O nome de Jacó é mencionado 390
vezes em toda a Bíblia, sendo 366 no AT. E 24 no NT.
I. A HISTÓRIA DE JACÓ
Deus prometeu a Abraão que os seus filhos formariam uma grande nação e que lhes daria a terra prometida. Abraão morreu com 175 anos, sem ver ainda todas as promessas de Deus cumpridas, o primeiro filho de Abraão foi Ismael que era filho de Abraão com Hagar, a escrava egípcia de Sara. Por isso ele não era o filho prometido por Deus e vivia separado do irmão Isaque que nasceu de Sara. Isaque era o filho prometido por Deus a Abraão e a Sara. As promessas feitas a Abraão iriam ser cumpridas nos descendentes de Isaque.
A história de Isaque e Rebeca –
relatada ´dos capítulos 24-27 de Gênesis.
Isaque tinha 40 anos quando se
casou com Rebeca, a irmã de Labão. Passaram-se vinte anos sem que Rebeca
pudesse engravidar. Isaque orou a Deus em favor de Rebeca. Deus ouviu as suas
orações, e Rebeca ficou grávida de gêmeos.
O primeiro a nascer era muito peludo
e deram-lhe o nome de Esaú. Ele tinha os privilégios atribuídos ao filho mais
velho, tais como porção dobrada da herança paterna e o direito de exercer o
sacerdócio sobre a família – que quer dizer: ser o líder espiritual da família
depois da morte do pai. Porém Deus tinha prometido a Rebeca que os direitos
seriam do mais novo. O segundo gêmeo nasceu agarrando o calcanhar de Esaú com
uma das mãos, e deram-lhe o nome de Jacó. (que significa agarrado no calcanhar
ou suplantador, ou enganador).
Esaú se tornou um homem do campo
e excelente caçador, era mulherengo e desrespeitador das coisas de Deus. Jacó
ao contrário morava em barraca, era sincero e maduro. Isaque amava mais Esaú,
porque gostava de comer da carne dos animais que ele caçava. Rebeca, porém,
amava Jacó.
II. JACÓ E SUAS DIFICULDADES
Um dia, quando Jacó estava cozinhando um ensopado, Esaú chegou do campo muito cansado e exclamou: “Estou morrendo de fome. Por favor, deixe-me comer dessa comida”.
Jacó respondeu: “Só se você passar para mim os seus direitos de filho primogênito. Estou quase morrendo; que valor tem para mim esses direitos?” Esaú fez um juramento, cedendo a Jacó os seus direitos.
Jacó, então, deu-lhe pão e o
ensopado. Esaú comeu, bebeu, levantou-se e foi embora. Foi assim que ele demonstrou
que não dava valor aos privilégios de filho mais velho e herdeiro.
Quando tinha quarenta e cinco
anos, Esaú casou-se com duas moças de Canaã, as quais amarguraram a vida de
Isaque e Rebeca.
III. JACÓ COM AJUDA DE SUA MÃE, ENGANA ISAQUE PARA QUE ELE RECEBESSE A BENÇÃO DA PRIMOGENITURA – Gn 27
1. Jacó e Esaú - as diferenças. Desde o primeiro
momento da conversa de Jacó e Esaú, vemos uma grande diferença em seus
discursos, tanto no conteúdo quanto no estilo. As frases de Esaú são curtas e
grosseiras. Quando ele diz, “Eu já tenho muito, meu irmão (אָחִי)”, mesmo sendo
irmãos de verdade, em hebraico isso soa como um apelo muito comum e informal.
Quanto à resposta de Jacó, é um discurso completamente diferente, refinado e
educado.
O hebraico revela o verdadeiro caráter deles.
Um dos detalhes mais notáveis do discurso
de Jacó é a partícula “na” (נָא), repetida duas vezes (Gn 33.10) e que se perde
na tradução – um sinal de um discurso educado e formal. Deus é mencionado em
todas as suas frases, enquanto Esaú não faz nenhuma menção a Deus. Além disso,
suas atitudes são completamente diferentes. Enquanto Esaú diz “Eu já tenho
muito” (יֶשׁ־לִי רָב), Jacó declara “eu já tenho tudo o que necessito” (יֶשׁ־לִי־כֹל).
Esaú fala de riqueza, enquanto Jacó fala de suficiência.
Veja as Escrituras sob uma nova luz.
Essa comparação nos ajuda a entender
melhor a história da “benção roubada”, vinte anos antes. É a essa diferença no
estilo de falar que Isaque se referiu ao dizer: “A voz é de Jacó, mas os braços
são de Esaú”. Essa diferença é quase perdida na tradução – a leitura da Bíblia
em hebraico revelará uma nova camada às histórias já conhecidas.
Esaú já havia aberto mão do direito de filho mais velho na herança do seu pai (25.29-34); agora, em uma das narrativas mais vívidas de Gênesis, ele também abre mão da bênção testamentária do seu pai. A primeira perda havia sido em grande parte por sua própria culpa (v. 36), como ele mesmo expressa num trocadilho amargo e triste acerca do nome do seu irmão.
2. Isaque pede que Esaú lhe prepare uma refeição. Gn 27.1-4 “E aconteceu que, como Isaque envelheceu, e os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho. E ele lhe disse: Eis-me aqui. 2- E ele disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte; 3- Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça. 4- E faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; para que minha alma te abençoe, antes que morra.”
Isaque já estava com cento e
trinta e sete anos de idade e deve ter pensado que a morte já estava próxima,
embora, na verdade viveu até os cento e oitenta anos (Gn 35.28).
3. Rebeca põe em prática um plano para favorecer Jacó. Gn 27.5-17 “E Rebeca escutou quando Isaque falava ao seu filho Esaú. E foi Esaú ao campo para apanhar a caça que havia de trazer. 6- Então falou Rebeca a Jacó seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido o teu pai que falava com Esaú teu irmão, dizendo: 7- Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte. 8- Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te mando: 9- Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta; 10- E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma; para que te abençoe antes da sua morte.”
Rebeca tinha tanta confiança na
palavra da promessa (Gn 25.23), que nem temia a eventualidade maldição, nem
admitia como ação repreensível, o emprego do engano com propósito de desviar
para Jacó a benção de Isaque. Impulsionada por sua parcialidade para com Jacó,
ela não descansara na providência divina.
Caso isso acontecesse, ela sabia
que poderia ser amaldiçoado ao invés de abençoada (v. 12). Mas Rebeca assumiu a
responsabilidade e disse que a maldição poderia cair sobre ela (v. 13).
4. Além disso, Jacó se mostrou preocupado em seu pai perceber sua trapaça. Gn 27.11- “Então disse Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú meu irmão é homem cabeludo, e eu homem liso; 12- Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção. 13- E disse-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim seja a tua maldição; somente obedece à minha voz, e vai, traze-mos.”
O plano de Rebeca deixou Jacó
assustado, não pelo fato de executá-lo, mas pela possibilidade de ser pego, ou
seja, ele tinha consciência de não era algo lícito.
Ele indagou sua mãe sobre isso, e
ela assumiu toda a responsabilidade, inclusive as espirituais, pois disse:
“Caia sobre mim a maldição meu filho” (v. 11).
Então bastava apenas que Jacó lhe
servisse a refeição e fosse abençoado. Jacó argumentou com Rebeca que seu plano
não daria certo. Isso porque ele e Esaú, apesar de gêmeos, eram muito
diferentes. Embora Isaque já fosse cego, ele facilmente poderia perceber que Jacó
não era Esaú ao apalpá-lo. Esaú era um homem muito cabeludo, e Jacó não.
5. Jacó fez tudo conforme Rebeca lhe pediu. Gn 27.14.15 “E foi, e tomou-os, e trouxe-os a sua mãe; e sua mãe fez um guisado saboroso, como seu pai gostava. 15- Depois tomou Rebeca os vestidos de gala de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho menor; 16- E com as peles dos cabritos cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço; 17- E deu o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó seu filho.”
Com isso, Jacó fez exatamente
como ela o instruiu, e por fim, recebeu a benção da primogenitura em lugar de
Esaú, seu irmão.
Rebeca escutou o pedido de Isaque
e arquitetou um plano para que Jacó fosse abençoado em lugar de Esaú. Ela pediu
que Jacó fosse ao rebanho da família e lhe trouxesse dois bons cabritos para
que ela pudesse preparar uma comida saborosa do agrado de Isaque.
6. Jacó engana Isaque e recebe a bênção. Gn 27.18-29 “E foi ele a seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho? 19- E Jacó disse a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te agora, assenta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.20- Então disse Isaque a seu filho: Como é isto, que tão cedo a achaste, filho meu? E ele disse: Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro. 21- E disse Isaque a Jacó: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não. 22- Então se chegou Jacó a Isaque seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú. 23- E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam cabeludas, como as mãos de Esaú seu irmão; e abençoou-o. 24- E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou. 25- Então disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lhe, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu. 26- E disse-lhe Isaque seu pai: Ora chega-te, e beija-me, filho meu. 27- E chegou-se, e beijou-o; então sentindo o cheiro das suas vestes, abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou; 28- Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto. 29- Sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.”
Com tudo pronto, Jacó foi
apresentar ao seu velho pai a comida que ele tanto gostava. Diante de Isque
Jacó assumiu que era Esaú. Isaque achou estranho o fato de a refeição ter saído
tão depressa; afinal, a refeição devia ser feita de carne de caça. Mas Jacó foi
muito dissimulado e disse a Isaque que Deus havia lhe mandado a caça ao seu
encontro (Gênesis 27:18-21).
Isaque teve de apalpar Jacó (v.
21,22), ouvi-lo (v. 22), questioná-lo (v. 24), beijá-lo e cheirá-lo (v. 26,27)
para confirmar sua identidade e, finalmente, acreditar nas mentiras que o filho
contava. Para cada uma das mentiras que Jacó falava, era preciso outra para
encobrir a anterior e conferir veracidade ao discurso.
Isaque começou a sua bênção
descrevendo o cheiro rústico das vestimentas de seu filho, sinal de que Jacó
conseguira enganá-lo trajando as roupas de Esaú. Sirvam-te povos, e nações se
encurvem a ti. Isaque predisse que os descendentes de Jacó obteriam supremacia
sobre todos os povos. Jesus, como o Rei dos reis e descendente de Jacó, cumpriu
essa predição (1 Tm 6.14-16). Sê senhor de teus irmãos. O termo em hebraico gebir,
traduzido como senhor (também aparece no v. 37), está relacionado ao significado
da palavra herói (Js 1.2; Is 9.6) e descreve aquele que é valente e corajoso. Quando
mencionou de teus irmãos, Isaque tinha a intenção de que Jacó se curvasse
diante de Esaú. Mas, por causa do engano, Isaque abençoou Jacó em vez de Esaú.
Inconscientemente, o patriarca o fez usando as palavras pronunciadas pelo Senhor
a Abrão (Gn 12.3), malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os
que te abençoarem. Como resultado dessa bênção, Jacó se tornou o herdeiro da
aliança eterna entre os descendentes de Abraão e o Senhor.
O conteúdo da bênção dada a Jacó e
sua descendência dizia respeito à fertilidade e domínio da terra; além de sua
supremacia sobre povos e nações – incluindo os descendentes de seu irmão (27.27-29).
Jacó terminou a benção dizendo: “Maldito seja o que te amaldiçoar, e abençoado
o que te abençoar” (27.29).
7. Esaú descobre a trapaça de Jacó. Gn 27.30-37 “E aconteceu que, acabando Isaque de abençoar a Jacó, apenas Jacó acabava de sair da presença de Isaque seu pai, veio Esaú, seu irmão, da sua caça; 31-
E
fez também ele um guisado saboroso, e trouxe-o a seu pai; e disse a seu pai:
Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, para que me abençoe a tua
alma. 32- E disse-lhe Isaque seu pai: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu
filho, o teu primogênito Esaú. 33- Então estremeceu Isaque de um estremecimento
muito grande, e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou a caça, e ma trouxe? E
comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito. 34- Esaú,
ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a
seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai. 35- E ele disse: Veio teu irmão com
sutileza, e tomou a tua bênção. 36- Então disse ele: Não é o seu nome
justamente Jacó, tanto que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me
tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção. E perguntou: Não reservaste,
pois, para mim nenhuma bênção? 37- Então respondeu Isaque a Esaú dizendo: Eis
que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado
por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora,
meu filho?”
Indignado, Esaú declarou que com razão o nome
de seu irmão mais novo era Jacó; fazendo uma referência à ideia de “enganador”
ou “suplantador”. Esaú também alegou que Jacó já o havia enganado duas vezes.
Ele disse: “Tirou-me o direito de primogenitura e agora usurpa a bênção que era
minha” (v. 36).
O direito de primogenitura e a bênção não eram exatamente a mesma coisa. Porém, nesse contexto, eles estavam intimamente interligados. Tanto o direito de primogenitura quanto a bênção, estavam diretamente relacionados à herança; e na família de Abraão a herança dizia respeito às promessas da aliança de Deus. Por isso o escritor de Hebreus chamou Esaú de profano por ter negociado o seu direito de primogenitura numa atitude de pura incredulidade e desprezo pelas promessas de Deus (Hb 12.16,17).
8. Esaú insiste em ser abençoado. Gênesis 27.38-40 “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou. 39- Então respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será nas gorduras da terra e no orvalho dos altos céus.40- E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.”
Logo
após Isaque ter abençoado a Jacó, Esaú chegou trazendo sua caça. Sem saber de
nada, Esaú preparou a comida para seu pai e lhe entregou, esperando que fosse
abençoado.
Esaú
implorou que seu pai também lhe desse uma bênção. Mas Isaque mais uma vez lhe
explicou que a benção que tinha sido dada a Jacó não podia ser revertida.
Todavia,
diante da insistência de Esaú, Isaque lhe disse: “Longe dos lugares férteis da
terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto. Viverás da tua
espada e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás o seu
jugo da cerviz” (v. 40).
O
contraste é muito claro entre as palavras pronunciadas sobre Jacó e sobre Esaú.
Jacó recebeu uma bênção que prenunciava o privilégio de sua descendência que
haveria de ocupar uma terra fértil e exuberante; e que dominaria sobre as
nações e seria senhor de seu irmão. Já Esaú escutou que sua descendência
viveria longe dos lugares férteis da terra e haveria de servir a seu irmão.
Historicamente
tudo isso foi cumprido. Os israelitas tomaram a Terra Prometida, enquanto os
edomitas, descendentes de Esaú, habitaram a região árida e de terras
infrutíferas ao sul do Mar Morto. Isso também explica a frequente tensão entre
Israel e Edom no Antigo Testamento.
Também
é interessante notar as palavras finais de Isaque a Esaú: “quando, porém, te
libertares, sacudirás o seu jugo da tua cerviz” (v. 40). Algumas vezes os
edomitas conseguiram se livrar da dominação israelita (cf. 2º Rs 8.20-22). Mais
tarde, com a ruína de Edom, grande parte dos edomitas remanescentes acabou
sendo assimilada pelos judeus. A dinastia de Herodes, o Grande, descendia de
Esaú.
Aqui
é inevitável a comparação entre as bênçãos pronunciadas por Isaque a Jacó e a
Esaú e a profecia que precedeu o nascimento dos gêmeos. O oráculo falava sobre
como os dois irmãos dariam origem a duas nações; e sobre como o irmão mais
velho haveria de servir o irmão mais novo (Gn 25.23).
Isso
significa que Isaque sabia que Deus tinha escolhido Jacó; mas ainda assim ele pretendia
dar a bênção da aliança a Esaú. Contudo, o Deus soberano que governa a história
garantiu que seu propósito fosse cumprido, a despeito da falta de visão espiritual
de Isaque.
IV. A FUGA DE JACÓ
Os sentimentos de Esaú agora eram
transparentes. Ele passou a odiar seu irmão. Assim, pensou num plano para matar
Jacó, fato que se assemelha à passagem do assassinato de um irmão pelo outro em
Génesis 4.
2. Jacó foge para casa de seu tio em Harã. Harã no heb. Charan = “montanhês”. Harã é a cidade para a qual Abraão migrou quando deixou Ur dos caldeus e onde ele permaneceu até o falecimento do seu pai antes de partir para a terra prometida; localizada na Mesopotâmia, em Padã-Arã, ao pé do monte Masius, entre o Khabour e o Eufrates.
Aparentemente, Esaú revelou sua
decisão perversa a alguém. De novo, Rebeca interferiu em favor de seu filho
preferido, Jacó, ordenando a este que fosse para a casa de Labão, tio dele, em
Harã (cap. 24). A intenção da matriarca era enviar seu filho por um curto
período de tempo. Contudo, alguns dias se converteram em 20 anos (Gn 31.38,41).
Por que seria eu desfilhada também de vós ambos num mesmo dia? A preocupação de
Rebeca era ficar sem ambos os filhos se Esaú matasse Jacó: este morreria, e
aquele, como Caim, seria exilado de seu povo. Infelizmente, ela morreu antes do
retorno de Jacó (Gn 31.18; 35.27-29).
3. As Consequências do Erro. Por sua escolha errada de viver o plano de Deus, Jacó colheu os seguintes frutos em sua vida:
- Teve que fugir de casa e nunca mais viu
sua mãe;
- Seu irmão queria mata-lo;
- Foi enganado, várias vezes por Labão,
seu tio;
- Esaú fundou uma nação que veio a ser
inimiga de Israel, Edom;
- Viveu exilado por décadas, sem direito e
liberdade plena;
Assim que Esaú soube que havia
sido enganado procura Jacó para matá-lo. Mas Jacó sendo astuto foge para a casa
de Labão irmão de Rebeca em Padã-Arã (Gn 27.42; 28.2), onde se casa com Raquele
e Lia.
V. A COLUNA DE BETEL
Quando Jacó partiu de Beseba e seguiu para Harã e quando passava a noite em Para-Arã (Gn 28.10-11), que no hb. Paddan - uma planície ou planalto em Arã, uma região da Síria, no norte da Mesopotâmia entre o rio Tigre e Eufrates – Jacó teve um sonho.
Jacó teve uma visão onde viu uma
escada posta na terra cujo tipo ligava ao céu e os anjos subiam e desciam nela
(Gn 28.10-17).
A escada tipifica Jesus aquele
que nos ligou com o pai. Os anjos que subiam e desciam são ministros em favor
dos que vão herdar a salvação.
A pós o sonho Jacó tomou a pedra
que havia usado como travesseiro e a erigiu em coluna, e sobre a ponta derramou
azeite.
O lugar que se chamava luz
denominou de BETEL que no heb. Beyth-’El = “casa de Deus”.
Jacó fez um voto dizendo: “E a
pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus” (Gn 28.22).
VI. NA CASA DE LABÃO JACÓ SE SE ESTABELECE
- Gn 29.1-14.
Para escapar da ira da ira de seu irmão Esaú, Jacó foge para a casa de seu tio Labão em Padã-Arã. Ali ele conheceu Raquel, por quem logo se apaixonou. Desejando se casar com a moça, Jacó firmou um acordo com Labão no qual ele seria empregado por sete anos no cuidado de seus rebanhos. Em troca, ele receberia o direito de casar-se com Raquel (Gn 29.18).
Mas Labão tratou de enganar Jacó,
dando-lhe como esposa sua filha mais velha, Lia, em lugar de Raquel. Quando
Jacó percebeu que havia sido enganado por Labão, pediu-lhe explicações. Labão
então alegou que a filha mais nova não deveria se casar antes da filha mais
velha. Então um novo acordo de trabalho foi feito. Jacó concordou em trabalhar
mais sete anos para que pudesse se casar com Raquel. Esse novo casamento
ocorreu depois de uma semana (Gn 29.21-30).
Na casa de Labão Jacó prosperou
financeiramente até que um dia resolveu voltar para casa der seus pais.
Tempos depois Jacó desejou sair
da casa de Labão e retornar para sua terra, mas Labão não queria que ele fosse
embora. Ele acreditava que havia prosperado por causa da presença de Jacó em
suas terras (Gn 30.25-27). Então Labão propôs acertar um salário com Jacó de
entre o seu rebanho.
Labão procurou um acordo que
pensou ser lucrativo para si, no qual ficou acertado que certos animais
pertenceriam a Jacó. Porém, Jacó prosperou muito e seu rebanho cresceu além do
rebanho de seu sogro, mesmo com Labão alterando diversas vezes algumas
condições do acordo.
VII. JACÓ FOGIU DE LABÃO - 31.1-55.
Por fim, ao perceber que Labão se sentia prejudicado, Jacó reuniu sua família, seus servos e seus rebanhos e voltou para sua terra depois de vinte anos de serviço em Harã (Gn 31.41). Até mesmo as filhas de Labão acreditaram ter sido usadas injustamente pelo pai como moedas de troca para conseguir mais bens (Gn 31.15).Alentado por Deus para voltar à terra de seus pais, Jacó reuniu todas suas possessões e partiu no momento oportuno, quando
Labão estava
ausente num negócio de gado. Três dias mais tarde Labão soube da partida de Jacó e
mandou em sua
busca. Após sete dias lhe deu
alcance nas colinas de Gileade. Labão estava
profundamente perturbado pela desaparição dos deuses-lar.
Quando Labão soube
que Jacó havia partido, prontamente se empenhou em persegui-lo pelo caminho.
Mas durante sua empreitada Deus o advertiu que não fizesse nenhum mal a Jacó
(Gênesis 31:22-24).
Quando Labão
alcançou Jacó, ele o acusou de ter forçado suas filhas a acompanhá-lo, além de
ter furtado seus ídolos. Mas nada disso era verdade. Lia e Raquel não partiram
com Jacó de forma forçada. Além disso, Jacó não havia furtado os ídolos da casa
de seu sogro. A responsável por isto foi Raquel, e seu marido nem mesmo sabia o
que ela havia feito. O terafim, que Raquel
tinha escondido com êxito enquanto Labão buscava nas possessões de Jacó, pôde ter sido mais legal que de significação religiosa para Labão. De acordo com a
lei Nuzu, um genro que tiver em seu poder os deuses-lar poderia reclamar a herança da família ante um tribunal. Dessa forma Raquel
tentava obter certa
vantagem para
seu marido, ao roubá-lhe os ídolos. Porém Labão anulou qualquer benefício
dessa índole por
um convênio com
Jacó antes de
separar-se.
Mas finalmente
Labão e Jacó fizeram uma aliança. Eles concordaram em prezar pelo respeito mútuo,
e Labão consentiu na partida definitiva de Jacó de forma pacífica.
A história de
Labão revela que ele era um homem de duplicidade. Ele era astuto e tendencioso
à cobiça. Ele também reconheceu o poder do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas
parece que jamais abandonou sua idolatria e deixou de ser politeísta.
VIII. JACÓ ENCONTRA OS ANJOS
Gênesis 32.1,2 “Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus. 2- E Jacó disse, quando os viu: Este é o exército de Deus. E chamou aquele lugar Maanaim.”
Após o encontro tenso com Labão na montanha de Gileade, Jacó seguiu viagem rumo é terra de seus pais (Gênesis 31). Ele havia passado as últimas décadas servindo seu astuto sogro e se escondendo da ira de seu irmão por causa dos eventos narrados em Gênesis 27.
Em certo ponto do caminho, o texto bíblico diz que anjos de Deus saíram ao encontro de Jacó (Gn 32.1). A palavra anjos, tanto no hebraico como no grego, significa mensageiros, neste caso proveniente de Deus: eram provavelmente criaturas sobrenaturais, pois Jacó se impressionou tanto que achou que aquele era o acampamento de Deus, e chamou o lugar Maanaim (dois acampamentos – Gn 32.2). Aqui vale lembrar que essa era a segunda vez que Jacó estava tendo alguma experiência com os anjos do Senhor. Em Betel ele já havia contemplado os anjos de Deus subindo e descendo por uma escada que ligava o céu e a terra (Gênesis 28).
Então tanto na saída quanto no retorno à Terra Prometida Jacó viu os anjos do Senhor. Obviamente era uma clara demonstração da presença protetora de Deus para com ele. Deus é fiel à sua promessa e esteve com Jacó apesar de suas falhas e imperfeições. O texto bíblico ainda diz que Jacó chamou àquele lugar onde os anjos do Senhor lhe saíram ao encontro de Maanaim, que significa “acampamento duplo”, pois ali ele tinha visto o “acampamento de Deus”.
IX. JACO NO VALE DE JABOQUE - 32.1-32.
Continuando rumo a Canaã, Jacó antecipou o terrível encontro com Esaú. O temor o venceu, ainda que toda crise do passado tivesse acabado com vantagem para ele. A ponto de não voltar, Jacó encarou-se com uma crucial experiência (32.1-32). Dividindo todas suas possessões nem rio, Jacó, em preparação para o encontro com Esaú, se voltou a Deus em oração.
Jacó carregava um fardo muito
pesado, por ter enganado o seu pai. Dia e noite estava sempre na sua
consciência, o que tornava a sua jornada muito triste!
1. Então Jacó toma coragem e segue viagem com sua família. Eles tinham que atravessar o rio Jaboque. No heb. Yabboq, que significa “desembocador”. Um ribeiro que cruza a cadeia de montanhas de Gileade, e deságua no lado leste do Jordão, aproximadamente a meio caminho entre o mar da Galileia e o mar Morto.
2. Jacó, porém ficou só (Gn 32.24-26). O texto diz, que naquela mesma noite Jacó tomou sua família e atravessou o vau de Jaboque. Mas embora suas esposas, filhos e servas tenham passado pelo ribeiro, Jacó ficou para trás sozinho. Ali ele ficou lutando com um homem misterioso até ao romper do dia (Gn 32.22-24).
Não se sabe ao certo porque Jacó teria
preferido ficar solitário naquela terrível noite. Ante o perigo que ele via
aproximar-se - seu temido encontro com Esaú, ele ordenou que sua família
atravessasse o ribeiro de Jaboque e ele permaneceu na retaguarda para manter
defesa na eventualidade de perigo. Naquela noite não dormiu, certamente devido
a delicada situação. Ali sozinho, Jacó, sem saber, nos transmitiu uma grande lição:
que nossas batalhas espirituais são decididas junto Deus.
3. A luta inesperada (Gn 32.24). De repente, dentre a escuridão, surge uma misteriosa personagem e inicia uma luta com Jacó. A luta continua até a alva do dia. Certamente Jacó conclui que aquele desconhecido fosse um dos homens de Esaú, e lutou decididamente para derrotar aquele homem desconhecido.
Diz a passagem em foco que um homem lutava
com ele, mostrando que a dianteira na luta estava com aquele estranho
personagem. Deus estava procurando levar Jacó ao fim da sua capacidade natural
e humana, pois até então ele vinha dependendo da força carnal para conseguir
seus intentos.
4. Jacó indefeso (Gn 32.25). Foi preciso uma intervenção sobrenatural e divina para que o “eu” de Jacó fosse vencido. O anjo tocou na sua coxa e o fez manquejar.
A sequência do texto explica que aquele
encontro no vau de Jaboque não era nada normal. Tratava-se de uma teofania, ou
seja, o homem que lutava com Jacó era, na verdade, uma manifestação visível do
próprio Deus.
Jacó sem dúvida reconhece que é Deus. “Jacó O
chama Deus”; sem dúvida é outra aparição da segunda pessoa da Trindade, que
mais tarde veio ao mundo: Jesus Cristo.
Isto o levou a concluir que aquele ser estranho
que se lhe opunha fosse divino. Logo que ele ficou convicto disso, desistiu da
luta e apegou-se àquele ser.
Mas no Vale do Jaboque, ele
agarrou com todas as suas forças a oportunidade que teve, dizendo: “Não te
deixarei ir, se não me abençoares” (Gn 32.26).
Jacó reconhece que este ser é
Deus e ao mesmo tempo tem poder sobrenatural para abençoa-lo. E que precisa da
benção ali naquele momento.
Jacó por sua vez perguntou ao Homem qual era
o Seu nome, mas a resposta foi a pergunta Porque perguntas pelo meu
nome? Um diálogo semelhante ocorreu entre Manoá e o Anjo do SENHOR (a mesma
pessoa que o Homem), quando este acrescentou ... que é maravilhoso? (Juizes 13.18). Trata-se da mesma pessoa, e maravilhoso é a tradução de uma palavra hebraica cuja
raiz significa ser grandioso, inefável (1ª Co 1.10, Ef 1.21, Fl 2.9,10). O
Homem o abençoou, provando outra vez que se tratava do SENHOR.
Jacó reconheceu humildemente que era imerecidor de todas as bênçãos que Deus lhe havia outorgado. Mas de face para o perigo, suplicou por sua
liberação. Durante a solidão da noite, lutou a braço partido com um homem.
X. A TRANSFORMAÇÃO DE JACÓ – Gn 32.26-30.
Isso quer dizer que Deus apareceu a Jacó em forma humana e ajustou a sua força à força dele durante o embate. Num certo momento a Bíblia diz que o homem tocou na articulação da coxa de Jacó e deslocou sua junta (Gn 32.25). Isso fez com que Jacó perdesse suas forças naturais. Mas Jacó agarrou-se a ele e rogou por sua bênção.
Como resultado, Jacó foi abençoado e teve seu
nome trocado de Jacó para Israel. O significado do novo nome do patriarca não
apenas revelava a verdadeira natureza daquele encontro no vau de Jaboque, mas
também demonstrava que ele havia sido transformado espiritualmente e
amadurecido na fé. Isso fica claro em Gênesis 32.28: “Já não te chamarás Jacó,
e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e
prevaleceste”
Então Jacó recebeu a bênção que
seu coração tanto anelava. Seu pecado como enganador, fora perdoado.
O remorso tinha amargurado a sua
existência, mas agora tudo era coisa do passado. Doce era a paz que ele estava
sentindo. Agora sim, estava pronto para se encontrar com seu irmão Esaú.
Aquele que ouviu o clamor de Jacó
ouvirá também a nossa petição e perdoará todas as nossas transgressões!
A graça de Deus é mesmo
maravilhosa! Não precisamos mais carregar o fardo do pecado!
Nesta estranha experiência, na qual teve um encontro divino, seu nome foi mudado pelo de “Israel”
(que significa príncipe de Deus) em lugar de
continuar chamando-se
Jacó. Depois disso, Jacó não foi o impostor; em seu lugar esteve sujeito à decepção e
aos sofrimentos por seus próprios filhos.
Jacó chamou aquele lugar Peniel (rosto de Deus), pois ele reconheceu que
havia visto Deus face a face e sua vida foi salva (Gn 32.30).
Ao amanhecer, Jacó atravessou a vau, mancando:
um sinal para lembrá-lo deste evento e ajudá-lo a não se orgulhar de si
próprio. Seus descendentes também se recordavam disto evitando comer o nervo do
quadril dos animais.
A sequência do texto bíblico mostra que Jacó
realmente entendeu o que aconteceu ali naquela noite. Por isso ele chamou
aquele lugar de Peniel, pois disse: “Vi a Deus face a face, e a minha vida foi
salva” (Gn 32.30). Claro que tudo isso também foi um grande encorajamento para
Jacó. Ele teve sua vida preservada num encontro face a face com Deus, então não
fazia sentido temer se encontrar face a face com Esaú.
1. Jacó ora a Deus e inicia os preparativos para encontrar Esaú (Gn 32.9-21). Mas tão logo o temor de Jacó deu lugar à confiança em Deus. Ele orou ao Senhor e relembrou as promessas pactuais. Além disso, ele reconheceu sua indignidade diante das misericórdias e fidelidade de Deus. Em sua oração, Jacó ainda confessou estar com medo de Esaú, mas declarou confiar a cima de tudo nas promessas do Senhor (Gn 32.9-12).
No começo de sua história registrada na Bíblia, Jacó não é apresentado como um homem de oração; ao contrário, ele surge no relato bíblico como um homem enganador e dissimulado. Mas durante o tempo em que Jacó esteve em Padã-Harã, Deus trabalhou em seu caráter. Frequentemente Deus aperfeiçoa a fé de seus filhos e molda o caráter deles através de sofrimentos e provações.
Depois de ter contemplado os anjos de Deus, Jacó enviou mensageiros a seu irmão, Esaú, que estava na terra de Seir, no território de Edom (Gn 32.3). Ele pediu que seus mensageiros dissessem o seguinte a Esaú: “Teu servo Jacó manda dizer isto: Como peregrino morei com Labão, em cuja companhia fiquei até agora. Tenho bois, jumentos, rebanhos, servos e servas; mando comunicá-lo a meu senhor, para lograr mercê à sua presença” (Gn 32.4,5).
É notável a forma humilde com que Jacó se dirigiu a seu irmão. Anteriormente Jacó havia comprado o direito de primogenitura de Esaú e enganado Isaque para ser abençoado em seu lugar. Mas agora em sua mensagem ele tinha adotado uma posição servil em relação a seu irmão que havia sido seu rival durante muito tempo. Isso mostra como seu caráter havia mudado.
Quando os mensageiros de Jacó retornaram, eles lhe disseram que Esaú iria a seu encontro acompanhado por quatrocentos homens (Gn 32.6). Essa informação fez com que Jacó ficasse temeroso.
Depois, Jacó separou presentes para enviar através
de seus servos a Esaú antes de ele encontrá-lo pessoalmente. A palavra hebraica
empregada pelo escritor bíblico indica que esses presentes eram um tipo de
tributo pago a alguém superior. O presente era realmente bem generoso, pois
consistia em quinhentos e cinquenta animais (Gn 32.13-19).
A atitude de Jacó também revela que ele havia entendido que tinha pecado contra Esaú. Por isso ele dizia consigo mesmo: “Eu o aplacarei com o presente que me antecede, depois o verei; porventura me aceitará a presença” (Gn 32.20). A palavra “aplacarei” traduz uma expressão hebraica que significa o acobertamento da culpa.
Ao ver seu irmão se aproximar, Jacó enfileirou sua família de modo a proteger seus preferidos deixando-os mais distantes, e ele mesmo foi à frente de todos se curvando sete vezes diante de Esaú. Surpreendentemente, sem demonstrar qualquer ressentimento, Esaú foi até Jacó, o abraçou e beijou e ambos choraram.
Porque Esaú não matou Jacó? Esaú não matou, porque
ele não encontrou seu irmão Jacó, todavia encontrou um novo homem chamado Israel,
um homem transformado por Deus no vale de Jaboque. O velho Jacó morreu e surgiu
Israel. Da mesma forma o nosso velho Jacó precisa morrer no vale de Jaboque e
renascer um novo homem em Cristo Jesus é o que o apóstolo Paulo afirma: “Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo.” (2ª Co 5.17). J”á estou crucificado com Cristo; e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por
mim.” (Gl 2.20).
Esaú demonstrou amor por Israel. Esaú também demonstrou grande interesse em conhecer a família de Jacó e não pareceu estar interessado nos bens do seu irmão que lhe foram enviados pelo caminho. Diante disso, Jacó teve que insistir para que Esaú aceitasse o presente. Finalmente, Esaú convidou Jacó para acompanhá-lo à sua terra e se prontificou a auxiliá-lo na viagem. Jacó agradeceu a acolhida e partiu dali para Sucote e depois para Siquém, onde se estabeleceu.
XII. AS ORDENS DE DEUS A JACÓ
Gn 35.1-7 “Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da presença de Esaú, teu irmão. 2- Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes; 3- levantemo-nos e subamos a Betel. Farei ali um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e me acompanhou no caminho por onde andei. 4- Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém. 5- E, tendo eles partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó. 6- Assim, chegou Jacó a Luz, chamada Betel, que está na terra de Canaã, ele e todo o povo que com ele estava. 7- E edificou ali um altar e ao lugar chamou El-Betel; porque ali Deus se lhe revelou quando fugia da presença de seu irmão.”Deus ordena. Está no Imperativo. Essa classe de verbo indica uma ordem ou um comando. Jacó havia esquecido do voto que tinha feito com Deus onde ele tivera sua primeira visão espiritual. Porém, Deus tudo está vendo e sabe de todas as coisas.
Depois
dos acontecimentos terríveis do capítulo 34, Deus ordenou que Jacó e sua
família seguissem para Betel a fim de levá-la a uma vida de obediência a
Palavra de Deus. Jacó reconhece o agravamento da deterioração espiritual da sua
família, ordenou a todos os seus familiares e domésticos: “Lançai fora
os deuses estranhos que há no vosso meio” (v. 2).
Os
primeiros versículos do capítulo 35 nos mostram um Jacó mais ousado, retomando
sua posição de autoridade familiar.
Estas expressões nos mostram mudança de
vida, de propósito, busca ao Senhor e compromisso com ele. Como resposta, Deus fez com que os
inimigos de Jacó ficassem apavorados diante dele e não o perseguissem. Quando
buscamos ao Senhor e nos purificamos, ele nos livra dos nossos inimigos (35.5).
1. Levanta. No hb. קום qum levantar, erguer, permanecer de pé, ficar de pé, pôr-se de pé.
1.1. Levanta para anunciar as boas novas: “Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus!” (Is 40.9).
1.2. Levantar para que a glória resplandeça na tua vida. “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti” (Is 60.1).
1.3. Levantar entre os mortos. “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5.14).
2. Habita. Mora na minha presença. “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23.6).
“Uma coisa peço ao SENHOR, e a
buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida,
para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Sl 27.4).
XIII. DEUS FALA A JACO
1. Lança fora os deuses estranhos. Quando recebeu instruções de Deus para trasladar-se a Betel, Jacó se preparou para sua volta àquele lugar sagrado suprimindo a idolatria de seu lar.
Sua
primeira atitude foi lançar fora os ídolos. Observe que aqueles falsos
deuses haviam sido trazidos da casa de Labão e, até então, Jacó os tinha
tolerado. O mal que toleramos em nossas casas pode nos levar à destruição. Jacó,
porém, tomou uma atitude antes que fosse tarde demais.
2. Purifica. No hb. taher que significa: ser limpo, ser puro, estar moralmente limpo, Santificado.
“Chegai-vos a
Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois
de ânimo dobre, limpai o coração” (Tg 4.8).
Em segundo lugar, Jacó exige
purificação de sua família. Podemos comparar esta etapa com o perdão do pecado
mediante a confissão a Deus ou à pessoa ofendida. Esta purificação é interior.
Deus requer limpeza espiritual para entrar em Betel.
3. Mudai vossas vestes. No hb. chalaph, do verbo (Qal) significa: passar adiante ou morrer, mudar, continuar a partir de vir de modo novo, brotar novamente. E do verbo (Hifil) trocar, substituir, alterar, mudar para melhor, renovar, mostrar novidade.
Nosso testemunho exterior deve
refletir a purificação interior.
Não adianta apenas trocar as
vestes, pois isto seria apenas uma mudança de fachada. Esta mudança de vestes
não implica numa questão de figurino. As vestes representam nosso modo de vida,
nossas ações (o que acaba incluindo o nosso jeito de vestir).
2ª Co 5.17 “E,
assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram;
eis que se fizeram novas.”
Rm 12.1-2 “Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
4. Faz ali um altar. Deus exige de nó um altar – um altar de oração de adoração e louvor em Sua presença.
Construir um altar. Não
basta destruir os ídolos, se no lugar deles nada for construído. Construir o
altar significa praticar atos de busca ao Senhor, tais como a oração e o jejum.
XIV. DEUS ABENÇOA JACÓ
Jacó foi a Betel e construiu um altar a Deus. Deus o abençoou e confirmou a mudança do seu nome para Israel.
Deus lhe disse: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; sê fecundo e
multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão
de ti. A terra que dei a Abraão e a Isaque dar-te-ei a ti e, depois de ti, à tua
descendência” (Gn 35.11-12).
Jacó pegou uma pedra e a colocou
como pilar no lugar onde Deus tinha falado com ele. Ele a separou para Deus,
derramando vinho e azeite em cima. E pôs naquele lugar o nome de Betel.
2. O vinho simboliza a alegria da
salvação.
3. O azeite simboliza o Espírito
Santo de Deus.
Raquel morreu dando à luz seu
segundo filho, que foi chamado Benjamim.
Jacó teve doze filhos: seis com Leia,
dois com Raquel e quatro com as escravas Bila e Zilpa.
Jacó permaneceu morando na terra
de Canaã, onde o seu pai tinha vivido.
Em Betel erigiu um altar. Ali, Deus renovou a
aliança com a
seguridade de que não só uma
nação, senão um grupo
de nações e reis
surgiriam de
Israel (35.9-15).
XV. O FINAL DA VIDA DE JACÓ
Jacó passou a residir mais uma vez na Palestina. Já seu irmão Esaú foi a Seir, e lá formou uma nação (Gn 33.16). Os anos seguintes não foram fáceis para Jacó. Seus filhos Simeão e Levi tiveram sério conflitos com os filhos de Hamor por conta do problema com Diná (Gênesis 34). Também, a ama de Raquel, Débora, que era importante para a família, morreu. Depois, sua tão amada esposa Raquel morreu no parto de seu filho Benjamin. Seu outro filho Rúben, deitou-se com Bila, sua concubina. Por fim, José, seu filho predileto, foi afastado dele.
Quando já estava bem idoso, por conta da fome que assolava a região em que vivia, Jacó precisou se exilar no Egito. Lá ele teve a grande alegria de reencontrar seu filho José. No Egito ele foi muito bem recebido.
Antes de morrer, já com a idade de 147 anos (Gn 47.28), Jacó abençoou os filhos de José: Efraim e Manassés (Gn 48.8-20). O patriarca também abençoou seus próprios filhos, formando as doze tribos de Israel (Gn 49.1-33). Jacó faleceu e foi enterrado em Macpela, perto de Hebrom, no tumulo da família juntamente com Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia.
Pr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau - SC