando davam esmolas, que
oravam em praças públicas com repetições intermináveis, que queriam que todos
soubessem quando jejuavam. Qualquer um teria identificado os fariseus nessas descrições
de Jesus.
[...] Os escribas e
fariseus eram culpados do tipo de julgamento que Jesus estava denunciando.
Eles condenavam grandes segmentos da sociedade: os cobradores de impostos
(Lucas 18.9–14), os samaritanos e os gentios. Além disso, eles se consideravam superiores
a todos os demais. Olhavam com desprezo para os outros e tinham pouca compaixão
dos outros. Se quisermos nos dar bem com os outros, nossa justiça terá de
exceder a dos escribas e fariseus”. [Disponível: David
Roperhttp://www.biblecourses.com/po_lessons/PO_200703_04.pdf – acesso dia
29/08/2009].
A palavra grega krinete,
aqui traduzida como “julgar”, pode conter, tanto no grego como no português,
uma extensa escala de significados, desde discernimento até condenação.
O contexto aponta claramente para este último sentido. Nem o exercício de
uma judiciosa discriminação (exigida claramente por Mateus 7.6, 15-20), nem a
existência de tribunais de justiça está sendo proibidos. É um espírito
condenatório sem misericórdia que Jesus rejeita. Isto é corroborado pelo
material paralelo em Lucas, onde a advertência contra o julgar os outros é
precedida pela positiva: “Sede misericordiosos, como também misericordioso é
vosso Pai” (6.36). Nesta admoestação, Jesus volta ao tema do amor fraternal, que
atingiu o clímax em Mateus 5.43-48. No relato de Lucas do Sermão, os dois
trechos são imediatamente juntados (6.27-38). O ponto de nosso Senhor é que
pessoas tão necessitadas de misericórdia não têm nenhum direito para ser tão
sem misericórdia com os outros. Esta advertência é apenas a face oposta de sua
promessa anterior, que aqueles que mostram misericórdia receberão misericórdia
(Mt 5.7) e aqueles que perdoam serão perdoados (Mt 6.12). Aqueles que condenam
outros sem compaixão ou intento redentor podem esperar o mesmo tratamento nas
mãos de Deus. Quem ousa julgar aos outros, sofrerá a conseqüência dessa
usurpação de poder, pois também virá a ser julgado pela mesma medida - e achado
em falta.
Cristo não
está abolindo a necessidade do exercício do discernimento e de fazermos
avaliação dos pecados dos outros. O crente é ordenado a identificar aqueles que
são falsos na Igreja (Mt 7.15) e avaliar o caráter de certas pessoas.
Não é
proibido o uso de critérios sãos. O que não devemos é nos sentir “donos” da
Igreja de Cristo e julgá-la pelos nossos costumes e regras. O cristão quando
julga seu irmão está condenando a si mesmo. Quem somos nós seres humanos para
julgar e condenar um irmão a nosso bel-prazer? A Palavra nos ensina que não
devemos nem levar um irmão a juízo quanto mais julgar com critério rígido.
Nosso próprio acurado
entendimento da justiça do reino não deverá produzir em nós um espírito de
julgamento áspero e reprovador contra aqueles que estão tendo uma luta em
servir a Cristo. Os homens precisam ser ajudados a ver a natureza da verdadeira
justiça, mas não por um descuidado e convencido hipócrita que está mais
preocupado com os pecados alheios do que com os próprios. Se o sermão for
aplicado primeiro em casa, facilmente encontraremos a compaixão e a humildade
para tratar dos pecados alheios (7.1-5).
O reino de Deus não é
propagado por um cego fanatismo mais do que pelo exercício de uma árida
crítica. O filho do reino está em busca daqueles cuja atitude torna-os maduros
para receber as boas novas da redenção, e não de homens e mulheres cujo orgulho
impossibilita-os de ouvir e entender (7.6).
E finalmente, o
reino não é obtido por esforços heróicos e meritórias realizações, mas
simplesmente por pedi-lo com seriedade. O reino é uma dádiva do amor de Deus
(7.7-12).
4. Julgamento
egoísta. “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas
na trave que está no teu próprio?” (Mateus 7.3-5).
[...] Porque o tipo
de julgamento em discussão é sem amor e egoísta, ele é freqüentemente
acompanhado de hipocrisia. Por esta razão, Jesus pinta o quadro patético e
humorístico de um homem tentando extrair um grão de areia do olho de outro,
enquanto uma trave está saliente no seu. Espiritualmente falando, há uma grande
quantidade destes cegos oculistas que estão muito preocupados em ver as faltas
dos outros e estão esquecidos da enormidade das próprias. Afortunadamente, uma
séria atenção com nossos próprios erros têm o efeito de nos equipar com
humildade suficiente para tratar paciente e habilmente com os pecados alheios
(Gl 6.1-3; Tt 3.2-3).
O ensinamento de
Jesus contém muita repreensão (por exemplo, Mateus 23 e o texto presente),
entretanto, nunca áspera ou severa. Como o próprio Senhor observou, “Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.17). E esta é a chave. Não é a reprovação
amorosa e que resgata que o Senhor rejeita aqui, mas os ataques sem amor que
servem somente para alimentar o ego do “juiz”.
O evangelho da graça
não pode ser pregado sem convencer os homens do pecado (Jo 16.8) e chamá-los a
mudar o coração (Lu 24.47; At 2.38; 3.19; 17.30). Mesmo as almas do povo
redimido de Deus não podem ser protegidas sem se admoestar os insubmissos (1ª Ts
5.14) e procurar converter “o pecador do seu caminho errado” (Tg 5.19-20). Mas
tal correção é oferecida com amor que redime, não como o veículo do orgulho e
da ira. A justiça do reino adverte, mas não ataca. Os cidadãos do reino de
Deus, lutando com seus pecados e assediados por fraquezas, necessitam de um
irmão e não de um “juiz”. Em todos os nossos tratos com outros, precisamos
lembrar que não somos agentes do julgamento do Senhor, mas de sua salvação. A
vingança pertence ao Senhor. Nossa tarefa é buscar e salvar o perdido.
5. Condena a si mesmo. “Portanto, és
indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que
julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que
condena Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que
praticam tais coisas. Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e
fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a
riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de
Deus é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração
impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do
justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a
vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e
incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade
e obedecem à injustiça. Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer
homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e
honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao
grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas” (Romanos 2.1-11).
No capítulo
dois de Romanos, Paulo confronta os moralistas judiciais, que condenam a si
mesmo naquilo em que julgam. Estão sempre apontando um dedo para alguém.
O que são os
juízes moralistas? Qualquer pessoa que filtre a graça de Deus através de
sua opinião pessoal, ou que dilua a misericórdia de Deus em seu próprio
preconceito, como o irmão do filho pródigo que não quis comparecer à festa (Lc
15.11-32), ou o trabalhador de dez horas frustrado porque apenas uma hora
ganhou o mesmo salário (Mt 20.1-16). É o sensor obcecado em julgar a vida de
seu irmão, e esquecido dos seus próprios erros.
Paulo vê,
conseqüentemente, o judaísmo e o paganismo como uma só coisa. Sem a graça e
a misericórdia de Deus estão todos perdidos.
Paulo
explica nestes versículos, uma estranha fraqueza humana: a tendência que
temos de criticar todo mundo, à exceção de nós mesmo.
Quem julga
já está condenando a si próprio. Além do mais, Paulo argumenta, agindo
dessa forma nós nos expomos ao juízo de Deus e acabamos ficando sem desculpa
nem saída. Como podemos julgar se não somos Deus para conhecer o interior de
alguém? Somente Deus tem o critério certo de julgar as pessoas. O homem não é
aceito por Deus por guardar a lei exteriormente, mas pela renovação interior e
a santificação, através do Espírito Santo.
Se você “acha que
pode julgar os outros” (Rm 2.1), Paulo tem um duro lembrete a você. Não lhe
cabe a função de segurar o martelo. “E bem sabemos que o juízo de Deus é
segundo a verdade contra os que praticam tais coisas” (v. 2).
“É indesculpável,
imperdoável aquele que julga o seu irmão” (v. 1). Está condenando a si mesmo
(v. 1). “E praticas as próprias coisas que condenas” (v. 1). Receberá maior
Juízo (v.2-3). Despreza o fruto do amor (v.4). Tem um coração duro, e mau (v.
6). É faccioso e desobediente à Verdade (v. 8) São injustos (v. 8). Fazem
acepção de pessoas (v. 11).
È importante ficar alerta em relação às pessoas que vivem
enfatizando as falhas dos demais, porque estas falhas que eles denunciam são exatamente
os problemas que eles mesmos estão lutando em suas vidas! Quando julgamos temerariamente
aos outros, na verdade, revelamos o nosso próprio coração.
Enganamo-nos a nós mesmos quando, por orgulho e vaidade,
julgamo-nos superiores ou mais capazes do que os demais. Em tudo que
presenciamos colocamos defeitos e cremos que poderíamos fazer muito melhor.
Mostramos contrariedade quando somos preteridos e não entendemos o porquê de
outros serem escolhidos quando nós seríamos as pessoas indicadas para aquela
função. Só conseguimos enxergar as nossas qualidades e os defeitos dos que
estão ao nosso redor.
[...] Julgamos e condenamos outras pessoas (o que como seres
humanos, não temos o mínimo direito de fazer), especialmente quando deixamos de
condenar a nós mesmo. É isso que se chama de hipocrisia de duas medidas: um
alto padrão para os outros e um comodamente baixo para nós [STOTT. P. 91].
Assim como queremos
que Deus não nos condene, também não podemos condenar o irmão por qualquer
coisa que ele tenha feito, por pior que tenha sido, a Deus cabe o julgamento,
“porque Deus não faz distinção de pessoas” (Rm 2.11).
Deus conhece o
coração do homem e sempre julga conforme sua justiça e amor. Ele não julga
como nós julgamos ou entendemos. O nosso julgamento precisa ser transformado em
acolhimento, amor, alegria e justiça. Nossos pensamentos não são os pensamentos
do Senhor. Não queiramos olhar para Deus com parâmetros humanos.
Por causa do nosso
julgamento, muitas vezes, estamos nos afastando de Deus e as pessoas de nós
e de Deus. Porque se vermos uma pessoa diferente se aproximando e entrando na
Igreja, temos logo um juízo temerário e a condenamos, atribuímos muitas vezes
coisas que aquela pessoa nem é – como, por exemplo, prostituta, ladrão etc, sem
realmente ter conhecimento de sua vida ou passado.
Julgamos que somos mais competentes do que Deus para escolher pessoas
para determinadas funções. Não aceitamos o fato do Senhor ter Seus propósitos.
Ele não olha para o que podemos fazer e sim para o que pode fazer através de
nós. E, para qualquer serviço espiritual, mais vale a obediência e a humildade
de aceitar a vontade de Deus do que a prepotência de alguém achar que pode
fazer qualquer coisa segundo sua própria vontade. Não somos nada e nada podemos
fazer se a graça do Senhor não estiver sobre nós.
Pr. Elias Ribas
Igreja Ev. Assembléia de Deus
Blumenau - SC