“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e
não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).
No ensino de Paulo aos
Gálatas, os crentes estavam voltando à escravidão da qual haviam sido libertos
(Gl 5.1). Estavam retornando aos “rudimentos da lei”. A palavra é usada pelo
apóstolo Paulo para identificar os elementos da religião judaica como guarda de
dias. E, que sempre encerrava um sentido cerimonial relativo ao culto judaico.
E se Cristo aboliu esta lei, logicamente aboliu com ela também a guarda do sábado
semanal; por ser Cristo superior ao sábado (Mc 2.27-28).
Paulo, referindo-se à lei,
não faz qualquer distinção entre moral e cerimonial. Em Gl 5.4, ele diz que os
que querem justificar-se pela lei estão separados de Cristo; que são malditos
os que na permanecerem em todas as coisas da lei.
A questão não é o sábado o
em si, mas o fato de não estarmos debaixo da lei e, sim, da graça (Gl 5.4) Quem
se submete à prática de pelo menos um preceito da lei é obrigado cumpri-la toda
(Gl 5.3). E se alguém tropeçar em um ponto da lei é culpado por todos os outros
(Tg 2.7).
“Ninguém, pois, vos julgue
por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir;
porém o corpo é de Cristo” (Cl 2.16-17).
As celebrações judaicas de
descanso e cessação (sabath) eram anuais (festas), mensais (luas novas)
e semanais (os sábados). Pôr-se debaixo desse julgo é ser dominado ao bel
prazer dos judaizantes, inchados em compreensão não espirituais (carnais).
Por isso, quando os
apóstolos se reúnem em Jerusalém para determinar se os gentios convertidos
devem ou não se submeter à observância da circuncisão e das ordenanças do
sabath e dos alimentos levíticos, chegam à conclusão que eles foram dispensados
por DEUS, salvos pela Graça (At 15.1-31). Por isso o apóstolo Paulo, movido
pelo Espírito Santo de DEUS, escreveu suas exortações aos irmãos da igreja
local da Galácia, a Epístola aos Gálatas.
Paulo declara que o sábado
semanal fazia parte das ordenanças da lei que foram cravadas na cruz, pois não
passavam de sombras, indicando, assim, que o verdadeiro descanso encontra em
Jesus (Mt 11.28-30).
Se nas passagens do Novo
Testamento relacionadas acima onde se encontra o plural SÁBADOS ele quer dizer
o sábado semanal, por que só em Colossenses, haveria de ser o tal sábado
cerimonial das solenidades anuais?
“Porque, como os céus novos, e a terra nova,
que hei de fazer, estarão diante de minha face, diz o Criador, assim há de
estar a vossa posteridade e vosso nome. E será que desde uma lua nova
até à outra, e desde um sábado até ao outro, vira toda a carne a adorar perante
mim, diz o Criador” (Is 66.22-23).
O que o Senhor está
dizendo? Que iremos à presença do Criador de sábado em sábado ou de um sábado
ao outro.
Por que os sabatistas só
pegam a segunda parte do verso e não o verso todo? Veja que o verso também fala
dos que guardam as festas da lua nova. A expressão que o profeta está usando,
não é que o fato de estar sendo mencionado o dia de sábado, está dando uma confirmação
de que estaremos guardando este dia, pois se assim for, os que guardam as
festas da lua nova estarão lá também e são pessoas que observam festas pagãs,
para não dizer satânicas, certo? Mas a ênfase não está nos dias, veja que se
está falando em um período de um sábado até o outro, ou seja, um ciclo
interminável é mais ou menos assim: abriremos o restaurante de sábado a sábado.
Assim o verso está nos dizendo que não haverá um dia sequer que não estaremos
na presença do Criador. Se refletir-mos sem nenhum prendimento doutrinário,
tenho a absoluta certeza que verás exatamente como deve, ou seja, é uma
expressão de infinito, ininterrupto, sem fim.
O mês começava no ciclo da
lua nova, a neomênia, oportunidade em que também se ofereciam holocaustos ao
Senhor (“E nos princípios dos vossos meses...” – Lv 23.11) dois
bezerros, um carneiro e sete cordeiros seguidos de oblação de manjares e
libações de vinho (vv. 11-14). “...este é o holocausto da lua nova de cada mês,
segundo os meses do ano” (v.14).
Aos sacrifícios litúrgicos
dos sábados hebdomadários e dos primeiros dias (=lua nova) de cada mês, os
israelitas deveriam acrescentar holocaustos concernentes às festas, a começar
pela da páscoa, a primeira de cada ano, com a discriminação do ritualismo dos
holocaustos de cada uma.
À base dessas Escrituras
(Lv 23 e Nm 28-29) tem-se o calendário litúrgico com os ritos sacrificais:
semana, mês e ano, designados, respectivamente, pelas palavras “SÁBADOS,
LUAS NOVAS E FESTAS”.
Quando Davi
transmitiu a Salomão o trono real, dentre todas as suas recomendações, ao
destacar os turnos e as funções dos levita, às ordens dos “filhos de Arão no
ministério da casa do Senhor”, das quais também era a de “E para estarem
cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao SENHOR; e semelhantemente à
tarde; E para oferecerem os holocaustos do SENHOR, aos SÁBADOS, nas LUAS NOVAS,
e nas SOLENIDADES (=FESTAS), segundo o seu número e costume,
continuamente perante o SENHOR” (1º Cr 23.30-31).
Na
circunstancia de solicitar a colaboração do rei de Tiro para a construção do
Templo, Salomão pede-lhe: “E Salomão mandou dizer a Hirão, rei de Tiro:
Como fizeste com Davi meu pai, mandando-lhe cedros, para edificar uma casa em
que morasse, assim também faze comigo. Eis que estou para edificar uma casa ao
nome do SENHOR meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso
aromático, e para a apresentação contínua do pão da proposição, para os
holocaustos da manhã e da tarde, nos SÁBADOS e nas LUAS NOVAS, e nas
FESTIVIDADES do SENHOR nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel”
(2º Cr 2.3-4).
Salientou-se o
rei Ezequias como o restaurador do culto e das celebrações litúrgicas dos
sacrifícios. “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os
holocaustos; para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos
SÁBADOS, e das LUAS NOVAS, e das SOLENIDADES; como está escrito na lei do
SENHOR” (2º Cr 31.3).
Tendo sido
reedificado o templo após o exílio babilônico, coube a Neemias reconstruir os
muros de Jerusalém, após a leitura pública da Lei, restabelecer outra vez o
culto.
“Também
sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo,
para o ministério da casa do nosso Deus; Para os pães da proposição, para a
contínua oferta de alimentos, e para o contínuo holocausto dos SÁBADOS, das
LUAS NOVAS, para as FESTAS solenes, para as coisas sagradas, e para os
sacrifícios pelo pecado, para expiação de Israel, e para toda a obra da casa do
nosso Deus” (Ne 10.32-33).
Em todos esses
textos, consoante as prescrições do livro de Números (28-29), sob a fórmula
consagrada como num refrão: “SÁBADOS, LUAS NOVAS e FESTAS”,
destaca-se a ordem natural e lógica dos holocaustos diários, semanais, mensais
e anuais.
À luz dessas
Escrituras seria ilógico e aberrante mesmo supor-se serem os SÁBADOS aludidos
em Os 2.11 e em Cl 2.16 os tais sábados anuais, sinônimos de FESTAS.
Teríamos, a
seguir-se esta aberração, a referência em todos aqueles textos dos sacrifícios
diários, ANUAIS, mensais e, de novo, ANUAIS.
Seria uma
enumeração desprovida de ordem e lógica porque dos holocaustos diários
passar-se-ia aos anuais, omitindo-se os semanais e os mensais, e dos anuais
votar-se-ia aos mensais para tornar novamente aos sacrifícios anuais.
Confundirem-se
os SÁBADOS das perícopes de Os 2.11 e de Cl. 2.15 com as solenidades ou festas
anuais é incorrer-se num pleonasmo sem sentido. Um pleonasmo e inconsequente
com descabido sintoma de escandaloso sofisma. Com efeito, os dias de
sacrifícios anuais, então, seriam apresentados, em Oséias e em Colossenses, duas
vezes uma sob a palavra FESTA e outra sob o nome de SÁBADOS, incorrendo-se, em
desacordo com Lv. 23.3, na omissão do dia dos sacrifícios semanais, o dia mais
importante de todos.
Vamos, porém,
ler outra vez as duas Escrituras:
Os 2.11: “E
farei cessar todo o seu gozo, as suas FESTAS, as suas luas novas, e os seus
SÁBADOS, e todas as suas festividades”.
Col. 2.16: “Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de FESTA,
ou da lua nova, ou dos SÁBADOS”.
Ora, se os
sábados são as mesmas festas anuais, ou se os sábados estão incluídos nessas
festas, por que destaca-los das festas?
E nem se
alegue aqui no caso a equivalência superlativo, absolutamente impossível, dada
a interposição da expressão: “as suas luas novas” e “da lua
nova” entre as palavras FESTAS e SÁBADOS.
A conclusão é
potentíssima:
O termo plural
SÁBADOS corresponde aos sábados semanais, “sombras das coisas futuras”.
No próprio
Velho Testamento fui achar o emprego desse plural. “Estas são as
solenidades do SENHOR... Além dos SÁBADOS do SENHOR...” (Lv 23.37-38).
Ainda a locução plural “MEUS SÁBADOS”, oito vezes repetida em
Ezequiel (20.12, 13, 16, 20, 21; 22.8, 26; 23.38), “SÁBADOS” (Ez
45.17; 46.3) sempre se referem ao sábado hebdomadário como, de resto, todos os
sabatistas admitem e defendem.
Se nas
passagens do Novo Testamento relacionadas acima onde se encontra o plural
SÁBADOS ele quer dizer o sábado semanal, por que só em Cl 2.16 haveria de ser o
tal sábado cerimonial das solenidades anuais?
Faltaria
sentido! E semelhante argumento sabático revela desespero de causa!
Tanto em Os 2.11 como em Cl 2.16 deparamo-nos
com a fórmula: “DIAS DE FESTA, LUAS NOVAS E SÁBADOS”.
Essa fórmula
se refere aos dias santificados ANUAIS, MENSAIS e SEMANAIS.
Se em Lv 23 se
distinguem as datas do calendário das solenidades com suas características
específicas, em Nm 28 e 29 se prescrevem os pormenores rituais dos sacrifícios.
Além do
holocausto diário de dois cordeiros, um de manhã e outro à tarde (cf. vvs.
3-4), nos sábados hebdomadários, “além do holocausto contínuo”, sacrificavam-se
dois outros cordeiros como oferendas de manjares e libações (vvs. 9-10). “Holocausto
é de cada SÁBADO, além do holocausto contínuo, e a sua libação” (v.
10).
Em Oséias
2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas FESTAS, as suas LUAS
NOVAS, e os seus SÁBADOS, e todas as suas festividades.”, é o anúncio
da abolição, da supressão, da extinção, do fim de todo o cerimonialismo
judaico, incluindo o SÁBADO SEMANAL por se este também do conjunto das
disposições cerimoniais do pacto das obras.
Em Jesus
Cristo cumpriu-se a promessa ao ser na cruz cravada a “cédula”: “Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de FESTA,
ou da LUA NOVA, ou dos SÁBADOS” (Cl 2.16).
O sábado cerimonial, ou
anual, já está incluído na expressão “dias de festas”, que são as festas
anuais, “lua nova”, mensais e “sábados”, festa semanal. No versículo seguinte o
apóstolo diz: “Que são sobras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl
2.17). Isto é: são figuras das coisas futuras, que se cumpriram em Jesus. Foi
por isso que Jesus afirmou ser o Senhor do sábado (Mc 2.28). “...ministério
tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está
confirmada em melhores promessas” (Hb 8.6).
Sábado, aqui, refere-se o
dia semanal da lei judaica, portanto, ninguém vos julgue por isto. O sentido
moral é a necessidade de se descansar um dia por semana, valendo para esse fim,
qualquer deles. Sobre esta questão escreveu Paulo aos Romanos dizendo:
“Um faz diferença entre
dia e dia, outro julga igual todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida
em sua própria mente” (Rm 14.5).
Paulo era um cristão
emancipado quanto legalismo. Ele tanto se adaptou com os crentes judeus, como
os gentios. Mas nem todos compreendiam esta maneira de pensar por falta de
instrução ou debilidade de fé. Ele explica um faz diferença de dias, mas o
outro julga ser igual cada dia. Por quê? Porque para Deus não faz diferença se
guardarmos um dia ou outro para o Senhor, pois todos os dias de nossa vida
devem ser para o Ele. Porém, nós cristãos preferimos ficar com Paulo e com os
demais apóstolos de Cristo, que julgavam a lei apenas uma sobra das coisas
futuras, conforme Hb 10.1 que diz: “Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros,
não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes,
com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem”.
Você será sempre aceito do
mesmo modo como era o judeu ao guardar o sábado semanal de acordo com a lei,
pois na atualidade, Deus deve ser adorado em espírito e em verdade, portanto, é
agradável em qualquer nação e lugar que assim o adore.
Não há evidência na Bíblia
de que o mandamento do sábado é parte da lei moral e universal. É parte da lei
cerimonial dada a Israel. Este sábado é um símbolo destinado a lembrar a Israel
a vinda do Messias.
Pr. Elias Ribas