TEOLOGIA EM FOCO

terça-feira, 30 de abril de 2019

A PIA DE BRONZE LUGAR DE PURIFICAÇÃO



TEXTO ÁUREO
“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.” (Jo 15.3)

Verdade Prática
A Pia de Bronze é o símbolo do processo da santificação que Cristo realiza em nós através de seu sangue e da Palavra de Deus.

LEITURA BÍBLICA

Êxodo 30.18-21 “Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. 19 - E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. 20 - Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. 21 - Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.”

Êxodo 40.30-32 “Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o altar e derramou água nela, para lavar. 31 - E Moisés, e Arão, e seus filhos, lavaram nela as mãos e os pés.
32 - Quando entravam na tenda da congregação e quando chegavam ao altar, lavaram-se, como o Senhor ordenara a Moisés.”

1 Coríntios 6.11 “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.”

Efésios 5.26 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 - para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.”

INTRODUÇÃO.
O nosso presente estudo é sobre a Pia de Bronze. Continuamos a avançar no Tabernáculo. Assim, veremos o simbolismo da limpeza e da pureza que a Pia de Bronze apresenta; estudaremos os dois aspectos do rito de lavagem presentes na função dos sacerdotes; e, finalmente, seremos chamados à responsabilidade acerca da necessidade e urgência de vivermos uma vida santa e irrepreensível diante de Deus e dos homens.

Sobre a “pia de bronze” e veremos seu material, seu propósito, seu modelo e sua localização.
Pontuaremos algumas lições que aprendemos com ela; relacionaremos a tipologia da bacia de bronze, bem como a tipologia da água purificadora que os sacerdotes usavam.

I. INFORMAÇÕES SOBRE A PIA DE BRONZE

1. Material. A palavra hebraica “kiyor” significa: “bacia; pote ou tacho”. O dicionário bíblico apresenta para esta bacia a seguinte definição: “Um utensílio do Tabernáculo de Moisés para os sacerdotes se lavarem”. A pia foi feita com o bronze dos espelhos das mulheres que os entregaram como oferta ao Senhor (Êx 38.8). Nesta peça da mobília do tabernáculo não havia madeira; a bacia deveria ser de bronze maciço, ou seja, confeccionada totalmente de “cobre” (bronze) do hebraico “neroshet” (Êx 30.18-a). No pátio as colunas eram de bronze, os ganchos (colchetes) eram de bronze, as estacas eram de bronze, o altar de sacrifício era revestido de bronze e a pia, da mesma forma, era feita de bronze (CONNER, 2004, p. 127).

2. Propósito. A pia de bronze tinha uma dupla função que era de fornecer água para a limpeza dos sacerdotes através lavagem cerimonial (Êx 40.11-16), e servia também para relembrar a santidade de Deus quando o sacerdote olhasse para o reflexo do “espelho” e lê-se o que estava na lâmina em sua testa: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36-38). A pia de bronze era um grande tacho ou lavatório com a água necessária para limpar as mãos e os pés dos sacerdotes antes e depois de ministrarem (Êx 30.18-21). As outras peças da mobília do tabernáculo eram usadas particularmente com referência a Deus, mas a bacia era usada especificamente para os homens representados pelos sacerdotes (CONNER, 2004, p. 127).

3. Modelo. A Bíblia não explica o seu formato, tamanho, ornamentação ou transporte. Não há medidas específicas registradas e a única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx 31.9). Ela é descrita como um utensílio de bronze contendo água. A pia de bronze provavelmente formava um conjunto dividido em duas partes, pois as referências mencionam “uma pia de bronze com uma base de bronze” (Êx 30.18). A base do hebraico “ken” significa literalmente: “pedestal” ou “suporte” (Lv 8.11) (CONNER, 2004, p. 127).

4 Localização. A pia de bronze ficava localizada no átrio ou pátio do tabernáculo, entre a tenda da congregação e o altar do holocausto (Êx 30.18-b; Êx 40.7,30). Foi aspergida com sangue e ungida com azeite (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Não temos nenhuma informação de como ela era transportada pelo deserto, seja por varas ou barras. Nas coberturas que deveriam ser usadas para proteger os objetos do tabernáculo não há nenhuma menção da bacia de bronze (Nm 4.1-15). Ela foi o último móvel colocado no lugar antes que se erguesse o átrio (Êx 40.1-8).

II. A PIA DE BRONZE: A IMPORTÂNCIA DA SANTIDADE

Na pia os sacerdotes lavavam suas mãos e pés antes de executarem seus deveres sacerdotais. Mãos limpas fala de trabalho honesto; pés limpos fala de um viver e um agir íntegros (Sl 24.4; Ef 5.26,27; Hb 10.22).

1. A pia de bronze e a água (Êx 30.18,19). Deus ordenou a Moisés que fizesse uma pia de bronze. O objetivo era que antes de entrar ou sair do Tabernáculo, Arão e seus filhos lavassem as mãos e os pés. O ofício de apresentar holocaustos ao Senhor era Santo. Não é possível apresentar-se diante de Deus de maneira a não reconhecer sua santidade e justiça. Oferecer um sacrifício a Deus é prestar-lhe um culto santo e reverente. Não podemos perder o senso de piedade e reverência diante de Deus. Por isso, nossos cultos, bem como nossas vidas, devem refletir a santidade de Deus (1ª Pe 1.15,16).

2. A necessidade de purificação diária. Os sacerdotes deveriam ter uma conduta pura e reta diante do Senhor. Se essas purificações não ocorressem, por ignorância ou negligência do sacerdote, o juízo cairia sobre ele (Êx 30.20). Até os animais oferecidos deveriam ser cerimonialmente lavados na água como o sacerdote (Lv 1.9). Somos sacerdotes junto ao Senhor, mas também somos o sacrifício. Devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus (Rm 12.1,2; 1ª Pd 2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9,10; At 15.9; 1ª Ts 4.7). Ficar apenas observando a água não nos tornará limpos. A água tem que ser usada para que nos tornemos limpos. Apenas ler a Palavra ou meditar sobre uma verdade dela não é suficiente. A verdade deve ser aplicada, vivenciada e praticada em nossas vidas diariamente para ter poder purificador.

Ao entrarem no Tabernáculo, os sacerdotes deveriam se lavar “para não morrer”. Fosse para ministrar, fosse para acender a oferta no altar, eles deveriam lavar-se antes. Há que se destacar a expressão “para não morrer”. O ato colocava em risco a vida dos sacerdotes. Apresentar-se diante de Deus sem atentar para a exigência da purificação poderia custar-lhes a vida. Hoje, nós, os obreiros de Cristo, devemos pautar nossas vidas na obra, exercitando-nos na piedade e na santidade. Somos santos porque fomos chamados por um Deus Santo. Somos chamados para ser um modelo de santidade. Não nos esqueçamos: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

3. Os sacerdotes e a santidade (Êx 30.20).
O versículo 21 traz-nos a ideia de um pacto perpétuo a respeito do rito de lavagem da purificação. Esse rito seria um estatuto perpétuo para os sacerdotes. Disso dependeria a vida deles. Viver a vida de maneira santa, separada, única e exclusivamente para Deus é a vocação de todo obreiro chamado para a sua obra. Santidade ao Senhor gera espiritualidade profunda. Santidade ao Senhor gera uma vida de compromisso com Deus. Santidade gera vida no altar de Deus!

4. A necessidade de purificação das mãos (o que fazemos). Mãos limpas representavam sua função diante do Senhor. Eles deveriam levantar mãos santas (Sl 24.3,4;1ª Tm 2.1,8; Tg 4.8 e Is 1.16). Os sacerdotes não podiam entrar no Santuário para exercer qualquer serviço diante do Senhor enquanto não tivessem passado pela bacia. Eles não podiam servir junto à mesa do Senhor, ou no altar do incenso ou no candelabro, pois todos se encontravam no Lugar Santo (Sl 119.9; 1ª Pd 1.22; Hb 10.22).

Além disso, não lhes era permitido ministrar no altar de bronze ou no pátio, a menos que primeiro se lavassem. Todos aqueles que transportavam os utensílios do Senhor deveriam estar limpos (Is 52.11). Tão séria era qualquer violação desta ordem divina que eles seriam mortos se não agissem desta forma (Êx 30.21). Quantas “mortes espirituais” acontecem hoje porque alguns falham ao se preparar para entrar no santuário, deixando de passar pela bacia, antes de entrar para adorar: “Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que morrem” (1ª Co 11.30).

5. A necessidade de purificação dos pés (por onde andamos). Pés limpos indicavam o modo como os sacerdotes viviam na presença de Deus (Hb 12.13; Ef 4.1-3; Jo 13.1-8). Somos chamados para ser sacerdotes do Senhor em um a casa espiritual (1ª Pd 2.5). Mas precisamos estar certos de que estamos limpos para carregar os utensílios do Senhor, e precisamos continuamente da limpeza sacerdotal para poder servir em seu santuário (igreja) andando em santidade como Ele andou (1ª Pd 2.21; 1ª Jo 2.6).

III. A PIA DE BRONZE: LUGAR DE LIMPEZA E PUREZA

1. A Pia de Bronze (cobre) entre o Altar do Holocausto e o Tabernáculo. O termo hebraico para “pia” é kyyor, que significa “lugar de se lavar”. Era uma bacia redonda. É assim que a imagem da Pia de Bronze é geralmente apresentada nas ilustrações. Para entrar no santuário do Tabernáculo, após ministrar no Altar dos Holocaustos, o sacerdote lavava-se na Pia de Bronze com água limpíssima. Ora, o nosso pecado foi expiado por Cristo no Calvário, o que significa que toda a nossa sujeira foi limpa para a glória de Deus. Fomos "lavados" pelo "sangue remidor" de Jesus (1ª Co 6.11).

No dia a dia, encontramo-nos vulneráveis às imundícias das obras da carne. Entretanto, temos um recurso divino, que nos purifica e santifica, prefigurado pela Palavra de Deus (cf. 1 Jo 1.7,8,10). O sangue de Jesus quitou a nossa culpa, cuja natureza humana estava condenada a se curvar sempre diante das tentações e do pecado (Rm 3.24,25; Ef 1.7). Assim, a Palavra de Deus é o espelho que reflete a nossa nova natureza e as obras que devemos praticar com a ajuda do Espírito Santo.

2. A lavagem na Bacia de Bronze. A Pia era de bronze polido, fabricado com o espelho das mulheres (Êx 38.8). Assim, exposta à luz do sol, a partir da água limpíssima, toda impureza era revelada no interior da bacia. À semelhança dessa figura, a obra regeneradora do Espírito Santo nos torna completamente limpos das sujeiras do pecado (2ª Co 5. 17; Ef 5.26).

Outro ponto que devemos destacar é a consciência de pureza que os sacerdotes deveriam ter para estar na presença de Deus, pois quando se lavavam, as sujeiras desapareciam de seus corpos. Sabiam que, doutra forma, não poderiam celebrar no interior do Tabernáculo. Só a Palavra de Deus é eficaz para revelar o pecado do nosso coração, expô-lo e removê-lo. A imagem dessa bacia nos rememora à santidade de Deus e a necessidade de se buscar uma vida de retidão, tanto na área espiritual quanto na moral. Somos de Deus, ovelhas de seu rebanho.

3. A Pia de Bronze e o caráter de juízo. No Altar dos Holocaustos, o juízo sobre o pecador era aplicado na oferta do sacrifício, cobrindo o seu pecado. Nesse sentido, as águas da pia cumpriam uma função de limpeza dos sacerdotes que passaram por aquele processo. De igual modo, nosso Senhor tomou sobre si o juízo que merecíamos, morrendo vicariamente por nós (2ª Co 5.21; Gl 1.4). Nesse aspecto, à semelhança das águas purificadoras, a Palavra de Deus tem o poder de limpar e disciplinar nossa vida (Hb 4.12,13). Embora nossos pecados tenham sido expiados (Hb 10.17), ainda temos de nos chegar a Deus, continuamente, para sermos limpos de tudo o que desagrada-o: pensamentos, palavras e obras. Infelizmente, acidentes ocorrem no caminho da jornada cristã, e precisamos nos quebrantar na presença de Deus. Busquemos a santidade em Jesus Cristo.

IV. A TIPOLOGIA DA PIA
A lavagem com água era a forma provisória e repetitiva, providenciada pelo Senhor pela qual os sacerdotes eram submetidos a purificação ritual e assim pudessem ministrar em sua presença. Podemos afirmar que a pia de bronze é um símbolo da dupla atuação da Palavra de Deus.

1. A Palavra revela o pecado. A bacia foi feita com o espelho das mulheres e refletia o rosto do sacerdote (Êx 38.8). Se os sacerdotes entrassem no Lugar Santo sem passar pela bacia de bronze, eles seriam julgados por Deus ao entrar: “Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram” (Êx 30.20-b). Esta relação entre o bronze dos espelhos das mulheres e o bronze da bacia é bastante significativa, pois a função do espelho é refletir a imagem colocada diante dele. A figura ou símbolo do espelho é usada por Tiago quando diz: “Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho” (Tg 1.23). A Palavra de Deus é um espelho que nos permite enxergar de modo claro e verdadeiro como nós realmente somos, e como Deus nos vê. Mas, ela também nos dá uma visão do que podemos nos tornar através de Cristo. À medida que contemplamos a Palavra de Deus, percebemos nossa necessidade de limpeza. A Palavra revela toda a sujeira que precisa ser removida. Jó viu a si mesmo como realmente era e isso causou-lhe repugnância (Jó 42.5,6); Isaías percebeu quem ele realmente era diante do Senhor (Is 6.5); e, Pedro enxergou sua natureza pecadora diante de Jesus (Lc 5.8) (CONNER, 2004, pp. 129,130).

2. A Palavra purifica o pecado. A pia de bronze continha água que servia como agente purificador sendo uma clara alusão ao efeito da Palavra no ser humano (Ef 5.26). A função da bacia aponta para o ministério da Palavra de Deus em nossas vidas. O Espírito Santo, que é um Espírito de julgamento e de fogo, usa a Palavra de Deus para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Is 4.4; Jo 16.6-12). Jesus Cristo, a Palavra que se tornou carne, recebeu autoridade para exercer juízo contra o pecado (Jo 5.27). A bacia representa este juízo sobre o pecado operando através da Palavra de Deus. Ela representa a purificação que vem quando a Palavra expõe áreas de nossas vidas que não estão em conformidade com os padrões de Deus. Isso fala da limpeza da água pela Palavra (Ef 5.26). A Palavra age como um espelho (Tg 1.23-25) para nos dar um verdadeiro reflexo do que somos diante de Deus, mas ao mesmo tempo é a água que reflete nossa imagem e nos torna limpos (Pv 27.19; Ef 5.26). Quando nos tornamos limpos pela Palavra, contemplamos como por um “espelho” a glória do Senhor (2ª Co 3.18) (CONNER, 2004, pp. 128).

V. A TIPOLOGIA DA ÁGUA
A entrada na presença de Deus exigia pureza moral e cerimonial. A provisão de um ritual de purificação pelo Senhor, consagrou Arão e seus descendentes ao serviço, mas não os livrou de seus pecados. Pelo contrário, a necessidade de se lavarem continuamente enfatizava sua impureza.

1. A água da purificação. No altar de bronze o homem recebia provisoriamente e parcialmente a justificação de seus pecados através do sacrifício do animal que prefigurava o sacrifício pleno de Jesus na cruz, e na bacia de bronze ele recebia a purificação através da lavagem com a água que isso também apontava tipologicamente para Cristo. O significado espiritual do sangue do animal e da água da pia de bronze pode ser visto no NT onde esses dois agentes de purificação (o sangue e a água) se encontram no sacrifício de Jesus: “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo: não somente por água, mas por água e sangue” (1ª Jo 5.6). Quando Cristo morreu na cruz, e sangue e água fluíram de seu lado (Jo 19.34), Ele cumpriu e aboliu a necessidade do sangue do sacrifício e da água da lavagem. Tudo aquilo que o sangue de animais no altar do holocausto e as águas cerimoniais na pia de bronze representavam convergiu para o sacrifício perfeito e completo de Cristo. O sangue derramado é o antítipo de todo sangue de animal derramado sob a aliança mosaica. A água que fluiu do lado perfurado de Cristo cumpriu tudo que as lavagens cerimoniais da antiga aliança representavam (CONNER, 2004, p. 130).

2. A água na regeneração. Jesus nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). A regeneração e a renovação correspondem ao novo nascimento (ou nascer do alto). Esta é a lavagem inicial, uma limpeza, uma purificação em relação à antiga maneira de viver (At 15.9; 1ª Ts 4.7; 2ª Co 5.17). É isso que nos transforma em novas criaturas. Paulo disse: “Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1ª Co 6.11). Jesus falou que quem já se banhou está limpo (Jo 13.10). Tudo isso se refere à limpeza da regeneração que acontece na vida do crente.

“A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração' aparece apenas duas no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 se refere à renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece. O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne (Ez 11.9). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados... E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo... E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos' (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a escreverá no seu coração' (Jr 31.33). Ele ‘circuncidará o teu coração... para amares ao Senhor' (Dt 30.6)” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.371).

3. A água na santificação. Moisés lavou inteiramente Arão e seus filhos na limpeza inicial e dali em diante os sacerdotes deveriam manter essa limpeza usando a bacia nas lavagens diárias de suas mãos e pés (Êx 29.4; 40.12). Jesus ministrou o batismo da regeneração, mas é nossa responsabilidade pessoal manter a limpeza diária de nossas mãos e pés (1ª Pd 1.22; 2ª Co 7.1; Ef 5.26; 1ª Co 6.11). Paulo nos exorta: “Purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2ª Co 7.1). O escritor aos hebreus diz que devemos nos aproximar de Deus tendo: “os nossos corpos lavados com água pura” (Hb 10.20-22). A bacia deveria ser aspergida com sangue, ungida com azeite e conter a água para a purificação dos sacerdotes (Êx 40.11; Lv 8.10,11). Assim, a água purificadora da Palavra vem a nós através do sangue de Jesus e pelo Espírito que é o “azeite” de Deus em nós. Precisam os que nossos corações sejam aspergidos com sangue; ser lavados pela água da Palavra, e sermos ungido do santo azeite da unção do Espírito Santo.

VI. DOIS ASPECTOS DO RITO DE LAVAGEM DOS SACERDOTES

1. A lavagem completa. Essa lavagem era mais do que simplesmente lavar mãos e pés. Significava uma “obra regeneradora”, que implicava o primeiro passo para a consagração sacerdotal. Hoje, é inaceitável que um ministro queira servir na Casa de Deus sem ter passado pela obra da regeneração (Jo 13.10). É preciso que os obreiros do Senhor tenham experimentado uma “limpeza completa” da alma e da mente. É preciso nascer da Palavra e do Espírito (Jo 3.5,7; Jo 15.3; Tt 3.5; 1ª Pe 1.23).

2. A lavagem progressiva e constante. No dia a dia sacerdotal, a limpeza exigida para ministrar no Lugar Santo era apenas das mãos e dos pés (Êx 30.19). Mas, de acordo com a doutrina do Novo Testamento, o “lavar-se”, aqui, destaca o ato do Espírito que opera em nós a santificação (Ef 5.26; 2ª Co 7.1). Nesse sentido, a consagração dos sacerdotes dava-se nos termos do compromisso de uma vida santificada. Esse mesmo compromisso é que deve permear a vida do obreiro, que se acha vocacionado para realizar a obra do Senhor.

3. Recapitulando verdades importantes. À luz de tudo quanto temos estudado até aqui, devemos assimilar algumas lições apreendias até o presente momento:

3.1. Sobre o sangue de Jesus. O sangue de Jesus Cristo nos livrou da pena do pecado (Mt 20.28; 26.28; 1ª Pe 4.17).

3.2. Sobre a Palavra. A Palavra de Deus revela quem somos (Tg 1.22-24).

3.3. Sobre a limpeza espiritual. Uma vida irrepreensível é prioritária e absolutamente necessária (Jo 15.3).

CONCLUSÃO. Aprendemos nesta lição que a água fala de pureza e santificação, e é símbolo da ação purificadora da Palavra de Deus (Jo 15.3; 17.17; Ef 5.26,27) e do Espírito Santo (Tt 3.4-6; 1Co 6.11) em nossos corações (Hb 10.22; 1Pd 1.22,23). Pode simbolizar também a purificação pelo sangue de Jesus (1ª Jo 1.7), uma vez que o sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado.

FONTE DE PESQUISA
1. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD.
2. BÍBLIA SHEDD, EDIÇÃO VIDA NOVA.
3. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
4.CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
5. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
6.HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.371).
7. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O ALTAR DO HOLOCAUSTO


TEXTO ÁUREO
“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa.” (Hb 10.22)

Verdade Prática
Na cruz, o Senhor Jesus Cristo purificou-nos de todos os pecados, tornando-nos aceitáveis diante de Deus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.1,2,6,7 “Farás também o altar de madeira de cetim; cinco côvados será o comprimento, e cinco côvados, a largura (será quadrado o altar), e três côvados, a sua altura. 2. E farás as suas pontas nos seus quatro cantos; as suas pontas serão uma só peça com o mesmo, e o cobrirás de cobre. 6. Farás também varais para o altar, varais de madeira de cetim, e os cobrirás de cobre. 7. E os varais se meterão nas argolas, de maneira que os varais estejam de ambos os lados do altar quando for levado.

INTRODUÇÃO. Qual era o caminho que o pecador percorria para ter seus pecados perdoados? Ao estudarmos o Altar dos Holocaustos e o rito de lavagem dos corpos dos sacerdotes na pia de bronze, aprenderemos como alguns símbolos apontavam, com impressionante precisão, para a completude da obra expiatória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nessa perspectiva, estudaremos o Altar dos Holocaustos, enfatizaremos relação simbólica das suas quatro pontas com a redenção provida pelo sacrifício vicário e, por último, como o Altar dos Holocaustos revela uma imagem do Calvário para nós. Que o Espírito Santo fale ao seu coração!

Quando se adentrava no pátio do tabernáculo, o primeiro móvel que o ofertante se deparava era o “altar de bronze” também chamado de “altar do holocausto”. Nesta lição falaremos um pouco deste móvel e de suas características; veremos que o este importante utensílio e o holocausto nele oferecido, prefiguram o sacrifício perfeito e definitivo de Cristo Jesus no Calvário por todos os homens.

I. O ALTAR DO TABERNÁCULO
A palavra “altar” literalmente significa “levantado”, “alto” ou “subindo”, visto que era uma elevação acima da terra. O Antigo Testamento mostra que muitos dos patriarcas ergueram altares para sacrificar ao Senhor (Gn 8.20; 12.7; 26.25; 35.1). No entanto, com a institucionalização do culto levítico, um altar foi construído para que nele se fizessem os sacrifícios a Deus, por meio do sacerdote.

1. Material. Muitos altares eram feitos de rocha natural, ou eram montes de terra ou rochas escavadas (Êx 20.24; 1º Rs 18.32). No entanto, esse altar do tabernáculo era feito de madeira de acácia (cetim) e era coberto de bronze (cobre) segundo algumas versões da Bíblia (Êx 27.1-8). Daí porque ele era chamado de “altar de bronze” (Êx 38.30; 39.39). No Tabernáculo, o bronze se destaca particularmente nos elementos do pátio externo (Êx 26.11,37; 27.10; 30.18). Esse bronze, sem dúvida, foi obtido através das ofertas trazidas diante do Senhor para edificar o Tabernáculo (Êx 25.3; 35.5,16).

2. Medidas e formato. O altar de bronze era a maior peça do tabernáculo. O relato bíblico diz que ele media “cinco côvados de comprimento” e “cinco côvados de largura”, aproximadamente (2,5 m x 2,5 m), e “três côvados de altura” (1,5 m). Seu formato era “quadrado” (Êx 27.1). Ele possuía chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado (Êx 27.2,6,7). Contava com uma armação gradeada de metal (Êx 27.4,5).

O altar de bronze era provavelmente colocado sobre um monte de terra ou pedras e o fogo era ateado em cima. Os chifres que havia em cada canto do altar, tinham um significado especial, eram adornos funcionais, pois era ali que os animais sacrificados ficavam amarrados (Sl 118.27).

3. Utensílios. Junto com o altar do holocausto também foram fabricados utensílios que auxiliavam o sacerdote nos sacrifícios e na manutenção deste móvel e todos eram igualmente feitos de cobre (Êx 27.3).
3.1. Recipientes: Para recolher as cinzas – usados para retirar as cinzas do holocausto e limpar o altar (Lv 6.10,11).
A. Pás. Usadas para apanhar as cinzas e lidar com o fogo.
B. Bacias. Ou tigelas, usadas para derramar e aspergir o sangue no altar (Êx 24.6).
C. Garfos. Usados para distribuir os sacrifícios sobre o altar. O sacrifício deveria estar em ordem para ser perfeitamente consumido (1 Sm 2.13);
D. Braseiros. Ou incensários, usados para levar as brasas do altar de bronze para o altar de ouro (Lv 16.12).

4. Finalidade. Esse móvel também é chamado de “altar do holocausto” (Êx 30.28; 31.9; 35.16; 38.1; 40.6). Isso fala de sua principal finalidade: oferecer nele sacrifícios, sendo o principal deles o holocausto (Lv 1-5).

A palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa literalmente: “aquilo que vai para cima”, uma alusão ao sacrifício que quando queimado seu aroma subia como cheiro suave ao Senhor (Lv 1.9-b).

A oferta do holocausto, também chamada de “oferta queimada” (Lv 1.9), era “inteiramente consumida” sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6- 8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, “perpétuo”, “contínuo” (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21).

5. Localização. Quando se adentrava ao átrio do tabernáculo o primeiro móvel que se via era o altar do holocausto. Por isso ele é chamado de “o altar que está diante da porta da tenda da congregação” (Lv 1.5). A localização deste altar mostra-nos quão importante era o sacrifício a fim de que a pessoa pudesse acertar o seu relacionamento com Deus: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Ele era o móvel que lembrava da constante da necessidade de expiação e arrependimento, por parte do ofertante.

II. AS QUATRO PONTAS (CHIFRES) DO ALTAR E O SENTIDO DE REDENÇÃO
O Antigo Testamento apresenta uma linguagem que prefigura coisas e experiências presentes no Novo Testamento. De modo geral, a imagem das quatro pontas do Altar dos Holocaustos apresenta-se nessa perspectiva quando analisamos o sentido de redenção contido nelas.

1. As Quatro Pontas e a Propiciação.
O ato de fazer a propiciação, segundo o Dicionário Houaiss, implica “tentar obter de alguém sua boa vontade, torná-lo favorável, aplacar a sua ira com sacrifícios”. Nas Escrituras, o sangue do sacrifício era de um animal inocente. Quando o sacerdote imolava o animal e retirava-lhe o sangue no altar de quatro pontas e, com esse gesto, apresentava a oferta pelos pecados do povo. Isso é uma propiciação, ou seja, um modo de readquirir o favor de Deus.

O evento era uma ação para apaziguar a ira de Deus, a fim de que a sua justiça e a santidade fossem satisfeitas e proporcionassem um perdão eficaz ao pecador.

As quatro pontas do altar do holocausto rememoram a morte de Cristo como propiciação provida por Deus para cobrir o nosso pecado e manifestar a justiça divina. O Senhor tomou sobre si o nosso pecado, revelando-nos o ato gracioso do Pai (Rm 3.24-26; 1ª Jo 2.2).

2. As Quatro Pontas e a Substituição.
Levítico 16 diz muito acerca do sentido de “substituição”. Ele narra que o sumo sacerdote Arão colocava as mãos sobre a cabeça do animal para sacrificá-lo. Esse animal devia ser um macho sem defeito. Posteriormente, o sumo sacerdote confessava os pecados e as faltas do pecador arrependido a partir da oferta apresentada no altar dos holocaustos com as quatro pontas. Logo, a oferta tomava o lugar do pecador. Foi exatamente assim que Jesus levou sobre si a nossa culpa, oferecendo-se na cruz em nosso lugar (Is 53.4-6; Jo 1.29; 1ª Pe 2.24). Na pessoa de Jesus Cristo, a nossa pena foi cumprida plenamente (1ª Co 5.7).

3. As Quatro Pontas e a Reconciliação.
O Altar era o lugar-símbolo da reconciliação de Deus com o povo de Israel. Ali, uma vítima inocente era completamente queimada e consumida, restando apenas o sangue colocado numa pequena pia e encaminhado ao Lugar Santíssimo, o qual, depois, era aspergido sobre o propiciatório (Êx 29.11-14; Lv 4.12,16-21; 16.14-19,27). Esse rito nos leva à cruz como o único lugar onde Deus se encontra com o pecador, a fim de perdoá-lo e reconciliá-lo mediante o sangue da expiação (Hb 9.12; Rm 5.10,11; 2ª Co 5.18,19). Na cruz, o Cordeiro Inocente pagou a dívida do culpado e, por isso, podemos dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2ª Co 5.19).

4. As Quatro Pontas e a Redenção.
A ideia que a palavra nos dá é a da libertação da prisão do pecado. Logo, Redenção é o pagamento de um preço pelo resgate de uma pessoa. O preço: a morte de Cristo na cruz (Mt 20.28; At 20.28; Gl 3.13; 1ª Tm 2.5,6; 1ª Pe 1.18,19). Aqui, é importante ressaltar que o termo “redimir” aparece, na língua grega, com o significado de “comprar e tirar fora do mercado” (uma expressão retirada do comércio de escravos), ou seja, “resgatar” de uma vez por todas a pessoa da escravidão. Foi isso que Jesus fez por nós quando nos libertou da escravidão do pecado (Rm 6.22).

III. O ALTAR SIMBOLIZA A CRUZ DE CRISTO
Os altares antigos eram costumeiramente feitos de pedras e coberto de madeira para que a vítima sobre ela sacrificada, pudesse ser depois queimada sobre a lenha. No monte Calvário que é uma rocha, um lugar alto, Cristo foi crucificado sobre o madeiro. Logo há um paralelismo entre o altar e a cruz.

1. Lugar de sacrifício. O altar de bronze era o altar dos sacrifícios. Nele todos os sacrifícios eram realizados (Lv 1-5).
Esse altar prefigura a cruz, visto que foi o lugar onde Jesus foi sacrificado (Jo 19.17; Fp 2.8).

2. Lugar do juízo e da justiça de Deus. Era sobre o altar que o pecado encontrava o julgamento. O transgressor trazia para ele o animal que deveria ser morto pelo pecado do ofertante (Lv 1.4). Foi na cruz onde Jesus foi morto pelo nosso pecado (Is 53.4,5; Rm 5.6,8; 1ª Co 15.3; 2ª Co 5.15; 18-21).

3. Lugar de substituição. O altar do holocausto também era o altar da substituição, pois nele o pecador era substituído pela oferta: “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação” (Lv 1.4). Foi na cruz, onde Cristo levou o nosso pecado (Gl 3.13; 1ª Pd 2.24).

IV. O SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO PREFIGURA O SACRIFÍCIO DE CRISTO
Os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefiguram o sacrifício de Cristo. A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o holocausto aponta para a pessoa de Cristo Jesus:

SIMILARIDADES DO HOLOCAUSTO QUE APONTAM PARA CRISTO
1. O animal tinha que ser macho (Lv 1.3,10,14). Cristo se fez homem (Jo 9.11; 19.5; At 2.22; 1ª Tm 2.5).

2. O animal tinha que ser sem defeito (Lv 1.3,10). Cristo não teve pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1ª Pd 2.22).

3. O adorador deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado, gesto que simbolizava a transferência de algo para o sacrifício, no caso o pecado (Lv 1.4). Os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Mt 20.28; Jo 11.50; Rm 5.6-8; 2ª Co 5.14,15,21; Gl 2.20; 3.13; 1ª Tm 2.6; Hb 9.28; 1ª Pd 2.24).

4. O pecador degolava o animal que morria em seu lugar (Lv 1.5,11). Cristo foi morto pelos nossos pecados (Rm 4.25; 1ª Co 15.3; Gl 1.4).

5. O holocausto contemplava o rico e o pobre (Lv 1.3,10,14) O sacrifício de Cristo proporciona salvação a todos os homens indistintamente (Jo 3.16; Tt 2.11; 1ª Jo 2.2; Ap 5.9).

V. O SACRIFÍCIO DE CRISTO É SUPERIOR AO SACRIFÍCIO DO HOLOCAUSTO
Embora os sacrifícios realizados no sistema levítico no AT prefigurem o sacrifício de Cristo, eles não eram permanentes porque não podiam satisfazer completamente a justiça divina e a necessidade humana. Logo, o sacrifício de Cristo foi necessário e é superior ao holocausto. Vejamos:

O HOLOCAUSTO CRISTO JESUS
1. Um animal era sacrificado pelo pecador (Lv 1.4-a). O próprio Filho de Deus foi sacrificado pelo pecador (1ª Pd 3.18; 1ª Jo 2.2; 4.10).

2. O sangue do animal cobria o pecado (Lv 1.4-b). O sangue de Cristo nos purifica do pecado (Jo 1.29; 1ª Co 6.11; Hb 1.3; 1ª Jo 3.5; Ap 1.5).

3. O sacrifício era feito em prol de alguns de pecados, não todos (Lv 4.2). O sacrifício de Cristo nos purifica de todo pecado (Tt 2.14; 1ª Jo 1.7,9).

4. O sacrifício era repetitivo (Lv 6.9-13). O sacrifício de Cristo foi definitivo (Hb 9.26; 10.10).

5. O animal era trazido contra a própria vontade (Hb 9.25). Cristo ofereceu-se voluntariamente (Jo 10.17,18)

CONCLUSÃO. Hoje aprendemos que o pecador precisava, no Antigo Testamento, passar pelo “altar de sacrifícios” para que fosse aceito diante de Deus. Mas vimos também que Cristo é a oferta suficiente e eficaz para a expiação completa de nossa culpa. Em Cristo, somos redimidos!
Deus não somente anunciou a vinda do Messias, por meio de palavras, como através do altar de bronze em que o holocausto era oferecido pelo pecador no tabernáculo ele preparou a nação de Israel para o sacrifício definitivo que seria feito por meio de Cristo Jesus e que de uma vez por todas (Jo 1.29; Hb 9.26). Portanto, prestemos ao Senhor um verdadeiro sacrifício de louvor!

FONTE DE PESQUISA
1. ALMEIDA, Abraão de. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
2. CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
4. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
5. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. ATOS.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
7. TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. EDITORA CULTURA CRISTÃ.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

ENTRANDO NO TABERNÁCULO - O PÁTIO



TEXTO ÁUREO
“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.9)

VERDADE PRÁTICA
Para entrar à presença de Deus, no Lugar Santíssimo, o pecador deve passar por uma única porta: Jesus.

LEITURA BÍBLICA
Êxodo 27.9-19 “Farás também o pátio do tabernáculo, ao lado meridional que dá para o sul; o pátio terá cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem côvados. 10 Também as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata. 11 Assim também para o lado norte as cortinas, no comprimento, serão de cem côvados; e as suas vinte colunas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das colunas e as suas faixas serão de prata, 12 E na largura do pátio para o lado do ocidente haverá cortinas de cinquenta côvados; as suas colunas dez, e as suas bases dez. 13 Semelhantemente a largura do pátio do lado oriental para o levante será de cinquenta côvados. 14 De maneira que haja quinze côvados de cortinas de um lado; suas colunas três, e as suas bases três. 15 E quinze cavados das cortinas do outro lado; as suas colunas três, e as suas bases três. 16 E à porta do pátio haverá uma cortina de vinte cavados, de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido, de obra de bordador; as suas colunas quatro, e as suas bases quatro. 17 Todas as colunas do pátio ao redor serão cingidas de faixas de prata; os seus colchetes serão de prata, mas as suas bases de cobre. 18 O comprimento do pátio será de cem cavados, e a largura de cada lado de cinquenta, e a altura de cinco cavados, as cortinas serão de linho fino torcido; mas as suas bases serão de cobre. 19 No tocante a todos os vasos do tabernáculo em todo o seu serviço, até todos os seus pregos, e todos os pregos do pátio, serão de cobre.”

INTRODUÇÃO. Nesta lição veremos um dos espaços que pertencia ao Tabernáculo – o pátio; elencaremos algumas considerações a respeito desse local, bem como a sua simbologia à luz das Escrituras; por fim, destacaremos também a porta de acesso ao átrio, e quais os seus significados espirituais.

O Tabernáculo representa um grande símbolo espiritual para o povo de Israel. Ali, Deus se centralizava no meio de seu povo. E Ele esperava que essa nação reconhecesse isso. Nessa perspectiva, estudaremos acerca da posição do Pátio do Tabernáculo entre as Tribos de Israel, descreveremos a construção da cerca do Pátio e conheceremos mais sobre o sentido da Porta Principal do Pátio. Cada imagem nos revelará um valor espiritual edificante concernente à Obra Expiatória de Jesus Cristo.

I. O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. Definição do termo pátio. A palavra pátio ou átrio é procedente do termo: “hãstser” que refere-se a: “pátio, átrio, cercado, uma área cercada, residência estabelecida, vila, cidade”. Esta palavra está relacionada a um verbo que tem dois significados: “estar presente” no sentido de viver em certo lugar (acampamento, residência, pátio), e ainda: “incluir, encerrar, apertar”. A primeira ocorrência bíblica desse termo está em Gn 25.16, onde se é traduzido por “vilas”. O uso predominante de “hãtser” é com o sentido de: “pátio, quer de casa, palácio ou do Templo” (VINE, 2002, p. 216). Quando se refere ao Tabernáculo, o pátio servia de recinto cercado para os israelitas que iam adorar a Deus nos limites do santuário (Sl 96.8; 100.4).

2. Dimensão do pátio. O pátio era em formato retangular com cerca de 45 metros de comprimento (100 côvados) por aproximadamente 22,5 metros de largura (50 côvados). Em cada lado, no Sul e no Norte, havia vinte colunas com as bases feitas de cobre ou bronze (Êx 27.9-11). O lado do ocidente precisava de dez colunas (Êx 27.12). Estas colunas eram firmadas no chão em suas bases por meio de cordas fixas ao chão com pregos, ou seja, estacas (Êx 27.19). Entre as colunas havia faixas confeccionadas em prata (Êx 27.11). Tratavam-se de barras entre as colunas sobre as quais a cortina era pendurada pelos colchetes feitos de prata (Êx 27.17). Uma cortina de linho fino torcido, provavelmente na cor branca, medindo 2,25 metros de altura (Êx 27.18), estendia-se pelos lados, por trás e na frente, onde havia três colunas de cada lado da porta (Êx 27.14,16) (BEACON, 2010, p. 213).

3. Propósito do pátio. Esse espaço reservado conferia santidade na aproximação à presença de Deus, e ensinam passos sucessivos na aproximação a Senhor. Assim, a função do pátio era impedir qualquer aproximação indevida ao santuário de Deus. O pátio era aberto para todos os israelitas que quisessem prestar culto, porém, havia uma maneira apropriada de se aproximar, embora o pátio fosse aberto. O átrio, portanto, servia a um tríplice propósito:

3.1. Para os que estavam do lado de fora, ele agia como uma barreira e um muro de separação. As cortinas de linho fino restringiam a entrada daqueles que se aproximavam, agindo como uma separação entre o mundo exterior e o lugar onde se revelava a glória de Deus.
3.2. Para aquele que verdadeiramente se aproximava do Tabernáculo, essas cortinas serviam como uma indicação, ou seja, apontavam para a porta, o caminho de aproximação pelo qual as pessoas poderiam entrar e desfrutar dos benefícios do Tabernáculo.
3.3. Do lado de dentro, contudo, as cortinas agiam como uma cerca ou escudo contra o mundo exterior.
3.4. Para todos aqueles que estavam do lado interno, ali seria o lugar de proteção e segurança, eis a razão de encontrarmos frequentemente expressões de anelo e alegria dos servos de Deus em relação ao átrio (Sl 65.4; 84.2,10; 92.13; 96.8; 100.4); (CONNER, 2004, pp. 99,100).

4. Móveis pertencentes ao pátio. Vários são os móveis pertencentes ao Tabernáculo, dois deles especificamente estavam situados no átrio

4.1. O altar do holocausto. Na perspectiva de quem entrava no tabernáculo, inicialmente se deparava com o altar do holocausto, situado perto da porta do concerto (Êx 27-1-8; 38.1-7), também conhecido como altar de cobre por ser feito de madeira de acácia e revestido de cobre, sobre esse móvel eram oferecidos os sacrifícios, essa era a sua finalidade (HOFF, 2007, pp.144,145).

4.2. Pia de bronze. Este importante móvel também estava colocado no pátio, entre a tenda do Tabernáculo e o altar de bronze (Êx 40.7), estando assim, alinhada com o altar do holocausto. Tinha como finalidade proporcionar aos sacerdotes um local para lavar as mãos (Êx 30.18,19).

II. O PÁTIO ENTRE AS TRIBOS DE ISRAEL
Quando Moisés distribuiu as tribos em torno do Pátio do Tabernáculo, estava revelado nesse ato um senso de organização divino. O Pátio do Tabernáculo ficava no centro de todas as tribos de Israel. Era o símbolo de que Deus estaria no meio de seu povo (Is 8.14).

1. As montagens provisórias do Tabernáculo.
A Palavra de Deus mostra que a construção do Pátio teve como primeira etapa a montagem da estrutura do Tabernáculo no Sinai. Isso ocorreu no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, após a saída do povo judeu do Egito (Êx 40.2,17), isto é, quatorze dias antes da celebração da Páscoa.

Do Sinai até Canaã passaram-se muitos anos. Antes de Israel entrar em Canaã, Moisés orientou que um lugar fixo deveria ser estabelecido para o Tabernáculo. Inicialmente, a estrutura foi montada em Gilgal (Js 4.19; 5.10; 9.6; 10.6,43). Depois a transferiram para Siló (Js 18.1), que ficava no território de Efraim. Tempos mais tarde, nos períodos de Saul e Davi, e por causa das guerras internas e externas, a Arca da Aliança ficava alojada em lugares diversos, o que demonstrava que o Tabernáculo já não tinha localização fixa. Finalmente, Jerusalém foi conquistada por Davi e, no reinado de Salomão, o Tabernáculo deu lugar ao Templo de Jerusalém, onde o próprio Deus confirmou o lugar e o aprovou com a manifestação de sua glória (1ª Rs 8.10,11).

2. A posição do Pátio do Tabernáculo.
Para entender a organização das tribos em torno do Pátio do Tabernáculo é preciso compreender o propósito divino resumido em Êxodo 25.8: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (cf. 29.45,46). Aqui está expressa a vontade de Deus em ser o centro de seu povo. A localização geográfica do Tabernáculo, o centro do acampamento e de frente para o Oriente, isto é, voltado para o levante do Sol, revela exatamente a vontade de Deus em habitar no coração do povo de Israel. Ora, Ele é quem deve estar no centro do nosso coração. Deus é quem deve dominar a nossa mente e vida.

3. A posição do Exército de Israel em torno do Tabernáculo.
Os exércitos das tribos judaicas estavam localizados em torno do santuário divino.

3.1. De frente para a porta principal de acesso ao Tabernáculo. Os exércitos de Judá, Issacar e Zebulom estavam posicionados na porta principal do Pátio do Santuário. Juntos, esses exércitos somavam 186.400 homens (Nm 2.3-9);

2.2. Aos fundos, do Oeste para o Ocidente. Na retaguarda do Pátio do Tabernáculo estavam as tropas de Efraim, Manassés e Benjamim que, juntas, somavam 108.100 homens (Nm 2.18-23);

3.3. Ao norte. Na lateral do Tabernáculo, encontravam-se as hostes de Naftali, Dã e Aser. Juntas, somavam 157.600 homens (Nm 2.25-30);

3.4. Ao Sul. Na outra lateral do Tabernáculo, estabeleceram-se os exércitos de Ruben, Simeão e Gade. Ambos somavam 151.450 homens (Nm 2.12-19).

Ao todo eram 603.550 homens acima de vinte anos de idade que estavam entorno do Pátio do Tabernáculo. Isso passava a mensagem de que Israel reconhecia a centralidade de Deus na vida espiritual e social da nação. Assim, devemos tê-Lo como o centro de todas as esferas da vida.

III. A CONSTRUÇÃO DA CERCA DO PÁTIO

1. O cortinado de linho branco da cerca do Pátio.
Uns cerca de 45 metros de comprimento com aproximadamente 22,5 centímetros de largura separavam o Tabernáculo das Tribos ao redor. As sessenta colunas de bronze, sobre as quais havia um cortinado de linho branco torcido de aproximadamente 2,25 metros de altura, sustentavam acerca do Pátio. Assim, não se podia ver o que se passava no interior do pátio, senão a cobertura do Tabernáculo.

2. Colunas, cortinas e varais do Pátio (Êx 27.10-12).
As colunas de bronze foram feitas de madeira de acácia e ficavam presas na parte interior da cortina por bases ou placas de bronze colocadas sobre o solo. Já as cortinas eram costuradas uma a outra até formarem uma tela bem firme. Por sua vez, os varais encaixavam-se às colunas e ao cortinado da cerca. Tudo era metricamente encaixado. Assim, as colunas, as cortinas e os varais são elementos que didaticamente podem simbolizar a segurança, a estabilidade e a comunhão na vida cristã, produzidas pela Obra Expiatória de Cristo.

Ora, em Cristo toda a justiça de Deus foi satisfeita na obra expiatória; por isso temos a segurança da salvação (Rm 8.33-39). Estamos seguros em Cristo (Jo 10.28-30)! Depois, a partir dessa obra, temos acesso às promessas de Deus, as quais nos dão estabilidade na vida cristã (Rm 14.4; Cl 3.3). Por fim, a Expiação de nosso Senhor não apenas salvou-nos, mas abriu-nos a porta da comunhão cristã (1ª Co 12.12,13; Ef 2.1216). Portanto, à semelhança das colunas, cortinas e varais do Tabernáculo, a Obra Expiatória de Cristo nos traz segurança, estabilidade e comunhão na vida cristã.

3. A cerca de linho: a santidade e a justiça de Deus.
A parte reservada na esfera interna do Pátio, separada pelo “linho branco torcido”, revelava a santidade de Deus. Ali, os sacerdotes ministravam os cerimoniais de sacrifícios pelos pecados do povo. Nesse sentido, o Pátio do Tabernáculo revelava que o pecador não tinha acesso ao Deus Santo, senão por meio do sacerdote.

Deus é Santo e Justo. O homem carece de santidade e de justiça. No entanto, em Cristo, o pecador é justificado e santificado para a salvação. Esse é o maior milagre que o pecador pode desfrutar de seu encontro com Jesus. Só quem pode justificá-lo e santificá-lo é Jesus!

IV. A SIMBOLOGIA DO PÁTIO
1. A separação entre o homem e Deus devido ao pecado. A demarcação do pátio por meio da cerca de linho fino, indicava de forma prefigurada dentre outras coisas, a separação entre o homem e seu Criador como resultado da Queda (Is 59.2; Rm 3.9,23; 5.12; Ef 2.1,13). Devido à pecaminosidade humana (Rm 3.10-12), jamais seria possível o homem atingir o padrão exigido por Deus: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Is 64.6), para a expiação do pecado (Rm 3.19). Como afirma Rodman (2011, p. 307): “O homem é um pecador em escravidão. Ele é de fato escravo do pecado, sujeito a seus ditames e incapaz de se libertar do seu domínio”; por essa razão, Cristo Jesus, veio em forma humana com o propósito de fazer a reconciliação entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção” (1ª Tm 2.5,6; ver 2ª Co 5.19).

2. A santidade e justiça divina. As paredes do pátio eram constituídas por cortinas externas de linho fino, e esse linho refere-se à justiça e santidade de Deus (Lv 11.43-45). Quando alguém se aproximava do lado externo do Tabernáculo, a única coisa que podia ver era esta cortina branca. Esta é a primeira coisa que o homem não regenerado que se aproxima de Deus precisa notar, o linho branco representa, acima de tudo, a justiça perfeita de Cristo (Jr 33.15; 1ª Tm 2.5; 1ª Jo 4.17; 1ª Co 1.30). A justiça de Cristo deve tornar-se a justiça do crente, uma vez que para Deus, não há valor as nossas obras carnais de justiça (Is 64.6). Deus não está interessado na justiça que provém da Lei, pois se trata de justiça própria (Rm 10.1-6; Fp 3.7-9). Deus está procurando um povo que é mantido pela fé na justiça de Cristo. É a justiça de Cristo que Deus aceita, e quando nos revestimos do Senhor nos tornamos justos. Aqueles que se revestiram de Cristo constituem o seu corpo, a sua Igreja. São estes os santos aos quais as Escrituras se referem quanto à justificação (Ap 19.7-9; 2Co 5.17-21; Hb 2.11; Sl 132.9,16,17; Rm 8.4). É a este corpo que a justiça de Cristo é imputada e que está adornada como uma noiva (1ª Co 1.30; Is 61.10). “Ele é a nossa justiça” (Jr 23.6; Ap 3.4).

3. A responsabilidade humana quanto ao recebimento das bênçãos de Deus. Quando olhamos para a ordem da construção do Tabernáculo, percebemos que a descrição começa com a arca da aliança (Êx 25.10) e segue-se até a porta do pátio (Êx 27.18), ou seja, de dentro do Tabernáculo para fora, isto é, Deus em busca do homem, uma vez que o projeto de salvação tem como fonte a pessoa Divina (Is 45.22; Jn 2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21; Jo 3.16,17; 2ª Co 5.18,19; Tt 2.11). No entanto, ao estabelecer a porta que dá acesso ao Tabernáculo, fica claro a responsabilidade do homem em resposta a ação inicial do Senhor quanto aos benefícios pertencentes a sua entrada no santuário. No plano da salvação, Deus em Sua soberania incluiu a responsabilidade do homem em crer no seu Filho (Mc 16.15,16; Jo 3.16-18; Rm 10.11-14). Fé e arrependimento são necessários para a salvação, precedendo a regeneração, ou seja, cremos para ser regenerados e não o inverso (Mc 1.15; Jo 20.31; At 2.38; 10.43; Rm 1.16; 10.9; 1ª Co 1.21; Ef 1.13,14). A fonte da salvação humana é a graça de Deus e o meio de recebê-la é a fé n’Ele, como afirma o apóstolo Paulo (Ef 2.8).

IV. A PORTA DO PÁTIO E A SUA SIMBOLOGIA
1. O único acesso. Qualquer um que se aproximasse do Tabernáculo por outro lugar que não fosse a entrada, encontraria uma parede de linho como já vimos. A porta era a única maneira de chegar ao pátio, todos tinham que passar por ela. Todo o povo de Israel, de qualquer tribo, e todos os estrangeiros em Israel, vindos dos quatro cantos do acampamento, distantes ou próximos, tinham que se submeter aos critérios de Deus (Nm 15.14-16). O Senhor colocou somente uma entrada no Tabernáculo, pois há somente um caminho para o homem se aproximar de Deus, e este passa pela entrada, sendo assim, a porta é uma clara figura do Senhor Jesus, que assim afirmou: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (Jo 10.9); sendo o único caminho de acesso ao Pai (Jo 14.6); as Escrituras ainda declaram que Ele é:
1.1. O único nome que pode salvar (At 4.12).
1.2. O único mediador entre Deus os homens (1ª Tm 2.5).
1.3. Crer nele é a única forma de o homem ser salvo (Rm 10.12,13).

2. A abrangência do acesso. A porta do pátio possuía nove metros de largura e ficava no lado leste, no meio da frente do Tabernáculo (Êx 27.16). Era composta por uma cortina de pano azul, púrpura, carmesim e também de linho fino torcido, sustentada por quatro colunas centrais cingidas de faixas de prata (Êx 27.17. Essa entrada era larga o suficiente para permitir a entrada de qualquer pessoa que quisesse e se submetesse aos critérios necessários para entrar. Isso aponta claramente para a abrangência da salvação e as bênçãos do Senhor decorrentes dela. Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente o que deixou claro por meio da promessa feita a Abraão: “e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Destacamos ainda Deus deu garantia e extensão de salvação a todas as pessoas (Is 45.22), como também na descrição do alcance da ação messiânica (Is 49.6; Is 53.6). Sua graça alcança os judeus e os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6; Tt 2.12), não é limitado a um grupo seleto de pessoas, pois as Escrituras afirmam que Jesus se deu como resgate por todos (1ª Tm 2.6); e, que provou a morte por todos (Jo 7.37; Hb 2.9; 1ª Tm 4.10; 2ª Pd 3.9; 1Jo 1.9 – 2.2; 4.14).

3. As cores da cortina de entrada: diversos tipos (Êx 27.16).
Azul, púrpura, carmesim e branco eram as cores da cortina de entrada ao Pátio. Nas Sagradas Escrituras, as cores sempre simbolizaram aspectos importantes da fé. Muitas igrejas de tradições cristãs distintas (como as episcopais, as reformadas e, até mesmo, algumas pentecostais) observam o que se convencionou chamar de Calendário Litúrgico. Nele, os dias comemorativos são inspirados por cores. Essa prática está ancorada nas comemorações litúrgicas do povo de Deus do Antigo Testamento.

Nesse aspecto, podemos destacar, por exemplo, que o azul lembra o céu. A púrpura lembra a ideia de realeza. O carmesim lembra a ideia de humilhação e sofrimento. O branco lembra a ideia de justiça, perfeição (Rm 5.18). O Senhor Jesus remonta essas cores: Ele veio e foi para o céu, Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, Ele é justo e perfeito, e foi humilhado e moído pelos nossos pecados (Is 42.1; Fp 2.5-9).

CONCLUSÃO. Assim como todos os compartimentos do Tabernáculo, o pátio representava verdades espirituais que apontavam para Cristo e a sua obra, n’Ele a justiça divina foi saciada, podendo então nos conduzir à presença do Pai celestial.

Nesta lição, estudamos a centralidade de Deus em nossa vida por meio da posição do Tabernáculo. Fomos estimulados a termos uma base e segurança espiritual por meio da construção do Pátio do Tabernáculo. E concluímos que o Senhor é o único meio de acesso a Deus através da imagem da porta do pátio. Portanto, sejamos conscientes de que Jesus Cristo se revelou ao seu povo como o único caminho para o pecador alcançar a salvação. Ele é o único caminho que conduz ao Céu!

FONTE DE PESQUISA
1. CABRAL Elienai. Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2019 – CPAD.
2. CONNER, Kevin J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. (Trad. Célia Chazanas). Atos, 2004.
3. HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA, 2010.
4. HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD, 2010.
5. RODMAN, J. Williams. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. VIDA, 2009.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
7. VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD, 2010.