TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A DOUTRINA DA CONVERSÃO


O homem sem Jesus está morto em seus delitos, precisa ouvir o evangelho da salvação, precisa crer, arrepender-se e converter-se de seus pecados.

Salvação é obra de Deus para com o homem e não a obra do homem para com Deus. O homem é completamente incapaz e agradar a Deus por si próprio, pois leva sobre si a sentença da “morte espiritual”. Deus tomou a iniciativa da redenção, efetuando a provisão para a salvação, pela morte e ressurreição do Seu Filho, e deste modo ajudou o homem a aceitar esta provisão pelo poder do Seu Espírito Santo.

Somente uma coisa Deus não podia fazer ao promover a salvação: forçar o homem à aceita-la. Vem então a pergunta: “Que devo fazer para ser salvo?” A resposta é voltar-se para Deus com fé, tendo as mãos vazias, e Ele as encherá por sua misericórdia. Essa nossa ida a Deus implica rejeitar todo pecado, sem tentar obter a nossa salvação por esforços humanos. Significa abandonar todos os nossos pecados através de um total e sincero arrependimento. Este ato de rejeitar o pecado e aceitar a Deus como nossa salvação, é chamado conversão.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CONVERSÃO

“Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19).

A palavra conversão no grego epistrophe, significa literalmente: “volver, voltar-se, virar e retomar; virar para a direção oposta”. É uma mudança voluntária da mente do pecador, qual ele vira para Cristo. De acordo com a Bíblia, esta palavra é usada para descrever a mudança total que ocorre na vida da pessoa que abandona o pecado e vem para Deus, para receber o perdão e libertação dos pecados. Conversão é uma mudança de pensamentos e opiniões, de desejos e vontades, que envolve a convicção de que a direção anterior da vida era insensata e errônea e altera todo o curso da vida. A conversão é o resultado do ato consciente do pecador pelo qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé (Is 31.6; Ez 14.6; 18.32; 33.9-11; Mt 18.3; At 3.19).

A conversão está muito relacionada com o arrependimento e a fé, pois andam juntos (At 3.19; 26.10). O arrependimento é a mudança interna, no coração; enquanto que a conversão é o abandono do pecado em relação com o mundo e suas concupiscências (1ª Jo 2.16). Enquanto o arrependimento refere-se à mudança total do homem e sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa nova posição para com o mundo e o pecado. O homem que estava andando no caminho do pecado e da perdição (caminho largo), faz uma mudança de direção e passa a andar no caminho estreito que conduz a salvação (Mt 7.13-14). Na primeira pregação do apóstolo Pedro no dia do pentecoste ele disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19). E sem está conversão não podemos entrar no reino do céu (Mt 18.3).

O segundo ato da conversão é a pessoa crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando a vida eterna: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.30).

A conversão pode ser ilustrada da seguinte forma: Imagine um homem andando num caminho que leva à destruição e condenação eterna causada pelo pecado. Quando ele é avisado do que vai lhe acontecer em breve, ele reconhece seu erro, e vira-se para a direção oposta. Em busca da justiça e da salvação. Todavia ele é salvo não somente porque deixou o caminho do pecado, mas porque ele se voltou para Cristo. Enquanto seu olhar permanecer na obra redentora de Cristo, ele estará salvo da destruição e condenação eterna: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22). “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2).

Na parábola do Filho pródigo (Lucas 15.17-20), Jesus deixou um grande exemplo de conversão e arrependimento:

1. O primeiro passo para salvação é reconhecer que é pecador. “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome”.

2. Segundo passo foi sua decisão de retornar a casa se seu pai. “Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante Ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros”.

3. O último passo foi o de agir, com o coração arrependimento e com fé. Podemos analisar que houve uma conversão sincera, pois ele “levantou-se”, deixou o “chiqueiro” do pecado e “foi para seu pai”, iniciando, uma nova maneira de viver.

Está história nos ensina outra verdade relacionada à conversão. Observe que o filho pródigo achava que seu pai estava zangado com ele e que teria que primeiro obter seu favor e perdão. O filho estava disposto a ser tratado como empregado e servo da família a fim de conseguir, aos poucos, o favor e as boas graças do pai.

Ainda hoje, muita gente faz penitencia, acende velas, cumpre as tradições e dogmas de sua igreja, maltrata seu corpo, procurando aplacar uma suposta ira de Deus. Tal atitude, embora pareça louvável, é realmente um insulto à graça de Deus e à obra consumada do Calvário. Deus já aplacou sua ira contra o pecado quando seu Filho morreu por causa dele (2ª Co 5.19-20). Tudo o que precisamos fazer agora, é irmos a Ele e aceitar o seu amor e perdão.

Observe que o pai do pródigo abraçou e beijou o filho, alegrando-se com sua volta, antes que o filho tivesse oportunidade de pedir um simples emprego (Lc 15.10-21). Afinal de contas ele não teve oportunidade de fazer este pedido, mas a ação de retornar arrependido fez com que o pai se compadecesse dele, restaurado à posição de filho. Fé e arrependimento são os elementos da conversão.

 “... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1ª Ts 1.9).


“....vos convertestes a Deus...”. Não são os santos que se convertem a si mesmos, no sentido de que se voltam ou se entregam, até que sejam persuadidos pelo Espírito Santo. Deus os converte, no sentido de que Ele de modo eficaz os atrai ou os persuade. Os santos se voltam, no sentido de que essa volta seja um ato próprio de cada um. Deus os converte, no sentido de que Ele os induz ou produz a sua conversão.

Pr. Elias Ribas

sábado, 21 de janeiro de 2017

A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO


A doutrina do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como deve ser. Vários evangelistas chamam os não salvos para aceitar a Cristo e crê, sem mostrar ao pecador que ele está perdido e precisa de um salvador.

O arrependimento é absolutamente essencial para a salvação, e como nós vamos ver, as Escrituras dão ênfase na pregação do arrependimento.

O arrependimento surge após o homem ouvir a pregação do evangelho, e o Espírito Santo desperta a fé no seu interior acordando de um sono espiritual.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA ARREPENDIMENTO

“...Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.13).
A palavra arrependimento do lat. repoenitere, o mesmo que contrição. No AT encontramos o vocábulo niham que interpreta-se, partindo da ideia de arrepender-se. Já no grego, temos duas palavras disponíveis para analisarmos que são: metanoeo e apostrepfo.

O sentido das interpretações nos dá sempre a mesma ideia e resume-se em voltar-se para longe de, ou em direção de.

Podemos definir o arrependimento como “a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado”. É uma mudança de mente; é um estado de contrição profunda do coração humano, pela culpa do pecado, e o desejo de abandoná-lo. É dar meia-volta, e seguir na direção oposta ao caminho que seguia. É uma mudança de atitude, como Zaqueu (Lc 19.8), e de rumo, como o filho pródigo (Lc 15.18-20). É a condição para o ser humano alcançar o perdão, quer ele seja um perdido pecador (Lc 13.3; At 2.38; 3.19; 17.30; 2ª Pe 3.9), ou aquele que, mesmo conhecendo a Deus, também pecou (Ap 2.5, 15, 21; 3.3, 19).

Arrependimento envolve uma completa mudança de pensamentos sobre o pecado e a percepção da necessidade de um salvador. O arrependimento faz o homem ficar tão contristado por causa do pecado, que ele aceita com alegria tudo o que Deus requer para uma vida de retidão. O arrependimento então é virar para o Senhor Jesus com todo o ser em obediência à Sua vontade. Este virar requer confiança incondicional nele e é a renúncia de toda a ajuda humana idólatra.

É a tristeza causada pela violação das leis e princípios divinos. “A verdadeira tristeza sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo”. “Tristeza piedosa pelo pecado”. “Convicção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração”.

A importância do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como o deveria ser. Os pregadores apelam aos não salvos para aceitarem a Cristo, sem mostrar ao pecador que ele está perdido, caminhando para a perdição e carecendo de um Salvador. Porém as Escrituras dão muito destaque à pregação do arrependimento. Arrependimento era a mensagem dos profetas do Antigo Testamento (Dt 30.1, 2, 8, 10; 2ª Re 17.13; Jr 8.6; Ez 18.30). Foi o princípio fundamental da pregação de João Batista. Inclusive ele começou o seu ministério por chamar os homens ao arrependimento (Mt 3.1,2; Mc 1.4; Lc 3.3-8); Jesus também começou o seu ministério chamando os homens ao arrependimento (Mt 4.17; Lc 13.1-5). Ele mandou Seus discípulos pregar que os homens devia arrepender-se (Mc 6.12). Antes de ser eleva aos céus, Cristo mandou que Seus discípulos evangelizassem o mundo pela pregação do arrependimento (Lc 24.47). Os doze discípulos (Mc 6.12) e de Pedro no dia de pentecostes (At 2.38; 3:19). Era também fundamental na pregação de Paulo (At 20.21; 26.20). E deve ser o conteúdo da mensagem de todos os pregadores (Lc 24.47); porque é uma condição absoluta para a salvação (Lc 13.2-5).

O peso no coração de Deus, e seu mandamento para todos os homens em todo lugar é que deviam arrepender-se (At 17.30; 2ª Pe 3.9). Também, a falha por parte do homem em atender a chamada de Deus para arrepender-se, quer dizer condenação eterna (Lc 13.2-5). Arrependimento, portanto, é obviamente uma condição absoluta para a salvação e é um dos fundamento bíblico (Hb 6.1; Mt 21.32).

Hoje, os nossos cultos estão cheio de sensacionalismo, materialismo, comércio, mas pouco se ensina sobre as doutrinas de salvação. Portanto, devemos lembrar das mensagens dos profetas, de Cristo e de Seus discípulos.

1.      Podemos, portanto, analisar o arrependimento em três aspectos:
1.1.O elemento Intelectual.
Este elemento essencial do arrependimento implica uma mudança de ponto de vista ou mudança de pensamento. Exemplo o retorno do Filho pródigo a casa do pai.

1.2.O elemento Emocional.
Este aspecto essencial do arrependimento implica mudança de sentimento. Envolve tristeza pelo pecado (2ª Co 7.9-10).

1.3.O elemento Evolutivo.
Este elemento implica uma mudança de propósito e disposição. Uma das palavras hebraicas para arrepender-se é “virar”. Este elemento é o virar (ou meia volta) interior de pecado (Jr 25.25).
O filho pródigo disse: “levantar-me-ei.... E, levantando-se foi... (Lc 15.18-20). Ele não somente pensou nos seus caminhos errados e entristeceu-se por causa deles, mas também dirigiu-se para a casa de seu pai. Este elemento, portanto, incluem e implica o elemento intelectual e o elemento emocional, e é portanto o aspecto mais importante do arrependimento.

2.      Arrependimento e salvação.
É Necessário esclarecer o fato de que o arrependimento em si, não é suficiente para a salvação. Judas Iscariotes se arrependeu do mal que tinha feito, mas por não ter exercido a fé, morreu como um perdido pecador. Seu arrependimento não foi verdadeiro nem completo. Na verdade ele sentiu um remorso pela traição cometida, porém não teve fé para arrepender-se e pedir o perdão, mas sim deu cabo a sua vida.

O arrependimento é tão relacionado com a salvação, que não podemos falar da fé sem o arrependimento. Mesmo sabendo que o arrependimento em si não salva, contudo ele produz uma tristeza no homem e move-o a deixar o pecado e a entregar-se à graça salvadora de Deus.  O arrependimento só ocorre quando a pessoa resolve deixar o pecado, reconhecendo que necessita dum salvador.

3.      Há três passos que levam ao arrependimento.
1) reconhecimento do pecado; 2) tristeza pelo pecado; 3) abandono do pecado.
“Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (Sl 51.3-4).

3.1. O primeiro passo do arrependimento é reconhecer o seu pecado com fez Davi. É interessante observar que Davi não limita a sua confissão aos seus “principais”, mas também inclui “outras” transgressões.

3.2. O segundo passo do arrependimento é sentir tristeza pelo pecado. A palavra “contristado” no original significa “metanoeo e significa “ter tristeza pelos pecados”.

“Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniquidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo” (Sl 38.3-4, 6).

Davi lamentou suas transgressões; sentiu um pesar da parte de Deus pelos pecados. Davi descreve o viver no pecado não confessado como o oposto do gozo, e compara como se todos os seus ossos estivessem quebrados.

O verdadeiro arrependimento não se preocupa com um só pecado, procurando esconder os demais, mas sente aflição pelo pecado na sua totalidade.

“Agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis” (2ª Co 7.9).

O Espírito Santo leva o homem a sentir tristeza pelo pecado cometido. O homem só sentira gozo e paz quando confessar e se arrepende de seu pecado. Paulo explica sua alegria após ter confessado seu pecado diante de Deus.

3.3. O último passo é o abandono do pecado. “Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário” (Sl 51.9-12).

Davi era um homem segundo o coração de Deus. Primeiro: porque ele reconhecia seus pecados; segundo: porque ele abandonava o pecado, e, assim Deus usava de misericórdia com sua vida devolvendo a alegria e a paz de espírito. Davi estava disposto a abandonar todo pecado em sua vida. Também, ao mesmo tempo, ele reconheceu sua incapacidade de conseguir isto pelos seus próprios esforços. O seu arrependimento o levou ao Salvador, que unicamente podia criar nele um novo coração, dando-lhe vitória sobre seus pecados pelo poder do Espírito Santo.

No lado divino, o arrependimento é um dom ou uma obra de Deus; Ele é o autor do arrependimento, e inspira e capacita o homem (At 11.18; 5.30-31; 3.23; 2ª Tm 2.24-26; Sl 80.3, 7, 19). O arrependimento então, não é algo que o homem possa originar dentro de si mesmo, ou possa produzir por si mesmo, isto é, por esforço próprio; é dom de Deus. É resultado da graciosa operação de Deus na alma do homem, devido à qual ele dispõe a essa mudança; Deus é quem lhe concede o arrependimento.

A finalidade do mandamento de nos arrependemos é, que reconheçamos a nossa necessidade de obter auxílio fora de nós mesmos, também o fato de que dependemos inteiramente da misericórdia e da graça de Deus; e por isso devemos pedir que ele efetue em nossos corações aquilo que não podemos fazer sozinhos. O homem natural quer fazer tudo por si; somente quando compreendermos a sua fraqueza pedirá auxílio de Deus.

O poder de arrepender-se é gerado pelo Espírito de Deus, causando dentro de nós tristeza pelo pecado cometido, mas o próprio ato em si é do homem; à luz disso, se ele não se arrepender, é porque escolhe não fazer.

4.       Os meios que efetuam o arrependimento.
4.1. Por meio do ministério da Palavra.
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.37-41).

A pregação do evangelho é que leva a pessoa ao arrependimento. Um exemplo no V. T. é a pregação de profeta Jonas ao povo de Nínive (Jn 3.5-10). Quando ouviram a pregação da Palavra de Deus por Jonas, creram na mensagem e abandonaram suas iniquidade.

Não qualquer mensagem, mas o evangelho é o instrumento que Deus usa para produzir esta finalidade desejada. Além disso, a mensagem precisa ser pregada na autoridade do Espírito Santo (1ª Ts 1.5-9; Lc 16.30-31).

4.2. Por meio da benignidade de Deus para Suas criaturas.
“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4).

O propósito da bondade de Deus, em seus tratos para com os homens, tem em vista dissuadi-los de prosseguir no caminho do pecado e conduzi-los à vida de justiça.

4.3. Por meio da correção (repreensão ou castigo) do Senhor.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). “Se pois zeloso, e arrepende-te” (Hb 12.5-11)
O propósito da severidade de Deus em seu trato com os homens tem em vista produzir neles os frutos pacíficos de retidão através do verdadeiro arrependimento.

4.4. Por meio da tristeza segundo Deus.
“Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto” (2ª Co 7.8-11).

Deus tem motivos benevolentes na tristeza que ele permite que venha sobre as vidas, tanto de seus filhos como de outros, e esse motivo é levá-los ao arrependimento.

O arrependimento para a salvação faz algo que o apóstolo Paulo não podia, trazer pesar. Somente Deus pode causar este pesar para o arrependimento.

4.5. Por meio da percepção da santidade de Deus.
“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).

Em resumo, o arrependimento é um dom de Deus, proporcionado por meio de várias instrumentalidades. Deus aplicando estes meios (no coração do homem) que leva o homem a tomar uma posição. O lado divino é isso e é mostrado nas ordens dadas ao homem para arrepender-se (Mt 3.2; 4.17; At 2.38; 3.19; 26.20; Ap 2.5, b16, 21, 22; 3.3, 19).

5.        Arrependimento um caminho para vitória.
A Bíblia diz que todo homem pecou e carece da glória de Deus (Rm 3.23). Só existe uma maneira de chegar-se a Deus, trilhar pelo caminho do arrependimento.

A parábola do filho pródigo nos dá uma clareza em como conquistar o amor do Pai. O jovem se arrepende. Admite que pecou contra os céus e perante o pai “levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho, faze-me como um dos teus trabalhadores” (Lc 15 18-19).

Com isto o jovem obteve:
Garantia de aceitação – Sl 51. 17, Lc 15.20.
Garantia de reconstituição do caráter - trazei de pressa a melhor roupa, vesti-o
(Lc 15. 22).
A aliança renovada - ponde um anel no dedo (Lc 15. 22).
Garantia de proteção - ponde uma sandália nos seus pés (Lc 15.22).

6.       O verdadeiro arrependimento gera.
5.1. Cancelamento de pecados. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos par que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos de refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19).
Jesus pregou o arrependimento. “Disse Jesus: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15). Jesus diz: “E que em Seu nome se pregasse arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações começando por Jerusalém” (Lc 24.47). Em Atos 2.38 O apóstolo Pedro falando a uma grande multidão disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo”.

5.2. Gera frutos. O arrependimento (metanoeo) denota uma mudança de mente, afeição, tristeza, convicção e propósito.

Fruto digno de arrependimento não deve ser confundido com metanoeo que é a mudança de vida, isto é o resultado do arrependimento.

Como uma árvore deve produzir fruto, também uma pessoa arrependida deve produzir frutos ou resultados que concordam com a mudança de coração. João Batista, falando aos fariseus e aos saduceus disse: “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.7-8).

O verdadeiro arrependimento nos mostra então, que a fé e o arrependimento autênticos são acompanhados pela mudança de vida, e sem isso a confissão de pecados e o batismo não têm valor. Lucas 3.8-10, acrescenta detalhes à história e ilustra os frutos de arrependimento como:
A. Generosidade (filantropia) ajuda aos necessitados (Lc 3.12).
B. Honestidade no manuseio do dinheiro (Lc 3.12-13).
C. Tratamento justo e misericordioso para com os outros (Lc 3.14).
D. Respeito às autoridades.
E. Satisfação nas coisas materiais (Lc 3.14).
          
Em outras palavras qualquer indivíduo pode realizar coisas boas, mas somente o homem convertido a Deus produz frutos dignos de arrependimento.

Outros frutos como resultado de arrependimento:
A. Boa conduta moral (Lc 6.45; Gl 5.22-23; Ef 5.9; Fp 1.11), que inclui um bom falar (Mt 12.34-37). É conduta digna de um coração mudado e que aborrece o pecado.
B. Trabalho de evangelização (Jo 4.35-38), profissão pública de fé em Cristo (Rm 10.10; Mt 10.32-33).
C. Restituição (Lc 19.8).
D. Serviço e seguimento a Cristo, desprezando a vida pelo amor Cristo (Jo 12.24-26).
F. Oração respondida (Jo 15.5-8, 16).

7.        Aquele que se arrepende odeia o pecado.
Davi ao pecar contra Deus (2ª Sm 11), arrependeu-se em lágrimas, de coração e com tristeza. Ao e escrever o Salmo 51, disse: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl 51.4). O Filho pródigo disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.18).

Aquele que se arrepende odeia os pecados (Sl 97.10) pelos quais se entristece, (2ª Co 7.9). Se verdadeiramente contemplar o seu pecado face a face, há de sentir tristeza de coração de acordo com o que Paulo dia aos Coríntios: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2ª Co 7.10).

Tristeza sem esperança pode ser remorso ou desespero, então não é arrependimento. O remorso é tristeza em vista das consequências do pecado. Mas a tristeza segundo Deus, faz-nos tornar do pecado para Deus. O arrependimento verdadeiro consiste em nos sentirmos tão triste por causa do pecado que resolvemos abandoná-lo e voltarmos para Deus, que nos dá força para vivermos para ele.

Todo o pecado é contra Deus, contra sua natureza, sua vontade, sua autoridade, sua lei, sua justiça e sua bondade; e o mal do pecado está principalmente no fato de que é oposição a Deus e desarmonia com seu caráter. O mal do pecado, cometido conta Deus, é o elemento que dá ao verdadeiro penitente uma ansiedade e uma preocupação especiais. Ele justifica a Deus e condena a si mesmo. O filho perdido disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.21). Temos de confessar a Deus aquele pecado que esperamos que ele perdoe e apague.

Também devemos confessar às pessoas a quem temos ofendido com nossos pecados. (Mt 5.23-24; Tg 5.16; Lc 19.8-9). Muitos crentes vivem afastados dos seus irmãos por causa de pecados que foram confessados a Deus, mas não aos que foram prejudicados por eles. Estes pecados constituem um obstáculo constante, impedindo que irmãos trabalhem juntos em amor. Porém muita prudência deve ser empregada em tais casos, para que a confissão não cause mais prejuízo do que o próprio pecado. Os pecados conhecidos por outra pessoa devem ser confessados a essa pessoa, mas os pecados não conhecidos por aquele contra quem foram cometidos, não devem ser confessados a ele, caso tal confissão o faria pecar por tomar uma atitude errada para com a pessoa que confessa. Se um irmão ofendido não souber de certo pecado que você já tenha confessado a Deus, mas souber que alguma coisa veio interromper a comunhão entre vocês dois, esse pecado deve ser confessado ao irmão, para que seja restabelecida a comunhão do Senhor (1ª Jo 1.7).

8.      No abandono do pecado.
Abandonar o pecado significa deixa-lo para nunca mais voltar, nem contemplá-lo na sua lembrança (Hb 10.17). Se pudéssemos ver o pecado, por exemplo, como a serpente astuta que é, não hesitaríamos em abandoná-lo de uma vez, a fim de ser ele apagado pelo sangue de Jesus Cristo, que “nos purifica de todo pecado” (1ª Jo 1.7).
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9.       Na volta para Deus.
Deixar o pecado não adiantaria nada se você não voltar para Deus através de Seu Filho Jesus (Jo 14.6). Paulo fez lembrar aos tessalonicenses que eles se haviam convertido dos ídolos a Deus (1ª Ts 1.9). Quando Paulo testifica perante o rei Agripa, contou como Jesus lhe tinha falado numa visão no caminho de Damasco, dizendo que converteria a muitos da “potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados.... pela fé em mim” (At 26.18).

10.   Os três resultados do arrependimento.

10.1.        Alegria ou gozo no céu.
“Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.7-10).

Há alegria na presença dos anjos e de Deus, tanto quanto em seu próprio coração pelo arrependimento dos pecadores.

10.2.      Perdão dos pecados.
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7).

O arrependimento é uma condição necessária para obtermos o perdão divino. O homem verdadeiro arrependido é uma condição sente que seu arrependimento não é mérito algum; ele reconhece que seu pecado merece punição. As condições de perdão conforme Pv 28.13 são confissão e arrependimento (Mt 18.15-17; Lc 17.3). Também quem não quer perdoar não pode ser perdoado (Mt 6.14-15).

Se o homem abrir o seu coração, o Espírito Santo o convencerá do pecado (Jo 16.3), e mostrará a necessidade do arrependimento.

10.3.      Recepção do Espírito Santo.
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

O arrependimento faz parte essencial do requisito subjetivo que visa à outorga do Espírito. É justamente isso que põe a alma em atitude receptiva.

Resumindo, então, o pecador arrependido alegra o céu, recebe o perdão e o Espírito Santo.

Pr. Elias Ribas

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

AS CONDIÇÕES PARA SALVAÇÃO


As condições da salvação significa o que Deus exige do homem a quem Ele aceita por causa de Cristo e a quem dispensa as bênçãos do Evangelho da graça. As Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da salvação e o batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior do convertido (Mc 16:16; At 22.16; 16.31).

I.         A FÉ PARA SALVAÇÃO

Abandonar o pecado e buscar a Deus são as condições e os preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé, pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do homem. Mas, pelo arrependimento o homem remove os obstáculos à recepção do dom e pela fé ele aceita o dom da salvação. Qual a diferença entre o arrependimento e a fé? A fé é o instrumento pelo qual recebemos a salvação. O arrependimento ocupa-se com o pecado e a tristeza. A fé ocupa-se com a misericórdia de Deus.

A fé e o arrependimento acompanham o crente durante sua vida cristã: o arrependimento torna-se zelo pela purificação da alma e a fé opera pelo amor e continua a receber as coisas de Deus. A fé é o primeiro passo para a salvação, pois possibilita crer no Senhor, para perdão dos pecados.

O arrependimento e a fé, são doutrinas que não recebem a atenção que merecem. Grande ênfase é colocada sobre a conduta; é dito que o credo do homem é uma questão de indiferença. Mesmo assim, a vida do homem é governada por aquilo que ele crê, e em religião pela pessoa em quem crê. A fé está no próprio centro ou coração do evangelho, pois é o veículo pelo qual podemos receber a graça de Deus.

1.        Definição de fé.
A palavra fé do hebraico heemim”, do grego pisteuodo lat. Fidem”. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11.1). Fé é a confiança (ou confidência), que depositamos em todas as providências de Deus.

Fé é convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas; é a convicção de que Deus existe e é o Criador e Governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. Fé é a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a confiança que depositamos em todas as providencias de Deus. É a convicção de que Sua Palavra é a verdade. Fé é crer, acreditar e ter confiança. Para o cristão, tal fé deve estar solidamente fundamentada, na pessoa de Jesus Cristo, o Autor da Fé. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por Seu Filho, no Calvário; fé é o ato de fazer o coração firme, constante e seguro em Jeová.

A fé vem de Deus: Nenhum cérebro humano ou laboratório de pesquisa pode produzir esta fé. Ela emana de Cristo; ninguém pode criá-la a não ser Ele mesmo. Podemos observar nas Escrituras que um dos títulos dados a Jesus, é: “o Autor e Consumador da Fé”.

Todos nós procuramos agradar a Deus; toda a religião tem isso por princípio fundamental, mas a Palavra de Deus diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). A fé é a única condição exigida para obtermos a graça e o favor de Deus. Ela é essencial para uma relação acertada com Deus (Jo 3.36; 3.16-18).

2.        A origem da fé.
A onipotência de Deus é um de Seus atributos e significa poder total (Gn 17.1; Jó 42.2; Mt 19.26). Sua onipotência nunca fará praticar coisas absurdas. A criação é uma manifestação da onipotência de Deus (Hb 11.3). É Deus que sustenta todas as coisas (Cl 1.17).

A fé é uma virtude divina, parte da natureza de Deus que nos atrai para Ele. O sentido da fé na justificação do homem torna-se o primeiro princípio, como é afirmado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Dom no grego “doron”, que significa “dádiva”, “presente de sacrifícios oferecidos por Deus”. Este presente que Deus oferece aos homens é Seu Filho Jesus Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Pela fé um homem encontra o amor de Deus em Cristo. Como explica Paulo: “...porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Isto acontece pela fé em Cristo. Quando um homem exerce fé em Cristo, ele encontra o amor de Deus. A partir daí, permanece a fé, a esperança e a caridade... (1ª Co 13.13).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só pode exercer corretamente em relação a Deus. Salvação do pecador é unicamente obra divina. O pecado é contra Deus e só Deus pode perdoar pecados, mediante a fé.

3.        Como obter a fé.

3.1. Pela Palavra de Deus. “De sorte que a fé vem pelo o ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus. Pois quem é rico de conhecimento das Escrituras Sagradas, possuí uma fé viva e poderosa” Rm 10.17). A Palavra de Deus pregada e lida é o instrumento que produz fé no coração do homem.

3.2. Por Cristo. “Olhando firmemente para Jesus, o autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do Trono de Deus” (Hb 12.2).

A pergunta pode surgir “por que então se fé é obra de Deus, nós não somos responsáveis por tê-la” (Mt 14.18-31). Deus quer operar fé nas suas criaturas. E para obter esta fé é necessário lançar-nos a nós mesmo sobre Ele para produzir esta fé.

Quando então, alguém se aproxima de Cristo em fé, ele está cônscio de que encontra a Deus. A obra de Cristo, então, em salvar, é a mesma obra de Deus. É submissão a Ele como Senhor. A autoridade salvadora e o senhorio de nosso Senhor são inseparáveis. A fé do Novo Testamento envolve o reconhecimento do senhorio de Jesus e submissão a essa autoridade. Paulo fala da obediência da fé (Rm 5.1). Fé, então, é não somente receber Cristo como Salvador, mas dar de si mesmo a Cristo, ou seja, crer e obedecer.

3.3. Pelo Espírito Santo. “Mas nós pela fé aguardamos mediante o Espírito da Justificação pela qual esperamos” (Gl 5.5).

Quando ouvimos, aceitamos a verdade escrita através da Palavra e arrependemos de nossos pecados, o Espírito agem em nosso ser criando uma nova criatura. E, assim nos tornamos filhos de Deus e então, a semelhança de Deus é restituída em nós. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2ª Ts 2:13).

4.        A fé se manifesta sobre vários aspectos.
Quero falar um pouco sobre a fonte. Existe, como arrependimento, um lado divino e um lado humano. Todas as pessoas possuem fé, e está localizada no espírito humano.

1.1.  A fé natural.
Todas as pessoas possuem fé, e está podemos chamar de fé natural. A fé está localizada no espírito do homem. É a fé intelectual, a capacidade humana, exercitada nas atitudes comuns do dia-a-dia, como tomar um ônibus, um avião, crendo que vai chegar ao destino. Todo mundo tem fé natural, crentes e descrentes. Esta confiança ou crença é possuída em graus diversos, a qual se fundamente sobre coisa materiais e sobre evidências aparentemente digna de fé. Entretanto, é insuficiente para satisfazer as necessidades morais e espirituais do homem ou as exigências de Deus.

1.2. A Fé para a Salvação.
A fé para salvação ou fé espiritual, é aquela crença ou confiança possuída pelos crentes regenerados, em diversos graus, a qual se fundamente sobre o conhecimento de Deus e de sua vontade, obtido por meio de revelação e experiência pessoal. A nossa fé é assegurada pelo uso de certos meios.

Está trabalha no campo da salvação. Quando você creu em Cristo como o seu e Senhor e Salvador, exercitou a fé que salva: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31). “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).

Neste texto, salientamos o ensino bíblico que diz que todo o pecador pode ser salvo somente pela fé. É condição indispensável para o homem perdido, arrepender-se e confessar-se um pecador, neste exato momento a fé opera uma situação de aproximação do homem com seu Salvador, então ele sente-se perdoado e crê de fato que isto aconteceu. Esta fé deve acompanhar o salvo por toda vida. “Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus” (Gálatas 3.26).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só se pode exercer corretamente em relação a Deus.

A fé é essencial à vida cristã: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17). A justiça de Deus é eficientemente conhecida para a justificação somente pela fé e que é invariavelmente operativa para este fim, no caso de todos os que creem. A fé é o princípio da vida cristã em Deus, por isso que o apóstolo Paulo explica aos romanos que o justo viverá pela fé, a saber, pela fé somente.

O ser humano só obterá esta fé, quando entender que ele necessita de Deus para se salvar, e precisa reconhecê-Lo como soberano e Senhor de sua vida.

O todo da nossa salvação - passado, presente e futuro, é dependente da fé. Nossa salvação aceitação de Cristo (Jo 1.12), nossa justificação (At 26.18); nosso guardar (1ª Pe 1.5), de fato, a nossa salvação toda do começo até o fim é dependente de fé. Essa fé emana de Deus mediante o homem aceitar o Senhorio de Cristo na sua vida. (Ap 3.20). Se qualquer indivíduo, porém, quer abrir a porta do seu coração e ouvir a chamada de Cristo, então Ele entrará para dirigir sua vida e lhe oferecer Sua convivência. Assim fica claro que é Cristo quem salva, não a sua igreja. A igreja é o local de cultuar a Deus; o pastor tem a função de aplicar a Palavra Divina (Bíblia) e o Espírito Santo, é quem convence o homem da justiça e do juízo.

1.5. A fé salvadora é o único meio de salvação.
Quando alguém acrescenta alguma coisa como meio de salvação, além da fé em Cristo, aí já não é Deus que salva, mas o homem tentando salvar-se a si mesmo (Rm 4.1-6). O homem não pode fazer nada para merecer a sua salvação. Nem a fé é uma obra para se ganhar a salvação, mas simplesmente um meio, pelo qual Deus manifesta a sua abundante graça na vida do pecador para salvá-lo. Pois agora sabemos que não é a fé que salva, mas Cristo que salva através da fé.

A fé que salva não se dirige a um credo religioso ou crença doutrinária, mas a uma pessoa Cristo Jesus que é o Autor da fé. Não basta ao homem aceitar as verdades sobre a salvação, se ele não se render a Cristo como seu salvador pessoal e não cultivar uma comunhão intima com Ele (Tg 2.14).

O fato da nossa fé ter Cristo como seu objeto se vê nas expressões bíblicas como: “crê no Senhor Jesus...” (At 16.31), e “n’Ele crer” (Jo 3.16). Observamos que nunca somos admoestado a crer em um fato para ser salvo. “E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 ª Tm 2.15).

Grupos religiosos que tem sua fé dirigida a uma igreja, a um credo, dogma, tradição, ou a um padrão humano, ignora o verdadeiro relacionamento da pessoa salva, com Cristo. Para preencher esta lacuna, eles apresentam algo como substitutivo para tentar unir a brecha existente entre Deus e esses pretensos seguidores dele, tais como uma igreja, intercessores, sacramentos, ritos, santos, espíritos e regras humanas etc.

Fé salvadora não é uma simples confissão ou seguimento ritualístico, mas uma entrega completa a pessoa de Jesus Cristo. Ainda que não podemos contribuir com nada diante de Deus para receber nossa salvação, a fé salvadora requer uma entrega total a Deus de tudo o que temos.

“Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo” (Lc 9.24-25).


Tal entrega a Cristo não pode ficar oculta diante dos outros. Ela resulta numa vida transformada, o que se torna evidente em nosso modo de viver (2ª Co 5.17). Se a fé de alguém não resulta em sua transformação, tal fé está longe de ser a fé viva que salva (Tg 2.16-17).

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A GRAÇA DE DEUS


I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A palavra grega traduzida por graça “Charisno hebraico hessed, e no latim; gratia”, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.

A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA É IMERECIDA

1. A graça de Deus não está associada aos nossos méritos.
Na epístola aos Romanos o apóstolo Paulo diz: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).

2. Igualmente, a graça não depende da obediência da lei.
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

3. Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

III.   GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

IV.   A GRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

V.      GRAÇA COMUM

Jesus trouxe uma palavra que exemplifica muito bem o significado da graça comum: “porque Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). O estado de pecado do ser humano o faz não merecedor de nenhuma bênção de Deus. Se Deus não derramasse sequer uma bênção sobre o ser humano não estaria sendo injusto e nem mau. Porém, observamos que não é assim que Deus age. Observamos claramente que Deus age com sua graça mesmo entre os maus como disse Jesus. Mas Deus faz muito mais do que fazer o sol nascer e a chuva cair para abençoar justos e injustos! A graça comum de Deus é muito amplamente derramada no mundo.

A graça comum é vista basicamente em três aspectos:
1. Provisão graciosa de Deus nas coisas naturais, tais como sequência das estações, semeadura e colheita (Mt 5.45).
2. Governo ou controle divino da sociedade humana como poder restrito do mal (Rm 13.1ss).
3. A consciência interna no homem entre o certo e o errado, entre a falsidade e a verdade, entre a justiça e a injustiça A graça comum ou geral ou universal é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são usufruídos pela totalidade da raça humana, sem distinção entre uma pessoa e outra.

Devido a natureza depravada do homem, ele é incapaz de por si mesmo procurar ou agradar a Deus. Por este motivo, Deus tem concedido a graça universal a todo o homem. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 211).

Esta “graça comum” não salva automaticamente o homem, mas revela-lhe a bondade de Deus e restaura a cada ser humano a capacidade de responder favoravelmente ao amor de Deus. À luz desta graça comum, correspondemos que nenhum homem pode se esconder atrás da desculpa de que ele não teve oportunidade de um encontro com Deus.

“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato” (Rm 1.19-21).

A “graça comum” concede a cada homem a capacidade de buscar a Cristo. A medida que o homem responder afirmativamente a esta graça que o atrai a Deus, ele concede aquela pessoa uma “graça especial”, que o ajuda a chegar cada vez mais perto dele. Então podemos dizer que nenhuma pessoa pode vir ao Pai sem este poder adicional (esta graça especial), que vence a escravidão decorrente da sua natureza humana depravada. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

Entretanto, devemos deixar claro que esta graça especial não garante a decisão da parte do homem, quanto à sua comunhão com Deus. A aproximar-se de Deus o homem recebe mais graça que o encoraja e o incentiva a aceitar a salvação. Uma experiência paralela temos na cura dos dez leprosos, mencionada em Lucas 17.14. A Bíblia declara: “Indo eles, foram purificados”. Assim opera a graça. Quanto mais o homem responde à graça de Deus. Porém a qualquer momento, o homem pode escolher resistir à graça de Deus, que naturalmente cancela a provisão de mais graça (At 7.51).

A quantidade de graça que o homem recebe, depende totalmente da sua própria decisão, e não do interesse ou vontade de Deus, (que já é manifesta).  Por esta razão, o apóstolo Pedro diz:


“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pe 3.18).

Pr. Elias Ribas