TEOLOGIA EM FOCO

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O LIVRO DE JÓ


LIVRO DE JÓ

O livro de Jó trata de um assunto permanente contemporâneo: Porque sofre o justo? Esta pergunta é uma das mais comuns dentre todas as que já foram feita desde a queda de Adão e Eva.

I. AUTORIA, LOCAL E DATA DO LIVRO DE JÓ


1. O significado do nome de Jó.
Jó no heb. iyõbh, que significa pesaroso.

2. A pessoa histórica de Jó. A Bíblia mesma atesta que Jó foi uma pessoa histórica. O profeta Ezequiel confirma que ele, de fato, foi uma pessoa real, correlacionando-o ao lado de Noé e Daniel (Ez 14.14). Tiago, por exemplo, atesta a realidade histórica do principal personagem do livro, bem como sua autenticidade textual, quando destaca a perseverança de Jó (Tg 5.11).

3. Título do Livro. O Livro de Jó foi assim chamado em homenagem a seu herói, e não devido ao seu autor, embora Jó possa ter registrado nele muitos detalhes de sua vida.

4. Tema do Livro. O Livro mostra por que o justo sofre. Jó um homem descrito como perfeito, é despojado de riqueza, dos filhos e da saúde. Sofre estas aflições com paciência.

5. Autoria. O autor do Livro de Jó é desconhecido, mas sua autenticidade é comprovada, bem como a realidade histórica da terra de Uz no período patriarcal.

Os candidatos mais prováveis são Jó, Eliú, Moisés e Salomão. Acredita-se que Eliú pode tê-lo escrito (ver Jó 32.16). Alguns Escritores, Historiadores antigos, Teólogos e antigas traduções dão autoria do Livro a Moisés.

Se não foi o próprio Jó, o escritor deve ter obtido informações detalhadas, escritas ou orais, oriundas daqueles dias, as quais ele utilizou sob o impulso da inspiração Divina para escrever o livro na feição em que o temos. Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de Deus (Jó 1.1 - 2.10)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p. 767].

6. Período. Tudo indica que Jó viveu na época dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó, aproximadamente em 2100-1800 a.C.). Dentre outros, alguns fatos contribuem para esse entendimento: O sacerdócio como instituição ainda não existia, visto que Jó era o sacerdote de sua própria casa (Jó 1.5); as filhas de Jó eram coerdeiras juntamente com seus irmãos (Jó 42.15), o que não era permitido pela lei mosaica (Nm 27.8); a palavra hebraica qesitah, traduzida como “uma peça de dinheiro” (Jó 42.11), só aparece em outras duas ocasiões na Bíblia: uma em Gênesis 33.19 e a outra em Josué 24.32.

7. Forma literária. A forma do livro é poesia, que trata de diversas questões antigas, dentre as quais, o sofrimento do justo. O Livro tem o nome da figura principal no poema, e foi classificado como um dos livros de sabedoria do Antigo Testamento. Outros livros dessa categoria incluem Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. 

8. A terra de Jó. Já no início do seu texto, o Livro de Jó destaca que ele era da “terra de Uz” (Jó 1.1). Como Jó, Uz era uma terra real. A maioria dos eruditos crê que a terra de Uz situava ao sul de Edom e a oeste do deserto da Arábia, se estendendo a leste, indo até a Babilônia (Jr 4.21; 25.20), e a sudeste da Palestina e do mar Morto, ou ao norte da Arábia.

Por conseguinte, Jó nasceu depois do dilúvio, do qual faz referência (Jó 22.16), e antes dos primeiros ancestrais do povo judeu.

9. Síntese do livro de Jó. Jó sofre várias calamidades. Perde todos os seus bens, seus dez filhos e sua saúde (ficando seu corpo cheio de chagas). Seus três amigos chegam para ajuda-lo, porém com aconselhamentos à base da razão humana e argumentos sem amor e piedade, o que piora a situação de Jó.

O jovem Eliú chega por fim e suas palavras contêm um pouco de esperança para o patriarca. Porém as razões deste amigo ajudam pouco, mas não responde à pergunta que mais atormenta Jó. Finalmente Deus fala e o sofredor tem a solução que tanto anela.

A esperança, que no início não existia, começou a brotar quando as justas razões do problema foram abordadas. Essa esperança tornou-se realidade com a réplica majestosa e incomparável do Altíssimo. Jó se humilhou reverentemente ante a grandeza e sabedoria de Deus, e logo depois foi duplamente restaurado. 

II. ESTRUTURA LITERÁRIA DO LIVRO DE JÓ

1. Prosa e poesia. O leitor que deseja ler o Livro de Jó precisa dar-se conta de que diante dele há uma obra de natureza poética. Isso não torna o livro de Jó menos inspirado do que outros da Bíblia, mas revela que ele pertence a um diferente gênero literário. Jó precisa ser lido dessa forma. A estrutura dessa obra demonstra isso. O texto é uma combinação de prosa-poesia-prosa (nessa ordem). Ele está literariamente organizado assim: Uma prosa nos primeiros capítulos; uma longa poesia no meio; mais uma prosa no último capítulo. Assim, o prólogo (Jó 1.1 - 2.13) e o epílogo (Jó 42.7-17) estão em prosa; o texto intermediário em poesia (Jó 3.1 - 42.6).

2. Organização. No texto em poesia há a seguinte organização: Um monólogo feito por Jó; três ciclos de diálogos entre Jó e seus amigos (Elifaz, Bildade e Zofá); quatro outros discursos de um quarto amigo jovem, Eliú; seguido pela revelação de Deus onde Ele manifesta o seu poder e graça; e, finalmente, a humilhação de Jó diante da revelação divina e sua restauração completa.

3. Abundância de figuras de linguagens. O livro é rico em metáforas. Esse recurso estilístico é usado pelo autor bíblico quando ele quer dar mais expressividade e maior vivacidade ao texto. O autor almeja que seu texto seja “colorido” ao invés de “preto e branco”. Jó, por exemplo, usa a figura do “vai-e-vem” do Tecelão para demonstrar a brevidade da vida (Jó 7.6; cf. “vento” Jó 7.7; “nuvem” 7.9; “sombra” 8.9; 14.2; “uma corrida”, “uma águia”, “uma flor” 9.25,26; 14.2). No livro também há o recurso estilístico de paralelismos onde os elementos literários repetem-se na mesma ordem.

O livro apresenta uma estrutura literária de prosa-poesia-prosa. Há também uso de metáforas e paralelismos.

III. NATUREZA E MENSAGEM DO LIVRO DE JÓ

1. Por que os justos sofrem? Algumas das questões mais importantes levantadas no Livro de Jó são eminentemente de natureza teológica e, também, filosófica. A questão do sofrimento do inocente é a principal delas. Por que sofre o justo? Ou ainda, por que os ímpios prosperam enquanto o justo sofre?

Ao longo dos anos, tanto teólogos quanto filósofos têm procurado dar explicações para esse dilema humano. No contexto de Jó, a ideia que prevalece é a de que somente os maus sofriam em consequências de seus pecados. Se havia sofrimento era porque havia culpa do sofredor. Nesse aspecto, ao longo de seus 42 capítulos, o autor procura demonstrar um novo olhar sobre essa questão.

2. Existe bondade desinteressada? Para muitas pessoas qualquer prática religiosa não passa de barganha. Essa era também a tese do Diabo. Para ele, Jó só permanecia fiel a Deus porque recebia benefício em troca: Jó era um homem agraciado com muitos bens; com uma família formidável; cercado de muitos amigos; e gozava de boa saúde. Nessas condições, como disse Satanás, todos são devotos. Todavia, vindo o infortúnio, a tragédia e a calamidade, será que esse fervor religioso permaneceria? Satanás estava disposto a apostar que a espiritualidade de Jó não subsistiria a uma prova de fogo. O livro mostra como Jó se comportou nessa prova.

3. Pode o homem compreender Deus? Os últimos capítulos de Jó mostram os impactos que a revelação divina tem sobre os homens. Como Paulo, que foi verdadeiramente mudado quando contemplou o Senhor numa visão (At 9.1-17), assim também Jó é totalmente transformado quando contempla a majestade do Senhor (Jó 38 — 42). A questão para Jó não foi tanto o entender Deus, mas experimentá-Lo. Viver e experienciar Deus mudou completamente a vida de Jó! Eis uma grande lição deixada por esse precioso livro.

A principal questão do Livro de Jó é o sofrimento do inocente. O livro mostra como Jó se comporta diante da prova.

4. “Sete características principais assinalam o livro de Jó.

4.1. Jó, um habitante do norte da Arábia, foi um não israelita justo e temente a Deus […] (1.1).4.2. Este livro é o mais profundo que existe sobre o mistério do sofrimento do justo.

4.3. Revela uma dinâmica importante, presente em toda prova severa dos santos: enquanto Satanás procura destruir a fé dos santos, Deus está operando para depurá-la e aprofundá-la. A perseverança de Jó na sua fé permitiu que o propósito de Deus prevalecesse sobre a expectativa de Satanás (cf. Tg 5.11).

4.4. O livro é de valor inestimável pela revelação bíblica que contém sobre assuntos-chaves tais como: Deus, a raça humana, a criação de Satanás, o pecado, o sofrimento, a justiça, o arrependimento e a fé.

4.5. Boa parte do livro ocupa-se da avaliação teológica errônea no livro talvez indique tratar-se de um erro comum entre o povo de Deus; erro este que exige correção.

4.6. O papel de Satanás como ‘adversário’ dos justos, o livro de Jó o demonstra mais do que em qualquer outro livro do AT. Entre as dezenove referências nominais a Satanás no AT, quatorze ocorrem em Jó.

4.7. Jó demonstra com toda clareza o princípio bíblico de que os crentes são transformados pela revelação, e não pela informação (42.5,6)” [Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p. 768].
UM HOMEM CHAMADO JÓ


LEITURA BÍBLICA

Jó 1.1-5. “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal. 2 - E nasceram-lhe sete filhos e três filhas. 3 - E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente ao seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do Oriente.4 - E iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. 5 - Sucedia, pois, que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.”

 INTRODUÇÃO

O autor sagrado não elabora uma biografia de Jó, mas traça um perfil que diz muito sobre esse gigante da fé. Jó foi um homem diferente, não em natureza, pois ele era igual aos demais de sua época. Todavia, foi, sem dúvida, distinto na espiritualidade. Ele foi um homem que não apenas possuía bens materiais e uma família sólida, mas mantinha profunda comunhão com Deus. Assim, nesta lição destacaremos alguns traços da vida e espiritualidade de Jó.

É possível ser próspero e, ao mesmo tempo, ter um caráter íntegro e piedoso? Esta pergunta faz sentido porque não é pouco comum correlacionar o defeito de caráter de uma pessoa com o advento de seu sucesso. O leitor da Bíblia Sagrada sabe do cuidado que as Escrituras apontam para a relação humana com o dinheiro. Sim, a Palavra de Deus diz que o “amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1ª Tm 6.10). Isso ocorre por causa do “apego”, da “ambição” que o homem desperta diante do dinheiro ou de algum bem material. Essa disposição pode aniquilar a nossa integridade e piedade. Mas ao longo da lição, veremos um modelo de integridade, prosperidade e piedade conjugado com o temor do Senhor. Que o exemplo de Jó fale aos nossos corações. O temor do Senhor é a base de uma vida reta e íntegra.

 I. O TESTEMUNHO DE DEUS A RESPEITO DE JÓ (1.1-5)

 V. 1.1-2: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal”. 2 E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.”

1. Jó um homem de caráter.

1.1. Integro - Sincero. O termo hebraico םת, transliterado tâm traduzidos por ‘sincero’. O adjetivo que significa integridade, prefeito, imaculado, piedoso, simples, sem culpa, inocente. No grego, segundo a Septuaginta, a palavra alethinós remete ao que é verdadeiro. Assim, podemos afirmar que Jó era sincero nas intenções, afeições e diligente nos esforços para cumprir seus deveres para com Deus e os homens.

O termo “sincero” surgiu da fabricação de vasos de cera. Na antiga Roma, oleiros fabricavam vasos de barros para serem vendidos no comércio, a fim de se colocar líquidos: mel, azeite, gordura animal, água, etc.

Quando o vaso era levado ao fogo, alguns rachavam, e para não perder o trabalho, o oleiro enchia as rachaduras com cera da cor do barro. Dava polimento e o defeito ficava imperceptível. Ao ser colocado o líquido, principalmente quente, a cera se derretia e vazava tudo.

Na próxima compra o freguês dizia: quero vaso sem cera sem (sine-cera). Daí nasceu o vocábulo “sincero”, em português.

A cera serve apenas para camuflar rachaduras, mas vindo a prova, a realidade aparece. Por isso, devemos ser sinceros, sem disfarces, porque dia seremos descobertos, nem que seja no juízo final (Ec 12.14).

Essa qualidade envolve toda uma vida de pureza, retidão e temor, virtudes que se revelam em todo o modo ser da pessoa, quer na vida secular, quer na cristão-religiosa.

1.2. Reto. O termo hebraico רשיו, (yasar) identificam Jó como ‘perfeitamente correto’, ou seja, reto, honesto, direito. Na Septuaginta, de acordo com o grego amemptos, possui o sentido de irrepreensível. Portanto, o homem de Uz era justo, reto, direito e se comportava de maneira irrepreensível.

1.3. Temente. O termo hebraico אריָ, transliterado yare, traduz a ideia de alguém que prestava reverência a Deus, reverente, respeitoso, obediente. Já na Septuaginta, os termos relativos ao grego, theosebés e apecho, trazem o sentido de alguém devotado ao culto e à adoração a Deus e que, por isso, mantinha o mal sempre à distância.

1.4. Desvia-se do mal. O termo hebraico רסוּ, transliterado sur é o mesmo que afastar e, nesse caso especifico, do mal.

Jó é apresentado como um homem de destacado caráter espiritual. Ele é descrito assim: aquele que era inculpável, reto, temia a Deus e repelia o mal.

Deus deu testemunho do caráter de Jó, o que envolve a condição moral, comportamento correto para com os seus semelhantes, ou seja, reto e sincero.

O quesito ‘temente’, refere-se à submissão de Jó a Deus, na qualidade de servo e no que implica ser temente a Deus? Implica na imputação da justiça divina sobre Jó, ou seja, Jó era justo diante de Deus!

Jó era um homem perfeitamente correto nas relações com os seus semelhantes e justo diante de Deus. A condição ‘justo’, pertinente a Jó, depreende-se de outras passagens bíblicas. Por exemplo, os Salmos:

“O SENHOR se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia”. (Sl 147.11).

II. JÓ ERA UM SÁBIO EPROSPERO

V. 1.3-4: “E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente. 4 E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.

1. Um conselheiro sábio. Há pessoas ricas que não são sábias nem tampouco prósperas. Possuem conhecimento, mas não entendimento; riquezas, mas não prosperidade. Jó distingue-se nesse aspecto.

Ele foi um homem sábio, rico e próspero. A Bíblia afirma que Jó era “maior do que todos os do Oriente” (Jó 1.3). “Maior” aqui não pode ser entendido apenas como uma referência a bens materiais, mas também à sua sabedoria. Estudiosos destacam que Jó era mais importante em sabedoria, riqueza e piedade do que qualquer outra pessoa daquela região e ressaltam o reconhecimento da sabedoria de Jó conforme se destacava a sabedoria dos orientais expressa em provérbios, canções e histórias. Isso fazia dele um homem proeminente, a quem as pessoas recorriam com frequência em busca de conselho e orientação (Jó 29.21,22).

2. Jó era um homem rico – bem-sucedido.

V. 3 – Era o maior, o mais rico daquela parte do Oriente. Possuía:

7000 ovelhas.

3000 camelos.

500 juntas de bois.

500 jumentas.

Muita gente a seu serviço. Amava seus filhos e desviava-se do mal. Acima de tudo Jó era servo e apenas um servo. Não existe Grande servo (de Deus) Servo é aquele que serve. Jó era um modelo único.

Jó possuía milhares de ovelhas, camelos, bois e jumentas. Além disso, tinha sete filhos e três filhas. Em termos gerais, Jó era considerado um homem rico para a cultura tribal do mundo antigo.

A pesar de Jó ser um homem rico era um homem fiel e sincero. Não existia maldade em seu coração. Não praticava o mal. Auxiliava os mais necessitados e dava muitos empregos. Sempre fiel a Deus, louvava e engrandecia o nome do Senhor.

3. Seu status social. O ilibado caráter de Jó, aliado à sua notória riqueza, elevara-se a uma alta posição social. Embora não fosse rei, era ele tratado como nobre (Jó 29.8). Seu elevado padrão de vida espiritual era conhecido em toda aquela região.

III. JÓ UM EXEMPLAR PAI DE FAMÍLIA

V. 2: “E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.” V. 5: “Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.”

1. Um homem dedicado à família. O primeiro capítulo de Jó diz: “Iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles” (1.4). O ambiente descrito aqui é de uma família em harmonia que, de forma feliz, festejava a vida. De forma alguma o texto sugere dissolução, bebedice ou licenciosidade nessas comemorações. Eram confraternizações feitas no ambiente familiar.

A família de Jó. O patriarca Jó era pai de 10 filhos - 7 rapazes e 3 moças.

2. Um homem de moral e piedade. Jó oferecia regularmente sacrifícios por seus filhos, caso algum deles tivesse “amaldiçoado a Deus.”

Jó estava preocupado com que seus filhos pudessem ter se apartado de Deus em seus corações, isto é, esquecido Deus e sua presença no meio de suas vidas diárias.

Todos davam um excelente testemunho de Jó. Até o próprio Deus tinha-o na conta de um homem singular e único em toda aquela geração.

Que possamos ser um homem como Jó, de caráter ilibado e sincero diante de Deus e dos homens. Deus exige de Sus filhos um exemplo único de piedade. Caso contrário, não poderemos ser contados entre os seguidores de Jesus Cristo. Portanto, que todos nos vejam o testemunho, e glorifiquem ao Pai Celeste.

3. “Jó não teve de isolar-se para tornar-se piedoso. Foi justamente como pai de família, homem de negócios e membro de uma sociedade politicamente organizada, que ele pontificou-se como o melhor ser humano de seu tempo. Ninguém precisa isolar-se para tornar-se santo; santo nasce exatamente em meios às tentações. Todos os heróis da fé destacaram-se como membros participativos da sociedade. O que dizer de Noé? Ou de Abraão, Isaque e Jacó? Ou dos profetas? Isaías e Ezequiel eram casados. E o exemplo do próprio Cristo? Ele não se afastou dos homens para redimi-los; Emanuel resgatou-nos estando entre nós e fazendo-se como um de nós.

Enganam-se os que julgam ser a santidade o produto de uma vida solitária. Santidade é serviço; é dedicação integral ao Senhor Jesus; é desviar-se do mal e ter a parecença do Cordeiro de Deus” [ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 37].

CONCLUSÃO

Destacamos três aspectos importantes acerca da vida de Jó: caráter, prosperidade e piedade. Só compreenderemos devidamente a vida desse gigante da fé do Antigo Testamento a partir dessa matriz.

É possível que alguém seja rico, mas não possua caráter algum; da mesma forma é possível que alguém possua valores morais sem, contudo, esboçar piedade alguma. Todavia, ninguém terá um caráter irretocável, não apenas fragmentos ético-morais, prosperidade, não apenas posses, piedade, não apenas religiosidade se não conhecer a Deus na intimidade. Jó era assim: íntegro, reto, temente a Deus e se desviava do mal.

O PRIMEIRO ATAQUE DE SATANÁS CONTRA JÓ


I. DEUS CONVOCA UMA REUNIÃO NO CÉU


1. Quem participa desta reunião?
“E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles” (1.6)
1.1. Os filhos de Deus (anjos). Apresentam-se diante de Deus.
1.2. Satanás entra nesta reunião. Porém no céu Satanás fica calado, ou seja, ele não tem voz ativa.
1.3. Deus faz um pergunta a Satanás. “Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela” (1.7).
1.4 Satanás faz duas coisa: “passear - rodear a terra e acusar”.
1.5. Deus faz a segunda pergunta a Satanás.
A. Deus da testemunho de Jó - 1.8-10: “E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. 9 Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? 10 Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra”.
Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, integridade é uma palavra que comporta os seguintes significados: inteireza, retidão, imparcialidade, inocência e pureza.
B. Satanás acusa Jó. - 1.11-12: “Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. 12 E disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás.”
Deus da testemunha de Jó, no entanto, Satanás insiste que a integridade desse homem nunca havia sido testada. Acusa Jó de servir a Deus somente porque este o protegia e o fazia próspero. Deus, então, concede permissão para que o teste tenha início.

II. AS CALAMIDADES DE JÓ – 1.13-22
No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.

1. A ação permissiva de Deus.
Jó foi experimentado em todas as áreas de sua vida. Calamidades sociais, sobrenaturais, meteorológicas e psicológica.
1.2. Rapidamente, os filhos e filhas de Jó são mortos e todos os seus rebanhos são levados por seus inimigos.
1.3. Perda dos bens materiais.
1.4. Perda dos membros da família.
1.5. Perda da saúde.
A. Alguém poderia sugerir que a doença de Jó possa ter sido uma forma muito severa de lepra, também conhecida como elefantíase-dos-gregos. Esta é conhecida algumas vezes como lepra negra, porque a pele fica enegrecida.
B. Qualquer que fosse a doença, parece claro que Jó sofreu com ela durante algum tempo e que foi muito séria e penosa. Alguns dos seus sintomas e efeitos podem ser deduzidos das passagens seguintes: (2.7-8, 12; 3.24-25; 7.4-5, 13-15; 19.17, 20; 30.17-18, 30).

III. JÓ ADORA A DEUS NA PROVAÇÃO
1.20-22: “Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. 21 E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. 22 Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

1. A adoração de Jó. Quão grande é o exemplo de Jó. No auge da provação, confessa que, mesmo que Deus o matasse, n’Ele confiaria (Jó 13.15).
1.1. A adoração de Jó foi completa tanto em atitudes como em palavras.
A. Ele levantou-se.
B. Rasgou seu manto.
C. Rapou a cabeça.
D. E se lançou em terra para adorar o Senhor. “...bendito seja o nome do SENHOR”.
1.2. Jó confessa sua fé. “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou”.

2. O que levou Jó a adorar a Deus.
2.1. Adoração a Deus implica o reconhecimento de Sua soberania.
2.2. Adoração a Deus implica o reconhecimento de que Ele está no comando de tudo.
2.3. Adoração a Deus implica o alegrar continuamente n’Ele. O profeta Habacuque
Confessou dizendo: mesmo que lhe viessem a faltar os alimentos básicos, alegrar-se-ia ele no Deus de sua salvação (Hb 3.18).

JÓ E O SEGUNDO DIA DE TRAGÉDIA

I. O CARÁTER DE JÓ PERMANECIA IMACULADO APESAR DOS ATAQUES SATÂNICOS - (1.6-12; 2.1-6).

1. O segundo diálogo entre Deus e Satanás.
1.1. Deus novamente dá testemunho de Jó - 2.1-3.
Esses versículos repetem o mesmo conteúdo em Jó 1.6-8. O Senhor afirma que ele mantivera sua sinceridade (a mesma raiz hebraica da palavra sincero, em Jó 1.1,8), embora Satanás tenha incitado Deus a destruir Jó sem causa. Esta expressão é a tradução do mesmo termo hebraico que Satanás usara para insinuar que Jó não servia a Deus debalde (Jó 1.9). Agora, o Senhor constrangia o inimigo com esse lembrete.
A. É Deus quem pergunta, pois na morada do Altíssimo Satanás fica calado, mas Deus é quem pergunta.
B. Na primeira confrontação de Satanás com Deus, Satanás acusa Jó de possuir uma piedade interesseira.
C. Satanás sustenta que se Jó for privado de suas bênçãos materiais, ele cessará de servir ao Senhor.
C. O Senhor concede a Satanás poder para retirar tudo o que Jó tem, mas impede-o de ferir a pessoa de Jó.

2. O segundo ataque do inimigo.
2.1. Deus novamente permite Satanás afligir Jó.
Vs. 6-8. “E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida. 7 Então saiu Satanás da presença do Senhor, e feriu a Jó de úlceras malignas, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. 8 E Jó tomou um caco para se raspar com ele; e estava assentado no meio da cinza”.
A. Na segunda confrontação, quando defrontado com a fidelidade de Jó, Deus da testemunha de Jó.
B. Satanás afirma que Jó renunciará ao Senhor uma vez que sua pessoa real tenha sido afetada. 
2.2. Deve-se notar que:
A. Satanás não tem poder para afligir Jó, a menos que Deus lhe permita.
B. Satanás, mesmo no seu desejo de tentar destruir, realmente serve aos propósitos de Deus.
V.7. “Então saiu Satanás da presença do SENHOR, e feriu a Jó de úlceras malignas, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.”

3. No meio da cinza. A cinza mencionada em 2.8 é uma referência ao lugar fora da cidade onde estrume e outros resíduos seriam descarregados e periodicamente queimados. É bem provável que Jó tenha escolhido seu lugar ali porque sua doença tornava-o indesejável na aldeia.
V. 8. “E Jó tomou um caco para se raspar com ele; e estava assentado no meio da cinza.”
A coceira que Jó sofre é tanta que ele pega um caco de telha para com ele se raspar. Sua aflição é insuportável e ele procura aliviar de algum modo a dor e o calor infernal que sente no corpo.
No meio da cinza, entre os restos de lixo queimado, reside agora o pobre Jó. É possível que os cães que sempre frequentam tais lugares, tenham vindo lamber as feridas, como ocorreu com Lázaro. Um verdadeiro retrato de miséria, angústia e dor.
Jó nunca, em toda sua, fora atormentado, enfraquecido e angustiado.

4. A mulher de Jó acusa Jó.
V. 9-10: “Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre. 10 Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.”
4.1. As reações da esposa de Jó e dos amigos (2.9-13).
A. Parece que a esposa de Jó não era uma nobre personagem como ele. Ela o adverte a “dizer adeus a Deus” e morrer (veja 1.5 para a mesma palavra).
B. Pode ser que o conselho da esposa de Jó também seja o resultado da ideia de que o sofrimento é totalmente por causa do pecado. Ela raciocina que uma vez que Jó está sofrendo enormemente, ele deve ter pecado imensamente e está separado de Deus. “Amaldiçoar a Deus” não pioraria sua relação, mas poderia trazer morte e alívio para seu sofrimento temporal!

5. Os amigos de Jó.
V. 11-13. “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram cada um do seu lugar: Elifaz o temanita, e Bildade o suíta, e Zofar o naamatita; e combinaram condoer-se dele, para o consolarem. 12 E, levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; e levantaram a sua voz e choraram, e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. 13 E assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande”.
Os três amigos de Jó chegaram e sentaram-se com ele na terra, e permaneceram em silêncio durante sete dias; um período de luto comum pelos mortos (Gênesis 50.10; 1 Samuel 31:13), e isto pode ser alguma indicação de seus sentimentos pela situação dele.

II. JÓ ABRE SUA BOCA DEPOIS DE SETE DIAS

1. As palavras de Jó a respeito de si - (3.1-26).
1.1. A queixa de Jó. “Depois, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia de seu nascimento. 2 Assim falou: 3 “Pereça o dia em que nasci, e a noite em que anunciaram: ‘Nasceu um menino!’ 4 Esse dia, que se torne em trevas; Deus, do alto, não se lembre dele, e sobre ele não brilhe a luz! 5 Que o obscureçam as trevas e a sombra da morte! Que a escuridão o domine, e seja envolvido pela amargura!
1.2. Jó amaldiçoa o dia de seu nascimento (vs. 1-10). De maneiras variadas, ele deseja que nunca tivesse nascido.
Bíblia nos fala que quando estamos fracos Ele se mostra forte. Em nossa fraqueza repousa o poder de tudo (2º Co.12:9 e 10).
1.3. A segunda parte de seu discurso. Jó continua dizendo que se ele tinha que nascer, teria sido melhor se tivesse nascido morto (vs. 11-19). A morte é pintada como uma libertação das dificuldades desta vida.

III. JÓ TIRA SATANÁS DE CENA
Jó estava ciente de que o Todo Poderoso se achava no comando de tudo quanto existe no universo. E se o adversário investe-se contra os santos e, momentaneamente, prevalece, é porque o Senhor lhe permite. Então, porque se ocupar com o inimigo se Deus a tudo controla, inclusive o Diabo.

1. Deus é único. Só há um Deus, o criador dos céus e da terra.
1.1. Existe apenas um só Deus subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Se houvesse mais de um Deus (o bem e mal), como muitos o creem, ambos deixaria de ser Deus, porque ambos mutuamente se excluiriam. Foi por isso que Jó ignorou o Diabo; este, apesar de ser chamado o deus deste século, nunca foi Deus nem jamais será: não passa de uma criatura orgulhosa e soberba que presumindo-se deus, levantou contra o Único e Verdadeiro Deus. Mas em breve, ele será lançado no lago de fofo. Quanto a nós estaremos para sempre com o Senhor.
Satanás é chamado de “deus deste século” (2ª Co 4.4.), não do universo; e “mundo”, nesta referência (aion), trata-se de uma era moral e dos seus padrões de procedimentos pecaminosos e ímpio.

IV. OS TRÊS AMIGOS DE JÓ
Jó e seus amigos irão se esforçar para entender como os sofrimentos de Jó podem se harmonizar com a justiça, a bondade e a soberania de Deus. Nos seus diálogos, eles explorarão os limites da sabedoria proverbial tradicional ou convencional e as circunstâncias inadministravéis na vida de Jó.
Os seus amigos irão insistir que os provérbios da sabedoria padrão aplicam-se direta e automaticamente a Jó, e Jó insistirá no contrário.

A PRIMEIRO PRIMEIRA SÉRIE DE DEBATES

I. DIÁLOGO ENTRE ELIFAZ E JÓ - Jó 3.1 a 27.23.

Jó e seus amigos irão se esforçar para entender como os sofrimentos de Jó podem se harmonizar com a justiça, a bondade e a soberania de Deus. Nos seus diálogos, eles explorarão os limites da sabedoria proverbial tradicional ou convencional e as circunstâncias inadministravéis na vida de Jó.

1. Elifaz afirma que o sofrimento é por causa do pecado (4.1-21).
Este primeiro ciclo de discursos que vai até o capítulo 14, sendo que nos encontramos no capítulo 4, consiste nas declarações de seus três amigos e nas respostas comoventes que Jó lhes dá.
1.1. Quem foi Elifaz. Elifaz é um dos filhos de Esaú com sua mulher Ada (Gn 36.4).
A. Nome de um dos amigos de Jó, natural de Temã (Jó 2.11; 4.1; 15.1; 22.1).
B. O nome Elifaz no hebraico significa “meu Deus é forte”.

2. Jó era um homem conselheiro. Ele começa lembrando Jó de seu conselho a outros que estavam perturbados ou sofrendo e o encoraja a seguir seu próprio ensino. Pode ser que Elifaz esteja usando sarcasmo nos versículos 5 e 6 (vs. 1-6).

3. O inocente e o reto não perecem (vs. 7-10).
3.1. O homem colhe o que semeia.
3.2. Os homens perversos são assemelhados a um covil de leões. Apesar de sua ferocidade, eles serão consumidos pelo sopro de Deus.

4. Elifaz relata uma visão que alega ter tido (vs. 11-21).
4.1. Ele fala de um espírito que lhe apareceu, causando grande temor de sua parte (vs. 12-16).
4.2. A mensagem da visão foi que o sofrimento por causa do pecado pessoal é inevitável, porque não há homem justo ou puro diante de Deus. Desde que todos pecam, todos têm que sofrer (v. 7).
4.3. Observe a semelhança de pensamento e linguagem em 15:14-16 e 25:4-6.
4.4. A tendência dos humanos para o erro e a fragilidade de suas vidas são ressaltadas (vs. 18-21).

II. ELIFAZ ENCORAJA JÓ A “BUSCAR A DEUS” (5.1-27).

1. Ele adverte Jó do perigo da ira contra os caminhos de Deus (vs. 1-7).
1.1. Elifaz relata o destino de um louco que ele tinha observado.
1.2. Ainda que nenhuma aplicação formal seja feita por esse tempo, parece que Elifaz pode estar dando a entender uma similaridade entre Jó e esse “louco” de quem ele fala.

2. Elifaz diz que buscaria a Deus se estivesse no lugar de Jó (vs. 8-16).
2.1. Nestes versículos Elifaz se refere à boa providência de Deus; ele ajuda o oprimido e repele os que poderiam fazer mal.
2.2. Elifaz ressalta que o homem perverso não prosperará, porque Deus frustrará seus planos.

3. Elifaz conclui seu primeiro discurso admoestando Jó: “não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso” (vs. 17-27).
3.1. Ele afirma que Deus livrará de toda a forma de mal aquele que humildemente se submete a sua correção (vs. 18-22).
3.2. Aceitando humildemente a disciplina de Deus, ele prosperaria em todos os aspectos (vs. 23-27).

III. A RESPOSTA DE JÓ A ELIFAZ (6.1-30).

1. Jó reconhece suas fraquezas. Jó reconhece que suas palavras (capítulo 3) têm sido imprudentes, mas sugere que tal imprudência é compreensível em vista de seu grande sofrimento (vs. 1-7).
1.1. Jó está sugerindo, no versículo 5, que, assim como os animais fazem barulho quando têm um motivo, assim ele tem razão em expressar sua aflição.
1.2. O assunto dos versículos 6-7 pode ser tanto o sofrimento de Jó como as palavras de “conforto” oferecidas por Elifaz.

2. Jó deseja que Deus lhe conceda sua petição: permitir-lhe morrer. Ele exprime dúvida que possa resistir. Sua força não é infalível (vs. 8-13).

3. Ele critica seus amigos por acusarem-no de má ação em vez de mostrarem-lhe simpatia (vs. 14-23).
3.1. Ele os assemelha a um ribeiro intermitente. Na estação chuvosa, quando a água é farta, ele está cheio; mas uma vez que o calor começa e os viajantes buscam sua água, ele está seco. De modo semelhante, quando Jó necessitava da compaixão de seus amigos, e a esperava, eles se mostraram serem fontes que tinham secado (vs. 14-21).
3.2. Ele se queixa de que não estava pedindo muito a eles (vs. 22-23).

4. Jó desafia seus amigos a apontarem seu pecado que era o suposto responsável por seu grande sofrimento (vs. 24-30).
4.1. Ele assevera que eles não têm evidência para suas palavras cruéis.
4.2. Ele afirma que não está mentindo sobre sua inocência e nem é incapaz de reconhecer a iniquidade.

IV. JÓ BRADA EM DESESPERO (7.1-21).

1. Há alguma dúvida se o capítulo inteiro é dirigido a Deus ou se os primeiros versículos 1-10 são ditos para proveito dos amigos e o restante do capítulo é dirigido a Deus.

2. Ele descreve a grandeza e a desesperança de seu sofrimento e sua angústia (vs. 1-10).
2.1. Sua vida é de dura servidão, com a única paga sendo meses de desilusão e noites cansativas.
2.2. Ele é incapaz de dormir e conta a tortura de sua doença.
2.3. Ele menciona o fato de sua vida ser breve, como se dissesse que Deus deveria mostrar-lhe misericórdia no pouco tempo que lhe resta.

3. Jó interroga Deus quanto à razão da severidade de seu sofrimento (vs. 11-21).
3.1. Ele pergunta porque é necessário a Deus atormentá-lo constantemente com o sofrimento (como parece a ele).
3.2. Ele roga a Deus que o deixe em paz (vs. 16).
3.3. Jó afirma, por perguntas, que o homem é muito insignificante para receber tão contínua atenção de Deus (vs. 17-19).
3.4. Como ele fez com seus amigos, Jó desafia Deus a identificar seu pecado. Se, na verdade, ele tem pecado, ele pergunta porque Deus não deseja perdoar. As palavras de Jó são ousadas e desesperadas e ele fala sem entendimento.

O PRIMEIRO DISCURSO DE BILDADE E JÓ

I. BILDADE FALA (8.1-22).
1. Quem foi Bildade. Nome de um amigo de Jó, era um suíta (Jó 2.11), que profere três discursos, em visita ao velho patriarca (cap. 8, 18 e 25).

2. Bildade afirma a justiça do Todo-Poderoso (vs. 1-7).
2.1. Levado pelas palavras que Jó acaba de dizer, Bildade começa seu discurso com uma áspera repreensão a Jó. É certo que ele considera blasfemas as palavras de Jó e assim ele age para defender a justiça de Deus (vs. 1-3).
2.2. Bildade repete o argumento de Elifaz: aquele que sofre deve ser perverso (vs. 4-7).
A. Ele insinua que, uma vez que os filhos de Jó foram “pereceram,” eles devem ter pecado (v. 4).
B. Ele sugere também que Deus poderia “despertar” para as súplicas de Jó se ele fosse puro ou se ele se arrependesse (vs. 5-7).

3. Bildade apela para a sabedoria e a experiência das gerações passadas (vs. 8-19).
3.1. Ele defende seu argumento (já começado e a ser continuado na última parte do capítulo) dirigindo a atenção de Jó para as conclusões das gerações passadas.
3.2. Por causa da vida curta do homem, sua sabedoria tem que ser aumentada pela dos “pais”.
3.3. Bildade continua, sugerindo uma relação de causa e efeito entre a injustiça e o sofrimento. Ele demonstra seu princípio com três ilustrações:
A. Assim como o papiro não pode existir sem lama, assim o homem não pode prosperar sem o favor de Deus (vs. 11-13).
B. A confiança do ímpio é tão frágil como a teia de aranha; ele não tem nada em que se apoiar (vs. 14-15).
C. O ímpio é como uma planta que cresce por pouco tempo, mas que é arrancada do seu lugar (vs. 16-19).

4. Bildade conclui seu discurso (vs. 20-22).
4.1. Ele repete o pensamento que Deus preserva o justo, mas não “apoiará” os malfeitores (vs. 20).
4.2. Se Jó se arrepender, Deus encherá sua boca com risos e seus adversários ficarão envergonhados.

II. JÓ REPLICA AO DISCURSO DE BILDADE (9.1-24).
1. Jó não contende com Deus. Jó sente-se incapaz de contender com Deus, para provar ou afirmar sua inocência perante o Senhor. Jó afirma, do mesmo modo, o poder e a sabedoria de Deus, mas é possível que ele esteja falando com sarcasmo no versículo 2 (veja 4.17).

2. O poder e a majestade de Deus (vs. 1-12).
2.1. Jó descreve o poder de Deus como é evidenciado na natureza (vs. 5-10).
2.2. Ele observa que o homem é incapaz de questionar a Deus às contas por seus atos (vs. 1-4, 11-12).

3. Jó afirma a futilidade de “responder” a Deus, pleiteando o seu caso diante dele (vs. 13-24).
3.1. Jó declara que Deus trata os perversos e os retos do mesmo modo. Ele ainda vai até o ponto de dizer que Deus é indiferente ao sofrimento do inocente e discrimina em favor do perverso (vs. 21-24).
3.2. Alguém poderia tentar amenizar as palavras de Jó, mas parece óbvio que Jó brada contra Deus nesta parte. Precisamos lembrar que Jó não estava a par de toda a informação que possuímos sobre o assunto dos propósitos de Deus.

III. JÓ RESPONDE (9.25 – 10.22).

1. O discurso de Jó a seus amigos.
Na última parte do capítulo 9, parece que Jó dirige seus comentários em parte a Deus e em parte a Bildade e seus outros dois amigos.

2. O tratamento do homem com Deus.
Tendo discutido o tratamento do homem em geral por Deus em 9.22-24, agora Jó se volta para o tratamento dele mesmo por Deus (vs. 25-31).
2.1. Usando as figuras de um corredor, navios velozes e uma águia, Jó descreve a brevidade da vida (vs. 25-26).
2.2. Ele fala da persistência de Deus em considerá-lo culpado e como resultado ele é incapaz de se alegrar (vs. 27-31).
2.3. Jó sente a necessidade de um terceiro participante para arbitrar a diferença entre ele e Deus (vs. 32-35). Parece que ele está antevendo a obra de Jesus Cristo como nosso mediador.

3. Jó fala diretamente com Deus.
Sentindo que nada tem a perder, Jó fala a Deus diretamente, insistindo em saber porque Deus está “contendendo com ele” e então oferecendo as razões possíveis para o comportamento de Deus (10:1-7).
3.1. Ele pergunta se Deus tem algum prazer em oprimir sua própria criação (vs. 3).
3.2. Ele pergunta se Deus, como um homem, tem percepção limitada e, por isso, julgou-o injustamente (vs. 4).
3.3. Ele questiona se a duração da vida de Deus é tão curta como a de um homem, para que ele esteja com pressa de procurar o pecado de Jó antes que ele o tenha cometido (vs. 5-7).

4. Desconsiderando as duas últimas perguntas, Jó continua seu discurso seguindo a primeira possibilidade (vs. 8-22).
4.1. Ele recorda a Deus que ele é criatura de Deus (vs. 8-12).
4.2. E ainda Deus parece determinado a destruir Jó em qualquer circunstância, um rumo aparentemente inconsistente com seu cuidado em criar Jó (vs. 13-17).
4.3. Novamente Jó expressa seu desejo de ter morrido ao nascer. Desde que Deus não permitiu isso e seus dias restantes são poucos, Jó pede a Deus que o deixe em paz (vs. 18-22).
4.4. Conquanto Jó não tenha se afastado de Deus, ele está obviamente lutando com sua fé. Quão agradecido Jó deve ter estado mais tarde porque Deus não atentou para suas palavras e o “deixou em paz” como ele tinha pedido!

O PRIMEIRO DISCURSO ENTRE ZOFAR E JÓ

I. ZOFAR DEBATE COM JÓ (11.1-20).

1. Quem era Zofar. Nome de um dos amigos de Jó (Jó 2.111; 11.1; 20.1; 42;9), natural de Nama, um pequeno reino que se achava, mui provavelmente, situado no território da Arábia Saudita.

2. Zofar repreende Jó.
Zofar começa seu discurso repreendendo asperamente Jó por sua impertinência (pelo menos como Zofar a vê) - (vs. 1-6).
2.1. Ele se vale de diversas perguntas para sugerir que Jó não deve pensar que silenciou os outros com sua má vontade em aceitar os argumentos deles (vs. 1-3).
2.2. Zofar exprime seu desejo de que Deus na verdade confrontasse Jó. Ele acredita que Jó acharia que Deus realmente está castigando-o menos do que merece (vs. 4-6).

3. Zofar ressalta a inescrutabilidade dos caminhos de Deus (vs. 7-12).
2.1. A sabedoria de Deus é muito elevada para o homem e seu poder é irresistível (vs. 7-10).
3.2. Deus é capaz de reconhecer o pecado nos homens mesmo se eles próprios forem incapazes de vê-lo. Para demonstrar a possibilidade de homens como Jó se tornarem sábios (talvez para seu próprio pecado?), Zofar sugere que tal evento é tão provável como um jegue dar nascimento a um homem (vs. 11-12).

4. Zofar termina seu discurso de modo semelhante a Elifaz e Bildade (vs. 13-20).
4.1. Ele admoesta Jó a se arrepender e fala das bênçãos disponíveis para Jó no arrependimento.
4.2. Zofar realmente descreve o arrependimento e seus frutos muito bem mesmo.
A. “Se dispuseres o coração...” (v. 13) - o arrependimento é literalmente uma mudança de vontade.
B. “...e estenderes as mãos para Deus” (v. 13) - talvez o primeiro fruto que o arrependimento produza seja a confissão do pecado diante de Deus e a busca do perdão.
C. “...se lançares para longe a iniquidade da tua mão e não permitires habitar na tua tenda a injustiça” (v. 14) - outra consequência do arrependimento é a reforma da conduta.

II. A RÉPLICA DE JÓ A ZOFAR E SEUS OUTROS DOIS AMIGOS (12.1 – 13.19)

1. Jó evidentemente começa sua réplica com uma boa dose de sarcasmo (vs. 1-12).
1.1. Ele observa que, ainda que eles possam pensar que são os únicos que têm alguma sabedoria, ele também sabe as coisas que eles sugeriram (vs. 1-3).
1.2. Ele, contudo, chama a atenção deles para a realidade de que a teoria deles não se ajusta aos fatos (vs. 4-6).
A. Aqueles que estão seguros têm tendência a agirem de modo condescendente para com o desafortunado, aquele que está sofrendo (vs. 5).
B. Conquanto Jó seja justo, seus amigos zombam dele e ainda “as tendas dos tiranos gozam paz” (12.6). O uso que Jó faz da palavra “seguro” no versículo 6 pode ser uma referência ao comentário de Zofar em 11.18.
1.3. Jó continua seu sarcasmo, observando que a sabedoria de seus amigos é possuída até pelos animais (vs. 7-12). Ele não parece estar depreciando a sabedoria dos amigos, mas antes sugere que eles não precisam ensinar-lhe o que é universalmente sabido.

2. Jó faz uma descrição do poder divino (vs. 13-25). Ainda que Jó afirme a sabedoria e a prudência de Deus, ele insiste nos atos destrutivos de Deus.

3. Os amigos de Jó são “médicos que não valem nada”; ele deseja falar com o Todo-Poderoso (13.1-19).
3.1. Lembrando de novo seus amigos que ele tem o mesmo conhecimento que eles possuem, ele os admoesta a ficarem calados (vs. 1-12).
A. Ele testifica que os argumentos deles não têm valor.
B. Ele os repreende por demonstrarem parcialidade em sua defesa dos atos de Deus e sugere que Deus os castigue por isso (vs. 7-11).
C. Os amigos têm mostrado parcialidade para com Deus, assumindo que Jó tinha pecado. Na opinião deles, Jó não poderia ser inocente e ainda sofrer; pois isto sugeriria que Deus era injusto ao afligir Jó. Como Jó, os amigos não parecem reconhecer a existência de Satanás e assim atribuem o sofrimento de Jó a atos de Deus. Ao assumirem a pecaminosidade de Jó, eles tinham respeitado a pessoa de Deus, enquanto se recusavam a aceitar a possível inocência de Jó!
3.2. Jó pretende defender seu caso diante de Deus sem se importar com as consequências (vs. 13-19).
A. Parece que Jó ainda está se dirigindo aos seus amigos, nesta parte.
B. Jó expressa sua confiança em que será justificado.

III. JÓ FALA COM DEUS (13.20 – 14.22).

1. Jó faz duas petições em preparação para a defesa de seu caso (vs. 20-22).
1.1. Uma pausa no seu sofrimento (vs. 21).
1.2. Que Deus se comunique com ele (vs. 22).

2. Jó pede a Deus que revele seus pecados e expressa perplexidade quanto ao motivo pelo qual Deus o está tratando como um inimigo (vs. 23-27).

3. Jó comenta a brevidade da vida do homem (13:28 - 14:6).
3.1. Em vista da vida curta do homem, por que o julgamento de Deus é tão rigoroso?
3.2. Jó pede que Deus desvie dele seus olhos e permita que ele descanse no tempo que sobrou.

4. Jó observa a desesperança do homem (14.7-22).
4.1. Diferente da árvore que rebrota de suas raízes, mesmo depois de ter sido cortada, o homem morre e “não se levanta” (vs. 7-12).
A. À primeira vista, parece no versículo 12 que Jó não crê numa ressurreição dos mortos. Contudo, Jó está falando, possivelmente, da renovação de sua vida física, neste versículo. Jó está então dizendo que o homem não pode viver outra vida física (observe a ilustração da árvore) como a que ele perdeu, mas que ele não cessa de existir na morte.
B. Parece que Jó tem alguma esperança de uma ressurreição (v. 14).
4.2. Jó exprime seu desejo de que Deus escondesse-o na sepultura até um tempo em que sua ira passasse e ele voltasse a "lembrar-se" dele.
4.3. Jó termina seu discurso em desespero (vs. 18-22). Tão certo como a erosão acontece, Deus destrói a esperança do homem.

A SEGUNDA SERIE DE DEBATES

I. ELIFAZ DISCURSA COM JÓ (15.1-35).

1. Elifaz repreende Jó (vs. 1-13).
1.1. Os discursos de Jó foram nada mais do que conversa vã (vs. 1-3).
1.2. Além do mais, Jó pôs de lado a reverência a Deus e abandonou sua religião (v. 4).
1.3. Elifaz afirma que os próprios discursos de Jó são evidência de sua culpa (vs. 5-6). Pode ser que Elifaz esteja sugerindo que as palavras de Jó sejam suficientes para condená-lo, fora qualquer pecado que ele possa ter cometido no passado (v. 6).
1.4. Elifaz acusa Jó de arrogância (vs. 7-11).
A. “Pensa Jó que ele é o único a ter sabedoria?”
B. “Jó está a par da sabedoria secreta de Deus?”
C. Elifaz afirma que os pensamentos expressos por ele e os outros dois amigos são apoiados por aqueles que têm mais idade e experiência (vs. 9-10).
D. “Jó desdenha as ‘consolações de Deus’?” (Elifaz está provavelmente se referindo às palavras dos amigos ou, pelo menos, a seus discursos - v. 11).
1.5. Elifaz repreende Jó por seu discurso ousado (vs. 12-13).

2. Elifaz afirma a inevitabilidade do pecado e assim, do sofrimento (vs. 14-16).
2.1. Os versículos são semelhantes a uma parte do primeiro discurso de Elifaz (4:17-19).
A. Em 4.17-19, o destaque recai sobre a fragilidade do homem; aqui, a corrupção do homem é ressaltada, talvez mesmo exagerada para realçar.
B. Ainda que Elifaz não aplique estas palavras diretamente a Jó, parece haver pouca dúvida que ele tenha Jó em mente.
2.2. Uma progressão pode ser vista nos discursos de Elifaz, à medida em que ele fica mais impaciente e severo com Jó.

3. Elifaz reafirma sua teoria a respeito do sofrimento e o destino do ímpio (vs. 17-35).
3.1. Ele inicia seus comentários apelando para a antiguidade e pureza dos sábios (vs. 17-19).
3.2. O ímpio é retratado como temendo as calamidades futuras, mesmo enquanto goza de prosperidade no presente (vs. 20-24).
3.3. Elifaz descreve o ímpio como sendo rebelado contra Deus, como um guerreiro atacando Deus com armadura completa (v. 26).
3.4. Elifaz assevera que mesmo se o ímpio for próspero no presente, sua impiedade o “alcançará” e sua prosperidade faltará (vs. 29-31).
3.5. Fazendo uso de figuras agrícolas, Elifaz ressalta a extrema esterilidade do perverso (vs. 32-35).

II. A RÉPLICA DE JÓ (16.1 – 17.16).

1. Jó descreve seus amigos como “consoladores molestos” (16.1-5). Ele poderia até dizer as mesmas coisas sem significado, se no lugar de Jó estivessem os seus amigos sofrendo, mas mesmo assim procuraria fortalecê-los e confortá-los.

2. Jó descreve a hostilidade de Deus contra ele (16.6-14).
2.1. Nem discurso nem silêncio aliviam sua aflição (v. 6).
2.2. Sua condição de miséria e de magreza é testemunho de que Deus o tem afligido e está o considerando culpado de algum pecado.
2.3. Por meio de uma série de figuras pitorescas, Jó acusa Deus de ter praticado violência contra ele. Tal como um animal feroz, Deus range os dentes contra Jó. Deus é, mais ainda, retratado como um lutador, um arqueiro e um guerreiro, porque assalta Jó com sofrimento.

3. Jó continua a protestar sua inocência (16.15 – 17.5).
3.1. Ele fala de sua tristeza (vestido de pano de saco, cabeça no pó, etc.), apesar de sua inocência.
3.2. Ele se dirige à terra figuradamente, exigindo justificação (vs. 18). Seu pensamento parece ser que o sangue injustamente derramado exige justiça de Deus enquanto permanece sobre a realidade da terra, não é coberto (veja Gênesis 4.10; Ezequiel 24.7-8).
3.3. Não encontrando conforto ou auxílio em seus amigos (16:20), Jó exprime o desejo de um mediador (v. 21).
3.4. Afirmando que seu tempo de vida é curto, Jó faz a Deus uma petição incomum, que lhe dê uma segurança (de sua inocência) contra o próprio Deus.
A. Seus amigos zombam de sua declaração de inocência (17.2).
B. Eles são incapazes de agir como testemunhas de sua inocência porque estão cegos para seu caso (17.4).

4. Mudando de direção novamente, Jó declara que Deus fez dele um “provérbio dos povos” (vs. 6-9).

5. Jó contraria seus amigos (17.10-16).
5.1. Os amigos predisseram luz (vida, bênçãos) se Jó ao menos se arrependesse.
5.2. Jó afirma que não tem esperança em tais bênçãos.

O SEGUNDO DISCURSO DE BILDADE E ZOFAR

I. A RESPOSTA DE BILDADE (18.1-21)

1. Bildade repreende Jó (18.1-4).
1.1. Bildade se admira de por quanto tempo Jó continuará a argumentar (v. 2).
1.2. Sua indignação com o desrespeito de Jó para com a sabedoria dos seus amigos é evidente (v. 3).
1.3. Bildade afirma que é Jó quem está se dilacerando. Ele pode estar respondendo aos comentários de Jó em 16:6-14. Ele ainda pergunta se Jó espera que a ordem natural das coisas (por implicação, a lei da retribuição) seja mudada por sua causa (v. 4).

2. Bildade descreve o destino dos ímpios (18.5-21).
2.1. O ímpio ficará nas trevas (vs. 5-6). Preservar uma lâmpada na tenda foi um modo de dizer que a família, que ali vivia, continuaria (1º Rs 11.36; 15.4; 2º Rs 8.19). Por outro lado, a ideia da lâmpada na tenda sendo apagada, sugere o fim da família que vivia naquela tenda.
2.2. Seu caminho será difícil (v. 7).
2.3. Bildade afirma a inevitabilidade da queda do ímpio, assemelhando-o a um animal apanhado num laço ou armadilha (vs. 8-19).
2.4. É difícil dizer se os “assombros” do versículo 11 são realmente calamidades afligindo os ímpios, seguindo cada passo, ou se Bildade está fazendo referência aos terrores de uma consciência má, como é descrita por Elifaz (15.21-23).
2.5. O ímpio será afligido pela fraqueza, doença (“primogênito da morte”) e finalmente será vendido pela morte (vs. 12-15).
A. O “rei dos terrores” parece ser uma personificação da morte.
B. Sua casa fica desolada e amaldiçoada.
2.6. Bildade declara que os ímpios “secarão” e “murcharão”, deixando nenhuma posteridade para trás (vs. 16-19).
2.7. Tal destino espanta os homens por toda parte (vs. 20-21).

II. A RÉPLICA DE JÓ A BILDADE (19.1-29).

1. Jó responde à repreensão de Bildade (19.1-6).
1.1. Ele se admira de por quanto tempo os amigos continuarão a atacá-lo (v. 2).
1.2. Pelas suas reprovações eles o maltrataram e ainda não mostraram vergonha pelas suas atitudes. “Dez” é um número que significa “frequentemente” (v. 3).
1.3. Apesar dos amigos afirmarem que ele era pecador, Jó quer que eles saibam que Deus o tem maltratado (vs. 4-6).

2. Jó recita o tratamento que Deus lhe deu (19.7-20).
2.1. As “tropas” do versículo 12 pode ser uma forma figurada de descrever as aflições de Jó.
2.2. Deus fez com que todos aqueles que poderiam confortá-lo ou consolá-lo fossem afastados dele (vs. 13-20). O efeito de tal afastamento como é descrito nesta parte sobre alguém que é acostumado com o respeito dos outros não deverá ser subestimado.

3. As súplicas de Jó (19.21-27).
3.1. Ele clama por piedade aos seus amigos, perguntando se eles precisam persegui-lo como Deus tem feito (vs. 21-22).
3.2. Ele deseja que suas considerações de inocência possam ser preservadas para a posteridade em um livro ou, melhor ainda, escritas numa rocha (vs. 23-24).
3.3. Numa triunfante expressão de fé, Jó externa sua convicção de que no final Deus o justificará. A palavra traduzida como “Redentor” no versículo 25 se refere ao parente-resgatador, o parente consanguíneo mais próximo, a quem, sob a Lei de Moisés, era dada a responsabilidade de vingar o sangue derramado ou o resgate de propriedade (veja Lv 25.25, Rt 4.4; Nm 35.19, 21).

4. Jó faz uma advertência aos seus amigos (19.28-29).

III. O SEGUNDO DISCURSO DE ZOFAR (20.1-29)

1. Aparentemente um tanto picado pela advertência de Jó (19.28-29), Zofar sente-se compelido a “partilhar” seu entendimento com Jó (20.1-3).

2. Zofar relembra Jó de que a vida e a prosperidade dos ímpios é breve (20.4-11).

2.1. A brevidade da prosperidade do ímpio é um fato conhecido desde a antiguidade. Zofar pergunta se Jó não sabe disto (vs. 4-5).
2.2. Sem importar a altura de sua arrogância, ele perecerá e não será lembrado (vs. 6-9).
2.3. Sua posteridade não gozará sua prosperidade (v. 10).
2.4. O ímpio morrerá jovem, isto é, em sua plena força (v. 11).

3. Zofar identifica o salário da impiedade (20.12-29).
3.1. Nos versículos 12-14, ele usa uma figura interessante para descrever a atitude do ímpio para com o mal. É como um delicioso pedaço de comida que ele mantém na boca, saboreando o gosto e desejando degustá-lo até o fim. Contudo, quando ele engole, a mesma comida é transformada em veneno!
3.2. Seguindo a mesma ideia, o ímpio não gozará ou reterá os frutos de sua impiedade (vs. 15-23, 28-29).
A. Ele se tornará presa dos outros (v. 22).
B. Quando ele tentar gozar sua prosperidade, Deus o punirá (v. 23).
3.3. O julgamento é certo e completo (vs. 24-26).
3.4. Conquanto Jó implorasse à terra que não encobrisse seu sangue (16.18), Zofar aqui personifica o céu e a terra levantando-se para testificar contra o pecador (v. 27).

IV. A RÉPLICA DE JÓ A ZOFAR (21.1-34)

1. Jó apela a seus amigos (21.1-6).
1.1. Ele sugere que a atenção deles a seu discurso será a consolação adequada (v. 2).
1.2. Depois que ele terminar, eles poderão zombar à vontade (v. 3).
1.3. Jó declara que sua queixa não é contra o homem e justifica sua impaciência (vs. 4-6).

2. Jó relata a prosperidade dos ímpios (21.7-16).
2.1. Jó chama a atenção de seus amigos para os fatos reais da vida:
A. Os ímpios, de fato, vivem longas vidas e veem seus descendentes (v. 7-8).
B. Eles prosperam materialmente (vs. 9-10).
C. Eles gozam a vida (vs. 11-13a).
D. Em contraste com Jó, os ímpios, frequentemente, morrem rapidamente e sem sofrimento (v. 13b).
E. Jó afirma que estas são pessoas que abertamente desafiam a Deus (vs. 14-15).
2.2. Apesar destes fatos, Jó não tem simpatia pelos ímpios (v. 16).

3. Jó responde aos argumentos dos amigos (21.17-21).
3.1. Bildade tinha sugerido em seu discurso que a lâmpada dos ímpios é apagada (18:5-6). Jó pergunta, “Com que frequência isto realmente acontece (v. 17)?”
3.2. Jó faz mais três perguntas, cujo sentido é, “Com que frequência os ímpios recebem punição como vós (os amigos) têm asseverado?”
3.3. Antecipando a resposta hipotética que os filhos dos ímpios sofrerão (v. 19a), Jó sugere que a justiça real resultaria na punição dos ímpios e não de seus filhos (vs. 19-21). O próprio ímpio deveria “beber” da ira de Deus e experimentar pessoalmente a paga por seus pecados.
A. O homem ímpio não se preocupa com o que acontece com seus familiares depois que ele morre (v. 21).
B. Tal doutrina não oferece impedimento para o pecado.

4. A conclusão de Jó (21.22-26).
4.1. Ninguém é capaz de ensinar a Deus (v. 22).
4.2. O ponto de Jó nos versículos 23-26 parece ser que não se pode generalizar sobre a punição temporal dos ímpios. Alguns prosperam, outros sofrem, mas finalmente todos eles morrem, todos eles são dirigidos para o mesmo fim.

5. Jó responde a seus amigos ainda mais (21.27-34).
5.1. Ele está ciente de que eles procuraram caracterizá-lo como ímpio (v. 27).
5.2. Em resposta a uma pergunta hipotética de seus amigos (perguntando pela evidência da prosperidade do ímpio como Jó a esmiuçou), Jó replica que qualquer viajante poderia dizer-lhes que as coisas não são como eles têm estado afirmando (v. 29). De fato, o ímpio, em vez de ser afligido, é frequentemente poupado no dia da calamidade e livrado da ira (v. 30).
5.3. Em vez de serem condenados, os homens honram os ímpios em sua morte (vs. 31-33).
5.4 Em vista das falsidades de suas teorias, Jó pergunta como seus três amigos esperam consolá-lo (v. 34).

O TERCEIRO CICLO DE DISCURSO DE JÓ

I. ELIFAZ E JÓ (22.1-30).

1. Elifaz começa mais uma vez a discussão da razão do sofrimento de Jó (22.1-5).

1.1. Elifaz defende seu ponto de vista fazendo diversas perguntas persuasivas.
1.2. Ele parece estar dizendo que Deus não tem nada a ganhar do homem; ele não está fazendo Jó sofrer por alguma razão pessoal, egoísta.
1.3. Elifaz insinua (v. 4) que Deus certamente não está afligindo Jó por causa da piedade que Jó tem estado afirmando. A única outra resposta é que ele está sofrendo por sua grande pecaminosidade (v. 5).

2. Supondo ter acertado toda a causa do sofrimento de Jó, Elifaz continua a alistar os pecados de Jó (22.6-11).
2.1. Naturalmente, Elifaz acusa Jó desses pecados sem qualquer prova (veja 4.1-4).
2.2. Ele acusa Jó de falta de compaixão, de crueldade e de avareza.
2.3. Elifaz resume que é por causa destes pecados específicos que Jó está rodeado de perturbação e calamidade (v. 11).

3. Elifaz emite uma advertência a Jó sobre sua atitude em geral (22.12-20).
3.1. O versículo 12 parece ser o comentário de Elifaz e exprime a opinião tanto do justo como do ímpio.
3.2. Contudo, o ímpio pode tirar uma conclusão diferente do homem piedoso. O ímpio afirma que Deus está tão afastado dos negócios dos homens que não conhece ou não se interessa pelo que eles estão fazendo.
3.3. É desta atitude que Elifaz acusa Jó (vs. 13 e segs.).
3.4. Ele então chama a atenção de Jó para o fato de que “os homens iníquos” têm assumido esta atitude (v. 15) e foram punidos por isso (vs. 15-18).
3.5. Os justos, de acordo com Elifaz, deleitam-se com o castigo dos ímpios (v. 19-20).

4. Elifaz descreve as bênçãos que acompanham o arrependimento (22.21-30).
4.1. Tendo acabado de falar algumas das palavras mais rudes e mais injustas de todos os discursos dos amigos, Elifaz agora “abranda” seu discurso retornando ao tema das bênçãos do arrependimento, assim como o fez no início de seu primeiro discurso.
4.2. Jó deveria reconciliar-se com o Todo-Poderoso e “receber instrução” dele (vs. 21-22).
4.3. O Senhor então restabelecerá tornará a prosperidade de Jó e ele porá de lado sua prosperidade material (vs. 23-26).
4.4. Tal seria o favor de Jó com o Senhor que, se fosse abatido temporariamente, Deus o livraria. Jó até seria capaz de fazer intercessão em favor de pecadores, uma profecia desconhecida do papel que Jó desempenharia no fim do livro, e com respeito aos seus três amigos (vs. 27-30)!

II. A RESPOSTA DE JÓ (23.1 – 24.25).

1. Jó repete seu desejo de encontrar-se com Deus e defender seu caso (23.1-9).
1.1. Ainda que quase pareça que esta “réplica” seja uma fala consigo mesmo, é bem possível que os comentários de Jó nesta parte sejam em resposta à admoestação de Elifaz para que Jó "se reconcilie" com Deus (cf. 22.21). Jó não preferiria outra coisa (vs. 1-5).
1.2. Jó expressa sua confiança em que uma tal confrontação resultaria em sua libertação, a justificação de sua inocência (vs. 6-7).
1.3. Contudo, Jó proclama sua incapacidade de “encontrar” Deus para uma tal confrontação (vs. 8-9).

2. Jó declara sua inocência (23.10-12).
2.1. Apesar de sua incapacidade de “encontrar-se” com Deus, Jó está confiante em que Deus conhece sua conduta e que, no final o proclamará justo (v. 10).
2.2. Numa maravilhosa descrição de fidelidade, Jó novamente declara-se justo (11-12).

3. Jó afirma que ele precisa esperar justiça (23.13-17).
3.1. Ele afirma que Deus não se afastou de seus propósitos (v. 13).
3.2. O tratamento que ele dá a Jó e muitos outros “enigmas de justiça” precisam seguir seu curso (v. 14).
3.3. Jó fala de seu temor do Todo-Poderoso (v. 15-16).
3.4. No versículo 17, parece que Jó está dizendo que ele não é perturbado simplesmente pelas trevas de sua situação, mas antes pelo fato de que foi Deus quem colocou este sofrimento sobre ele.

4. Jó cita a inescrutabilidade dos atos de Deus nos negócios dos homens (24.1-25).
4.1. Deus é inescrutável, o que significa que Ele é imensurável, inencontrável, impossível de ser inteiramente entendido
4.2. Esta parte é um ataque à doutrina dos amigos que os ímpios sempre sofrem e os justos prosperam.
4.3. Jó pergunta porque a justiça de Deus não é mais aparente; porque ele não indicou tempos quando o castigo é realizado (vs. 1-2).
4.4. Jó descreve a impiedade de alguns que tiram vantagem dos indefesos e desafortunados (vs. 2-4).
4.5. Ele ainda descreve mais o sofrimento que tais perversidades causam aos pobres (vs. 5-8).
4.6. A lista dos feitos perversos é continuada (vs. 9-17).
4.7. No meio de toda esta impiedade e apesar dos clamores dos oprimidos, os ímpios parecem estar pecando impunemente (v. 12 – “contudo, Deus não tem isso por anormal”). É também possível que Jó esteja falando daqueles que estão sofrendo. Eles estão sofrendo e no entanto não foram acusados de erro, i. e., sofrimento inocente. De qualquer modo, este cenário está em desarmonia com a doutrina dos amigos.
4.8. Jó descreve qual será o destino dos ímpios, de acordo com os amigos (vs. 18-21).
4.9. E no entanto os ímpios parecem prosperar e, se forem abatidos, é como acontece com todos os homens (vs. 22-24).

III. A RESPOSTA BILDADE (25.1-6).

1. As palavras dos amigos se tornam repetitivas.
A brevidade do terceiro discurso de Bildade parece indicar que os amigos estão ficando sem ter o que dizer. Ele nem sequer tenta responder aos recentes argumentos de Jó que os ímpios sempre prosperam.

2. Bildade afirma o poder e a majestade do Todo-Poderoso (25.2-3).
Bildade começou seus dois primeiros discursos com insultos e ironia (8.2; 18.2), assim como Jó fez em sua resposta (26.2-4). É uma mudança bem-vinda ouvi-lo começar com esta afirmação teológica elevada e adoração. Deus governa. Ele reina. Ele reside nas “alturas”, onde tudo é Salom, “paz/ordem.”
Estas duas perguntas retóricas ressaltam dois atributos divinos: Deus é poderoso; Ele é o Senhor de hostes. E segundo, sua revelação de si mesmo é universal (cf. Sl 19.1-6; 2-7).

3. A capacidade do homem para manter inocência diante de Deus (25.4-6).
3.1. O comentário de Bildade nestes versículos é paralelo àqueles de Elifaz (4.7-19; 15.14-16).
3.2. O ponto de Bildade parece ser repreender Jó por pensar que poderia ser justo diante de Deus.
A. É um argumento do maior para o menor.
B. Jó tem insistido em sua inocência de qualquer pecado que justificasse seu sofrimento. Ele tem afirmado, diversas vezes, que está confiante que sua justificação é apenas questão de tempo.

II. A RÉPLICA DE JÓ (26.1-14).

1. Alguém poderia sugerir que a réplica especial de Jó a Bildade vai além do capítulo 26, o que pode muito bem ser verdadeiro.

2. Jó questiona a utilidade das palavras de Bildade (26.1-4).

2.1. Jó afirma a impropriedade dos argumentos de Bildade para ajudar, para aconselhar, para salvar, etc. aqueles que necessitam de auxílio.
2.2. É provável que Jó esteja zombando nestes versículos.

3. Jó descreve o poder de Deus (26.5-14).
3.1. Mesmo no mundo dos mortos, o poder de Deus é reconhecido (vs. 5-6).
3.2. Ele continua sua descrição observando as manifestações do poder de Deus no céu e na terra (vs. 7-14).
3.3. O ponto do discurso de Jó parece ser que ele reconhece o poder de Deus e não precisa de instrução dos seus “amigos” a este respeito.
3.4. Pode ser que Jó esteja dizendo que se o homem está atemorizado diante do poder e da ação de Deus na natureza, como pode ele esperar entender a ação de Deus na ordem moral (seu domínio sobre ímpios e justos). Veja versículo 14.

DEFESA FINAL DE JÓ

I. AS DECLARAÇÕES DE JÓ A RESPEITO DE SI E DE DEUS (27.1-23).
E prosseguindo Jó em sua parábola. A forma diferente de apresentar o próximo orador (como em Jó 29.1) sugere algo fora do comum. Talvez Jó tenha feito uma pausa para esperar Zofar antes de continuar a falar.

1. Jó reafirma sua declaração de inocência (vs. 1-6).
1.1. Fazendo um juramento, Jó assevera que não pecará com palavras injustas.
1.2. Parece que o que ele tem em mente é o pecado de confessar um pecado do qual ele não é culpado. Isto seria “engano” (veja v. 4).
A. Dizer que os amigos estavam certos, seria o mesmo, para Jó, que admitir que ele tinha pecado de tal modo a merecer o "castigo" que estava recebendo.
B. Antes que “dar razão a seus amigos, ele poderia continuar a afirmar sua inocência.

2. Nestes textos Jó parece descrever o pensamento dos três amigos.
2.1. O restante do texto da lição compreende uma das partes mais difíceis do livro de Jó. Uma porção (cf. 27.7-23) não parece ajustar-se no pensamento de Jó, o qual já observamos anteriormente, antes, parece descrever o pensamento dos três amigos. O capítulo 28, na opinião de algumas pessoas, não está bem relacionado com os capítulos 27 e 29.
2.2. Para lidar com estes “problemas”, há quem tenha sugerido que parte do capítulo 27 (vs. 7-23) realmente constitui o terceiro discurso de Zofar. Outros também sugerem que todo o capítulo 28 foi escrito muito mais tarde do que o resto de Jó e sendo assim não é inspirado.
2.3. Nestas notas, estes dois capítulos serão considerados como tendo sido ditos por Jó. Os seguintes pontos deverão ser observados:
A. Jó já afirmou que a justiça no final será cumprida; pelo menos ele acredita que será justificado por Deus (por exemplo, veja 23.10; 19.25). Jó não entende o “como” e o “porquê” deste processo. Ele observou que tal justiça frequentemente não é cumprida nesta vida, e que ainda os ímpios recebem bênçãos de Deus neste mundo.
B. É bem possível que, no capítulo 28, o ponto de Jó seja que o “como” e o “quando” do castigo da impiedade do homem estão dentro do domínio da sabedoria de Deus e que o homem não pode atingi-la.
C. Algumas pessoas sugerem que, ainda que Jó esteja falando em 27.7-23, ele está falando de uma maneira irônica, citando o argumento dos amigos e relegando toda a matéria da justiça à sabedoria de Deus (capitulo 28).

3. Jó declara a justiça de Deus (27.7-23).
3.1. Esta parte é iniciada pelo desejo de Jó de que seus inimigos sejam castigados como o os ímpios são (v. 7).
3.2. Versículos 9-10 podem pretender mostrar a diferença entre o homem ímpio e Jó. Jó continuou a “apelar para Deus”.
3.3. A declaração de Jó é a mesma que a dos amigos: se o ímpio prospera, não será por muito tempo.
3.4. A ênfase do versículo 18 refere-se à natureza temporária do ímpio, assim como é transitório o seu abrigo.

II. A INCAPACIDADE DO HOMEM DE DESCOBRIR A SABEDORIA (28.1-28).

1. Jó relata a admirável capacidade do homem para escavar a terra em busca de tesouros (vs. 1-11).
1.1. Ele descreve alguns processos de mineração que existiam naquele tempo.
1.2. Jó está ressaltando a inteligência do homem e sua superioridade sobre os animais (particularmente o falcão com sua vista superior, e o leão, um animal de imensa coragem) que não têm, afinal, pisado esses caminhos no fundo da terra.

2. A sabedoria é um tesouro de valor imenso (vs. 12-19).
2.1. Apesar da busca inspirada do homem por pedras e metais valiosos, ele é incapaz de “escavar” a sabedoria; de fato, ele não sabe sequer o seu valor (vs. 12-14).
2.2. A sabedoria não pode ser extraída da terra como se escavam tesouros. Seu valor está tão longe de tais tesouros que não é possível trocá-los por ela (vs. 15-19).

3. Deus é o possuidor da verdadeira sabedoria (vs. 20-28).
3.1. A sabedoria aqui considerada está oculta ao homem (vs. 20-21).
3.2. Até mesmo a morte e a perdição apenas ouviram falar da sabedoria (v.22).
3.3. Jó dá evidência da posse de sabedoria por Deus observando as obras ordenadas da natureza (vs. 23-26).
3.4. O homem só pode conhecer a sabedoria como Deus a revela e sua declaração é afirmada por Jó (v. 28).

A DEFESA FINAL DE JÓ

A primeira série de discursos, os diálogos, que ocuparam os capítulos de 3.1 a 27.23 foram equilibrados por monólogos que levaram diretamente à conclusão do livro. Agora, os três próximos monólogos de Jó, Eliú e Deus falarão sobre as questões levantadas por todos os diálogos anteriores.

I. JÓ DESCREVE SEU PASSADO FELIZ (29.1-25)

1. Jó lembra de sua prosperidade. Jó tem saudade do tempo quando Deus velava por ele (vs. 1-10).
1.1. Era um tempo de fartura e prosperidade (v. 6).
1.2. Jó gozava do respeito de todos os outros homens, tanto jovens como velhos (vs. 7-10).

2. Ele declara a razão para tal respeito (vs. 11-17).
2.1. Sua conduta reta era conhecida pelos outros.
2.2. Ele tinha ajudado os necessitados, até ao ponto de resgatá-los dos ímpios (v.17).

3. Jó relembra seus antigos sentimentos (vs. 18-20).
3.1. Ele tinha previsto a continuação das bênçãos e da prosperidade em vista de sua justiça.
3.2. “Expirar no meu ninho” parece significar que Jó tinha previsto morrer em seu próprio lar ou que morreria na presença e no conforto de seus filhos (v. 18).
3.3. O arco era um símbolo de força; Jó tinha previsto a bênção de vigor inquebrantável (v. 20).

4. Jó continua a se lembrar do respeito que tinham por ele no passado (vs. 21-25).
4.1. Seu conselho era tão bem recebido como as chuvas necessárias e sua advertência não era discutida (vs. 21-23, 25).
4.2. Ele era uma fonte de ânimo para aqueles que estavam desanimados e não se deixava afetar pelo desânimo deles (vs. 24).

II. JÓ DESCREVE O MAU TRATO RECEBIDO NO PRESENTE (30.1-31)

1. Ele descreve os jovens que agora zombam dele (vs. 1-8).
1.1. Enquanto ele costumava gozar do respeito dos idosos e nobres, agora é zombado pelos que pertencem à mais baixa camada da sociedade.
1.2. Os escarnecedores eram esfomeados e animalescos.

2. Jó relata seu tratamento nas mãos destes marginais (vs. 9-15).
2.1. Eles o maltratam como se ele fosse o vagabundo.
2.2. Jó usa a figura de uma cidade sitiada para retratar o abuso deles (veja vs. 12).

3. Jó volta sua atenção para o sofrimento que lhe é causado por Deus (vs. 16-23).
3.1. Ele se tornou desesperançado como resultado de sua dificuldade (vs. 16).
3.2. Ele recita os efeitos de sua aflição física (vs. 17-18).
3.3. Começando no versículo 19, Jó dirige seus comentários ao próprio Deus.
A. Ele acusa Deus de ser cruel com ele e então ser indiferente ao seu sofrimento (vs. 20-21).
B. O versículo 22 parece significar que Deus tornou a vida de Jó “tempestuosa.”
C. Jó está certo de que Deus causará sua morte (vs. 23).

4. Jó lamenta seu tratamento nas mãos de seus companheiros (v. 24-31).
4.1. É mais do que razoável que o sofredor busque ser assistido por outros (v. 24).
4.2. Ponderando que ele tinha ajudado os outros, Jó está aflito por ter ele mesmo recebido tão pouca ajuda dos outros (vs. 25-26).
4.3. Ele está acabado pela miséria (vs. 27-31).
A. Ele é considerado boa companhia somente para os animais do deserto (v. 29). Pode ser que Jó mencione estes animais (chacais) por causa de seus gritos inconfundíveis, que parecem sons de sofrimento.
B. Seu sofrimento físico é grande, não lhe deixando motivo para alegrar-se (vs. 30-31).

III. JÓ AFIRMA SUA INOCÊNCIA (31.1-40).
1. O capítulo 31 é uma espécie de queixa de Jó, semelhante a um juramento de inocência, muitíssimo comum na antiga Mesopotâmia.
Para quase todo pecado do qual Jó declara sua inocência, o modelo é o mesmo. Ele pronuncia uma maldição sobre si mesmo “se” tiver cometido tal impiedade, sendo a conclusão que sua integridade está intacta.

2. Ele proclama sua inocência na área dos pecados sensuais (vs. 1-12).
2.1. Ele tinha sido diligente em evitar a cobiça pelas mulheres, percebendo que não poderia esperar as bênçãos de Deus se ele fizesse isso (vs. 1-4).
2.2. Observe as maldições que ele lança sobre si mesmo nesta parte:
A. Privação dos benefícios de seus labores (v. 8).
B. Sua esposa ser escrava de outro homem para sofrer violência sexual nas mãos de outros homens.

3. Ele cita sua recusa em abusar de seu poder sobre seus servos, raciocinando que eles foram formados pelo mesmo Deus que ele (vs. 13-15).
3.1. Jó deixa implícito que fora mais justo ao ouvir o processo ou contenda (Mq 6.1) de seus servos do que Deus estava sendo com a causa dele.

4. Jó alega ter satisfeito o que os pobres desejavam (v. 16), possivelmente para insinuar que Deus não estava tratando-o assim.
4.1. Jó declara que tinha sempre cumprido suas responsabilidades beneficentes para com os desventurados e não tinha tirado vantagem dos desamparados (vs. 16.23).
4.2. A expressão “desde o ventre de minha mãe” é uma figura hiperbólica (exagerada) significando desde a juventude da pessoa (v. 18).
4.3. O versículo 21b se refere aparentemente à oportunidade para obter vantagem com a aprovação daqueles que normalmente eram responsáveis em cuidar que a justiça fosse feita.

5. Por dedução, Jó declara ser limpo do pecado de confiar em sua riqueza (vs. 24-25).
Não se deixou contaminar pela riquezas deste mundo. Porém granjeou amigos com “as riquezas da injustiça” (cf. Lc 16.9) mas a sua atitude para com aquilo que possuía nunca o fez correr o risco implícito no solene aviso: “não podeis servir a Deus e a Mamom” (cf. Mt 6.19-21,24).

6. Por dedução, ele nega ser culpado de idolatria (vs. 26-28).
Não se deixou contaminar por qualquer desejo secreto de idolatria (26-27). O versículo 27 fala-nos do beijo de adoração que os idólatras lançavam aos astros.

7. Ele é inocente de pensamentos desonrosos para com seus inimigos (vs. 29-34).
7.1. Observe que toda a parte consiste de sentenças incompletas, nas quais Jó apresenta a condição, mas omite a consequência.
7.2. Não se deixou contaminar pelo ódio aos seus inimigos (29-30). Aqui Jó empreende uma longa viagem, uma viagem cujo destino se encontra nas palavras de Nosso Senhor em Mt 5.44.
7.3. Ele declara que não tem escondido seus pecados como Adão o fez; ele não temia que outros conhecessem sua conduta (vs. 33-34).

8. Tendo completado sua defesa, Jó novamente exprime seu desejo de encontrar-se com Deus e saber as acusações que estão sendo feitas contra ele (vs. 35-40).
8.1. Ele prestaria contas de sua conduta alegremente, confiante que tinha vivido retamente e que tal coisa seria reconhecida (vs. 35-37).
8.2. Jó conclui chamando sua terra como testemunha de que ele não tinha sacrificado sua integridade (vs. 38-40).

O TERCEIRO DISCURSO DE ELIÚ

I. A RÉPLICA DE ELIÚ (32.1 – 33.33).

A severa crítica de Eliú gira em torno das palavras proferidas por Jó durante a discussão. Ele muitas vezes cita Jó, mas não o acusa de sofrer por ter levado uma vida ímpia.
Embora seja outra voz humana, ele enfatiza um tema negligenciado pelos conselheiros; o papel disciplinador e redentor do sofrimento. Elifaz havia falado sobre o assunto (5.17), mas ele não mais foi mencionado.

1. Eliú é estimulado a entrar na discussão (32.1-5).
1.1. Há uma pausa no debate porque os amigos evidentemente sentem a inutilidade de responder a Jó, e este terminou sua defesa.
1.2. É nos apresentado Eliú, que não tinha sido mencionado anteriormente no livro, mas que, obviamente, ouviu a conversa entre Jó e seus amigos.
1.3. Em consideração à idade avançada dos três amigos e de Jó, Eliú tem permanecido calado, mas agora sua ira se acendeu contra todos os quatro.
A. Sua ira contra Jó foi porque Jó estava mais interessado em justificar-se do que em afirmar a justiça de Deus (v. 2).
B. Sua ira contra os amigos foi porque eles tinham condenado Jó quando não tinham uma resposta para o dilema dele (vs. 3, 5).
O mais jovem era tão ignorante quanto os outros no que se refere às transações celestiais relacionadas no Prólogo. Sua interpretação dos sofrimentos de Jó é, portanto, inclusiva. Contudo, Eliú percebeu o significado do princípio importantíssimo da livre graça de Deus, que os outros não consideraram.

2. Eliú explica sua intervenção na discussão (32.6-14).
2.1. Ele tinha-se contido para não entrar na discussão até que a “idade” tivesse falado, mas tinha ficado óbvio que idade não garante sabedoria (vs. 6-9).
2.2. Ele tinha ouvido atentamente as palavras dos amigos, mas eles não tinham convencido Jó e ele os alerta do erro em afirmar que somente Deus poderia responder a Jó (vs. 10-13).
2.3. Eliú não usará os argumentos ineficazes deles (v. 14).

3. Eliú declara sua ansiedade por falar (32.15-22).
3.1. Ele nota o silêncio dos amigos e então afirma: “...declararei minha opinião” (vs. 15-17).
3.2. Ele compara sua ansiedade por falar com a pressão do vinho que está fermentando e não tem como liberar os gases produzidos (vs. 18-20).
3.3. Ele exprime sua intenção de não mostrar nenhuma parcialidade, nem de lisonjear (vs. 21-22).

4. Eliú anima Jó a ouvir e responder, se puder (33.1-7).
4.1. Ele afirma a veracidade do que está dizendo (vs. 1-3).
4.2. Ele também recorda a Jó sua simples humanidade para com ele, indicando que não o aterrorizará ou o pressionará, como Jó acusou Deus de fazer (vs. 5-7; veja 9.34; 13.21; 23.15).

5. Eliú cita as declarações de Jó (33.8-11).
Eliú não interpreta mal a posição de Jó. Jó dera assentimento em seu envolvimento para com o pecado humano (cons. 7.21; 13.26). Além disso, seus protestos de inocência foram justificados até onde defenderam sua integridade contra o clamor da hipocrisia e outras acusações excessivas dos amigos. Não obstante, uma tendência para com uma avaliação excessiva da sua justiça pode ser encontrada naqueles protestos (cons. 9.21; 10.7; 12.4; 16.17; 23.10; 27.5, 6; 29.11).

6. Eliú responde aos clamores de Jó (33.12-30).
6.1. Parece que Eliú primeiramente castiga Jó porque ele havia sugerido que Deus precisava explicar seus atos; Deus não precisa prestar contas ao homem (vs. 12-13).
6.2. Eliú afirma, contudo, que Deus de fato fala ao homem com o propósito de instruí-lo (vs. 14-18).
6.3. Eliú sugere que Deus também usa a dor para castigar e ensinar os homens (vs. 19-30).
A. A aflição de um homem é descrita. A descrição realmente se ajusta ao caso de Jó muito bem (vs. 19-22).
B. Deus mostra sua graça revelando ao homem aflito a razão de seu sofrimento e preservando o homem da morte (vs. 23-26).
C. O homem castigado por Deus e arrependido confessará seus pecados, ao reconhecer a misericórdia de Deus (vs. 27-28).

7. Eliú encoraja novamente Jó a ouvi-lo e a respondê-lo se puder (33.31-33).
Ouve, pois Jó. É uma especialidade do estilo de Eliú, o qual muitas vezes chama a Jó pelo nome. Seria, talvez, por intimidade de parentesco, pois ambos eram descendentes de Naor, irmão de Abraão, por meio de Uz e Buz (Gn 22.21-22).

II. O SEGUNDO DISCURSO DE ELIÚ A JUSTIÇA DIVINA (34.1-37).

1. Eliú apela aos seus ouvintes para que raciocinem com ele (vs. 1-4).

2. Eliú cita as queixas de Jó (vs. 5-9).
2.1. Jó afirmou sua inocência e acusou Deus de injustiça (vs. 5-6).
2.2. Eliú mantém que, por suas palavras, Jó juntou-se à companhia dos ímpios (vs. 7-9).

3. Eliú afirma a justiça de Deus (vs. 10-30).
3.1. É impensável que o Todo-Poderoso cometesse iniquidade; ele recompensa os homens de acordo com suas obras (vs. 10-12).
3.2. Deus age, de fato, maliciosamente? Se Deus agisse egoistamente, pensando somente em si, o homem pereceria rapidamente porque o homem depende em todos os momentos da bondade de Deus (vs. 13-15).
3.3. Eliú indica a inconveniência de questionar a justiça de Deus (vs. 16-18).
3.4. Deus não mostra parcialidade; o rico e o pobre são ambos sua criação (vs. 19-20).
3.5. Eliú declara que os ímpios não estão escondidos de Deus e que ele os aniquila (21-28). Ele também tem compaixão dos aflitos.
3.6. Ninguém é capaz de resistir ao seu julgamento (vs. 29-30).

4. Deus não está sujeito ao homem. Parece que Eliú está tentando fazer com que Jó veja que Deus não tem que se comportar segundo os termos dos homens (vs. 31-33). Eliú diz que Jó não está satisfeito com o modo de Deus reger.

5. Eliú acusa Jó de impiedade (vs. 34-37).
5.1. Eliú afirma que tem o apoio dos sábios em sua apreciação da conduta de Jó (vs. 34-35).
5.2. Eliú acredita que Jó tem falado como ímpio e deverá ser punido como tal (vs. 36).
5.3. Ele acusa Jó de rebelião e irreverência para com Deus (vs. 37; veja 27:2).

O TERCEIRO DISCURSO DE ELIÚ E A CONCLUSÃO

I. O TERCEIRO DISCURSO DE ELIÚ (35.1-16)

1. Eliú cita as queixas de Jó (35.1-3).
1.1. A citação no versículo 2 (“Maior é a minha justiça do que a de Deus?”) não parece ser uma citação real de Jó, mas antes a percepção de Eliú da opinião de Jó.
1.2. Enquanto a citação no versículo 3 também não parece ser uma citação palavra por palavra, ela parece conter o sentido das palavras de Jó em 9.28-31.

2. Eliú replica às alegações de Jó (35.4-8).
2.1. A referência a “amigos” (v. 4) provavelmente significa outros com a atitude de Jó, antes que seus três amigos Elifaz, Bildade e Zofar.
2.2. Ele chama a atenção de Jó para o fato de que um Deus transcendente não é afetado (ajudado ou atingido) nem pela justiça do homem nem pela impiedade (vs. 5-7).
2.3. Eliú não parece estar dizendo que Deus é indiferente ao comportamento do homem (veja 36.5-15).
2.4. Outros homens são afetados pelo comportamento de um homem (v. 8).

3. Eliú explica porque Deus deixa de aliviar algum sofrimento (35.9-13).
3.1. Os oprimidos clamam (v. 9), mas Deus não responde (v. 12).
3.2. Eliú sugere que a razão porque Deus não responde é porque aqueles que clamam frequentemente o fazem sem intenção de reconhecer a soberania de Deus ou glorificá-lo, pois são muito orgulhosos (vs. 10-12).

4. Eliú repreende Jó (35.14-16).
4.1. Eliú observa Jó dizer que apresentou seu caso e não pode encontrar Deus para ouvi-lo. Eliú aconselha-o a ser paciente, porque Deus conhece sua situação e agirá (v. 14).
4.2. Jó disse que ansiava por um encontro face a face com Deus para apresentar seu caso (por exemplo, 23.3-5).
4.3. Eliú afirma que Jó, porque Deus não agiu rapidamente, entregou-se a conversa vã e tola (vs. 15-16).

II. A CONCLUSÃO DE ELIÚ (36.1 – 37.24).

1. Eliú reafirma a justiça de Deus (36.1-15).
1.1. Eliú roga paciência de Jó porque tem mais o que dizer (vs. 1-4). Se Eliú estiver falando de si mesmo no versículo 4, como parece provável, sua arrogância é um tanto irresistível (contudo, veja 37.16 que fala de Deus).
1.2. Eliú apoia sua afirmação da justiça de Deus descrevendo-a.
A. Ele exalta os justos e deserda os ímpios (vs. 6-7).
B. Se os justos de fato sofrem, sua dor é disciplinar por natureza. Se eles gozarem de prosperidade ou perecerem no futuro, depende deles receberem adequadamente o castigo de Deus (vs. 8-12; observe o mesmo argumento em 33.14-30).
1.3. Eliú descreve aqueles que não se converterão de seu pecado e retrata o seu fim (vs. 13-15).
A. Observe a similaridade entre o discurso de Eliú aqui e o de Elifaz (cap. 15).
B. “Prostitutos cultuais” é provavelmente uma referência a prostitutos masculinos do templo. É também provável que estes indivíduos fossem homossexuais (veja 1º Rs 14.24; Dt 23.17).

2. Eliú acautela Jó (36.16-25).
2.1. Eliú aplica os princípios que acaba de notar a Jó como uma explicação para o sofrimento contínuo de Jó (vs. 16-17).
2.2. Ele adverte Jó para que sua precipitação não faça com que Deus o destrua subitamente, lembrando que ele, Jó, não poderia impedir tal julgamento (vs. 18-19).
2.3. Eliú admoesta Jó a escolher suportar seu sofrimento do que voltar-se, em seu desencorajamento, para a iniquidade (vs. 20-21).
2.4. Eliú continua advertindo Jó, asseverando implicitamente que ninguém tem direito a ensinar ou admoestar Deus (vs. 22-23).
2.5. A resposta adequada do homem a Deus é magnificá-lo (vs. 24-25).

3. Eliú ilustra a grandeza e o poder de Deus (36.26 – 37.13).
3.1. Eliú chama a atenção de Jó para a obra de Deus na natureza, particularmente para o seu domínio do tempo (nuvens, trovão, neve, chuva, vento, etc.).
A. Ele menciona diversos propósitos por trás dos atos de Deus: julgamento ou correção (36.31; 37.13); provisão de alimento (36.31); misericórdia (37.13).
B. Por diversas das suas afirmações (por exemplo, 36.29; 37.5, 7), torna-se aparente que o propósito de Eliú é impressionar Jó com a impotência do homem comparada com o poder de Deus.
3.2. Em minha opinião, Eliú sustenta belamente e com sucesso sua proposição, “Deus é grande” (36.26).

4. Eliú desafia Jó (37.14-24).
4.1. Ligado com a parte anterior, Eliú faz a Jó um número de perguntas destinadas ou a mostrar sua incapacidade para entender os atos de Deus ou a impotência de Jó diante de Deus (vs. 14-18).
4.2. Eliú, com uma ponta de zombaria, pergunta a Jó o que os homens deveriam dizer a Deus. Ele então, afirma que, para os homens falarem ignorantemente seria convidar a destruição, algo que Eliú não deseja fazer (vs. 19-20).
4.3. Eliú fala da inacessibilidade a Deus, mas afirma que o homem pode confiar em que ele seja justo e que, como resultado, os homens o reverenciem.
4.4. Eliú afirma que Deus não olha aqueles que são “sábios em seu próprio entendimento”. Pode ser que Eliú fez esta afirmação tendo Jó em mente.

DEUS FALA COM JÓ

I. O PRIMEIRO DISCURSO DE DEUS

1. Deus interroga Jó a respeito da natureza inanimada (38.1-38).
Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: 2 Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? 3Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. 4 Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. 5 Quem lhe pós as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?”
1.1. O Eterno convence Jó de sua ignorância - Jó 38.1-41.
Por um constante apelo à criação e à natureza do universo criado, Deus dá a entender a absoluta e infinita distância entre o Criador e a criatura. O homem sendo criatura é finito, não pode compreender a infinita sabedoria de Deus, nem o mistério da Suas leis. Por estas palavras, Jó é humilhado ao ponto de compreender que é inútil ao homem pensar que pode penetrar nos mistérios das ações providenciais de Deus extensiva às criaturas. Jó foi despojado de todo o orgulho, e pela graça de Deus alcançou uma autêntica vitória e uma fé triunfante.
1.2. Jó tinha expressado frequentemente o desejo de falar com Deus e seu anseio é satisfeito, mas a “discussão” não é exatamente o que Jó imaginava que seria!
1.3. Deus interroga Jó a respeito de seu conhecimento da criação (vs. 4-7). Onde estava tu quando formei a Terra?
A. Obviamente, a maioria das perguntas feitas pelo Todo-Poderoso são de natureza primorosa.
B. “Estrelas da alva” no versículo 7 parece ser um sinônimo para os filhos de Deus.
1.4. Ele interroga Jó sobre a origem e o conteúdo do mar (vs. 8-11).
A. Ele descreve seu começo usando a figura de um nascimento. Neste capítulo inteiro, o Senhor usa linguagem figurativa para falar sobre várias forças da natureza. Sua descrição da natureza não tem o intento de ser um tratado científico do assunto, nem repousa na linguagem científica do homem moderno.
B. Há poucas coisas tão poderosas como o mar, e ainda Deus afirma que ele traça os seus limites.
1.5. Deus pergunta se Jó é responsável pela aurora de um novo dia (vs. 12-15).
A. Deus retrata a terra como um vestuário cujas bordas são agarradas pela aurora e os ímpios são sacudidos dele (v. 13).
B. Pelos fatos de que a luz da aurora “quebra o braço” dos ímpios e que Deus é responsável pela luz da manhã, parece provável que Deus esteja afirmando sua justiça moral, um assunto que Jó tinha questionado (v. 15).
1.6. A Jó é perguntado se ele tinha algum conhecimento das profundezas da terra; se tiver, ele é encorajado a “dizê-lo” (vs. 16-18).
1.7. Deus quer saber o que Jó conhece sobre as moradas da luz e das trevas (vs. 19-21).
A. Luz e trevas são personificadas. Conhece Jó o caminho para suas moradas?
B. De um modo agudo, Deus sugere que talvez Jó saiba isso porque ele é muito velho (presente na criação, quando a luz e as trevas foram criadas).
1.8. Deus ainda interroga Jó sobre os elementos (vs. 22-30).
A. Ele quer saber se Jó inspecionou os tesouros de Deus da neve e do granizo. Observe que há novamente referência à justiça moral de Deus no propósito da neve e do granizo (vs. 22-23; veja Josué 10.11).
B. Deus divide a luz em suas resplendentes cores no arco-íris, mas Jó sabe como isso é feito (v. 24)?
C. Deus propõe mais perguntas a respeito dos fenômenos naturais o que também serve para ressaltar que o cuidado de Deus se estende além da humanidade (vs. 25-27).
D. Usando a figura de um nascimento, Deus pergunta a Jó sobre a origem da chuva, do orvalho, do frio que congela e do gelo (vs. 28-30).
1.9. Voltando sua atenção para os corpos celestes, Deus pergunta a Jó se ele pode organizá-los e comandá-los (vs. 31-33).
1.10. Deus questiona se os elementos corresponderão aos comandos de Jó (vs. 34-38).
A. Naturalmente, o Senhor sabe que Jó não pode comandar os elementos da natureza. Suas perguntas são destinadas a ressaltar o conhecimento limitado de Jó e o comando do mundo em volta dele.
B. Se Jó não entende nem mesmo estes fenômenos naturais do mundo, como pode ele esperar entender as obras de Deus na área da justiça? Jó não pode comandar a natureza nem os corpos celestes; por que ele tem a presunção de questionar a justiça ou o poder daquele que criou estas coisas e continua a dominá-las?

2. Deus interroga Jó a respeito do reino animal (38.39 – 39.30).
Sabes tu?
Nos monólogos, vimos o discurso final de Jó e depois os quatro discursos de Eliú e agora fechando esta parte, veremos as respostas de Deus.
2.1. Voltando sua atenção para a natureza animada, Deus pergunta a Jó se ele pode fornecer comida para o leão e para o corvo (vs. 39-40). No caso do leão, pode ser que Deus esteja se referindo àquela coisa maravilhosa que os animais possuem, isto é, instinto.
2.2. Deus inquire Jó a respeito dos hábitos de nascimento da cabra selvagem e das cervas (39.1-4).
2.3. Deus questiona se Jó é responsável por dar ao jumento selvagem seu desejo de liberdade (vs. 5-8). “Jó cuida dele na terra árida?”
2.4. A seguir Jó é interrogado com respeito ao boi selvagem (vs. 9-12).
A. A tremenda força do boi selvagem é o ponto importante.
B. Pode Jó conter este animal a ponto de usá-lo para fins domésticos, tais como arar ou colher?
2.5. Deus chama a atenção de Jó para o avestruz (vs. 13-18).
A. Jó não é perguntado nesta parte. Em vez disso, parece que o propósito de Deus é impressionar Jó com a diversidade da natureza quando ele descreve o avestruz.
B. O avestruz é uma pobre mãe por comparação e no entanto Deus lhe deu uma tão impressionante velocidade (algumas vezes 70 quilômetros por hora) que ela pode facilmente correr mais do que um cavalo com seu cavaleiro.
2.6. Resumindo o interrogatório a Jó, Deus lhe pergunta que papel ele desempenhou na feitura do magnífico animal que é o cavalo (vs. 19-25).
A. A impetuosidade e a coragem de um cavalo de guerra são bem descritas.
B. Pode Jó reivindicar ter produzido um tão belo espécime de força?
2.7. Deus questiona se Jó é responsável pelos admiráveis feitos do falcão e da águia (vs. 26-30).
A. É pela inteligência de Jó que o falcão voa sem tanto esforço?
B. Jó ensinou a águia a fazer seu ninho na segurança das alturas? É ele responsável pela incrível visão dela, permitindo-lhe distinguir a presa no chão enquanto paira alto acima da terra?

O SEGUNDO DISCURSO DE DEUS

I. O DESAFIO DE DEUS E A RESPOSTA DE JÓ (40.1-5)

1. A Jó agora é perguntado se ele ainda deseja contender com Deus e dar-lhe instruções (vs. 1-2).
1.1. Não é por acaso que Deus é descrito como o Todo-Poderoso!
1.2. Se Jó desejar continuar, ele tem que responder às perguntas que Deus tinha acabado de fazer, o que é, obviamente, um feito impossível.

2. Jó entende o ponto do Senhor. Ele tinha ficado impressionado com sua própria insignificância à luz da grandeza de Deus, e promete ficar calado (vs. 3-5).

II. JÓ FICA EM SILÊNCIO PERANTE AS PERGUNTAS DE DEUS

Jó 40.1-7 “Respondeu mais o SENHOR a Jó, dizendo: 2. Porventura o contender contra o Todo-Poderoso é sabedoria? Quem argui assim a Deus, responda por isso. 3. Então Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 4. Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho à boca. 5. Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei. 6. Então o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: 7. Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me explicarás”.

1. O orgulho de Jó é abatido. É a resposta humana à revelação da Palavra Divina. Deus aceita o desafio de Jó e entra em debate com ele (38.3; cf. 13.3). Terá Jó alguma resposta a dar após escudar aquelas palavras impressionantes sobre as maravilhas da natureza? Agora a língua de Jó está em silenciada; ele arrepende amargamente das suas lamentações.

2. O silêncio de Jó. V. 4. “Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho à boca.” 
Jó fica em silêncio perante as perguntas do Eterno.  Assim deviam ter feito os amigos de Jó ao ver seus espantosos sofrimentos (21.5), exemplo do que faziam os príncipes do povo na presença da sabedoria de Jó (29.9).

3. A humildade de Jó.
A maior virtude na vida de um homem é a humildade.
3.1. A humildade a quinta virtude que faltava na vida de Jó.
3.2. Deus da testemunho de Jó. Foi Deus que definiu Jó como homem integro, reto, temente a Deus, e que se desvia do mal (1.8). Porém, faltava algo vida do patriarca; a humildade. Depois de todos intempérie que sofreu ele aprende uma das mais importantes lições da vida – a humildade.
3.3. A humildade precede a honra. “O coração do homem se exalta antes de ser abatido e diante da honra vai a humildade.” (Pv 18.12).

III. DEUS DESAFIA JÓ A DEMONSTRAR SEU PODER (40.6-14).

1. Deus revela Suas maravilhas no mundo moral, na esfera da ética humana.
Ainda que Jó tenha indicado sua intenção de permanecer calado, Deus não terminou de ensiná-lo e assim ele começa um segundo discurso do mesmo modo com que o primeiro foi começado (v. 7; veja 38.3).

2. Deus pergunta a Jó se ele desafiaria a justiça de Deus (v. 8).
2.1. Jó na verdade questionou a justiça de Deus e tinha virtualmente sugerido que ele próprio era mais justo do que Deus, afirmando sua própria justiça antes que a de Deus.
2.2. Este era o motivo pelo qual Eliú estava zangado com Jó (32.2).

3. Deus pergunta a Jó se ele é tão poderoso como Deus (vs. 9-14).
3.1. Se for, ele é encorajado a mostrar sua força executando julgamento dos ímpios.
3.2. Se Jó pode fazer isto, Deus confessará a grandeza de Jó.

IV. DEUS DESCREVE DUAS CRIATURAS MAGNÍFICAS E PODEROSAS (40.15 – 41.34).

1. Deus propõe um teste mais exequível.
Enquanto este discurso de Deus não consiste em muitas perguntas como foi o primeiro, Jó ainda está sendo evidentemente desafiado.

2. O Senhor apresenta duas criaturas (40.15-24; 41.1-34) para demonstrar a fraqueza do homem em comparação com o resto da criação.
O motivo da divindade convocando um animal invencível para lutar contra um herói humano encontra paralelo na mitologia antiga. (Cons. Épica de Gilgamesh, na qual Ishtar envia o touro celeste contra Gilgamesh.) Na arte mesopotâmia, além disso, o touro celeste foi representado usando o cinturão da luta. O beemote (40.15) identifica-se comumente com o hipopótamo; o leviatã (41.1; 40.25), com o crocodilo.

3. A primeira questão a ser tratada é se as criaturas descritas são animais ou alusão a mitos.
3.1. Enquanto algumas das descrições de fato parecem ser hiperbólicas (exageradas) (por exemplo, 41.18-21), o contexto parece indicar animais reais.
3.2. Se o motivo pelo qual o Senhor está mencionando estas criaturas é considerado, parece improvável que ele se voltasse para criaturas míticas.
A. Por que Jó se impressionaria com a força de Deus se ele (Jó) não pode medir forças com criaturas míticas?
B. Não há bestas na criação de Deus que poderiam ser citadas como mais poderosas do que o homem e que menosprezam a capacidade do homem?
3.3. Em resumo, se estas criaturas fossem míticas, certamente ficará enfraquecido o argumento que Deus está fazendo nestes capítulos.

4. Concedendo que animais reais estão sendo descritos, que animais são eles? A dificuldade está em identificá-los.
4.1. O primeiro (40.15) é literalmente “behemah,” uma palavra que significa qualquer grande quadrúpede. Parece ser uma palavra que tem o significado geral de besta. A edição Revista e Atualizada traduz esta palavra hebraica como “hipopótamo”, refletindo a suposição do tradutor quanto à identidade desta “besta.” Outra sugestão é que o “behemah” seja o elefante.
A. O “behemah” é uma criatura herbívora muito forte, uma das maiores e mais poderosas criaturas que Deus fez (40.15-20). Esta besta foi feita “junto com” Jó; contudo, Jó não pode dominá-la (vs. 15, 24).
B. Há vários pormenores na descrição desta besta que não se ajustam bem ao hipopótamo.
4.2. O segundo (41.1) é literalmente “livyathan”, uma palavra que não identifica claramente qualquer animal em particular. De novo, a edição Revista e Atualizada se aventurou a cogitar sobre a identidade desta besta, traduzindo “crocodilo”.
A. O “livyathan”, como o “behemah”, é evidentemente uma criatura muito feroz e poderosa, uma que o homem não conseguiu domesticar (41.1-34). É dada a Jó uma vista panorâmica do “livyathan”, uma descrição que ressalta que ele é inabordável (vs. 12-34).
A identidade do leviatã, basicamente uma transliteração da palavra hebraica para monstro do mar é controversa. A visão tradicional é de que seria um grande crocodilo. Como no caso do beemote (Jó 40.15-24), a descrição do leviatã começa com uma grandiosa imagem poética de um animal extraordinário. Mas quando a descrição termina (v. 18-21), o leviatã virou um dragão cuspidor de fogo, um símbolo do caos, do mal e da destruição. Em última análise, a figura desse monstro retrata o caos no início da criação divina e também Satanás no fim dos dias (Sl 74-2-17; Is 27.1; 51.9). Somente Deus pode controlar e destruir o leviatã. Jó poderia apenas recolher-se à sua insignificância e temor. Fazendo perguntas irônicas, o Senhor questiona a incapacidade de Jó de confrontar, imagine subjugar, o leviatã.
B. Resumindo seu método de interrogatório, Deus pergunta a Jó se ele sujeitou o “livyathan” (vs. 1-8). Se Jó é incapaz de dominar o “livyathan”, como pode ele enfrentar Deus (vs. 9-11)?
O ponto da descrição destas duas criaturas é este: se Jó não pode nem se comparar em força com a criação de Deus, como pode ele esperar contender com o próprio Deus?

A RESPOSTA DE JÓ

Aqui estamos no último ato da peça que é o livro de Jó. As calamidades passaram e chegamos a este ponto com algumas lições apreendidas.
Em primeiro lugar, o sofrimento de Jó é um mistério, mas o cristão sabe que Deus está no controle e “nenhum cabelo da nossa cabeça cairá sem o seu consentimento.” (Mt 10.30).
Jó 42.1-6: “Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo: 2 Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. 3 Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. 4 Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5 Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. 6 Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”

1. A confissão de Jó.
1.1. Esta confissão é o contrapeso da lamentação de Jó (cap. 3).
Reconhece a rebeldia pecadora que deu origem a essa lamentação. Não é uma admissão de pecados anteriores aos seus sofrimentos como sustentavam as acusações de seus amigos. Por meio desta entrega sem reservas ao seu Senhor, uma entrega feita enquanto ele ainda se encontrava em seus sofrimentos, não tendo recebido nenhuma explicação sobre o mistério do passado ou alguma promessa para o futuro, Jó prova ser um verdadeiro servo da aliança pronto a servir o seu Deus por nada. A confissão portanto indica que Jó finalmente “esmagou” a Satanás, vindicação final do poder redentor de Deus.
1.2. Jó compreende a mensagem do Senhor (vs. 1-3).
A. Ele confessa a onipotência de Deus (v. 2).
“Bem sei que tu podes”.
“...nenhum dos teus propósitos pode ser impedido...”
B. Ele também percebe que falou em áreas em que ele não tinha conhecimento ou entendimento das obras de Deus (v. 3). “Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.”

2. O Arrependimento de Jó (vs. 4-6).
2.1. O Senhor sugeriu que Jó tem que responder-lhe (38.3; 40.7) e agora Jó solicita a oportunidade para que Deus o ouça (v. 4).
2.2. Conquanto depois do primeiro discurso Jó tenha decidido ficar calado, ele agora se adianta expressando arrependimento por ter questionado Deus (vs. 5-6).

II. A RESTAURAÇÃO DOS TRÊS AMIGOS (42.7-10a).
Os conselheiros falharam terrivelmente, uma vez que não sabiam por que Jó estava sofrendo, e falaram de modo presunçoso, arrogante e equivocado, não somente acusando Jó de uma perversidade desenfreada como também falando de Deus o que não era correto.

1. Os três amigos são repreendidos (v. 7).
1.1. O Senhor se dirige a Elifaz, evidentemente o mais velho dos três, como representante do grupo. Observe que no debate com Jó, Elifaz foi o primeiro dos amigos a falar.
1.2. Os amigos não tinham “dito de Deus o que era reto”. Jó é justificado como tendo dito o que era reto.
A. O Senhor não está falando de tudo o que Jó tinha dito porque é evidente que Jó às vezes falou irrefletidamente.
B. É possível que o Senhor esteja referindo-se ao princípio da doutrina dos amigos: o sofrimento é sempre enviado por Deus como uma consequência direta do pecado e na medida do nosso pecado. Conquanto Jó possa ter mantido este ponto de vista em algum momento, no curso da discussão com os amigos ele negou esta afirmação.
C. É também possível que o Senhor esteja se referindo especialmente à declaração de arrependimento de Jó em 42.1-6.
1.3. Observe os seguintes pontos salientes nas palavras do Senhor:
A. O Senhor menciona a “justiça” de Jó duas vezes (vs. 7b, 8b).
B. Em contraste com a opinião dos amigos que Jó era um grande pecador, o Senhor descreve Jó como seu servo nada menos do que quatro vezes em dois versículos (vs. 7-8).
1.4. No verso 7, Deus fala também a Elifaz e aos seus dois amigos e diz que não falaram corretamente dele, do Senhor, como tinha falado Jó, chamando-o de seu servo.
A. Então aconselha eles que se quisessem de fato o perdão, teriam de procurar por Jó, pois Deus não aceitaria a oração deles, mas somente se intermediada por Jó.
B. Em suas visões equivocadas, somente tiveram o interesse em acusar Jó sem ao menos se preocupar com seu estado físico, emocional e espiritual.

2. Elifaz é informado das exigências para a restauração (41.8-10).
2.1. Faz-se necessário oferecer sete bois e sete carneiros como oferendas queimadas e buscar a Jó para que ele ore a Deus em favor deles.
2.2. Examine a estipulação de Deus à luz do comentário de Elifaz com respeito a Jó em 22.29-30.
2.3. O versículo 10 indica que Jó na verdade orou por seus amigos, um tributo ao seu caráter em vista de suas vigorosas críticas para com Jó.

III. RESTAURAÇÃO DA PROPRIEDADE DE JÓ (41.10b-17)

1. Depois de sua oração pelos amigos, Jó tem sua prosperidade material restaurada (vs. 10, 12).
1.1. A Jó, de fato, é dado o dobro do que ele possuía antes de suas provações.
1.2. A linguagem do texto sugere uma acumulação gradual de animais pela reprodução normal e frutífera.

2. Jó goza de novo do conforto da família e dos amigos (42.11, 13).
2.1. Evidentemente, aqueles que tinham-no desertado anteriormente, agora vêm e buscam confortar Jó, trazendo-lhe presentes.
2.2. Ele também tem filhos, sete homens e três mulheres, justo o que ele tinha antes de suas perdas no começo do livro.

3. A restauração da saúde de Jó não é afirmada especificamente, mas o número de anos que ele vive depois de sua aflição implicitamente diz isso (vs. 16-17).
O Senhor claramente não admitia estar devendo nada a Jó (Jó 41.11), mas expressaria a ele a Sua bondade e misericórdia.
A restituição da saúde e da prosperidade de Jó não deve ser vista como uma recompensa por sua virtude (Jó 41.11). Depois que ele desistiu de exigir restituição, o Senhor achou por bem concedê-la de presente.
A vida de Jó foi moldada por Deus para ser um sinal profético do “fim do Senhor” (Tg. 5.11) para maior encorajamento dos justos naquele período precoce da revelação redentora quando o fim ainda estava muito distante.

4. A idade de Jó.
Jó viveu num tempo em que a longevidade humana era ainda prevalecente. Depois de todas as tribulações, teve o patriarca uma sobrevida de 140 anos (Jó 42.16). Ele deveria ter na faixa de seus, talvez 60 anos quando tudo aconteceu com ele. Infere-se, pois, haja sido de aproximadamente 200 anos a sua idade ao falecer. Ele pode ver os filhos e os filhos de seus filhos até a quarta geração e ai, sim, morreu bem farto de dias! Mesmo assim, morreu!

CONCLUSÃO

De modo significativo, o momento crítico das circunstâncias externas de Jó, seu livramento das mãos de Satanás, foi marcado pelo ato no qual ele espiritualmente ilustrou a justiça do reino de Deus (Mt 6.33) e cerimonialmente tipificou o sacrifício messiânico que estabelece aquela justiça (Jó 42.10).
No livro de Jó aprendemos que, não existe na história a presença de um dualismo, ou seja, uma luta entre o Bem e o Mal. Deus é soberano, não corre risco nenhum e em todas as circunstâncias, Satanás não toma nenhuma decisão sem que Deus permita (Is 46.9-11).
A bênção dupla (v. 10b; Is 61.7; Zc 9.12), estende-se à propriedade de Jó (Jó 42.12), sua família (vs. 13-15), pois os filhos mortos de Jó continuavam sendo de Jó na esperança da imortalidade (v. 16b). Possivelmente o prolongamento de sua vida até à plenitude patriarcal (vs. 16, 17; Gn 25.7-8; 35.28-29) é uma duplicação dos setenta anos prévios (Sl 90.10). Certamente sugere a restauração da saúde, como a herança das filhas entre seus irmãos (Jó 42.15b) e sugere a restauração da antiga felicidade familiar de Jó.
Jó foi extremamente abençoado, inclusive declara sem explicar: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” (42.5).
Aprendemos também que Jó não guarda mágoa dos amigos. Inclusive ora por eles e Deus ouve a sua oração. O texto informa: “Mudou o Senhor a vida de Jó, quando ele orava pelos seus amigos.” (42.10) A oração de intercessão cura quem ora e quem recebe a oração, mas não ocorre cura sem confissão de pecados.
O Senhor abençoa quem lhe é fiel pelo que Ele é, independentemente de tempo e espaço.
Conforme-se na história de Jó! Se as suas angústias são grandes, maiores ser-lhe-ão as consolações. De toda essa provação, sairá alguém bem melhor. Sua história também terá um final feliz.
A história de Jó, está na Escritura para nossa edificação e ponto de referência: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.” (1ª Co 10.11).
Querido leitor, não esqueça de orar na hora da provação: “Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso” (Cl 4.3).
FONTE DE PESQUISA

1. BÍBLIA SHEDD. Revista Atualizada, 1ª Edição: 1998, Ed. Vida Nova, São Paulo – SP.
2. CLAUDIONOR ANDRADE, Dicionário Teológico 8ª Edição, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
3. CLAUDIONOR ANDRADE. Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 2003. Editora CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
3. JON D. DAVIS. Dicionário da Bíblia, 5ª Edição. Editora JUERP. Rua Silva Vale, 781, Cavalcanti – RJ.
4. O livro de Jó - http://www.estudosdabiblia.net/jo.htm - Acesso 13/07/2017.
5. RICHARD L. Hoover, EETAD, 2ª Edição, Campinas, SP.


Pr. Elias Ribas
Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico AMID – Cascavel - PR.
Mestrado em Divindade pelo Seminário Teológico AMID – Cascavel - PR.
Especialização em Apologética – ICP - São Paulo.
Grego e Hebraico - Faculdade Batista Pioneira – Ijuí RS.
Exegese do Novo Testamento - Faculdade Batista Pioneira – Ijuí RS.



segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O PAI PROCURA ADORADORES


No encontro de Jesus com a mulher samaritana no poço no poço de Jaco, Ele revelou a ela alguns dos seus ensinamentos mais importantes sobre adoração que temos. A seguir, apresento o versículo principal desta passagem.

I.       DEUS PROCURA

Jesus disse à mulher de Samaria: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23).

De acordo com o dicionário Expositor de Vine, a palavra grega que é traduzida aqui como “procura” pode significar “esforçar-se por obter ou desejar” (Mt 12.46-47; Lc 9.9), “requerer, pedir ou exigir”, (Lc 12.48, 1ª Co 4.2) e “informar-se, querer, perguntar e investigar” (Jo 16.19, At 9.11).

Creio que esta seja a única passagem na qual encontramos a expressão de que Deus está “procurando” adoradores. Por que este Deus onipresente estaria procurando adoradores? Diversas passagens deixam claro que não há nenhum lugar na terra privado da presença de Deus.

“Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? — diz o SENHOR; porventura, não encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR” (Jr 23.23-24).

Uma vez que a onipresença de Deus enche a terra, ele está cercando todos os adoradores. Por isso, deve haver outra manifestação de Sua presença que “procura” adoradores. Ele não enche a terra com esta expressão de si mesmo, mas a manifesta a indivíduos. Podemos, na verdade, “entrar” em Sua presença.

“Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico. Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.2-3).

Deus procura os verdadeiros adoradores! Ele não está procurando pessoas religiosas que simplesmente vão à igreja. Nem busca apenas pessoas para fazerem a limpeza da igreja ou cantores, músicos, obreiros ou professores da Escola Dominical. Não, Deus está à procura de adoradores!

Hoje em dia, as igrejas estão cheias de atividades, congressos, demonstrações especiais de talentos e produção. Muitas igrejas classificam seus cultos como cultos de adoração, mas, com frequência, ocorre pouca adoração. Por conseguinte, ninguém é transformado. Não há manifestação da presença de Deus.

Na adoração, devemos aproximar-nos de Deus com o coração. Você não pode adorá-lo apenas vendo os outros se apresentar. Você se esforça para adorar a Deus, mas sempre termina sendo espectador no culto. Você aproxima com o intelecto. Isto não é agradável a Deus. Ele não responderá ao intelecto. Qualquer pessoa que adora a Deus deve adorá-lo em espírito e verdade.

Você nunca experimentará a verdadeira adoração até aprender adorar em espírito. Você sabe que existe um Deus que criou todas as coisas. Você crê que Ele o salvou e purificou, mas agradece a Ele com uma atitude mental. A elevação mental não é adoração - meditação. A fim de que a verdadeira adoração exista, deve haver reciprocidade – a presença de Deus deve ser manifesta a você. Você não pode entrar nas coisas profundas de Deus como um mero espectador. Nós crentes devemos nos apresentar a Ele hinos de louvor, cânticos de adoração e dedicar nosso coração a Ele e se cheio de Sua vida. Assim estaremos literalmente ligados ao coração de Deus e receberemos d’Ele Sua natureza, Seu caráter, Sua bondade, misericórdia e Seu amor.

Para sermos semelhante a Ele, precisamos adorar em verdade e espírito, ter desejo de Deus, ter amor no coração, ter jubilo na Sua presença.

Quanto mais você adora a Deus, mais anseia por entrar em Sua presença. Quanto mais você adora, maior é Sua pressa em adorá-lo novamente. Como suspira a corça pelas correntes águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma” A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” (Sl 42.1-2).

Quando você permanecer na presença de Deus, todas as forças que Satanás tem tentado colocar em sua vida cairão por terra. Quaisquer que forem, todas elas operam sob a lei do pecado e da morte. “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).
Quando você começa a adorar a Deus, ativa a lei do Espírito de vida em Jesus Cristo. Você começa a libertar-se de todas as atrações terrenas. Ela mudará a sua vida para sempre. Ninguém precisará pedir que você adore a Deus. Não é correto ter de forçar as pessoas a adorar a Deus. Ele está buscando aqueles que têm fome e sede de justiça e querem adorá-lo.

O Senhor não vai derramar o Seu Espírito onde não tem fome d’Ele. Ele procura pelos famintos. Ter fome significa não estar satisfeito com a “meninice”, porque ela nos obriga a viver sem o Senhor em Sua plenitude. Ele só vem quando você está disposto a se voltar totalmente para Ele.

Tudo o que tem a ver com o louvor e adoração é baseada na verdade fundamental da lei de plantar e colher. A religião diz: “Não cante, não dance, não emita sons altos”. A Bíblia incentiva-nos a fazer barulho. Cantar, dançar, bater palmas, glorificar. Quando você dá a Deus seu fôlego de vida através do louvor e adoração, Deus retribui com Suas bênçãos celestiais.

“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome” (Sl 193.1).

O livro de Salmos foi escrito para nos ensinar o valor e o significado de entrar na presença de Deus. Quando você entra na presença de Deus da forma bíblica, entra diante d’Ele com cantos, entra em Seus átrios com louvor, você da graça a Ele e bendiz o Seu nome (Sl 100.4). O louvor é o nível mais elevado de fé na terra e faz com que a visão se volte para Deus. Quando você ativa o princípio do louvor, isso faz com que você se dê a conhecer na presença de Deus, e que a presença de Deus se faz conhecer a você. Ela automaticamente dissipa as trevas e “silencia o inimigo que busca vingança” (Sl 8.2).

Precisamos aprender que as pessoas podem ser facilmente persuadidas, mas, com a mesma facilidade, podem também se desviar. As pessoas podem ser atraídas pela nossa música, mas só permanecerão enquanto gostarem da música. Não devemos concorrer com o mundo nas áreas em que ele é muito competente, ou até melhor que nós. Mas existe algo com que o mundo não é capaz de competir conosco: a presença do Eterno.


Quando adoramos a Deus, somos levados à Sua presença e nos aproximamos d’ele. Quando a presença de Deus vem sobre sua vida, tudo o mais perde a importância. Você é colocado acima das circunstâncias e situações em que se encontra, pelo amor e as misericórdias de Deus.

Pr. Elias Ribas

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

AS DUAS DIVISÕES DA ADORAÇÃO


“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.19-23-24).

A partir desta declaração de Jesus, a adoração pode ser dividida em duas partes: Espírito – Verdade.

I.         O QUE É ADORAR ERSPIRITUALMENTE?

O maior problema da falta de adoração na igreja não é a falta de instrumentistas, cantores ou compositores bons; é a falta de santificação e reverencia e fé no Espírito Santo. Para criar um ambiente propício de adoração tudo o que é necessário é agir de acordo com a Palavra, em vez de agir segundo a justiça humana, porque a Palavra de Deus, que é Espírito, é o que nos orienta pelo Espírito. Somente desta forma é possível adorar, porque fazemos o tempo todo a vontade do Pai, como Jesus faria, e criamos o ambiente que o Espírito precisa para agir em nosso lugar.

Os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram em espírito e em verdade. Eles se aproximam de Deus para adorá-Lo espiritualmente! Mas o que é adorar espiritualmente?

Primeiramente é preciso que fique bem entendido que Jesus não estava falando sobre espiritismo nem espiritualismo. Espiritismo é a crença de que os espíritos – isto é, espíritos de pessoas que já morreram – podem ter contato com as pessoas que ainda estão vivas na Terra. Isto é condenado na Bíblia. (Dt 18.0-13).

Em segundo lugar, a adoração espiritual não é simplesmente uma adoração animada e espirituosa. Talvez nem seja necessário dizer, que a verdadeira adoração emana de um coração fervoroso e cheio de devoção por Deus, e, portanto normalmente manifesta fervor em vez de indiferença – mas, ao mesmo tempo, entusiasmo e disposição jovial em si mesmo não constituem adoração espiritual.

Em terceiro lugar, a adoração espiritual deve fluir do meu espírito para Deus. O desejo do Espírito Santo é encher todo o crente de Sua plenitude e que adore a Deus em espírito e em verdade.

II.      ADORARAÇÃO EM ESPÍRITO

Em 1ª Tessalonicense 5.23, as escrituras referem-se ao homem como um ser tridimensional. É composto de espírito, alma e corpo.

O corpo do homem refere-se ao mundo pelos seus cinco sentidos (consciência do mundo); A alma do homem é sua própria consciência; O espírito do homem é a consciência de Deus.

Deus é espírito e os que o adoram devem adorar em espírito e em verdade. A única forma de adorar é através do espírito. Isto é não é a alma ou corpo que adoram, mas o espírito.

Adorar o Pai “em espírito” ocorre quando o espírito do homem fica em comunhão íntima com Deus através do Espírito Santo. O problema neste ponto – segundo o que afirmou Watchman Nee – é que muitos crentes ignoram a existência e modo de agir do espírito humano. Alguns acham que o espírito deles é igual à mente ou emoções. Achamos que não!

Adorar a Deus “em espírito” significa a adoração que nasce da operação do Espírito Santo dentro da nova criação. É a adoração que o Espírito Divino inspira dentro do espírito humano regenerado.

O apóstolo Paulo declarou que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito, não confiando na carne, mas gloriando-se em Jesus (Fl 3.3).

[...] Adorar “em espírito” significa aquilo que é interior, mental e espiritual. Deus não tem corpo visível nem partes físicas. Se Ele fosse assim talvez se esperasse que O adorássemos com coisas materiais – mas sendo Deus puramente espírito, Ele deve ser adorado em espírito. Charles Spurgeon disse: “Não é adorando a Deus com hinos e orações, ou se sentado em certo lugar, ou cobrindo o rosto em certos momentos que nossa adoração se torna aceitável a Ele. A adoração verdadeira está no coração que O reverencia, na alma que O obedece e na natureza interior que chega à conformidade de Sua própria natureza, pela obra do Seu Espírito em sua alma” [O Púlpito Metropolitano, volume 12, página 333].

[...] “Religião não é limitar-se a formas e cerimônias exteriores. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito. Esse é o verdadeiro culto. É o fruto da operação do Espírito Santo. É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus. Onde quer que a alma se dilate em busca de Deus, aí é manifesta a obra do Espírito, e Deus Se revelará a essa alma. A tais adoradores Ele busca. Espera recebê-los, e torná-los Seus filhos e filhas” (D.T.N., 189)

A adoração espiritual não exige nenhum cenário físico nem condições em particular.

Jesus fez o contraste da verdadeira adoração com o culto judaico, envolvendo sacrifícios e ritos tradicionais.

Certa vez, os fariseus e escribas acusaram os discípulos de Jesus de não cumprirem a tradição dos anciões, e tiveram como resposta a citação de Isaías 29.13: “E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mc 7.6-7).

Deus não está procurando a adoração limitada ou legalista, mas espontânea. Esta adoração provém do espírito (coração), e não das cordas vocais.

O Espírito de Deus não habita em formas legalistas ou ritualistas. Uma forma legalista é algo que fazemos por causa da obrigação ou da tradição religiosa.

Então, a fim de adorar de maneira certa, temos que reconhecer a insuficiência total de todas as coisas físicas e a incapacidade total da carne. Repetimos: “A carne para nada aproveita” (Jo 6.63). Só uma pessoa na qual habita o Espírito Santo – um crente verdadeiro – tem acesso por esse Espírito ao Pai (Ef 2.18). No poder e sob a direção do Espírito Santo podemos chegar com confiança ao Pai, através de Cristo.

O objetivo fundamental de um culto é tornar Deus pessoal. A maneira como uma igreja adora reflete a teologia da comunidade, isto é, do povo da igreja. Quando o culto concentra-se no homem, em vez de Deus, parece que Deus é um mero espectador que acompanha as atividades dos cultuantes.

III.   ADORARAÇÃO EM VERDADE

Ás vezes, mesmo quando entendemos o que é adorá-lo em espírito, não sabemos o que significa adorá-lo em verdade. Outra coisa que notamos no texto bíblico é que a adoração que Deus procura é a que é “em verdade”. E isto fica de mãos dadas com o adorar em espírito. Porque o Espírito Santo testifica com nosso espírito como “o espírito da verdade”. (Jo 14.16-17; 15.26; 16.13). Isto descreve a natureza do Espírito Santo – e enfatiza ainda mais a obra principal do Espírito Santo na aplicação da verdade. É através do Espírito divino que os crentes experimentam o poder da verdade revelada em seus corações.

1. O que é esta verdade revelada? A Bíblia. A Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17). A fim de adorar a Deus em verdade temos que adorar em harmonia com as Escrituras. O Espírito da verdade nunca guiará na direção oposta à Palavra da verdade, e nos desviamos de Deus cada vez que nos afastamos das Escrituras (Mt 22.29). Adoramos de acordo com as Escrituras da verdade pelo poder do Espírito da verdade. Todas as outras formas de “adoração” devem ser rejeitadas. O próprio Deus não as levará em consideração.

2. A Bíblia também revela Jesus como “a Verdade” (Jo 14.6). A verdade não é encontrada num sistema filosófico, mas numa Pessoa! Adorar “em verdade” é adorar o Pai através do Filho. Isto é difícil para algumas pessoas aceitarem – tais pessoas acreditam na mentira de que todos os chamados “evangelhos” são igualmente bons e que todas as religiões são igualmente válidas. Por isso dizem que nós, os crentes, somos severos porque ensinamos que Cristo Jesus é o único caminho ao Pai. Elas não seguem o caminho de Deus nem creem na verdade de Deus. O Apóstolo Paulo disse que não recebem “o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação de erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2ª Ts 2.10-11).

Multidões de pessoas religiosas, no mundo inteiro, tentam todos os dias adorar a Deus, mas é em vão – elas se aproximam com os lábios, mas o coração está longe Dele (Mt 15.8-9).
Qualquer ensinamento religioso que tenta depreciar a verdadeira adoração espiritual e que tenta tornar a cristandade em mero culto formal e cerimônia externa não é aceito por Deus e é indigno aos santos. Só em espírito e em verdade é que podemos nos aproximar do Pai através do Filho – não numa mera formalidade, ou aceitação mental ou fingimento hipócrita, mas numa realidade espiritual. E o Pai fica satisfeito com isso. Só assim Ele encontra o que procura.

Aprendemos com Davi que, se amamos o Senhor de todo o coração, devemos andar na verdade. Ele quer ser adorado em verdade, e que esta verdade seja depositada em meu coração. “Sei que desejas a verdade no íntimo e no coração me ensinas a sabedoria” (Sl 51.6).

3. Deus deseja verdade em meu interior, em meu coração. Deus é a verdade, e a verdadeira adoração fará com que meu coração caminhe nesta verdade. Falarei com honestidade, sinceridade e verdadeira santidade.

“Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome” (Sl 86.11).

O adorador em verdade é alguém cujo coração é integro. A verdade unirá meu coração na adoração para que minhas emoções, a minha mente e a minha vontade estejam focados Nele. Minha vontade não estará na adoração enquanto minha mente estiver no jogo de futebol. Cada parte do meu ser é fervorosamente unidade quando todo o meu ser for a Ele.

4. É importante ter o espírito e a verdade no ato da adoração. Se você adorar em verdade, conhecerá a Palavra de Deus. Entretanto, adorar em espírito permitirá que você conheça o Deus da Palavra. As duas práticas devem caminhar juntas na adoração. Uma sem a outra é incompleta e pode levar ao fanatismo religioso. Se a adoração em espírito não se verifica com a Palavra de Deus, as pessoas tendem a ser fanáticas. A adoração em espírito sem verdade não tem poder. A adoração em verdade sem o espírito torna-se sem vida, desanimada e morna.

Deus se move em nossa vida de forma diferente a cada dia. Uma parte da adoração em espírito é dar a Ele liberdade de tocar-nos da forma como deseja, e não da forma como achamos que deve ser. Nosso alvo deve ser deixar nosso ser interior, nosso espírito, comunicar-se com Ele sem que nossa carne interrompa essa comunhão.

Às vezes, as melhores oportunidades de adorar são os momentos que nos parecem os menos prováveis. Deus sempre está à nossa procura. Ele deseja que permaneçamos n’Ele para que nosso espírito seja cheio de Seu Espírito, e nosso coração exemplifique Sua verdade.
A hora de adorar a Deus é agora, não ontem ou amanhã. Não devemos esperar o SÁBADO OU DOMINGO para adorar. Não precisamos esperar até chegar na igreja. Deus está disponível para nós todo o tempo.

5. É muito difícil descrever o que adoração realmente é. É mais fácil descrever o que o adorador faz. Adorador pode se prostrar, ajoelhar, declinar seu rosto em adoração, mas não é se prostrar ou ajoelhar que faz um verdadeiro adorador.

Adoração é uma resposta a um relacionamento com Deus, mas um relacionamento muito intimo é muito difícil de ser descrito. Isto envolve:

Companheirismo; revelação pessoal de Deus para o indivíduo; mas é basicamente um rendimento interior aos pensamentos de Deus frequentemente acompanhados pelas emoções e ações expressivas do corpo. Devemos lembrar que é quase impossível descrever em palavras o sentimento interior e sentimentos que envolvem um relacionamento.

Os adoradores somos nós, mas a adoração é como vivemos! Se vivermos uma vida de adoração verdadeira, teremos mais motivos para cantar, tocar e até compor canções, porque a adoração será sincera e verdadeira!

6. O que é necessário para adorar a Deus em espírito e em verdade
É necessário ser gerado de Deus, pois somente os nascidos do Espírito são espirituais e verdadeiros “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6); “E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações” ( 1ª Jo 3.19 ).

Para adorar a Deus é necessário ao homem ser espiritual, e para ser espiritual é necessário ser nascido de Deus. Todo aquele que crê no Filho de Deus alcança a filiação divina (Jo 1.12 ), pois aos que creem é concedido poder para serem feitos filhos de Deus: verdadeiros e espirituais (Ef 4.24 ).

Todos os que creem no Unigênito Filho de Deus que foi enviado ao mundo nascem de novo (Jo 3.16; Jo 3.5), pois Cristo é Espírito vivificante, o último Adão (1ª Co 15.45), e todos que dele são gerados, são tal qual Ele é neste mundo “O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais” (1ª Co 15.48 -49; 1ªJo 4.17 ).

Somente os filhos de Deus, aqueles que são gerados segundo o último Adão, podem adorar a Deus em espírito e em verdade, pois somente os filhos de Deus são espirituais e estão naquele que é verdadeiro (1ª Jo 5.20 ). Diante desta verdade o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos em Éfeso demonstrando que eles foram criados segundo Deus em verdadeira justiça e santidade “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24 ).

Todos que são criados segundo Deus são novas criaturas, pois estão assentados nas regiões celestiais em Cristo. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17; Ef 1.3).

Deus é Espírito; assim, Ele não pode estar preso ou vinculado fisicamente a lugar algum. Deus está em todo lugar, e se Ele está em todo lugar, então Ele pode ser adorado em todo lugar. Minha vida deve ser então um culto diário.

O dever de todo homem adorar a Deus em espírito, tanto quanto é o dever do homem temê-Lo (Jo 4.24; Ec 12.13). Adoração verdadeira nada mais é do que atribuir a Deus a honra que Ele merece. Não se engane, sendo levado a crer que as cerimônias, movimentos ou posições do corpo superam ou igualam à adoração espiritual. Lembre-se que Deus olha no coração (1º Samuel 16.7, “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.”; (ver Salmos 147.10-11; 1ª Pedro 3.3-4).


Adoração é simplesmente expressar a Deus Seus méritos, Sua excelência por isso precisamos adorar a Deus em todos os momentos; no carro, no trabalho, em casa, na rua, na igreja, - em qualquer lugar onde pudesse ter momentos silenciosos. Sem dúvida, Deus vai tocar tocando as profundezas de nossos corações com Sua Santa Presença.

Pr. Elias Ribas

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

QUAL É O LOCAL PARA UMA VERDADEIRA ADORAÇÃO


“Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é Jerusalém o lugar onde se deve adorar” (Jo 4.20).

1. Contexto histórico. Em Israel havia uma rivalidade entre os samaritanos e judeus. Os samaritanos adoravam a Deus no monte Gerizim, diziam que era o monte da benção (Dt 11.29; 27.12), onde os samaritanos instalavam um templo rival e culto alheio aos de Jerusalém. Os judeus adoravam a Deus em Jerusalém.

Por sete séculos os judeus e os samaritanos haviam discutido sobre o lugar apropriado de adoração. Enquanto passava por Samaria, Jesus encontrou uma mulher ao lado de um poço.

2. O local da adoração. Existe o lugar certo da adoração ou para se adorar a Deus? Estaria Deus tão preocupado com o local da adoração ou com a atitude do adorador? Estaremos agora analisando este assunto tão importante para todos nós.

2.1. Em Jerusalém ou no monte Gerezim? Para grande surpresa da mulher samaritana, Ele começou a conversar com ela sobre o profundo desejo e anelo em seu coração para com Deus. Na conversa entre eles, ela levantou a antiquíssima questão sobre o lugar de adoração correto. A mulher samaritana deseja saber onde se deve adorar a Deus. Se é em Jerusalém ou no monte Gerizim.

A pergunta da mulher samaritana para Jesus nos remete, antes, à realidade histórica dos samaritanos. Samaria era capital do Reino do Norte, que mesmo estando dividido, enviava sua população para Jerusalém a fim de adorar. Os anciãos e sacerdotes de Samaria construíram um novo “local de adoração” no Monte Gerizim, em Samaria, e o povo do Reino do Norte deixou de ir a Jerusalém.

Jesus, então, se dirige a ela, com todo carinho e ensina que o importante não é o local, mas sim, a sinceridade do adorador. Suas palavras a ela são: “...os verdadeiros adoradores adorarão o pai em espírito e em verdade”.

Então o mestre Jesus explica que o tempo e a forma nova de adoração não se referiam a locais físicos, mas a uma atitude específica: em ESPÍRITO e em VERDADE, por causa da natureza de Deus.


Jesus ensina nestes versículos, que a verdadeira adoração deve ser prestada de conformidade com a Verdade do Pai que se revela no Filho e se recebe mediante o Espírito Santo. Deus é Espírito, por isso nós não enxergamos, mas sentimo-lo e sabemos que Ele existe mediante a nossa fé.

sábado, 13 de janeiro de 2018

O CRISTÃO E ADORAÇÃO


Santificado seja teu nome (Mt 6.9). Esta frase faz parte da oração dominical de Jesus. Mas, afinal, como contribuiríamos para a santificação do nome de Deus? A resposta é santificarmos o nome do Senhor através da nossa santificação; e, por meio dela, do nosso testemunho cristão, estende-la aos nossos semelhantes. Esta, sim é a melhor forma de adoração: engrandecer a Deus de todo nosso ser (Sl 103.1-2).

I.         CONHECENDO O VALOR DA ADORAÇÃO

1. Deus é o centro da adoração. Para termos o conhecimento de alguém ou de alguma coisa é preciso, em primeiro lugar, se interessar por aquilo ou aquela pessoa. No caso da adoração precisamos entender com clareza por que estamos adorando o Criador: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22).

Deus é adorado por Sua santidade, majestade, pelo Seu poder e Sua bondade. A estrada da adoração é entendida como uma via dupla, ela é inspirada por Deus e o homem corresponde com o Seu louvor. Quando se procura a beleza suprema, logo se encontra o núcleo da adoração verdadeira (Sl 96.9).

2. Cristo é digno de louvor. O Novo Testamento atesta a dignidade de Cristo em receber louvor e a adoração como Unigênito. Quando Jesus nasceu em Belém, da Judéia, os anjos adoraram. Os magos que eram estudiosos dos astros, quando viram o sinal nos céus procuraram saber onde nascera o Salvador para adorá-Lo (Mt 2.1-2). Renomados teólogos afirmam que o nome de Jeová está manifestado em Cristo cerca de 6.4000 vezes na Bíblia, só isso lhe faz digno de toda adoração (Ap 5.12).

3. Despertando nosso íntimo para adorar. Um despertamento íntimo é o primeiro degrau na escala da adoração. Essa renovação interior vai provocar interesse no indivíduo para um contato mais íntimo com seu Criador. O relacionamento estreito entre o homem e o Seu Deus promoveu a dinâmica da adoração (Sl 95.6). Nessa relação deve existir a oração, louvor, ação, de graça, meditação da Palavra de Deus e a submissão. Isso, por certo, agrada a Deus.

I.       ADORANDO A DEUS EM COMUNHÃO

1. A adoração é um ato de proximidade. Temos que estar bem próximo do Senhor. Isso só pode acontecer através da comunhão do homem com seu Salvador. Em todo o relacionamento entre Deus e o homem a iniciativa sempre está em Deus, mas a comunhão se mantém com um certo esforço humano. É preciso renunciar as coisas mundanas: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14).

2. Um acordo com Deus. O acordo leva-nos a sentir Jesus bem perto. A palavra acordo deriva-se do vocábulo “coração” e tem o sentido de coração para coração. Se o nosso coração estiver unido com o coração de Cristo, torna-se fácil adora-Lo: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele pastoreia entre os lírios” (Ct 6.3).

3. Oferecendo sacrifício de louvor Os sacrifícios oferecidos pelos patriarcas hebreus tinham por finalidade adorar a Deus em conhecimento ao Seu poderio. Abraão recebeu uma ordenação de Deus para sacrificar em Seu louvor e teria que passar esta ordem para seus familiares: “Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações” (Gn 17.9). Mais tarde o ato sacrificial em louvor a Deus tomou dimensões nacionais em Israel, mas na qualidade de família de Abraão (Gl 3.6-14).

Na Nova Aliança também somos conclamados a oferecer sacrifícios a Deus: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb13.15).

Na nova Aliança nós temos uma mudança, embora pequena. Aqui novamente a adoração é uma resposta a Deus pelo que Ele já tem feito. Quando estávamos separados de Deus, Ele nos alcançou e nos resgatou. A nossa adoração é uma resposta a esses acontecimentos. Existe uma diferença na redenção dos hebreus que era coletiva, pois no Antigo Testamento as pessoas escolhiam relembrar o pacto do povo por meio da adoração (que incluía obediência). A redenção do Novo Testamento é individual; a pessoa escolhe se aceita a redenção que Deus oferece. Mas a responsabilidade em ser obediente continua a mesma.


No Antigo Testamento havia a obediência à lei, enquanto no Novo Testamento existe a obediência a Jesus, isto é, a confissão de que Jesus é o Senhor. Houve uma pequena alteração no sacrifício na nova Aliança, pois Deus mesmo já ofereceu o sacrifício de sangue. Isso aconteceu no passado, e nós apenas contemplamos esse acontecimento com o sacrifício vivo dos nossos corpos (Rm 12) e com ações de graça.

Pr. Elias Ribas