TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

DAVI É UNGIDO REI



TEXTO ÁUREO
“Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá.”(1º Sm 16.13)

VERDADE PRÁTICA
O propósito da unção é capacitar o obreiro para desempenhar a obra de Deus e, com autoridade, vencer os gigantes.

LEITURA BÍBLICA
1º Samuel 16.1-13 “Então, disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei. 2 – Porém disse Samuel: Como irei eu? Pois, ouvindo-o Saul, me matará. Então, disse o SENHOR: Toma uma bezerra das vacas em tuas mãos e dize: Vim para sacrificar ao SENHOR. 3 – E convidarás Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem eu te disser. 4 – Fez, pois, Samuel o que dissera o SENHOR e veio a Belém. Então, os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda? 5 - E disse ele: É de paz; vim sacrificar ao SENHOR. Santificai-vos e vinde comigo ao sacrifício. E santificou ele a Jessé e os seus filhos e os convidou ao sacrifício.6- E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido. 7 – Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração. 8 – Então, chamou Jessé a Abinadabe e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o SENHOR. 9 – Então, Jessé fez passar a Samá, porém disse: Tampouco a este tem escolhido o SENHOR. 10 – Assim, fez passar Jessé os seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem escolhido estes. 11- Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os jovens? E disse: Ainda falta o menor, e eis que apascenta as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Envia e manda-o chamar, porquanto não nos assentaremos em roda da mesa até que ele venha aqui. 12- Então, mandou em busca dele e o trouxe (e era ruivo, e formoso de semblante, e de boa presença). E disse o SENHOR: Levanta-te e unge-o, porque este mesmo é. 13 – Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá.

INTRODUÇÃO.
- Na sequência do estudo dos livros de Samuel, estudaremos a respeito da escolha de Davi por Deus para ser o novo rei de Israel.

- Davi era o homem segundo o coração de Deus escolhido pelo Senhor para reinar sobre Israel.

- O conceito de unção é do Antigo Testamento; destinava-se a sacerdotes, reis e profetas, para que estes exercessem com êxito suas funções e ministérios (Êx 40.13-15;1º Sm 9.16); profetas também eram ocasionalmente ungidos, segundo a determinação divina (1º Rs 19.16).
- A unção capacita o obreiro para desempenhar a obra de Deus.

I. QUEM ERA DAVI

- Davi era o filho mais novo de Jessé, filho de Obede e da linhagem de Rute a moabita que casou com Boaz. A trajetória normal de sua história seria uma vida pacata no campo e uma boa prestação de serviços aos seus irmãos.

- Contudo, o Deus de Israel estava atento ao estilo de vida do jovem pastor. A ponto, de o Senhor o escolher para ser o segundo rei de seu povo e o mais amado e conhecido até os dias de hoje.

- No texto de 1º Samuel 16.11 – 13, fica muito claro que nem Jessé seu pai, ou muito menos seus irmãos o viam de maneira tão privilegiada.

II. A ESCOLHA DE DAVI COMO REI DE ISRAEL

1. As condições de Saul.
- O rei Saul apresentara-se como um rebelde contra o Senhor e, diante disso, não poderia mais continuar reinando sobre Israel, sob pena de levar todo o povo à perdição. Espiritualmente, pois, o reino caminhava muito mal e Deus já revelara ao seu profeta, Samuel, o desejo de escolher um outro rei, que fizesse a Sua vontade. Ciente desta disposição e estando afeiçoado a Saul, Samuel começou a interceder pelo rei, a fim de que Deus pudesse modificar a sua triste sorte (1º Sm 16.1).

- Estes fatos mostram-nos como devemos ter muito cuidado na obra do Senhor. Assim como Deus queria o bem-estar espiritual de Seu povo e isto não era possível com Saul à frente, diante de seu espírito rebelde, do mesmo modo, nos dias hodiernos, Deus também não tem prazer em ver “líderes” rebeldes à frente da Igreja do Senhor. Não é por outro motivo, aliás, que o apóstolo Paulo diz que os que presidem devem fazê-lo com muito cuidado (Rm 12.8), pois o Senhor a tudo observa e não admite que rebeldes fiquem à frente de Seu povo.

2. A ordem de Deus a Samuel.
- Em resposta à oração intercessória de Samuel, o Senhor lhe manda até a casa de Jessé, em Belém de Judá, pois ali Se tinha provido de um rei entre os filhos de Jessé. Samuel, numa lição que nos dá, ao saber qual tinha sido a resposta de Deus a seus pedidos por Saul, prontamente obedeceu, não ficou insistindo nem teimando. Que possamos todos, ao receber de Deus uma resposta a nossas súplicas, conformarmo-nos à Sua vontade, pois não se ganha coisa alguma em contender contra o Senhor.

2.1. A estratégia de Deus- Samuel, porém, sabia que Saul era um rei duro e impiedoso. Ao receber a ordem divina para ungir a um dos filhos de Jessé, o profeta, que desfrutava de intimidade com Deus, temeu por sua vida, pois sabia que Saul não hesitaria em mandar matá-lo, caso soubesse que ele havia ungido outrem para reinar sobre Israel. O Senhor, então, dá-lhe uma estratégia, qual seja, a de fosse realizar um sacrifício pacífico em Belém e que convidasse a Jessé e a sua família e, após o sacrifício, quando estivessem todos para comer a refeição, Deus indicaria quem deveria ser ungido (1º Sm 16.2,3).

2.2. Vemos como Deus trabalha. O receio de Samuel era justificado. Saul já dera mostra de sua impulsividade e de seu caráter violento, o que muito explicava a sua rebeldia contra o Senhor. No entanto, Deus não Se irou contra Samuel nem viu nesta atitude do profeta uma recusa a realizar a Sua vontade. Prontamente, deu-lhe uma estratégia em que a ordem divina seria prontamente cumprida e o risco de perseguição por parte de Saul senão completamente, sensivelmente diminuído.

2.3. O mesmo hoje ainda acontece. Devemos levar ao Senhor as nossas dúvidas e dificuldades quando somos convocados para o Senhor para realizarmos alguma obra. O que não podemos é desprezar as reais circunstâncias que se apresentam como obstáculos à realização da vontade de Deus como também, por conta de tais dificuldades, deixar de fazer a vontade do Senhor. Muitos hoje ou deixam de lado a prudência e querem cumprir a vontade de Deus sem o devido cuidado e, diante disto, saem prejudicados, ou, então, o que é pior, simplesmente desobedecem a Deus por conta dos problemas que se apresentam. Samuel não fez nem uma coisa, nem outra. Correu aos pés do Senhor e lhe pediu uma estratégia, exatamente o que Tiago nos conclama a fazer: “e, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não lança em rosto, e lhe será dada” (Tg.1.5).

3. Um sacrifício de paz. Ao chegar a Belém, uma pequena cidade de Judá (Mq 5.2), Samuel causou não pequeno alvoroço entre os anciãos da cidade, pois a presença do homem de Deus nunca era despropositada ou gratuita. Samuel, porém, apazigua a todos e diz que sua vinda é de paz e que deveria oferecer sacrifício pacífico ao Senhor, convidando Jessé e sua família para a efeméride, o que significava que, após o sacrifício, tomaria a refeição na residência de Jessé (1º Sm 16.4,5).

4. As aparências nos enganam. Após o sacrifício e já na hora da refeição que se lhe seguia (Lv 7.15-17), Samuel, então, em obediência à ordem divina, mandou que se lhe trouxessem os filhos de Jessé, pois o Senhor havia dito que, dentre eles, tinha Se provido de um rei (1º Sm 16.1).

- Chegou, então, o primogênito de Jessé, Eliabe. Além de ser o primogênito e, portanto, ser, por força da lei de Moisés, não só aquele que pertencia ao Senhor (Êx 13.2; Nm 3.13; 8.17), como também o mais abençoado dentre todos os filhos, tanto que fazia jus à porção dobrada na herança (Dt 21.17), Eliabe era de porte atlético, guerreiro (1º Sm 17.13) e, diante de tantas “evidências”, Samuel não teve dúvida de que, diante dele, estava o novo rei de Israel (1º Sm 16.6).

- No entanto, se Samuel via o exterior e fazia suas avaliações com relação às convenções humanas e, até mesmo, diante das conclusões humanas diante da lei divina, Deus conhecia o coração de Eliabe e sabia que ele era um homem covarde e invejoso, apesar de sua aparência e altura (cf. I Sm.17:28), motivo pelo qual não era o escolhido do Senhor para reinar sobre Israel (1º Sm 16.7). Mesmo Samuel, o homem de Deus daquele tempo, o homem em que habitava o Espírito Santo (o Espírito, embora ainda estivesse sobre Saulnaquele instante, já não mais operava no rei, o que fazia de Samuel a única pessoa, que temos conhecimento, naquele instante, a ter o Espírito de Deus em Israel), não era capaz de conhecer o coração humano, pois só Deus pode fazê-lo. Por isso, ante esta história da rejeição de Eliabe, sejamos cuidadosos e não façamos julgamentos precipitados sobre A ou B, pois não temos condição de saber o que há no interior do homem, o que existe em seu coração enquanto não convivermos com ele o suficiente para vermos os seus frutos e, então, sabermos quem ele é (cf. Mt 7.15-20).

- Ante estas palavras do Senhor a Samuel, o profeta mandou que passasse diante dele os outros filhos de Jessé. Passaram diante de Samuel, então, os sete filhos que ali estavam (1º Sm 16.10), tendo Deus rejeitado a todos eles, inclusive os dois outros guerreiros, Abinadabe e Samá (por isso, os únicos nomeados no texto sagrado, nessa ocasião – 1º Sm 16.8-10).

5. O convidado de honra. Quando passou diante dele o sétimo moço e o Senhor o recusou, Samuel, certamente, ficou atônito. Deus havia lhe dito que de um dos filhos de Jessé havia Se provido de um rei e o último acabara de ser rejeitado.

- Como Samuel, porém, sabia em quem cria, indagou a Jessé se havia ainda outro filho. Foi, então, que Jessé deu notícia da existência de um oitavo, o menor, que estava a apascentar as ovelhas. Davi era o menor, aquele que nem sequer era considerado a ponto de ser convidado para participar do sacrifício e da refeição que lhe seguiria (1 Sm 16.11).

- Mais uma vez vemos como Deus vê diferentemente do homem. Aquele que havia sido desprezado, desconsiderado, de que ninguém sentiu a falta, era o escolhido de Deus. Isto ainda continua a acontecer, pois “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são, para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1ª Co 1.27-29). Temos a visão divina para ver e compreender estas coisas, ou temos nos prendido às coisas deste mundo e nos tornado cegos ante a obra do Senhor?

- Diante desta notícia, Samuel, já sabedor de que se trava do escolhido de Deus, mandou que se enviasse alguém para chamar o filho que restava, pois ninguém se assentaria em roda da mesa enquanto ele não chegasse. Deus já começava ali a honrar Davi, pois, de não-convidado, passara a ser o convidado de honra.

- De desprezado pelo próprio pai e pela família, passara a ser o homenageado do profeta e ex-juiz de Israel.

- De rejeitado pelos homens, passara a ser o escolhido de Deus. Davi, mesmo antes de ter conhecimento do seu chamado, já prefigurava o Cristo que, de rejeitado pelos homens e por Israel (Is 53.3; Jo 1.11), foi o escolhido de Deus para ser posto acima de todos (Fp 2.9-11), a pedra rejeitada que foi posta por cabeça da esquina (At 4.11).

- Os parâmetros e critérios para as escolhas que Deus faz são frontalmente opostos aos nossos. Isto porque Ele não se guia pela aparência efêmera do ser humano ou as circunstâncias superiores que envolvem sua vida. Nenhum de nós jamais pela nossa lógica escolheria um pastor de ovelhas para ser Rei de uma nação. O eliminaríamos sem cerimônias. Contudo, não foi assim com o jovem perseguido pelos seus irmãos. Deus o elegera “o homem segundo o seu coração.” Digno de ocupar o posto mais elevado em Israel. Mas, porque?

- Muito se discute sobre o número dos filhos de Jessé. O texto de 1º Sm.16 fala-nos que havia sete filhos no banquete e que, depois, Davi foi chamado, o que faz com que o número de filhos seja de oito, o que é confirmado por 1º Sm 17.12. Em 1 Cr 2.13-15, entretanto, Davi é apontado como o sétimo filho de Jessé, como se Jessé tivesse apenas sete filhos e não oito como constou em 1º Sm, em 1º Cr, aliás, são dados os nomes de todos os filhos de Jessé, o que não ocorre em 1º Sm, que apenas dá o nome dos três mais velhos (Eliabe, Abinadabe e Simeia ou Samá), que eram os filhos de Jessé que faziam parte do exército de Israel (1º Sm 17.13). Ali ficamos sabemos os nomes dos outros três, a saber: Netanel, Radai e Ozem (1º Cr 2.14,15).

- Davi é apresentado como “o filho menor”, que é o objetivo da revelação divina, ou seja, mostrar que a escolha de Davi foi divina e fora de quaisquer parâmetros humanos, o que é relevantíssimo no que toca ao desenvolvimento do plano de Deus para a salvação do homem.

- Quando Davi chegou, a Bíblia diz que ele era ruivo, formoso de semblante e de boa presença. Esta descrição física do jovem mostra-nos claramente que Davi não era rejeitado porque fosse defeituoso ou uma pessoa feia, mas, única e exclusivamente, porque era “o filho menor”, em virtude das convenções sociais de seu tempo. Era um rapaz bonito, bem-apessoado, simpático e educado, mas que era desprezado por conta de sua qualidade de filho caçula. Isto também impede que se diga que Davi era um filho bastardo ou algo semelhante, como se chegou mesmo a apregoar. Se o fosse, isto, certamente, não impediria a escolha da parte de Deus, mas não podemos inferir tal afirmação pois o texto sagrado não nos permite fazê-lo, visto que a Bíblia jamais omitiria tal dado, caso ele existisse, como, por exemplo, vemos no caso de Jefté (Jz.11:1,2).

- Discute-se se Davi era “ruivo” mesmo ou se o termo não foi corretamente traduzido, querendo dizer “loiro” ou “claro” em relação aos seus irmãos, que deveriam ser mais escuros. Muitos acham que a expressão revela que Davi era “bronzeado” ou “moreno” (como traduziu a Nova Versão Internacional), em virtude de sua exposição ao sol. De qualquer maneira, ele se distinguia dos seus irmãos na sua aparência física. Não tinha o corpo atlético e “sarado” de seus irmãos mais velhos, mas era de “gentil aspecto”, ou seja, uma pessoa simpática que transmitia ternura e dulçor, algo bem diferente da imagem que Israel tinha para um rei e que tanto havia se adaptado à aparência física de Saul. Como os olhos humanos se enganam.

6. A unção de Davi por Samuel.
- Quando Davi chegou, Samuel somente o ungiu depois que o Senhor lhe mandou, prova de que aprendera a lição de que só Deus conhece o coração do homem. Apesar das evidências, o profeta se manteve obediente à voz do Senhor e, quando o Senhor confirmou que aquele era o escolhido, tomou o vaso de azeite e ungiu Davi no meio de seus irmãos. Este ato, apesar de solene, foi sobretudo um ato espiritual, que teve efeito imediato tão somente no interior de Davi, pois a Bíblia diz que, a partir daquele instante, o Espírito de Deus Se apoderou de Davi (1º Sm 16.13).

- Do ponto-de-vista exterior, após aquela unção, todos tomaram a refeição e Samuel, como nos diz o texto sagrado, levantou-se e tornou a Ramá. Enquanto isto, “o novo rei”, no dia seguinte, voltou a apascentar as ovelhas de seu pai. Nada, aparentemente, havia mudado, tudo como antes.

- Na verdade, porém, Davi não era mais o mesmo. Assim como Saul, quando ungido, tornou-se um outro homem (1º Sm 10.6), Davi também teve alterado o seu estado espiritual. No entanto, se Saul profetizou logo em seguida ao apossamento do Espírito, o mesmo não se deu com Davi. No entanto, diz-nos a Bíblia, o Espírito do Senhor se retirou de Saul, como resultado direto da unção de Davi e, a partir de então, Saul ficou à mercê de um espírito maligno, enviado da parte do Senhor, ou seja, por Sua vontade permissiva (1º Sm 16.14).

- Como estávamos ainda na dispensação da lei, vemos que o Espírito operava sob medida e, diante da rejeição divina a Saul, não podia mais o Espírito habitar em Saul quando se ungiu um novo rei. Por isso, o Espírito Se apoderou de Davi e, simultaneamente, se retirou de Saul. Espiritualmente, pois, já havia ocorrido a sucessão. Davi só viria a ocupar o trono muitos anos depois, mas, diante de Deus, a sucessão já se fizera. Havia um novo rei, um novo ungido em Israel.

- O mesmo ocorre nos dias hodiernos. Quando somos salvos pelo Senhor, o Espírito Santo vem habitar em nós (Jo 14.17; Rm 8.9), sem que, para isso, porém, tenha de sair de ninguém mais. Agora o Espírito Santo atua livremente, não mais por medida (Jo.3:34), de sorte que podemos desfrutar da condição de templos do Espírito Santo independentemente da conduta dos demais (1ª Co 6.19). No entanto, se entristecermos o Espírito Santo e, em mantendo nossa conduta pecaminosa, O agravarmos (Ef 4.30; Hb 10.29), corremos sério risco de cairmos na mesma situação de Saul, quando não um, mas até mesmo oito espíritos malignos podem nos causar enorme e, por vezes, irremediável prejuízo espiritual em nossas vidas (Mt 12:43-45; Lc.11.25-26; Hb 10.30,31).

III. AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE DAVI FOI CHAMADO

1. Em meio a uma crise espiritual. De certa forma, a vocação ou o chamado de Davi por parte de Deus externou-se a partir da rejeição de Saul pelo Senhor (1º Sm 13.13,14; 15.26-28). É preciso lembrar-se que, antes de ter um rei, o povo de Israel possuía uma liderança teocrática, formada por juízes escolhidos por Deus, os quais defendiam suas causas (Jz 2.16-19). Não obstante, a vontade de Israel manifestada publicamente naqueles dias (cf. 1º Sm 8.1-22), foi esquivar-se do sistema político da teocracia para se tornar uma monarquia como as nações incrédulas vizinhas (1º Sm 8.1-7, 19-22). A vontade do povo não era apenas a de ter um rei, mas de se tornar “como as outras nações” (v. 20). Não era, portanto, apenas por uma simples mudança de regime que o povo estava ansiando, mas por uma troca de governante. Aquela má escolha deixou o profeta Samuel alarmado e triste (1º Sm 8.6).

- É nesse contexto que vemos, na história bíblica, surgir Saul (1º Sm 9.1-27), alguém que preenchia os requisitos e as expectativas do povo (1º Sm 8.4-6). Muito cedo em seu governo Saul demonstra não ser um homem disposto a buscar a direção de Deus para dirigir Israel (1º Sm 13). Samuel logo observou ser Saul um rei carnal, fraco, desobediente e sem espiritualidade, e, portanto, desqualificado como líder do povo eleito de Deus (1º Sm 13.14; 15.26-28). O maior problema era que um fracasso iminente do rei significava a derrocada de toda a nação. E isso, infelizmente, não tardou acontecer. Saul assemelhava-se a uma árvore, cujas raízes foram cortadas, permanecendo com sua folhagem verde por algum tempo. E é neste contexto que o Senhor buscou “para si um homem” que lhe agradasse e que se tornaria príncipe sobre o seu povo (1º Sm 13.14). E Davi era esse homem escolhido (1º Sm 16.12,13).

- Hoje, assim como naquela época, a obra de Deus sofre, em certos lugares, por desobediência de alguns que chegam a “ensinar” somente por obrigação e vontade humana sem, contudo, ter a aprovação de Deus. Entretanto, não é possível alguém permanecer à frente da obra Deus e ir muito longe se os seus fundamentos espirituais foram derrubados.

2. A gravidade da crise. Diante de uma crise de tal gravidade que se abateu sobre a liderança do povo de Deus, Samuel chorava não somente a queda de Saul, mas também se preocupava com a lacuna gerada por sua rejeição definitiva. Deus, que controla as situações, declarou a Samuel que já havia se provido de um rei (1º Sm 16.1).

- Em toda a história bíblica, é possível verificar esta forma de Deus tratar com o seu povo. Durante a peregrinação no deserto, vemos como o Senhor não aceitou a desobediência de Moisés, impedindo sua entrada na Terra Prometida (Nm 20.11,12; Dt 32.51,52). Mesmo não permitindo que Moisés em sua rebeldia continuasse a governar o seu povo e entrasse em Canaã, o Todo-Poderoso não desamparou a sua Tribo Nômade, pois já havia provido outro líder para finalmente introduzi-la na Terra Prometida (Dt 1.37,38).

III. A NATUREZA DA VOCAÇÃO DE DAVI

1. Um desígnio divino. No ensino revelado na Palavra de Deus, a vocação divina é um fato declarado e demonstrado entre o povo de Deus. Ele chama a quem quer, quando quer e capacita como quer e para o que quer. Essa verdade é demonstrada na vida do sucessor de Saul. Quando lemos o Salmo 89.20: “Achei a Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi”, vemos claramente que Davi foi escolhido por Deus. Ele foi chamado ou “recebeu uma vocação” da parte do Senhor.

- Em um contexto maior, é importante entender que o Messias prometido ao povo de Deus seria um descendente da tribo de Judá e, portanto, Davi é parte direta do cumprimento das promessas divinas a Israel (Is 11.1,2; Jr 23.5,6; At 2.29,30; Rm 1.3). O primeiro versículo do Novo Testamento (Mt 1.1) enuncia o cumprimento desta profecia messiânica. No último livro da Bíblia, o próprio Senhor Jesus, o Messias prometido declara: “[…] Eu sou a Raiz e a Geração de Davi” (Ap 22.16). Tais textos são uma evidência do cumprimento da Aliança Davídica: “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” (2º Sm 7.16).

2. A resposta humana. Um dos princípios da vocação divina é a soberania de Deus (1º Cr 28.4,5). Todavia, isso não significa que o Eterno não leve em conta a responsabilidade humana na realização de seus propósitos (1º Cr 28.6,7).

- Saul subiu ao trono em resposta à pretensão do povo (1º Sm 8.4-6), que, após ouvir a “descrição” divina do perfil do rei (1º Sm 8.9-18), respondeu categoricamente: “Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras” (vv.19b, 20). Assim, de acordo com o discurso do apóstolo Paulo na sinagoga de Antioquia, o Eterno deu Saul em resposta ao injusto clamor do povo e segundo o que eles idealizaram (At 13.21). Em seguida, Paulo declara que Deus “levantou como rei a Davi” (At 13.22). Enquanto Davi foi levantado em decorrência da vontade divina (1º Sm 13.13; 15.26-28; 16.1), Saul foi dado por Deus segundo o desejo de Israel de ter alguém com o perfil desse rei (1º Sm 9.14-20; 10.17-27).

- Isso mostra que a escolha divina de homens para o seu serviço leva também em conta a liberdade humana e não a invalida. Saul não estava predestinado ao fracasso (1º Sm 13.13), tampouco Davi estava destinado ao sucesso continuamente (1º Rs 11.38). Contrastando a vida de ambos, observamos que os dois foram ungidos da parte de Deus por Samuel sob iguais condições de conduzirem o reino de Israel. Mas a forma como cada um procedeu ante a esse chamado foi muito diferente.

IV. DAVI, O REI UNGIDO

1. Significado e propósito da unção. No hebraico, há duas palavras para unção − suk e mashah. A palavra suk aponta para a unção com o óleo sobre o corpo ou a cabeça de um convidado (Dt 28.40; Rt 3.3). A palavra grega que corresponde ao hebraico suk é aleipho (Lc 7.38,46), que pode referir-se ao ato de ungir os enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14). Quanto à palavra mashah, a ideia é a de cobrir ou untar. Dela deriva o substantivo mashiah (Messias). A palavra grega chrio se relaciona com mashah, daí o nome “Cristo”. No Antigo Testamento, a palavra preferível para a prática da unção religiosa é mashah: unção de pedra (Gn 31.13); dos sacerdotes (Êx 28.41; 29.7,36), dos reis (1º Sm 9.16), dos profetas (1º Rs 19.16) e de objetos diversos (Êx 30.26-28). Nesse sentido, o ato da unção busca mostrar que a pessoa ou o objeto ungido fora especialmente separado para o serviço de Deus, tornando-se assim, intocável (1º Sm 24.6).

2. O simbolismo da unção. Como um ato ordenado por Deus, a unção passou a simbolizar o derramamento do Espírito do Senhor (1º Sm 10.9; Is 61.1). O termo mashah do Antigo Testamento, que no Novo é chrio, refere-se à unção do Messias que viria (Sl 45.7; Dn 9.24). Assim, o Novo Testamento mostra que essa unção estava sobre Jesus (Lc 4.18). Pedro fez menção dessa unção sobre o Filho de Deus (At 10.38); e Paulo descreveu essa mesma unção sobre os cristãos (2ª Co 1.21,22). A unção no Antigo Testamento destinava-se à separação de alguém está relacionada a Cristo, como Filho de Deus e Salvador do Mundo, e aos cristãos, no sentido de dotar-nos de poder para testemunhar as verdades do Evangelho (At 1.8; 1º Jo 2.20,27). A verdadeira unção é ordeira, decente e tem como alvo a glória divina e a expansão do Reino de Deus.

3. A unção sobre Davi. Alguns detalhes importantes cercam 1º Samuel 16.1-13 por ocasião da unção de Davi por Samuel. O autor sagrado destaca o sentimento humano de Samuel, o qual gostava muito de Saul, mas o profeta estava no querer de Deus. Devido a seus pecados, Saul não poderia continuar como rei. Então Deus busca na casa de Jessé, o belemita, neto de Boaz e Rute, um de seus filhos para reinar (Rt 4.17). Conhecendo bem Saul, Samuel tinha consciência de que a missão de ungir um novo rei seria difícil. Por isso, ele foi orientado por Deus a fazer um banquete e um sacrifício naquela região. Como representante de Deus, muitos o temeram, mas Samuel relatou que sua ida era de paz. Os filhos de Jessé passaram diante do profeta, mas nenhum deles foi escolhido, embora Samuel se impressionasse com a postura e aparência dos jovens. Entretanto, um estava ausente, cuidando dos haveres da família. Davi foi ungido em meio aos seus irmãos e, a partir daí o Espírito do Senhor se apoderou de Davi, concedendo-lhe sabedoria, poder, orientação, para que pudesse cumprir os propósitos divinos.

V. DAVI, O REI QUE ERA SERVO

1. O ungido servindo. A unção de Deus não tira a nossa atitude de servos. Davi, sendo ungido, não abandonou sua posição de servo e fez isso até que chegasse o momento de assumir o trono. Sua atitude de servo foi estratégica, para que Deus o colocasse na corte de Saul, local de onde os planos divinos seriam executados. No relato do encontro de Davi com Saul, deve-se entender que tais acontecimentos não se seguem em ordem cronológica. Todavia, o mais importante é vislumbrar a promessa divina em curso, pois Davi crescia enquanto Saul decrescia.

2. O Espírito do Senhor se retira de Saul. O Espírito de Deus se afastou de Saul. Este, por sua vez, passou a ser assombrado por um espírito mau que ali estava por expressa permissão do Senhor. Para acalmar essa profunda melancolia na alma, o servo Davi foi convidado e levado à corte pela graça de Deus e por suas virtudes: tinha boa aparência, talento, capacidade de aprender e compreender as coisas; era bom guerreiro e o Senhor era com Ele (1º Sm 16.18).

3. Deus levanta autoridades. Davi esteve muito tempo com Saul, mas em momento algum relatou a unção de Samuel sobre sua vida; ou tentou aproveitar-se da vulnerabilidade do rei para matá-lo e assumir o reinado; antes, participou de lutas em seu favor. Só no momento certo é que foi aclamado rei. É Deus que levanta e dá a autoridade. Deus pode levar crentes a grandes postos. Entretanto, é preciso aprender a servir, ter atitude de servo, pois foi esse o exemplo que Jesus nos deixou: servir a todos (Mc 10.45; Fp 2.7).

CONCLUSÃO.
- Vimos, pois, que a vocação de Davi fez parte da vontade de Deus, que na sua soberania e presciência escolhe a quem quer para a realização dos seus desígnios. Nada está fora do seu controle e nada acontece sem a sua permissão. Mesmo em meio às crises e reveses da vida, Ele continua sendo Senhor da história.

- Quando Deus está no caso, portas se abrem sem nem ao menos sabermos de onde e como foi aberta, mas abre. E onde vai parar o futuro rei de Israel? Justamente junto, na intimidade, do atual rei de Israel. Saul mandou uma comitiva à casa de Jessé convocando seu filho Davi para um encargo real.

- Era como se fosse um estágio supervisionado, uma escola para Davi, um treinamento de primeira linha. Saul se encanta com Davi e se sente muito aliviado quando lhe sobrevém as crises e assim torna ele seu escudeiro e lhe dá lugar de destaque no reino.
À princípio, ninguém o invejou, nem o temeu, pois, sua entrada foi tão sutil e tão agradável que também logo conquistou toda família de Saul e os principais dos guardas e líderes de Saul. Ele não representava uma ameaça!


sexta-feira, 8 de novembro de 2019

A REBELDIA DE SAUL E A REJEIÇÃO DE DEUS



TEXTO ÁUREO
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1º Sm 15.23).

VERDADE PRÁTICA
Ao cristão nascido de novo não cabe praticar o pecado da rebeldia, pois fazê-lo é reviver a velha natureza.

LEITURA BÍBLICA

1º Samuel 15.17-28
“E disse Samuel: Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça das tribos de Israel? E o SENHOR te ungiu rei sobre Israel. 18- E enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até que os aniquiles. 19 - Por que, pois, não deste ouvidos à voz do SENHOR? Antes, voaste ao despojo e fizeste o que era mal aos olhos do SENHOR. 20 - Então, disse Saul a Samuel: Antes, dei ouvidos à voz do SENHOR e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente; 21 - mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR, teu Deus, em Gilgal. 22- Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. 23 - Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei. 24 - Então, disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz. 25 - Agora, pois, te rogo, perdoa-me o meu pecado e volta comigo, para que adore o SENHOR. 26 - Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do SENHOR, já te rejeitou o SENHOR, para que não sejas rei sobre Israel. 27- E, virando-se Samuel para se ir, ele lhe pegou pela borda da capa e a rasgou. 28 - Então, Samuel lhe disse: O SENHOR tem rasgado de ti hoje o reino de Israel e o tem dado ao teu próximo, melhor do que tu.”

INTRODUÇÃO.
- Nesta lição trataremos sobre a rebeldia de Saul e de sua rejeição por parte de Deus. Figuradamente, Israel foi comparado a uma vaca rebelde que se rebelou contra Deus:
“Porque como novilha rebelde se rebelou Israel. Agora o Senhor os apascentará como a um cordeiro num lugar espaçoso.” (Os 4.16).

- A Bíblia mostra que há castigo divino para quem trilha o caminho da rebeldia:
“Disse o Senhor a Moisés: Põe de volta a vara de Arão perante o testemunho, como sinal para os filhos rebeldes. Assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão.” (Nm 17.10).

“Mas contra Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” (Rm 10.21).

“Tendo em vista que a lei não é feita para o justo, mas para os transgressores e rebeldes, os irreverentes e pecadores, os ímpios e profanos, para os parricidas, matricidas e homicidas.” (1ª Tm 1.9).

- É isso o que estudaremos aqui, tomando como exemplo Saul, o primeiro rei de Israel.

- O orgulho é um fator determinante para o pecado de rebelião. Geralmente, a ausência de humildade, a disponibilidade para o serviço altruísta, leva o ser humano a desenvolver uma personalidade egoísta e orgulhosa. Quando se permite ao orgulho dominar o coração, o processo de rebelião está preste a ser instalado. Cultivar a submissão, a humildade e a obediência é o antídoto necessário para remover o “espírito da rebelião”, “porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria” (1º Sm 15.23).

I. DEFINIÇÃO DE REBELDIA

1. Conceito.
A rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes se trata de uma obstinação em excesso. Na Bíblia, há exigências constantes para que o servo de Deus evite a rebelião, quer seja contra Deus, quer seja contra os pais, os líderes e as autoridades.

- Rebelião e obstinação são dois pecados graves. Eles envolvem muito mais que ser independente e determinado. As Escrituras colocam esses dois pecados no mesmo patamar que a feitiçaria e a idolatria, pecados merecedores da morte (Êx 22.18; Lv 20.6; Dt 13.12-15; 18.10; Mq 5.10-14).

- Saul se tornou rebelde e obstinado, por isso não é de admirar que Deus, finalmente, o rejeitasse e removesse seu reino. A rebelião contra Deus é, talvez, o mais grave dos pecados, porque uma pessoa que se rebela fecha a porta para o perdão, e a restauração de Deus. (Bíblia de Estudo Cronológica - CPAD - Pág.460)

Rebelião
- Ação ou efeito de rebelar, de se recusar a obedecer uma autoridade legítima. Ação violenta de resistir a agentes de autoridades; insurreição; levante; sublevação.

Qualquer oposição a uma autoridade ou instituições de poder.

Oposição a regras ou condutas morais.

Obstinação
Afeição excessiva às próprias convicções, ideias, pensamentos, etc.

Ação de se prender com empenho a alguma coisa; teimosia.

2 - Os Aspectos Bíblicos.
Algumas passagens do Antigo Testamento, como por exemplo:

“Voltai, ó filhos rebeldes; eu curarei as vossas rebeliões...” (Jr 3.22-23).

“Até quando andarás vagabunda, ó filha rebelde?...” (Jr 31.22).

- Deus aponta a nação de Israel como filhos e filhas rebeldes, que escolheram o mal para desenvolver uma vida de pecado.

- No livro de Oseias, Israel é comparado a uma vaca rebelde:
“Porque como novilha rebelde se rebelou Israel. Agora o Senhor os apascentará como a um cordeiro num lugar espaçoso.” (Os 4.16), uma linguagem campestre em que o fazendeiro realça a rebeldia do animal.

- Portanto, o real significado de rebeldia no Antigo Testamento é uma ênfase ao retorno de um “servo de Deus” às mais horríveis práticas pecaminosas, incluindo também a adoração aos ídolos.

- O cristão não pode viver na prática da rebeldia, visto que no seu ser há uma nova natureza implantada por Cristo Jesus:
“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo.” (2ª Co 5.17).

“Tendo sido regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1ª Pe 1.23); praticá-la é o mesmo que chamar a natureza velha para que reine outra vez e a ordem de Paulo é que ela não reine:
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências.” (Rm 6.12).

3. O Cristão e a Rebelião.
-A Bíblia ensina ao cristão respeitar todas as autoridades, inclusive os líderes da igreja; jamais ser insubmisso, rebelar-se:
“Toda pessoa esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade que não venha de Deus. As autoridades que há foram ordenadas por Deus.” (Rm 13.1), mas tendo como dever orar por elas:
“Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda piedade e honestidade.” (1ª Tm 2.1-2).

- Entretanto, segundo as Escrituras, o cristão não deve sujeitar-se a uma autoridade quando a prioridade da justiça está em risco e quando há violação aos princípios bíblicos: “Respondeu Pedro e os apóstolos: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens!” (At 5.29).

- Aqui Estimado Aluno e Professor, menciono também as palavras do apostolo Paulo abaixo:
“Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.” (Gl 1.10).

- O Cristão não deve submeter-se a uma liderança que venha trocar o verdadeiro evangelho por um “outro evangelho”, que venha permitir a apostasia na igreja ou que venha ser omisso aos pecados dentro da igreja. Não podemos abrir mão dos princípios bíblicos. Mesmo assim, o ato de não submeter-se ao erro não significa liberdade para usar de ataques com palavras indecorosas, motins e exposições em redes sociais. É muito triste ver nas redes sociais os irmãos postando vídeos que expõe os problemas internos da Igreja ou de pessoas, encontramos no youtube vídeos que escandalizam a obra de Deus, o que antes era tratado nas reuniões de obreiros com as portas fechadas, hoje é compartilhada por milhares de pessoas incluindo os infiéis, quem faz isso, mesmo que esteja certo, passa a estar errado.

- O Pastor Presidente do Projeto Vida Nova de Jacarepaguá, Armando Martins, afirma que o simples compartilhamento em uma rede social não só expõe as pessoas como nos expõe também. “Se somos um corpo só, aos olhos de Cristo, quando mostro a fraqueza de alguém, estou expondo a mim mesmo. Quem ganha com isso?

- Temos o papel de guardar nossos irmãos, de se colocar na brecha da oração para que o Senhor possa restaurar e libertar os envolvidos das amarras do diabo. Davi teve as mais diversas oportunidades de expor Saul seu rei, mas em todo o tempo o preservou e o guardou, com isso Deus o honrou sobremaneira.

- O Antigo Testamento mostra os três amigos de Daniel que não se sujeitaram à ordem do rei, sendo preparados para serem lançados no fogo; entretanto, ainda assim, demonstraram respeito para com o monarca, não pronunciando palavras ofensivas (Dn 3.16,17). O verdadeiro cristão mede bem as palavras, pois sabe que disso depende também a sua vida espiritual: “Pois pelas tuas palavras serás justificado e pelas suas palavras serás condenado.” (Mt 12.37).

- Jesus nos lembra de que aquilo que dizemos revela o que há em nossos corações. Que tipos de palavras saem de sua boca? Isso é uma indicação do que há no seu coração. Mas você não pode resolver o problema do seu coração simplesmente limpando seu linguajar. Você deve permitir que o Espírito Santo lhe preencha com novas atitudes e novos motivos; então, suas palavras estarão limpas, na sua origem. (Bíblica de Estudo Cronológica - CPAD - Pág.1344)

II. A REBELDIA DE SAUL

1. Não Cumpria com a Ordem Divina.
- Por ordem expressa de Deus, Samuel ordenou a Saul que matasse os amalequitas porque a medida dos seus pecados estava completa:

“...O Senhor fará guerra contra Amaleque de geração em geração.” (Êx 17.16) também (Êx 17.8-13).
“Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saíste do Egito, como te surpreendeu no caminho, e derrubou todos os fracos que iam após ti, na retaguarda, estando tu cansado e afadigado; não temeu a Deus” (Dt 25.17,18). Tudo deveria ser destruído e banido, pois os amalequitas estavam sob o julgamento divino.

- Essa ação divina era para evitar que o mal deles se espalhasse cada vez mais. Entretanto, nada dos amalequitas deveria ser saqueado ou roubado, pois não se tratava de uma guerra qualquer. O que não poderiam ser queimado, como o ouro, a prata e o ferro, seriam objetos solenes de consagração a Deus.

- Saul não obedeceu à ordem divina. Juntamente com duzentos mil homens de onze tribos e outros dez mil de Judá, lançou-se à batalha, não destruiu o rebanho do inimigo e ainda preservou a vida do rei Agague. O mal que Saul poupou não tardaria de lhe atingir. Note que foi um amalequita que afirmou ter matado Saul:
“...Perguntou Davi ao moço que lhe trazia as novas: Como sabes que Saul e Jônatas, seu filho, são mortos?

- Então disse o moço que lhe dava a notícia: Cheguei por acaso ao monte Gilboa, e Saul estava encostado sobre a sua lança, e os carros e a cavalaria apertavam com ele. Olhando ele para trás, viu-me e chamou-me. Eu Disse: Eis-me aqui. Ele perguntou: Quem és tu? E eu lhe respondi: Sou Amalequita. Então ele me disse: Aproxima-te e mata-me, porque estou com muita vertigem, e toda a minha vida está ainda em mim. Assim me aproximei dele e o matei, porque bem sabia que ele não viveria depois de ter caído ...” (2º Sm 1.1-10).

2. Deus se "arrependeu" em Relação a Saul.
- Foram duas as razões para isso: Saul deixou de seguir e de executar a vontade de Deus. A Palavra “arrepender-se”, no original hebraico é nacham, significa “sentir profundamente, lamentar”. Referindo à pessoa de Deus, essa expressão pode ser compreendida como mudança em relação à pessoa de Saul. Deus não tolera o pecado e, dessa forma, não poderia deixar que Saul continuasse dirigindo o Seu povo. Por isso, por meio de Samuel, Ele o rejeitou. A desobediência, a teimosia e a rebelião do primeiro rei de Israel atraíram a ira de Deus.

- O prazer de Deus não está em sacrifícios, mas na obediência do ser humano à sua Palavra. Mais do que um belo sermão, ou de grandiosas construções, Deus requer de seu povo a obediência (Sl 50.13-14).

3. “A Rebelião como Pecado de Feitiçaria”
- Essa expressão traz a ideia de “uma decisão por meio de adivinhação ou de lançamento de sorte”, uma atitude obstinada e teimosa. E a expressão “porfiar é como iniquidade e idolatria” refere-se ao engano de um ídolo, demonstrado na arrogância de quem pratica a idolatria. No texto está claro que as expressões falam de apostasias. A primeira, a respeito da negação da autoridade divina; a segunda, a de reconhecer outros poderes acima de Deus. Nesse contexto, o profeta Samuel afirma que não há valor em sacrifícios a Deus quando se quebra um de seus mandamentos por desobediência deliberada. Quem age assim coloca a sua vontade no lugar da de Deus. Por isso a rebelião é tão maléfica quanto à adivinhação, pois ela rouba o lugar da glória de Deus.

- A insolência e a arrogância de Saul revelam a tentativa de ele se impor no lugar de Deus. Era como se as regras da guerra fossem dele, esquecendo-se de que Deus não dá a sua glória a ninguém (Is 42.8). De fato, Lutero estava certo quando disse: “diante da Palavra eu é que tenho que me render; nenhum de nós jamais pode e deve querer impor nossa vontade perante as ordens do Senhor”.

III. SAUL: UM LÍDER SEM CRITÉRIOS

1. Não sabia esperar.
- Uma das provas de que Saul não tinha critérios para a liderança era a sua impaciência. Ele não sabia esperar. Samuel já havia dito para Saul esperar até a sua chegada (1º Sm 10.8). Infelizmente, o rei de Israel não o fez (1º Sm 13.8-13). Essa ordem era para que Saul esperasse, antes de começar qualquer invasão, pois ele deveria colocar tudo diante de Deus, apresentando sacrifícios, como havia feito antes (1º Sm 7).

- A falha principal de Saul não foi ter oferecido sacrifício, mesmo ele não sendo sacerdote, mas foi não esperar o profeta Samuel para receber a bênção de Deus.

- Na obra de Deus é preciso capacidade para esperar. O salmista esperou com paciência (Sl 40.1). Deus age no momento certo em nosso favor. Esperemos no Senhor!

2. Saul: o Rei Rejeitado.
- Destacamos a rejeição de Saul por causa do pecado de não atentar à voz de Deus (1º Sm 13.13). Foram muitas as características que marcaram a rebelião de Saul: irreverência com a ordem de Deus, voto tolo, infidelidade na guerra contra os amalequitas e desobediência às palavras do Senhor. Assim, Deus rejeitou a Saul!

- Essa história nos mostra que devemos, irrestritamente, obedecer aos desígnios de Deus e servi-lo de todo o coração. O Pai deseja que andemos todos num só propósito!

CONCLUSÃO.
- O que é ter sucesso no ministério? É ter agenda concorrida? Um estilo de vida confortável? Não. O sucesso do ministério não está somente em ser separado para um cargo, mas sim na obediência completa ao Deus da Palavra. Assim, Salomão escreveu: “é melhor o fim das coisas, do que seu princípio” (Ec 7.8). Que Deus nos ajude a obedecer e a viver para sua glória!

DEUS REJEITA SAUL



1º Samuel 13.1-23

INTRODUÇÃO. Uma das razões pelas quais os israelitas queriam um rei dizia respeito à provisão de uma liderança militar (1º Sm 8.20). A maior ameaça à segurança dos israelitas nos dias de Saul era os filisteus, um forte e poderoso povo militar que governava a planície costeira e tinha estabelecido vários postos militares na região das montanhas. O capítulo 13 narra a preparação para o primeiro encontro de Saul com os filisteus.

I. GUERRA ENTRE OS ISRAELITA E OS FILISTEUS

O segundo ano do reinado de Saul. V. 1 “Saul reinou um ano; e no segundo ano do seu reinado sobre Israel.”
- Esse versículo é uma nota cronológica, registrando a data do encontro com os filisteus, relativa ao período de Saul como rei. Uma vez que o relato de Atos 13.21 revela que Saul reinou sobre Israel por 40 anos, esses dois anos devem referir-se a um período do governo até determinado evento — provavelmente, o encontro de Saul com os filisteus descrito nesse capítulo.

V. 2 “Saul escolheu para si três mil homens de Israel; e estavam com Saul dois mil em Micmás e na montanha de Betel, e mil estavam com Jônatas em Gibeá de Benjamim; e o resto do povo despediu, cada um para sua casa.”
- Saul escolheu para si três mil homens de Israel. Embora Saul tivesse levantado uma milícia formada por cidadãos para resgatar Jabes-Gileade (1º Sm 11.7-9), aqui ele selecionou e treinou um exército regular para dar suporte. Micmás ficava a cerca de 10,3 Km ao norte de Jerusalém. Gibeá de Benjamim ficava cerca de 6 Km ao sul de Micmás.

Jônatas feriu a guarnição. V. 3 “E Jônatas feriu a guarnição dos filisteus, que estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus.”
- Enquanto Saul estava em Micmás, seu filho Jônatas atacou a guarnição dos filisteus em Gibeá, cerca de 1,5 Km a sudoeste de Micmás. Os dois lugares são separados por um profundo vale. A trombeta era um chifre de um carneiro usado para dar sinal e convocar os militares. A palavra hebreus se refere aos israelitas. O nome pode estar ligado ao nome Êber, ancestral de Abraão (Gn 10.24), ou pode estar relacionado ao verbo em hebraico que significa atravessar, uma vez que Abraão atravessou para a terra de Canaã.

Saul feriu a guarnição. V. 4 “Então todo o Israel ouviu dizer: Saul feriu a guarnição dos filisteus, e também Israel se fez abominável aos filisteus. Então o povo foi convocado para junto de Saul em Gilgal.”
- Ou Jônatas estava agindo sob as ordens de Saul, ou Saul levou os créditos pela vitória de seu filho. Saul retirou seu exército para Gilgal mantendo as instruções que Samuel dera a ele por ocasião da sua unção (1º Sm 10.8).

V. 5 “E os filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à beira do mar; e subiram, e se acamparam em Micmás, ao oriente de Bete-Áven.”
- Bete-Áven ficava cerca de 800 metros a oeste de Micmás.
-  Aversão Siríaca dá três mil carros. Cada carro levava dois homens (os carros egípcios, por rodarem nas planícies, levaram três mil homens.

O povo se escondeu pelas cavernas. V. 6 “Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo estava angustiado), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas.”
- Os de Israel estavam em apuros, por falta de armas (19-22). O exército filisteu estava bem equipados, embora numericamente inferior.
- Os filisteus reuniram uma multidão de soldados para combater os israelitas. Estes, vendo que estavam encurralados, “esconderam-se em grutas, cavernas, penhascos, covas e cisternas” (1º Sm 13.6); e alguns conseguiram fugir.
- O calcário presente nas montanhas da região forma muitas cavernas naturais que poderiam ser usadas como esconderijos em tempos de ataque.

O medo dos israelitas. V. 7 “E alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo ia atrás dele tremendo.”
- A localização a terra de Gade e Gileade se refere à região sul e norte do rio Jaboque, que desemboca no Jordão ao leste. Gilgal, localizado a nordeste de Jericó, no vale do Jordão, foi o local apontado como sendo o do encontro entre Samuel e Saul (1º Sm 8).

II. SAUL OFERECE SACRIFÍCIOS E É REPROVADO POR SAMUEL

O exército de Saul se reuniu em Gilgal.
V. 8-9. “E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele. Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto.”

- Saul se encontrava com seus soldados em Gilgal, esperando Samuel para oferecer um sacrifício, o mesmo lugar onde ele havia sido coroado rei há dois anos, exatamente na mesma data e mais uma vez, Samuel disse a Saul que esperasse sete dias. Entretanto, passaram-se sete dias e o profeta não chegava e apavorados, os soldados começaram a abandonar Saul.
- Preocupado que o povo pudesse perder sua coragem e começasse a se espalhar, Saul assumiu as prerrogativas sacerdotais e ofereceu o holocausto ele mesmo (veja Lv 1). Agindo assim, Saul desobedeceu tragicamente tanto a Lei de Moisés como as instruções do profeta de Deus.

Acabando ele de oferecer o holocausto. Vs. 10-12 “E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. 11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás. 12 Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto.”
- O atraso de Samuel pode ter sido um teste para a obediência de Saul. Saul citou quatro justificativas para a sua desobediência:
(1) Os soldados estavam se dispersando.
(2) Samuel não veio como havia prometido.
(3) Os filisteus estavam juntando forças em Micmás.
(4) Havia o perigo iminente de um ataque.

Saul agiu como um insensato e não guardaste o mandamento.
Vs. 13-14 “Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. 14 Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.”

- Saul foi severamente repreendido por Samuel. Então, o próprio Saul ofereceu o holocausto, e logo depois chegou Samuel, que lhe disse: “Agiste como um insensato! Não guardaste o mandamento que o Senhor, teu Deus, te havia prescrito! O Senhor teria confirmado tua realeza sobre Israel [...], mas agora o teu reino não subsistirá. O Senhor procurou para Si um homem conforme seu coração e o constituiu como chefe sobre o seu povo, porque tu não observaste o que o Senhor prescrevera”. As índoles opostas dos dois principais personagens do livro são vividamente demonstradas. Saul agiu feito um tolo enquanto Davi demonstrou sabedoria além de sua idade e experiência. O pecado principal de Saul foi falhar em cumprir o mandamento que Deus lhe tinha dado por meio de Samuel.

Vs. 15-16 “Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim; e Saul contou o povo que se achava com ele, uns seiscentos homens. 16 E Saul e Jônatas, seu filho, e o povo que se achou com eles, ficaram em Gibeá de Benjamim; porém os filisteus se acamparam em Micmás.”
- O exército de Saul havia sido reduzido de três mil homens para apenas uns seiscentos varões.
Saul partiu de Gilgal e foi para Gabaá, onde passou em revista as tropas que permaneceram com ele: eram apenas 600 homens. E todos sem espadas nem lanças, com exceção de Saul e seu filho Jônatas.

V. 17 “E os saqueadores saíram do campo dos filisteus em três companhias; uma das companhias foi pelo caminho de Ofra à terra de Sual.”
- Os filisteus enviaram os seus destruidores para molestar os israelitas na esperança de enfraquecer a resposta destes ou de forçá-los a um confronto decisivo. Ofra estava localizada cerca de 10,4 Km ao norte de Micmás.

V. 18 “Outra companhia seguiu pelo caminho de Bete-Horom, e a outra companhia foi pelo caminho do termo que dá para o vale Zeboim na direção do deserto.”
- As torres gêmeas de Bete-Horom estavam localizadas a oeste de Gibeá, cerca de 3 Km de distância, em uma cordilheira, guardando a entrada para o país das montanhas da planície costeira.

V. 19 “E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança.”
- Nem um ferreiro se acham. Os cananeus e filisteus aprenderam a arte de forjar o ferro com os hititas. Por conta disso, embora não fossem numerosos, os filisteus eram capazes de dominar Israel. Ao final do reinado de Davi, os israelitas também já haviam dominado a técnica de lidar com o ferro (Cr 22.3).

V. 20 “Por isso todo o Israel tinha que descer aos filisteus para amolar cada um a sua relha, e a sua enxada, e o seu machado, e o seu sacho.”
- O verbo traduzido aqui por amolar também pode ser traduzido por forjar. A relha é a parte de metal do arado que penetra e abre os sulcos do solo. A enxada é como um machado, mas com lâminas, em vez de pontas. É utilizada para cavar e quebrar o solo que não pode ser alcançado com um arado.

V. 21 “Tinham porém limas para os seus sachos, e para as suas enxadas, e para as forquilhas de três dentes, e para os machados, e para consertar as aguilhadas.”
- O termo aguilhadas se refere às pontas afiadas das varas usadas para direcionar o gado. Os israelitas não tinham os recursos nem para forjar os instrumentos de ferro usados na agricultura, muito menos ainda para forjar materiais para a guerra.

V. 22 “E sucedeu que, no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; porém acharam-se com Saul e com Jônatas seu filho.”
- Dentre as armas disponíveis aos soldados israelitas incluíam-se fundas, arcos, flechas e muitos instrumentos feitos de bronze.

V. 23 “E saiu a guarnição dos filisteus ao desfiladeiro de Micmás.”
- O caminho para Micmás era um profundo desfiladeiro que separava Micmás de Gibeá.

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

AS VIRTUDES DO REI SAUL


INTRODUÇÃO. 
- Saul foi um rei escolhido pelo povo, mas sem a vontade do Senhor. Ele começou no espírito, mas terminou na carne. Contudo foi um rei que teve suas virtudes no início de sua careira.

1. Significado do nome. Saul significa “pedido de Deus”.

2. Da descendência de Benjamim.
1º Sm 9.1 “Havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, benjamita, homem de bens”.

3. Era alto e vistoso – tinha aparência.
1º Sm 9.2 “Tinha ele um filho cujo nome era Saul, moço e tão belo, que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele; desde os ombros para cima, sobressaía a todo o povo”.

4. Um moço trabalhador e obediente.
1º Sm 9.3-5 “Extraviaram-se as jumentas de Quis, pai de Saul. Disse Quis a Saul, seu filho: Toma agora contigo um dos moços, dispõe-te e vai procurar as jumentas. Então, atravessando a região montanhosa de Efraim e a terra de Salisa, não as acharam; depois, passaram à terra de Saalim; porém elas não estavam ali; passaram ainda à terra de Benjamim; todavia, não as acharam. Vindo eles, então, à terra de Zufe, Saul disse para o seu moço, com quem ele ia: Vem, e voltemos; não suceda que meu pai deixe de preocupar-se com as jumentas e se aflija por causa de nós”.

5. Saul tinha um moço sábio e preparado.
1º Sm 9.6-8 “Porém ele lhe disse: Nesta cidade há um homem de Deus, e é muito estimado; tudo quanto ele diz sucede; vamo-nos, agora, lá; mostrar-nos-á, porventura, o caminho que devemos seguir. Então, Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos, então, àquele homem? Porque o pão de nossos alforjes se acabou, e presente não temos que levar ao homem de Deus. Que temos? O moço tornou a responder a Saul e disse: Eis que tenho ainda em mãos um quarto de siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho”.

6. Saul um homem de promessa.
1º Sm 9.15-20 “Ora, o SENHOR, um dia antes de Saul chegar, o revelara a Samuel, dizendo: Amanhã a estas horas, te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por príncipe sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo das mãos dos filisteus; porque atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim. Quando Samuel viu a Saul, o SENHOR lhe disse: Eis o homem de quem eu já te falara. Este dominará sobre o meu povo. Saul se chegou a Samuel no meio da porta e disse: Mostra-me, peço-te, onde é aqui a casa do vidente. Samuel respondeu a Saul e disse: Eu sou o vidente; sobe adiante de mim ao alto; hoje, comereis comigo. Pela manhã, te despedirei e tudo quanto está no teu coração to declararei. Quanto às jumentas que há três dias se te perderam, não se preocupe o teu coração com elas, porque já se encontraram. E para quem está reservado tudo o que é precioso em Israel? Não é para ti e para toda a casa de teu pai?”.

7. Saul era humilde.
1º Sm 9.21 “Então, respondeu Saul e disse: Porventura, não sou benjamita, da menor das tribos de Israel? E a minha família, a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas com tais palavras?

8. Foi abençoado pelo profeta.
1º Sm 9.24 “Samuel, tomando a Saul e ao seu moço, levou-os à sala de jantar e lhes deu o lugar de honra entre os convidados, que eram cerca de trinta pessoas. Então, disse Samuel ao cozinheiro: Traze a porção que te dei, de que te disse: Põe-na à parte contigo. Tomou, pois, o cozinheiro a coxa com o que havia nela e a pôs diante de Saul. Disse Samuel: Eis que isto é o que foi reservado; toma-o e come, pois se guardou para ti para esta ocasião, ao dizer eu: Convidei o povo. Assim, comeu Saul com Samuel naquele dia”.

9. Saul é ungido rei.
1º Sm 10.1 “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?”.

- Ungir é uma ação de derramar o azeite sagrado (Êx 30.22-33) sobre a cabeça da pessoa eleita, ato que reveste o eleito de autoridade para uma tarefa especifica.

10. A palavra profética confirma a sua chamada.
1º Sm 10.2-4 “Quando te apartares, hoje, de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no território de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste procurar, e eis que teu pai já não pensa no caso delas e se aflige por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho? Quando dali passares adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos; outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho. Eles te saudarão e te darão dois pães, que receberás da sua mão”.

- Sepulcro de Raquel (v.2). Raquel era a genitora de Benjamim (Gn 35.16-20). Ao lado do seu sepulcro, agora um seu descendente recebe o primeiro aviso de que será rei de Israel.

- Saudarão e lhe darão dois pães (v.4). É a primeira saudação e a primeira contribuição ao novo rei.

11. Saul foi cheio do espírito e Deus o transformou em um outro homem.
1º Sm 10.2-4 Então, seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão profetizando. O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais te sucederem, faze o que a ocasião te pedir, porque Deus é contigo”.

12. Saul não era falador, ou seja, falava só o necessário.
1º Sm 10.14-16 “Perguntou o tio de Saul, a ele e ao seu moço: Aonde fostes? Respondeu ele: A buscar as jumentas e, vendo que não apareciam, fomos a Samuel. Então, disse o tio de Saul: Conta-me, peço-te, que é o que vos disse Samuel? Respondeu Saul a seu tio: Informou-nos de que as jumentas foram encontradas. Porém, com respeito ao reino, de que Samuel falara, não lho declarou”.

13. Saul aguardou a hora certa de Deus para ser proclamado rei.
1º Sm 10.21-24 “Tendo feito chegar a tribo de Benjamim pelas suas famílias, foi indicada a família de Matri; e dela foi indicado Saul, filho de Quis. Mas, quando o procuraram, não podia ser encontrado. Então, tornaram a perguntar ao SENHOR se aquele homem viera ali. Respondeu o SENHOR: Está aí escondido entre a bagagem. Correram e o tomaram dali. Estando ele no meio do povo, era o mais alto e sobressaía de todo o povo do ombro para cima. Então, disse Samuel a todo o povo: Vedes a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então, todo o povo rompeu em gritos, exclamando: Viva o rei!”

14. Quando criticaram Saul se fez de surdo.
1º Sm 10.27 “Mas os filhos de Belial disseram: Como poderá este homem salvar-nos? E o desprezaram e não lhe trouxeram presentes. Porém Saul se fez de surdo”.


CONCLUSÃO
- Homens que não cooperam existem em toda a parte e em todos os tempos. Criticam tudo e acusam a todos. Como trata-los? Saul se fez de surdo.
- Saul tinha temperança e fruto do Espírito.
- Saul era um homem que tinha virtudes, mas ao receber o poder permaneceu foi fiel a Deus apenas um ano. O orgulho, e desobediência levaram o primeiro rei de Israel a ruína.

- Uma falha mais trágica de liderança é o orgulho. O poder tenta o homem a ser abusivo e autoritário. Até mesmo homens que começaram suas carreiras com um espírito humilde podem deixar sua liderança engrandecer suas cabeças. Considere a história de Saul. Uma busca por jumentas extraviadas conduziu Saul ao encontro com Samuel que lhe informou que Deus o havia escolhido para ser o primeiro rei de Israel. Saul ficou encabulado e não se viu como digno de tal honra (1º Samuel 9.21). Muitos homens teriam-se gabado, mas Saul nem mencionou nada para seu tio que havia perguntado especificamente referente ao que Samuel falou com ele (1º Samuel 10:16). Quando Samuel ajuntou o povo para coroar Saul, ele se escondeu entre as malas, envergonhado pela fama e pela atenção (1 Samuel 10:21-24). Ele deu crédito ao Senhor na sua primeira vitória militar (1º Samuel 11:13). Mas no decorrer do tempo, o poder de Saul conduziu-o ao orgulho e à autopromoção. Saul começou a agir sem autorização do Senhor e, por isso, ficou com ciúmes e suspeita dos rivais. Terminou sua carreira com ataques de paranoia. Saul perfeitamente ilustra o ditado que o poder corrompe.

Pr. Elias Ribas